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Resumo Constitucional 1

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Direito constitucional: conceito, objeto e conteúdo
O direito constitucional é o ramo do Direito Público, didaticamente autônomo, que estuda a organização e o funcionamento do Estado e a defesa dos direitos e garantias fundamentais. Pode ser chamado de Direito Público Fundamental, pois se ocupa da lei fundamental e principal do Estado, ou seja, a Constituição.
Tem por objeto a constituição política do Estado, no sentido amplo de estabelecer sua estrutura, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e limitação do poder, através da previsão de diversos diretos e garantias fundamentais.
O Direito Público se caracteriza pela existência de normas cogentes, impositivas ou de ordem pública. A máxima do Direito Público é a de que só pode fazer aquilo que está autorizado no texto da lei. No âmbito privado prevalece o acordo de vontades, ou seja, as leis são uma opção e as partes podem estabelecer-se de forma diversa, desde que haja um consenso. A constituição, por exemplo, prevê a proteção dos direitos fundamentais do homem e o Estado não tem liberdade de desobedecer ou violar esses direitos, uma vez que que o Estado deve obedecer a norma constitucional de forma cogente (obrigatória).
O objeto de estudo do Direito Constitucional é a constituição e as normas constitucionais, diante da sistemática do ordenamento jurídico dos Estados e de discussões sobre os valores estatais, a eficácia das normas constitucionais, técnicas e interpretação do texto constitucional (hermenêutica constitucional), costumes e defesa de direitos fundamentais. 
O papel da constituição é de estabelecer a organização do Estado, definir os direitos fundamentais e estabelecer metas e programas para o futuro do Estado. 
Os principais conteúdos tratados pelo Direito Constitucional e pelas constituições dos Estados são: os direitos e garantias fundamentais, a estrutura e organização do Estado e de seus órgãos, o modo de aquisição e a forma de exercício do poder, a defesa da constituição do estado e das instituições democráticas e os objetivos socioeconômicos do Estado
Constitucionalismo
É um movimento social, jurídico e político que tem como principal característica a limitação do exercício do poder do Estado por meio do texto constitucional, com objetivo de preservar os direitos fundamentais do povo. 
Na antiguidade, no Estado Teocrático Hebreu, os profetas tinham a atribuição de fiscalizar atos do poder público para verificar se esses atos eram compatíveis com o texto bíblico, limitando a atuação doestado, principal característica do Constitucionalismo.
Na Idade Média, o grande marco do Constitucionalismo foi a Magna Carta. Joao I outorgou a Magna Carta, documento no qual reconhecia uma serie de direitos do povo inglês, tais como o direito à propriedade e liberdade, foi somente no século XVII que os direitos previstos na Magna Carta começaram a ser respeitados. No século XVIII, dois documentos mudaram a história do constitucionalismo: a Constituição Norte Americana de 1787 e a Constituição Francesa de 1791. Por influência dessas duas constituições e dos ideais da Revolução Francesa, o Constitucionalismo se espalhou por toda Europa e cada monarquia foi caindo por terra. 
O Constitucionalismo Social é o movimento que passou a prever na Constituição os direitos sociais, como por exemplo, o direito à saúde, à educação, à moradia, à alimentação, dentre outros. Antes do Constitucionalismo social, tinha-se previsão somente os direitos individuais, em uma perspectiva liberal de defesa de direitos. No Estado Liberal, o indivíduo tinha seus direitos individuais e o Estado não interferia nas relações privadas, ou seja, as pessoas se viravam na luta pela sobrevivência. No Estado Social, a Constituição prevê a necessidade de se defender os direitos sociais, o que exige uma postura mais ativa do Estado. 
O Transconticucionalismo trata da relação que há entre o direito interno e o Direito Internacional para a melhor tutela dos direitos fundamentais. Nem sempre as constituições conseguem prever todos os fatos que desafiarão os direitos fundamentais e, por esse motivo, os dispositivos internacionais que tratam de direitos humanos podem complementar a defesa dos direitos fundamentais. 
O Constitucionalismo do Futuro afirma que as constituições no futuro serão baseadas nos valores da solidariedade e da veracidade. Com a solidariedade se buscará promover a cooperação recíproca. O valor constitucional da veracidade estabelece que as constituições do futuro não podem fazer promessas vazias e de difícil realização, uma vez que as constituições devem ser efetivadas.
O Constitucionalismo Transnacional defende a possibilidade de se elaborar uma única constituição para mais de um Estado. 
O Neoconstitucionalismo tem como principal objetivo buscar uma maior eficácia da constituição, em especial dos direitos fundamentais. Após a Segunda Guerra Mundial, verificou-se que os regimes ditatoriais mais autoritários baseavam-se no Pós-positivismo. Na Alemanha nazista, por exemplo, leis estabeleciam a autorização de esterilização dos deficientes físicos, ou seja, as leis eram utilizadas como argumento para a violação dos direitos humanos e fundamentais. O ideal neoconstitucional afirma que toda a constituição possui força normativa e deve, portanto, ser efetivada. A noção é de que a constituição é uma lei, um documento com força normativa para modificar a realidade social, em prol da defesa dos direitos fundamentais. O objetivo dessa visão é buscar uma maior eficácia de todo o texto constitucional e, em especial, dos direitos fundamentais, limitando o poder do Estado e exigindo dele o cumprimento integral no que está prescrito no texto constitucional. 
Conceito de Constituição 
A constituição é um acoplamento estrutural entre o direito e a política, considerada como a lei máxima da sociedade. O direito da legitimidade à atividade política e a política confere coercibilidade ao direito.
· Constituição no Sentido Sociológico: para Lassale, a constituição é a soma dos fatores reais de poder que emanam do povo, uma vez que que a constituição não é somente uma folha de papel. No pensamento de Lassale, percebe-se a existência de duas constituições: uma constituição real, que corresponde à soma dos fatores de poder que regem o Estado, e uma constituição escrita que, quando não cumprida, apresenta-se apenas como uma folha de papel. 
· Constituição no Sentido Político: Cal Schmitt define e afirma que a Constituição é uma decisão política fundamental do povo. O ponto de encontro entre as duas teorias (sociológica e política) é o entendimento de Schmitt de que a constituição também não é só uma lei escrita em uma folha de papel. Diante dessa preocupação, Schmitt divide sua classificação da constituição em duas partes: a “constituição” e as “leis constitucionais”. A “Constituição” trata somente de normas que são essenciais, no âmbito constitucional para a proteção das decisões políticas do Estado. As “Leis Constitucionais” são as demais presentes nos textos constitucionais, mas que poderiam estar previstas em matéria infraconstitucional. “Constituição” é o fundamento de existência política do Estado, ao passo que “Lei Constitucional” é escolha de se defender regras no texto constitucional. A preocupação em se aplicar essa teoria está na noção de que a validade de uma constituição não se apoia nos valores da justiça e na defesa dos direitos fundamentais, mas na decisão política que a origina. 
· Constituição no Sentido Jurídico: Hans Kelsen afirma que a constituição é a lei mais importante de todo ordenamento jurídico. Ele conclui que o ordenamento jurídico é um sistema hierárquico de normas, no qual a norma principal é a Constituição. A Constituição existe em dois planos para Kelsen: lógico-jurídico e no plano jurídico-positivo. A visão lógico-jurídico trata do fundamento logico, valorativo, no qual o legislador constituinte irá se basear para a elaboração da norma constitucional positiva. No plano jurídico-positivo trata da constituição como norma suprema positivada.A constituição é, portanto, o pressuposto de validade de todas as leis e atos normativos, ou seja, para que uma lei seja válida ela precisa estar de acordo com a constituição. 
· Concepção Culturalista: afirma que toda constituição possui um forte elemento cultural, por ser fruto da cultura ou das culturas presentes em um Estado. Essa teoria leva em consideração os aspectos sociológicos, políticos e jurídicos de constituição de forma complementar e não antagônica. 
· Constitucionalização simbólica: foi desenvolvida pelo jurista Marcelo Neves. A visão de Neves é crítica em relação à importância simbólica e de dominação ideológica que a constituição possui no Estado. O autor afirma que a partir do momento que as constituições asseguram direitos que não são cumpridos, percebe-se a intenção de utilizar-se do texto da constituição como uma forma de defesa democrática simbólica, que não tem o objetivo de sair do papel. Marcelo Neves define a constituição simbólica como aquela em que há o predomínio de sua função político ideológica, sem se preocupar com sua efetividade normativa. 
Classificação das Constituições
1. Quanto à origem:
· Promulgada, democrática ou popular: quando é elaborada com a participação do povo que irá ordenar, por meio da democracia direta ou da democracia representativa. No Brasil, foram instituídas de forma democrática as constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988.
· Outorgadas ou impostas: são aquelas elaboradas sem a participação popular, impostas pelos governantes ao povo. No Brasil foram intituladas de forma outorgadas as constituições de 1824, 1937, 1967 e a emenda constitucional de 1969.
· Cesaristas: são frutos de uma elaboração autoritária pelo Estado, mas passam por aprovação popular posterior por meio de plebiscito. Ex.: Constituição do Chile. 
· Constituições Pactuadas: se efetivam por meio de um pacto realizado entre o rei (executivo) e o legislativo, determinando que o monarca tenha que se sujeitar a limites constitucionais. Ex.: Magna Carta de 1215.
2. Quanto à forma: 
· Escritas: são aquelas materializadas em um documento escrito a fim de se buscar instrumentalizar e garantir a obediência de suas determinações.
· Não escritas: não são codificadas e, portanto, não se materializam de forma especifica como constituição. Essas constituições baseiam-se nos costumes e, por isso, são utilizadas em Estados consuetudinários. Ex.: Constituição Inglesa em que parte das normas são costumeiras.
3. Quanto ao modo de elaboração:
· Dogmática: é aquela elaborada em único período, de uma só vez, sofrendo influencias da época e do momento em que foi elaborada.
· Histórica: é elaborada aos poucos, pois surge com o passar do tempo e com a evolução da sociedade.
4. Quanto à extensão:
· Prolixas ou analíticas: são aquelas quem além de versar sobre os conteúdos básicos de uma constituição, optam por abordar outros assuntos no texto constitucional, e por isso ficam bastante estendidas. No Brasil, a Constituição da Republica de 1988 é extremamente extensa, pois o regime anterior à constituição era ditatorial e o constituinte entendeu ser mais seguro defender e determinar como seriam as relações estatais no Estado Democrático. Essas constituições prolixas tendem a ser menos estáveis, pois como tratam de assuntos diversos acabam precisando com mais frequência de uma adaptação legislativa do texto à evolução humana.
· Concisas ou sintéticas: possuem um conteúdo restrito ao que é estritamente necessário de ser tratado pela constituição. 
5. Quanto à finalidade:
· Constituição garantia: aquela que pretende garantir os direitos fundamentais frente ao Estado, determinando limites para a atuação do Estado. 
· Constituição dirigente ou programática: quando os seus artigos definirem objetivos para o futuro e para a atuação estatal, ou seja, requerem uma atuação futura do governo para serem efetivadas.
6. Quanto à estabilidade:
· Imutáveis: aquelas que não admitem qualquer tipo de modificação. Esse tipo de constituição não é popular, devido à dificuldade que ela coloca para a atualização do texto constitucional às novas demandas sempre trazidas pela evolução da sociedade.
· Rígidas: são aquelas que admitem a modificação de seus textos, mas que exigem que a alteração ocorra somente após um processo legislativo mais dificultoso do que o utilizado para a elaboração de leis ordinárias.
· Semirrígidas: estabelecem um processo legislativo mais complexo para modificação da constituição somente para a parte de seu texto constitucional, sendo o restante modificado nos mesmos critérios de modificação de lei ordinária. Ex.: Constituição de 1824.
· Flexíveis: são aquelas que permitem a mudança do texto constitucional, por meio do mesmo processo ordinário de elaboração e modificação das leis. 
7. OBS: A Constituição brasileira de 1988 é classificada como uma constituição rígida pela maioria dos autores pois possui um processo legislativo dificultado para a modificação do texto constitucional. Para Alexandre de Moraes ela se classifica como uma constituição super rígida, pois além de possuir essa rigidez, possui artigos que não imutáveis, conhecidos como Cláusulas Pétreas (art. 60 § 4°).
8. Quanto ao conteúdo 
· Materiais: cuidam somente de matérias, assuntos constitucionais, e reservam a legislação infraconstitucional os outros conteúdos.
· Formais: além do conteúdo material, tratas de assuntos extras, colocados na constituição por escolha do legislador constituinte, mas que poderiam estar previstas em outras normas. A Constituição de 1988 é uma constituição formal.
9. Quanto à sistemática:
· Codificadas: quando estão contidas em um só texto, em um só código.
· Variadas: são as que são compostas por mais de um texto normativo, sendo formada por um conjunto de leis.
Elementos da constituição
1. Elemento orgânico: organiza a estrutura do Estado. Ex.: arts. 2, 18 e 92.
2. Elemento limitativo: objetiva restringir o exercício do poder do Estado, ao determinar a obrigação do Estado de respeitar os direitos fundamentais do indivíduo. Ex.: art. 5°
3. Elemento sócio-ideológico: trata das diferentes ideologias previstas no texto constitucional. Ex.: art. 3 e 170.
4. Elemento de estabilização constitucional: estabelece formas de se estabilizar a segurança constitucional em casos de tumulto institucional do Estado. Ex.: art. 34 (intervenção federal), art. 137 (estado de sitio) e art. 136 (estado de defesa).
5. Elemento formal de aplicabilidade: estabelecem regras e orientam na própria aplicação do texto constitucional. Ex.: preambulo da constituição, disposições constitucionais transitórias e art. 5° §1°
Normas constitucionais de Eficácia plena
Tem a possibilidade de produzir efeitos desde o momento em que são editadas e entram em vigor, pois não dependem de outras normas para serem efetivadas. Elas já são completas e estão aptas a serem seguidas de imediato.
Normas constitucionais de Eficácia contida
Tiveram sua abrangência restrita após a sua entrada em vigor pois eram de eficácia plena e foram restritos em sua aplicabilidade. Poderão ser restritos: 
a) Pelo legislador infraconstitucional (art. 5, VIII);
b) Por outras normas constitucionais (arts. 136 a 141);
c) Por conceitos jurídicos consagrados na doutrina e na jurisprudência (conceito de ordem pública na aplicação do art. 5, XXV).
Normas constitucionais de eficácia limitada
São o oposto das normas de eficácia plena, pois, no momento de entrada em vigor do texto constitucional, não possuem a possibilidade de serem aplicadas, por dependerem de regulação especifica do legislador ordinário para serem regulamentadas.
a) Normas de princípio institutivo (organizacionais): nos quais o legislador constituinte indica o que é necessária a estruturação posterior do órgão estatal, previsto da constituição, por atuação do legislador ordinário. As normas e princípios institutivos podem ser impositivas (obrigatórias) ou facultativas.
b) Normas de princípio programático: tratam de programas institucionais a serem cumpridos pelo governo em prol do interesse social.
Hermenêutica das normasconstitucionais 
A palavra hermenêutica trata de uma tentativa de explicar, traduzir a norma jurídica para que seja compreendida e aplicada na sociedade. 
A hermenêutica jurídica possui uma subespécie conhecida como hermenêutica constitucional, consagrada pelo ideal no Neoconstitucionalismo. Pela importância suprema da constituição é importante que ela seja abordada por técnicas de interpretação especificas. Além disso, a constituição é adotada de uma série de princípios e normas de caráter político que desafiam a compreensão e exigem abordagens especificas de interpretação por meio da Hermenêutica Constitucional. 
A primeira posição da Hermenêutica Constitucional é o chamado “Interpretativismo”, que determina que o interprete se limita pelo texto e pelos princípios explícitos na constituição. 
A segunda abordagem é a do “Não Interpretativismo”, na qual o interprete vai além da norma e defende a aplicação dos valores constitucionais para a compreensão da constituição. 
A Hermeneutica Constitucional questiona, também, se o interprete da constituição deve buscar interpretar de acordo com a vontade da lei ou de acordo com a vontade do legislador. A doutrina majoritária entende que deve-se buscar interpretar de acordo com a vontade da lei. 
É importante tratar sobre os diversos métodos de interpretação constitucional. O primeiro método é o método hermenêutico jurídico clássico no qual o interprete utiliza-se dos métodos tradicionais de interpretação das leis, como o método gramatical ou literal. Outro método utilizado nessa perspectiva clássica é a interpretação histórica, que verifica a genealogia da lei, que se preocupa com o momento histórico da criação da lei. O método logico utiliza-se de raciocínios lógicos para entender as leis e também faz parte dessa perspectiva clássica. O método teológico, analisa os objetivos pelos quais a lei foi criada, também está no contexto clássico. 
Os principais métodos de interpretação da Hermenêutica Constitucional são:
· Método Tópico Problemático: parte do problema para chegar na interpretação adequada da norma;
· Método Científico Espiritual: busca o espirito, a vontade da constituição, para compreendê-la;
· Método Normativo Estruturante: o interprete deve buscar o real sentido da norma constitucional, que não se confunde com o texto constitucional;
· Método Hermenêutico Concretizador: o interprete parte de uma pré compreensão da norma para depois fazer um círculo hermenêutico indo do fato à norma e da norma ao fato quantas vezes for necessário para a sua compreensão;
· Método Comparativo: o interprete compara o texto da constituição do seu Estado com a constituição de outros Estados;
· Princípio da Unidade: estabelece que quando houver conflito entre normas constitucionais elas devem se compatibilizar, ou seja, esse conflito não deve ser solucionado como critérios de medição de qual seria a norma mais importante; 
· Princípio da Máxima Efetividade: determina que o interprete deve extrair das normas constitucionais a maior eficácia, eficiência possível mesmo que sejam normas programáticas;
· Princípio da Força Normativa da Constituição: estabelece que a constituição deve durar o máximo possível, evitando-se ao máximo as reformas constitucionais, o que gera uma estabilidade e segurança jurídica; 
· Princípio da Concordância Prática: trata do conflito de direitos fundamentais, o que gera uma estabilidade e segurança jurídica;
· Princípio da Justeza: afirma que o interprete não pode alterar as competências constitucionais;
· Princípio da Integração: o interprete deve prestigiar a norma que busca uma maior integração política e social do Estado.
· Princípio da Presunção Constitucional da Lei: as leis presumem-se constitucionais até que se haja prova em contrário;
· Princípio da Razoabilidade: analisa se o ato praticado pelo poder público é razoável, ou seja, se o ato não é razoável ele não será constitucional;
· Princípio da Proporcionalidade: utiliza-se de vários critérios para ser observado, como o da necessidade, adequação e, em especial, o critério da proporcionalidade em sentido estrito, que coloca na balança dos diretos constitucionais em conflito. 
Preâmbulo da Constituição 
É a parte preparatória do texto constitucional, a própria palavra significa introdução. Todas as constituições brasileiras até hoje tiveram um preâmbulo, mas ele não é um elemento obrigatório para a existência das constituições. 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)
O ADCT é a norma constitucional, diferente do preambulo. O ADCT já foi objeto de emendas constitucionais, e serve como norma de validade para conferencia da constitucionalidade de eis e atos normativos.
A principal diferença do ADCT para parte permanente do texto constitucional é o fato de não ter um caráter permanente, ou seja, tem o objetivo de ser aplicado de forma transitória, por um tempo determinado. As normas contidas no ADCT tem o objetivo de regulamentar o período de transição que se dá no regime jurídico estabelecido pela antiga constituição para o regime jurídico estabelecido pela nova constituição. 
Poder Constituinte
O poder constituinte é o responsável pela criação, reforma e mutação das constituições.
Há uma gradativa substituição do teocentrismo (doutrina ou crença que considera Deus como o centro de tudo) pelo antropocentrismo (ideia na qual se defende que o homem deve estar no centro das ações, da cultura, da história e da filosofia). A ideia básica é a de que não há mais um ser divino que comanda os ideias humanos, mas o próprio ser humano e sua racionalidade definirão as formas de organização das relações estatais. O primeiro estado seria o clero, o segundo, a nobreza, sendo essas as classes que exerciam o poder. O terceiro estado seria o povo, que também deveria exercer o poder. O povo se torna o detentor da capacidade de elaborar um documento legal com características de superioridade hierárquica legislativa, que ficou intitulado de constituição. 
O poder constituinte existe a partir da origem popular, sendo um poder de fato. Ele possibilita a elaboração e modificação da constituição. Por outro lado, na constituição existirá o estabelecimento dos poderes constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário. O poder constituinte é um só e de titularidade do povo. O poder constituinte é a energia (ou força) política que se funda em si mesmo, a expressão sublime da vontade de um povo em estabelecer e disciplinar as bases organizacionais da comunidade política. 
O poder constituinte é um poder de fato, pois não existe um regramento especifico e normativo para fins de exercício desse poder. O poder só é exercido quando há a necessidade de se adequar uma nova realidade social e novos valores com o que está disposto e juridicamente disciplinado na constituição. Entretanto, a consequência do exercício desse poder será jurídica, pois de materializará na constituição. A convocação para o exercício do poder constituinte se dá, via de regra, por meio da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Espécies de poder constituinte
Poder constituinte originário: é o poder constituinte que tem a capacidade de criar uma constituição, documento que organiza juridicamente um Estado. A constituição é um documento jurídico normativo que fará nascer um novo Estado do ponto de vista jurídico-formal. A organização da sociedade, realizada pelo poder constituinte originário, não deriva de uma norma jurídica, mas sim de um fato social que exige a elaboração de uma nova constituição. Na verdade, o poder constituinte é um poder fático, pois não se baseia no direito, mas em fatores políticos, sociais e econômicos. As características do poder constituinte originário são: 
· Inicial: é o ponto de partida do regramento de um Estado, ou seja, inaugura a existência do ordenamento jurídico e o Estado do ponto de vista jurídico-formal;
· Soberano: não reconhece nenhuma força superior a si próprio, nem no âmbito interno ou internacional;
· Autônomo: pode estruturar a constituição como bem entender, de forma autônoma;· Incondicionado: não se vincula a ordem jurídica anterior;
· Ilimitado Juridicamente: não encontra limite temático, pode tratar dos temas que desejar.
As condições a que o poder constituinte originário deve se submeter são documentos internacionais, como, por exemplo, tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil. O Brasil, por exemplo, que ratificou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, não poderá atuar de forma ilimitada no exercício do poder constituinte originário, suprimindo os direitos humanos que se comprometeu a obedecer e efetivar. Esse princípio que protege a não violação de direitos humanos já conquistados pelo povo é consagrado pela doutrina com o nome de “Princípio da Vedação do Retrocesso”.
· Originário histórico (ou fundacional): será aquele que cria a primeira constituição do Estado.
· Originário revolucionário: é o poder que cria uma nova constituição, em substituição à anterior, gerando uma profunda ruptura com a ordem jurídica anterior do Estado.
Poder constituinte derivado: não é um poder constituinte, mas um poder constituído, uma vez que no momento da elaboração da constituição o legislador constituinte irá determinar juridicamente como o poder constituinte derivado será exercido. Portanto, a própria constituição estabelecerá como deverá ser exercido, daquele momento em diante, quando se desejar alterá-la. É exatamente por essa característica que recebe o nome de poder constituinte derivado, pois deriva do exercício do poder constituinte originário, que traça suas características na constituição 
As características do poder constituinte derivado são: subordinado (sujeita-se a uma ordem jurídica implementada, na constituição, justamente porque é instituído, juridicamente, pelo poder constituinte originário); limitado (a constituição impõe limites para a modificação da constituição que são os limites de seu exercício – cláusulas pétreas); condicionado (seu exercício é limitado e possui condições pré-estabelecidas).
Poder constituinte derivado revisional: a revisão constitucional se dá por meio de emendas constitucionais amplas, chamadas de revisionais, que possuem o intuito de analisar a adaptação do novo texto constitucional à sua aplicação pratica fazendo-se ajustes. A revisão constitucional está prevista no art. 3° do ADCT. E só pode ocorrer 5 anos após a edição da constituição e em sessão unicameral do Congresso Nacional. Além disso, o quórum de aprovação da emenda constitucional revisional deve se dar pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, ou seja, mais que a metade do número total de indivíduos que compõe o Congresso Nacional. 
Poder constituinte derivado reformador: estabelece a via ordinária de alteração da constituição, tendo caráter pontual e especifico, tratando de temas particulares do texto constitucional, em obediência aos limites impostos na própria constituição. O artigo 60 da constituição prevê a reforma constitucional, por meio de emendas constitucionais especificas, o que não confunde com o exercício do poder constituinte originário revisor. Não há limitações de tempo para fins de reforma da constituição, somente para a revisão, como determinado no item anterior, o prazo de 5 anos. Entretanto, a reforma da constituição sujeita-se a outras limitações circunstanciais e materiais. Os limites circunstanciais são aquelas que impedem, diante de situações sociais excepcionais, a alteração do texto constitucional. As situações que não permitem a reforma do texto constitucional são: Estado de defesa, Estado de Sítio e Intervenção Federal. Estado de calamidade pública não é circunstancias limitadoras da reforma prevista na constituição. O legislador constituinte, em regra, permitiu a alteração da constituição, mas alguns conteúdos afirmaram que não podem ser restringidos ou abolidos da constituição. Esses temas são intitulados pela doutrina de Clausulas Pétreas. Há a possibilidade de termos emendas constitucionais sobre temas de cláusulas pétreas, desde que não se restrinja ou extinga esses direitos, ampliando-os. É possível a existências de emendas para ampliar e melhorar a defesa das cláusulas pétreas 
Possui limitações formais que se dividem em limitações subjetivas e objetivas. As limitações formais subjetivas tratam de quem pode propor um projeto de emenda constitucional. As limitações formais objetivas tratam das outras condições que a constituição impõe para permitir a mudança de seu texto, por meio de emendas constitucionais. A primeira exigência é que a PEC seja discutida e votada, em cada casa do Congresso Nacional (câmara dos deputados e senado federal), e que em cada uma das duas casas a votação tem que se dar em 2 turnos, ou seja, 4 votações ao todo. Ela só será aprovada se obtiver, em ambas as casas, 3/5 dos votos dos respectivos membros (60%) da maioria absoluta. O quórum e, portanto, maior que o da aprovação de leis e da revisão constitucional (maioria absoluta). Além disso, a matéria que constar de uma PEC e que foi rejeitada ou prejudicada não pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa, ou seja, no mesmo ano, independente do quórum.
Poder constituinte derivado decorrente: é o poder outorgado aos entes estaduais da federação de editarem as suas próprias constituições. Os estados-membros podem editar suas próprias constituições, mas o poder constituinte é limitado a obedecer aos ditames e estar de acordo com a Constituição da República. Muitas normas das constituições estaduais são repetições da constituição federal e, por isso, recebem o nome de normas de repetição. Somente as normas constitucionais, que não são de repetição obrigatória, permitirão ao estado membro agir de forma autônoma ao elaborar a sua constituição e estabelecer um regramento próprio. Entende-se que o município não pode exercer poder constituinte e criar constituições municipais, sendo que há somente uma lei orgânica do município que tem a mesma funcionalidade de uma constituição municipal, mas tecnicamente não é um documento constitucional. 
Poder constituinte difuso: na sociedade existem grupos, instituições e pessoas que tem poder de interpretar e aplicar a constituição e, como esse poder está espalhado em toda a sociedade, a doutrina denomina como poder constituinte difuso. A sociedade interpreta a constituição de formas distintas a partir de sua evolução histórica e o poder social ganha o nome doutrinário de poder constituinte difuso. Há uma alteração informal da constituição, pois o texto não é alterado, mas o significado da norma constitucional se modifica provocando-se o fenômeno da mutação constitucional. Há a mudança da interpretação da constituição sem alterar o texto da norma. 
Poder constituinte supranacional: o poder constituinte é possível de ser exercido além das fronteiras territoriais dos Estados nacionais, por meio da união de Estados, em prol da elaboração de uma constituição comunitária que englobe mais de um Estado. A intenção é observar direitos com o ideal de universalidade dos direitos humanos, gerando uma maior interação entre diferentes povos e integração no âmbito interno internacional. 
Nova Constituição e a ordem jurídica anterior
No momento do surgimento de uma nova constituição, a constituição anterior pode sofrer três possíveis consequências: revogação, desconstitucionalização ou recepção. 
A revogação da constituição é a regra e estabelece a perda de validade do texto da constituição anterior de forma tácita. Na desconstitucionalização, a constituição anterior deixa de ser constituição e permanece no ordenamento jurídico como norma infraconstitucional, ou seja, no que estiver de acordo com a nova constituição, continua em vigor, com um caráter hierárquico ordinário. Na recepção, a norma constitucional anterior continua em vigor, mas mantem o seu status hierárquico constitucional, pois é recepcionada no que for materialmente compatível e nos pontos que anova constituição determina que a constituição anterior será mantida. 
Em regra, no Brasil, a nova constituição opera uma total revogação da constituição anteriore, nesse sentido, as leis infraconstitucionais, existentes no Estado, ficam sem base de validade. Na medida em que as leis são utilizadas pelos juristas, elas passam, paulatinamente, por uma análise detalhada de questionamento de sua validade, diante do novo padrão de validade estabelecido pela nova constituição. 
Assim, as normas infraconstitucionais, que não estiverem de acordo com a nova constituição, serão revogadas, e as que estiverem de acordo serão recepcionadas. A recepção e a revogação poderão ser totais, quando se recepciona toda a lei, ou parciais, quando somente parte da lei mantem sua validade. 
Teoria da constitucionalidade superveniente: trata da hipótese na qual uma norma que inicialmente seria institucional, mas que não teve essa inconstitucionalidade afirmada formalmente, possa, após uma emenda constitucional, tornar-se constitucional posteriormente. No Brasil não existe a constitucionalidade superveniente, pois uma norma que nasceu institucional, mesmo que não declarada nunca vai poder ser constitucional. A análise da constitucionalidade é feita no momento do nascimento da norma (princípio da contemporaneidade) e, portanto, a norma nasceu institucional, morre institucional. 
Princípio da repristinação: estabelece a possibilidade de que uma lei que já tenha sido revogada volte a validade. O ordenamento jurídico brasileiro não permite a repristinação de forma tácita, apenas quando há uma previsão forma na nova lei. Ela pode ocorrer quando uma lei nova expressamente determina que uma lei antiga revogada, ou parte dela, volte a ter validade; ou quando uma lei é declarada inconstitucional e o STF determina que a lei revogada anteriormente pela lei recém inconstitucional volte a ter vigor. 
Direitos Fundamentais
Teoria dos direitos fundamentais
Os direitos fundamentais e os direitos humanos são definidos historicamente pela sociedade de acordo com a evolução do pensamento filosófico, jurídico e político do homem. Os jusnaturalistas defendem que a proteção dos direitos humanos e fundamentais baseia-se na crença de que os seres humanos devem ter os seus direitos básicos respeitados pela simples justificativa de serem humanos e os Estados nacionais devem acatá-los. São instrumentos de controle social os valores, a ética, os costumes e o direito.
Os direitos humanos são aqueles direitos conquistados historicamente pelos homens e que são protegidos independente da anuência dos Estados, no âmbito internacional e de forma universal, ou seja, sem qualquer distinção de sexo, cor, etnia, raça, classe social, nacionalidade etc. O exercício dos direitos humanos, portanto, não dependerá de uma concessão do Estado, já que a condição humana é a causa determinante para a existência desses direitos. O papel do Estado será o de consagrar, garantir e viabilizar o exercício dos direitos humanos, sem distinções de qualquer natureza como de raça, cultura, etnia e nacionalidade. 
Os direitos fundamentais inicialmente são definidos, pela doutrina, de acordo com o ideal da Revolução Francesa da ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’. Esse ideal possibilitou que, na concepção de Norberto Bobbio, eles fossem divididos em três ‘gerações’ de direitos. Cada direito fundamental, pertencente a gerações distintas, existirá ao mesmo tempo, sendo, portanto, mais adequado se utilizar do termo ‘dimensões de direitos humanos’. As diversas dimensões dos direitos fundamentais foram construídas como respostas às grandes violações, injustiças e estado de insegurança da humanidade.
A primeira dimensão de direitos fundamentais trata dos direitos individuais e está ligada ao ideal revolucionário francês da liberdade. Na época do surgimento desses direitos, defendia-se o Liberalismo Político acima do interesse social, o que possibilitou a criação de direitos que pressupunham uma igualdade formal, perante a lei, e consideravam o indivíduo de forma abstrata. A primeira dimensão de direitos fundamentais irá, portanto, determinar direitos individuais específicos para limitar a ação do Estado diante do indivíduo, já que eles criam uma obrigação negativa do Estado perante os membros de sua população. O governo terá, deste modo, a obrigação de não agir e não interferir na vida pessoal do homem, além de possibilitar que ele consiga exercer o seu livre arbítrio diante de suas escolhas pessoais. A lei determinará que todos os indivíduos são iguais e lhes dará a liberdade de agir sem a interferência estatal. São eles: direito à vida, integridade física, liberdade.
A segunda dimensão de direitos fundamentais é marcada pelo questionamento das bases do Estado Liberal e da igualdade formal, aquela apenas determinada no texto da lei. A necessidade de viabilidade desses direitos impõe ao Estado uma obrigação de atuar em prol da satisfação das carências da coletividade. Há, consequentemente, o surgimento dos direitos sociais, culturais, econômicos e coletivos. Os indivíduos deixam de ser vistos dentro do contexto da igualdade formal e a igualdade assume uma perspectiva material (real), ou seja, percebe-se a existência de fatores que podem vir a criar desigualdades entre os homens e a lei busca igualá-los através de tratamentos diferenciados para indivíduos diferentes. Os direitos sociais e coletivos terão o intuito de defender direitos das coletividades que possuem características específicas que precisam de normas particulares para atingirem uma igualdade real nas relações sociais. O princípio da igualdade é violado quando a desigualdade de tratamento surge como arbitrária". Os direitos de segunda dimensão buscam efetivar a igualdade através da tentativa de suprir essas desigualdades para viabilizar a igualdade real.
A terceira dimensão de direitos surge a necessidade de uma proteção efetiva da pessoa humana, da expansão dos direitos já existentes e do nascimento de novos direitos. Esses novos direitos estão ligados ao terceiro ideal da Revolução Francesa: a fraternidade. Eles pertencem a todos os indivíduos, mas sua realização e seu exercício extrapolam a esfera individual e as fronteiras dos Estados. Esses direitos não defenderão a igualdade entre coletividades distintas, mas direitos suficientemente importantes para toda a sociedade tanto no âmbito nacional como no internacional.
A quarta dimensão que cuida dos direitos que seriam oriundos da globalização das relações sociais e do desenvolvimento biotecnológico responsável, sendo seus principais exemplos: direito à democracia, à informação e ao pluralismo.
Direitos e garantias fundamentais
Os direitos fundamentais são normas de conteúdo declaratório, pois diz quais são os direitos que os indivíduos têm. Por outro lado, as garantias fundamentais são normas de conteúdo assecuratório, pois asseguram o exercício dos direitos fundamentais na sociedade. Os chamados de ‘remédios constitucionais’ são as garantias fundamentais previstas no artigo 5o que visam a proteção de direitos fundamentais, sendo eles o habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e ação popular, que serão abordados em momento oportuno.
Características dos direitos fundamentais
A primeira característica dos direitos fundamentais é que são universais, ou seja, aplicam-se a todos, sem qualquer preconceito de gênero, classe social, etnia, nível de instrução intelectual, raça, origem, nacionalidade etc. Os direitos fundamentais são históricos, pois são frutos da evolução da história humana. Os direitos fundamentais são também concorrentes, pois são exercidos simultaneamente. Os direitos fundamentais são relativos, pois não podem ser aplicados sempre de forma absoluta, ou seja, sempre existem exceções aos direitos fundamentais, por mais importantes que sejam. Os direitos fundamentais são também irrenunciáveis, inalienáveis, pois ninguém pode abrir mão de seus direitos ou aliená-los com objetivos financeiros; apesar de poder não exercê-los se desejar. São também imprescritíveis, pois não possuem tempo de validade, não há intervalo temporal que possa invalidá-los.
 Eficácia dos direitosfundamentais
A primeira forma de eficácia dos direitos fundamentais é a eficácia vertical, ou seja, a defesa dos direitos fundamentais é um dever do Estado e um direito das pessoas. Há uma relação de verticalidade, pois o Estado é um devedor e os indivíduos são os credores dos direitos. Além da eficácia vertical, os direitos fundamentais possuem uma eficácia horizontal, ou seja, os direitos fundamentais são também aplicados nas relações entre os particulares.
Destinatários dos direitos fundamentais 
Os destinatários previstos são aqueles que fazem parte da população brasileira, ou seja, brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. São destinatários de direitos fundamentais todas as pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras, desde que estejam dentro do território nacional.
Aplicabilidade dos direitos fundamentais
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. A aplicação imediata significa que os direitos e garantias fundamentais são dotados de meios e instrumento que efetivam a sua aplicação, mesmo que não estejam ainda devidamente regulados (ex.: mandado de injunção).
Existem, assim, direitos fundamentais de eficácia imediata, pois têm aplicabilidade imediata por serem normas de eficácia plena ou limitada, sendo geralmente direitos individuais. Os direitos fundamentais de eficácia limitada terão aplicabilidade mediata e são, na sua maioria, direitos sociais, econômicos e culturais.
Direitos e deveres individuais e coletivos 
Direito a vida: o direito à vida prevê o direito de não ser morto e de se ter uma vida digna nos termos constitucionais
Direito a igualdade: a igualdade pode ser vista sob dois aspectos: a igualdade formal e a igualdade material. A igualdade formal é aquela perante a lei, que estabelece que a norma jurídica não pode estabelecer tratamento desigual, sem uma justificativa efetiva. A igualdade formal é, portanto, voltada para o Estado e é determinada na lei. O Estado não poderá, portanto, consagrar na lei desigualdades ou situações que gerem tratamentos iguais a desiguais. São as atuações que o Estado deve realizar para efetivar a igualdade entre as pessoas. Desse conceito surgem as chamadas ‘ações afirmativas’ ou ‘descriminações positivas’. As ações afirmativas são todas as medidas realizadas pelo Estado que tratam de forma desigual para fins de consagrar a igualdade na prática.
Princípio da legalidade: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Portanto, o Estado não pode obrigar ninguém a fazer ou deixar de fazer algo se não estiver previamente documentado em um dispositivo elaborado pelos representantes do povo. 
Vedação da pratica de tortura e ao tratamento desumano ou degradante: não se permite a utilização da tortura ou qualquer tratamento desumano violador da dignidade da pessoa humana.
Direito à liberdade de manifestação de pensamento: a liberdade de manifestação de pensamento não é absoluta, pois nenhum direito é absoluto. Ter um direito é respeitar os deveres. Todos têm direito de manifestar seu pensamento, entretanto, não se pode desrespeitar o direito alheio nessa manifestação.
Direito a liberdade de credo: a constituição, ao proteger a liberdade de crença está assegurando também a liberdade de não crença, ou seja, o ateu ou agnóstico têm o direito de pensarem dessa forma.
Direito a liberdade intelectual, artística, cientifica e de comunicação: a liberdade é total, em qualquer tipo de comunicação, entretanto o direito também é relativo, pois não podem violar os outros direitos fundamentais.
Direito a inviolabilidade domiciliar: esse dispositivo afirma que a ‘casa’ é asilo inviolável, mas ‘casa’ é interpretada de forma extensiva pela jurisprudência, entendendo-se que se refere a qualquer local onde se exerça suas atividades particulares, como, por exemplo, escritório, quarto de hotel, consultório, apartamento etc. A regra é que ninguém pode entrar na casa de outrem sem sua autorização, tendo como exceções, a qualquer hora e sem autorização judicial, os casos de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.
Direito à intimidade e sigilo bancário: a norma constitucional deixa claro que a violação da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas pode ensejar na cobrança de indenizações pelos danos moral e material sofridos.
Sigilo de correspondência e de comunicação: quatro sigilos são protegidos: o sigilo de correspondência, comunicações telegráfica, de dados e as comunicações telefônicas.
Liberdade de profissão: no Brasil qualquer trabalho, ofício ou profissão é livre, exceto nos casos em que a atividade é tipificada na lei como algo ilegal.
Liberdade de informação: assegura o direito dos indivíduos de terem acesso às informações no território nacional. Desta forma, as informações que possam ser classificadas como sigilosas devem justificar-se pelo próprio sistema jurídico.
Liberdade de locomoção: a locomoção, em tempo de paz, é livre no território nacional para qualquer pessoa com os seus bens. Diante dessa premissa ninguém poderá ter essa liberdade restrita por prisão ilegal ou abusiva, por isso a constituição exige o flagrante delito ou decisão judicial para permitir a prisão legal.
Liberdade de reunião: a constituição garante a liberdade de reunião nos estritos termos constitucionais, ou seja, em locais abertos ao público, de uso comum do povo, pois bens de uso especial não estão na regra constitucional. A reunião deve ter fins pacíficos e, portanto, sem armas. A reunião nos termos constitucionais não depende de autorização, mas deve-se avisar a autoridade pública a fim de se evitar o conflito de reuniões para o mesmo local.
Liberdade de associação: a liberdade de associação com objetivos legais é plena. O limite está estipulado apenas para as associações ilegais. A participação da associação é uma liberdade, não podendo-se obrigar a entrada ou permanência em uma associação.
Direito de propriedade: o direito de ter bens no território nacional. O inciso XXIV trata da desapropriação ordinária, exige-se que ela só possa ocorrer nos casos de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. Desapropriar significa retirar a propriedade alheia, mas de forma retribuída, ou seja, por meio de uma compra compulsória feita pelo Estado. A indenização ordinária deve ser feita de forma justa, prévia e em dinheiro. Não se confunde com o confisco, que é a retirada do bem, mas sem a retribuição pela propriedade perdida.
Direito de petição e obtenção de certidões: o direito de petição nada mais é do que o direito do indivíduo de apresentar pedidos, em defesa de seus direitos. Se algum órgão ou repartição pública se negar a receber pedidos, essa ação seria inconstitucional e abusiva. A obtenção de certidões em repartições públicas é um direito, independentemente do pagamento de taxas.
Limites à retroatividade da lei: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. O direito adquirido é todo aquele que o indivíduo já incorporou, ou seja, já pode invocar perante alguém, pois já cumpriu os requisitos legais para exercê-lo. O ato jurídico perfeito é aquele ato praticado nos termos da lei e atendendo todos os requisitos estabelecidos na lei. No caso da coisa julgada preservam-se todas as decisões judiciais que já estão decididas de forma definitiva (trânsito julgado), não se podendo alterar por lei posterior, exceto nos casos estabelecidos na lei. Assim sendo, a lei deve produzir efeitos do momento em que ela foi editada para a frente.
Direitos sociais: são os conhecidos direitos de segunda dimensão, pois demandam uma prestação positiva do Estado para sua efetivação, em prol da dignidade da pessoa humana no convívio social. Os direitos sociais são caracterizados pela irrenunciabilidade, pois não podem ser anulados pela vontade dos interessados. Todos são beneficiários dos direitos sociais, mas precisam deles, em especial os hipossuficientes, que dependem do Estado para obter as condições materiais mínimas para o seu desenvolvimentoe manutenção da dignidade da pessoa humana.
Direitos de nacionalidade: a nacionalidade é o vínculo jurídico e político que o indivíduo tem com o Estado. A nacionalidade poder ser originária (primária ou de origem), estabelecida no momento do nascimento do indivíduo ou adquirida (secundária), oriunda da manifestação da vontade do indivíduo que deseja se vincular ao Estado. Na nacionalidade originária tem-se dois critérios que vinculam o indivíduo ao Estado: a territorialidade (ius solis) e a consanguinidade (ius sanguinis). No critério do solo atribui-se a nacionalidade a quem nasceu no território do Estado, e no critério de sangue estabelece-se que são nacionais os descendentes de nacionais, os que têm vínculo de sangue com os nacionais, e cada estado estabelece seus critérios.
Direitos políticos: os direitos políticos referem-se a um conjunto de regras que disciplinam o exercício da soberania popular, viabilizando a participação concreta dos indivíduos na gestão do Estado. A nacionalidade refere-se ao vínculo jurídico e político do indivíduo com o Estado, que se estabelece pelo nascimento ou pela manifestação da vontade. A cidadania é a qualidade que o cidadão adquire, formalmente, após o alistamento eleitoral, para votar e ser votado.
Remédios Constitucionais
Os remédios constitucionais são garantias previstas no texto constitucional, ou seja, elementos normativos que têm como objetivo assegurar o exercício regular dos direitos fundamentais. Os remédios constitucionais são: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e ação popular.
· Habeas Corpus: é uma garantia constitucional específica que se destina à proteção do direito de ir e vir, ou seja, tutela à liberdade de locomoção. A natureza jurídica do habeas corpus é de ação constitucional que possui menos formalidades que as demais ações, pois não há a necessidade de advogado para ingressar com o habeas corpus, pagamento de custas ou formalidade de ordem técnica para o seu ingresso. Há, portanto, duas hipóteses de utilização do habeas corpus, como previsto na constituição, de forma preventiva ou repressiva. Quando se utiliza do habeas corpus pela ameaça à liberdade, tem-se o habeas corpus preventivo. É um salvo conduto que impossibilita a prisão. Caso a prisão já tenha ocorrido, cabe o habeas corpus repressivo.
· Habeas data: tem como objetivo resguardar a liberdade de dados (‘data’). Os indivíduos têm direito de acesso a informações, e caso as informações pessoais dos indivíduos não forem obtidas de forma livre, cabe o remédio constitucional do habeas data. O habeas data é possível em duas hipóteses, a primeira é para garantir o acesso a informações relativas à pessoa do impetrante, que estejam em bancos públicos de dados ou de natureza pública. Esse habeas data tem natureza personalíssima, ou seja, somente a pessoa do impetrante pode entrar com o habeas data para saber seus dados pessoais, ninguém pode pedir informações de terceiros. A segunda possibilidade de utilização do habeas data é a utilização desse remédio constitucional para retificação de dados, quando a pessoa não prefere fazer de outra forma e não deseja o sigilo administrativo ou processual.
· Mandado de segurança: é o remédio constitucional utilizado quando não cabe nem habeas corpus e nem habeas data e objetiva-se defender direito líquido e certo, ou seja, o direito que pode ser provado de plano e não depende de dilação probatória no processo, pois se tem todos os elementos necessários para pleitear o direito. Ele será cabível, portanto, para proteger qualquer direito constitucional, desde que não seja liberdade (habeas corpus) ou dados pessoais em bancos públicos (habeas data). É necessária a presença de advogado habilitado. Além disso, exige a comprovação de plano que se trata de um direito líquido e certo que está sendo violado por uma autoridade coatora que será agente público, ou privado, com atribuições de poder público. No mandado de segurança à violação do direito constitucional também se dá por ilegalidade (ato vinculado) ou abuso de poder (ato discricionário) de autoridade coatora.
· Mandado de segurança coletivo: as mesmas regras do mandado de segurança aplicam-se ao mandado de segurança coletivo, pois irá se defender direito líquido e certo violado por ilegalidade ou abuso de poder, por meio de uma autoridade coatora. O mandado de segurança coletivo existe para proteger direitos de quem tenha seus direitos líquidos e certos violados, mas a legitimidade ativa é diferente da do mandado de segurança simples, pois dois grupos são autorizados pela constituição a defender esses direitos: partido político, organização sindical, entidades de classe e associações. Os entes constitucionalmente autorizados a defender os direitos de outrem, por meio do mandado de segurança coletivo, são os partidos políticos com representação no Congresso Nacional e organização sindical, entidades de classe e associações que funcionem há pelo menos um ano, em prol de seus membros. No caso do partido político, como sujeito ativo do mandado de segurança coletivo, basta que ele tenha um único representante na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.
· Mandado de injunção: tem o objetivo de possibilitar o exercício de um direito que não pode ser exercido, pois não foi regulamentado pelo poder público. Tratam-se, portanto, de direitos que a legislação constituinte deixou para o legislador o seu regramento, ou seja, são as normas constitucionais de eficácia limitada, que dependem de norma infraconstitucional para serem exercidas.
· Ação popular: qualquer cidadão pode propor uma ação popular. A legitimidade ativa exige então que o autor seja cidadão, ou seja, esteja no exercício de seus direitos políticos (possui título de eleitor). O objetivo dessa ação será anular atos que lesem o patrimônio público ou questões de ordem pública. Nos termos da constituição objetiva-se defender o patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, a moralidade administrativa, o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural. A ação popular é isenta de custas, salvo comprovada a má-fé do autor.
História das constituições brasileiras
Constituição imperial de 1824
O Brasil era um estado unitário, ou seja, não se dividia em entes autônomos com autonomia. O poder era central e único, sendo exercido pelo imperador. A Constituição de 1824 é a única constituição brasileira que tinha uma religião oficial, a católica. O voto era censitário, ou seja, só votavam aqueles que tinham uma certa posição econômica e social, pois excluía-se o voto das mulheres, negros, pobres e dos que não professavam a fé católica. A característica mais importante da Constituição de 1824 é a divisão dos poderem em quatro: Legislativo, Executivo, Judiciário e Poder Moderador. O poder moderador era superior aos demais poderes e de titularidade do imperador para controlar os demais poderes. O imperador não poderia ser responsabilizado por seus atos, pois era considerado figura sagrada e detentor do poder estatal. A Constituição de 1824 foi a que durou mis tempo, mas ela perdeu sua vigência com a Proclamação da República e expulsão da família real. 
Constituição republicana de 1891
O federalismo foi adotado determinando-se que o Brasil conferiria autonomia aos seus entes federativos, descentralizando o poder. O Brasil ao se tornar uma República estabeleceu que o governo é escolhido pelo povo para um mandato determinado e tem o dever de agir em prol o interesse de seu povo. O Brasil deixou de ter uma religião oficial e se tornou um estado laico. Além disso, o Poder Moderador deixou de existir e passou a ser somente adotada a clássica divisão em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O primeiro momento da República brasileira foi muito tumultuado, em especial, porque o voto era aberto e os derrotados nem sempre aceitavam de forma pacifica a derrota nas urnas. 
Constituição de 1934
Foi fruto da Revolução Constitucionalista de 1932, que objetivava a alternância de poder e aelaboração de uma constituição mais adequada para os clamores de defesa dos direitos sociais da época, como a saúde, a educação, trabalho e cultura. A constituição de 1934 conservou a estrutura principal da constituição de 1891, mantendo-se o federalismo, a Republica, a divisão tripartite dos poderes e a laicidade do Estado. Umas das mudanças ocorridas foi um aumento dos poderes da União em diante disso, como os estados membros perderam poder, houve uma diminuição dos poderes do senado que quase desapareceu. Além disso, foi na Constituição de 1934 que surgiu o voto feminino, até então não existente no Brasil. Ela previu os chamados direitos de segunda dimensão, ou seja, os direitos sociais que eram exigidos por uma reclamação direta da sociedade. 
Constituição de 1937
Foi imposta por Getúlio Vargas. O Brasil era uma ditadura e essa constituição viabilizava a concentração de poderes nas mãos do chefe do Executivo e a diminuição dos direitos fundamentais. Por exemplo, foram suprimidos os direitos fundamentais de greve, o direito ao mandado de segurança, ação popular, dentre outros. O controle de constitucionalidade também foi enfraquecido, para se viabilizar a livre atuação do executivo, uma vez que o federalismo era apenas nominal, pois concentrava-se o poder nas mãos do Presidente. 
Constituição de 1946
Foram duas inovações trazidas por essa constituição. A primeira foi a previsão de que a capital da Republica sairia do Rio de Janeiro e seria instalada no Planalto Central. A segunda foi o surgimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade, durante a vigência dessa constituição. A constituição de 1946 foi aplicada até 1964, quando o golpe militar exigiu a elaboração de uma nova constituição, que chancelasse a nova ditadura no Brasil.
Constituição de 1967
Foi editado o Ato Institucional n° 1, que restringia a democracia no Brasil permitindo a suspensão dos direitos políticos dos indivíduos por um prazo de 10 anos, a decretação do estado de sitio e a cassação de mandatos legislativos, dentre outras mudanças. A constituição de 1967, outorgada, viabilizava a imposição do poder ditatorial militar estabelecendo novamente a diminuição dos direitos fundamentais e a redução das atribuições do Legislativo e Judiciário para o fortalecimento do Executivo. Os poderes da União também foram aumentados, diminuindo a autonomia dos estados-membros. O texto da Constituição de 1967 mantinha o governo republicano e a tripartição dos poderes formalmente, apesar de concentrar quase todo o poder nas mãos do chefe do Executivo federal. O Presidente da República não seria eleito mais pelo voto direto, mas pelo sufrágio de um colegiado eleitoral, composto por membros do Congresso Nacional e delegados das Assembleias Legislativas dos Estados, mediante votação pública e nominal. O Ato Institucional n° 5 de forma concomitante com a Constituição de 1967 estabeleceu poderes extraordinários ao Presidente da República e suspendeu uma serie de direitos e garantias constitucionais. A garantia do habeas corpus ficou suspensa para os praticantes de crimes políticos. Além disso, a justiça militar ganhou destaque, ampliando os seus poderes, tendo a competência para julgar civis que pudessem atentar contra o regime ditatorial. 
Constituição de 1988
Recebeu o nome de ‘constituição cidadã’ pela sua característica democrática e pelo aumento dos direitos fundamentais. A constituição de 1988 é uma constituição prolixa, pois possui 250 artigos na parte permanente de seu texto, além do preambulo e dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Ela é dotada de formalidade, pois apresenta-se na forma escrita e é hierarquicamente superior aos demais dispositivos legais do Estado Brasileiro, sendo rígida, pois só pode ser modificada por meio de um processo legislativo mais dificultoso que o ordinário. Pode-se dizer que também é dogmática, pois foi elaborada em um único momento para gerir o Estado Brasileiro. 
Modernidade e colonialidade
As principais características do M&C são as seguintes: (i) a transdisciplinaridade, que envolve as áreas do conhecimento da filosofia, da economia política, da teoria literária, da história, da sociologia, da antropologia, da teoria feminista e da ecologia política; (ii) a América Latina como espaço epistemológico, para além de geográfico; (iii) a autocompreensão como uma comunidade de argumentação que trabalha coletivamente, promovendo uma mudança no conteúdo e nos “termos” (expressões, conceitos) dos seus diálogos; e (iv) a tomada de uma posição política enquanto sujeitos da academia em três espaços convergentes: nos dos agentes e movimentos subalternos, nos dos intelectuais-ativistas em espaços mistos e nos das universidades.
Almeja conhecer, compreender e sentir o processo articulado de modernização e colonização proveniente da Europa e seus efeitos nos povos latino americanos e seus saberes eclipsados, de maneira a desvendar e visibilizar a face oculta da dominação promovida pelas vias da política, da economia e, sobretudo, do conhecimento.
Seus objetivos fundamentais consistem em compreender o modo eurocêntrico de pensar o mundo e o conhecimento, para então pensar e promover, de um ponto de vista externo, críticas à modernidade hegemônica e debater contribuições teóricas acerca das peculiaridades da vida cultural e política na América Latina, visando à inclusão do conhecimento subalternizado dos grupos explorados e oprimidos. A modernidade é considerada como sinônimo de progresso, inovação, sofisticação, avanço. Logo, denota uma sobreposição hierárquica entre aqueles que se julgam posicionados adiante e os que são tidos como atrasados. 
Com a imposição de critérios diferenciadores de dominação através da inferiorização racial, o europeu se definiu enquanto tal por ostentar parâmetros e características que ele próprio cunhou e se atribuiu, distinguindo-se dos sujeitos cujos territórios foram conquistados no processo de expansão global. Ocorreu uma constituição forçada de subjetividades, legitimada por formulações filosóficas que tiveram como base padrões fenotípicos (corpo) que diferenciavam sujeitos, basicamente, pelo fato de ostentarem, ou não, racionalidade (alma/mente). Obviamente, como esse critério foi forjado por um determinado padrão (caucasiano), todos os que neste não se encaixassem estariam fora, seriam considerados inferiores. Daí que, por exclusão, os europeus passaram a se autoproclamar brancos, em oposição aos fenótipos dos povos aborígenes e autóctones que colonizavam: índios e negros.
Assim, torna-se visível o tripé fundacional “modernidade-colonialidade-capitalismo”, que representa o chamado “novo padrão global de poder”, estruturado na articulação entre (i) a categorização dos indivíduos (codificação da diferença entre colonizados e colonizadores através da raça); (ii) a conjunção de formas de mercado distintas; e (iii) a divisão social e racial do trabalho.
Em primeiro lugar, “colonialidade” se diferencia de “colonialismo”. Enquanto este denota um processo histórico de colonização pela via do domínio, da submissão e da inferiorização, aquela envolve dinâmicas e estruturas de poder que reproduzem tal lógica para além daquele tempo e espaço. Em sentido estrito, a “colonialidade do poder” tem um viés político e econômico, enquanto a “colonialidade do saber” envolve a produção da cultura e do conhecimento eurocêntricos com fundamentação na racionalidade, e a “colonialidade do ser” envolve a posição de submissão assumida pelos povos colonizados ao negarem suas culturas originárias e ao reivindicarem a cosmovisão do colonizador.O chamado “moderno sistema-mundo” recebe o adjetivo “colonial” e estrutura-se na “doutrina da hierarquia cultural” que preconiza a dominação via desculturação e reculturação.
“Desobediência epistêmica”, que permita pensar processos de superação das opressões sofridas pelos sujeitos colonizados e seus saberes ofuscados, a partir do seu local de fala específico, sem abandono das conquistas já obtidas e sem eliminação de categorias “universais” que, emboraimpostas, podem ser ressignificadas em sentidos libertários. Esses são os termos do denominado “pensamento de fronteira” ou “pensamento fronteiriço”11, que caracteriza uma “teoria crítica descolonial” para avançar em relação à teoria tradicional e à teoria crítica fundada na razão nos termos de uma “hermenêutica pluritópica” e de uma “pluriversalidade” em substituição à universalidade.
“Pensamento de fronteira” não refuta o campo da racionalidade e não descarta a busca pela emancipação humana; pelo contrário, propõe aproximar essas perspectivas, em pé de igualdade e complementaridade, no que for possível, com formulações genuínas da América Latina calcadas na sua realidade cultural e social.
Sistematização das contribuições relativas ao debate contemporâneo sobre cidadania
Cidadania passou a funcionar como um dos principais vetores de promoção do universalismo através da consideração de todos os seres humanos em termos de uma igualdade formal (cidadania passiva), que os homogeneizou juridicamente e, assim, abstraiu uma série de desigualdades materiais existentes entre eles. 
A partir dos anos 1980, os debates acerca do conceito de cidadania avançaram muito em relação à concepção marshalliana de perfil democrático-liberal, até então canônica, que se limitava a conceber o cidadão como um sujeito individual e titular de direitos a serem pleiteados perante o Estado (capitalista).
No quesito participação política, na sua fase mais recente, o novo constitucionalismo latino-americano teve suas principais constituições elaboradas de baixo para cima, das ruas para os prédios, da sociedade civil para o Estado, com ampla, plural e incisiva participação popular nos debates prévios, nas assembleias constituintes e nos referendos aos quais foram submetidas para aprovação e vigência.
Na linha de que o enquadramento do Projeto Modernidade/Colonialidade busca a “transformação das práticas normativas e cânones acadêmicos” sem se desconsiderar as diferenças entre seus contextos específi cos, é possível afirmar que a principal estratégia identificada na Bolívia e no Equador para se atingir tais objetivos foi a realização de processos constituintes. Estes haveriam de ter em seu cerne a participação efetiva daqueles dois setores outrora marginais – intelectuais e militantes – para a construção de novas ordens jurídicas e políticas que, efetivamente, contemplassem os interesses das comunidades e povos tradicionais e permitissem as mudanças almejadas.
Os processos constituintes foram compreendidos como espaços para (i) a incorporação de eixos epistemológicos (Pachamama e Bien Vivir) provenientes dos saberes ancestrais historicamente obscurecidos pelos colonizadores; (ii) a “refundação” (reestruturação) de instituições tradicionais oriundas da colonização, adaptadas às peculiaridades desses países (“Estado Plurinacional e Intercultural” na Bolívia e no Equador, “Tribunal Constitucional Plurinacional” na Bolívia, entre outros); (iii) o reconhecimento de “novos direitos a personagens antigos, e de direitos antigos a novos personagens” e (iv) a criação e ampliação de canais de participação popular nas estruturas do Estado.
Exceto o Brasil, todos os demais países adotaram sistemas de direitos representados pelo pluralismo jurídico, consagrando direitos específicos para determinadas etnias e permitindo, inclusive, a criação e o reconhecimento de instâncias e instituições próprias desses segmentos, como a justiça indígena. Quanto aos tipos de direitos, observa-se a formação de dois grupos: o primeiro contém direitos concebidos a partir do aprimoramento ou da adequação de noções como liberdade e solidariedade, originárias do constitucionalismo europeu: o direito à autonomia étnica e o direito à diversidade cultural; o segundo é composto de direitos reconhecidos a partir da cultura dos países latino-americanos e expressam elementos das suas tradições históricas e culturais: o direito geral ao “bem-viver” (suma qamaña na Bolívia e sumak kawsay no Equador), que envolve interesses ligados aos recursos naturais e energéticos, e os direitos da natureza, considerada como sujeito de direito no Equador. Ao contrário da Constituição brasileira, que seguiu o modelo da assembleia nacional constituinte autolegitimada, os constituintes de Venezuela,
Bolívia e Equador submeteram a aprovação dos seus novos textos a referendos populares, o que demonstra uma maior preocupação com a manifestação direta da população nesse momento de refundação da república.
Eis uma ilustração do direito como “produto”: normas jurídicas positivadas, dotadas de cogência e força normativa, que vinculam as instituições e autoridades estatais, além dos particulares, que têm por obrigação efetivá-las.
As formulações teóricas do pensamento descolonial e o modelo de cidadania do novo constitucionalismo latino-americano convergem ao preconizarem a cidadania ativa e o reconhecimento de direitos relativos às tradições ancestrais enquanto elementos constitutivos do cidadão, avançando – porém, sem negar seus aspectos positivos – em relação aos parâmetros políticos, sociais e jurídicos impostos pelo paradigma do universalismo.
O caso Rio Vilacamba
É o primeiro exemplo de reconhecimento judicial dos direitos da Natureza.
Em outros termos, é o primeiro caso jurídico na história que reconhece a Natureza como
sujeito de direito, e não mais mero objeto a serviço da vontade humana.
Sujeito de direito e natureza do objeto
A personalidade jurídica é tradicionalmente definida como a aptidão do homem para ser titular
de relações jurídicas, ou seja, ser sujeito de direitos e deveres na ordem jurídica. Para a corrente doutrinária adepta dessa definição, a personalidade jurídica como atributo pertencente às pessoas significa o nascimento do sujeito de direito. Os sujeitos de determinada relação jurídica são justamente as pessoas, em sentido técnico, entre as quais existe o vínculo jurídico estabelecido pela norma.
Para essa corrente jurídica, apenas a humanidade, representada nos seres
humanos, é sujeito de direito.Todo o resto são meios para satisfação da humanidade.
Rafael Garcia Rodrigues atribui ao conceito de personalidade jurídica duas acepções. A primeira coincide com o que a doutrina civilista clássica leciona a partir do artigo 1º do Código Civil: é a possibilidade de ser sujeito de direito, termo de relações jurídicas. uma segunda acepção permite traduzir a personalidade como um valor objetivo, “um valor ético emanado do princípio da dignidade da pessoa humana e da consideração pelo direito civil do ser humano em sua complexidade”.
Este segundo sentido do conceito afasta a apreciação abstrata de sujeito e alarga a compreensão da pessoa humana como valor central do ordenamento. Nesse fluxo se constata que “ser pessoa é algo diferente de ser sujeito de direito ou ter capacidade jurídica.”
Embora na legislação não haja nada expresso nesse sentido, seriam sujeitos de direito todo e qualquer ente que esteja na posição de titular de uma situação jurídica lato sensu. A eles foi atribuída capacidade jurídica ou capacidade de direito. Portanto, “ser sujeito de direito [...] é ser titular de uma situação jurídica (lato sensu), seja como termo de relação jurídica, seja como detentor de uma simples posição no mundo jurídico (situação jurídica strictu sensu).”Por esta razão seria correto afirmar que existem mais sujeitos de direito do que pessoas no ordenamento jurídico.
A personificação não é condição para titularizar direitos e obrigações. Assim, é possível os sujeitos se classificarem a partir da existência de personalidade jurídica ou da inexistência de personalidade jurídica,em personalizados ou despersonalizados. A diferença entre um e outro é que, enquanto os sujeitos com personalidade jurídica têm autorização genérica para fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, aos sujeitos despersonalizados apenas se permite a prática dos atos inerentes à sua finalidade, conforme a lei o defina.
Por sua vez, a classificação entre humanos e não humanos é mais simples. Humanos são todos os sujeitosde direito biologicamente considerados como da espécie Homo sapiens. Distintamente, os sujeitos de direito não humanos são todos os outros “criados pelo direito para melhor disciplinar os interesses potencialmente conflitantes dos seres humanos”. 
Da classificação apresentada compreende-se exatamente o conceito de personalidade. Personalidade jurídica é, no sentido oposto ao axiológico da corrente da repersonalização, “uma autorização genérica concedida pelo direito para determinados sujeitos, tornando-os aptos à prática de qualquer ato jurídico não proibido.” Em síntese, personalidade decorreria do princípio da legalidade, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”
A natureza sujeito da Constituição equatoriana
A distinção kantiana entre as pessoas (seres autônomos dotados de dignidade) e coisas (objetos valorados através de um preço) é insuficiente para o estabelecimento eficaz de um novo paradigma que proteja todas as formas de vida que estão em relação.Como já desmoronou a ideia segundo a qual “pessoa é sinônimo de sujeito de direito ou sujeito de relação jurídica”,começa ruir também a noção da Natureza a serviço dos sujeitos de direito humanos.
Coisa para o filósofo é tudo aquilo que não detém racionalidade e que serve de meio. Coisas ao invés de dignidade têm preço. Por sua vez, o que fundamenta essa distinção é a razão, atributo exclusivo dos seres humanos.
O Novo Constitucionalismo Andino nega o paradigma do sujeito abstrato nascido nas revoluções liberais dos séculos XVII e XVIII. Para o movimento é inaplicável a construção racionalista do sujeito de direito abstrato aos seres humanos que não compartilham do mesmo sistema de pensamento moldado no Ocidente a partir da Modernidade. Com isso não se concordaria com a imposição do sistema de dominação da Natureza e de culturas “subalternas”, que muitas mazelas (ambientais e não ambientais) trouxe ao mundo, notadamente às partes do Globo ditas de “Terceiro Mundo”.O papel da Constituição nesse ainda incipiente modelo de sistema jurídico seria apenas o de “estabelecer competências, formas de coordenação, reconhecimento de uma pluralidade de direitos coexistentes”. Assim, seria ela “uma unidade completa (e não meramente simbólica) de centro de sentidos para a recepção de todas as camadas sociais e existenciais”, incluindo-se aí os animais e a Natureza como um todo. Pachamama congloba os vivos, os mortos, e os que ainda estão para nascer. 
A Natureza não é mais mero objeto. Vale por si só. E como sujeito, embora não esteja autorizado a fazer tudo o que a lei não proíbe, tem ao menos três direitos listados na Constituição do Equador: (i) à existência; (ii) à integridade; e (iii) à regeneração em caso de dano. Ao tratar da personalidade jurídica da Natureza, quando se fala em vida e de seu valor intrínseco, refere-se ao conceito despido de tecnicidade, pois “além de indivíduos, espécies e culturas, abrange também ecossistemas, paisagens, rios.” É nesse sentido que a Constituição do Equador se refere à Natureza, conjunto de elementos que compõem os ecossistemas. 
Alimentar-se de carne, cortar árvores, consumir produtos a base de plantas e animais, tudo isso é possível desde que o respeito por todas as formas de vida e a continuidade de seu conjunto estejam assegurados. A justiça ecológica, então, não defende uma Natureza intocada, mas sim uma Natureza preservada em seus conjuntos de vida.
O reconhecimento da Natureza como sujeito de direito não significa reconhecer a ela os mesmos direitos que aos humanos, sequer conceder endogenamente os mesmos direitos a cada um de seus componentes.
O que se proíbe é o abuso supérfluo e desnecessário. A ética proveniente do entendimento da Terra como sistema integrado (e como sujeito de direito) não se confunde com teses extremas, pois não exige o impossível.Isto é, não exige interromper a cadeia alimentar.
Outro ponto fundamental para a compreensão da personalidade jurídica da Natureza é a diferenciação dos direitos da Natureza dos direitos humanos. A distinção não é excludente, mesmo porque um ambiente ecologicamente equilibrado ao humano imprescinde do respeito aos direitos da Natureza.
A destruição da Natureza, portanto, coincide com a transformação da condição social humana em mercadoria levada a termo pelo sistema capitalista. Dito isso, o verdadeiro campo de batalha para a mudança não seria o jurídico, mas o político. Tais motivos seriam classificados como argumentos utilitaristas. Conceder personalidade jurídica à Natureza, representada judicialmente por qualquer pessoa e não só pelo Ministério Público, possibilitaria uma tutela específica, com foco integral no meio ambiente. É exatamente o que faz a Constituição Equatoriana ao legitimar qualquer interessado à proteção do meio ambiente.
A mais importante mudança ao enquadrar a Natureza como sujeito de direito é permitir a sua percepção não mais como coisa “commodity, recurso natural, mas como entidade dotada de direitos constitucionalmente garantidos, que, prima facie, não gozam de qualquer prevalência ou preterição em relação a qualquer direito humano.” Portanto, no plano estritamente jurídico, reconhecer a Natureza como sujeito de direito é permitir o reconhecimento autônomo dela como sujeito agredido, cabendo até mesmo a legítima defesa contra atos que importem em sua destruição.

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