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Informações sobre a Companhia ABC A Companhia ABC é cliente da firma de auditoria há três anos. Historicamente ela tem sido lucrativa e tem remunerado seus acionistas com dividendos anuais. No ano passado (20X1) as vendas foram substancialmente reduzidas em função da retração econômica causada pela crise econômica iniciada no hemisfério norte que acabou contaminando significativamente diversos países, inclusive o nosso, mas mesmo assim a Companhia ABC conseguiu apurar lucro. Para 20X2, não obstante a entrada no mercado de um novo concorrente (Empresa X) que é subsidiária da gigante (Multinacional X), a administração da Companhia ABC está prevendo um grande crescimento das vendas e dos lucros. Ela sempre pagou salários competitivos a todos os colaboradores, mas com a admissão do novo executivo financeiro (Sr. CFO) foi implantado um novo sistema de remuneração dos funcionários, onde boa parte é composta por bônus, computado sobre o valor das vendas. O Sr. CFO trabalhou na empresa Z que utilizava amplamente essa metodologia de remuneração. Essa empresa era bastante lucrativa, mas acabou sendo absorvida pelo principal concorrente dela, que a incorporou no ano passado, ocasião em que surgiu a oportunidade do Sr. CFO vir trabalhar na Companhia ABC. Durante a assembleia de acionistas que aprovou o balanço de 20X1, você teve oportunidade de almoçar com o Presidente da Companhia ABC (Sr. CEO) que lhe falou que estava preocupado com a entrada da Multinacional X no mercado, pois ela dispõe de uma tecnologia mais avançada do que aquela que a Companhia ABC utiliza no momento. Essa tecnologia, fruto de muitos anos de pesquisa, colocou a Multinacional X na liderança dos principais mercados do mundo, pois permite utilizar a matéria prima alfa que é muito mais abundante no mercado do que a matéria prima utilizada pela Companhia ABC, que é produzida em escala mundial apenas pelo Fornecedor Z, localizado no Canadá. O similar nacional da matéria prima utilizada pela Companhia ABC não tem a mesma qualidade e o rendimento é bastante inferior. Mesmo considerando todos os custos de importação, o custo final do similar nacional se aproxima do custo do importado. Por sua vez, a matéria prima Alfa tem um rendimento melhor e acaba custando menos pelo fato de existir um grande número de fornecedores, inclusive nacionais, que provoca alta competição e preços menores. O Sr. CEO entende que em um horizonte de curto prazo é inviável tentar mudar o processo produtivo e passar a utilizar a matéria prima alfa em razão dos altos investimentos necessários. Para isso, seria importante aguardar uma redução das taxas de juros e/ou fazer uma nova captação, mediante emissão de novas ações. Qualquer que seja a estratégia que venha a ser adotada na captação de recursos (instrumento de capital ou de dívida), o Sr. CEO entende que é importante que a Companhia ABC mantenha a sua lucratividade e crescimento para que os instrumentos a serem utilizados sejam rapidamente absorvidos pelo mercado. Além disso, o Conselho de Administração só admite nova captação de recursos mediante emissão de ações, se houver uma significativa valorização da cotação das ações na Bolsa de Valores. Durante o café, os diretores responsáveis pelo Jurídico (Sr. Lei) e pela Produção (Sr. Produto), juntaram-se a você e o Sr. CEO. O Sr. Lei comentou sobre os aumentos havidos na carga tributária e que está cada vez mais difícil “tocar os negócios no País”, tanto é que o principal cliente da Companhia ABC, que sempre foi extremamente lucrativo está atravessando sérias dificuldades financeiras e poderá ter que reestruturar sua dívida de curto prazo, mediante acordo judicial (antiga concordata) para poder honrar seus compromissos. Se isso de fato ocorrer, é provável que a Companhia ABC tenha que tomar medidas restritivas de concessão de crédito a esse cliente tradicional, passando a realizar suas vendas substancialmente à vista. Por sua vez, o Sr. Produto comentou que os membros do Conselho de Administração, formado substancialmente por acionistas da Companhia que não têm função executiva, tem pressionado bastante para melhorar o nível de dividendos e que essa pressão tem sido excessiva em relação à sua área (produção) estabelecendo metas de rendimento da produção e de redução de custos dificilmente atingíveis em situação normal. O Sr. CEO interrompeu a conversa e disse que o Sr. Produto é que nem o time dele (“chora de barriga cheia”), pois tem uma boa remuneração e uma vida razoavelmente tranquila e bem diferente da vida do Sr. CFO, que está sempre lutando para domar as dívidas do cartão de crédito, pois não consegue impor à família o necessário freio nos gastos e viagens ao exterior. O Sr. CEO percebeu que havia dito o que não deveria dizer e tentou desconversar, passando a falar sobre amenidades do tipo futebol e comentou sobre o jogo da seleção na noite anterior que havia apenas empatado. Sua experiência anterior com o Sr. CFO é que ele é bastante centralizador, o que tem provocado bastante rotação na área financeira. Você pouco conhece o Sr. CFO. Durante o encerramento da auditoria do ano anterior, você notou que ele é bastante “prolixo” e do tipo “sabe de tudo”. Ele se traja muito bem e gosta de falar de bons restaurantes, de carro importado, e, obviamente de um bom vinho. “Ele acha o máximo a sua moto importada e seu carrinho esporte, também importado”. Aparentemente o CEO gosta muito do CFO, pois vive elogiando as suas “boas ideias” para reduzir a carga tributária e para gerar ganhos financeiros, tanto é que estão pensando seriamente em criar uma entidade de propósito específico no exterior. No começo do ano, o antigo contador (Sr. Conservador) após vários anos trabalhando na Companhia ABC foi demitido pelo Sr. CFO que colocou em seu lugar o antigo subcontador que aparenta não ter liderança em relação aos seus subordinados. Quando você soube desse fato, você perguntou a razão dele ter sido demitido e o Gerente do trabalho (Gerente de Auditoria da firma do sócio) disse que não sabia a razão, mas lamentava, pois o Sr. Conservador é um “técnico de mão cheia” e bastante seguro naquilo que faz. Por sua vez, o sênior do trabalho comentou que havia ouvido que o Sr. CFO demitiu o Sr. Conservador para reduzir os custos da área contábil, uma vez que o Sr. CFO entende que não precisa ter profissional tão experiente como o que tinha, até por que, ele próprio, (Sr. CFO), embora não seja contador, trabalha há muitos anos como Diretor Financeiro e sabe, “melhor do que muitos contadores”, lidar com os aspectos contábeis. Nessa mesma oportunidade, o sênior comentou, também, que tinha gostado do Sr. CFO, pois ele mostrou ser bastante aberto e prestativo. O sênior comentou que fez uma pergunta ao novo contador e este o levou até a sala do Sr. CFO que foi muito “bacana” e respondeu diretamente a pergunta. Além disso, o sênior disse que o Sr. CFO mencionou que, na qualidade de Diretor Financeiro, quer saber de tudo e principalmente da auditoria em “primeira mão” e que, portanto, estava sempre com as “portas abertas” para atender os auditores e ajudá-los a eliminar qualquer dúvida que pudessem ter. O sênior comentou também que o Sr. CFO mencionou que gostava de bastante objetividade nas coisas e que a Companhia ABC ainda possui muitas “muralhas burocráticas” que só trazem custos e contribuem muito pouco para a rentabilidade da Companhia. Nessa conversa, o CFO comentou, também, que ele gostava muito do Sr. Conservador, mas que ele criava muitos entraves, pois “não abria mão de certas atividades burocráticas”, mas que, doravante, ele espera conseguir mais agilidade com o novo contador e que conta com o apoio da auditoria para eliminar toda a burocracia existente. O sênior do trabalho realmente gostou do Sr. CFO, tanto é que mencionou que ele havia sido “bacana” e oferecido cópias dos diversos aplicativos (dicionários da língua portuguesa e inglesa) que ele tinha no computador pessoal dele. Bem, na vida real, você (como sócio responsável pelo trabalho de auditoria da Companhia ABC) e sua equipede trabalho (gerentes de auditoria, de impostos e de outras especialidades, sênior de auditoria e demais profissionais que integram a equipe) teriam acesso a inúmeras fontes de informação para planejar o trabalho de auditoria, o que não acontece neste caso prático, onde as informações estão limitadas ao que lhe foi informado e às informações contábeis que seguem: demonstração do resultado dos dois últimos exercícios e valores orçados para 20X2, assim como o balanço patrimonial para as mesmas datas, inclusive os valores previstos para o fim do exercício. COMPANHIA ABC – Demonstração do Resultado (em milhares de reais) Para o exercício findo em 31 de dezembro Orçado 20X2 20X1 20X0 Vendas 508.000 412.000 443.000 Custo de mercadorias vendidas (254.000) (245.000) 243.000 Lucro bruto 254.000 167.000 200.000 Custos de distribuição (63.000) (62.000) (66.351) Despesas administrativas (40.000) (37.000) (39.754) Custo de financiamento (10.000) (6.000) (9.279) Outras (21.000) (13.000) (11.616) (134.000) (118.000) (127.000) Lucro antes dos impostos 120.000 49.000 73.000 Imposto de renda (41.000) (17.000) (22.000) Lucro líquido 79.000 32.000 51.000 COMPANHIA ABC – Balanço Patrimonial (em milhares de reais) Para o exercício findo em 31 de dezembro Orçado 20X2 20X1 20X0 ATIVO Ativo Circulante 190.000 160.000 160.000 Caixa e equivalentes de caixa 25.000 39.000 54.000 Contas a receber de clientes 82.000 53.000 50.000 Estoques 45.000 51.000 41.000 Outros 38.000 17.000 15.000 Ativo Não Circulante 100.000 95.000 81.000 Imobilizado 100.000 95.000 81.000 Total do Ativo 290.000 255.000 241.000 PASSIVO Passivo (Circulante e Não Circulante) 130.000 125.000 121.000 Patrimônio Líquido 160.000 130.000 120.000 Total do Passivo 290.000 255.000 241.000 1) Considerando as demonstrações acima, a proposta orçamentária apresentada pelo CFO é compatível com o cenário no qual a empresa está inserida? Onde podemos identificar as incompatibilidades? 2) As condições prévias a um trabalho de auditoria foram atendidas? As demonstrações contábeis da empresa serão elaboradas pela administração de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (padrão IFRS)? 4) Algum assunto de independência ou conflito de interesse? Considerar: relacionamentos familiares/pessoais com pessoas chave do cliente e serviços que não são de auditoria, tais como contabilidade, interesses financeiros e outras relações de negócios. 5) Existe alguma circunstância nova que aumenta nosso risco do trabalho?
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