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1 A aprendizagem significativa na alfabetização e letramento Fernanda Tomazeli Marques Resumo Pesquisas na área educacional revelam baixo aproveitamento escolar entre nossos estudantes e entre as dificuldades apresentadas encontra-se a de relacionarem o aprendizado na escola com o seu dia-a-dia, ou seja, trazerem para seu cotidiano, os textos escritos e aprendidos no ambiente escolar com a sua necessidade de ler, escrever, interpretando o que lê e escreve. Soares (2004) considera importante a reinvenção da alfabetização, diante dos resultados precários obtidos na aprendizagem inicial da língua escrita, o que influencia o restante da vida escolar dos alunos. Pode-se constatar que muitos adultos que não mostram interesse em leitura foram alfabetizados com o método tradicional das cartilhas em que o ajuntamento de sílabas e palavras não garante a aprendizagem do docente. Dessa forma, este artigo busca demonstrar a eficiência da utilização em sala de aula de atividades significativas na alfabetização do aluno, segundo Naspolini (2006) a atividade significativa gera conhecimento útil para a vida do aluno; quando lhe oferece condições de, tendo consciência do conhecimento apropriado, vir a utilizá-lo nas diferentes situações de sua vida. Palavras-chaves: alfabetização, significativa, escola. 1. Introdução Anualmente nos deparamos com estatísticas que demonstram o fracasso na educação escolar brasileira. De acordo com o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico) 2017 apenas 1,6% dos estudantes brasileiros do Ensino Médio 2 demonstraram níveis de aprendizagem considerados adequados em Língua Portuguesa, esses dados são preocupantes e merecem atenção por parte dos profissionais da educação desde os anos iniciais da educação básica. Mudanças no processo de aprendizagem são necessárias, Os educadores têm um papel muito importante, podendo conduzir a uma motivação propondo atividades significativas para que o aluno estude, busque informações, cresça e se desenvolva longe das perspectivas do fracasso escolar. 2. Desenvolvimento- Aprendendo com significado Ler e escrever são mais que simplesmente codificar e decodificar textos. De acordo com Emília Ferreiro (2004), deve-se iniciar o processo de alfabetização valorizando o conhecimento da língua que o aluno traz consigo do seu convívio com familiares e amigos. Para a autora, o aluno não vem para a escola sem saber de nada, ele traz consigo um aprendizado importante que deve ser aprimorado e contextualizado para promover condições favoráveis as suas necessidades cotidianas. Ferreiro adverte que a escola precisa estimular sempre o aluno para que haja aprendizado significativo, promovendo metodologias de ensino que alcancem resultados satisfatórios. É importante colocar a criança em situações de aprendizagem, em que possa utilizar suas próprias elaborações sobre a linguagem, ou seja, integrar o conhecimento espontâneo da criança ao ensino, dando-lhe maior significado. Para Paulo Freire (1983, p. 72), “alfabetizar tem objetivo tríade: tematizar o mundo, dialogar sobre o mundo e transformar o mundo”. Ele diz que alfabetizar é: Mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler. Com efeito, ela é o domínio dessas técnicas em termos conscientes. É entender o que se lê e escrever o que se entende. É comunicar-se graficamente. É uma incorporação. Implica não em uma memorização mecânica das sentenças, das palavras, das sílabas desvinculada de um universo existencial – coisas mortas ou semimortas, mas uma atitude de criação e recriação. Implica uma auto 3 formação da qual pode resultar uma postura atuante do homem sobre o seu contexto. Adriane Andaló (1996) explica que apesar de muitas gerações aprenderem com o método da cartilha, a memorização de letras e o ajuntamento de sílabas e palavras não garantem a aprendizagem da criança, pois leem fazem cópias, mas não compreendem o que escrevem. A sociedade evolui, avançou, as crianças mudaram e dessa forma a educação necessita acompanhar esse processo buscando sempre progredir na aprendizagem dos alunos. De acordo com Moreira (1999): Hoje, não se fala mais em estímulo, resposta e reforço positivo. As palavras de ordem são aprendizagem significativa, mudança conceitual e, naturalmente, construtivismo. Para ser um bom professor é preciso ser construtivista, promover a mudança conceitual e facilitar a aprendizagem significativa. Sendo assim, professor e alunos devem construir aprendizagens significativas, testar limites, questionar possibilidades e avançar rumo a uma educação de qualidade. O professor precisa criar um ambiente estimulador onde ler, escrever, resolver desafios e situações problemas tenham significado para os discentes. De acordo com Castanheira, Maciel e Martins (2009, p. 32), “o modo como o professor conduz o seu trabalho é crucial para que a criança construa o conhecimento sobre o objeto escrito e adquira certas habilidades que lhe permitirão o uso efetivo do ler e do escrever”. Barbosa (2008) diz que a perspectiva da aprendizagem individual e racional passa a ser uma perspectiva social e multidimensional, isto é, todas as dimensões da vida – a emoção, a cognição, a corporeidade – estão em ação quando se aprende. Portanto, as práticas educativas devem levar em conta os vários aspectos humanos quando o objetivo é auxiliar aos alunos a interpretar e compreender o mundo que os circunda e a si mesmos. Nesse sentido, para provocar aprendizagens, é preciso fazer conexões e relações entre sentimentos, ideias, palavras, gestos e ações. 4 Segundo Soares (2010, p. 8) alfabetizar implica que a criança aprenda a codificar e a decodificar, pois é um sistema inventado, diferente da língua oral que o ser humano já nasce programado para falar. Mas a associação de alfabetização com o letramento é possível e necessária quando se orienta a criança. Através de materiais reais, como livros de literatura infantil, as propagandas, folhetos, qualquer material que seja do interesse da criança. “Aí se faz o letramento, o contato com a história, a literatura, o poema. E o professor pode tirar uma palavra, uma frase, para trabalhar sistematicamente em sequência, explicitando, as relações fonema grafema”. 3. Conclusão Com base no exposto, este artigo nos revela a necessidade de reflexão e ação por parte dos profissionais da educação sobre o processo de ensino e aprendizagem, buscando sempre construir uma realidade educacional significativa, participativa e interativa a fim de construir nos alunos uma base concreta e eficaz de alfabetização e letramento no qual os sustentarão com êxito em toda sua vida escolar. 4. Referências ANDALÓ, A. Didática de língua portuguesa para o Ensino Fundamental. São Paulo: FTD, 1996. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Projetos pedagógicos na educação infantil / Maria Carmen Silveira Barbosa, Maria da Graça Souza Horn. – Porto Alegre: Artmed, 2008. 5 CASTANHEIRA, M. L.; MACIEL, F. I. P.; MARTINS, R. M. F. (Org.). Alfabetização e letramento na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica: Ceale, 2009. (Coleção Alfabetização e Letramento na Sala de Aula). FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. 15. ed. São Paulo:Cortez, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. INEP. Disponível em :<http://portal.inep.gov.br/artigo/- /asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/saeb-2017-revela-que-apenas-1-6-dos- estudantes-brasileiros-do-ensino-medio-demonstraram-niveis-de-aprendizagem- considerados-adequados-em-lingua-portug/21206>. Acesso em: 19 de mar.2020. MORAIS, Jacqueline de Fátima dos Santos. Alfabetização no Brasil: ainda um desafio. Revista Espaço Acadêmico, ano VIII, n.93 – mensal – fev. 2009. MOREIRA, Marco Antônio. Aprendizagem significativa. Brasília: Universidade de Brasília, 1999. NASPOLINI, A.T. Didáticade português: tijolo por tijolo – leitura e produção escrita. São Paulo: FTD, 2006. SOARES, Magda Becker. Simplificar sem falsificar. In: Revista Educação – Guia da Alfabetização: Os caminhos para ensinar a língua escrita. N. 1. p. 6-11, SP: Editora Segmento, 2010. SOARES, Magda. Alfabetização e letramento: caminhos e descaminhos. Revista pátio, v. 29, p. 19-22, 2004.
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