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Fundamentos III
Sistema Capitalista na Revolução Industrial
O sistema capitalista surgiu na Europa, no século XI ao XV, com a passagem do centro da economia social e política dos feudos para a cidade e com a consolidação do capitalismo, a partir de uma a relação contraditória entre as demandas do capital e as necessidades dos trabalhadores que se manifestaram em condições objetivas para se definir lutas das classes trabalhadoras, reivindicações e garantia de direitos.
Direitos estes que vão se ampliando conforme a sociedade adquire força e legitimidade para estas conquistas.
O Serviço Social no Brasil surgiu num período específico da história da sociedade burguesa, com o fortalecimento do capitalismo monopólico, levando à construção de uma nova formatação do espaço público, com definição de papéis e funções para o Estado.
Entender sobre a divisão do trabalho, segundo Marx, possibilita discorrer sobre as diversas formas de propriedade, porque a divisão do trabalho se consolida entre quem confere e quem executa o trabalho, entre os possuidores dos meios de produção e os possuidores da força de trabalho.
A discussão conceitual de exclusão social se distancia ao entendimento da abordagem holística da internacionalização da economia neoliberal que extrapola o controle do indivíduo, chegando a privações de direitos e a uma situação de pobreza.
 Uma vez que a referência de inclusão social enfatiza a solidariedade com o envolvimento de inúmeros segmentos da sociedade.
A revolução industrial trouxe uma exacerbada transformação na sociedade rural e na sociedade urbana.
 Ao fazermos referência à coisificação das pessoas e das relações, embasadas em leituras de diversos autores, afirmamos que as relações sociais e o capitalismo se fundem e as relações passam a ser expressas através de relações mercantis. 
“A força da vida, criadora de valores humanos, foi tragada pela mercadoria, símbolo do capital. O próprio movimento da vida humana foi substituído pelo movimento da mercadoria no mercado: à medida que está se tornava valor, o homem se tornava mercadoria; as relações entre as pessoas já não eram mais humanas, mas relações entre coisas” (Martinelli, 1989, p.33).
Para Clauss Offe,1994, a visão de identidade coletiva, a partir da divisão social e política, além do embasamento no trabalho assalariado e na dependência do sujeito em relação a ele, surge a referência da fragilização do trabalho como dever e como elemento essencial de uma vida de um sujeito comum ou apenas para sobrevivência humana.
O Serviço Social vai despontando para atender as demandas conjunturais e políticas, com o foco ainda neste período na ajuda às pessoas e buscando inserir o indivíduo ao meio, com procedimentos assistencialistas e filantrópicos, com embasamento da doutrina social da Igreja Católica, proveniente ao agravamento das contrariedades capitalistas em sua fase monopolista, que buscou a legitimação de agentes dominantes e do Estado.
“O Estado é mais antigo que o capital, e suas funções não podem ser derivadas diretamente das necessidades da produção e da circulação de mercadorias.” (MANDEL, 1985, p. 335).
Considerando as grandes mudanças provocadas pelo capitalismo e pela crise da oligarquia, o que possibilitou a não participação das classes subalternas no cenário político, o Estado passa a controlar, exercendo o poder de forma imposta de cima para baixo.
Com o avançar do Estado capitalista liberal-democrático e sua legitimação social através da utilização de mecanismos de equilíbrio instável de compromisso entre a burguesia e o proletariado, Faleiros afirma que:
“O corporativismo é um mecanismo de legitimação do poder das classes dominantes, não pela institucionalização dos conflitos, mas por intermédio de instrumentos de consenso, de conciliação de classe e de cooptação de forças de oposição” (Faleiros, 2000, p. 98).
O corporativismo acaba não sendo reconhecido enquanto luta, mas compõe uma ação integrativa e orgânica da sociedade, na qual o todo funciona em razão da harmonia das partes.
A perspectiva do direito enquanto exercício de cidadania pode ser vislumbrado a partir do Pós Guerra, do combate ao autoritarismo e nas grandes convenções internacionais que anunciaram ideais comuns a serem atingidos, como a liberdade e a dignidade humana, como, por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948.
Os direitos, enquanto característicos de um espaço de sociabilidade, têm assumido um papel importante na sociedade frente às dificuldades dos homens para viver com dignidade, sendo muitas vezes assumidas coletivamente pela sociedade, com hegemonia do Estado.
Nesse contexto histórico, surge o Serviço Social profissional e a primeira escola de Serviço Social, fundada em 1898, na cidade de New York, denominada New York School of Philanthropy, sob a influência de Mary Richmond. O Assistente Social surge com a proposta de amenizar as condições que favorecem a desigualdade humana.
O surgimento da profissão no Brasil foi à década de 1940, época do Estado Novo de Getulio Vargas e da implementação das leis trabalhistas.
A profissão de Serviço Social também se iniciou a partir do desenvolvimento do capitalismo, no período da Revolução Industrial para suprir a necessidade de um trabalho voltado para a classe trabalhadora.
O Serviço Social experimentou uma etapa de revalorização, que lhe atribuiu novas responsabilidades nas administrações públicas perante o processo de modernização.
O Serviço Social, na sua prática, deve estudar, compreender e observar, com bases teóricas, a vida humana: a família, as relações de poder, a religião, a cultura, a saúde e outras esferas diferentes da realidade social.
A concepção marxista das classes sociais considera a relação que os indivíduos estabelecem com a propriedade dos meios de produção, diante da divisão das classes sociais e resultam do conjunto de determinações sociais, econômicas, políticas e culturais de um processo histórico.
Portanto, estudar a relação de forças, de poder e de organização coletiva requer muita atenção e disciplina com relação aos fatos históricos e conjunturais. 
O empoderamento é um dos fatores preponderantes para algumas conquistas, pois está muito próximo à relação de autonomia e da capacidade das pessoas e de grupos decidirem sobre as questões que lhes dizem respeito, através de escolhas e formas de agir.
O empoderamento representa o resultado de um processo pelo qual pessoas, organizações e comunidades adquirem voz, visibilidade, influência e capacidade de ação e decisão, o poder de decisão frente às demandas e necessidades, tendo em vista a promoção de direitos de cidadania e melhores condições de vida. 
As pessoas despertam para o movimento social para além de um conjunto de ideias e de união de pessoas, e sim para um pensamento coletivo empoderado, vislumbrando conquistas que se pretende alcançar com objetivos coletivos e conscientes.
autor Evaldo Amaro Vieira, em seu livro “Democracia e Política Social”, nos apresenta que democracia é a real participação de todos os indivíduos nos mecanismos de controle das decisões e da participação popular que se manifesta formalmente, inclusive através do voto formal.
Para Evaldo Amaro Vieira, o conceito de Sociedade Democrática representa o único suporte do Estado de Direito, sendo que, se de fato for exercido, sustentará em princípios adequados em qualquer país em que a liberdade predomine sobre a autoridade, propondo a independência do poder judiciário, gestado conforme a lei e sob o controle judicial.
As Políticas Sociais na visão democrática liberal têm como objetivos, conforme Vieira:
“[...] a desigualdade de cidadania para homens pertencentes à sociedade orientada pelo mercado e caracterizada pela desigualdade econômica” (Vieira, 1992, p. 97).
As Políticas Sociais, independentemente do seu contexto sócio histórico e cultural, buscam satisfazer as necessidades sociais da população, mas sempre predominando o controle do poder político e social perante a sociedade, em conformidade com as dinâmicas dosgovernantes.
A Política Social pode ser entendida como uma política de ação, visando o atendimento das demandas da população a partir das decisões coletivas amparadas pela legislação e reguladas pelo Estado.
Como ação pública, a Política Social deve obedecer a um sistema de passagem unilateral frente ao processo social de desigualdades sociais e a legitimação do Estado, possibilitando a construção de um cenário de empoderamento e fortalecimento da população para a resolutividade de suas necessidades e dificuldades, gerando um processo de autonomia para a satisfação das necessidades em diferentes aspectos da vida humana.
A demanda social deve respaldar as discussões sobre a Política Social, entendida enquanto possibilidade de ação através de políticas públicas, como meta de governo de atendimento preferencial às questões que exigem políticas sociais, como no caso das demandas que surgem em espaços democráticos de participação popular e demais necessidades nas diferentes realidades que a sociedade apresenta.
A legislação dever ser o norte orientador e facilitador para a atuação dos governos em relação às necessidades da população, bem como que a gestão pública esteja voltada para resolutividade das demandas.
Na Constituição Federal de 1988 existe a garantia da defesa de direitos através do acesso à rede de proteção social, depositando ao Estado a responsabilidade pela condução e descentralização político-administrativa em relação à gestão pública.
Sob a influência do Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina, os Assistentes Sociais vislumbraram a perspectiva de mudança de postura da profissão, assumindo uma postura de reflexão, de conscientização sobre o sistema capitalista e da exploração da mão-de-obra das classes menos favorecidas.
Nesse período, os profissionais se percebem como executores das Políticas Sociais e vislumbram um processo crítico do Serviço Social tradicional, percebendo a emergência de uma nova prática profissional, de negação ao modelo tradicional e desenvolvimentista.
Esta conjuntura brasileira fez com que os profissionais assumissem uma postura de prática profissional modernizadora, com ações de planejamento, coordenação, administração, capacitação profissional, participação em equipes interdisciplinares de encontro com a realidade vivenciada no cenário político, econômico e social.
Iamamoto (2004, p.11) destacou que o serviço Social deve atuar “na transversalidade das múltiplas expressões da questão social, na defesa dos direitos sociais e humanos e das políticas públicas que os materializam”.
Com a produção de conhecimento sobre Política Social, em termos de excelência teórico-metodológica, o aprofundamento da discussão dos processos sociais tornou-se referência para a intervenção profissional.
A partir do entendimento do “por que fazer” e do “como fazer”, o conhecimento avançou em direção ao “para que fazer”. As proposições provenientes deste processo constituíram as bases de um projeto profissional para os assistentes sociais brasileiros, indo de encontro com a proposta do Projeto Ético-Político Profissional.
Vislumbrou-se um Projeto Ético-político Profissional a partir da equidade e justiça social, assegurando a universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e às políticas sociais e também à gestão democrática.
O Estado de Direito, em 1985, trouxe um novo rigor à profissão com a Constituição, em 1988, contemplando as lutas pelos direitos sociais e com valores éticos e a garantia da proteção social universal como responsabilidade do Estado.
O exercício profissional do Assistente Social, como em épocas anteriores, ocorreu considerando os valores reais, a igualdade no acesso aos direitos, a participação democrática e a proteção universal, com referência do Estado nas políticas sociais.
Os assistentes sociais enfrentam alguns desafios com a autonomia e a especificidade profissional para o enfrentamento dos dilemas do debate sobre a prática profissional no Serviço Social e as conjunturas apresentadas.
Em 1983 aconteceu o movimento Diretas Já, foi um movimento político e ideológico que movimentou vários setores da sociedade, com a ocupação de ruas contra o regime militar. Com a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, foi a expressão de maior oposição burguesa composta por liberais, unidos com a representação civil.
Em 1985, Sarney apareceu em uma conjuntura política de ascensão ideológica das reivindicações por democracia.
Com a evolução dos direitos de cidadania começavam a surgir benefícios que os trabalhadores podiam receber por meio das políticas de direitos sociais, promovidas pelo Estado e decorrentes da dilatação da cidadania.
O Estado, ao estabelecer por meio de leis a garantia dos padrões mínimos de bem-estar social, admite uma ação liberal em relação à pobreza, garantindo condições para participar, mas deixando incólume a estrutura de classes. 
O mínimo de bem-estar passou a fazer parte da noção mais ampla de cidadania, adjudicando aa ela um direito pleno que procurava diminuir a desigualdade entre os cidadãos, tendo como objetivo oferecer os elementos necessários ao bem-estar social.
No Brasil, a partir da década de 1980, alargou-se um modelo econômico localizado na valorização do capital financeiro, afetando diretamente a população carente, com a carência de políticas sociais efetivas e eficazes.
Este foi o modelo neoliberal que reduziu o papel do Estado Brasileiro no enfrentamento das diferentes expressões da questão social e na redução das desigualdades.
Na nossa realidade, esses resultados adquiriram características determinadas pelas condições objetivas de um país de industrialização tardia, mas que não se desobriga dos agravos da globalização mundial.
Quando as correlações de força se manifestam, devemos observar a relação entre Estado e sociedade perante a ocasião histórico político e econômico.
A procura pela emancipação humana, durante toda a trajetória, deu-se através do seu método com referencial social e político, apontando para contextualizar a extensão política de uma sociedade e, em cada modo de produção da história, apontar suas contradições e elucidações das transformações sociais. 
Segundo Marx, o termo capital constitui uma relação social, sendo que o modo de produção constituiria no capitalismo, chegando do pressuposto de dominação do processo de produção pelo capital não apenas de uma permuta monetária.
No conjunto das contradições da sociedade capitalista, com a produção coletiva de riqueza e a retenção do lucro sempre estiveram em poucas mãos, o que lançou, ao longo da história, uma população com necessidades e demandas de sobrevivência, acarretando a produção da pobreza, com baixos salários, mercado de trabalho informal e circunstâncias de subordinação, alienação e exploração.
Netto (2001) assegurava que a pobreza não se restringia ao fenômeno do pauperismo, mas sim da inclusão da massa operária na esfera política frente a toda a exploração do trabalho pelo capital, pronunciando que:
 “[...] a pobreza acentuada e generalizada no primeiro terço do século XIX – o pauperismo – aparecia como nova precisamente porque ela se produzia pelas mesmas condições que propiciavam os supostos, no plano imediato, da sua redução e, no limite, da sua supressão” (NETTO, 2001, p. 43).
A questão social, neste contexto, aparece como expressão das contradições sócio-políticas da época, em que os operários realizavam protestos contra as dificuldades e condições de vida, tornando-se intimidação às instituições e forças de poder da burguesia. 
O significativo avanço da desigualdade social no Brasil ocorreu por causa da grande concentração de renda e vem se acentuando ao longo dos anos, pois a ideologia neoliberal introduziu acontecimentos no cenário atual que dificilmente serão sanados em período curto.
Os neoliberais sustentavam a ideia de que a intervenção do Estado seria pouco econômica e pouco produtiva, indicando um processo de falta de estímulo do capital aos investimentos, assim como os trabalhadores a trabalharem.Mudanças ocorreriam a partir da construção de um Estado forte e capaz de garantir a expansão do mercado e da livre economia através da acumulação de capital, privatização, desregulamentação da economia, flexibilização trabalhista, ou seja, da reconstrução do mercado e também da competição e do individualismo.
 O grande beneficiário da política neoliberal sempre foi a Burguesia Brasileira, sendo intensa a priorização do governo em proteger o capital à custa da exploração do trabalhador e da redução de direitos sociais.
Esta conjuntura constitui um campo amplo de desafios para o Serviço Social no dia a dia profissional, especialmente no processo de execução e consolidação da política de assistência social inserida enquanto direito social.
O desafio do serviço social vislumbra a ampliação do mercado de trabalho dos assistentes sociais, contando com uma maior legalidade dos serviços sociais na discussão do poder e do agravamento da questão social. 
A atualização da prática profissional frente aos desafios postos pela conjuntura neoliberal é emergente, desde o repensar a intervenção profissional e as suas dimensões ético-político, teórico-metodológica e técnico operativa. 
Um dos desafios mais significativos para o assistente social seria o de tornar o Projeto Ético-Político como uma referência efetiva para o exercício profissional, considerando uma análise politizada de realidade e conjuntura, vislumbrando um posicionamento crítico frente à ofensiva neoliberal que leva a sociedade na busca do aprofundamento das tendências de barbárie, em função das intensas mudanças.
A formação profissional em Serviço Social foi pautada no projeto ético-político da profissão, composto pela Lei de Regulamentação da profissão, pelo Código de Ética e pelas Diretrizes Curriculares, com característica crítica, fundamentada numa rigorosa capacidade teórica, ético-política e técnico-prática, direcionada para o conhecimento da realidade.
Na esfera crítica, o desafio se efetiva através de uma prática investigativa e interventiva, que primeiro faz uma análise, busca uma compreensão do contexto histórico, para depois intervir na realidade.
Com estas referências, os impactos ocasionados no Serviço Social frente à conjuntura neoliberal se apresentam na cena contemporânea como desafios para a categoria de assistentes sociais em relação à efetivação do projeto ético-político, e no espaço sócio ocupacional, por conta do processo de desresponsabilização do Estado, que deixa de investir nas políticas sociais priorizando os investimentos na economia.
A regulamentação do Serviço Social como profissão se constitui numa conquista e se torna ainda mais proeminente diante das iniciativas impostas pelo Estado de desregulamentação em vários níveis da vida social.
Os projetos societários são projetos coletivos e se constituem como projetos macroscópicos, como propostas para o conjunto da sociedade; são projetos de classe, ainda que refratem mais ou menos fortemente determinações de natureza culturais, de gênero, étnicas entre outras.
Considerando os principais componentes do projeto ético político profissional do serviço social, destacamos a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social de nº 8.662/1993, que determina as competências e atribuições privativas do assistente social nos artigos 4 e 5 que dispõem sobre o exercício profissional.
Também o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, os Princípios fundamentais, tendo a Liberdade como valor ético central, a Defesa intransigente dos Direitos Humanos, a Cidadania, a Equidade e a Justiça Social.
Iamamoto (2002) esclarece que a identidade das equipes profissionais em torno de coordenadas comuns não dilui as particularidades profissionais, visto que o assistente social, mesmo compartilhando o trabalho com os outros profissionais, dispõe de olhares particulares na interpretação dos mesmos processos sociais e de uma competência marcada para a efetivação das ações profissionais.
Com o entendimento de enfrentamento das situações de pobreza a partir da politização das pessoas é que se permite refletir sobre a justiça social.
Os questionamentos apresentados pela inquietação da categoria estabelecem um reposicionamento profissional frente ao contexto da Ditadura Militar e expedem aos assistentes sociais a uma renovação e novas perspectivas da atuação profissional.
O Movimento de Reconceituação apresentou disparidades, como a construção das críticas e questionamentos das diferentes realidades sociais, e as propostas de atuação tradicionais, remetendo no Brasil, a discussão no centro da Ditadura Militar em que a categoria profissional se mobilizou para novas concepções e redefinições da prática profissional.
Os profissionais e processo de revisão da pratica profissional
O trabalho como categoria fundante do ser social pode ser entendido como um ser real e historicamente formado pelo movimento dialético, em relação de classes desmontadas pelas relações sociais capitalistas e frente à exploração entre capital e trabalho. As formas de sociabilidade do ser social ocorrem a partir da linguagem e do pensamento, uma vez que o homem responde às suas necessidades sociais quando alcança um sentido e o desenvolvimento social, tendo a consciência como uma ferramenta ao seu dispor para orientar suas ações.
Os profissionais de Serviço Social, com o passar do tempo, iniciam um processo de revisão da prática profissional frente à realidade e a partir da própria categoria. Podemos entender que se fez necessário encontrar uma forma de alterar o que estava colocado para a profissão e, ao mesmo tempo, tinha que ser desvelado pelos integrantes da profissão em formatos e momentos que de fato correspondessem ao desejo da maioria em detrimento aos questionamentos presentes, para alcançar uma nova abertura para a proposta de mudança e alcance da renovação do Serviço Social.
A busca constante pelo projeto de formação profissional em Serviço Social, histórica e socialmente construída, se apresenta em face ao atendimento das demandas em diferentes períodos políticos, econômicos e sociais. Portanto, o projeto teórico e metodológico foi e é merecedor de revisões constantes. Na vinculação estreita da profissão com sua base teórica e suas primeiras metodologias, destacam-se as tendências de renovação profissional, relacionadas às finalidades da Igreja Católica, com a influência, a partir da década de 1940, do Serviço Social norte-americano, que introduziu novas vertentes de atuação, como no caso do Serviço Social de Grupo e Desenvolvimento de Comunidade.
Esse processo questionador teve grande impacto em vários períodos históricos, iniciando-se no final da segunda metade da década de 1950 no Brasil e adquirindo foco de referência a partir da segunda metade da década de 1960, constituindo-se por meio de uma série de transformações na profissão e repercutindo até a atualidade.
Na busca de compreender as origens, transformações, abordagens e impactos do Serviço Social, propomos uma apreciação do processo de renovação profissional que, pelo seu importante significado e proposituras com questionamentos e renovações, denominou-se de Movimento de Reconceituação. Algumas considerações sobre a trajetória histórica do Serviço Social no Brasil, a partir da prática assistencial; na sequência, a competência profissional e as contribuições do Serviço Social; e, concretamente, como as intervenções foram efetivadas ao longo dos tempos em cada momento histórico, devem ser apreendidas para a fundamentação profissional do assistente social.
O entendimento e a análise de conjuntura sobre o enfrentamento do Serviço Social frente à realidade nas décadas de 1930 e 1940 estavam imbuídos de uma característica assistencial e controladora, que favorecia o capitalismo e o desenvolvimento industrial, pois sua atuação era imediatista, fruto da iniciativa particular de vários setores da burguesia, respaldados pela Igreja Católica, visando garantir valores morais cristãos e, com o método preconizado pela Ação Católica, ver, julgar e agir. 
Nadécada de 1950, em que a metodologia consistia em ver através da constatação da realidade por meio da observação pessoal, visando fazer alguma coisa enquanto juventude da igreja, a comparação dos princípios evangélicos em comparação com a realidade seria o julgar e o agir em resposta a um problema concreto com uma solução concreta. O Serviço Social no Brasil foi instituído para atender às necessidades da população. 
Segundo Iamamoto (1995), ele passou a existir no início da década de 1930, por meio do movimento católico, sob influência de sua origem, com ações respaldadas pelo foco individualista, o que gerou uma necessidade de desenvolver ações grupais. E já no final da década de 1940, ações de organização de comunidade vislumbravam ações assistencialistas e filantrópicas por meio da coordenação de líderes das igrejas, para beneficiar pontualmente algumas famílias ou pessoas.
Nos períodos iniciais da profissão, desde as origens até os primeiros anos da institucionalização profissional, a influência da Igreja Católica ocorreu a partir das duas encíclicas papais: a Rerum Novarum, de Leão XIII, e a Quadragésimo Anno, de Pio XI. Com o processo de reconceituação e no contexto contemporâneo da profissão, a laicidade e o materialismo histórico dialético reconfiguraram o sincretismo, que acompanhou a sua trajetória histórica e se faz importante como destaque para a memória histórica do Serviço Social. O Serviço Social surge em função de restaurar áreas de influências e prerrogativas que a igreja havia perdido, frente à crescente secularização da sociedade e das complexas relações com o Estado e sua legitimação jurídica no aparato estatal.
As alterações na conjuntura modificam as relações de trabalho e a questão social ao longo de décadas, bem como a relação do Estado com a sociedade civil, e exige que o assistente social busque compreender a realidade dos usuários neste movimento.
12Neste período, grande parte da discussão era pautada pela questão social, a posição do Estado, do empresariado e dos trabalhadores. A participação da Igreja Católica e a reconstrução da sua hegemonia ocorreram a partir dos desdobramentos e instrumentos criados para fortificar o Bloco Católico e as primeiras escolas pelo processo de formação e pelas influências internacionais e conjunturais. 
O entendimento do Serviço Social a partir da imagem construída pelos fundamentos históricos, teóricos e políticos que percorreram o Serviço Social no Brasil trouxe, em sua definição e em suas particularidades, a representação da realidade e as possibilidades de mudanças conforme a profissão passa a andar por novos rumos e adquirir compromissos históricos com outras disciplinas e com diferentes demandas. O direcionamento do Serviço Social no Brasil foi constituído pelo grande investimento intelectual, que permitiu fundamentar a perspectiva de que ele fez parte de um procedimento de construção de uma imagem renovada, convivendo dialeticamente com outros arranjos tradicionais e conservadores.
A Profissão e a Reconceituação
A profissão do Serviço Social passa a ser inscrita na divisão social e técnica do trabalho, na medida em que se estabeleceu um mercado de trabalho, evidenciando que a profissionalização do Serviço Social, legalmente inserida em órgãos públicos, ocorre em 1935, sendo legalizado o ensino da profissão no final da década.
A orientação para o exercício profissional no início da profissão era o referencial do Serviço Social europeu, com fundamentos na razão formal abstrata, por meio das doutrinas Neotomista e Positivista. Nos anos 1940, o referencial que passa a guiar o exercício profissional é o de caso, grupo e comunidade, de origem do Serviço Social dos Estados Unidos. O Neotomismo foi baseado nas doutrinas da Igreja Católica, que subsidiaram a prática profissional do assistente social na perspectiva assistencialista e moralista; já o Positivismo trouxe a sua influência no Serviço Social quando a profissão começa a questionar a sua intervenção e quando as técnicas norte-americanas passaram a ser utilizadas na intervenção profissional.
No Brasil, apenas na década de 1940 foram estabelecidas as primeiras instituições socioassistenciais como espaços de intervenção profissional, pois as práticas institucionalizadas e as atividades desenvolvidas pelo Serviço Social foram visíveis em função da adequação da profissão ao projeto reformista conservador e aos princípios positivistas e cristãos. Para o Serviço Social, a busca pela transformação profissional frente ao rompimento com o conservadorismo ocorreu em alguns países da América Latina, além da realidade brasileira.
No Movimento de Reconceituação, no Brasil, houve questionamentos da configuração profissional, desde o processo de intensificação da industrialização, no governo de Juscelino Kubitschek, perpassando pelos governos populistas de Jânio Quadros e João Goulart e por todo o regime militar. O desenvolvimento do Movimento de Reconceituação do Serviço Social brasileiro na perspectiva modernizadora se apresentou visando atingir a uma maior cientificidade para a profissão, alterando processos metodológicos sem modificar significativamente seus objetivos e as perspectivas de Reatualização do Conservadorismo e de Intenção de Ruptura, que se apresentaram vislumbrando uma base crítica e emancipatória, a qual, posteriormente, fundamentou o projeto ético-político do Serviço Social.
Para Netto (2011), a perspectiva modernizadora, em 1965, buscou o rompimento do Serviço Social tradicional de modo tímido frente ao desbravamento e enfrentamento de conflitos com as normas fundantes de suas posturas.
Essa perspectiva inserida no processo de desenvolvimento capitalista, no regime militar, considerando a profissão do Serviço Social como interventora, dinamizadora e integradora, investiu em ocultar a crise democrática proveniente do regime militar, despertando para o não questionamento da ordem social e política de 1964, distanciando-se da essência transformadora que originava o Movimento de Reconceituação.
A perspectiva modernizadora mantém a essência do Serviço Social, mas apenas remodela alguns aspectos e a instrumentaliza para atuar em pleno governo militar, com a abertura de espaços institucionais, convencionando a proposta do Estado brasileiro de apontar políticas sociais com teor integrador, para possibilitar o desenvolvimento do capitalismo nacional e inserir o país no rol dos países industrializados, ampliando seus campos econômicos, desconsiderando a realidade dos trabalhadores. De acordo com Faleiros (2000 apud BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 136), “no contexto da perda das liberdades democráticas, de censura, prisão e tortura para vozes dissonantes, o bloco militar-tecnocrático-empresarial buscou adesão e legitimidade por meio da expansão e modernização de políticas sociais”. 
A perspectiva modernizadora é a primeira a se manifestar junto ao Movimento de Reconceituação do Serviço Social brasileiro, buscando a cientificidade para a profissão sem romper profundamente com o conservadorismo, optando por uma teoria conservadora manifesta por meio do estrutural funcionalismo. Tendo em vista as próprias características do desenvolvimento da sociedade, essa característica foi capaz de se adequar ao governo por meio de um posicionamento tipicamente estrutural-funciona-lista, instrumentalizado por meio da diretriz profissional e da aquisição de conhecimentos técnicos capazes de interferir na sociedade.
O Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social (CBCISS) foi a instituição que estimulou os assistentes sociais para a renovação por meio de seminários, para se pensar um Serviço Social reformulado, com o propósito de que novas posturas pudessem legitimar os profissionais nesse período de desenvolvimentismo, em busca de esclarecer conceitos, valores de base e conhecimentos necessários para uma prática eficiente. As produções do CBCISS, como o Documento de Araxá, em 1967, sob a presidência de Helena Iracy Junqueira, sobre a teorização do Serviço Social; o de Teresópolis, em1970, sob a coordenação de Edith Motta, sobre a Metodologia do Serviço Social; e o de Sumaré, em 1978, sob a coordenação de Leila Maria Vieira Bugalho, sobre a cientificidade do Serviço Social, vislumbrando a teorização do Serviço Social, provenientes de estudos profissionais, resultantes de seminários que ocorrem no Brasil no período do regime militar, buscando a superação do tradicionalismo do Serviço Social.
Os documentos de Araxá, Teresópolis e Sumaré são os primeiros identificados no Movimento de Reconceituação do Serviço Social, quando a base dos profissionais foi consultada sobre a sua prática. Os participantes do seminário de Araxá reconheceram a importância do momento histórico, acreditando que os resultados foram um marco para o processo de elaboração do conteúdo técnico-científico do Serviço Social, buscando a reformulação na teoria, na metodologia, no ensino e nos meios de comunicação do Serviço Social com a população, vislumbrando esse compromisso como desafio.
O documento de Araxá, de 1967, ocorreu a partir da discussão da metodologia do Serviço Social, objetivando redefinir os objetivos, as funções e a metodologia, na tentativa de adequar-se ao contexto econômico social da realidade brasileira por meio de discussões sobre os conceitos básicos e a metodologia quanto à natureza do Serviço Social e à prática institucional, bem como sobre a valorização e melhoria das condições do ser humano, tendo como referência a Declaração Universal dos Direitos Humanos e os objetivos operacionais para identificar e tratar problemas ou distorções residuais que impediam as pessoas de alcançarem padrões econômicos compatíveis com a dignidade humana.
O avanço no seminário de Araxá ocorre ao expandir o Serviço Social de executor de políticas sociais ou tradicionais serviços para um profissional que é formulador e gestor de políticas sociais. O documento desse seminário, por meio da teorização operacional a partir do modelo básico de desenvolvimento, tem como referencial teórico o método estrutural-funcionalista. O seminário de Teresópolis seguiu uma pauta de três itens, sendo: fundamentos da metodologia do Serviço Social, a concepção científica da prática do Serviço Social e a aplicação da metodologia do Serviço Social.
Ele foi realizado em 1970 e ocorreu a partir dos seguintes critérios de interesse pelo estudo da teoria do Serviço Social: realizações ou vivências profissionais; representatividade de instituições nacionais, públicas e privadas; tempo de formatura; e procedência regional, a partir das temáticas: Teoria do Diagnóstico e da Intervenção Social e a Intervenção em Serviço Social; Diagnóstico e Intervenção em Nível de Planejamento, incluindo situações globais e problemas específicos; Diagnóstico e Intervenção em Nível de Administração; e Diagnóstico em Nível de Prestação de Serviços Diretos a Indivíduos, Grupos, Comunidades e Populações. 
O seminário desenvolveu-se com a apresentação da proposta sobre a Pesquisa em Serviço Social no Brasil, a análise e o debate em plenário. Os relatórios dos grupos versaram sobre fenômenos e variáveis significativos para a prática do Serviço Social e a concepção científica da prática do Serviço Social, apontando para uma requalificação profissional, definindo o perfil sociotécnico da profissão e a inscrevendo no circuito da modernização conservadora. O seminário de Sumaré, por sua vez, discutiu três temas básicos: o Serviço Social e a cientificidade; o Serviço Social e a fenomenologia; e o Serviço Social e a dialética Ocorreu em 1978 e fez apontamentos de novos questionamentos para serem discutidos, como o Serviço Social numa perspectiva do método científico de construção e aplicação; o Serviço Social a partir de uma abordagem de compreensão e de interpretação fenomenológica do estudo científico dessa área; e o Serviço Social a partir de uma abordagem dialética.
O tema Serviço Social e Fenomenologia apresentou a fenomenologia como ciência do vivido, entendida como o ato de significar ou dar sentido a alguma coisa, que nem todas as experiências são vividas conscientemente e que ela é compreensiva e não explicativa. 
Também, defendeu-se o pluralismo, colocando que o objeto do Serviço Social são as situações-problema reais e que o movimento de Reconceituação vem evidenciar as contradições do Serviço Social e a posição de uma visão idealista e tradicional dele, o que implica a revisão teórica e metodológica do Serviço Social, a identificação do Serviço Social como um dos aparatos ideológicos do Estado para manutenção do sistema capitalista e uma prática do Serviço Social ideologicamente comprometida, bem como a aprovação do método dialético como referencial para ação e interpretação.
A Fenomenologia e sua influência no serviço social
No início do século XX, Edmund Husserl (1859-1938) apresentou a Fenomenologia, a qual foi uma corrente filosófica que fundamentou as bases históricas e teóricas da profissão em seu processo de desenvolvimento no Brasil. Ela se consolida como uma linha de pensamento, como ciência do fenômeno, sendo este compreendido como aquilo que é imediatamente dado em si mesmo à consciência do homem, um modo de ver a essência do mundo e de tudo que nele existe.
É uma ciência rigorosa, não exata, que busca a compreensão da essência, ocupando-se da análise e interpretação dos fenômenos, mas com uma atitude totalmente diferente das ciências empíricas e exatas, pois os fenômenos são os vividos pela consciência. Como o fenômeno é o objeto de investigação, essa corrente traz em seu significado o desvelar, nos levando a entender que ele é tudo o que se manifesta, se desvela e se mostra à consciência da pessoa que o questiona.
Pondera-se que não há consciência pura, isolada do mundo, ao mesmo tempo em que toda consciência é de alguma coisa que existe no mundo. Os admiradores da Fenomenologia entendem que o mundo da história é o mundo da mudança, do particularismo, e que a particularidade do ser é que o faz se tornar compreendido.
O grande propósito é atingir a essência do vivido, do pensado, para se encontrar os fundamentos buscados, por isso, estudá-la se torna um grande desafio e deve ser feito com muita dedicação, para que as perguntas mais frequentes sejam respondidas, desde o seu entendimento até sua definição. O entendimento da epoché fenomenológica, que significa suspender o juízo do mundo diante do fenômeno e das crenças referentes ao mundo natural, demonstra que o estudioso ou o pesquisador deve deixar de olhar o fenômeno de uma forma comum, abdicando dos preconceitos em relação ao que se questiona.
A Fenomenologia colocou uma visão existencial do trabalho social, proporcionando a aplicação da teoria social. O Serviço Social se aproximou dela para tentar explicar os fenômenos humanos e da sociedade, mas outras correntes filosóficas ganharam maior peso ao longo do desenvolvimento da categoria profissional. Já a influência no Serviço Social se realizou por meio da intervenção social, com um procedimento sistemático de ajuda psicossocial, por meio de um diálogo que possibilita mudanças a partir das experiências da pessoa, dos grupos e da comunidade.
O processo de renovação profissional, conhecido como Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil, se expressou em três perspectivas, sendo elas: a Modernizadora, a Reatualização do Conservadorismo e a Intenção de Ruptura. A perspectiva Modernizadora procurou adequar o Serviço Social às exigências sociopolíticas do período ditatorial, inserindo os valores e as compreensões tradicionais em uma nova teoria e metodologia, enquanto a perspectiva de Reatualização do Conservadorismo, embasada teórico e metodologicamente na Fenomenologia, buscou fundamentar o exercício do Serviço Social na ajuda psicossocial; e a perspectiva de Intenção de Ruptura procurou romper com o pensamento conservador e com o reformismo, atrelando-se à tradição marxista. Neste importante processo de renovação, 19ocorreram diferentes momentos de reflexão teórico-cultural e ideológica e política.
O Homem como ser social
As relaçõessociais e o ser social
O surgimento do Serviço Social no período do capitalismo monopolista estava relacionado à necessidade da concepção de novas formas de controle, frente ao caráter repressivo da época, para a intervenção nas expressões da questão social. O referencial tradicional e conservador da profissão passa, então, a ser questionado pela categoria dos profissionais do Serviço Social. Esse movimento acontece porque esse pensamento não representava um projeto construído pelos profissionais, mas uma identidade conferida à profissão pela burguesia, desde a sua extensa trajetória marcada pelo referencial ideológico da Igreja Católica.
A partir do capitalismo monopolista e das mudanças na dinâmica social burguesa, surgiu a necessidade de enfrentamento das condições de vida e de pobreza da população, mas não mais de forma repressiva pelo Estado, e sim, por meio da edificação de uma ação coletiva pela sociedade. A distinção entre moral e religião apresentou a necessidade de construir uma moralidade racional, fundamentada na autoridade, que embasasse a sociedade burguesa e garantisse a harmonia e coesão social
[...] origina-se do desenvolvimento da sociabilidade; responde à necessidade prática de estabelecimento de determinadas normas e deveres, tendo em vista a socialização e a convivência social. Faz parte do processo de socialização do indivíduo reproduzindo-se através do hábito e expressando valores e princípios socioculturais dominantes, numa determinada época histórica. Possibilitando que os indivíduos adquiram um senso moral (referido a valores, por exemplo, a justiça), ou seja, tornem-se conscientes de valores e princípios éticos. Ao serem internalizados, transforma se em orientação de valor para o próprio sujeito e para juízo de valor em face dos outros e da sociedade. (BARROCO, 2006, p. 42).
A moralidade pode assinalar o grau de sociabilidade de determinada sociedade, produzindo indicativos de que as regras estão sendo seguidas pelas pessoas ou não. O senso moral, por sua vez, faz referência aos valores locais de uma sociedade, mobilizados quando se fica sabendo da situação de pobreza em alguns países do mundo, em que crianças e adultos morrem por fome e falta de assistência. O conservadorismo interfere socialmente a partir de uma situação moral, e sua ação vislumbra a recuperação da moral tradicional, com o objetivo do dever moral, de resgate da tradição e da compreensão de que os valores são absolutos, o que pode significar tanto uma atitude de conformismo diante da norma repressiva como a transferência da liberdade para a esfera de uma realidade transcendental.
A partir da consideração da discussão de moral e ética e do entendimento das situações enfrentadas pela população e de seu quadro de pobreza, surgiu a necessidade de ações vislumbrando políticas sociais privadas, como as associações profissionais e os clubes de serviços, que atuam como uma associação de pessoas e de diferentes profissionais, com um objetivo comum: a socialização entre seus integrantes para o bem comum de um grupo ou de uma sociedade. Desse modo, as atitudes de solidariedade e cristãs se construíram no dever cívico, ocupando cada vez menos espaço com as situações de desigualdade social. Com a crise econômica, social e moral que se apresentou nos países capitalistas a partir do final dos anos 1970, essa solidariedade universal, que fundamentou os sistemas de seguridade social, passou a ser questionada pelos teóricos neoliberais e pelos neoconservadores, em busca de retroceder a solidariedade do passado a partir de princípios humanitários e altruístas.
A trajetória histórica da assistência social no Brasil aconteceu de forma crescente, junto ao agravamento da ordem econômica, política e social, proporcionando choques políticos e sociais entre grupos subalternizados da sociedade, o Estado e a burguesia. A política social surgiu e adquiriu utilidade social, desenvolvendo condições para se firmar a profissão, objetivada com as diferenças e contradições que o sistema capitalista provocava e focando também nas situações de vulnerabilidade pessoal e social. 
A assistência social, em resposta ao Estado e às expressões da questão social, marcou densamente a relação com a igreja, em virtude do seu pioneirismo, da caridade e do dom de servir ao próximo. Na década de 1930, com a crise econômica e o agravamento das desigualdades sociais, o governo passou a reconhecer a existência de problemas de grande relevância aprovando diretrizes para o atendimento a âmbitos mais carentes e vulneráveis.
A profissão traz, pois, em suas raízes, o selo de legitimidade de classe, como um dos instrumentos a serviço da dominação político-ideológica e da apropriação econômica, isto é, como um tipo de ação social essencialmente política, ainda que travestida de aparência técnica-burocrática e filantrópica-moralizadora. Assim sendo, o desafio do ensino de prática acompanha historicamente a trajetória profissional, suas continuidades e rupturas. A indagação que se apresenta, hoje, pode ser assim formulada: como responder academicamente às exigências de formação para a prática profissional sob novos parâmetros históricos e políticos-intelectuais? (IAMAMOTO, 1995, p. 194 -195).
Entender o fenômeno humano e as dificuldades de acessar o mundo do trabalho e alcançar a consciência de mundo e de ser social, aqui representado pela imagem de uma árvore que brota em um terreno pedroso e que mantém a vida vegetativa apesar de um terreno não totalmente propício para isso, nos mostrando que as relações e as condições que são apresentadas nem sempre são compatíveis com o que se idealiza ou se acredita.
O assalariamento profissional e a ocupação de um espaço na divisão socio-técnica do trabalho, entendida como uma profissão que almeja desvendar suas particularidades como parte do trabalho coletivo e de uma atividade coletiva de caráter eminentemente social e que coloca o Serviço Social brasileiro na perspectiva de aumentar seus referenciais técnicos para a profissão. O questionamento ao referencial positivista tem início na conjuntura de mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que disseminam nos anos 1960, com as novas configurações que marcam a expansão do capitalismo mundial, conferindo à América Latina um caráter de desenvolvimento excludente e dependente. O Serviço Social caminha para melhorar frente às inquietações e insatisfações desse momento histórico e direciona seus questionamentos ao Serviço Social tradicional por meio de um extenso movimento, de um processo de revisão teórico, metodológico, operativo e político.
Esse movimento de renovação que aparece no Serviço Social na sociedade latino-americana coloca aos assistentes sociais a necessidade de construção de um novo projeto empenhado com as demandas das classes menos favorecidas economicamente e em suas mobilizações. Por meio desse movimento, de questionamentos à profissão, que ocorre de forma diferenciada de acordo com as realidades de cada país, a interlocução com o marxismo se configurou para o Serviço Social latino-americano, como a apropriação da matriz teórica da teoria social de Marx. Esse movimento de Reconceituação e seus desdobramentos se definem de forma mais clara nas tendências voltadas à fundamentação do exercício e nos posicionamentos teóricos do Serviço Social.
As ditaduras que tiveram vigência no continente deixaram suas marcas nas Ciências Sociais e no Serviço Social, o qual, no período de 1960 a 1970, permaneceu em inércia. Na década de 1970, a formação e o exercício profissional no país modificaram-se como desenvolvimento do debate e da produção intelectual do Serviço Social brasileiro, procedendo na explicitação das vertentes modernizadora e na vertente guiada pela fenomenologia. No entanto, é com esse referencial, ambíguo em um primeiro momento, do ponto de vista teórico, mas posicionado do ponto de vista sociopolítico, que a profissão questiona sua prática institucional e seus objetivos de adaptação social, ao mesmo tempo em que se aproxima dos movimentos sociais.Essas tendências, que configuram linhas diferenciadas de fundamentação teórico-metodológica para a profissão, acompanharam a trajetória do pensamento e da ação profissional nos anos subsequentes ao Movimento de Reconceituação e se conservaram presentes até os anos recentes, apesar de seus movimentos, de suas redefinições e da emergência de novos referenciais nesta passagem de milênio. A compreensão do Serviço Social, a partir do conceito construído pelos fundamentos históricos, teóricos e políticos que percorreram o Serviço Social no Brasil, traz em seu significado e nas suas particularidades a representação da realidade e as possibilidades de mudanças à medida que a profissão passa a trilhar novos rumos e a assumir compromissos históricos com outras disciplinas e com diferentes demandas, por meio de relações interdisciplinares com as diferentes políticas públicas e com os profissionais de especificidades diversas, que em uma somatória oferecem condições de leituras e análises ampliadas, como o caso da Psicologia, Pedagogia, Economia, entre outras.
O conservadorismo da Igreja Católica e a teoria social positivista formam as primeiras matrizes do conhecimento e da ação do Serviço Social brasileiro. A relação da profissão com o ideário do pensamento social da Igreja Católica se constitui numa relação que imprime o caráter apostolado, concebendo a questão social como problema moral e atribuindo intervenções para a priorização da família e do indivíduo enquanto solução dos problemas sociais, materiais e morais. O Serviço Social surge para atuar sobre os valores e comportamentos das pessoas, a partir do referencial moral da igreja.
Almeida apresenta três sínteses da memória do Serviço Social:
A primeira configura a história do primeiro estágio do desenvolvimento do Serviço Social em sentido restrito e particular; ou seja, a memória da implantação dos primeiros programas de Serviço Social na cidade do Rio de Janeiro. A segunda síntese compreende a evolução do Serviço Social desenvolvida numa perspectiva funcionalista reduzida do Modelo Social Work. Este procedimento metódico está explícito em termos concretos numa formulação de caráter sistemático, que designamos de Modelo Funcional. A terceira síntese configura de forma inacabada um modelo histórico. Admite os dois quadros referenciais, os dois métodos e as técnicas dos dois modelos anteriores; colocando-os em contradição. (ALMEIDA, 1986, p. 61).
O modelo proposto por Almeida para o primeiro momento, no período de 1932 a 1945, versou na implantação e no desenvolvimento inicial do Serviço Social no Brasil, contando com a participação de alunos do Instituto Social do Rio de Janeiro e provocando grandes modificações na estrutura socioeconômica do país, revelando tanto crescimento de riqueza e oportunidades como graves problemas, por exemplo, na questão da industrialização, agrária, de urbanização, na relação com a igreja, entre outros. O processo de institucionalização do Serviço Social brasileiro se deu com o processo de produção e reprodução das relações sociais no contexto contraditório, oriundo das relações entre as classes sociais antagônicas na consolidação do sistema econômico capitalista, que contou com a interferência do Estado nos processos de regulação social. Esse processo teve início na década de 1930, quando o governo do Presidente Getúlio Vargas, por meio da Consolidação das Leis do Trabalho, do salário mínimo, entre outros aspectos, reconhece a questão social no âmbito das relações do capital e do trabalho.
A questão social foi transformada em problema de administração pública, sendo o Estado responsável pela criação e pelo desenvolvimento de políticas para a regulação da questão social nos mais diversos setores da vida da população a nível nacional. A criação do Serviço Social enquanto profissão responde a determinações históricas e sociais, nas quais, muitas vezes, o assistente social é reconhecido como o profissional da ajuda, do auxílio, da gestão dos serviços sociais, orientando e esclarecendo a população quanto aos seus direitos, serviços e benefícios disponíveis.
Categoria de trabalho na constituição do ser social
A concepção de trabalho constante no projeto de formação profissional do Serviço Social é a compreensão de que, por meio da ação e organização do trabalho, foram situadas as condições de existência e reprodução social dos indivíduos historicamente. O trabalho do assistente social é concreto e abstrato, pois seu exercício profissional especializado se alcança por meio do trabalho assalariado, na relação de compra e venda de sua força de trabalho, subordinado às determinações da alienação e exploração, inserido na trajetória do valor.
O significado das relações de poder, que extrapola o conceito de poder propriamente dito para um conceito que está em constante transformação e enquanto realização de uma prática social, pode ser entendido como a coisificação das relações, quando o trabalho adquire a forma mercantil que afeta as relações sociais, coisificando-se.
O Serviço Social, no processo de reprodução material e social da força de trabalho, por meio dos serviços sociais previstos em programas desenvolvidos em diversas áreas, como na assistência social, na saúde, na educação, entre outras, interfere na reprodução da força de trabalho, portanto, é tido como socialmente necessário. Por várias décadas, a profissão vivenciou um processo de renovação, com importantes redefinições teóricas e metodológicas, como também éticas e políticas. A fundamentação teórica da relação do Serviço Social com o trabalho é uma discussão necessária e constante para fortalecer os elementos inovadores para crítica e apreensão da profissão.
Contextualização histórica, política e econômica do Movimento de Reconceituação do Serviço Social
Para a contextualização histórica, política e econômica do Movimento de Reconceituação do Serviço Social, destacamos, primeiramente, o governo de Juscelino Kubistchek, de 1º1 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de 1961, que teve como base um perfil desenvolvimentista, com a execução de obras de impacto para a economia brasileira e para a sociedade, e como marca de seu governo o propósito de crescer cinquenta anos em cinco por meio da implementação de um Plano de Metas.
Com a intensificação do desenvolvimentismo nesse governo, o crescimento econômico e industrial ocorreu alicerçado nos capitais estrangeiros; permitiu a ampliação do campo industrial e negociações de diversas classes e ideologias; e ampliou relações comerciais externas, desprovendo as necessidades das relações sociais no país. Na sequência, houve o governo do presidente Jânio Quadros, de 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961, quando renunciou.
 Jânio Quadros tinha grande simpatia do eleitorado, e como símbolo de sua campanha, uma vassoura, justificando que varreria a corrupção do cenário político brasileiro e combateria a crise econômica, admitindo medidas anti-inflacionárias e a desvalorização da moeda para conter as importações, logo, houve o congelamento de salários e restrições de crédito. O presidente deixou de contar com o apoio do Congresso Nacional e renunciou. O presidente do Congresso Nacional, o deputado Paschoal Ranieri Mazzilli, assumiu o poder interino do país durante treze dias, de 25 de agosto a 7 de setembro de 1961. Nesse período, o vice-presidente João Goulart estava em missão diplomática na China e seu retorno foi desaconselhado pelo Ministro da Guerra, em face de sua proximidade ao movimento sindical e a outras representações de classe, instalando uma tensão política que culminou em um encaminhamento diplomático, alterando o sistema de governo brasileiro de presidencialismo para parlamentarismo.
João Goulart assume a presidência em uma instância diplomática, no parlamentarismo, a fim de se evitar conflitos civis armados e não ferir os interesses do grande capital, levando o Estado a realizar um plebiscito para verificar a possibilidade de manutenção desse regime ou a volta do presidencialismo, resultando na vontade da populaçãopara retornar ao presidencialismo.
O retorno do presidencialismo, com João Goulart, levou à elaboração do Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico, visando corrigir as distorções da distribuição de renda, evidenciando polêmicas nas áreas do sistema tributário, da administração pública, do sistema bancário, do sistema universitário e da reforma agrária.
O governo, no final de 1963, apresentava uma instabilidade política, vislumbrando greve geral, declarações de intenção de golpe, enfraquecimento dos militares mais moderados e adesão de grande parcela da juventude em assuntos políticos e ideologias de esquerda. Os esforços de Jango para conter a crise não foram efetivos, o que desencadeou mobilizações de seus opositores para a derrubada do governo, sendo que, no dia 31 de março de 1964, as forças armadas contrárias acabaram derrubando o governo, originando o regime militar. Nesse período, o Serviço Social se destacou com uma significativa participação na formulação de políticas e de planejamento, obtendo a referência na profissão nas equipes interdisciplinares.
O Cenário Profissional
O processo de rompimento com o Serviço Social tradicional no Brasil se aprofundou com a ditadura militar, instaurada no final da primeira metade da década de 1960, constituindo polêmicas e conflitos na profissão, buscando rediscuti-la como um todo. Nesse contexto, a renovação do Serviço Social brasileiro tomou consistência a partir da busca pelo objetivo de construir um perfil profissional crítico, vislumbrando o redirecionamento profissional, com conteúdo de enfrentamento ao cenário nacional autoritário e centralizador, agindo em conformidade com a mobilização das forças populares democráticas.
No ano de 1965, o Seminário Latino-Americano de Porto Alegre buscou encontrar qual era a contribuição do Serviço Social na superação do subdesenvolvimento frente às conjunturas características de cada país neste continente. Na década de 1960, o mercado se amplia e consolida-se para o profissional assistente social em benefício das novas apresentações da questão social, e no governo de Juscelino Kubitschek, no regime militar, é que ocorre o processo de renovação da profissão no Brasil. 
No final da década de 1960 até o início da década de 1970, a prática profissional manteve-se vinculada ao Serviço Social tradicional, conduzida pelo empirismo e pela burocratização referencias advindas do positivismo e do funcionalismo. A industrialização, durante o regime militar, intensificou o processo de produção e reprodução da questão social, alterando suas formas de manifestação e expressão na sociedade. No final da década de 1960, as políticas setoriais se movimentaram significativamente em favor do capitalismo. Essas novas demandas profissionais calharam a estabelecer para o assistente social novas competências e capacitações.
A perspectiva de Intenção de Ruptura surge no final da ditadura, quando o movimento operário aparece no cenário político e social e muito próximo à discussão que existia no interior do Serviço Social, e que no Congresso da Virada, em 1979, despontou a relação explícita entre os interesses das classes sociais subalternas e sua expressão teórica na Teoria Social, na tradição marxista.
No marxismo, o entendimento como filosofia de práxis compreende que o conhecimento está relacionado aos interesses das classes sociais, portanto, o marxismo seria a forma de consciência teórica dos interesses históricos da classe operária em uma relação consciente entre a Teoria Social e a prática de uma determinada classe social. A trajetória histórica do Serviço Social envolve o conhecimento teórico--metodológico da profissão, uma vez que a prática profissional é sistematizada a partir do conhecimento teórico em consonância com a compreensão da realidade.
O conhecimento metodológico, por sua vez, necessita de uma apreensão maior das dimensões de universalidade, particularidade e singularidade na análise dos fenômenos presentes no contexto da prática profissional” (IAMAMOTO, 2004, p. 191). O Serviço Social, enquanto profissão, materializa-se nas relações sociais e se concretiza a partir do processo histórico da sociedade. A origem do Serviço Social como profissão tem a marca profunda do capitalismo e do conjunto de variáveis com ele incorporado, como a alienação, a contradição e o antagonismo.
 Entretanto, é na esfera estatal a maior concentração de ações provenientes do Serviço Social. Os desafios da profissão surgem na prática cotidiana, quando se dá o contato com os sujeitos e seu modo de viver. Os assistentes sociais precisam decifrar e compreender as formas de organização dos grupos sociais, para que possam construir um projeto profissional que atenda às necessidades dos sujeitos, tanto na sua individualidade como na coletividade
A formação profissional deve dar suporte teórico, ético e político, contribuindo para uma prática comprometida com a participação democrática e cidadã, formulando propostas reais de enfrentamento da questão social e permitindo o envolvimento dos sujeitos na condução da transformação da sua própria realidade e da sociedade.
O termo Questão Social, muitas vezes, é utilizado de forma equivocada em diferentes momentos e realidades, uma vez que o seu entendimento é complexo e refere-se a situações que afetam a humanidade, como a desigualdade, a exploração, a pobreza, entre outras, e que podem se configurar assim desde que entendidas, refletidas e demandadas pela população. Por meio de um processo de entendimento, essas situações são reconhecidas como legítimas e detentoras de direitos, muitas vezes, em resposta às ameaças causadas pela pobreza e pelas lutas sociais, com a burguesia inglesa aliando-se ao Estado e à Igreja. 
A confusão semântica causa algumas situações desagradáveis e pode se tornar um risco quando não for entendida no todo, relativizando ou atenuando todo um quadro de uma ação ou política. A questão social é entendida a partir da relação contraditória entre capital e trabalho, reconhecendo os atores dessa relação e suas reivindicações.
A ruptura com a herança conservadora expressa-se como uma procura, uma luta por alcançar novas bases de legitimidade da ação profissional do assistente social, o qual, reconhecendo as contradições sociais presentes nas condições do exercício profissional, busca colocar-se, objetivamente, a serviço dos interesses dos usuários, isto é, dos setores dominados da sociedade. Não se reduz a um movimento “interno” da profissão, e sim, faz parte de um movimento social mais geral, determinado pelo confronto e pela correlação de forças entre as classes fundamentais da sociedade, o que não exclui a responsabilidade da categoria pelo rumo dado às suas atividades e pela forma de conduzi-las.
O ser social é mais do que o trabalho, pois o ser humano tem uma percepção de vida que transcende o trabalho para outras ações. O ser social é entendido como um ser real e dialeticamente constituído na vida, que se constitui pelas relações sociais capitalistas e pela exploração entre os seres humanos, perante a correlação de forças e exploração do trabalho pelo capital.
O Ser Social
O homem se diferencia dos animais pela sua capacidade de transformar a própria natureza e a si mesmo, desde criar condições materiais para a sua sobrevivência até gerar novas necessidades e possibilidades. Desta forma, estabelece-se o princípio da liberdade, estabelecendo alternativas possíveis dentro das possibilidades concretas. A tese de Marx propõe a fundamentação da realidade e da liberdade humana e defende a liberdade e a relação do singular e do universal.
 Ao longo de sua evolução filosófica, ele amadurece suas ideias por meio da compreensão do trabalho enquanto categoria fundamental de concretização da liberdade humana. A ideia de trabalho do filósofo se opõe à forma intrigante de trabalho na modernidade, o trabalho estranhado suprime a liberdade humana e a torna sujeita ao capital. Marx, quando se objetiva, se apropria da realidade, da essência da dialética, portanto, para ele, a consciência humanasó se produz na relação do trabalho, com a totalidade humana e por meio da filosofia.
Alguns conceitos e aspectos das obras de Marx buscam fundamentar o entendimento da crítica à liberdade, aos direitos humanos, aos direitos sociais, entre outros temas fundamentais para o entendimento e a busca da emancipação humana.
Mas a emancipação humana só estará plenamente realizada quando o homem individual real tiver recuperado para si o cidadão abstrato e se tornado ente genérico na qualidade de homem individual na sua vida empírica, no seu trabalho individual, nas suas relações individuais, quando o homem tiver reconhecido suas forças próprias como forças sociais e, em consequência, não mais separar de si mesmo a força social na forma da força política. (MARX, 2010, p. 54).
Marx entende a liberdade como uma desconstrução da alienação da razão por meio da emancipação política, e amadurece o pensamento tratando a desalienação do fazer sem abandonar o projeto de desalienação da razão pública, reconhecendo que razão e fazer são expressões de um mesmo movimento, a práxis.
O trabalho, na concepção marxista, é como o processo de participação e objetivação do ser social para a vida social, como expressão da atividade social e da produção material das condições para a sobrevivência.
O trabalho, em seu caráter universal e sócio-histórico, produz formas de intercâmbio humano, como a linguagem, as representações e os costumes, em um conjunto de relações humanas que produz as formas da vida em sociedade.
A categoria trabalho assume a centralidade na constituição do ser social, e o trabalho opera enquanto processo de transformação da natureza e da matéria-prima em produto para o atendimento às necessidades dos homens em sociedade, como atividade fundamentalmente humana. Nessa relação, ao mesmo tempo, o homem transforma a natureza e se transforma, e o trabalho se apresenta como fundante do ser social e sugere uma interação no padrão da sociedade, que afeta as pessoas e a sua organização.
O desenvolvimento do ser social é apresentado como o processo de humanização dos homens, no qual o trabalho aparece como objetivação primária, como o afastamento das determinações naturais, enquanto o ser social prepara a sociabilização e a interação social. A práxis é a categoria que inclui o trabalho e as demais objetivações humanas, possibilitando captar a riqueza do ser social desenvolvido.
Em 1976, o curso de Serviço Social consolidou o seu processo de renovação, com a abertura dos programas de pós-graduação na área, a instauração do pluralismo teórico, ideológico e político no marco profissional e a crescente distinção das concepções profissionais, com diferentes matrizes teórico-metodológicas. As forças políticas que incidem nas condições e nas relações de trabalho do assistente social envolvem uma série de mediações, as quais, por sua vez, acontecem no processamento da ação e nos resultados projetados, tanto individual como coletivamente, o que possibilitou, desde o período da ditadura, a influência no desenvolvimento do Serviço Social. Já o processo de democratização, a partir da década de 1980, acalorou na profissão a necessidade de rever seu significado e sua inserção na sociedade.
O Serviço Social e as Demandas
A influência do Movimento de Reconceituação, iniciado na década de 1960, aproximou o Serviço Social das demandas da classe trabalhadora e categoricamente instituiu elementos teóricos mais sobrecarregados, com o Serviço Social aprofundando sua produção teórica na discussão sobre a dimensão investigativa da profissão, na necessidade de uma leitura crítica da realidade e na superação da fragmentação entre teoria e prática, colocando a Questão Social como seu objeto de intervenção
O Serviço Social amplia os campos de atuação, passando a atuar no terceiro setor e nos conselhos de direitos, além de ocupar funções de assessoria, entre outras.
Algumas tendências teórico-metodológicas se incorporaram na fundamentação e prática da profissão em virtude dos avanços e desafios colocados perante a dinâmica da sociedade, envolta em aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.
Serviço Social Brasileiro
Entendendo que o conhecimento não é manipulador, e sim, dialético perante a realidade em movimento, movimento este contraditório em suas relações sociais na sociedade capitalista. A vertente marxista remete a profissão à consciência de sua inserção na sociedade de classe, e no Brasil vai configurar‐se, inicialmente, como uma aproximação ao marxismo sem o recurso ao pensamento de Marx.
 Efetivamente, a apropriação da vertente marxista no Serviço Social brasileiro e latino‐americano se caracteriza pelas abordagens reducionistas e pela influência do cientificismo e do formalismo metodológico e estruturalista, presente no marxismo althusseriano, o qual se apresentou no Serviço Social como um marxismo equivocado, que recusou a via institucional e as determinações sócio-históricas da profissão.
No entanto, é com esse referencial, o qual é precário em um primeiro momento, do ponto de vista teórico, mas posicionado do ponto de vista sociopolítico, que a profissão questiona sua prática institucional e seus objetivos de adaptação social ao mesmo tempo em que se aproxima dos movimentos sociais. Neste período, inicia-se uma vertente comprometida com a ruptura com o Serviço Social tradicional, na qual Netto (2011) apresentou que a profissão ofereceu linhas diferenciadas de fundamentação teórico‐metodológica, tendendo a acompanhar a trajetória do pensamento e da ação profissional nos anos seguintes ao Movimento de Reconceituação.
A atenção na questão social ultrapassa os limites do Serviço Social tradicional para além da situação social, sem compreender a essência das desigualdades. A questão social, frente às novas expressões na contemporaneidade, mantém sua particularidade relacionada ao modo de produção na sociedade capitalista e às expressões da questão social, destacando a pobreza, a exclusão e a subalternidade perante as desigualdades.
A Questão Social é a expressão das desigualdades sociais constitutivas do capitalismo e as suas diversas manifestações, que são indissociáveis das relações entre as classes sociais que estruturam esse sistema. Nesse sentido, a Questão Social se expressa também na resistência e na disputa política. Para a categoria profissional, o objeto de intervenção da profissão é entendido como a Questão Social.
Conforme Iamamoto (2004, p. 236), “[...] o Serviço Social não atua sobre a realidade, mas atua na realidade”. A renovação do Serviço Social foi uma resposta à sua crise de legitimidade, a funcional e a social, com a tecnificação da prática profissional, em uma perspectiva modernizadora e no rompimento com as tradicionais instituições empregadoras dos profissionais. O pensamento crítico dos profissionais do Serviço Social se desenvolveu por meio de um processo durante o regime militar, principalmente nas universidades, seguindo uma trajetória desde a emersão do Método BH (1972-1975), a consolidação do Congresso da Virada (1979), o Currículo de 1982, implementado a partir de 1984, e o Código de Ética de 1986.
 O Método BH, resultante da experiência desenvolvida na Universidade Católica de Minas Gerais, no período de 1972 a 1975, foi uma escolha de rompimento do tradicionalismo do Serviço Social, apontando a ação social da classe oprimida como objeto de intervenção profissional, visando à 61transformação da sociedade e do homem por meio da organização, capacitação, mobilização e relação plena da profissão com a história da sociedade brasileira, a partir de profissionais da vanguarda do Serviço Social envolvidos na luta contra o regime militar.
A empregabilidade prática desse método seguiu o processo em três momentos, sendo o sensível, o abstrato e o racional ou científico. O momento sensível, em contato com a população; o momento abstrato, com a formação de grupos de discussão sobre os diversos problemas identificados em uma realidade; e o racional ou científico, como um momento de síntese dos diversos gruposem reuniões plenárias, visando à produção de novos conhecimentos, mas alcançou-se a sistematização do senso comum, não saindo do empirismo. 
A conquista do método BH foi ampliar o espaço profissional e ganhar autonomia profissional no desenvolvimento de uma prática profissional crítica. A partir da constante busca de um novo embasamento teórico e metodológico, de referência marxista, estimulado pela pesquisa científica, é que se redimensiona o significado social da profissão e a construção de um novo projeto profissional. Essa renovação e ruptura com o conservadorismo provocaram um reordenamento das entidades representativas da categoria profissional.
Em 1979, o Serviço Social experimentou um marco histórico para a profissão, o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), conhecido como o Congresso da Virada, por objetivar uma transformação da práxis política e profissional do Serviço Social na sociedade brasileira. Esse congresso representou para a história do Serviço Social no Brasil, além da negação do conservadorismo, o reconhecimento das lutas da classe trabalhadora e dos movimentos sociais e de um novo significado social para o Serviço Social, bem como a destituição da mesa oficial, composta por membros do regime militar, e substituição por representantes das classes trabalhadoras.
Nesse período histórico, o país, por meio de movimentos sociais e sindicais e partidos políticos, clamava pela redemocratização, e foi nesse contexto político que se situou o Serviço Social brasileiro, para a construção do projeto ético-político da profissão, indicando normas para o desempenho dos profissionais e situando os contornos de sua relação com os usuários de seus serviços, com outras profissões e com organizações e instituições sociais. Com a solidificação do Congresso da Virada em 1979, o Serviço Social assentou-se, a partir dos anos 1980, no pensamento de Antonio Gramsci e de suas abordagens sobre o Estado, a sociedade civil, o mundo dos valores, a ideologia, a hegemonia, a subjetividade e a cultura das classes subalternas.
Neste período, evidenciou-se a discussão sobre a literatura de Agnes Heller e a sua problematização do cotidiano, que caminha para Georg Lukács e a sua ontologia do ser social fundada no trabalho, que busca E. P. Thompson e a sua concepção sobre as experiências humanas, além de Eric Hobsbawm, historiador marxista, como fontes de reflexões e posicionamentos ideológicos e políticos.
Esse processo de construção da hegemonia de novos referenciais teórico‐metodológicos e interventivos para o Serviço Social, a partir da tradição marxista, acontece em um amplo debate em diferentes fóruns de natureza acadêmica ou organizativa, passando pela produção intelectual, além do debate. A questão do pluralismo, desde os anos 1980, compõe objeto de polêmicas e reflexões do Serviço Social, pela complexidade e pelos riscos de posicionamentos ecléticos.
As várias tendências teórico‐metodológicas e posições ideológicas e políticas se confrontam, sendo evidente a centralidade assumida pela tradição marxista nesse processo.
Trabalho alienado e sociabilidade no capitalismo
Com o estabelecimento das relações sociais, as condições históricas do trabalho foram criadas em cada modo de produção. O trabalho é entendido como a busca do homem por meios de satisfizer suas necessidades, ocorrendo, portanto, a produção da vida material. O trabalho é definido por Marx enquanto atividade em que o ser humano coloca a sua força de trabalho para produzir os meios de subsistência, visto como um processo de transformação da natureza pelo homem e que, ao mesmo tempo, ele também se transforma.
[...] cada elemento da riqueza material não existente na natureza, sempre teve de ser mediada por uma atividade especial produtiva, adequada a seu fim, que assimila elementos específicos da natureza a necessidades humanas específicas. Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana. (MARX, 1985, p. 50)
O trabalho deve ser analisado sob o aspecto social, unido com o valor, entendendo que o objeto de investigação de Marx é o valor enquanto forma social do produto do trabalho. No capitalismo, o trabalhador é reduzido a um fabricante de valor de troca, o que sugere a negação de sua existência natural, assegurando que o trabalhador e a sua produção estão determinados pela sociedade. O modo de produção capitalista deve ser entendido concomitantemente com as relações de produção entre as pessoas, na vida social, política e intelectual, e igualmente a consciência do homem é determinada pelo seu ser social, pela forma de organização social na qual ele convive.
O trabalho, conforme a perspectiva marxista, está dependente, no sistema capitalista, à finalidade de reproduzir e expandir o domínio material e político da classe capitalista, enquanto a maioria da população está afastada dos meios de produção e de subsistência. O processo de trabalho enquanto análise da atividade humana que realiza uma transformação, para um fim objetivado que o subordina, processo esse que se finda ao chegar à conclusão do produto, que detém um valor de uso, conforme se apresentam as necessidades humanas.
O trabalhador é controlado pelo capitalista, a quem pertence seu trabalho e cuida para que não ocorra desperdício de matéria-prima, para que se gaste o menos possível no cumprimento do dever
Semelhante fato implica apenas que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, se lhe opõe como ser estranho, como um poder independente do produtor. O produto do trabalho é o trabalho que se fixou num objeto, que se transformou em coisa física, é a objetivação do trabalho. A realização do trabalho constitui simultaneamente a sua objetivação. A realização do trabalho aparece na esfera da economia política como desrealização do trabalhador, a objetivação como perda e servidão do objeto, a apropriação como alienação. (MARX, 1964, p. 159).
O capitalista paga um valor pela força de trabalho, como uma mercadoria, portanto, o uso da mercadoria pertence ao comprador, e o detentor da força de trabalho apenas abdica realmente do valor de uso que a vendeu ao vender seu trabalho. O capitalista compra a força de trabalho e incorpora o trabalho a essa somatória de valores, para a acumulação objetivada na exploração no processo de trabalho. De acordo com Marx (1964, p. 211), “o trabalhador deve apenas ter o que lhe é necessário para querer viver e deve querer viver unicamente para isso ter”.
O trabalho alienado compreende alguns aspectos fundamentais, sendo a alienação do homem em relação ao produto do seu trabalho, à sua própria atividade e aos outros homens. Ele ocorre na relação social entre trabalhador e capitalista, na qual o trabalhador é tratado como uma mercadoria.
A alienação do trabalhador no seu produto significa não só que o trabalho se transforma em objeto, assume uma existência externa, mas que existe independentemente, fora dele e a ele estranho, e se torna um poder autônomo em oposição com ele; que a vida que deu ao objeto se torna uma força hostil e antagônica. (MARX, 1964, p. 160).
O homem se aliena em sua atividade produtiva ao ser genérico e em relação a outro homem, pois, sob as afirmações capitalistas, o trabalhador, ao produzir mercadorias que não o pertencem, torna o objeto produzido estranho e independente dele.
O domínio do capital se manifesta por meio da busca pela apropriação desse objeto, na qual o trabalhador, para possuí-lo, realiza grandes esforços, submetendo-se às mais adversas condições de trabalho. O produto do trabalho é o trabalho que se fixou num objeto, fez-se coisa, é a objetivação dele. O trabalhador se torna sujeito do objeto por ele produzido, que lhe é estranho e exterior, e a própria produção também se mostra uma atividade exteriorizada, fazendo com que o trabalho não pertença ao trabalhador, assim como o produto do trabalho

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