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MITOLOGIA GREGA E O ENSINO DE HISTÓRIA NA LUDICIDADE

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE 
DO SUL- UNIJUÍ 
DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO- LICENCIATURA 
HISTÓRIA 
 
 
 
 
MARIA CAROLINA MAGALHÃES SANTOS 
 
 
 
 
 
A MITOLOGIA GREGA E O ENSINO DE HISTÓRIA NA LUDICIDADE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ijuí, 
2014 
 
 
MARIA CAROLINA MAGALHÃES SANTOS 
 
 
 
 
A MITOLOGIA GREGA NAS ESCOLAS E O ENSINO DE HISTÓRIA NA 
LUDICIDADE. 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
orientado pela Professora 
Sandra Maria do Amaral 
exigência do Curso de 
Graduação em História da 
Unijuí. 
 
 
 
 
 
Orientadora: Sandra Maria do Amaral 
 
 
 
 
 
Ijuí, 
 
 
2014 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em sua forma final pelo 
professor orientador e pelos membros da banca examinadora. 
 
 
 
 
 
_________________________________________________ 
Professora Sandra Maria do Amaral, Me História – Orientadora 
 
 
 
Banca examinadora: 
 
 
_________________________________________________ 
Professor João Afonso Frantz, Me História 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se contarem a minha história, que digam que andei com gigantes. 
Homens se erguem e caem como trigo, mas esses nomes jamais perecem. 
Que digam que vivi na época de Heitor, (domador de cavalos), 
Que digam que vivi na época de Aquiles.” 
Filme Tróia – Adaptação de A Ilíada de Homero 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória e Agradecimentos 
Este trabalho de conclusão de curso foi realizado em um momento muito 
especial de minha carreira como Educadora. Para tanto dedico o mesmo a minha 
família que esteve ao meu lado do começo ao fim da minha graduação. Também a 
uma pessoa especial, que me auxiliou nos momentos dos quais mais precisava. 
Mas além de tudo gostaria de dedicar este trabalho de conclusão de curso aos 
meus alunos, tanto os quais realizei as práticas quanto os quais atualmente sou 
regente de Ensino de História, eles que me impulsionam para continuar e que me 
dão forças ao meu trabalho como educadora. Por eles tudo se torna válido. 
Gostaria de agradecer primeiramente a minha professora orientadora 
Sandra Maria do Amaral, por toda a sua paciência e compreensão na realização 
deste Trabalho de Conclusão de curso. Também por tantos anos de ajuda na 
graduação ao professor Nilo Fricke, tutor do curso, que sempre atendeu a todas as 
dúvidas prontamente. 
Além disto, agradecer a Direção e Coordenação das escolas: I.E.E. Cardeal 
Pacelli de Três de Maio – RS, Escola de Ensino Médio Concórdia para Surdos – 
APADA – Santa Rosa e ao Colégio L`Hermitage Dom Hermeto, pela 
disponibilidade e confiança em meu trabalho. Agradecer em especial ao Professor 
Flávio V. Pagel que abriu espaço em suas turmas para realizar as práticas deste 
trabalho de Conclusão de Curso. 
Agradecer a toda a minha família, e ao Eduardo U. Chitolina, parceiro de 
longas horas de escrita, e a todo o corpo docente e funcionário da Universidade 
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, por todo o apoio 
durante estes quatro anos de graduação. 
Por fim, obrigada a Deus, que me forneceu antes de tudo a vida e a 
capacidade de agir e pensar de forma plena. 
 
 
 
RESUMO 
 A Mitologia Grega é marcada pela explicação de diversas coisas cotidianas 
na vida dos gregos antigos, enquanto o ensino de história busca por diversas 
situações e relatos do passado para vivenciar o presente e espelhar-se no futuro. 
 O Ensino de história nas escolas hoje está vivendo e passando por uma 
transformação, assim como as outras áreas do conhecimento dentro das escolas. 
Jovens cada vez mais ativos, com mais ferramentas tecnológicas, com mais 
informações em suas palmas das mãos. Cabe a nós professores buscarmos novas 
alternativas, novos caminhos e métodos didáticos para trabalhar com estes jovens 
que já não tem mais os mesmos interesses. 
 Este trabalho de conclusão de curso tem como finalidade trazer, discutir e 
mostrar novas técnicas de ensino e métodos de trabalho com o ensino de história, 
baseando-se na Mitologia Grega, um caminho que nos leva a infinitas 
possibilidades de práticas lúdicas de aprendizagem, envolvendo materiais visuais e 
uma aprendizagem significativa. 
 O ensino de história com ludicidade traz ideias de inovação, de materiais 
visuais, materiais auditivos e sinestésicos, onde os alunos são incentivados a 
produção, a criação e a construção do conhecimento, o professor passa a ser além 
de educador, um mediador de conhecimentos, mostrando os caminhos e 
compactuando com o aluno até ele atingir a sua aprendizagem. 
 Este trabalho virá a mostrar primeiramente a Mitologia Grega, suas 
definições, o que ela representou, os deuses, heróis, monstros e criaturas da 
mesma. A segunda parte do mesmo serão mostradas algumas técnicas utilizadas 
para o ensino de história, assim como uma prática realizada com este tema. Na 
terceira e última parte, serão sugestões de jogos e brincadeiras a serem utilizadas 
no Ensino de História. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Mitologia, Grécia, Ludicidade, Ensino, História, Educação. 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Figura 1: Diagrama das interligações entre História, Conteúdos e 
Ludicidade...............................................................................................................29 
Figura 2. Ciclo que representa a interdisciplinaridade............................................41 
Figura 3. Carta de Jogo em RPG sobre a Grécia Antiga.......................................45 
Figura 4. Carta de jogo em RPG sobre a Grécia Antiga........................................46 
Figura 5. Exemplo de imagem para confecção de Jogo sobre Mitologia Grega ..47 
Figura 6. Tabuleiro do Jogo Nine men’s Morri.......................................................48 
Figura 7. Cartaz sobre Acesso à Informação, um direito de todos........................51 
Figura 8. Cartaz Mercantilismo, explicado nas palavras e desenhos dos alunos..51 
Figura 9. Jogo dos Conceitos e Fatos no Varal Didático.......................................52 
Figura 10. Aluna praticando o Jogo dos Conceitos e Fatos..................................52 
Figura 11. Aluno praticando o jogo dos Conceitos e Fatos – Palavra República..53 
Figura 12. Aluno sinaliza no momento um exemplo de pacto colonial..................54 
Figura 13. Aluno utiliza da datilologia para depois dar um sinal Lutero................54 
Figura 14. Alfabeto Móvel de degrau utilizado para a prática ..............................55 
Figura 15. Aluna fazendo uso do material concreto para aperfeiçoar 
conhecimentos......................................................................................................55 
Figura 16. Alunos fazendo o Registro no caderno após aula com material 
concreto................................................................................................................56 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 Relação entre materiais, formas de uso e resultados nas 
práticas.....................................................................................................................55 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal; 
LDB – Lei das Diretrizes e Bases; 
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais; 
ANPUH – Associação Nacional de História; 
AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros; 
APADA – Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos; 
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais; 
RPG – Role-Playing Game 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12 
1. MITOLOGIA GREGA ................................................................................................. 14 
1.1. Definição de termos do mundo grego: .................................................................14 
1.2. DEUSES ANTIGOS (DEUSES MAIORES) .......................................................... 15 
1.2.1. A origem do mundo ...................................................................................... 16 
1.3. TITÃS: ................................................................................................................. 16 
1.3.1. A guerra contra Urano. ................................................................................. 17 
1.3.2. A Titanomaquia. ........................................................................................... 17 
1.3.3. Origem dos Homens ..................................................................................... 18 
1.4. DEUSES OLIMPIANOS ....................................................................................... 19 
1.4.1. Os Amores de Zeus ...................................................................................... 19 
1.4.2. Dionísio ........................................................................................................ 21 
1.4.3. Ártemis ......................................................................................................... 21 
1.4.4. Apolo e Poseidon ......................................................................................... 22 
1.4.5. Hermes ......................................................................................................... 25 
1.4.6. Hades e seu reino ........................................................................................ 26 
1.4.7. Deméter e Perséfone .................................................................................... 27 
1.4.8. Hefesto, Afrodite e Ares ................................................................................ 29 
1.4.9. O Julgamento de Páris ................................................................................. 31 
1.5. HERÓIS OU SEMIDEUSES. ............................................................................... 32 
1.5.1. Aquiles.......................................................................................................... 33 
1.6. MONSTROS E CRIATURAS ............................................................................... 33 
1.6.1. O Minotauro. ................................................................................................. 33 
2. HISTÓRIA, MITOLOGIA E LUDICIDADE .................................................................. 34 
2.1. LUDICIDADE ....................................................................................................... 34 
2.2. O ENSINO DE HISTÓRIA ................................................................................... 40 
2.2.2. Trabalho com o Livro Didático ...................................................................... 43 
2.3. Mitologia Grega e o ensino de história ................................................................. 43 
3. JOGOS, BRINCADEIRAS E ATIVIDADES PRÁTICAS PARA ENSINAR MITOLOGIA 
GREGA DE FORMA LÚDICA ........................................................................................... 44 
3.1. JOGOS COM CARTAS. ...................................................................................... 46 
3.2. JOGOS DE TABULEIRO ..................................................................................... 49 
3.3. JOGOS ON-LINE................................................................................................. 50 
 
 
3.4. JOGOS ATIVOS .................................................................................................. 50 
3.5. REGISTROS DE PRÁTICA PEDAGÓGICA ......................................................... 51 
3.6. MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................... 57 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 59 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 60 
ANEXOS ........................................................................................................................... 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No presente trabalho de conclusão de curso buscou-se trazer um pouco 
sobre como trabalhar a Mitologia Grega dentro das escolas, conteúdos que podem 
ser utilizados na aprendizagem, formas de ser trabalhado com as crianças de 
adolescentes das séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Buscou-
se trazer formas mais lúdicas de serem trabalhados os conteúdos da Mitologia e 
História Grega na escola, métodos que podem ser introduzidos em mesmo outros 
conteúdos para serem trabalhados. 
 Buscou-se também, como o professor pode fazer para chamar a atenção do 
aluno durante a aula. Como trazer este aluno para a aula, fazê-lo se envolver 
durante a mesma, sem tornar a aula monótona, e sempre chamando a atenção do 
educando de alguma maneira. 
Para a realização deste, teve-se levar em conta algumas fontes básicas de 
pesquisas, como o assunto se relaciona entre a Mitologia Grega e o ensino dela na 
Escola de forma prática, acredito que como fonte necessito de livros ou arquivos 
com base na Mitologia Grega. Livros literários como A Ilíada e A Odisseia ambos 
de Homero que tratam diretamente da Mitologia Grega e de como eram as 
civilizações gregas na época. Também livros sobre contos e Mitos Gregos, Sobre 
as criaturas, Deuses, dentre outros assuntos que aqui se enquadram. Também 
houve a necessidade de livros pedagógicos, não apenas do ensino de História, 
mas livros que trazem propostas pedagógicas para ideias de realização de 
possíveis práticas em relação ao assunto. 
 Portanto, a pesquisa foi do tipo estudo de casos e bibliográfica, uma vez que 
trará diversas pesquisas sobre o mundo Grego e sua mitologia que será buscado 
em livros didáticos e literários, e de estudo de casos devido as práticas realizadas 
em turmas dos diferentes níveis de ensino. 
 Este relatório foi dividido em três capítulos, os quais, o primeiro trata apenas 
de Mitologia grega, contos, lendas e informações pertinentes sobre a mesma. No 
segundo capítulo que é intitulado História, mitologia e a ludicidade, são sugestões 
de técnicas que podem ser utilizadas para ensinar a Mitologia grega e também 
outros conteúdos pertinentes a história, além disto trata sobre indagações sobre a 
ludicidade, por qual motivo usá-la nas escolas entre outros assuntos pertinentes. O 
terceiro e último capítulo intitulado: Jogos, brincadeiras e atividades práticas para ensinar a 
Mitologia Grega de forma lúdica trato de modelos de jogos, sugestões de brincadeiras, 
fotos de práticas realizadas, nele possuímos os resultados, qual a validade para 
utilizar-se da ludicidade no ensino de história, do retorno dos alunos entre outros. 
13 
 
Portanto, neste iremos viajar na História e nas lendas gregas para descobrir 
como trabalhar com as crianças e adolescentes prendendo a atenção deles na aula 
com atividades dinâmicas, divertidas em que eles consigam lembrar-se do 
conteúdo trabalhado apenas recordando-se das aulas as quais participaram 
ativamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
1. MITOLOGIA GREGA 
 Primeiro precisamos, antes de estudar a mitologia grega, entender o que é a 
mitologia. Mitologia é uma palavra que nos remete a um conjunto de mitos, ou até 
mesmo a um conjunto de histórias não reais, relacionadas ao folclore ou tradições 
de certas culturas. Porém este conceito de mitologia pode ser usado em casos de 
muitas religiões, diga-se de passagem, na maioria das religiões politeístas da 
antiguidade. Quando nos referimos a mitologia destas religiões estamos nos 
referindo a uma série de lendas, tradições das quais o povo praticante desta 
acreditava fielmente, eseguia em seus costumes. 
 Neste caso iremos tratar da mitologia Grega, ou seja, costumes, atos, 
práticas da religião da Grécia Antiga. Precisamos entender também que em meio a 
esta mitologia existem várias lendas, histórias que eram repassadas por todo o 
período que a Grécia foi politeísta, e depois deixando isto de herança para o 
Império Romano. 
 Para começar esta pesquisa, iniciei buscando os termos, as lendas o que 
cada um significava, os mitos, os motivos desta crença etc. 
 
1.1. Definição de termos do mundo grego: 
 Deus ou Deusa: Personagem que representava algum sentimento, 
fenômeno natural, acontecimentos históricos. Dentre os deuses temos os 12 
olimpianos, que seriam os 12 deuses mais importantes da Mitologia Grega, 
seriam eles: 
- Zeus, deus do Raio e do Trovão, líder dos deuses. 
- Hera, irmã e esposa de Zeus, deusa da família e do casamento. 
- Poseidon, deus dos mares, terremotos e tempestades. 
- Atena, deusa da sabedoria e estratégia. 
- Ares, deus da guerra. 
- Afrodite, deusa da beleza e do amor. 
- Hefesto, deus dos ferreiros. 
- Hermes, o mensageiro dos deuses e deus dos médicos, viajantes e 
ladrões. 
- Apolo, é o deus das profecias e poesia. 
- Ártemis, deusa da caça e da lua. 
- Deméter, deusa da agricultura. 
- Dionísio, deus do vinho e das festas. 
15 
 
Ainda temos Hades, que não é um deus olimpiano, devido sua dedicação 
exclusiva ao Submundo, ou ao Mundo Inferior, de onde sai apenas uma vez 
por ano, no solstício de inverno para a reunião anual dos deuses. 
Existem também os chamados deuses menores, e os deuses antigos, que 
veremos mais adiante. 
 
 Semideus ou herói: é a prole de um deus ou deusa com os mortais, simples 
humanos. Os semideuses ou heróis são figuras constantes nas lendas e 
mitos gregos, uma vez que segundo as lendas, muitas vezes os deuses não 
poderiam agir por si próprios no mundo mortal, precisando assim dos 
semideuses para interferir nestas situações. 
 Monstros: monstros da mitologia seriam as criaturas oriundas do Tártaro, 
que vem a terra para causar destruição. Alguns deles são muito conhecidos 
como a Medusa, Ciclopes e o Minotauro, existem diversas lendas sobre os 
mesmos, inclusive grande parte das lendas dos semideuses envolvem os 
monstros. 
 Titãs: criaturas mais antigas do que os deuses, inclusive são os pais de 
grande parte dos deuses, dominavam o mundo antes do reino dos deuses, 
suas histórias falam e contam da formação do mundo, como era o mundo 
muito antes de existirem deuses. 
 Deuses maiores e menores: Os deuses maiores podem ser ditos como os 
deuses antigos da Grécia, os deuses que originaram o mundo, dentre eles 
temos Gaia a mãe terra, Urano o pai céu, Tártaro o mundo inferior... Os 
deuses menores são os deuses que não são olimpianos, como Circe, deusa 
da noite, Héstia, deusa do fogo doméstico, entre outros. 
 
Os deuses, deusas, criaturas mitológicas, tem por seu significado a 
explicação de algum fenômeno da natureza, ou de algo que acontecia todos 
os anos, conforme veremos mais adiante. 
 
1.2. DEUSES ANTIGOS (DEUSES MAIORES) 
 
Para entendermos a mitologia grega com um todo, precisamos estabelecer 
certa cronologia, ao menos para entender a formação do mundo grego. Devido 
a isto, vamos voltar a milhares de anos na história e entrar na mitologia 
sabendo que: eles tratavam todos os deuses com amor e respeito, todo deus 
deveria ser amado e temido; a grande maioria dos fenômenos ou 
acontecimentos eram tratados como um fenômeno divino; a religião na época 
era a maior fonte de poder do Estado, e isso perdurou por muito tempo, até os 
tempos do renascimento. 
Os deuses antigos são as criaturas que caracterizam-se por serem as 
primordiais da mitologia, para compreender isto, precisamos analisar a lenda 
da formação do Mundo, assim podemos observar deuses antigos como Caos, 
16 
 
Nix, Gaia, Urano e Eros. Nesta lenda nos apresenta certamente a importância 
das mesmas. 
 
1.2.1. A origem do mundo 
Segundo Pouzadoux (2001, p.7) Em uma época muito distante e longínqua, 
existia um Deus, que se chamava Caos. O Caos era uma criatura que reinava 
sozinho, em um nada, apenas ele existira desde de sempre, e apenas ele era 
governante em um universo do nada. Porém esta eternidade, sozinho, o fez 
repensar e decidiu criar alguém para ter companhia. Ele começa criando Gaia, 
a personificação da Terra, ou a mãe terra. Depois de criar Gaia, ele da vida a 
Eros, deus do amor (mais tarde conhecido na mitologia romana como Cupido), 
por fim ele origina o Tártaro, que será o abrigo da formação dos monstros, e 
abrigo da Noite, deusa Nix criada logo após, já que durante o dia ela se 
esconde no palácio da Noite. 
Depois, com o tempo, Gaia, a terra cria Urano, personificação do Céu, que 
se torna seu esposo. Vale lembrar que Gaia, Urano, Caos, Eros e Tártaro, 
dividiam o espaço do qual conviviam, uma vez que representavam forças 
naturais do universo. 
Quando Gaia e Urano resolvem ter filhos, Urano, o céu, chove sobre a terra 
e dali nascem os 12 Titãs, 3 Ciclopes e os 2 Centímanos. Os Titãs eram 
criaturas enormes, com uma beleza muito grande, porém uma crueldade tão 
grande quanto a sua beleza. Eram seis homens e seis mulheres (titânides): 
Oceano, o rio que circundava o mundo, Céos, titã da inteligência, Crio, titã do 
inverno e do frio, Hiperião, titã do leste e do fogo astral, Jápeto, titã do oeste, 
Cronos, titã do tempo, Febe, titânide da coroa de ouro, Mnemosine, mãe das 
musas e titânide da memória, Réia, rainha dos titãs, ao lado de Cronos, Têmis, 
titânide das leis, Tétis titânide do mar e Teia titânide da Luz. 
Os três ciclopes são criaturas com um único olho na testa que eram 
detentores dos três elementos básicos da energia, Raio, Trovão e Relâmpago, 
que depois vem a se tornar os elementos de Zeus. Os ciclopes são criaturas 
enormes, que suportam trabalhar em altas temperaturas, inclusive nas fossas 
de lava oriundas dos vulcões. 
Os três Centímanos ou hecatônquiros, eram criaturas que o nome significa 
centenas de mãos, seus nomes eram Briareu, Coto e Giges e possuíam 100 
braços e 50 cabeças, possuíam uma força enorme e eram terríveis para serem 
olhados. Com medo de sua natureza monstruosa, Urano os prendeu nas 
profundezas do Tártaro, depois na rebelião contra o Urano, são libertos e 
ajudam Cronos subir ao poder. (Pouzadoux, 2001) 
1.3. TITÃS: 
17 
 
Os Titãs são as criaturas que possuem muita força e muita beleza, eram 
doze no total, sendo seis do sexo masculino e seis do sexo feminino. Os do 
sexo feminino são conhecidos também como titânides. As lendas sobre os 
Titãs são inúmeras, cada qual deles possuía uma natureza diferente, as mais 
presentes e importantes são as que tratam das guerras dos Titãs, 
primeiramente contra seu progenitor, Urano, e depois contra os Deuses 
olimpianos. Os Titãs eram por si criaturas que representavam algum fenômeno 
natural, como o mar, o tempo o inverno entre outros, entre eles originaram mais 
Titãs, como Atlas, que depois foi condenado a carregar o mundo nas costas 
pela eternidade e um dos mais importantes Prometeu, que vem a ajudar na 
evolução da raça Humana. 
Em relação das lendas sobre os Titãs veremos três delas: A guerra contra 
Urano, A Titanomaquia e a Origem dos humanos, pois as três expressam com 
mais coerência os fatos que os Titãs sucederam na terra e as influências sobre 
os costumes e tradições gregas. 
 
1.3.1. A guerra contra Urano. 
Conforme Pouzadoux (2001, p.10) A rebelião contra Urano se inicia com o 
ato do mesmo prender seus filhos junto ao Tártaro, tomado pelo medo de uma 
profecia que falava sobre Urano perder o poder sobre a terra para um de seus 
filhos. 
Cansada de carregar tantos de seus filhos dentro de si, Gaia, a terra 
resolve incentivar Cronos, o Titã do tempo a rebelar-se contra seu pai, Urano. E 
assim se faz, Cronos, com sua foice, liberta seus 11 irmãos titãs, os 3 
Centímanose os 3 Ciclopes do fundo do Tártaro para rebelar-se contra Urano. 
Quando Urano se vê sem saída, traído pela própria Gaia e seus filhos, 
acaba por falecer quando Cronos corta seu corpo em pedaços. Suas genitais 
caem sobre o Oceano, e da espuma do mar nasce uma nova criatura, bela e 
incrível, Afrodite, deusa da beleza. 
Cronos sobre ao poder, e leva consigo Réia, sua irmã e esposa tornando-
se o novo líder do mundo. Com Réia ele tem vários filhos: Deméter, Hades, 
Hera, Hermes, Héstia, Poseidon e Zeus. Enquanto isso Gaia, tranquila de que 
seu filho estava no poder, resolve cair em sono eterno. (Pouzadoux, 2001) 
 
 
 
 
1.3.2. A Titanomaquia. 
Temeroso a que lhe acontecesse o mesmo que com seu pai, Cronos, a 
cada nascimento de um novo filho ou filha dele e de Réia, ele pedia para Réia 
lhe entregar a criança e a engolia viva. Porém o que ele próprio não esperava 
era que as crianças, assim como ele próprio seriam imortais. 
18 
 
Réia desesperada pois já havia visto Deméter, Hades, Hera, Hermes, 
Héstia e Poseidon serem engolidos por Cronos, resolve mudar a situação. Ao 
nascer de seu último filho, Zeus, ela o escondeu em uma caverna na ilha de 
Creta e deu a Cronos em seu lugar uma pedra. 
Zeus teria sido supostamente criado por uma Cabra, e os Curretes, 
demônios que gostam muito de barulho, ficariam ao seu redor fazendo barulhos 
para que Cronos não ouvisse os choros da criança. Quando chegou a idade 
adulta, já conhecia toda a sua história e resolve terminar com o reinado de 
Cronos. 
Zeus dá a Cronos uma bebida que obrigasse ele a regurgitar os seus 
irmãos, e assim se seguiram 10 anos de batalha árdua, até que Réia diz-lhe que 
precisa ir até o Tártaro e pegar o Raio e o Trovão com os Ciclopes, só assim 
poderia derrotar seu pai. Com a ajuda dos Ciclopes e dos Centímanos ele ganha 
a guerra e corta Cronos. Como Zeus nunca teria vencido sem a ajuda de seus 
irmãos Poseidon e Hades, ele resolve dividir o mundo, Zeus, fica com o céu 
estrelado e a terra, Poseidon ficou com os mares, rios e oceanos e Hades com o 
mundo subterrâneo e acabou por ir reinar no Inferno, que para os gregos não 
significava um lugar de pecadores e sim, um lugar para onde todos iriam depois 
da morte. 
 
1.3.3. Origem dos Homens 
Pouzadoux (2001, p. 11) em seu livro explica que os deuses criaram 
primeiro o barro e os seres vivos, e deixaram os humanos em segundo plano, de 
começo, apenas com suas peles, não aguentavam o frio, não suportavam fugir 
de outras criaturas com suas pequenas pernas. A raça humana estava destinada 
a extinção. Porém um filho do titã Jápeto, de nome Prometeu, sente pena dos 
pobres mortais, e sabia que com a sua inteligência poderiam criar abrigos entre 
outros, mas para a espécie evoluir, era necessário que conhecessem o fogo. 
Por isso Prometeu furtou da forja de Hefesto uma centelha do fogo dos 
deuses e entregou aos homens em um toco de árvore, escondido de Zeus. 
Porém Zeus percebeu logo este furto e jurou a vingança contra Prometeu e os 
homens. 
Para isto ele cria a primeira mulher, Pandora, que era muito bela, e quando a 
mesma ficou pronta ele a mandou ir até Epimeteu irmão de Prometeu, que 
recebeu Pandora e a instalou em sua casa. Pandora trouxe consigo uma caixa, 
da qual não se deveria abrir de jeito nenhum. Mas um dia, movida pela 
curiosidade, abre a caixa, e deixa escapar por ela todas as desgraças do mundo 
dos humanos, o medo, a fome, a miséria... A primeira etapa da vingança estava 
feita, porém Prometeu foi ainda mais castigado. 
Foi amarrado em um rochedo para que pela eternidade, durante o dia 
sofreria com um ataque de uma ave, todos os dias, e por ser imortal, durante a 
noite voltaria a ser como antes, para no dia seguinte ser devorado novamente. 
Assim se aprendeu que mesmo com todos os bens, pode vir junto um mal. 
19 
 
 
1.4. DEUSES OLIMPIANOS 
Os 12 Olimpianos são considerados pela mitologia os deuses mais 
importantes da mesma, uma vez que representam a maioria dos poderes e 
fenômenos naturais da terra. Via-se neles as representações de certas coisas, 
como por exemplo a água, o fogo, o céu entre outros, isto pois eles haviam 
necessidade de explicar os fenômenos da natureza de algum modo, o modo 
mais simples seria justifica-los por meio de divindades, que teriam seus 
sentimentos iguais aos dos seres humanos. 
Os deuses da antiguidade grega eram muito reais, muito parecidos com 
pessoas com sentimentos de amor, de calma e muitas vezes raiva. Os antigos 
que acreditavam nestas divindades eram muito distintos ao dizer que todo o 
deus devia ser amado e respeitado. 
Doze olimpianos são assim denominados devido ao fato de todos viverem 
no Monte Olimpo, uma das maiores montanhas da Grécia que fica próximo ao 
Mar Egeu e a cidade de Tessália. Nesta montanha alta, segundo a mitologia, 
haveria um grande palácio na qual ficaria a morada e local aonde os grandes 
deuses discutiam assuntos a eles convenientes. Os deuses olimpianos são os 
que ocupam uma cadeira nestas discussões, seriam eles: Zeus, Poseidon, Hera, 
Deméter, Afrodite, Ares, Atena, Apolo, Ártemis, Hermes, Hefesto e Dionísio. 
Acerta de todos estes existem diversas lendas, e há livros que contam seus 
grandes feitos e histórias. Por exemplo, um dos livros mais clássicos da Grécia 
Antiga, são os escritos por Homero, A Ilíada e a Odisseia, contam em diversas 
partes a interferência dos deuses durante a Guerra de Tróia e as travessias e 
aventuras de Odisseu. 
Como já sabe-se cada um dos deuses tem diferentes lendas e crenças ao 
seu respeito, por isto selecionou-se uma série de lendas que contam com a 
participação de cada um dos deuses antigos olimpianos. (Pouzadoux,2001, p. 
15) 
 
1.4.1. Os Amores de Zeus 
Uma história muito conhecida sobre os amores de Zeus é a seguinte, 
contada por Pouzadoux no Livro Contos e Lendas da Mitologia Grega vem nos 
contar de uma das histórias da antiguidade relativa a Zeus. 
“O rei dos deuses não se dedicava apenas a desgraçar os 
homens. Também procurava fazer as mortais felizes, sobretudo 
aquelas que lhe agradavam... e foram muitas. 
Embora fosse casado com a deusa Hera, Zeus teve inúmeras 
aventuras amorosas. Sua legítima esposa era ciumentíssima e 
não gostava nem um pouco das escapulidas do marido. 
Quando vinha a saber que ele tinha ido visitar uma mortal, 
ficava louca de raiva. Sua cólera só se aplacava quando ela se 
vingava da mortal ou dos filhos que essa mulher tivera com o 
20 
 
deus. Hera estava sempre de olho em Zeus, que fazia de tudo 
para escapar à sua vigilância. 
Zeus gostava de assumir a aparência de algum bicho a fim de 
evitar a desconfiança de suas bonitas vítimas. Usou dessa 
artimanha para se aproximar da bela Leda. A jovem acabara de 
se casar com Tíndaro, rei da Lacedemónia. Zeus se 
transformou em cisne e, fingindo-se perseguido por uma águia, 
refugiou-se junto da jovem rainha, que o acolheu em seus 
braços. Aproveitando-se dessa terna proteção, ele se uniu a 
ela e lhe deixou dois ovos de tamanho incomum. De um 
nasceram dois gêmeos, Castor e Pólux; do outro, duas irmãs, 
Clitemnestra e Helena. Essa união permaneceu secreta, e 
Tíndaro acreditou que tinha dado quatro filhos à sua jovem 
esposa. 
Os filhos nascidos das uniões passageiras de Zeus com as 
mortais tiveram um destino bem particular. Alguns 
conquistaram grande poder, como Minos, que se tornou um 
dos três juízes do Inferno. 
A mãe de Minos era humana e se chamava Europa. Zeus tinha 
visto a moça quando ela jogava bola com as amigas à beira-
mar. Impressionado com a delicadeza da sua silhueta e com a 
pureza de seus traços, não resistiu ao desejo de conhecê-la 
melhor. Não longe dali, pastavam touros novos. Ele se misturou 
ao rebanho na forma de um touro ainda mais bonito que os 
outros, notável por sua brancura e pelo vigor dos músculos. 
Europa ficou encantada com o esplendor do animal e a ternura 
do seu olhar. Sem medo do tamanhodo touro, ela se 
aproximou dele, acariciou-o demoradamente e, confiante, 
montou nele. Nesse momento, o deus a raptou diante dos 
olhares impotentes das outras moças e a carregou pelos ares, 
acima do mar. O casal desapareceu no horizonte. Conta-se 
que Zeus levou Europa a Creta, onde ela deu à luz Minos. 
Quando estava na terra, Zeus nunca se mostrava em sua 
forma divina. Somente uma vez desobedeceu a essa regra. 
Tinha seduzido Sêmele, filha de Cadmo, rei de Tebas. A jovem 
mulher só se encontrava com ele à noite, portanto não 
conhecia a fisionomia do amante. Ela sabia que Zeus era um 
deus porque ele lhe sussurrara isso mais de uma vez. Hera, 
morrendo de ciúme ao ver o divino esposo apaixonado por uma 
mortal novamente, armou uma cilada para a rival. 
Foi ter com Sêmele, sob a aparência de uma velhinha: 
"Minha filha, peça-lhe como prova de amor que ele se mostre 
tal como é nos céus ao lado da esposa. Assim, você terá 
certeza de não ter sido enganada por um impostor." 
Essas palavras fizeram a dúvida surgir no coração da jovem. 
Ela quis ver o amante e pediu que ele lhe fizesse um favor, 
mas não disse qual era. O deus aquiesceu, e quando soube do 
21 
 
que se tratava, era tarde demais: dera sua palavra. Tentou 
então desencorajar a moça. Em vão. Quanto mais procurava 
dissuadi-la, mais ela insistia. 
Obrigado a cumprir o que prometera, ele se revelou em toda a 
sua potência, resplandecendo em relâmpagos. Ora, nem os 
olhos nem o corpo de uma mortal eram capazes de suportar o 
brilho daquela luz tão viva, e a infeliz nem teve tempo de 
entender isso: pereceu imediatamente, fulminada. 
Acontece que Sêmele estava no sexto mês de gravidez, e Zeus 
se apressou a salvar o filho que ela trazia no ventre. Para dar 
continuidade à gestação, o deus abriu, na própria coxa, uma 
bolsa e nela colocou a criança. Depois, fechou-a com grampos 
de ouro. Quando o tempo fixado pelo destino chegou a seu 
termo, Zeus deu à luz Dionísio. Embora nascido de uma mãe 
mortal, o menino, por causa do pai, era imortal.” (Pouzadoux, 
2001, p. 16-17) 
 
 
1.4.2. Dionísio 
Para Pouzadoux (2001, p. 18), não foi nada fácil proteger o pequeno e novo 
deus Dionísio da fúria de Hera, ela o perseguia para que ele pagasse pela 
traição de Zeus. Zeus então resolveu confiar o bebe a Hermes, que o deu a uma 
babá para que o vestisse de menina e disfarçasse ele. Porém não funcionou por 
muito tempo, logo, Zeus salvou o bebe novamente e deu-o para Nisa, que o 
criou em uma distante cidade da África. 
Durante a infância Dionísio aprendeu a trabalhar com uvas, descobriu a 
vinha e aprendeu a fazer vinho. A partir disto nunca mais parou de disfrutar o 
sabor da bebida. Quando tornou-se adulto, saiu de sua cidade de infância, junto 
com sátiros e um grande cortejo, vestido de peles de animais. Depois foi o último 
dos deuses a entrar no Olimpo, Dioniso, também chamado Baco, era 
considerado o deus das videiras, do vinho e do delírio místico. O culto dionisíaco 
penetrou também na Itália e disseminou-se de tal forma que no século III a.C. o 
Senado romano, preocupado com sua licenciosidade, proibiu a celebração das 
Bacanais. 
 
 
1.4.3. Ártemis 
A deusa Ártemis é a deusa da caça é um exemplo de feminismo na idade 
clássica, e conforme o mito, Pouzadoux (2001, p. 21): 
22 
 
“Deusa da natureza selvagem, Ártemis era irmã gêmea 
de Apolo. Nascera, como ele dos amores de Zeus com 
Leto, uma mortal. Sua atividade favorita era a caça, e por 
isso, de manhã até a noite, ela percorria os vales e as 
florestas num carro puxado por dois cervos. 
Gostava de viver nos lugares selvagens, longe das 
cidades e dos homens, tendo como única companhia 
caçadoras que haviam feito voto de castidade. Um dia, 
voltando de uma caçada proveitosa, Ártemis se 
preparava para banhar o corpo cansado nas águas claras 
de uma fonte. As companheiras tinham acabado de lhe 
tirar as armas, as sandálias e a túnica, quando de 
repente apareceu um jovem caçador chamado Actéon. 
Ele se espantou tanto quanto a deusa e se deteve, 
fascinado com o espetáculo. 
Sem suas armas, Ártemis não podia reagir. Com um 
gesto rápido, tapou a nudez e jogou água na cabeça do 
caçador, enfeitiçando-o. Imediatamente, surgiram chifres 
na testa do infeliz; seus pés se transformaram em 
cascos, e o corpo se cobriu da pelagem de um cervo. 
Actéon quis gritar, mas sua voz já não era humana. Então 
fugiu. Seus próprios cães, não reconhecendo o dono, 
correram atrás dele, fincaram-lhe os dentes e o 
dilaceraram. 
A deusa se mostrou cruel porque não suportou a ideia de 
ser vista nua por um homem. Mas também sabia ser uma 
deusa prestativa e oferecer sua proteção, em particular 
às grávidas. De fato, desde pequena ela se revelara hábil 
na arte de auxiliar uma mulher a dar à luz. Mal saíra da 
barriga da mãe, Leto, ajudou-a no parto de Apolo, o irmão 
gêmeo.” (Pouzadoux, 2001, p.21) 
 
1.4.4. Apolo e Poseidon 
Conforme conta Pouzadoux em sua obra Contos e lendas da Mitologia 
Grega (2001, p. 23), vemos a história de Apolo Deus da poesia com Poseidon, 
deus dos mares: 
“A pobre Leto teve grande dificuldade para pôr no mundo 
seus dois filhos com Zeus. Nova conquista do soberano 
dos céus, também suportou o rancor tenaz da esposa 
dele, Hera. 
Quando ela estava prestes a parir, a deusa, morrendo de 
ciúme, proibiu todos os lugares da terra de acolhê-la. As 
montanhas, as planícies, os rios, a natureza inteira 
temiam enfrentar a cólera divina e fugiam à aproximação 
da jovem mulher. Leto já estava quase sem forças 
23 
 
quando uma pequena ilha, sem levar em conta as 
ameaças de Hera, ofereceu-lhe hospitalidade e o repouso 
tão ansiado. Delos, pobre rochedo deserto, batido pelos 
ventos e pelas ondas, nada tinha a perder. Foi aí, ao pé 
da única palmeira da ilha, que dois novos deuses vieram 
à luz. 
O nascimento de Apolo foi anunciado por um sinal 
prodigioso: sete cisnes sagrados deram sete voltas ao 
redor de Delos; sete vezes eles cantaram para a 
parturiente. Na oitava volta, calaram-se de súbito, e o 
bebê saiu do ventre materno. Desde então, essas aves 
de voz melodiosa passaram a ser os fetiches de Apolo, e 
Delos, seu lugar favorito. 
O menino cresceu entre os hiperbóreos, para junto dos 
quais os cisnes o levaram quando nasceu. Esse povo 
habitava uma região distante, no extremo Norte do 
oceano, e vivia sob um céu sempre puro. Ao se tornar 
adulto, o deus foi para a Grécia. 
Mal chegou a Delfos, onde queria fundar um santuário, 
soube que um dragão chamado Píton guardava o lugar e 
semeava o terror, massacrando homens e animais. 
Libertou a região desse monstro e foi aclamado salvador 
por seus habitantes, que logo o adotaram. Edificaram 
para ele um templo colossal, onde Apolo instalou sua 
sacerdotisa, a Pitonisa ou Pítia. Ela era encarregada de 
pronunciar as palavras que o deus lhe soprava. A seguir, 
um adivinho explicava o oráculo aos que vinham de toda 
a Grécia conhecer seu destino ou encontrar uma solução 
para um problema embaraçoso. Apolo não era amado 
apenas por seus atos benéficos; também lhe apreciavam 
a grande beleza. Tinha os traços delicados de uma 
mulher e a musculatura bem-feita de um atleta. Sua pele 
muito branca se destacava sob os cachos da cabeleira 
castanha. Ele encantava tanto as moças como os 
rapazes, mas, apesar disso, teve amores infelizes. 
A ninfa Dafne, filha do rio Peneu, foi a primeira a abrasar 
seu coração. Essa paixão repentina lhe foi inspirada por 
Eros, o deus do amor, que procurava se vingar de Apolo 
porque este o surpreendera um dia esticando a corda do 
seu arco. Rindo por ver aquela criança brincar com suas 
armas, Apolo as tomou dizendo que elas estavam 
reservadas para deuses mais poderosos. Eros 
pronunciou então estas palavras misteriosas: 
24 
 
"Suas flechas não são as únicas que ferem a quem 
atingem." 
Eros atirou no deus uma seta que fez nascer o amor e, 
naninfa, uma que gerou o sentimento oposto. Dafne 
rejeitou as investidas de Apolo e fugiu do deus, que foi 
atrás dela. Quando ele achava que a estava alcançando, 
a ninfa escapava, e então recomeçava a corrida. Dafne 
logo se cansou e, temendo não ter mais forças para se 
esquivar ao perseguidor, suplicou ao pai que a ajudasse. 
Peneu ouviu o apelo desesperado da filha e lhe deu 
imediatamente outra aparência. No momento em que 
Apolo ia enfim agarrá-la, encontrou um tronco de árvore 
rugoso e misturou seus cachos castanhos às folhas 
escuras de um loureiro: a moça havia perdido para 
sempre sua forma humana. Com o coração partido, Apolo 
jurou amar eternamente aquela árvore, com cujas folhas 
fez uma coroa, que pôs na cabeça. Foi assim que a coroa 
de louros se tornou o símbolo de Apolo. Por duas vezes, 
Apolo teve que servir a um mortal. Com outros deuses, 
ele havia conspirado contra Zeus, mas a conjuração 
fracassou. Para pagar pelo que fizeram, Zeus mandou 
Apolo e Poseidon como escravos a Laomedonte, rei de 
Tróia. Ora, este último estava precisando de mão-de-
obra, porque queria construir uma grossa muralha em 
volta de sua cidade. 
Satisfeitíssimo por contar com operários desse calibre, o 
rei de Tróia incumbiu Poseidon do trabalho. Um salário 
estabelecido previamente deveria recompensá-lo. O deus 
dos mares trocou então seu célebre tridente por uma pá 
de pedreiro e trabalhou, como escravo, na construção da 
cidadela. Erguida por um deus, ela seria inexpugnável, 
enquanto outro deus não ajudasse a tomá-la. Por duas 
vezes, Apolo teve que servir a um mortal. Com outros 
deuses, ele havia conspirado contra Zeus, mas a 
conjuração fracassou. Para pagar pelo que fizeram, Zeus 
mandou Apolo e Poseidon como escravos a Laomedonte, 
rei de Tróia. Ora, este último estava precisando de mão-
de-obra, porque queria construir uma grossa muralha em 
volta de sua cidade. 
Satisfeitíssimo por contar com operários desse calibre, o 
rei de Tróia incumbiu Poseidon do trabalho. Um salário 
estabelecido previamente deveria recompensá-lo. O deus 
dos mares trocou então seu célebre tridente por uma pá 
de pedreiro e trabalhou, como escravo, na construção da 
cidadela. Erguida por um deus, ela seria inexpugnável, 
25 
 
enquanto outro deus não ajudasse a tomá-la.” 
(Pouzadoux, 2001) 
1.4.5. Hermes 
Em Contos e lendas da Mitologia Grega, Pouzadoux (2001, p. 27) conta 
uma versão interessante da história do Deus da medicina e dos ladrões, Hermes: 
“Quando Apolo ainda era pastor, seu irmãozinho Hermes lhe 
pregou uma peça e tanto. Aproveitando-se do descuido de Apolo, 
que sonhava em vez de vigiar o rebanho, roubou-lhe as ovelhas. 
Apolo estava longe de desconfiar que aquele menino, o qual 
imaginava ainda ser de colo, fosse capaz de enganá-lo. Mas era ele 
mesmo que conduzia agora o rebanho pelas planícies e vales até o 
denso bosque de Pilo. Ali deixou as ovelhas descansando, 
escondidas numa gruta. Depois voltou para junto da sua mãe Maia, 
com um sorriso malicioso nos lábios. (...)Apolo acabou encontrando 
a pista do rebanho. O vôo dos pássaros, que ele sabia interpretar, o 
ajudou a descobrir o esconderijo. Seus dons de adivinho lhe 
revelaram o autor do roubo: 
"Menino feio", ralhou com o irmão, "você tem sorte de ainda usar 
fraldas. Senão, eu teria lhe dado uma boa sova!" 
Mas a raiva de Apolo se aplacou quando ele ouviu os sons 
melodiosos que o menino tirava de um instrumento desconhecido. 
Todo contente, Hermes lhe deu o instrumento: 
"É para você. É uma lira que acabei de inventar. Beliscando as 
cordas presas a cada extremidade desta carapaça de tartaruga, 
você vai obter os sons cristalinos que acompanharão seus cantos." 
Esquecendo os motivos do seu mau humor, Apolo até propôs a 
Hermes trocar o rebanho pelo instrumento. O negócio selou a 
reconciliação entre os dois irmãos. Quando Apolo ainda era pastor, 
seu irmãozinho Hermes lhe pregou uma peça e tanto. 
Aproveitando-se do descuido de Apolo, que sonhava em vez de 
vigiar o rebanho, roubou-lhe as ovelhas. 
Por sua malícia e engenhosidade, Hermes demonstrava uma 
precocidade excepcional. Sempre curioso, o jovem deus não se 
limitou a esse achado. Teve a ideia de prender um aos outros 
caniços de comprimentos diferentes para confeccionar um 
instrumento. Levou-o aos lábios e soprou delicadamente em cada 
orifício. Foi assim que inventou a flauta. Apolo ficou encantado com 
essa nova invenção e quis logo adquiri-la. Em troca, ofereceu ao 
irmãozinho o cajado de ouro que usava para pastorear. Esse 
cajado virou o caduceu, símbolo de Hermes.” (Pouzadoux, 2001) 
 
26 
 
1.4.6. Hades e seu reino 
 
Relacionado ao senhor do mundo inferior, Hades, Pouzadoux (2001,p.29 
a 31 nos traz uma interessante versão sobre o reino inferior e seu governante: 
 
“No limite da terra, onde o sol se põe e o oceano começa, 
abria-se o império dos mortos, no qual reinava o 
poderoso Hades. O mundo subterrâneo era rodeado de 
todos os lados por pântanos e rios. Portanto, as sombras 
dos defuntos tinham que passar pelas águas lamacentas 
do Estige e do Aqueronte para entrar nos domínios de 
Hades. O barqueiro Caronte aguardava na margem e só 
aceitava a bordo da sua barca os mortos que tivessem 
sido sepultados. Os outros, os que não foram 
encontrados ou foram abandonados, eram condenados a 
errar eternamente na entrada do Inferno, enquanto 
esperavam que um vivo resolvesse enterrá-los. 
Aqueles que embarcavam tinham que pagar Caronte. Era 
por isso, para que o morto pagasse sua passagem, que 
os gregos punham uma moeda entre os dentes dele 
durante o funeral. 
Uma vez na barca, os defuntos deixavam definitivamente 
o mundo dos vivos. Quem fazia a viagem num sentido, 
jamais podia retornar nem ver de novo a luz. Cérbero, o 
cão de três cabeças, tratava de impedir os que tentassem 
fazê-lo. Postado na entrada do reino, recebia com 
amabilidade os passageiros de Caronte. Mas se alguém 
procurasse voltar, mostrava-se um guardião feroz. Ora, 
mais de um defunto aspirava à luz logo que 
desembarcava na monótona planície dos Asfódelos. 
Arvores sombrias var riam tristemente o chão com seus 
galhos. Que lugar sinistro! Os mortos eram julgados de 
acordo com sua vida passada e, conforme seus erros, 
eram postos em diferentes lugares. Minos, Éaco e 
Radamanto é que examinavam a vida passada dos 
defuntos e pronunciavam um julgamento. Eles haviam 
sido designados juízes por sua sabedoria e vida 
exemplar. 
Os que não cometeram nenhum crime mas não se 
distinguiram por nenhuma ação virtuosa, ficavam na 
planície dos Asfódelos por toda a eternidade. Aos heróis 
e aos homens virtuosos, os juízes reservavam os 
Campos Elísios. Lá se estendiam clareiras floridas das 
quais se elevava o canto dos pássaros e os acordes 
melodiosos da lira. Os bem-aventurados se divertiam em 
banquetes onde o vinho corria à larga. Já os desgraçados 
que foram culpados de algum erro, recebiam punição 
27 
 
eterna. Eram encerrados no soturno Tártaro, cercado 
pelos meandros do rio Estige, e lá sofriam suplícios 
proporcionais a suas faltas. Tântalo, rei da Lídia, 
cometera em vida um crime horrível. Recebendo a visita 
dos deuses, servira-lhes seu próprio filho Pélope-, a fim 
de ver se eles eram capazes de identificar a carne 
humana. Um só bocado bastou para que os deuses 
reconhecessem que o que comiam não era um animal. 
Indignados, conseguiram trazer Pélope de volta à vida, 
mas o rapaz guardou para sempre um vestígio desse 
banquete funesto: o ombro devorado foi substituído por 
um pedaço de marfim. 
Quanto a Tântalo, foi atirado nas profundezas do Tártaro 
para sofrer uma punição terrível. Mergulharam-no até o 
pescoço num lago, debaixo de uma árvore com galhos 
carregados de frutas maduras. Apesar disso, ele nunca 
saciaria sua sede nem mataria sua fome. A água 
recuava, mal ele aproximava os lábios secos. Quando 
estendia a mão paracolher uma fruta, os galhos se 
erguiam. Numerosos supliciados povoavam assim essa 
parte do reino. 
Hades era o soberano onipotente de lá, porém não 
demorou para que o poder deixasse de compensar sua 
profunda solidão. Cansado de reinar sozinho sobre 
aquele povo de sombras, quis se casar. Infelizmente, as 
noivas eram muito raras. Nenhuma deusa e nenhuma 
mortal queriam adotar aquela vida debaixo da terra, 
privada para todo o sempre da luz do sol. Logo, ele se viu 
obrigado a raptar uma noiva. Sua escolha recaiu em 
Perséfone, uma das moças mais bonitas da Sicília.” 
(Pouzadoux, 2001) 
 
1.4.7. Deméter e Perséfone 
Ainda seguindo a obra de Pouzadoux (2001, p. 32 e 33), conhecemos a 
lenda que dá origem as quatro estações do ano: 
“Hades aproveitou um dia em que Perséfone passeava 
sozinha. Quando ela se inclinou para aspirar o perfume 
de uma flor, a terra tremeu com grande estrondo. Uma 
falha se abriu bruscamente, e dela surgiu o deus do 
Inferno, num carro puxado por quatro cavalos negros. A 
jovem nem teve tempo de se recuperar do susto, porque 
ele a agarrou pela cintura e a levou consigo. O carro 
sumiu tão depressa quanto tinha aparecido, e a brecha 
se fechou atrás deles. 
28 
 
Os gritos desesperados de Perséfone foram ouvidos por 
sua mãe, Deméter. Ela acudiu, mas tarde demais. Nada 
assinalava a passagem do deus. Somente o ar agitado 
conservava o vestígio dessa aparição súbita, e as flores 
caídas atestavam silenciosas uma agitação recente. 
Apavorada, a pobre mãe não sabia mais aonde ia. Errava 
pelo lugar, esquecendo seus deveres para com os 
homens. Normalmente, sua função de deusa da colheita, 
do trigo e de todas as plantas lhe impunha vigiar a 
produção agrícola. Na ausência de Deméter, o trigo se 
recusou a germinar, as plantas cessaram de crescer, e a 
terra inteira se tornou estéril. Então os deuses resolveram 
intervir. O Sol, que tudo viu, revelou a Deméter onde 
estava sua filha. A princípio ela ficou aliviada por 
Perséfone estar viva, mas quando soube quem a detinha, 
exigiu que Zeus obtivesse sua libertação. 
”Entendo sua dor de mãe", o deus lhe respondeu. 
"Intercederei por você junto a Hades. Ele vai devolver sua 
filha, ou não me chamo Zeus!" 
Mas Hades se negou a deixar a doce companheira partir. 
Deméter decidiu então abandonar suas funções. Pouco 
lhe importava como os deuses e os mortais viveriam sem 
ela. 
Ela também não podia viver sem a filha. Assumiu o 
aspecto de uma velhinha e se exilou voluntariamente na 
terra. Iniciou-se então um período cruel para os homens. 
De novo o solo secou, e a fome ameaçou a espécie 
humana. Essa situação não podia mais persistir. Os 
deuses se reuniram no palácio de Zeus e concordaram 
em persuadir Hades a devolver Perséfone à mãe. Zeus 
tomou a palavra: 
"Caro irmão, você é o soberano do reino subterrâneo. 
Como tal, age de acordo com a sua vontade, contanto 
que não se meta neste mundo. Ora, desde que você 
reteve Perséfone, sua mãe recusa alimento aos mortais. 
Pela mesma razão, os sacrifícios se fazem raros. Você 
não pode deixar essa situação se agravar. Devolva a 
moça!" "Entendo sua dor de mãe", o deus lhe respondeu. 
"Intercederei por você junto a Hades. Ele vai devolver sua 
filha, ou não me chamo Zeus!" Mas Hades se negou a 
deixar a doce companheira partir. Deméter decidiu então 
abandonar suas funções. Pouco lhe importava como os 
deuses e os mortais viveriam sem ela. Ela também não 
podia viver sem a filha. Assumiu o aspecto de uma 
29 
 
velhinha e se exilou voluntariamente na terra. Iniciou-se 
então um período cruel para os homens. De novo o solo 
secou, e a fome ameaçou a espécie humana. Essa 
situação não podia mais persistir. Os deuses se reuniram 
no palácio de Zeus e concordaram em persuadir Hades a 
devolver Perséfone à mãe. Zeus tomou a palavra: 
"Caro irmão, você é o soberano do reino subterrâneo. 
Como tal, age de acordo com sua vontade, contanto que 
não se meta neste mundo. Ora, desde que você reteve 
Perséfone, sua mãe recusa alimento aos mortais. Pela 
mesma razão, os sacrifícios se fazem raros. Você não 
pode deixar essa situação se agravar. Devolva a moça!" 
"Está bem!", disse o deus esperto. "Mas antes preciso 
verificar se ela não comeu ou bebeu alguma coisa 
durante sua estada, senão ela não pode mais voltar à 
terra. E a lei." 
Interrogada, Perséfone respondeu com candura que tinha 
experimentado as sementes de uma romã. Hades 
exultou. Mas acabaram fazendo um trato: Deméter teve 
que aceitar que sua filha permanecesse três meses ao 
lado de Hades e subisse para ficar com ela o resto do 
ano. 
Assim que eles representam as 4 estações do ano, sendo 
que a Primavera é quando Perséfone sobe ao mundo dos 
humanos e assim por diante.” (Pouzadoux, 2001) 
 
1.4.8. Hefesto, Afrodite e Ares 
Pouzadoux (2001, p.38, a 41) chegamos a conhecer a lenda que dá 
origem aos grandes mitos que envolvem este triangulo amoroso celestial: 
 
“Como Hades, Hefesto quis ter a companhia de uma 
bonita deusa. O deus ferreiro morava numa grande gruta 
aberta na encosta de um vulcão. Ali instalou sua oficina 
com pesadas bigornas, foles incansáveis e ferros em 
brasa. As marteladas ressoavam o dia inteiro nesse antro 
barulhento, porque o deus, ajudado pelos Ciclopes, 
passava o tempo fabricando magníficas armas. Ele sabia 
trabalhar os metais melhor do que ninguém, e nenhuma 
proeza técnica lhe era impossível. 
De suas mãos hábeis saiu um dia uma rede, toda feita de 
bronze. Era tão fina que mal dava para se distinguirem as 
malhas. E, no entanto, cada fio tinha a solidez de doze 
30 
 
cabos. Nenhum animal, por mais forte que fosse, teria 
podido se safar dela. 
A presa que o deus queria capturar era de porte... Ele 
estava se preparando para surpreender sua própria 
esposa, Afrodite, na companhia do amante, o impetuoso 
Ares, o deus da guerra em pessoa. As aventuras da 
volúvel deusa tinham sido denunciadas pelo Sol, e o 
marido não pretendia continuar a ser enganado. 
É preciso dizer que o casamento deles não era dos mais 
sólidos. Alguns anos antes, na época em que se 
casaram, a união da mais linda das deusas com aquele 
ser disforme espantara os deuses. De fato, Hefesto não 
era favorecido pela natureza e tinha por esposa a mais 
bela de todas as criaturas. 
Afrodite era filha de Urano e veio à luz numa concha de 
madrepérola. Desde que nascera, encantara a todos com 
sua beleza excepcional. Um terno sorriso animava 
continuamente seus traços delicados. A brancura da pele 
rivalizava em brilho com o dourado dos longos cabelos. 
Sua chegada ao Olimpo não passou despercebida. As 
rivais de Afrodite, as outras deusas, viram-na com maus 
olhos, enquanto os deuses tentaram em vão seduzi-la. 
Eles ainda ignoravam que Hera já a tinha prometido a um 
de seus filhos, o deus Hefesto. 
A esposa de Zeus esperava assim se reconciliar com 
esse filho que ela havia maltratado tanto. Ao nascer, 
Hefesto era uma criança desproporcionada, com cabeça 
enorme e membros frágeis. Sua mãe se recusou a 
reconhece-lo. Agarrou-o pela perna e o atirou nos ares. O 
bebê caiu no oceano, onde as ninfas marinhas, Tétis e 
Eurínome, o acolheram. A queda, que por pouco não foi 
fatal para ele, conferiu a Hefesto uma deficiência que 
acentuou sua deformidade natural. Apesar dessas 
desgraças, o deus coxo teve uma infância feliz. 
Desenvolveu excepcionais qualidades para o trabalho 
dos metais, e a fama dele chegou aos deuses. Para 
provar suas boas intensões, Hera decidiu lhe dar Afrodite 
como esposa. 
Hefesto se mostrou mais que satisfeito com essa 
companheira inesperada, e Afrodite aceitou de imediato a 
união. Ela estava fascinada com o talento do artista e 
contava que este lhe faria joias de dar inveja às outras 
deusas. 
Mas a vida que ele lhe oferecia nas forjas não convinha à 
deusa. O calor e o barulho logo se tornaram 
insuportáveis, e ela teria preferidouma companhia mais 
refinada que a dos Ciclopes. Assim, a deusa do amor não 
31 
 
demorou a ir buscar fora de casa os prazeres e delícias 
da vida que lhe faltavam. 
Ares, deus da guerra, conquistou-a. Hefesto não 
desconfiou de nada, e Afrodite se aproveitou disso. 
Inventando pretextos, ela ia se encontrar com o amante. 
O casal se separava antes do raiar do dia. Depois, seus 
encontros apaixonados se tornaram cada vez mais 
frequentes, e a vigilância dos dois diminuiu. 
Certa manhã, esqueceram-se de acordar e foram 
surpreendidos pelo Sol. Com inveja do deus da guerra 
por Afrodite tê-lo preferido, o Sol contou a aventura a 
Hefesto. O deus não deixou sua raiva se manifestar: 
decidiu pegar a infiel em flagrante. 
Foi para isso que o hábil ferreiro concebeu a prodigiosa 
rede de bronze. Armou-a acima da cama em que os 
amantes se encontravam. Um fio oculto atrás do 
cortinado deveria acionar seu fechamento. Quando a 
armadilha ficou pronta, Hefesto anunciou à esposa que 
iria se ausentar por alguns dias. Mal o deus desapareceu 
na curva de uma estrada, ela chamou Ares. 
Hefesto deu tempo suficiente para os dois se deitarem e 
voltou para casa. Da porta, já podia ouvir os palavrões de 
Ares misturados aos gritos de raiva da amante: quanto 
mais eles se debatiam, mais as malhas da rede 
apertavam. 
Não contente em tê-los surpreendidos, Hefesto lhes 
ofereceu como espetáculo aos outros deuses, que 
adoravam esse gênero de divertimento e não se fizeram 
de rogados. Alguns até sentiram inveja do pobre Ares. 
Os amores que despertavam pela deusa Afrodite 
causaram grandes conflitos, entre eles o da Guerra de 
Tróia.” (Pouzadoux, 2001) 
 
1.4.9. O Julgamento de Páris 
A história de Páris é a que dá origem a história da grande Guerra de Tróia, e 
esta adaptação foi criada em cima do livro Contos e Lendas da Mitologia Grega de 
Pouzadoux (2001, p. 42 a 44) Durante uma reunião entre os Deuses, então Éris, a 
deusa da discórdia, lançou sobre a mesa onde estavam sentados um pomo de 
ouro, e ao mesmo tempo Hera, Atena e Afrodite estenderam a mão para ele. Então 
ela se levanta e diz que o mesmo é para a mais Bela. 
Ao mesmo tempo se inicia uma discussão entre as três para decidir qual das 
três seria a mais bela. Então Éris sugere: 
"Só um homem que não as conheça saberá escolher. E necessário um olhar 
novo e um espírito virgem. As três devem comparecer juntas diante de Páris, um 
32 
 
jovem pastor que ainda não sabe que é filho do rei Príamo de Tróia. Ele passa os 
dias nas montanhas pastando suas ovelhas. Deixem-no julgar." (Pouzadoux,2001, 
p. 42) 
Guiadas por Hermes, as três deusas, impacientes por saber do resultado, 
foram às encostas do Ida. Para convencer o árbitro, cada uma delas se cobriu com 
seus mais lindos adornos. E, uma após a outra, procuraram convencê-lo fazendo-
lhe promessas tentadoras. Hera começou: 
"Você está destinado a subir ao trono de Tróia. Se escolher a mim, esposa 
do Senhor dos Céus, prometo-lhe o domínio de toda a Ásia." (Pouzadoux, 2001, 
p.42) 
Atena, a deusa da inteligência e da guerra, sucedeu-a: 
"O poder sem a sabedoria não é nada. Em troca do pomo, eu lhe ofereço as 
artes políticas e militares que lhe permitirão reinar e conquistar as cidades." 
(Pouzadoux, 2001, p. 43) 
Afrodite foi a última a falar: 
"Você é bonito, Páris, e seria justo que obtivesse o amor da mais bela de 
todas as mulheres. Escolha-me, e lhe darei Helena."(Pouzadoux, 2001 p. 43) 
Apesar da impressão que cada uma produziu no rapaz, as últimas palavras 
de Afrodite foram as que mais tocaram seu coração. Correspondendo ao desejo 
que a deusa fizera nascer nele, falou: 
"Belas damas, vocês três são tão majestosas e tão divinas que não têm o 
que invejar uma da outra. Mas, à força e à glória, prefiro o amor." (Pouzadoux, 
2001, p.44) 
Com essas palavras, deu o pomo a Afrodite como prêmio para sua beleza. E 
também, conquistou o coração de Helena o que viria a causar a terrível guerra de 
Tróia.(Pouzadoux, 2001). 
 
1.5. HERÓIS OU SEMIDEUSES. 
As lendas gregas sobre os Heróis são infinitas, heróis são a prole mortal de 
deuses e seres humanos mortais. Também são protagonistas das mais variadas 
histórias. As que mais conhecemos são as escritas em A Ilíada e A Odisseia. 
Na primeira temos a visão de Aquiles, um dos grandes heróis da mitologia, 
portanto decidiu-se selecionar apenas a lenda do mesmo por não haver 
necessidade de conhecermos todas elas. 
 
33 
 
1.5.1. Aquiles 
Conforme O livro de ouro da Mitologia (Bulfinch, 2006, Rio de Janeiro, 
Ediouro, 34ª edição), Aquiles era filho de Tétis a Ninfa Marinha, e de Peleu, Rei dos 
mirmidões da Tessália. Ao nascer sua mãe o segurou pelos calcanhares e o 
mergulhou de cabeça para baixo no Estige, rio que dava sete voltas no inferno, e 
deu a Aquiles uma espécie de capa protetora, ou seja, nada penetrava o corpo de 
Aquiles. 
Uma profecia condenava Aquiles a morrer jovem no campo de batalha, e 
esta profecia fez com que seu pai Peleu, o criasse como menina na Corte 
Licomedes, na ilha de Ciros. Ulisses sabia que somente com a ajuda de Aquiles 
com seu poder, venceriam a guerra contra Tróia, recorreu a ardil para identificá-lo 
entre as moças, Aquiles foi convencido a marchar para Tróia. 
No décimo ano de luta, capturou a jovem Briseida, que lhe foi tomada por 
Agamenon, chefe supremo dos Gregos, revoltado Aquiles retirou-se da guerra, e o 
convenceram a dar a armadura que usava ao seu amigo (em algumas lendas 
primo) Pátroclo. Heitor filho do rei de Tróia, matou Pátroclo e para vingar Aquiles 
faz as pazes com Agamenon, para ter a oportunidade de enfrentar Heitor. 
Aquiles mata Heitor e arrasta seu corpo em torno da sepultura de Pátroclo, 
porem, Páris, irmão de Heitor, atirou uma flecha envenenada em Aquiles, e atingiu 
seu único ponto vulnerável, os calcanhares, local que sua mãe segurou para 
mergulhá-lo no rio. E então que surgiu a expressão “calcanhar de Aquiles”, quando 
se refere a ponto fraco, de alguém ou de algo. Também o termo médio do tendão 
de Aquiles, que também faz referência a lenda. (Bulfinch, 2006) 
 
 
1.6. MONSTROS E CRIATURAS 
Os Monstros da mitologia são diversos, assim como os heróis, normalmente 
falam sobre alguma perseguição ou algum grande mal a população, dentre eles 
temos a Medusa, o Minotauro e assim por diante. Decidiu-se selecionar apenas um 
aqui também, por isso direcionei para a lenda do Minotauro que é uma das mais 
conhecidas e exploradas no mundo da mitologia. 
 
1.6.1. O Minotauro. 
No livro intitulado O Minotauro (MacGillivray, 2002, Rio de Janeiro, Record) 
além de ser uma importante obra sobre a arqueologia da Grécia antiga, em 
especial da ilha de Creta, também nos conta brevemente a história do Minotauro. 
O Minotauro (touro de Minos) é uma figura mitológica criada na Grécia 
Antiga. Com cabeça e cauda de touro num corpo de homem, personagem que 
causava muito medo nos gregos antigos. De acordo com o mito, a criatura habitava 
um labirinto na Ilha de Creta que era governada pelo rei Minos. 
34 
 
Conta a história que antes de ser Rei, Minos teria pedido ajuda a Poseidon 
para que o fizesse rei. Porém para que isto acontecesse Poseidon pediu para 
Minos sacrificar um belo touro branco que sairia do mar. Ao ver o touro Minos se 
encanta por sua beleza e acaba sacrificando outro touro em seu lugar. 
Irritado com a atitude do rei, Poseidon resolve castigar o mortal. Faz com 
que a esposa de Minos, Pasífae, se apaixonasse pelo touro, e além disto ela acaba 
por engravidar do touro. Nasceu desta união o Minotauro. Desesperado e com 
muito medo, Minos solicitou a Dédalo que este construísse um labirinto que 
abrigasse a criatura. O labirinto foi construído no subsolo do palácio de Minos, na 
cidade de Cnossos, em Creta. 
Após vencer e dominar, numa guerra, os atenienses, que haviam matado 
Androceu, o rei de Creta, ilha grega, foi ordenado que todo ano sete rapazese sete 
moças de Atenas para serem devorados pelo Minotauro. Ao lá chegarem todos 
eram recebidos com muitas comemorações entre outros para depois serem 
jogados para a fera devorá-los 
Após o terceiro ano de sacrifícios, o herói grego Teseu resolve apresentar-
se voluntariamente para ir à Creta matar o Minotauro em vingança de seu povo. Ao 
chegar na ilha, Ariadne (filha do rei Minos) apaixona-se pelo herói grego e resolve 
ajudá-lo, entregando-lhe um novelo de lã para que Teseu pudesse marcar o 
caminho na entrada e não se perder no grandioso e perigoso labirinto. Tomando 
todo cuidado, Teseu escondeu-se entre as paredes do labirinto e atacou o monstro 
de surpresa. Usou uma espada mágica, que havia ganhado de presente de 
Ariadne, colocando fim aquela terrível criatura. Todos os perdidos no labirinto 
saíram usando o fio de lã como referência. 
Este mito sempre foi muito contado por toda a antiguidade e continua sendo 
contado até hoje. ((MacGillivray, 2002) 
 
2. HISTÓRIA, MITOLOGIA E LUDICIDADE 
 
2.1. LUDICIDADE 
Ludicidade, uma teoria interessante que poucos conhecem e estudam a 
mesma. Ela também foi alvo de grandes pesquisadores das práticas didáticas 
como Jean Piaget e Lev Vygotsky, porém todas estas teorias de ensino e 
aprendizagem são normalmente viabilizadas as práticas de ensino na Educação 
Infantil e nas Séries Iniciais da Educação Básica e dificilmente abordadas na 
prática pedagógica das Séries finais e Ensino médio. 
Para se tornar mais prático, comecemos explicando o que é Ludicidade? 
Ludicidade nada mais é do que a capacidade de ensinar e aprender através de 
35 
 
brincadeiras, métodos diversificados modos e práticas de ensino para que o aluno 
consiga a consiga a construção da sua aprendizagem. 
Acredita-se muito na construção desta aprendizagem, teóricos da área da 
pedagogia e da psicopedagogia já tratam muito de uma troca de papéis, o 
professor sendo mediador de conhecimentos e não a única fonte do mesmo. Nesta 
ideia busca-se construir um novo caminho de aprendizagens e significações na 
vida do aluno. 
Atualmente em nossas escolas vivemos um processo cada vez mais 
complicado para se atrair a atenção dos alunos. Vivemos em uma era digital, onde 
é tão mais fácil receber conhecimento mediado via on-line do que prestar atenção 
em uma aula tradicional onde se recebe um material escrito e é necessário ler, 
entender e interpretar o mesmo. Não como uma crítica a internet, bem do contrário 
é necessário incluí-la na educação dos jovens conforme tratarei mais adiante, o 
que queremos mostrar aqui, é o pensamento de um dos integrantes do Conselho 
Nacional de Educação em 2012, Mozart Neves Ramos afirmou em entrevista em 
novembro do mesmo ano: 
“O Brasil ainda tem uma escola do século XIX, 
professores do século XX e alunos do século XXI.” 
(Ramos, Mozart Neves – 2012, em Entrevista para o site G1) 
 
Isto nos mostra claramente que ainda temos uma grande evolução para 
realizar dentro das escolas, e aqui gostar-se-ia de trazer uma metodologia capaz 
de incentivar mais a produção dentro de sala de aula dentro das significações dos 
educandos. Ao realizar minha pesquisa me deparei com um artigo publicado na 
internet e escrito pela professora Maria de Lurdes Mattos Dantas Barbosa (2008, p. 
4) no Artigo A ludicidade no Ensino de História o qual ela trata: 
“(...)As Diretrizes Curriculares para o Curso de História, 
não prioriza, ou sequer coloca em paridade, os estudos 
da área pedagógica em relação à pesquisa, mas prioriza 
essa última, quando diz que é necessário formar o 
professor para o exercício da pesquisa no campo da 
História e da historiografia. Neste caso, a pesquisa 
servirá de importante instrumento para a inclusão no 
mercado de trabalho. É evidente que os conhecimentos 
pedagógicos são estritamente complementares enquanto, 
que a pesquisa figura como elemento essencial e básico 
na preparação dos profissionais em História. Ignoram que 
os conflitos e os problemas são globais e planetários e 
que os saberes pedagógicos, na verdade estão em todo 
o fazer humano e científico de forma multidisciplinar. 
36 
 
Também é importante ressaltar que a ludicidade não faz 
parte do currículo oficial dos cursos de Licenciatura da 
maioria das Universidades. Portanto, os professores que 
lecionam geralmente no ensino fundamental I (1ª a 4ª 
série), fundamental lI (5ª a 8ª ) e Ensino Médio, não 
tiveram formação acadêmica ou sequer curso de 
extensão, ou mesmo qualquer orientação lúdica por parte 
dos responsáveis pelas instituições, para 
desempenharem bem as atividades lúdicas. (...)” 
(Barbosa, Maria de Lurdes - 2008) 
Aqui a professora citada traz para a explicação do pouco uso da ludicidade 
devido à falta de acesso que os futuros professores têm em relação a temas como 
ludicidade. Isto é claro em qualquer grade curricular das universidades, os cursos 
de licenciatura devem com toda a certeza ter bastante enfoque na área da 
pesquisa, porém no caso de licenciaturas eles devem possuir o mesmo enfoque na 
área didática, pois grande parte dos professores recém formados saem com estas 
dúvidas de como ensinar e para o que ensinar história nas escolas. 
Acredito que é justo esta distinção que devemos ter entre cursos de 
bacharelado e licenciatura nas universidades, e a área de Ciências Humanas é 
uma área muito tranquila para a aprendizagem do aluno, mas muitas vezes se 
torna monótona devido a uma aula na qual ele precisa sentar, ler um livro pelo qual 
não se interessa neste momento ao invés de poder jogar um jogo que poderia lhe 
passar a mesma informação do que a leitura daquelas páginas. 
Quando se comenta sobre ludicidade a impressão que fica é que 
deveríamos trocar de forma plena e completa a maneira de ensinar, porém não é 
bem este o significado, ela nos traz apenas novas formas e novas ideias de como 
ensinar, acrescentando valores e significados aos alunos, isso a torna uma teoria 
tão impressionante para a prática pedagógica. 
 
37 
 
A ludicidade representa aqui um dos possíveis caminhos para a tentativa de 
mudança neste plano de ensino, no qual o professor se tornaria este mediador, 
levando o conhecimento até a criança ou adolescente de forma agradável, mas isto 
também vem a nos retirar alguns pensamentos que vem sendo construídos ao 
longo dos anos. Também nos leva a ter algumas conclusões que podem ou não 
agradar a todos os professores. Devemos sempre ter em mente que cada turma é 
uma turma, cada série tem seus níveis a serem alcançados a ludicidade é um dos 
caminhos porém não se pode deixar o teórico de fora, há necessidade de uma 
intersecção entre os mesmos. Agora que já se sabe o que representa a ludicidade, 
o que a mesma tem em relação a Mitologia Grega e ao ensino de História? Por 
mais estranho que pareça as três possuem uma relação que se completa. Abaixo 
um Diagrama de Venn para transmitir este significado. No mesmo o espaço no qual 
diz conteúdos seria o que representa a Mitologia Grega, neste caso um conteúdo a 
ser 
trab
alh
ado 
na 
esc
ola. 
 
 
 
 
Fig
ura 
1. 
Dia
gra
ma 
das interligações entre História, Conteúdos e Ludicidade. 
Neste, podemos perceber alguns fatores importantes a serem considerados 
na aprendizagem dos educandos seja em qual for a fase de ensino que o mesmo 
se encontra. Primeiro vamos analisar a intersecção entre Ensino de História e 
Conteúdos, entre este meio possuímos a palavra Estudo. Decidi colocar esta 
palavra no meio devido ao simples fato de que este é o sistema de ensino do qual 
utiliza-se hoje, o ensino de história relacionado aos conteúdos que temos para 
trabalhar em sala de aula. Primeira relação no ensino de História que precisamos 
descartar é a seguinte: Livro texto da disciplina é Material Didático de Apoio, muitas 
vezes isto não se torna claro, pois vemos e vivenciamos práticas na qual o Livro 
38 
 
texto é a aula em si. Certamente o livro textoé necessário e sua importância é 
indiscutível, porém temos de ter em mente seu real papel, de material de apoio 
para a nossa aula. Na visão dos alunos que temos hoje em sala de aula, o tempo 
no qual as aulas eram entrar na sala, abrir um livro e lê-lo de início ao fim já 
acabou. 
Não que isto signifique que não posso utilizar o livro texto dos alunos em 
aulas, significa que devemos utilizá-lo mas como complementação do nosso plano 
diário de ensino. Usar-se de técnicas variadas para as aulas de história, usar uma 
aula o livro, em outra um resumo no caderno, na próxima um jogo de revisão, 
mesclar as leituras entre individuais e coletivas, utilizar do livro como um apoio de 
estudo ao aluno no período extraescolar com atividades, leituras, resumos, 
trabalhos e temas encaminhados. 
Enfim, neste entremeio o Ensino de História e os Conteúdos temos o Estudo 
pois sem nenhum tipo de mediação de outra forma, o aluno é obrigatoriamente 
ligado aos conceitos de estudos, de revisões e leituras. 
Em um segundo, podemos analisar a parte da qual tratamos Conteúdos e 
Ludicidade na qual entre as duas possuímos as Vivências, e para tratar disto 
utilizarei de um pouco da teoria de Lev Vygotsky na qual ele trata da Zona de 
Desenvolvimento Proximal (ZDP), como referência utilizo o livro de sua autoria 
Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, publicado em 1988 , que 
resumidamente trata do que a criança consegue aprender, sendo a mesma em 
uma espécie de escada onde tratamos do que a criança consegue aprender 
sozinha e do que é capaz de aprender além disto, mesmo que não consiga sozinha 
e precise de uma mediação para tanto. A ZDP é a área entre o que ela constrói 
sozinha (o REAL) e aquilo que ela pode ainda construir (o POTENCIAL), ela está 
em constante mudança e sempre se ampliando, pois ao chegar ao potencial inicial 
a criança passa a ter ele como o real e ter um novo potencial a ser alcançado. 
 Para que estas aproximações possam acontecer é necessária uma 
vivência da aprendizagem, com ou sem mediação, relacionadas aos conteúdos 
trabalhados em sala de aula, podemos utilizar de exemplo uma aula de história 
com recursos visuais, com jogos de tabuleiros adaptados ao ensino de história, 
trabalhos em grupos que façam com que os alunos compartilhem e discutam as 
ideias e relações estudadas em sala de aula, em livros e também que adquiram 
mais conhecimentos com pesquisas sejam em livros ou na internet. 
 Isto nos traz as vivências que se relacionam entre os conteúdos e a 
ludicidade. Trazer para a sala de aula recursos variados, toda e qualquer técnica 
didática pode e deve ser apropriada e utilizada seja em qual for o nível de ensino 
do educando. 
39 
 
 Vamos nos utilizar da Mitologia Grega que é nosso foco neste projeto, 
em livros didáticos de história vem um pequeno texto tratando a mitologia grega, 
neste texto temos explicado que a religião grega era politeísta, e que a sociedade 
deles era muito fiel a todos seus deuses e deusas. É muito fácil simplesmente 
lermos este pequeno texto com os alunos o que se torna mais complicado, longe 
de nossa zona de conforto como professores é preparar uma aula diferenciada 
sobre o assunto, pois acredito que a Mitologia seria uma maneira muito boa iniciar 
os estudos sobre a Grécia Antiga, uma vez que podemos representar muita coisa 
devido à forte crença que os gregos possuíam em sua religiosidade. 
 Esta aula da qual estamos tratando, digamos que seja a aula de 
introdução a Grécia Antiga. Podemos nos utilizar de um período de aula e montar 
uma apresentação de slides, uma história com a técnica de Avental ou Flanelógrafo 
e mostrar a história da Criação do Mundo pelos gregos. Seria muito significativo 
aos alunos pois tendo uma aula diferente eles posteriormente recordaram desta e 
terão uma vivência da mesma. Outra forma é que estamos estudando os Conflitos 
da Grécia antiga, a mais famosa história é a de Tróia, pode-se pedir para os 
educandos realizarem a leitura de a Ilíada, hoje já temos versões condensadas e 
adaptadas para a linguagem atual, na qual eles retiram a essência da história e 
podemos incluir a tecnologia importando para a sala de aula um vídeo ou até 
mesmo um teatro realizado pelos alunos. Isso exige um cenário, um figurino entre 
outros os quais os alunos podem aproveitar e ir afundo nos conteúdos. 
 Outro âmbito que temos no diagrama é Ludicidade e o Ensino de 
História, onde temos o Brincar e Entender. Brincar na sua mais pura essência é 
trazer a imaginação ao mundo real e o ensino de História tem como base a ideia de 
analisar o passado para transformar o presente e incitar um futuro melhor, porém 
isto é hoje, conforme veremos, ocorreram algumas dificuldades em torno do 
caminho, e hoje com estas novas propostas para o ensino de história acredita-se 
ser cada vez mais importante que esta essência de brincar, de construir em 
conjunto um conteúdo. Qualquer jogo lógico calmo ou ativo proposto pode ser 
adaptado conforme a necessidade de um conteúdo específico do Ensino de 
História. Como exemplo, ao final de um Estágio com o Ensino Fundamental Séries 
Finais realizei uma prática pedagógica de revisão dos conteúdos, foi realizada uma 
aula com o Jogo Passa Ou Repassa na qual havia uma série de questionamentos 
sobre os conteúdos trabalhados e as equipes iam marcando pontos, quando havia 
uma resposta da qual não sabiam poderiam “pagar”, ou seja realizar uma prova ou 
“pagar uma prenda” enfim, para conseguir a pontuação necessária. 
Esta prática foi realizada com alunos do oitavo ano, com idade média de 13 
e 14 anos, e todos sem exceção saíram da aula felizes e relatando que hoje 
aprenderam mais do que antes. É deste tipo de prática que possuímos a relação 
entre Ensino de História e Ludicidade, o Brincar e Entender. 
40 
 
Por fim, temos o coração deste sistema, antes de tudo, acredito que ele seja 
o alvo pretendido desde o começo do ensino, a aprendizagem, o aprender por 
parte do educando e do professor também, isto pois na posição de professor 
mediador podemos também crescer junto com nossos alunos, aprendemos mais a 
cada dia e nosso aluno também participando de uma interação na qual a sala de 
aula se torna um ambiente de crescimento coletivo, onde os com mais facilidade de 
aprendizagem ajudam os outros que possuem dificuldades, onde os grupos 
cooperam entre si. O trabalho para alcançar isto não é simples e muito menos 
possui uma receita para dar certo, como já citamos anteriormente a nossa escola 
precisa de mudanças, precisamos ser uma escola do século XXI e professores do 
século XXI para conseguirmos a mudança nos hábitos dos educandos. Precisamos 
de esforço e apoio, mas antes e principalmente, precisamos entender, conhecer e 
aprender junto com nossos alunos que não há uma verdade absoluta que tudo 
pode ser questionado, quando percebemos os alunos de fato interessados e as 
nossas avaliações nos dão este retorno e que os educandos estão se utilizando 
daquilo para suas vidas, percebemos que ocorreu a aprendizagem dos conteúdos 
conforme os objetivos e habilidades a serem trabalhadas. 
2.2. O ENSINO DE HISTÓRIA 
 
O ensino de história é a prática de sala de aula relacionada a disciplina 
de história, atualmente temos uma ideia diferente do que no passado, ao analisar o 
livro Ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental: teoria, conceitos 
e uso de fontes escrito por Bianca B. Zucchi (2012, página 19 e 20), ela nos traz 
uma pequena história do Ensino de História na escola, em texto do livro ela trata 
das alterações na LDB e no PCN, contando que na primeira LDB em 1971 o ensino 
de história e geografia se juntam na disciplina conhecida como Estudos Sociais nos 
anos iniciais e nos anos finais (na época Primeiro e Segundo Graus) ficou como a 
conhecida Educação Moral e Cívica e o OSPB, Organização Social e Política do 
Brasil, isto para que os militares pudessem possuir um maior controle

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