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TCC - A EAD ALEM DA INCLUSAO SOCIAL

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A EAD ALÉM DA INCLUSÃO SOCIAL
TERUEL, Marcio Rogério[footnoteRef:1] [1: Aluno do Centro Universitário Internacional Uninter. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação, 2018.
] 
RU 1167552
AMARAL, Maria do Carmo[footnoteRef:2] [2: Professora Mestre em História pela UFPR, Orientadora do Centro Universitário Internacional Uninter.] 
RESUMO
Pode-se definir educação a distância como uma modalidade de ensino que relacionada com as tecnologias digitais de informação e comunicação, possibilita a aproximação do contexto escolar, àqueles alunos que de certa forma estão distantes do espaço físico escolar. A educação a distância, após muitas dificuldades, vem ganhando seu espaço ao longo dos tempos proporcionando oportunidades para a qualificação profissional, técnica, educação continuada e empresarial. Portanto, o presente artigo buscou identificar por meio de uma análise bibliográfica os principais pontos da história da educação a distância no Brasil e no mundo, enfatizou as leis que regem a esta modalidade de ensino em nosso país, destacou a importância do uso da tecnologia nesta modalidade de ensino, demonstrou o perfil docente e discente no processo educacional do ensino superior e destacou a importância da educação a distância não somente no contexto educacional, mas também como uma forma de inclusão social, obtendo uma sociedade inclusiva, igualitária e justa. 
Palavras-chave: Ensino a distância. Perfil docente e discente. Inclusão social.
1 INTRODUÇÃO
A metodologia empregada neste projeto está baseada em uma pesquisa qualitativa, fundamentada através do levantamento de dados, realizado em fontes bibliográficas de livros, dos mais variados autores e pesquisadores da história da educação a distância.
Artigos e recursos audiovisuais como, reportagens, vídeos e documentários também foram utilizados afim de aprimorar e enriquecer a pesquisa.
Também foram explorados como fonte de pesquisas endereços eletrônicos, com o objetivo de levantar o maior número de informações possíveis sobre o assunto em questão.
Este trabalho teve como objetivo demonstrar através de recortes históricos e dados atuais a importância do ensino a distância, o uso da tecnologia no processo do ensino e aprendizagem, bem como os perfis docentes e discentes no ensino superior.
O tema pesquisado é relevante em vários aspectos, sejam eles: político, social, moral e educacional.
Com isso, o primeiro capítulo apresenta uma breve descrição sobre a história da educação a distância no mundo; o segundo capítulo, traz a história da educação a distância no Brasil; em seguida, o terceiro capitulo faz referências as leis que regem a esta modalidade de ensino; o quarto capítulo, tem como foco a importância e a necessidade da utilização das tecnologias no processo educacional; o quinto capítulo apresenta os perfis docentes e discentes da EAD; no sexto capítulo a ênfase é dada a EAD como um importante caminho para a inclusão social; o sétimo capítulo descreve sobre a metodologia utilizada para a elaboração deste artigo; e por fim as considerações finais e referências.
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO MUNDO
Para iniciarmos é necessário que tenhamos em mente o verdadeiro significado de história. Michaelis (2008, p.442), define história como: “Narração ordenada, escrita, dos fatos e acontecimentos (sociais, políticos, econômicos e culturais) na vida dos povos, de uma localidade e da humanidade, em geral, ocorridos no passado: [...]”.
Um exemplo prático desta definição de história, é a nossa própria história. Você já se questionou de como foi construída a sua história? O que ficou para trás, os fatos ocorridos até que ponto contribuíram para os dias atuais? 
Engana-se quem pensa que a educação a distância teve seu início após a expansão da tecnologia. Muito pelo contrário, ela iniciou-se bem antes disso. Conforme Nunes (2009), a primeira vez que se tem menção de tal modalidade, foi através do jornal Boston Gazette, de Massachussets, em 1728, que através de uma propaganda, o professor Caleb Phillipps, propunha o ensino das técnicas de taquigrafia[footnoteRef:3], que seriam enviadas semanalmente através dos correios, prometendo que as pessoas poderiam ser tão bem instruídas, como as que viviam em Boston, independentemente da distância onde estas pessoas residissem. [3: Arte de escrever tão depressa como se fala por meio de sinais e abreviaturas; estenografia, logografia.] 
A ideia do professor Caleb Phillipps foi tão bem-sucedida que se espalhou mundialmente e mais tarde, de acordo com Dalmau (2014), em 1840, no Reino Unido, Isaac Pitman também propôs o ensino de taquigrafia, valendo-se do uso do sistema postal inglês, o qual oferecia seus serviços de entrega dos materiais didáticos a baixos custos.
O mesmo autor ainda relata que no ano de 1956, na cidade de Berlim, Toussaint e Langenscheidt foram os responsáveis pela criação da primeira escola de línguas por correspondências. Ainda segundo o autor, em 1873, foi fundada a Sociedade de Apoio ao Ensino em Casa em Boston, por Anna Eliot Ticknor. E em 1891, na Pensilvânia, Foster cria o Instituto Internacional por Correspondência, o qual oferecia um curso relacionado as medidas de segurança no trabalho para mineradores.
Nota-se que a educação a distância obteve grande êxito obtendo um crescimento gradativo envolvendo os principais países da época e após a primeira guerra mundial, levado pela grande necessidade socioeconômica e o desenvolvimento do rádio e do cinema, a EAD teve um novo impulso e os recursos audiovisuais passaram a ter um importante papel dentro do contexto educacional presencial e também a distância, levando a um aumento considerável das propostas de ensino desta modalidade.
De acordo com Nunes (2009), em 1962, surge na Inglaterra a fundação Open University, considerada até os dias atuais como referência nesta área, a qual estabeleceu um padrão de qualidade contribuindo assim para que o preconceito sobre a educação a distância fosse quebrado, colocando assim o EAD como uma realidade para a democratização da educação.
Após esse feito, surge outras instituições que ministram cursos na modalidade a distância, como a Universidad nacional de Educación a Distancia da Espanha (UNED), a FernUniversitat da Alemanha e Télé-Université, no Canadá.
3 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
No Brasil a educação a distância tem seu início na década de 30, quando o imigrante húngaro, Nicolás Goldberger, encantado com a extensão territorial do Brasil, cria o Instituto Monitor, com a finalidade de oferecer um curso a distância através do rádio, onde os alunos seriam capazes de construir um rádio caseiro, possibilitando às pessoas mais carentes e que morassem mais distantes dos grandes centros, terem uma profissão. Em 1939 foi fundado o Instituto Radiotécnico Monitor, oferecendo seus cursos por correspondência. (ALMEIDA, 2012)
Assim como nos demais países citados neste artigo, no tópico anterior, a educação a distância no Brasil também teve como grande parceiro os correios, que ajudaram através de seus préstimos, o sucesso dos cursos por correspondências. 
Dentre as instituições que ofereciam estes cursos nesta modalidade, podemos destacar O Instituto Universal Brasileiro, que iniciou suas atividades no final do século passado. Utilizava para a divulgação dos seus cursos, revistas em quadrinhos, foto novelas, entre outros materiais, os quais propunham a qualificação de profissionais nos mais diversificados ramos, como: eletricista, encanador, corte e costura, cabelereiro, mestre de obras, entre outros tantos. Após a conclusão do curso, os alunos recebiam um certificado e com isso, tinham a oportunidade de melhorarem sua qualidade de vida e de seus familiares, aumentando as receitas com a nova profissão, além de terem a possibilidade de terem acesso à educação, uma vez que o trabalho em tempo integral tornava isso difícil. 
Em 1970, surge sob o comando do Serviço de Radiodifusão educativa do Ministério da Educação e Cultura, em homenagem a Deusa gregada sabedoria, o Projeto Minerva, que tinha como características, a complementação das tarefas propostas pelo sistema regular de ensino, a promoção da educação continuada, a divulgação de programas culturais, a elaboração de materiais didáticos e a avaliação dos resultados da utilização dos honorários utilizados pela emissora de rádio. O rádio foi o meio de comunicação escolhido, devido ao baixo custo e o fácil acesso dos ouvintes.
Segundo Castro (2009), o projeto estava estruturado da seguinte forma:
· Recepção organizada – desenvolvia-se em rádio postos locais, onde 30 a 50 alunos se reuniam, sob a liderança de um monitor, para ouvir a transmissão das aulas. O rádio posto funcionava em escolas, quartéis, clubes, igrejas, entre outro.
· Recepção controlada – os alunos recebiam isoladamente a transmissão dos cursos reunindo-se semanal ou quinzenalmente sob a orientação do monitor, a fim de discutir ideias e tirar dúvidas.
· Recepção isolada – os alunos recebiam emissões em suas casas.
A mesma autora, destaca que de outubro de 1970 ao mesmo período de 1971, 174.246 alunos participaram do projeto, sendo que destes, apenas 61.866 o concluíram. Pontos negativos como a evasão durante o curso e não efetivação da avaliação, levaram os alunos a fazerem os exames supletivos oferecidos pelo Departamento de Ensino Supletivo do MEC.
Mas, não foi somente o rádio e as correspondências que se destacaram no contexto histórico da EAD no Brasil. De acordo com a Fundação Roberto Marinho (2015), em 1978, foi assinado um convênio entre a mesma e a Fundação Padre Anchieta, permitindo a realização do primeiro projeto de reeducação, o qual recebeu o nome de Telecurso 2º grau. Devido ao grande sucesso do projeto, em 1981, a Fundação Bradesco em parceria com a própria Fundação Roberto Marinho, passa a oferecer o Telecurso 1º grau com total apoio do MEC e da UnB (Universidade de Brasília).
Em 1994, surge o Telecurso 2000, fruto de uma nova parceria entre a Fundação Roberto Marinho e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a (FIESP), onde a proposta abrangia aqueles não haviam concluído o Ensino Fundamental ou o Ensino Médio.
Conforme o exposto por Markun (2010, p. 11), presidente da Fundação Padre Anchieta,
Nos últimos anos, o avanço da tecnologia e o surgimento de novas mídias transformara a televisão, que no final do ano de 1960 era tecnologia de ponta, em parte de um complexo muito maior que envolve as tecnologias de informação e comunicação. Tais tecnologias oferecem inúmeras possibilidades: capacidade praticamente infinita de juntar informação; apresentação de conteúdos em diversos formatos; interatividade que permite a colaboração coletiva na produção desses conteúdos.
Nos dias atuais a televisão tornou-se imprescindível na incorporação das demais mídias tecnológicas utilizadas no intuito de atender as demandas educacionais impostas pelo EAD.
Não há como adentrar na história da educação a distância no Brasil, sem nos reportar aos bem-sucedidos cursos por correspondências, pelo rádio e até nos dias atuais, pelas tele aulas. 
Alguns pesquisadores dividem a história da educação a distância no Brasil, de acordo com suas gerações e suas respectivas mídias, existentes na época. Para Simão Neto (2008), a história da EAD no Brasil, divide-se em três gerações. São elas:
· Primeira Geração – ensino por correspondência que se caracteriza por material impresso entregue pelo correio na casa (ou no local escolhido) de cada estudante. As instituições de ensino contratam um professor, o qual escreve passo a passo um determinado curso, permitindo que o aluno tome gradativamente as aulas, aprendendo uma profissão, uma língua, entre outros.
· Segunda Geração – Tele-educação/Telecursos: programas de rádio e TV que ensinam por meio de programas educativos nas TVs comerciais, fitas e vídeo cassete simultaneamente com materiais impressos.
· Terceira Geração – Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), que permitem que professores e alunos interajam em tempo real, usufruindo de chats, blogs, fórum de discussões, etc.
4 EAD E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
O Brasil por ter uma área territorial extensa, em algumas localidades há a ausencia ou pouca oferta de cursos superiores em instituições públicas ou privadas. Esse fator aliado a democratização da propria educação, influenciou nas normatizações da educação a distância.
 Há cerca de duas décadas atras, a LDB 9.394/96 estabeleceu em seu artigo 87 a chamada Década da Educação, com a pretenção de promover a formação em nível superior de todos os professores, determinando que “cada Município e, supletivamente, o Estado e a União, deverá [...] realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício, utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância”. (BRASIL, 1996).
Muitos parágrafos da LDB foram revogados, e neste período começam a ser ofertados cursos de graduação a distância, principalmente para a formação de professores de magistério superior, pedagogia e de administração.
O artigo 80 da Lei 9.394/96, é o primeiro a tratar sobre a Educação a distância, descrevendo assim, o seguinte texto: “Art. 80. O poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modadlidades de ensino, e de educação continuada”.
Em referência ainda ao artigo 80, o mesmo enfatiza a que a Federação organiza os regulamentos para que sejam realizados os examens e os registros de diplomas dos cursos pertencentes a esta modadlidade de educação. Já em seu artigo 82, a LDB 9.394/96, faz menção aos estágios, os quais são de resonsabilidade das instituições de ensino elaborarem as normas para que estes se realizem, informando ao aluno/estágiario, que os referidos estágios, não possuem e nem criam vinculos empregatícios. 
Fica claro que aqui o interesse do poder público que o conhecimento sistematizado seja compartilhado através de curriculos e programas de Educação a distância, dando assim, direito ao acesso do conhecimento de uma forma democrática em todos os níveis de educação, a todos os cidadãos.
Após aproximadamente dez anos, o Presidente da República, assinaria o Decreto de nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, o qual regulamenta o art. 80 da Lei 9.394/96. No referido decreto reza que,
Art.1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
 
Com o intuíto de ampliar as vagas nos cursos de ensino superior no país, o Ministério da Educação (MEC), publicou uma portaria que regulamenta o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, objetivando a ampliação da oferta de cursos superiores na modalidade a distância, melhorando a qualidade da atuação regulatória por parte do MEC, aperfeiçoando procedimentos, reduzindo tempo de análise e o etoque de processos. A portaria possibilita o credenciamento das instituições de ensino superior (IES) para os cursos de educação a distância, sem que haja a necessidade do credenciamento para cursos presenciais. A ideia visa atingir a Meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE), cujo o objetivo é elevar a taxa bruta de matricula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população com a idade entre 18 e 24 anos (BRASIL, 2017).
De acordo com o Censo EAD (2016, p. 79),
A quantidade de alunos beneficiados pela EAD é imensa. O Censo EAD.BR 2016 contabilizou 561.667 alunos em cursos regulares totalmente a distância, 217.175 em cursos regulamentados semipresenciais, 1.675.131 em cursos livres não corporativos e 1.280.914 em cursos livres corporativos. Os números são expressivos e revelam o potencial da EAD para atender a demandas regulamentadas de educação e, mais ainda, demandas de formação continuada.
Portanto, a educação a distância, encontra-se em um processo de ampliação e mudanças constantes, sendoque as IES, devem ter como características principais a espontaniedade, ser aberta, de vanguarda, criativa e global, levando o sujeito a entender a necessidade da transformação social.
5 TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NA EAD
Podemos dizer que o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), tem finalidade de levar os envolvidos no processo do ensino e aprendizagem a interagirem entre si, facilitando a autonomia do aluno através de ferramentas tecnológicas, as quais possibilitam a comunicação, rompendo as barreiras geográficas e temporais, favorecendo a aprendizagem individual e coletiva. 
Com o desenvolvimento tecnológico, hoje é possível que se tenha Ambientes Virtuais de Aprendizagem cada vez mais sofisticados e de fácil manuseio pelos alunos. Demo (2006, p.88), afirma que: “Dentro desse mundo de polêmicas em fim, vou centrar-me num tópico que me parece estratégico para repor a importância das tecnologias em educação, em especial para a educação à distância, que são as oportunidades virtuais.” [grifo do original].
Dentro desta modalidade de ensino, diversas ferramentas são utilizadas a fim de, alcançar o sucesso no processo educacional. De acordo com Luz (2016, p. 150 a 153), além do AVA, há diversos meios tecnológicos que auxiliam na interação e no processo do ensino aprendizagem na EAD, como: audioconferência, blog, chat, correio eletrônico, FAQs (Frequently Asked Questions ou perguntas mais frequentes), fórum de discussão, home page ( página instrucional), Internet, lousa digital, palmtops PDAs, handhelds, tablets, sites, software, videoconferência, webquest e wiki.
A utilização da tecnologia como mediadora no processo do ensino e aprendizagem, aliada a referenciais teoricos e metodologias inovadoras, tem desempenhado um importante papel transformador na relação entre professores e alunos.
6 O PERFIL DOCENTE E DISCENTE NA EAD
O professor, especialmente aquele que trabalha com a educação a distância, precisa ter uma percepção a flor da pele. O contato com o aluno em um mesmo espaço físico nesta modalidade de ensino não existe, mas sim, há um relacionamento entre ambos em um ambiente virtual. Deste modo, o professor precisa estar atento ao retorno dado por parte dos alunos através das ferramentas do AVA, como fórum, as atividades realizadas, participações em avaliações, entre outras. O professor deve conhecer bem seus alunos ao ponto de perceber suas angústias, necessidades, sonhos e os motivos que os levaram a estudar em uma instituição a distância. Cabe ainda ao professor o papel de provocador, fazendo com que seus alunos reflitam, questionem, debatam, discutam, levando-os a gerarem o conhecimento.
Conforme Morin (2002, p. 39), “o conhecimento, ao buscar construir-se como referência ao contexto, ao global e ao complexo, deve mobilizar o que o conhecedor sabe do mundo”. É fato que o docente deve levar em consideração no processo educacional, os conhecimentos adquiridos por seus alunos, ao longo de sua vida nas mais diversas formar interativas com a sociedade.
 Dessa forma, não é correto que o docente deixe de lado todo o conhecimento prévio que o estudante adquiriu ao longo de sua jornada, seja na convivência com os familiares, nas relações estabelecidas socialmente ou, ainda, através dos meios de comunicação, Internet ou de experiências e observações próprias.
Uma sala virtual é completamente diferente de uma sala convencional e, é neste ponto que o professor da EAD necessita agir de modo efetivo em sua capacitação profissional, indo em busca de metodologias inovadoras e aprimorar o uso das tecnologias, contemplando aos seus alunos com uma aprendizagem bem-sucedida. Mas, sabemos que isto não é uma tarefa fácil, seja pela dificuldade em utilizar as tecnologias como mediadora por parte do docente ou pela má valorização do profissional em questão. 
Se por um lado há um professor que necessita de habilidades extras para que se chegue ao sucesso do processo do ensino aprendizagem, por outro, há um ser diferenciado daquele aluno que costumeiramente como professores, encontramos inseridos em uma sala de aula no ensino presencial. O aluno EAD é mais maduro que os alunos dos cursos presenciais, sabe o que quer, é dedicado em alcançar seus objetivos, tem filhos, trabalha fora quase que em tempo integral e, por esta razão, necessita de uma modalidade de ensino que lhe ofereça flexibilidade. Podemos afirmar que este aluno encontrará maior dificuldade em seus estudos, devido a alguns aspectos como: o período que ficou sem estudar, a indisponibilidade de tempo, a distância geográfica e temporal, entre outras. Seu perfil engloba perseverança, organização, disciplina, criatividade e motivação. O aluno da educação a distância desempenha um papel central no ambiente virtual de aprendizagem, sendo ele, o principal sujeito do processo, adquirindo autonomia, levando as ações educativas a convergirem para o local exato.
O termo autonomia, de acordo com Silveira Bueno (2000, p. 17), é “1. A faculdade de se governar por si mesmo; direito ou faculdade de se reger por leis próprias; emancipação; independência. ”
Quando o aluno se depara em uma situação onde há uma distância entre ele e os objetivos almejados, desperta nele uma autonomia, onde o próprio aluno será o autor da construção do conhecimento, organizando suas atividades e suas pesquisas de acordo com o tempo disponível que possui. Ser autônomo, não é apenas ter liberdade para escolher por quais caminhos trilhar, mas sim, construir seu próprio caminho.
7 A EAD NA INCLUSÃO SOCIAL
Uma proposta de emancipação e inclusão social tem nos sujeitos a possibilidade da transformação da sociedade em que vivem. É por meio do processo educacional que esta transformação ocorre. Sendo assim, docentes e alunos críticos, criativos e reflexivos, aliados às instituições de ensino tornam-se elementos fundamentais para esta transformação. 
Comprometer-se com uma educação crítica e libertadora obriga a investigar em que medida os objetivos, os conteúdos, os materiais curriculares, as metodologias didáticas e os modelos de organização escolar respeitam as necessidades dos distintos grupos sociais que convivem em cada sociedade. (TORRES SANTOME, 2013, p. 9). 
Por tanto, cabe ao educador exercer o seu papel político tanto na instituição de ensino quanto na sociedade, intervindo na análise de assuntos públicos e também provocando seus alunos, levando-os a pensarem criticamente sobre os problemas sociais da comunidade em geral.
A EAD, através de seu corpo docente, deve instigar aos seus alunos a levantarem problemas e através de discussões e levantamento de hipóteses, irem em busca de soluções para os problemas sociais, mantendo acesa a chama da esperança de uma sociedade mais justa que anseia por um entendimento mais profundo da sua realidade.
 Lutar contra a exclusão, o fracasso escolar, a violência, desenvolver a cidadania, a autonomia, criar uma relação crítica com o saber: tudo isso exige que professores de todos os níveis se tornem em formadores. Sem dúvida, esta é a razão fundamental de privilegiar a postura reflexiva (PERRENOUD, 2002, p. 187).
Mas, para que o professor possa realmente fazer parte integrante deste projeto de inclusão social, deve participar de programas de formação de professores, para o desenvolvimento das capacidades reflexivas, com o intuito de aprofundar os conhecimentos sobre os valores educativos que deseja ver em seus alunos, integrados na prática cotidiana. 
8 METODOLOGIA
O presente artigo fez importantes reflexões e análises históricas sobre a educação a distância no Brasil e no mundo. 
Esta pesquisa teve como metodologia, a produção embasada em uma pesquisa qualitativa, descritiva, indutiva, bibliográfica e documental, tendo como fonte artigos acadêmicos, livros e documentários que tinham como tema, a história da educação a distância.
Toda pesquisa deve seguir uma linha, ou seja, um método e, dentre estes, o escolhido para este trabalho, está o exposto por Godoy (1995, p.58), que:
Considera o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumentochave; possui caráter descritivo; o processo é o foco principal de abordagem e não o resultado ou o produto; a análise dos dados foi realizada de forma intuitiva e indutivamente pelo pesquisador; não requereu o uso de técnicas e métodos estatísticos; e, por fim, teve como preocupação maior a interpretação de fenômenos e a atribuição de resultados.
A pesquisa é um processo que não acaba, pois, a todo instante há a necessidade de irmos em busca de conhecimentos, adquirindo informações, para que cheguemos aos nossos objetivos, descobrindo e interpretando os fatos inseridos em uma determinada realidade, sejam estas atuais ou ocorridas em determinada época.
Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).
Nesta pesquisa foram utilizados fichários para fazer anotações e destacar os principais assuntos do tema abordado, afim de confrontá-los com as mais variadas obras de autores que pesquisaram e escreveram sobre o assunto em questão. 
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação a distância é uma modalidade de ensino que se caracteriza pela relação com as tecnologias digitais de informação e comunicação, tendo em especial uma particularidade, a aproximação espaço-temporal. 
Tem-se olhado a EAD com bons olhos, pois a mesma é uma possibilidade de educação para o ensino formal, formação técnica e profissional ou, ainda, a educação continuada e empresarial. Mas, no princípio esta modalidade de ensino sofreu muito preconceito por não ter credibilidade. Hoje, é notório que a educação a distância cada vez mais vem ganhando espaço e sendo colocada em evidência pela mídia, sendo apontada, como geradora de oportunidades.
A Educação a distância teve seu início através do correio e ao longo dos tempos, vem formando pessoas. Com o desenvolvimento tecnológico a EAD expandiu suas atividades possibilitando que pessoas mesmo afastadas dos grandes centros, pudessem ter acesso a educação em salas de aulas virtuais com o auxílio de ferramentas tecnológicas. 
Para essa modalidade de ensino, necessita-se formar docentes hábeis que estejam dispostos a trabalhar em equipe, aliando conhecimento e criatividade, que se aproximem mais dos alunos, apesar da distância espaço-temporal, com o intuito de possibilitar a todos os cidadãos, independente do lugar em que vivem, acesso a educação e através desta, melhorar sua qualidade de vida, de sua família e de sua comunidade, democratizando assim o processo educacional. 
Em contrapartida as características dos alunos da educação a distância, são bem diferentes das características dos alunos da modalidade presencial. Em sua grande maioria são alunos mais maduros, pais de família que trabalham durante grande parte do dia, e veem na educação a oportunidade para melhorarem seu status social.
Portanto, conclui-se que o ensino a distância aliado as tecnologias educacionais, vem rompendo ao longo dos tempos as barreiras da ignorância e através da diminuição do espaço-temporal, vem dando a oportunidade a muitos cidadãos de ingressar em uma instituição de ensino superior e enxergar através dela novas oportunidades de crescimento tanto pessoal como profissional, promovendo a democracia, fazendo assim uma sociedade mais igualitária e justa.
REFERÊNCIAS
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ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de. A TV pública e seu compromisso com a educação pública: o caso Escola 2.0. Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Programa de Pós-graduação em Educação: Currículo, 2012.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 dez. 1996. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 18 set. 2018.
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BRASIL. Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o Art. 80 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 19 dez. 2005. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 14 set. 2018.
CASTRO, Marcia Prado. Projeto Minerva. Disponível em http://secbahia. blogspot.com.br/2009/03/projeto-minerva.html Acesso em 20 set. 2018.
DEMO, P. Formação permanente e tecnologias educacionais. Petrópolis: Vozes, 2006. 
FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Linha do tempo. Disponível em http:// www.frm.org.br/linha-do-tempo/ acesso em 20 set. 2018.
MARKUN, P. Educação para um país mais justo e eficiente. In: ALMEIDA, F. J. de. Cultura é educação. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.
MICHAELIS: dicionário escolar língua portuguesa: São Paulo: Editora Melhoramentos, 2008.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2002.
NUNES, Ivonio Barros. A história da EAD no mundo. In: LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
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SIMÃO NETO, Antônio. Cenários e modalidades de EAD. Curitiba: Iesde, 2008.
TORRES SANTOMÉ, Jurjo. J. Currículo escolar e justiça social: o cavalo de Troia da educação. Porto Alegre: Penso, 2013.

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