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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO LEI Nº 8.072/90 – CRIMES HEDIONDOS .......................................................................................................... 20 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................................................................. 20 CONCEITO DE CRIME HEDIONDO ................................................................................................................................. 20 CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO .................................................................................................................... 20 CRIMES HEDIONDOS E TENTATIVA............................................................................................................................... 21 CRIMES HEDIONDOS E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .............................................................................................. 22 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO POTENCIAL OFENSIVO .............................................................................. 22 CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ............................................................................................. 22 CRIMES DE MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO .............................................................................................. 22 CRIMES DE ELEVADO POTENCIAL OFENSIVO .......................................................................................... 22 CRIMES DE MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO ........................................................................................... 22 CRIMES HEDIONDOS E PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO ................................................................................................ 23 CRIMES HEDIONDOS EM ESPÉCIE ................................................................................................................................ 23 HOMICÍDIO PRATICADO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO .............................................................. 25 HOMICÍDIO QUALIFICADO ....................................................................................................................... 26 HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO (HÍBRIDO) ............................................................................. 27 LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA E SEGUIDA DE MORTE CONTRA “SEGURANÇA PÚBLICA” ......................................... 28 RELAÇÃO DE PARENTESCO ...................................................................................................................... 29 ROUBO .......................................................................................................................................................................... 30 A) CIRCUNSTANCIADO PELA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA ...................................................... 31 B) CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO OU EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU RESTRITO .......................................................................................................................... 31 C) QUALIFICADO PELO RESULTADO LESÃO CORPORAL GRAVE OU MORTE ........................................... 31 EXTORSÃO QUALIFICADA ............................................................................................................................................. 33 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ............................................................................................................................. 34 ESTUPRO ....................................................................................................................................................................... 34 ESTUPRO DE VULNERÁVEL ........................................................................................................................................... 35 EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE ........................................................................................................................... 35 FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS .................................................................................................................................................................. 36 FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL ............................................................................................................................. 37 FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE PERIGO COMUM .. 37 GENOCÍDIO ................................................................................................................................................................... 38 POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE USO RESTRITO ................................................................................................ 38 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 39 COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO ........................................................................................................................ 39 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 40 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 40 NORMA PENAL EXPLICATIVA ................................................................................................................... 40 TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO ................................................................ 40 OBJETO MATERIAL: .................................................................................................................................. 41 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 41 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 41 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, QUANDO DIRECIONADA À PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO .............. 41 O QUE É ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ...................................................................................................... 42 CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS ............................................................................................................ 42 VEDAÇÕES LEGAIS ........................................................................................................................................... 42 VEDAÇÃO À ANISTIA, À GRAÇA E AO INDULTO ............................................................................................................ 42 INAFIANÇÁVEIS ............................................................................................................................................................. 43 VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA ........................................................................................................................... 43 PROGRESSÃO DE REGIME ............................................................................................................................................. 44 DELAÇÃO PREMIADA .................................................................................................................................................... 45 INADIMPLEMENTO DA PENA DE MULTA E PROGRESSÃO DE REGIME ......................................................................... 45 EXAME CRIMINOLÓGICO ..............................................................................................................................................46 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO ......................................................................................................................... 47 PRISÃO TEMPORÁRIA ................................................................................................................................................... 48 QUESTÕES ........................................................................................................................................................ 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................................ 53 LEI Nº 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO ................................................................................. 54 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................................ 54 ORGANIZAÇÃO DA AULA ......................................................................................................................... 54 DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS ................................................................................................................ 54 CADASTRO ............................................................................................................................................... 55 CONCEITOS COMPLEMENTARES ............................................................................................................. 55 REGISTRO ......................................................................................................................................................... 56 CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO ..................................................................................... 56 PORTE DE ARMA DE FOGO .............................................................................................................................. 59 AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE DE ARMA DE FOGO DAS GUARDAS MUNICIPAIS ................................... 60 PORTE PARA CAÇADOR DE SUBSISTÊNCIA .............................................................................................. 61 AUTORIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA PARA OS RESPONSÁVEIS PELA SEGURANÇA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM VISITA OU SEDIADOS NO BRASIL ............................................................................. 61 DOS CRIMES E DAS PENAS ............................................................................................................................... 63 OBJETO MATERIAL........................................................................................................................................................ 63 ARMA DE FOGO ....................................................................................................................................... 63 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 ACESSÓRIO ............................................................................................................................................... 65 MUNIÇÃO ................................................................................................................................................ 65 BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS ................................................................................................................ 66 ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................ 66 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................................ 66 NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ............................................... 66 CRIMES EM ESPÉCIE......................................................................................................................................... 69 ART. 12. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ......................................................................... 69 CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................... 69 ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO PENAL ..................................................................................................... 69 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 70 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 70 CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 70 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 70 ART. 14 – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO .............................................................................. 71 CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................... 71 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 71 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 71 CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 71 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 72 INCONSTITUCIONALIDADE DO PARÁGRAFO ÚNICO ............................................................................... 72 ART. 16, CAPUT – POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU RESTRITO ........................................ 73 PACOTE ANTICRIME ................................................................................................................................. 73 CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................... 73 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 73 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 73 CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 74 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 74 NATUREZA HEDIONDA ............................................................................................................................. 74 OBJETIVIDADE JURÍDICA .......................................................................................................................... 74 BEM JURÍDICO ......................................................................................................................................... 74 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .............................................................................................................. 75 ART. 16. PARÁGRAFO 1º – CONDUTAS EQUIPARADAS ................................................................................................ 76 SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE SINAL DE IDENTIFICAÇÃO ....................................................................76 TRANSFORMAÇÃO PARA ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU PARA INDUZIR EM ERRO A AUTORIDADE ........................................................................................................................................... 77 POSSE, FABRICAÇÃO OU EMPREGO DE ARTEFATO EXPLOSIVO OU INCENDIÁRIO ................................. 77 PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA ...................................................................... 78 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 VENDA, ENTREGA OU FORNECIMENTO DE ARMA DE FOGO A CRIANÇA OU ADOLESCENTE ................. 78 PRODUÇÃO, RECARGA OU RECICLAGEM DE MUNIÇÃO OU EXPLOSIVO................................................. 78 ART. 13 – OMISSÃO DE CAUTELA ................................................................................................................................. 79 CARACTERÍSTICAS E ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME .......................................................................... 79 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 79 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 79 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 80 CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 80 CONCURSO DE CRIMES ............................................................................................................................ 80 ART. 13 – OMISSÃO DE CAUTELA – PARÁGRAFO ÚNICO ............................................................................................. 80 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 80 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 80 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 81 ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................ 81 CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 81 ART. 15 – DISPARO DE ARMA DE FOGO ....................................................................................................................... 82 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 82 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 82 CONDUTAS ............................................................................................................................................... 82 ELEMENTO ESPACIAL ............................................................................................................................... 82 ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................ 82 CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 82 SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA ................................................................................................................... 82 INCONSTITUCIONALIDADE ...................................................................................................................... 83 CONCURSO DE CRIMES ............................................................................................................................ 83 ART. 17 – COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO ............................................................ 85 PACOTE ANTICRIME ................................................................................................................................. 85 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 85 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 85 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 85 ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO ........................................................................................................... 86 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ................................................................................................................... 86 ART. 18 – TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO ................................................ 87 PACOTE ANTICRIME ................................................................................................................................. 88 SUJEITO ATIVO ......................................................................................................................................... 88 SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................... 88 OBJETO MATERIAL ................................................................................................................................... 88 CONSUMAÇÃO......................................................................................................................................... 88 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .............................................................................................................. 89 CAUSA DE AUMENTO DE PENA .................................................................................................................................... 90 FIANÇA E LIBERDADE PROVISÓRIA ............................................................................................................................... 90 CAUSA DE AUMENTO DE PENA .................................................................................................................................... 91 PACOTE ANTICRIME ................................................................................................................................. 91 QUESTÕES GERAIS ........................................................................................................................................................ 91 A VENDA DE ARMA DE FOGO CONFIGURA QUAL CRIME? ...................................................................... 91 ARMAS DE FOGO APREENDIDAS .................................................................................................................................. 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................................ 92 LEI Nº 11.343/2003 – LEI DE DROGAS ............................................................................................................. 93 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................................................................. 93 OBJETIVIDADE JURÍDICA ...............................................................................................................................................93 OBJETO MATERIAL........................................................................................................................................................ 93 O QUE SÃO DROGAS ................................................................................................................................ 94 RESSALVA À PROIBIÇÃO DE DROGAS ........................................................................................................................... 94 SUJEITO ATIVO.............................................................................................................................................................. 95 SUJEITO PASSIVO .......................................................................................................................................................... 95 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................................................................. 96 NATUREZA JURÍDICA .................................................................................................................................................... 96 CRIME DE PERIGO CONCRETO X CRIME DE PERIGO ABSTRATO .............................................................. 96 AÇÃO PENAL ................................................................................................................................................................. 97 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................................................................................... 97 ART. 28 – PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PESSOAL................................................................................. 98 FUGA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ................................................................................................................... 98 NATUREZA JURÍDICA .................................................................................................................................................... 99 CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................... 100 TENTATIVA.................................................................................................................................................................. 100 MATERIALIDADE DO DELITO ...................................................................................................................................... 100 ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................... 100 NÚCLEOS DO TIPO ...................................................................................................................................................... 100 FIGURA EQUIPARADA – ART. 28, §1º ......................................................................................................................... 102 CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAÇÃO COM O TRÁFICO ................................................................................................... 102 PENAS ......................................................................................................................................................................... 103 PRAZO .................................................................................................................................................... 103 DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS: CONSEQUÊNCIAS .............................................................................................. 104 TRATAMENTO AMBULATORIAL NÃO COMPULSÓRIO ................................................................................................ 105 PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................................................... 105 REINCIDÊNCIA............................................................................................................................................................. 105 RITO PROCESSUAL ...................................................................................................................................................... 106 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 CRIMES EM ESPÉCIE: CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS ....................................................................... 107 ART. 33 – TRÁFICO DE DROGAS ..................................................................................................................... 107 SUJEITO ATIVO............................................................................................................................................................ 108 SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................................................................ 108 OBJETIVIDADE JURÍDICA ............................................................................................................................................. 108 CONDUTAS TÍPICAS .................................................................................................................................................... 108 ELEMENTO NORMATIVO ............................................................................................................................................ 109 CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................... 109 TENTATIVA.................................................................................................................................................................. 109 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................................................... 109 LEI 9.099/1995............................................................................................................................................................ 110 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................................................................................. 110 COMPETÊNCIA ............................................................................................................................................................ 110 MATERIALIDADE ......................................................................................................................................................... 111 LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR ............................................................................................... 111 LAUDO DEFINITIVO - EXAME ................................................................................................................. 112 DOSIMETRIA DA PENA ................................................................................................................................................ 112 PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ............................................................................................................ 112 PENA DE MULTA .................................................................................................................................... 113 FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO – CRIME DE ENSAIO ............................................................................... 113 FLAGRANTE FORJADO ................................................................................................................................................ 114 FLAGRANTE ESPERADO ..............................................................................................................................................114 ART. 33, §1º – CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO DE DROGAS ................................................................. 114 TRÁFICO DE MATÉRIA-PRIMA, INSUMOS OU PRODUTO QUÍMICO ........................................................................... 115 FINALIDADE ........................................................................................................................................... 115 AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO PARA CARACTERIZAÇÃO DO DELITO ...................................................... 115 POSSE DE SEMENTES DE MACONHA ..................................................................................................... 115 CULTIVO DE PLANTAS PARA O TRÁFICO ..................................................................................................................... 116 UTILIZAÇÃO DE LOCAL PARA FIM DE TRÁFICO ........................................................................................................... 118 VENDA OU ENTREGA DE DROGAS A POLICIAL ........................................................................................................... 118 O AGENTE INFILTRADO .......................................................................................................................... 119 O AGENTE PROVOCADOR ...................................................................................................................... 119 O AGENTE DISFARÇADO ........................................................................................................................ 119 CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA: ART. 33, §4º – TRÁFICO PRIVILEGIADO .................................................. 120 “MULAS” DO TRÁFICO ........................................................................................................................... 121 TRÁFICO PRIVILEGIADO – CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 122 ART. 34 – TRÁFICO DE MAQUINÁRIO ............................................................................................................ 125 ART. 36 – FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO ................................................................................. 128 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................... 128 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 128 NÚCLEOS DO TIPO ................................................................................................................................. 128 ELEMENTO SUBJETIVO .......................................................................................................................... 128 CONSUMAÇÃO....................................................................................................................................... 129 QUESTÃO CONTROVERSA: AUTOFINANCIAMENTO .............................................................................. 129 CRIMES EM ESPÉCIE - CRIMES NÃO EQUIPARADOS A HEDIONDOS .............................................................. 130 ART. 33, § 2º – INDUZIMENTO AO USO DE DROGAS .................................................................................................. 130 NÚCLEOS DO TIPO ................................................................................................................................. 130 SUBSIDIARIEDADE .................................................................................................................................. 130 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................... 130 CONSUMAÇÃO....................................................................................................................................... 130 MARCHA DA MACONHA ........................................................................................................................ 130 ART. 33, §3º – TRÁFICO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (CEDENTE EVENTUAL) ..................................... 131 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 131 ELEMENTO SUBJETIVO .......................................................................................................................... 131 CONSUMAÇÃO....................................................................................................................................... 131 ART. 35 – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ...................................................................................................... 133 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 133 ELEMENTO SUBJETIVO .......................................................................................................................... 133 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ................................................................................................................. 133 ART. 37 – INFORMANTE OU FOGUETEIRO (COLABORADOR) ........................................................................ 135 CARACTERÍSTICAS DO TIPO ................................................................................................................... 135 EVENTUALIDADE .................................................................................................................................... 135 CONSUMAÇÃO....................................................................................................................................... 135 COLABORADOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO .............................................................................................. 135 ART. 40 – CAUSAS DE AUMENTO DA PENA ................................................................................................... 137 TRÁFICO TRANSNACIONAL DE DROGAS ..................................................................................................................... 137 TRANSNACIONALIDADE ......................................................................................................................... 137 CONSUMAÇÃO....................................................................................................................................... 137 COMPETÊNCIA ....................................................................................................................................... 137 SUJEITO ATIVO............................................................................................................................................................ 138 LOCAIS DO CRIME ....................................................................................................................................................... 138 MODO DE EXECUÇÃO ................................................................................................................................................. 139 TRÁFICO INTERESTADUAL .......................................................................................................................................... 140 SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................................................................ 142 AUTOFINANCIAMENTO .............................................................................................................................................. 142 ART. 38 – PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA ....................................................................................145 ART. 39 – CONDUÇÃO AERONAVE OU EMBARCAÇÃO APÓS CONSUMO DE DROGA ................................... 146 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 CARACTERÍSTICAS DO TIPO ................................................................................................................... 146 FORMA QUALIFICADA............................................................................................................................ 146 CONSUMAÇÃO....................................................................................................................................... 146 COMPETÊNCIA ....................................................................................................................................... 146 COLABORAÇÃO PREMIADA ........................................................................................................................... 147 DOSIMETRIA DAS PENAS ............................................................................................................................... 147 FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA .................................................................................................................................... 147 PROIBIÇÕES E VEDAÇÕES A BENEFÍCIOS ....................................................................................................... 148 VEDAÇÃO À ANISTIA, À GRAÇA E AO INDULTO .......................................................................................................... 148 INAFIANÇÁVEIS ........................................................................................................................................................... 148 VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA ......................................................................................................................... 149 PROGRESSÃO DE REGIME E LIVRAMENTO CONDICIONAL ......................................................................................... 149 PRISÃO TEMPORÁRIA ................................................................................................................................................. 151 INIMPUTABILIDADE E SEMI-IMPUTABILIDADE .............................................................................................. 151 DA INVESTIGAÇÃO ......................................................................................................................................... 153 LAVRATURA DO APF ................................................................................................................................................... 153 LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR ............................................................................................... 153 LAUDO DEFINITIVO - EXAME TOXICOLÓGICO ............................................................................................................ 154 PRAZOS DO INQUÉRITO .............................................................................................................................................. 155 DESTRUIÇÃO DAS DROGAS APREENDIDAS ................................................................................................................. 155 DESTRUIÇÃO DAS DROGAS COM PRISÃO EM FLAGRANTE ................................................................... 155 DESTRUIÇÃO DAS DROGAS SEM PRISÃO EM FLAGRANTE .................................................................... 156 PLANTAÇÕES .......................................................................................................................................... 156 PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS ......................................................................................................................... 157 INFILTRAÇÃO DE AGENTES ......................................................................................................................................... 157 AÇÃO CONTROLADA .............................................................................................................................. 157 INTERROGATÓRIO DO RÉU .................................................................................................................... 157 QUESTÕES RELEVANTES ................................................................................................................................ 159 POLÍCIA PODE FAZER BUSCAS POR CAUSA DE CHEIRO DE MACONHA? .................................................................... 159 INVASÃO DE DOMICÍLIO E FLAGRANTE DE CRIME ..................................................................................................... 161 REVISTA ÍNTIMA ......................................................................................................................................................... 161 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................... 162 LEI MARIA DA PENHA .................................................................................................................................... 163 LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 ................................................................................................................... 163 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 163 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ................................................................................................................. 163 INTERPRETAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA ................................................................................................................ 164 DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER .................................................................................... 165 SUJEITO ATIVO............................................................................................................................................................ 166 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................................................................ 168 JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................................................................ 169 ÂMBITO DE APLICAÇÃO .............................................................................................................................................. 170 DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER .............................................................. 171 VIOLÊNCIA FÍSICA................................................................................................................................... 172 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA ....................................................................................................................... 172 VIOLÊNCIA SEXUAL ................................................................................................................................ 172 VIOLÊNCIA PATRIMONIAL...................................................................................................................... 172 VIOLÊNCIA MORAL ................................................................................................................................ 172 SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS .................................................. 173 DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR ................................................ 173 DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO ........................................................................................ 173DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR ........................... 174 DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL ................................................................................. 177 DOS PROCEDIMENTOS ............................................................................................................................................... 182 DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................................. 182 DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA ................................................................................................................. 186 DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O AGRESSOR ............................................. 188 DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA ...................................................................... 190 INSTRUMENTOS PARA PROTEÇÃO PATRIMONIAL ................................................................................ 190 DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA ........................................................... 191 DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..................................................................................................................... 192 DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA .................................................................................................................. 193 DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR ............................................................................... 193 DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS ................................................................................................................. 194 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................... 196 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ........................................................................................................................... 197 CONTEXTO HISTÓRICO ............................................................................................................................................... 197 LEI Nº 12.850/2003 ........................................................................................................................................ 199 VIGÊNCIA .................................................................................................................................................................... 199 CONCEITO ................................................................................................................................................................... 199 ASSOCIAÇÃO DE 4 OU MAIS PESSOAS ESTRUTURALMENTE ORDENADA ............................................. 200 PLURALIDADE DE AGENTES ................................................................................................................... 200 DIVISÃO DE TAREFAS ............................................................................................................................. 200 FIM DE OBTENÇÃO DE VANTAGEM ....................................................................................................... 200 FINALIDADE DE OBTENÇÃO DE VANTAGEM DE QUALQUER NATUREZA MEDIANTE A PRÁTICA DE INFRAÇÕES PENAIS CUJAS PENAS MÁXIMAS SEJAM SUPERIORES A 4 ANOS, OU DE CARÁTER TRANSNACIONAL. .................................................................................................................................. 201 EXTENSÃO DA APLICABILIDADE DA LEI ...................................................................................................................... 201 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 O CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ...................................................................................................... 202 CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA X CRIME ORGANIZADO POR EXTENSÃO ................................... 202 O CRIME ......................................................................................................................................................... 203 “PESSOALMENTE OU POR INTERPOSTA PESSOA” ................................................................................. 203 BEM JURÍDICO TUTELADO ..................................................................................................................... 204 SUJEITOS DO CRIME ................................................................................................................................................... 204 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 204 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................... 204 ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................... 204 CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................... 205 CONCURSO DE CRIMES .............................................................................................................................................. 205 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................................................... 206 DELITO AUTÔNOMO................................................................................................................................................... 206 FIGURA EQUIPARADA (CRIME ORGANIZADO POR EXTENSÃO) ..................................................................... 206 MAJORANTE DA ARMA DE FOGO .................................................................................................................. 208 AGRAVANTE DO CHEFE ................................................................................................................................. 209 CAUSA DE AUMENTO DE PENA (MAJORANTES)............................................................................................ 209 AFASTAMENTO CAUTELAR DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO ............................................................................... 212 EFEITOS DA CONDENAÇÃO ............................................................................................................................ 214 SERVIDOR APOSENTADO ............................................................................................................................................ 215 PARTICIPAÇÃO DE POLICIAL .......................................................................................................................... 216 LIDERANÇAS DE ORCRIM ARMADAS PRESAS EM ESTABELECIMENTOS PENAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA . 217 VEDAÇÃO À PROGRESSÃO DE REGIME AO PRESO QUE MANTÉM VÍNCULO ASSOCIATIVO ......................... 217 DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA ........................................................................ 218 II - CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS ELETROMAGNÉTICOS, ÓPTICOS OU ACÚSTICOS ........................................... 219 V - INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS E TELEMÁTICAS, NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA ..... 219 CONCEITO DE INTERCEPTAÇÃO, ESCUTA E GRAVAÇÃO CLANDESTINA ................................................ 219 DISPENSA DE LICITAÇÃO ........................................................................................................................ 223 III – AÇÃO CONTROLADA ............................................................................................................................................ 223 CONCEITO.............................................................................................................................................. 223 COMUNICAÇÃO PRÉVIA AO JUIZ ........................................................................................................... 224 SIGILO .................................................................................................................................................... 224 ACESSO AOS AUTOS............................................................................................................................... 225 AUTO CIRCUNSTANCIADO ..................................................................................................................... 225 TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRAS ........................................................................................................... 225 IV - ACESSO A REGISTROS DE LIGAÇÕES TELEFÔNICAS E TELEMÁTICAS, A DADOS CADASTRAIS CONSTANTES DE BANCOS DE DADOS PÚBLICOS OU PRIVADOS E A INFORMAÇÕES ELEITORAIS OU COMERCIAIS .............................. 225 INFILTRAÇÃO DE AGENTES ......................................................................................................................................... 226 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 11 CONCEITO .............................................................................................................................................. 226 PREVISÃO LEGAL .................................................................................................................................... 226 REQUERIMENTO OU REQUISIÇÃO DA INFILTRAÇÃO ............................................................................. 227 REQUISITOS DA INFILTRAÇÃO ............................................................................................................... 227 DURAÇÃO .............................................................................................................................................. 228 RELATÓRIO DE ATIVIDADES ................................................................................................................... 228 INFILTRAÇÃO DE AGENTES DA INTERNET .................................................................................................................. 228 FINALIDADE DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES NA INTERNET ................................................................... 229 PRAZO .................................................................................................................................................... 230 RELATÓRIO DA INFILTRAÇÃO A QUALQUER TEMPO ............................................................................. 230 RELATÓRIO APÓS FINALIZAÇÃO DO PRAZO DA INFILTRAÇÃO .............................................................. 230 PROVA NULA .......................................................................................................................................... 230 SIGILO DA INFILTRAÇÃO ........................................................................................................................ 231 ACESSO AOS AUTOS............................................................................................................................... 231 AUSÊNCIA DE CRIME E RESPONSABILIZAÇÃO PELOS EXCESSOS ........................................................... 231 RELATÓRIO APÓS INVESTIGAÇÃO CONCLUÍDA ..................................................................................... 231 IDENTIDADE DO INFILTRADO ................................................................................................................ 232 A AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ..................................................................................................................... 232 AGENTE SOFRENDO RISCO IMINENTE ................................................................................................... 232 PROPORCIONALIDADE E EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE .................................................................. 233 DIREITOS DO AGENTE ............................................................................................................................ 233 COLABORAÇÃO PREMIADA ........................................................................................................................................ 233 O INÍCIO DAS NEGOCIAÇÕES ................................................................................................................. 234 TERMO DE CONFIDENCIALIDADE .......................................................................................................... 234 INSTRUÇÃO ............................................................................................................................................ 235 ACORDO NÃO REALIZADO PELO CELEBRANTE ...................................................................................... 235 PROCURAÇÃO E PRESENÇA OBRIGATÓRIA DO ADVOGADO DO DEFENSOR ......................................... 235 AS PARTES NO ACORDO ........................................................................................................................ 236 CONCESSÃO DO PERDÃO JUDICIAL ....................................................................................................... 238 SUSPENSÃO DO PRAZO PARA DENÚNCIA ............................................................................................. 238 DEIXAR DE OFERECER A DENÚNCIA....................................................................................................... 239 COLABORAÇÃO POSTERIOR À SENTENÇA ............................................................................................. 240 O ACORDO DE COLABORAÇÃO .............................................................................................................. 240 HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO PELO JUIZ .............................................................................................. 240 JUIZ RECUSANDO HOMOLOGAÇÃO ....................................................................................................... 242 RETRATAÇÃO DA PROPOSTA ................................................................................................................. 242 RÉU DELATADO – OPORTUNIDADE DE MANIFESTAÇÃO ....................................................................... 242 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 12 REGISTRO DOS ATOS DE COLABORAÇÃO .............................................................................................. 243 RENÚNCIA AO DIREITO AO SILÊNCIO .................................................................................................... 243 VEDAÇÃO A MEDIDAS DECORRENTES APENAS DE DECLARAÇÕES DO COLABORADOR ....................... 243 RESCISÃO DO ACORDO DE COLABORAÇÃO ........................................................................................... 243 DIREITOS DO COLABORADOR ................................................................................................................ 244 O TERMO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO ............................................................................................ 244 FIM DO SIGILO DO ACORDO .................................................................................................................. 245 DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES ..................................... 245 DOS CRIMES OCORRIDOS NA INVESTIGAÇÃO E NA OBTENÇÃO DA PROVA ................................................. 246 DISPOSIÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 247 PRAZO PARA ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL ................................................................... 247SIGILO DA INVESTIGAÇÃO E AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO DO ADVOGADO ......................... 247 ACESSO AOS AUTOS PELO ADVOGADO ANTES DO DEPOIMENTO DO INVESTIGADO .......................... 247 LEI Nº 9.296 – LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ..................................................................................... 248 NATUREZA JURÍDICA .............................................................................................................................. 248 REQUISITOS CONSTITUCIONAIS DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ........................................................................... 249 ABRANGÊNCIA E OBJETO DA LEI ................................................................................................................................ 249 CAPTAÇÕES DE CONVERSAS TELEFÔNICAS ........................................................................................... 249 CONCEITO DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, ESCUTA TELEFÔNICA E GRAVAÇÃO CLANDESTINA ...... 251 CONCEITO DE INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL, ESCUTA AMBIENTAL E GRAVAÇÃO AMBIENTAL ........... 255 GRAVAÇÃO AMBIENTAL E LEI DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS ........................................................ 256 SITUAÇÕES ESPECÍFICAS ............................................................................................................................................. 257 GRAVAÇÃO AMBIENTAL REALIZADA PELA POLÍCIA ............................................................................... 257 INTERCEPTAÇÕES DAS COMUNICAÇÕES DO ADVOGADO .................................................................... 257 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA É DIFERENTE DE QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO ............................... 258 CONVERSAS ARMAZENADAS NO CELULAR............................................................................................ 258 NÚMEROS REGISTRADOS NA MEMÓRIA DO CELULAR ......................................................................... 259 FINALIDADE CRIMINAL .................................................................................................................................. 260 INTERCEPTAÇÃO DE PROSPECÇÃO ........................................................................................................ 260 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ANTES DE INSTAURADO INQUÉRITO POLICIAL ..................................... 260 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E DENÚNCIA APÓCRIFA ........................................................................ 260 PROVA EMPRESTADA ............................................................................................................................ 261 ORDEM JUDICIAL ........................................................................................................................................... 262 JUIZ COMPETENTE ................................................................................................................................. 262 JUIZ DAS GARANTIAS ............................................................................................................................. 264 CPI E A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ................................................................................................... 264 MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA ......................................................................................................... 264 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 13 JUIZ PREVENTO ...................................................................................................................................... 264 QUESTÕES ESPECÍFICAS RELACIONADAS À DECISÃO JUDICIAL ............................................................. 265 INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES DE DADOS ................................................................................................... 265 ADMISSÃO DA INTERCEPTAÇÃO .................................................................................................................... 269 INDÍCIOS RAZOÁVEIS DA AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO EM INFRAÇÃO PENAL ..................................... 269 IMPRESCINDIBILIDADE DA INTERCEPTAÇÃO ......................................................................................... 269 SÓ É CABÍVEL PARA CRIMES PUNIDOS COM RECLUSÃO ....................................................................... 269 SERENDIPIDADE ..................................................................................................................................... 270 O PEDIDO DA INFILTRAÇÃO ........................................................................................................................... 273 REMÉDIO CABÍVEL CONTRA AUTORIZAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO ........................................................ 274 CARACTERÍSTICAS DO PEDIDO E DA DECISÃO ............................................................................................................ 274 PRAZO .................................................................................................................................................... 274 EM RESUMO (ARTS. 4º E 5 º) ................................................................................................................. 275 CONDUÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO ............................................................................................................................... 275 TRANSCRIÇÃO DA GRAVAÇÃO ............................................................................................................... 276 AUTO CIRCUNSTANCIADO DE ENCERRAMENTO DA DILIGÊNCIA .......................................................... 277 USO DE SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS ..................................................................................... 278 AUTOS TRAMITANDO EM APARTADO E APENSAMENTO ..................................................................... 278 CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS ELETROMAGNÉTICOS, ÓPTICOS OU ACÚSTICOS (PACOTE ANTICRIME) ............. 278 PEDIDO DE CAPTAÇÃO AMBIENTAL ...................................................................................................... 279 ADMISSÃO DA CAPTAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................. 280 REQUERIMENTO .................................................................................................................................... 280 PRAZO .................................................................................................................................................... 280 SUBSIDIARIEDADE .................................................................................................................................. 280 GRAVAÇÃO INÚTIL ................................................................................................................................. 280 O CRIME DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E ESCUTA AMBIENTAL SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ............. 281 O CRIME DA CAPTAÇÃO AMBIENTAL SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ......................................................................... 282 GRAVAÇÃO AMBIENTAL É FATO ATÍPICO .............................................................................................. 283 MAJORANTE DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO ............................................................................................. 283 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................... 284 LEI DE TORTURA – LEI Nº 9.455/97 ............................................................................................................... 285 CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................................................................................................... 285 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .........................................................................................................285 DISTINÇÃO ENTRE TORTURA PRÓPRIA DA TORTURA IMPRÓPRIA ........................................................ 286 AÇÃO PENAL .......................................................................................................................................... 286 COMPETÊNCIA ....................................................................................................................................... 287 PRESCRITIBILIDADE ................................................................................................................................ 288 CRIMES TRANSEUNTES E NÃO TRANSEUNTES ...................................................................................... 288 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 14 CRIMES EM ESPÉCIE....................................................................................................................................... 289 ART. 1º - INCISO I ........................................................................................................................................................ 289 OBJETIVIDADE JURÍDICA ........................................................................................................................ 289 MEIOS DE EXECUÇÃO ............................................................................................................................ 289 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 290 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................... 290 CONSUMAÇÃO....................................................................................................................................... 290 A) TORTURA-PROVA (PERSECUTÓRIA, INQUISITORIAL) ........................................................................ 290 B) TORTURA-CRIME ............................................................................................................................... 291 C) TORTURA-RACISMO (PRECONCEITO OU DISCRIMINAÇÃO) .............................................................. 292 ART. 1º - INCISO II – TORTURA-CASTIGO .................................................................................................................... 294 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 294 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................... 295 MEIOS DE EXECUÇÃO ............................................................................................................................ 295 ELEMENTO SUBJETIVO .......................................................................................................................... 295 RESULTADO............................................................................................................................................ 295 ART. 1º, § 1º – TORTURA AO PRESO........................................................................................................................... 297 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 297 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................... 297 ART. 1º, § 2º, TORTURA IMPRÓPRIA (ANÔMALA OU ATÍPICA) .................................................................................. 299 QUALIFICADORAS, CAUSAS DE AUMENTO DE PENA E EFEITOS DA CONDENAÇÃO ..................................... 301 ART. 1º, § 3º – TORTURA QUALIFICADA ..................................................................................................................... 301 ART. 1º, § 4º – CAUSAS DE AUMENTO DA PENA: (+1/6 A 1/3) .................................................................................. 301 ART. 1º, § 5º E § 6º – EFEITO DA CONDENAÇÃO ........................................................................................................ 302 ART. 1º, § 7º – REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA ................................................................................... 303 ART. 2º – EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL .................................................................................................... 307 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................... 308 APRESENTAÇÃO E USO DE DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL – LEI Nº 5.553/68 ........................ 309 ASPECTOS INICIAIS ..................................................................................................................................................... 309 ILICITUDE DA RETENÇÃO DE DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL .......................................... 309 CONTRAVENÇÃO PENAL ........................................................................................................................ 311 QUESTÕES ...................................................................................................................................................... 312 HISTÓRICO DA TIPIFICAÇÃO DE ATOS RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA E COR ............................. 316 LEI Nº 1390/1951 – LEI AFONSO ARINOS ................................................................................................................... 316 A PRIMEIRA NORMA CONTRA O RACISMO NO BRASIL ......................................................................... 316 LEI Nº 7.437/1985 – LEI CAÓ ................................................................................................................. 316 LEI Nº 7.716/1989 – LEI DO RACISMO ........................................................................................................... 318 LEI 7.716/1989 – DOS CRIMES E DAS PENAS ................................................................................................. 319 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 15 LEI Nº 9.459/1997 – INJÚRIA RACIAL ............................................................................................................ 323 DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE INJÚRIA RACIAL E RACISMO: ....................................................................................... 323 STF DECLARA IMPRESCRITIBILIDADE DO CRIME DE INJÚRIA RACIAL, EQUIPARANDO AO CRIME DE RACISMO ........ 324 QUESTÕES .................................................................................................................................................................. 324 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................... 327 LEI DE EXECUÇÃO PENAL - LEI 7.210/84 ........................................................................................................ 328 DO OBJETIVO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL .................................................................................... 328 FINALIDADES DA PENA EM ABSTRATO .................................................................................................. 328 FINALIDADES DA PENA NA EXECUÇÃO .................................................................................................. 328 DA CLASSIFICAÇÃO DO CONDENADO ......................................................................................................................... 331 COMISSÃO TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO (CTC)......................................................................................331 EXAME CRIMINOLÓGICO ....................................................................................................................... 332 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO ................................................................................................... 333 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL ................................................................................................................. 335 1.1.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE .................................................................................................... 335 1.1.2 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA ............................................................................ 335 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO DA PENA ................................................................. 335 PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE ..................................................................................................... 335 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL .............................................................................................. 336 PRINCÍPIO REEDUCATIVO / PRINCÍPIO DA RESSOCIALIZAÇÃO .............................................................. 336 PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS ............................................................................................. 336 DA ASSISTÊNCIA ......................................................................................................................................................... 336 DA ASSISTÊNCIA MATERIAL ................................................................................................................... 337 DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE ..................................................................................................................... 337 DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA ..................................................................................................................... 338 DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL ............................................................................................................ 339 DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ........................................................................................................................ 340 DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA ................................................................................................................... 341 DA ASSISTÊNCIA AO EGRESSO ............................................................................................................... 341 DO TRABALHO ............................................................................................................................................................ 342 REMUNERAÇÃO DO PRESO ........................................................................................................................................ 342 DO TRABALHO INTERNO ........................................................................................................................ 343 JORNADA DE TRABALHO ....................................................................................................................... 344 DO TRABALHO EXTERNO ....................................................................................................................... 345 DOS DEVERES ............................................................................................................................................................. 346 DOS DIREITOS ............................................................................................................................................................. 348 DA DISCIPLINA ............................................................................................................................................................ 349 DAS FALTAS DISCIPLINARES ........................................................................................................................................ 351 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 16 REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD) .............................................................................................................. 354 1.1.3 REGRA .................................................................................................................................... 354 1.1.4 HIPÓTESES DE CABIMENTO ................................................................................................... 354 CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................................. 355 RDD CUMPRIDO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL ..................................................................... 356 PRAZO DO RDD ...................................................................................................................................... 357 DAS SANÇÕES E DAS RECOMPENSAS ......................................................................................................................... 358 1.1.5 SANÇÕES DISCIPLINARES ....................................................................................................... 360 RECOMPENSAS ...................................................................................................................................... 361 DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES ............................................................................................................... 362 DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR ......................................................................................................... 363 MEDIDAS PREVENTIVAS ........................................................................................................................ 363 DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL .......................................................................................................................... 363 DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA .................................................. 364 DO JUÍZO DA EXECUÇÃO ....................................................................................................................... 365 DO MINISTÉRIO PÚBLICO ...................................................................................................................... 366 DO CONSELHO PENITENCIÁRIO ............................................................................................................. 367 DOS DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS .............................................................................................. 368 DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS .............................................................................................................................. 372 DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................................. 373 ESTABELECIMENTO DESTINADO ÀS MULHERES .................................................................................... 374 TERCEIRIZADOS NA EXECUÇÃO PENAL .................................................................................................. 374 FUNÇÕES INDELEGÁVEIS ....................................................................................................................... 375 SEPARAÇÃO ENTRE PRESO PROVISÓRIO E O CONDENADO .................................................................. 375 SEPARAÇÃO DO FUNCIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA CRIMINAL ...................................... 375 SEPARAÇÃO DO PRESO COM INTEGRIDADE FÍSICA, MORAL OU PSICOLÓGICA AMEAÇADA................ 376 DA PENITENCIÁRIA ................................................................................................................................ 376 DA COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR ............................................................................... 377 DA CASA DO ALBERGADO...................................................................................................................... 378 DA CADEIA PÚBLICA .............................................................................................................................. 378 DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO ............................................................... 379 IMPOSIÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA PARA INIMPUTÁVEL ............................................................ 380 SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR MEDIDA DE SEGURANÇA PARA O SEMI-IMPUTÁVEL ............................ 380 DIREITOS DO INTERNADO ...................................................................................................................... 380 DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO ............................................................................................................... 381 DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE ..................................................................................................................... 381 DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ................................................................................................ 381 GUIA DE RECOLHIMENTO ...................................................................................................................... 382 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 17 SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL ................................................................................................ 383 DOS REGIMES ............................................................................................................................................................. 383 1.1.6 SOMA E UNIFICAÇÃO DAS PENAS .......................................................................................... 384 LEGISLAÇÃO LOCAL ................................................................................................................................ 386 SÚMULAS .................................................................................................................................................................... 387 SÚMULA 716 - STF ................................................................................................................................. 387 SÚMULA 718 - STF ................................................................................................................................. 387 SÚMULA 719 - STF ................................................................................................................................. 387 SÚMULA 440 - STJ .................................................................................................................................. 387 SÚMULA 269 - STJ .................................................................................................................................. 387 PROGRESSÃO DE REGIME ........................................................................................................................................... 388 PACOTE ANTICRIME ............................................................................................................................... 388 REGIME FECHADO PARA O REGIME SEMIABERTO ................................................................................ 390 PROGRESSÃO DE REGIME NO RDD ........................................................................................................ 391 REGIME SEMIABERTO PARA O REGIME ABERTO ................................................................................... 391 PROGRESSÃO DE REGIME PARA MULHER GESTANTE OU RESPONSÁVEL POR PESSOA COM DEFICIÊNCIA ........ 392 COMETIMENTO DE FALTA GRAVE NA EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA ............................................... 393 DATA-BASE PARA PROGRESSÃO DE REGIME ......................................................................................... 393 PRISÃO DOMICILIAR DA LEP – REGIME ABERTO ................................................................................... 395 TEMPO MÁXIMO DE CUMPRIMENTO DE PENA .................................................................................... 398 REGRESSÃO DE REGIME ............................................................................................................................................. 398 REGRESSÃO CAUTELAR OU PREVENTIVA DE REGIME ........................................................................... 400 PROGRESSÃO EM SALTOS ...................................................................................................................... 403 DAS AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA ................................................................................................................................... 403 DA PERMISSÃO DE SAÍDA ...................................................................................................................... 403 DA SAÍDA TEMPORÁRIA ......................................................................................................................... 404 DA REMIÇÃO............................................................................................................................................................... 407 REMIÇÃO PELO ESTUDO ........................................................................................................................ 408 REMIÇÃO POR TRABALHO ..................................................................................................................... 408 REVOGAÇÃO DO TEMPO REMIDO ......................................................................................................... 408 DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ........................................................................................................... 409 REQUISITOS DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ....................................................................................... 409 A CADERNETA DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ................................................................................... 414 DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA ............................................................................................................................... 416 CABIMENTO ........................................................................................................................................... 416 DEVERES ................................................................................................................................................ 416 CONSEQUÊNCIAS DA VIOLAÇÃO ........................................................................................................... 416 HIPÓTESES DE REVOGAÇÃO .................................................................................................................. 416 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 18 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ....................................................................................................................... 417 CONVERSÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ............................................................................. 418 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS .................................................................................................. 419 DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE .................................................................................... 419 DA LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA ...................................................................................................... 421 DA INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS ......................................................................................... 421 DA SUSPENSÃO CONDICIONAL ................................................................................................................................... 422 MULTA ........................................................................................................................................................................425 DA PENA DE MULTA .............................................................................................................................. 425 DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA .......................................................................................................... 427 MEDIDAS DE SEGURANÇA NO CÓDIGO PENAL ..................................................................................... 427 IMPOSIÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA PARA INIMPUTÁVEL ............................................................ 427 SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR MEDIDA DE SEGURANÇA PARA O SEMI-IMPUTÁVEL ............................ 428 DIREITOS DO INTERNADO ...................................................................................................................... 429 DISPOSIÇÕES GERAIS .................................................................................................................................................. 429 DA CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE .......................................................................................................................... 430 DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO ................................................................................................................................. 431 DAS CONVERSÕES .................................................................................................................................. 431 1.1.7 DO EXCESSO OU DESVIO ........................................................................................................ 432 1.1.8 DA ANISTIA E DO INDULTO .................................................................................................... 433 DO PROCEDIMENTO JUDICIAL .................................................................................................................................... 434 1.2 DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ................................................................................................... 434 QUESTÕES ...................................................................................................................................................... 435 LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ..................................................................................................................... 439 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 439 BEM JURÍDICO TUTELADO ..................................................................................................................... 439 ELEMENTO SUBJETIVO DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE ........................................................ 440 DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................................. 441 NÃO CRIMINALIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS ..................................................... 441 SUJEITOS DO CRIME ................................................................................................................................................... 442 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................... 442 SUJEITO ATIVO ....................................................................................................................................... 443 COMPETÊNCIA CRIMINAL PARA JULGAMENTO DOS CRIMES .................................................................................... 445 1ª INSTÂNCIA ......................................................................................................................................... 445 COMPETÊNCIA ....................................................................................................................................... 445 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................................................... 446 EFEITOS DA CONDENAÇÃO ........................................................................................................................................ 447 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES .................................................................................................................. 449 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 19 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ............................................................................................................................... 449 QUAIS SÃO OS CRIMES DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE QUE NÃO PERMITEM A SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE EM PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO? ............................................ 451 SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA .................................................................................................... 452 DOS CRIMES E DAS PENAS ............................................................................................................................. 454 CRIMES EM ESPÉCIE ................................................................................................................................................... 454 GRUPO 1 - DETENÇÃO – 6 MESES A 2 ANOS + MULTA.......................................................................... 454 GRUPO 2 – DETENÇÃO – 1 A 4 ANOS + MULTA ..................................................................................... 463 DO PROCEDIMENTO ................................................................................................................................................... 473 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................... 474 O DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL (DEPEN) ............................................................................. 475 O SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL ............................................................................................................ 475 1.2.1 HISTÓRICO ............................................................................................................................. 475 O DEPEN NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL .......................................................................................................... 476 LEI Nº 11.671/2008 ........................................................................................................................................ 477 1.3 TRANSFERÊNCIA E INCLUSÃO DE PRESOS EM ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA ......... 477 1.3.1 PROGRESSÃO DE REGIME - PRESO CUMPRINDO PENA EM PENITENCIÁRIA FEDERAL ......... 477 ATIVIDADE JURISDICIONAL NOS ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS ............................................. 478 JUSTIFICATIVA PARA INCLUSÃO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL .............................................. 479 CARACTERÍSTICAS DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS ................................................................................ 480 LEGITIMADOS PARA REQUERER O PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA ........................................................................... 482 TRANSFERÊNCIA REJEITADA ....................................................................................................................................... 484 PERÍODO DE PERMANÊNCIA ...................................................................................................................................... 484 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 20 LEI Nº 8.072/90 – CRIMES HEDIONDOS CONSIDERAÇÕES INICIAIS No Brasil, a Lei 8.072/90 foi a primeira a tratar sobre crimes hediondos. De lá para cá, como todas as leis existentes no país, passoupor diversas reformas legislativas. A expressão “crimes hediondos” foi utilizada pela CF, em seu Art. 5º, XLIII, vejamos: XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da TORTURA, o TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS, o TERRORISMO e os definidos como CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Trata-se de uma norma constitucional de eficácia limitada e de aplicabilidade imediata, tendo em vista que depende de regulamentação por meio de lei ordinária. A CF, aqui, traz um mandado de criminalização expressa. No final da década de 80, o Brasil passou por uma onda de crimes de extorsão mediante sequestro, com a finalidade de financiar organizações criminosas, a exemplo do PCC. No sentido de coibir tal prática, criou-se a Lei dos Crimes Hediondos, de modo que em sua redação original o único crime era extorsão mediante sequestro, sendo ampliado o rol durante a tramitação. Tortura, Tráfico de Drogas e Terrorismo são EQUIPARADOS A HEDIONDOS. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), os chamados delitos hediondos e os que lhe sejam equiparados, de parelha com os crimes de natureza jurídica imprescritível, são chamados crimes de máximo potencial ofensivo. CONCEITO DE CRIME HEDIONDO O conceito de crime hediondo é dado de acordo com o critério adotado. CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO Critério legal De acordo com o critério legal, crime hediondo é aquele que a lei define como tal, pouco importando as consequências e a forma como é praticado. Compete ao legislador enumerar um rol taxativo de quais delitos serão considerados crimes hediondos. O Brasil adota o critério legal, conforme disposto no Art. 5º, XLIII, vejamos: XLIII – A LEI CONSIDERARÁ crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da TORTURA, o TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS, o TERRORISMO e os definidos como CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Dessa forma, o caráter hediondo depende única e exclusivamente da existência de previsão legal reconhecendo essa natureza para determinada espécie delituosa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 21 É o critério mais seguro de todos, a partir do momento em que o rol é taxativo, pois elimina discricionariedade dos juízes, prezando pela segurança jurídica. Assim, por mais grave que seja determinado crime, o juiz não poderá lhe conferir o caráter hediondo, se tal ilícito não constar no rol da Lei nº 8.072/90. Critério Judicial: Segundo o critério judicial, determinado crime será considerado hediondo após a análise, feita pelo juiz, do caso concreto, das circunstâncias e consequências do crime. É o juiz, no caso concreto, que vai analisar e definir se o crime é ou não hediondo. Critério Misto: O critério misto sustenta que o juiz possui plena liberdade para definir se o crime é hediondo ou não, levando em conta os parâmetros mínimos fornecidos pelo legislador. CRIMES HEDIONDOS E TENTATIVA A natureza tentada de um crime rotulado pela lei não exclui a sua hediondez. A tentativa não altera a classificação do crime como hediondo, funcionando como uma mera causa de redução de pena (1 a 2/3). Dessa forma, temos que para fins de reconhecimento da natureza hedionda, pouco importa que o delito seja consumado ou tentado. É importante analisarmos até para estudos futuros o seguinte raciocínio: Podemos concluir que o DOLO de quem TENTA é o mesmo de quem consuma! Como alguém vai tentar aquilo que não quer? Então, não há de se imaginar que a tentativa iria excluir a hediondez de um crime! https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 22 CRIMES HEDIONDOS E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA O princípio da insignificância não será aplicado aos crimes hediondos, em razão da incompatibilidade lógica entre os dois institutos. A própria CF exige um tratamento mais severo aos crimes hediondos, não será lógico aplicar o princípio da insignificância. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO POTENCIAL OFENSIVO CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO São definidas na Lei dos Juizados Especiais (Art. 61) como sendo as contravenções penais e os crimes a que lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, sendo da competência do Juizado Especial Criminal, admitem os benefícios da transação penal e da composição dos danos civis. Para esses crimes se aplicam na íntegra os institutos despenalizantes da lei. CRIMES DE MÉDIO POTENCIAL OFENSIVO As infrações penais de médio potencial ofensivo são aquelas que admitem suspensão condicional do processo, pois têm pena mínima igual ou inferior a 1(um) ano, mas são julgadas pela Justiça Comum, já que sua pena máxima é superior a dois anos. Ex.: Furto simples (Art. 155 CP), Injúria (Art. 140 CP) CRIMES DE ELEVADO POTENCIAL OFENSIVO São aqueles cuja pena mínima é superior a 1 ano, sendo incompatíveis com os benefícios da Lei nº 9.099/95 – não cabe transação penal; não cabe suspensão condicional do processo. CRIMES DE MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO Esses crimes são aqueles previstos no Art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da Constituição Federal. LII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 23 CRIMES HEDIONDOS E PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO A Lei nº 13.285/2016 introduziu o Art. 364-A no Código de Processo Penal e determinou que os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. Art. 1º Esta Lei acrescenta o art. 394-A ao Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, a fim de dispor sobre a preferência de julgamento dos processos concernentes a CRIMES HEDIONDOS. Art. 2º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 394-A: Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. CRIMES HEDIONDOS EM ESPÉCIE O rol dos crimes hediondos é taxativo, estampado ao teor do Art. 1º da Lei nº 8.072/90. A Lei nº 13.964/2019, conhecida como PACOTE ANTICRIME, ampliou o rol dos crimes hediondos. Abordaremos os crimes, porém as características específicas de cada crime o aluno deverá estudar em Direito Penal, na parte especial, e nas respectivas legislações extravagantes. Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: I - HOMICÍDIO (art. 121), QUANDO PRATICADO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO, ainda que cometido por um só agente, e HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121, §2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); I-A – LESÃO CORPORAL DOLOSA DE NATUREZA GRAVÍSSIMA (art. 129, § 2º) e lesão corporal SEGUIDA DE MORTE (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. II - ROUBO: a) circunstanciadopela RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA (art. 157, § 2º - V); b) circunstanciado pelo emprego de ARMA DE FOGO (art. 157, § 2º-A - I) ou emprego de ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU RESTRITO (art. 157, § 2º-B); c) qualificado pelo resultado LESÃO CORPORAL GRAVE OU MORTE (art. 157, § 3º); III - EXTORSÃO QUALIFICADA pela RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA, de LESÃO CORPORAL ou MORTE (art. 158, § 3º); IV – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); V – ESTUPRO (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); VI – ESTUPRO DE VULNERÁVEL (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); VII – EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE (art. 267, § 1º). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 24 VII – B – FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B. VIII - FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). IX - FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO análogo que cause perigo comum Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: I - O crime de GENOCÍDIO (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956) II - O crime de POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO, (art. 16) III - O crime de COMÉRCIO ILEGAL DE ARMAS DE FOGO, (art. 17 da Lei nº 10.826) IV - O crime de TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou MUNIÇÃO. (art.18) V - O crime de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. HOMICÍDIO Homicídio simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Homicídio qualificado LESÃO CORPORAL DOLOSA DE NATUREZA GRAVÍSSIMA e SEGUIDA DE MORTE Quando praticada contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. ROUBO Roubo circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima. Roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo. Roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (latrocínio). EXTORSÃO Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (sequestro relâmpago). Extorsão qualificada pela lesão corporal. Extorsão qualificada pela ou morte. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ESTUPRO ESTUPRO DE VULNERÁVEL EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 25 FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE PERIGO COMUM GENOCÍDIO LEI DE DROGAS Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido. (Art. 16) Comércio ilegal de armas de fogo. (Art. 17) Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição. (Art. 18) ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA quando direcionada à prática de crime hediondo ou equiparado. HOMICÍDIO PRATICADO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO Conhecido pela doutrina como homicídio condicionado, pois o reconhecimento de sua natureza hedionda depende da verificação de uma condição: que o ilícito seja praticado em ação típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. É consenso na doutrina que “atividade típica de grupo de extermínio” não é sinônimo de “concurso de agentes” (coautoria e participação), pois, em geral, quando a lei quer abranger o simples concurso de pessoas ela faz de forma explícita. O caráter hediondo mostra-se presente ainda que o crime seja praticado por uma só pessoa, desde que em atividade típica de grupo de extermínio. Exemplo: uma pessoa resolve sair sozinha de casa, durante as madrugadas, em uma motocicleta, para procurar mendigos dormindo na calçada, a fim de neles atear fogo. Os homicídios foram por ele cometidos em atividade típica de grupo de extermínio, embora em atitude solitária, tornando aplicável a Lei dos Crimes Hediondos. Para que a atividade seja considerada típica de grupo de extermínio, basta que a prática do homicídio seja caracterizada pela impessoalidade na escolha da vítima (que a escolha seja pautada genericamente por suas características, sendo feita a esmo: o agente, por exemplo, resolve que vai matar homossexuais, prostitutas, travestis, policiais ou menores abandonados etc.). A impessoalidade da ação é uma das características fundamentais, sendo irrelevante a unidade ou a pluralidade de vítima. Caracteriza-se a ação de extermínio mesmo que seja morta uma única pessoa, desde que se apresente a impessoalidade da ação, ou seja, pela razão exclusiva de pertencer ou ser membro de determinado grupo social, ético, econômico, social etc. Convém notar que, para ser considerado hediondo, basta que o crime seja cometido em atividade TÍPICA de grupo de extermínio, não havendo a necessidade de existir efetivamente um grupo montado a fim de cometer, de forma reiterada, homicídios. Caso exista efetivamente a formação de um grupo, além do delito ser hediondo, será aplicada a causa de aumento do Art. 121, §6º do Código Penal. Ex.: Os chamados https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 26 “esquadrões da morte”, montados por justiceiros para matar marginais que atuam em determinadas regiões. Art. 121, § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Atenção: Homicídio simples praticado por milícia não é hediondo por falta de previsão legal. HOMICÍDIO QUALIFICADO Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Homicídio qualificado § 2º Se o homicídio é cometido: As características específicas de cada conduta para qualificar o homicídio o aluno deverá estudar em Direito Penal. O que é importante saber é que todas as formas de homicídio Qualificadora SUBJETIVA Qualificadora SUBJETIVA Qualificadora OBJETIVA Qualificadora OBJETIVA * https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 27 qualificado possuem caráter hediondo. Em tais dispositivos, o legislador elegeu uma série de circunstâncias como configuradoras de maior gravidade do homicídio. Os critérios utilizados no texto legal permitiram que a doutrina realizasse a seguinte classificação: Qualificadora do feminicídio tem natureza objetiva STJ: considerando as circunstâncias subjetivas e objetivas, temos a possibilidade de coexistência entre as qualificadoras do motivo torpe e do Feminicídio. Isso porque a natureza do motivo torpe é subjetiva, porquanto de caráter pessoal, enquanto o Feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de análise. STJ, 1.707.113/MG, 7/12/2017 HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO (HÍBRIDO) O Art. 121 do Código Penal também traz a figura do homicídio privilegiado, um causa de diminuição de pena. Homicídio Privilegiado – Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. O agente terá uma causa de diminuição de pena caso cometa o crime por motivo de relevante valormoral ou social. O homicídio pode ser concomitantemente qualificado e privilegiado. Tal possibilidade só existe, contudo, quando a qualificadora é de caráter objetivo, ou seja, possibilidade só existe quando se refere ao meio ou ao modo de execução do crime. Essa conclusão é inevitável, porque o privilégio, por ser sempre ligado à motivação do homicídio (caráter subjetivo), é incompatível com as qualidades subjetivas. Não se pode imaginar um homicídio privilegiado pelo motivo de relevante valor social e, ao mesmo tempo, qualificado por motivo fútil. A questão é: Homicídio qualificado-privilegiado é crime hediondo? Por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não é considerado crime hediondo. (...). Entendendo não haver contradição no reconhecimento de qualificadora de caráter objetivo (modo de execução do crime), e do privilégio, sempre de natureza subjetiva. O homicídio qualificado-privilegiado não pode ser considerado hediondo STF, HC 89.921|PR STJ, HC 153.728|SP https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 28 (CESPE – 2000 – Polícia Federal) O homicídio qualificado-privilegiado é crime hediondo. Gabarito: Errado Comentário: O rol de crimes hediondos é encontrado de forma taxativa no Art. 1º da Lei dos Crimes Hediondos. E, dentre os crimes, não está o homicídio qualificado-privilegiado. Em resumo: Homicídio simples – é hediondo apenas quando for cometido em atividade típica de grupo de extermínio, mesmo que seja cometido por um só agente. Então, em regra, o homicídio simples não é hediondo. Homicídio qualificado – sempre é hediondo. Homicídio privilegiado – não é crime hediondo. Homicídio qualificado-privilegiado: não é crime hediondo. LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA E SEGUIDA DE MORTE CONTRA “SEGURANÇA PÚBLICA” I – A – Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §2º) e Lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, a lesão corporal será considerada crime hediondo desde que o agente tenha provocado lesão corporal gravíssima ou seguida de morte quando a vítima estava no exercício da função ou em razão dela. Renato Brasileiro salienta que para o reconhecimento da hediondez: é indispensável que haja o denominado nexo funcional, ou seja, que o crime tenha sido praticado em razão do exercício dessas funções. São crimes hediondos: REQUISITO 1: CONDIÇÃO DA VÍTIMA REQUISITO 2: RELAÇÃO COM A FUNÇÃO Forças Armadas … desde que o crime tenha sido praticado contra a pessoa no exercício da função ao lado ou em decorrência dela. 1) Lesão corporal dolosa gravíssima (Art. 129, §2º) 2) Lesão corporal dolosa seguida de morte (Art. 129, §3º) Polícia Federal Polícia Rodoviária Federal Polícia Penal Federal Polícia Ferroviária Federal Polícias Civis Polícias Militares Corpos de Bombeiros Militares Guardas Municipais Agentes de segurança viária Sistema Prisional Força Nacional de Segurança Cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o 3º grau de algumas das pessoas acima listadas https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 29 RELAÇÃO DE PARENTESCO ...contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; Convém perceber que a lei salienta que o parente deve ser consanguíneo até o terceiro grau. Atenção que não estão incluídos os parentes por questão de afinidade. Exemplo: cunhado de um soldado da Polícia Militar. Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano. § 2º Se resulta: I – Incapacidade permanente para o trabalho; II – Enfermidade incurável; III – Perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV – Deformidade permanente; V – Aborto: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Lesão corporal seguida de morte § 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena – reclusão, de 4 a 12 anos. § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica (…) Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - Polícia federal; II - Polícia rodoviária federal; III - Polícia ferroviária federal; IV - Polícias civis; V - Polícias militares e corpos de bombeiros militares; VI - Polícias penais federal, estaduais e distrital. (…) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 30 ROUBO Antes da publicação do chamado Pacote Anticrime, apenas o roubo qualificado pela morte (latrocínio) era crime hediondo. Assim, com o advento da Lei nº 13.964/2019, outras modalidades de roubo entraram no rol que ostentam a natureza hedionda. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º A pena aumenta-se de um terço até metade: I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II – Se há o concurso de duas ou mais pessoas; III – Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV – Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V – Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de ARMA BRANCA (2019) § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – Se a violência ou ameaça é exercida com EMPREGO DE ARMA DE FOGO II – Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO, aplica-se em DOBRO a pena prevista no caput deste artigo. (2019) § 3º Se da violência resulta: I – LESÃO CORPORAL GRAVE, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos, e multa; II – MORTE, a pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 31 A) CIRCUNSTANCIADO PELA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA § 2º A pena aumenta-se de um terço até metade: V – Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. Não devemos confundir o ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA com o crime de SEQUESTRO RELÂMPAGO (extorsão qualificada pelarestrição de liberdade da vítima). O verbo do crime de extorsão é constranger, enquanto o do roubo com restrição de liberdade é subtrair um bem. No roubo, o bem está ao alcance do agressor. Um exemplo é quando ele entra no seu carro, leva seus pertences e te abandona em algum lugar. O delito, para ser tipificado como sequestro relâmpago, a vítima deve ser constrangida a fornecer informações para o criminoso ter sucesso na ação. Na extorsão, necessariamente deve haver contribuição da vítima no sentido de ela fornecer seus dados bancários. Para haver roubo com restrição de liberdade é fundamental que a vítima permaneça um tempo “juridicamente relevante” em poder do criminoso. Se ele aponta uma arma no semáforo, pede seu celular, você entrega e vai embora, é um roubo simples. Agora, se ele entra no carro e restringe a vítima por tempo juridicamente relevante, que pode ser 10, 15 ou 20 minutos, dispensa a pessoa e foge com carro seria roubo com restrição. Também é importante não confundir RESTRIÇÃO DE LIBERDADE com PRIVAÇÃO DE LIBERDADE. Segundo Doutrinador Cleber Masson, se for confirmada a privação de liberdade, não se estará diante de uma causa de aumento de pena, mas haverá concurso material entre o crime de roubo e sequestro ou cárcere privado (Art. 148, CP). B) CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO OU EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU RESTRITO § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – Se a violência ou ameaça é exercida com EMPREGO DE ARMA DE FOGO § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO, aplica-se em DOBRO a pena prevista no caput deste artigo. C) QUALIFICADO PELO RESULTADO LESÃO CORPORAL GRAVE OU MORTE § 3º Se da violência resulta: I – LESÃO CORPORAL GRAVE, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos, e multa; II – MORTE, a pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa. A qualificadora LESÃO GRAVE ganhou caráter hediondo após Lei nº 13.964/2019. O crime de latrocínio está caracterizado quando, da violência empregada durante e em razão da prática do crime de roubo, ocorrer a produção do resultado morte. Para que haja latrocínio é necessário que a morte decorra da violência empregada (e não da grave ameaça) durante e em razão do assalto, por exemplo. É necessário o fator tempo e o fator nexo. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 32 É necessário perceber que a consequência (lesão grave ou morte) deve ser decorrente da violência. Se o agente emprega ameaça para cometer o roubo e, dessa ameaça, ocorrer a morte da vítima, não será latrocínio, tampouco será crime hediondo. Cumpre destacarmos que o §3º do Art. 157 prevê duas formas por meio das quais o crime de roubo é qualificado: lesão grave ou morte. A morte, que qualifica o roubo, faz surgir aquilo que doutrinariamente é reconhecido por latrocínio, embora o Código Penal não utilize essa rubrica. Assim, se durante a prática do roubo, em virtude da violência empreendida pelo agente, advier a morte – dolosa ou mesmo culposa – da vítima, poderemos iniciar o raciocínio correspondente ao crime de latrocínio, consumado ou tentado Para a ocorrência da qualificadora do latrocínio, o resultado morte deve ter sido causado ao menos culposamente. No crime de latrocínio, é imperioso que a morte da vítima seja resultado da violência empregada pelo agente e não tenha relação causal com outro fator, como a imprudência na direção do veículo automotor. Se os agentes, após roubarem o veículo, envolverem-se em acidente automobilístico que provoque a morte da vítima proprietária do automóvel roubado, devem responder pelo crime de roubo qualificado em concurso formal com o delito de homicídio culposo. TJMG, 23/10/2006. Homicídio consumado e subtração consumada: LATROCÍNIO CONSUMADO. Homicídio consumado e subtração tentada: LATROCÍNIO CONSUMADO. Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração dos bens da vítima Súmula 610, STF. Homicídio tentado e subtração consumada: LATROCÍNIO TENTADO. Homicídio tentado e subtração tentada: LATROCÍNIO TENTADO. Prevalece nesta Corte o entendimento de que, sempre que caracterizado o dolo do agente de subtrair o bem pertencente à vítima e o dolo de matá-la, não ocorrido o resultado morte por circunstâncias alheias à sua vontade, configura-se o latrocínio na modalidade tentada. STJ, 29/06/2016 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 33 Caso o criminoso, durante o assalto, desfira tiros e, por erro, acerte outra pessoa que não seja a vítima do roubo, será latrocínio? Observem que estamos diante do instituto do aberratio ictus (erro na execução), encontrado no Art. 73 do Código Penal. O agente responde como se tivesse acertado a vítima pretendida. EXTORSÃO QUALIFICADA Extorsão Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena – reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. § 1º Se o crime é cometido por 2 ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até metade. (Causa de aumento de pena ou majorantes) § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. § 3º Se o crime é cometido mediante a RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos, além da multa; Se resulta LESÃO CORPORAL GRAVE ou MORTE, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. Antes do advento da Lei nº 13.964/19 era considerada como crime hediondo apenas a extorsão qualificada pelo resultado morte, na forma do Art. 158, §3º do Código Penal. Esse resultado qualificador morte pode ser causado tanto a título de dolo como de culpa. Após a referida lei, ampliaram-se as hipóteses de crime hediondo secundário à extorsão. Qualificadoras da Extorsão: Extorsão qualificada pelo resultado - LESÃO GRAVE. Extorsão qualificada pelo resultado – MORTE. Extorsão qualificada pela RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA. (SEQUESTRO RELÂMPAGO). Extorsão majorada pelo emprego de arma e em concurso de pessoas não é crime hediondo. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 34 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena – reclusão, de 8 a 15 anos. §1º Se o SEQUESTRO DURA MAIS DE 24 HORAS, se o SEQUESTRADO É MENOR DE 18 OU MAIOR DE 60 ANOS, ou se o crime é COMETIDO POR ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. Pena – reclusão, de 12 a 20 (vinte) anos. §2º Se do fato resulta LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: Pena – reclusão, de 16 a 24 anos. §3º Se resulta a MORTE: Pena – reclusão, de 24 a 30 anos. §4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1 a 2/3. O delito de extorsão mediante sequestro é etiquetado como hediondo independentemente da modalidade, seja na modalidade simples ou na modalidade qualificada. O aluno não pode confundir com o crime de sequestro, Art. 148 do Código penal. Roubo Extorsão Extorsão mediante sequestro HEDIONDO: ✓ RESTRIÇÃO DE LIBERDADE ✓ EMPREGO DE ARMA DE FOGO ✓ HOUVER RESULTADO LESÃO GRAVE ✓ HOUVER RESULTADO MORTE (LATROCÍNIO) HEDIONDO: ✓ RESTRIÇÃO DE LIBERDADE (SEQUESTRO RELÂMPAGO) ✓ HOUVER RESULTADO LESÃO GRAVE ✓ HOUVER RESULTADO MORTE HEDIONDO EM TODAS AS MODALIDADES ESTUPRO Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunçãocarnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena – reclusão, de 6 a 10 anos. § 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos: Pena – reclusão, de 8 a 12 anos. § 2º Se da conduta resulta morte: Pena – reclusão, de 12 a 30 anos. Independentemente se for praticado na modalidade simples ou qualificada, o crime de estupro será hediondo. Se da conduta praticada pelo agente resultar lesão corporal de natureza grave ou a morte da vítima, o estupro será qualificado, nos termos dos §§1º e 2º do Art. 213 do Código Penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 35 ESTUPRO DE VULNERÁVEL Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos: Pena - reclusão, de 8 a 15 anos. § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2º (VETADO) § 3º Se da conduta resulta LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: Pena - reclusão, de 10 a 20 anos. § 4º Se da conduta resulta MORTE: Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. Menores de 14 anos. Portadores de enfermidade ou deficiência mental. Qualquer um que não possa oferecer resistência. Resultar lesão corporal grave. Resultar morte. EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE A epidemia por si só não é crime hediondo. Exige-se que seja qualificada pela morte. Epidemia é a difusão de doença mediante a propagação de genes patogênicos. Ademais, cumpre destacar que somente a propagação de doença humana é que configura o crime do Art. 267, §1º do Código Penal, já que em se tratando de enfermidade que atinja animais ou plantas, o crime será o do Art. 61, Lei nº 9.605/98, não hediondo, por falta de previsão legal. Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 36 FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. § 1º: Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º-A incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V - de procedência ignorada; VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. Curiosidade Há uma discussão se a pena descrita no Art. 273 do CP é proporcional à gravidade do delito ali previsto. Quando lemos a pena descrita no Art. 273 do CP, vislumbramos a pena mínima de 10 (dez) anos e vimos o disparate em relação à pena do crime de tráfico de drogas, que possui pena mínima de 5 (cinco) anos. Enxergamos, portanto, uma pena mínima desproporcional ao analisar com outros crimes mais graves. O Superior Tribunal de Justiça ao apreciar o HC 239363/PR declarou a inconstitucionalidade do preceito secundário do Art. 273 do CP, por entender que tal reprimenda violava os princípios da proporcionalidade e razoabilidade ao fixar penas tão elevadas. Assim, com base na analogia in bonam partem, o STJ determinou que ao delito do Art. 273 do CP deve ser aplicada a pena prevista para o crime de tráfico de drogas (Art. 33, caput, da Lei 11.343/06), ou seja, pena de reclusão, de 5 a 15 anos. Vejamos esse importante julgado do STJ. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 37 FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL (Art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: §1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. §2º Incorre nas mesmas penas: I - Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e maior de 14 anos na situação descrita no caput deste artigo; II - O proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento Convém perceber que ter conjunção carnal com maior de 14 de modo consensual não é considerado crime, porém, se for por meio de prostituição ou exploração sexual, responde por este crime. FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE PERIGO COMUM Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - Com emprego de chave falsa; IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 4º-A A pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa, SE HOUVER EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE PERIGO COMUM. (...) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 38 Esse crime passou a ser considerado hediondo por meio da Lei 13.964/19, que alterou a Lei dos Crimes Hediondos. Dentre todas as qualificadoras do FURTO, apenas a modalidade qualificada se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum é HEDIONDO. Convém perceber que não é o furto de substância explosiva, e sim se a coisa for subtraída com o uso de substância explosiva. GENOCÍDIO Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal Genocídio não é somente a matança coletiva, e sim a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo étnico, racial, nacional ou religioso. A Lei de Genocídio enumera diversas condutas nesse sentido. . O genocídio é classificado como crime contra a humanidade, e não contra a vida. O crime de genocídio não se trata de delito de competência do Tribunal do Júri, ainda que a conduta consista em matar dolosamente membros de um grupo, pois é crime contra a humanidadee não contra a vida. Por fim, cumpre recordarmos que o genocídio é um típico exemplo de norma penal em branco ao avesso, isto é, temos as condutas criminosas, mas faltam as respectivas penas, o preceito secundário está incompleto. A norma penal em branco ao avesso é aquela em que o preceito primário é completo, mas o preceito secundário carece de complemento normativo. Na hipótese de norma penal em branco ao avesso o complemento normativo deve derivar da lei, sob pena de lesão ao princípio da reserva legal. No ordenamento jurídico nacional podemos citar como exemplo de lei penal em branco ao avesso a Lei 2.889/1956, que tipifica o crime de genocídio, pois tal norma não tratou das penas, fazendo expressa referência a outras leis penais. a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental dos membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo. POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE USO RESTRITO (Art. 16 – Lei nº 10.826) Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou MUNIÇÃO de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso PROIBIDO, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 39 OBJETO MATERIAL Arma, acessório e munição. Com a mudança gerada pelo Pacote Anticrime, as penas aumentam caso a posse ou porte seja de arma de uso PROIBIDO. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO (Art. 17 – Lei nº 10.826) Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL ou INDUSTRIAL, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. Pena - reclusão, de 6 a 12 anos, e multa. § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 40 Esse crime passou a ser considerado hediondo por meio da Lei 13.964/19, que alterou a Lei dos Crimes Hediondos. O Pacote Anticrime modificou o preceito secundário do tipo penal, aumentando a pena, acrescentou o §1º e acrescentou o §2º. OBJETO MATERIAL Arma, acessório e munição. SUJEITO ATIVO Só pode ser comerciante ou industrial, legal ou ilegal, de arma de fogo, acessório ou munição. Trata-se, portanto, de crime próprio. NORMA PENAL EXPLICATIVA § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. Ex.1: vizinho que vende arma a outro vizinho: não se aplica o Art. 17. Ex. 2: dono de restaurante vende sua arma para o cliente: não se aplica o Art. 17, porque o dono do restaurante não exerce comércio de armas de fogo. Ex. 3: indivíduo que comercializa armas de fogo no fundo de sua residência: aplica- se o Art. 17. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO (Art. 18 – Lei nº 10.826) Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou MUNIÇÃO, sem autorização da autoridade competente: Pena - reclusão, de 8 a 16 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. Esse crime passou a ser considerado hediondo por meio da Lei 13.964/19, que alterou a Lei dos Crimes Hediondos. O Pacote Anticrime modificou o preceito secundário do tipo penal, aumentando a pena e acrescentou o parágrafo único. São 4 as condutas do tipo: IMPORTAR / EXPORTAR: O Art. 18 do Estatuto do Desarmamento prevalece sobre o crime de contrabando previsto no Art. 334 do Código Penal (princípio da especialidade). É crime material, consumando-se com a efetiva entrada ou saída do objeto do Brasil. Admite-se, portanto, a tentativa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 41 FACILITAR A ENTRADA / FACILITAR A SAÍDA: O Art. 18 do Estatuto do Desarmamento prevalece sobre o crime de facilitação de contrabando (caso agente seja funcionário Público) previsto no Art. 318 do Código Penal (princípio da especialidade). É crime formal ou de consumação antecipada. Consuma-se com a simples facilitação, não sendo necessário que o facilitado consiga entrar ou sair com o objeto do País. Admite-se a tentativa, por exemplo, na modalidade escrita do delito. OBJETO MATERIAL: Arma, acessório e munição. SUJEITO ATIVO Crime Comum. SUJEITO PASSIVO Coletividade. Crime vago. No caso do favorecimento, a conduta será punível, independentemente da efetiva entrada ou saída do material do território nacional. Basta que tenha sido praticado qualquer ato que configure o favorecimento. Ainda que o agente traga para dentro do território nacional uma única arma de fogo de uso permitido ou proibido, sem autorização, apenas para uso próprio, sem que haja qualquer nexo com o exercício de atividade comercial, estará configurado o crime de tráfico internacional de armas. Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/2018 É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem autorização da autoridade competente, nos termos do Art. 18 da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o réu detenha o porte legal da arma, em razão do alto grau de reprovabilidade da conduta. O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, tipificadono Art. 18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta e visa a proteger a segurança pública e a paz social. Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a internacionalidade da ação. Princípio da insignificância Não cabe princípio da insignificância no tráfico internacional de munição. STF (HC97777) e STJ (HC 45099) ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, QUANDO DIRECIONADA À PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO (Lei 12.850/2013) Esse crime passou a ser considerado hediondo por meio da Lei 13.964/19, que alterou a Lei dos Crimes Hediondos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 42 O QUE É ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 OU MAIS PESSOAS estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Associação de 4 ou mais pessoas. Características: ESTRUTURALMENTE ORDENADA. DIVISÃO DE TAREFAS (ainda que informalmente). Objetivos: obter vantagem de qualquer natureza (Não precisa ser econômica). Associação de 4 ou mais pessoas. A associação deve apresentar ESTABILIDADE e PERMANÊNCIA, características relevantes para sua configuração, que diferenciam da figura delituosa do concurso eventual de agentes a que se refere o Art. 29 do Código penal, dotado de natureza efêmera e passageira. ESTRUTURA ORDENADA (divisão de tarefas, ainda que informalmente). CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS Diante do texto Constitucional, temos que o legislador estabeleceu 3 crimes taxados como equiparados a hediondos. Art. 5º - Constituição Federal XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da TORTURA, o TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS, o TERRORISMO e os definidos como CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Tráfico de Drogas Tortura Terrorismo VEDAÇÕES LEGAIS VEDAÇÃO À ANISTIA, À GRAÇA E AO INDULTO Causas de extinção de punibilidade emanadas de órgãos alheios ao Poder Judiciário. Anistia: É o esquecimento jurídico da infração penal e tem por objetos os fatos definidos como crime, e não pessoas. Tem o condão de extinguir todos os efeitos penais, inclusive o pressuposto de reincidência. Recai sobre o Congresso Nacional (ato legislativo) por meio de Lei Federal que extingue a punibilidade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 43 Ex.: Lei 12.505 anistiou policiais militares e bombeiros militares que participaram de atos reivindicatórios por melhorias de vencimentos e condições de trabalho. Graça: Benefício para crimes de natureza comum, é concedida pelo Presidente da República, por decreto, para um indivíduo determinado condenado. O condenado pede. Indulto É coletivo, direcionado a um grupo indefinido de condenados, sendo delimitado pela natureza do crime e quantidade de pena aplicada, além de outros requisitos objetivos e subjetivos. Concedido pelo Presidente da República por meio de decreto. INAFIANÇÁVEIS Crimes que não admitem fiança: Crimes hediondos Equiparados a hediondos (TTT) Racismo Ação de grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado de direito. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA A liberdade provisória funciona como medida cautelar que permite ao investigado (ou acusado) permanecer em liberdade durante o curso da persecução penal, desde que cumpra determinados vínculos. O direito à liberdade provisória tem fundamento constitucional no Art. 5º, inciso LXVI, segundo o qual ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade. A partir da nova Lei 11.464/2007, alterando a redação original da Lei de Crimes Hediondos, passou a ser possível a concessão da liberdade provisória para crimes hediondos e assemelhados. Vedada conversão em pena restritiva de direitos. STF declarou inconstitucional. Súmula 718 do STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 719 do STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 44 PROGRESSÃO DE REGIME A Lei nº 13.964/19 REVOGA o Art. 2º, § 2º da Lei de Execução Penal. A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). Atualização da Lei nº 13.964/19: ALTERAÇÕES NA LEP (LEI 7.210/84) Art. 112. A pena privativa de liberdade (PPL) será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 45 § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 (tráfico privilegiado). § 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade INTERROMPE o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente. DELAÇÃO PREMIADA Delação premiada é uma causa de diminuição de pena criada pelo legislador para o membro de associação criminosa que prestar informações relevantes contra seus companheiros, delatando-os à autoridade. Art. 8 da Lei 8.072/90: O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzia de 1 a 2/3. Em geral, a doutrina enumera os seguintes requisitos para a concessão do benefício: Configuração da associação criminosa (mínimo de 3 associados) Finalidade de cometer crimes hediondos Contribuição relevante Efetivo desmantelamento da associação criminosa Voluntariedade INADIMPLEMENTO DA PENA DE MULTA E PROGRESSÃO DE REGIME Segundo STF, o inadimplemento das parcelas da pena de multa impede a progressão no regime prisional. STF: o inadimplemento da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede a progressão no regime. O Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou orientação no sentido de que o inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede a progressão no regime prisional. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 46 Execução Penal. Agravo Regimental. Inadimplemento deliberado da pena de multa. Progressão de regime. Impossibilidade. 1. O inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede a progressão no regime prisional. 2. Tal regra somenteé excepcionada pela comprovação da absoluta impossibilidade econômica do apenado em pagar a multa, ainda que parceladamente. 3. Agravo regimental desprovido. (EP 12 ProgReg-AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 08/04/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-111 DIVULG 10-06-2015 PUBLIC 11-06-2015) EXAME CRIMINOLÓGICO Está disposto no Art. 8º da Lei de Execuções Penais: Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto. O exame criminológico contribui para o trabalho da CTC, já que serve para obter ELEMENTOS NECESSÁRIOS para uma adequada CLASSIFICAÇÃO. Embora a nova redação do Art. 112 da Lei n. 7.210/84 não mais exija, de plano, a realização de exame criminológico, cabe ao magistrado verificar o atendimento dos requisitos à luz do caso concreto. Assim, ele pode determinar a realização de perícia, se entender necessário, ou mesmo negar o benefício, desde que o faça fundamentadamente, quando as peculiaridades da causa assim o recomendarem, em observância ao princípio da individualização da pena. Assim, o EXAME CRIMINOLÓGICO É FACULTATIVO, cabendo ao juízo determinar sua necessidade. Súmula Vinculante 26 Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por CRIME HEDIONDO, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Em resumo, para a PROGRESSÃO DE REGIME, o mérito do sentenciado deve ser demonstrado sempre por atestado de conduta carcerária e, EVENTUALMENTE, pelo exame criminológico, caso assim determinado e fundamentado pelo juiz, de acordo com as peculiaridades do caso concreto. O parecer do exame criminológico não é vinculativo. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 47 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO Está disposto no Art. 9-Aº da Lei de Execuções Penais: Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, DOLOSAMENTE, com VIOLÊNCIA DE NATUREZA GRAVE CONTRA PESSOA, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da LEI DE CRIMES HEDIONDOS, serão submetidos, obrigatoriamente, à IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. É necessário perceber que o artigo fala dos crimes previstos no art. 1º da Lei de Crimes Hediondos, mas não fala dos EQUIPARADOS a hediondos (tráfico, tortura e terrorismo). Porém, os condenados por terem cometido dolosamente tráfico, tortura e terrorismo podem identificação do perfil genético obrigatório por terem o outro requisito: CRIMES COM VIOLÊNCIA GRAVE CONTRA A PESSOA. Assim, um condenado por crime de tortura poderá ser submetido à identificação obrigatória do perfil genético? Depende! A tortura própria, por exemplo, pode ser realizada mediante a prática de VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA. Caso a tortura tenha sido praticada pelo agente mediante VIOLÊNCIA, este poderá ter ser perfil genético identificado de forma obrigatória. § 1º A identificação do perfil genético será armazenada em BANCO DE DADOS SIGILOSO, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. A lei informa que será criado um Decreto que regulamentará o banco de dados onde serão armazenadas essas informações. § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar GARANTIAS MÍNIMAS DE PROTEÇÃO DE DADOS GENÉTICOS, observando as melhores práticas da genética forense. (PACOTE ANTICRIME!) § 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. O delegado estadual ou federal poderá requerer ao juiz – no caso de inquérito instaurado – o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético para verificar se o sujeito que cometeu o crime que ensejou a abertura do inquérito já esteja no banco de dados. É instrumento importante principalmente para a busca de autoria de estupro (crime de natureza grave contra a pessoa) e que deixa vestígios materiais do seu DNA. § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa. (PACOTE ANTICRIME!) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 48 É viabilizado ao titular dos dados genéticos o acesso aos dados que estão nos perfis genéticos bem como todos os outros documentos da cadeia de custódia para garantir a ampla defesa e o contraditório. § 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o cumprimento da pena. (PACOTE ANTICRIME!) Por diversos motivos, como, por exemplo, no caso da necessidade de inclusões emergenciais em estabelecimentos penais de segurança máxima, a colheita do material genético não ocorria no INGRESSO. Para desburocratizar a tentativa da colheita após o ingresso, agora, a colheita poderá ser realizada durante o cumprimento da pena. Agora, a identificação do perfil genético poderá ser realizada em dois momentos: no ingresso e durante o cumprimento de pena. § 8º Constitui FALTA GRAVE a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (PACOTE ANTICRIME!) A falta grave gera restrição a regalias durante o cumprimento da pena. Isso será visto no momento oportuno. Mas é importante que o aluno esteja ciente de que a negativa gera uma falta grave! PRISÃO TEMPORÁRIA A prisão temporária é uma modalidade de prisão cautelar que não se encontra no CPP, sendo uma espécie bem peculiar de prisão cautelar, pois possui prazo certo e só pode ser determinada DURANTE A INVESTIGAÇÃO POLICIAL. Assim, após o recebimento da denúncia ou queixa, não poderá ser decretada nem mantida a prisão temporária. Além disso, a prisão temporária só pode ser decretada nas hipóteses de crimes previstos no Art. 1º, III da Lei 7.960/89. A prisão temporária só pode ser decretada pela autoridade judiciária, ou seja, pelo Juiz ou Tribunal competente. Todavia, a prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo Juiz, devendo ser requerida pelo MP ou ser objeto de representação da autoridade policial. Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Em se tratando de crime hediondo ou equiparado, a Lei 8.072/90 estabelece, em seu Art. 2º, §4º, que o prazo da prisão temporária, nestes casos, será de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias. Vejamos: Art. 2º (…) § 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 49 QUESTÕES Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: Analista Judiciário Júnia, de quatorze anos de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de ter praticado crime de natureza sexual consistenteem conjunção carnal forçada no dia do último aniversário da jovem. Pierre, contudo, alega que o ato sexual foi consentido. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, tendo como referência aspectos legais e jurisprudenciais a ela relacionados. Se Pierre for condenado por estupro, o regime de cumprimento de pena será integralmente fechado, por se tratar de crime hediondo. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: O dispositivo que determina regime de cumprimento de pena integralmente fechado foi considerado inconstitucional. É inconstitucional a fixação ex lege, com base no Art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no Art. 33 do Código Penal. [Tese definida no ARE 1.052.700 RG, rel. min. Edson Fachin, P, j. 2-11-2017, DJE 18 de 1º-2-2018, Tema 972.] Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal Em cada item que se segue, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com relação a crime de tortura, crime hediondo, crime previdenciário e crime contra o idoso. Paula, proprietária de uma casa de prostituição, induziu e passou a explorar sexualmente duas garotas de quinze anos de idade. Nessa situação, o crime praticado por Paula é hediondo e, por isso, insuscetível de anistia, graça e indulto. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: Trata-se do crime do Art. 218-B do Código Penal que se encontra incluído no rol dos crimes hediondos, encontrado no Art. 1º da referida Lei. CP. Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá- la, impedir ou dificultar que a abandone Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. Lei 8.072/90. Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 50 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: EBSERH Prova: CESPE - 2018 - EBSERH - Advogado Julgue o item seguinte, relativo aos tipos penais dispostos no Código Penal e nas leis penais extravagantes. O ordenamento jurídico nacional adotou o critério legal para a tipificação dos crimes hediondos, sendo vedado ao juiz, em caso concreto, fixar a hediondez de um delito ou excluí-la em razão de sua gravidade ou forma de execução. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O Brasil adotou o sistema legal, ou seja, somente a lei pode indicar, em rol taxativo, quais crimes são considerados hediondos (Lei 8.072/90). O crime é rotulado pelo legislador como hediondo, pouco importa a excepcional repugnância da conduta no caso concreto. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Oficial de Justiça Avaliador Federal A respeito dos crimes hediondos, julgue o item que se segue. O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo de até terceiro grau, de agente da Polícia Rodoviária Federal e integrante do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, em razão dessa condição. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: Está estampado no Art. 1º, inciso I-A da Lei dos Crimes Hediondos o crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte, quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 da Constituição Federal, onde encontramos a Polícia Rodoviária Federal. Atentar que o crime deve ter sido cometido no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: SEAP-DF No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item. O STF afastou a previsão de obrigatoriedade de imposição de regime inicial fechado aos condenados por crimes hediondos ou a estes equiparados, devendo ser observadas as regras do CP no que se refere à fixação do regime prisional inicialmente previsto para os crimes hediondos e os a estes equiparados. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O STF passou a considerar INCONSTITUCIONAL o §1º do Art. 2º da Lei 8.072/90, que assim dispõe: Art. 2º (…) 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) O STF passou a entender que deve o Juiz, em cada caso concreto, fixar o regime de cumprimento da pena de acordo com as regras previstas na legislação penal, notadamente o CP, não havendo qualquer restrição, em abstrato, à fixação dos regimes aberto e semiaberto como regimes iniciais. STF Súmula Vinculante 26 Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 51 Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal Gerson, com vinte e um anos de idade, e Gilson, com dezesseis anos de idade, foram presos em flagrante pela prática de crime. Após regular tramitação de processos nos juízos competentes, Gerson foi condenado pela prática de extorsão mediante sequestro e Gilson, por cometimento de infração análoga a esse crime. Com relação a essa situação hipotética, julgue o próximo item. Conforme entendimento dos tribunais superiores, tendo sido condenado pela prática de crime hediondo, Gerson deverá ser submetido ao exame criminológico para ter direito à progressão de regime. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: O exame criminológico contribui para o trabalho da CTC, já que serve para obter ELEMENTOS NECESSÁRIOS para uma adequada CLASSIFICAÇÃO. Embora a nova redação do Art. 112 da Lei n. 7.210/84 não mais exija, de plano, a realização de exame criminológico, cabe ao magistrado verificar o atendimento dos requisitos à luz do caso concreto. Assim, ele pode determinar a realização de perícia, se entender necessário, ou mesmo negar o benefício, desde que o faça fundamentadamente, quando as peculiaridades da causa assim o recomendarem, em observância ao princípio da individualização da pena. Assim, o EXAME CRIMINOLÓGICO É FACULTATIVO, cabendo ao juízo determinar sua necessidade. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: SEGESP-AL Prova: - Papiloscopista Julgue o item a seguir, acerca de crimes contra a Administração Pública, crimes hediondos e crimes contra a pessoa. É vedada a concessão de fiança à pessoa plenamente capaz que cometer homicídio simples, por ser considerado crime hediondo, e a pena a ser aplicada nesse caso será cumprida no regime inicialmente fechado. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Homicídio simples não é considerado crime hediondo. Para que o homicídio simples seja etiquetado como hediondo, ele deverá ser condicionado. E qual a condição? Que ele seja praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que praticado por um só agente. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-DF Prova: Agente de Polícia Considerando, por hipótese, que, devido ao fato de estar sendo investigadopela prática de latrocínio, José tenha contratado um advogado para acompanhar as investigações, julgue o item a seguir. Se surgirem indícios contra José, ele deverá ser indiciado e identificado pelo processo datiloscópico, pois, na hipótese em apreço, o referido crime é hediondo, fato que torna obrigatória a identificação criminal. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 52 Gabarito: Errado Comentário: A identificação criminal é obrigatória ao condenado. Convém perceber que na questão consta a expressão “se surgirem indícios”. Nesse caso, trata-se de uma identificação civil. Lei 12.037/2009 Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei. Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos: I - carteira de identidade; II - carteira de trabalho; III - carteira profissional; IV - passaporte; V - carteira de identificação funcional; VI - outro documento público que permita a identificação do indiciado. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PG-DF Prova: Procurador Com referência às penas e à sua aplicação, julgue o seguinte item. Desde que o STF declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do Art. 2º, § 1º, da Lei n. o 8.072/1990 (A pena por crime previsto neste artigo [crime hediondo] será cumprida inicialmente em regime fechado), não é mais obrigatória a fixação do regime inicial fechado para o condenado pelo crime de tráfico de entorpecentes, podendo a pena privativa de liberdade ser substituída por restritivas de direitos quando o réu for primário e sem antecedentes e não ficar provado que ele se dedique ao crime ou esteja envolvido com organização criminosa. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: A vedação da substituição das penas privativas de liberdade e as restritivas de direito foi declarada inconstitucional pelo STF. Já que o réu é primário, não possui antecedentes e ele não se dedica ao crime ou organização criminosa, sua pena ficará abaixo do limite para aplicação da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito. Dessa forma, é possível a substituição desde que se acumulem os outros requisitos previstos no Art. 44 do Código Penal. Lei 11.343, Art. 33, § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-DF Prova: Escrivão de Polícia No que se refere aos crimes hediondos (Lei n. o 8.072/1990) e à violência doméstica e familiar sobre a mulher (Lei n. o 11.340/2006 – Lei Maria da Penha), julgue o item seguinte. Se determinado cidadão for réu em processo criminal por ter cometido crime hediondo, ele poderá ter progressão de regime no cumprimento da pena, que se iniciará em regime fechado, bem como tê-la reduzida em caso de delação premiada, se o crime tiver sido cometido por quadrilha ou bando. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 53 Gabarito: Errado Comentário: O Plenário do STF, no dia de (27/06/2012) decidiu que o § 1º do Art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei n.º11.464/2007, ao impor o regime inicial fechado, é INCONSTITUCIONAL. Com esse novo posicionamento, o regime inicial das condenações por crimes hediondos ou equiparados não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser o regime semiaberto ou aberto. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal Considera-se crime hediondo o homicídio culposo na condução de veículo automotor, quando comprovada a embriaguez do condutor. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: As únicas modalidades de homicídio marcadas pela hediondez são homicídio condicionado e o homicídio qualificado, ambos dolosos. Não há crime hediondo culposo. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Técnico Judiciário Texto associado Não é possível a concessão de anistia, graça ou indulto àqueles que tenham praticado crimes hediondos. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: A expressão “crimes hediondos” foi utilizada pela CF, em seu Art. 5º, XLIII, vejamos: XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da TORTURA, o TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS, o TERRORISMO e os definidos como CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Assim, a própria CF/88 afastou a possibilidade da concessão de anistia, graça ou indulto. (“STF: indulto = graça coletiva”) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS : https://www.migalhas.com.br/depeso/310643/a- desproporcionalidade-da-pena-do-artigo-273-do-cp. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 54 LEI Nº 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO APRESENTAÇÃO O Estatuto do Desarmamento dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – SINARM, define crimes e dá outras providências. Além de penas maiores para o crime de porte de arma, o Estatuto trouxe várias outras providências salutares, como restrição à venda, ao registro e à autorização para o porte de arma de fogo, a tipificação dos crimes de posse e porte de munição, tráfico internacional de armas de fogo, dentre outras. ORGANIZAÇÃO DA AULA O Estatuto do Desarmamento possui uma parte administrativa, onde encontramos as competências do SINARM, o registro e o porte de arma e possui a parte processual e penal, demasiadamente cobrado em provas de concurso para carreiras policiais. Para facilitar a compreensão da nossa aula, vamos estudá-la em tópicos: DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS DO REGISTRO DO PORTE DOS CRIMES E DAS PENAS DISPOSIÇÕES GERAIS e FINAIS DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS O Sistema Nacional de Armas - SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circunscrição em todo o território nacional, é responsável pelo controle de armas de fogo em poder da população, conforme previsto na Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). As competências do SINARM estão descritas no Art. 2º do Estatuto do Desarmamento e, dentre elas, algumas merecem uma atenção especial: II – Cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País; IV – Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte de valores; VIII – Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade; IX – Cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições; XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 55 O SINARM não controla todas as armas de fogo; excluem-se do controle, por exemplo, as armas do Exército, Marinha e Aeronáutica, que têm seus arsenais próprios. As armas de fogo utilizadas pelas Forças Armadas e Auxiliares e pelas Forças Auxiliares são sujeitas a regramento próprio, relacionado ao Sistema de Gerenciamento Militar de Armas – Sigma. Forças Auxiliares é o nome pelo qual eram conhecidas as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares. Hoje os integrantes dessas formas são considerados militares para todos os efeitos. Art. 2º. Parágrafoúnico. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios. “Registros próprios” são aqueles realizados por órgãos, instituições e corporações em documentos oficiais de caráter permanente. CADASTRO Cadastro de arma de fogo é inclusão da arma de fogo de produção nacional ou importada em banco de dados, com a descrição de suas características. O Decreto nº 9.847 de 2019 regulamenta a Lei nº 10.826/03 para dispor sobre, dentre outras, o cadastro. Fragmento do Decreto Nº 9.847, DE 25 DE JUNHO DE 2019 No SINARM serão cadastradas as armas de fogo: a) da Polícia Federal; b) da Polícia Rodoviária Federal; c) da Força Nacional de Segurança Pública; d) do Departamento Penitenciário Nacional; (...) Serão cadastradas no SIGMA as armas de fogo a) das Forças Armadas; b) das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos Estados c) da Agência Brasileira de Inteligência; e d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. CONCEITOS COMPLEMENTARES Arma de fogo de uso restrito Armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam: - não portáteis; - de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620 joules; ou - portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620 joules. Exemplo de armas de calibre restrito segundo a PORTARIA Nº 1.222: 5.56x45 mm 1748,63 Restrito 7.62x51 mm 3632,01 Restrito https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 56 Arma de fogo de uso proibido: - as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou - as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos. Arma de fogo obsoleta Armas de fogo que não se prestam ao uso efetivo em caráter permanente, em razão de: ✓ sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou ✓ sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia ou peça de coleção inerte. VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Campinas - SP Prova: Guarda Municipal Nos moldes da Lei Federal nº 10.826/2003, a comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização a) do Sinarm. b) da Polícia Militar. c) da Polícia Federal. d) do Exército. e) da Guarda Municipal. Gabarito: B Comentário: De acordo com o Art. 4º, §5º, a comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm. REGISTRO O registro da arma de fogo é na verdade a matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em banco de dados; Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei. Armas de uso PERMITIDO – Registro feito no SINARM, gerido pela POLÍCIA FEDERAL. Armas de uso RESTRITO – Registro feito no COMANDO DO EXÉRCITO, órgão responsável pela gestão do SIGMA. CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO O registro de arma de fogo é o documento que autoriza o proprietário de arma de fogo a mantê-la exclusivamente no interior de sua residência ou no seu local de trabalho. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 57 O proprietário não poderá portar arma de fogo fora dos locais indicados, sob pena de responsabilidade penal. É possível manter em casa a arma adquirida, mas para mantê-la em casa é necessário possuir o registro fornecido pelo SINARM por meio da Polícia Federal. Já quanto a mantê-la em seu local de trabalho, o proprietário tem que ser o titular. Se não for o titular, a outra única possibilidade de manter sua arma em seu local de trabalho será se ele for o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. § 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela polícia federal e será precedido de autorização do SINARM. O Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) dará o que chamamos de POSSE LEGAL DA ARMA. O órgão responsável pela expedição do certificado de registro de arma de fogo é Polícia Federal, com autorização do Sinarm. O certificado de Registro não autoriza o proprietário da arma a portá-la. A Lei nº 13.870/2019 trouxe uma norma penal explicativa, esclarecendo que o conceito de residência ou domicílio para fins de interpretação da autorização dada pelo Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF). Desse modo, aos residentes em área rural, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. § 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019) Certificado de Registro P O S S E Sua casa Seu local de trabalho (responsável legal pelo estabelecimento ou empresa) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 58 VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal Julgue o item que se segue, relativo a execução penal, desarmamento, abuso de autoridade e evasão de dívidas. O registro de arma de fogo na PF, mesmo após prévia autorização do SINARM, não assegura ao seu proprietário o direito de portá-la. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O registro da arma de fogo é o direito de ter a guarda, é a posse legal que o proprietário da arma passa a ter, ou seja, a posse! É diferente do porte de arma de fogo, que é o direito de portar arma de fogo. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: Técnico do MPU Com referência ao Estatuto do Desarmamento, julgue o item subsecutivo. As armas das polícias militares deverão ser registradas no Sistema Nacional de Armas. Gabarito: Errado Comentário: O SINARM não controla todas as armas de fogo; excluem-se do controle, por exemplo, as armas do Exército, Marinha e Aeronáutica, que têm seus arsenais próprios. As armas de fogo utilizadas pelas Forças Armadas e Auxiliares e pelas Forças Auxiliares são sujeitas a regramento próprio, relacionado ao Sistema de Gerenciamento Militar de Armas – Sigma. Forças Auxiliares é o nome pelo qual eram conhecidas as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares. Hoje os integrantes dessas formas são considerados militares para todos os efeitos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 59 PORTE DE ARMA DE FOGO É o documento que autoriza o cidadão a portar, transportar e trazer consigo uma arma de fogo, de forma discreta, fora das dependências de sua residência ou local de trabalho. É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria. O Art. 6º do Estatuto traz as exceções a essa proibição: Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: I – Os integrantes das Forças Armadas; II– Os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; IV – Os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 e menos de 500.000 habitantes, quando em serviço; V – Os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; VI – Os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; VII – Os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; VIII – As empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei; IX – Para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. X - Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. XI – Os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 60 § 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que estejam: I - Submetidos a regime de dedicação exclusiva; II - Sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e III - Subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE DE ARMA DE FOGO DAS GUARDAS MUNICIPAIS Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: (...) III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; (…) § 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. STF AUTORIZA PORTE DE ARMA PARA GUARDAS-MUNICIPAIS DE CIDADES PEQUENAS O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou, por meio de liminar, o uso de arma de fogo para guardas municipais de quaisquer cidades. O Estatuto de Desarmamento previa a permissão apenas para capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes. Para o ministro, no entanto, é "primordial" que os diversos órgãos governamentais estejam entrosados no combate à "criminalidade violenta e organizada, à impunidade e à corrupção" ADI 5.948 Diante do exposto, nos termos dos arts. 10, § 3º, da Lei 9.868/99 e 21, V, do RISTF, CONCEDO A MEDIDA CAUTELAR PLEITEADA, ad referendum do Plenário, DETERMINANDO A IMEDIATA SUSPENSÃO DA EFICÁCIA das expressões das capitais dos Estados e com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, no inciso III, bem como o inciso IV, ambos do art. 6º da Lei Federal nº 10.826/2003. Alexandre de Morais, 29/6/2018. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 61 PORTE PARA CAÇADOR DE SUBSISTÊNCIA Art. 6º, § 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 ou 2 canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16, desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos: I - Documento de identificação pessoal II - Comprovante de residência em área rural; III - Atestado de bons antecedentes. § 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido. O aluno deve observar os critérios cumulativos para que seja permitida a concessão do porte para Caçador de Subsistência: - maior de 25 anos; - residente em área rural; - dependa de caçar para sobreviver. AUTORIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA PARA OS RESPONSÁVEIS PELA SEGURANÇA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM VISITA OU SEDIADOS NO BRASIL Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. Quando, por exemplo, alguma autoridade estrangeira realiza alguma visita ao Brasil e necessita que seus seguranças ingressem no país armados, a autorização do porte é de competência do Ministério da Justiça. No caso do o registro e concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional, a competência é do Comando do Exército. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 62 VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2020 Banca: SELECON Órgão: Prefeitura de Boa Vista - RR Prova: Guarda Civil Municipal Teotônio é proprietário rural, atuando em área de pequeno porte onde habita com sua família e colhe para subsistência. E com pequeno excesso de produção, atua vendendo os produtos nas feiras próximas. Tendo em vista que não existem órgãos de segurança pública no distrito onde exerce a agricultura, requer autorização para portar arma. Nos termos do estatuto do desarmamento, aos residentes em áreas rurais, maiores de vinte e cinco anos, que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, comprovados os requisitos legais, na categoria caçador para subsistência. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: Os critérios previstos para a concessão do porte para caçador para subsistência são encontrados no Art. 6º, § 5º, dentre eles, ser maior de 25 anos, residente em área rural e comprovar que dependa de caçar para sobreviver. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal No que concerne ao abuso de autoridade e aoEstatuto do Desarmamento, julgue o item a seguir. Supondo que determinado cidadão seja responsável pela segurança de estrangeiros em visita ao Brasil e necessite de porte de arma, a concessão da respectiva autorização será de competência do ministro da Justiça. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Segundo o Art. 9º, compete ao Ministério da Justiça. Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Campinas - SP Prova: Guarda Municipal Considere que Flora é ocupante de cargo de Guarda Municipal Feminino de um Município com 90 mil habitantes, que não integra nenhuma região metropolitana. Nessa situação hipotética, a Lei Federal nº 10.826/2003 estabelece, expressamente, que Flora a) não tem direito a usar arma de fogo em serviço. b) tem direito a usar arma de fogo em serviço e fora dele. c) não pode usar arma de fogo por ocupar cargo de Guarda Feminino. d) tem direito a usar arma de fogo em serviço. e) deve usar a sua arma de fogo particular quando em serviço. Gabarito: D Comentário: Apesar da recente decisão do STF, a lei não foi mudada e ainda estabelece – expressamente – que é proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 63 DOS CRIMES E DAS PENAS OBJETO MATERIAL Em regra, os crimes do Estatuto do Desarmamento possuem como objeto material: - arma de fogo; - acessório; - munição. Há 2 crimes no Estatuto do Desarmamento que não possuem como objeto material a arma, acessório ou munição de forma alternativa. O crime de Omissão de Cautela (Art. 13, caput) tem como objeto material apenas a arma de fogo. O crime de Disparo de Arma de Fogo (Art. 15) possui como objeto material a arma de fogo e a munição, não incluindo o acessório. ARMA DE FOGO Uma arma de fogo é um tipo de arma capaz de disparar um ou mais projéteis em alta velocidade por meio de uma ação pneumática provocada pela expansão de gases resultantes da queima de um propelente de alta velocidade O aluno deve ter conhecimento da jurisprudência acerca das peculiaridades existentes dos objetos materiais. Tenham bastante atenção. Arma DESMUNICIADA ou DESMONTADA: Para a configuração dos crimes, é considerada objeto material a arma de fogo independentemente de estar carregada ou montada. Assim, até mesmo a arma desmontada é considerada objeto material. Este Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacificada no sentido de que o porte ilegal de arma de fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese de perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato de levar consigo para a consumação do delito. Dessa forma, eventual nulidade do laudo pericial, ou até mesmo a sua ausência, não impede o enquadramento da conduta. STF (HC 119154/BA) e STJ (HC 248580/2014) Ainda que a arma esteja desmuniciada e que não esteja gerando situação de perigo real no momento é CRIME, pois o crime é de perigo abstrato. STJ (1400337/2013) e STF(RHC 117566/2013) HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. ARTIGO 14 DA LEI 10.826/03. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ARMA DESMUNICIADA. TIPICIDADE DA CONDUTA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera conduta e de perigo abstrato, consumando-se independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo para a sociedade, sendo que a probabilidade de vir a ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal. (...) É irrelevante para a tipificação do art. 14 da Lei 10.826/03 o fato de estar a arma de fogo municiada (...). STF, HC 107.447/ES, 03.06.2011 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 64 Realização de PERÍCIA na arma: O exame pericial é DISPENSÁVEL e PRESCINDÍVEL para a comprovação do porte ou posse. A falta do exame pericial pode ser suprida por outros meios de prova. Por ser um crime de perigo abstrato, é dispensável, para a sua configuração, a realização de exame pericial a fim de atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo apreendida. O posicionamento perfilhado pelo Tribunal de origem coaduna-se com a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, que é no sentido de que o crime previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é de perigo abstrato, sendo desnecessário perquirir sobre a lesividade concreta da conduta, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança pública e a paz social, colocadas em risco com a posse da arma de fogo, ainda que desprovida de munição, revelando-se despicienda a comprovação do potencial ofensivo do artefato através de laudo pericial. STJ, Quinta Turma, 23/10/2018 Laudo pericial REALIZADO: É importante ficar atento, porém, ao detalhe: mesmo sendo crime de perigo abstrato, se a arma de fogo for apreendida, periciada, e se for constatada a sua inaptidão para disparo, então o fato será ATÍPICO. Deve existir o vínculo ao laudo pericial quando houver. DIREITO PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E CONCEITO TÉCNICO DE ARMA DE FOGO. Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos. Informativo 544/STJ: Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio. Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/18 Apesar de ser dispensável, caso a perícia tenha sido realizada e o laudo pericial confeccionado atestar a incapacidade de produzir disparos (arma inapta), ele será vinculado e tornará o fato atípico. Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos 397.473/DF, 19.08.2014, Informativo 544 STJ 15.09.2015, Informativo 570. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 65 Arma com REGISTRO VENCIDO Fato atípico INFORMATIVO 572 do STJ - Atipicidade da conduta de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro vencido. Arma de brinquedo Atualmente, portar ou possuir arma de brinquedo é fato atípico, restringindo-se à seara de infração administrativa. Mesmo assim, o Estatuto veda a comercialização de armas de brinquedo em seu Art. 26: Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir (Art. 26). Esta regra tem exceções, quando a réplica ou simulacro se destina à instrução,a adestramento, ou à coleção de usuário autorizado. Arma de Pressão ou “Chumbinho” Não são consideradas armas de fogo para o Estatuto do Desarmamento e não são objetos materiais. Não se esqueça, porém, de que o uso de simulacro de arma de fogo ou arma de brinquedo configura a elementar “ameaça”, caracterizadora do crime de roubo (Art.157, caput do CP), mas não uma causa de aumento de pena do Art.157, §2º. ACESSÓRIO São quaisquer objetos que, acoplados à arma: - Melhoram o seu funcionamento ou precisão (melhoram o desempenho) (ex.: luneta, mira a laser etc.); - Modificam o efeito secundário do tiro (ex.: silenciador); - Alteram o aspecto visual da arma. Não são consideradas acessórias partes isoladas da arma (cano, cabo etc.), nem objetos que não alteram o funcionamento da arma (coldre, por exemplo). MUNIÇÃO Munição é o projétil a ser disparado de uma arma de fogo, incluindo o cartucho, que é um tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; na sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. Em casos isolados, os Tribunais têm admitido a aplicação do Princípio da Insignificância em casos de apreensão de munição desacompanhadas da arma de fogo. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 66 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA Princípio da Insignificância A apreensão de ÍNFIMA QUANTIDADE de munição desacompanhada de arma de fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco ao bem jurídico tutelado pela norma. STF, 13/11/2017; STJ n.º 108/2018 MUNIÇÃO USADA COMO CHAVEIRO OU COLAR Munição usada como chaveiro ou colar: A natureza do projétil é descaracterizada mediante a utilização em obra de arte ou para confecção de chaveiro, colar etc. STJ, 16/05/2017 BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS Objeto jurídico imediato: segurança coletiva (Segurança Pública e incolumidade pública). Objetos jurídicos mediatos/secundários: vida, saúde, patrimônio, incolumidade física. ELEMENTO SUBJETIVO Os crimes do Estatuto do Desarmamento são, em regra, praticados de forma dolosa. A exceção é justamente o único crime culposo do Estatuto do Desarmamento – o crime de Omissão de Cautela (Art. 13, caput), que possui como elemento subjetivo a culpa. AÇÃO PENAL NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO É majoritário o entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça segundo o qual os crimes do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato ou presumido, significando que sua ofensividade já está presumida na própria lei. Ou seja, para que exista o crime, não há necessidade de uma situação real de perigo para alguém. Assim, todos os crimes do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato. Os crimes previstos na Lei de Armas são crimes de perigo abstrato, em que se presume a potencialidade lesiva, razão pela qual é dispensável a análise a respeito da potencialidade lesiva da arma ou da munição apreendida, tampouco a demonstração de perigo concreto à sociedade. STJ, 07/08/2017. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 67 VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: Defensor Público A respeito dos delitos tipificados na legislação extravagante, julgue o item a seguir, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores. O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, ainda que a arma esteja desmuniciada ou comprovadamente inapta a realizar disparos, configura delito de porte ilegal de arma de fogo. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Vimos que a arma comprovadamente inapta para produzir disparos configura crime impossível por ineficácia absoluta do meio. Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - Promotor de Justiça O crime de porte de arma de fogo (Art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo concreto. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: É majoritário o entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça segundo o qual os crimes do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato ou presumido, significando que sua ofensividade já está presumida na própria lei. Ou seja, para que exista o crime não há necessidade de uma situação real de perigo para alguém. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: Juiz de Direito Substituto. Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudência do STJ acerca da interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que dispõe sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição, assinale: A inaptidão de arma de fogo para efetuar disparos, ainda que comprovada por laudo pericial, não é excludente de tipicidade. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Vimos que a arma comprovadamente inapta para produzir disparos configura crime impossível por ineficácia absoluta do meio. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia Julgue o item seguinte, referente a crimes de trânsito e a posse e porte de armas de fogo, de acordo com a jurisprudência e legislação pertinentes. O porte de arma de fogo de uso permitido sem autorização, mas desmuniciada, não configura o delito de porte ilegal previsto no Estatuto do Desarmamento, tendo em vista ser um crime de perigo concreto cujo objeto jurídico tutelado é a incolumidade física. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Como vimos, não importa se a arma a estiver municiada ou desmuniciada, ela funcionará como objeto material do crime. O outro erro da questão está em afirmar que o objeto jurídico tutelado seria a incolumidade física, mas vimos que é a incolumidade pública. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 68 Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: Técnico do MPU Com referência ao Estatuto do Desarmamento, julgue o item subsecutivo. Se uma pessoa for flagrada portando um punhal que tenha mais de 12 cm e dois gumes, ela poderá responder pelo crime de porte ilegal de arma, previsto no Estatuto do Desarmamento. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Punhal não se enquadra como objeto material do Estatuto do Desarmamento. Arma branca não tipifica os crimes do Estatuto, e sim arma de fogo. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DPE-PE Prova: Defensor Público Tales foi preso em flagrante delito quando transportava, sem autorização legal ou regulamentar, dois revólveres de calibre 38 desmuniciados e com numerações raspadas. Acerca dessa situação hipotética, julgue o item que se segue, com base na jurisprudência dominante dos tribunais superiores relativa a esse tema. O fato de as armas apreendidas estarem desmuniciadas não tipifica o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito em razão da total ausência de potencial lesivo da conduta. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: errado Comentário: Como vimos, não importa se a arma estiver municiada ou desmuniciada, ela funcionará como objeto material do crime. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: Delegado de Polícia Civil De acordo com o entendimento da doutrina e dos tribunais superiores sobre o Estatuto do Desarmamento, especialmente quanto às armas de fogo, o porte de arma de fogo de uso permitido com a numeração raspada equivale penalmente ao porte de arma de fogo de uso restrito. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: Hipótese prevista no Art. 16, Inciso IV. Parágrafo 1º. Nas mesmas penas incorre quem: IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 69 CRIMES EM ESPÉCIE Por questões didáticas, iremos estudar os crimes na sequência abaixo: Omissão de Cautela – Art. 13 Disparo de arma de fogo – Art. 15 Comércio Ilegal de arma de fogo – Art. 17 Tráfico internacional de armas – Art. 18 ART. 12. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa. Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. CONDUTA TÍPICA A conduta tipificada no Art.1 2 é a de possuir ou manter a arma/acessório/munição, de uso permitido na SUA CASA (interior, dependências) ou LOCAL DE TRABALHO (titular ou responsável legal), porém SEM O REGISTRO no órgão competente. Obs.: Não se exige a propriedade da arma, basta a “posse” ou “guarda”, estando configurado o crime o agente que possuir, por exemplo, a arma de calibre permitido em sua residência sem o certificado de registro, mesmo que a propriedade da arma não esteja vinculada a ele. ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO PENAL Conforme já visto anteriormente, o registro da arma no órgão competente autoriza seu proprietário a mantê-la - exclusivamente - no interior de sua residência, domicílio ou dependência, ou, ainda, no seu local de trabalho (ele deve ser o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 70 Arma encontrada em boleia de caminhão O STJ entendeu que o transporte da arma na boleia configurava PORTE, e não POSSE, já que a boleia não seria casa para estes fins. Vejamos: 1. O caminhão é instrumento de trabalho do motorista, assim como, mutatis mutandis, a espátula serve ao artesão. Portanto, não pode ser considerado extensão de sua residência, nem local de seu trabalho, mas apenas um meio físico para se chegar ao fim laboral. 2. Arma de fogo apreendida no interior da boleia do caminhão tipifica o delito de porte ilegal de arma (Art. 14 da Lei n. 10.826/2003). (…) PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. INTERIOR DE CAMINHÃO. CONFIGURAÇÃO DO DELITO TIPIFICADO NO ART. 14 DA LEI 10.826/2003. 1. Configura delito de porte ilegal de arma de fogo se a arma é apreendida no interior de caminhão. 2. O caminhão não é um ambiente estático, não podendo ser reconhecido como local de trabalho. (REsp 1219901/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 24/04/2012, DJe 10/05/2012) SUJEITO ATIVO O crime do Art. 12 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. SUJEITO PASSIVO O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago. CONSUMAÇÃO O crime se consuma no momento que o objeto material entra na residência ou no estabelecimento comercial. Trata-se de crime permanente e de mera conduta (sem modificação no mundo exterior) em que a prisão em flagrante é possível enquanto não cessada a conduta. Mesmo de difícil acontecimento, a tentativa é possível. OBJETO MATERIAL Armas (de uso permitido) Acessório: Como já vimos, acessórios são quaisquer objetos que, acoplados à arma, melhoram o desempenho, modificam o efeito secundário do tiro ou alteram o aspecto visual da arma. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 71 Munição Princípio da Insignificância A apreensão de ÍNFIMA QUANTIDADE de munição desacompanhada de arma de fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco ao bem jurídico tutelado pela norma. STF, 13/11/2017; STJ n.º 108/2018 Única Conduta, porém, várias armas: Crime único. ART. 14 – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. Trata-se de um tipo misto alternativo, ou seja, um crime de conduta múltipla ou variada (plurinuclear). A prática de várias condutas no mesmo contexto fático, portanto, configura um crime único. Condutas em contextos fáticos diferentes configura concurso de crimes. CONDUTA TÍPICA Embora a denominação legal do delito seja “Porte Ilegal de arma de fogo de uso permitido”, é fácil notar que o texto legal possui abrangência muito maior, já que existem outras inúmeras condutas típicas. As ações nucleares são portar, deter, adquirir, ter em deposito, receber, ceder, transportar, entre outras. SUJEITO ATIVO O crime do Art. 16 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. SUJEITO PASSIVO O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago. CONSUMAÇÃO O crime se consuma quando o agente realiza as condutas típicas sem autorização ou em desacordo com determinação legal. É um crime de mera conduta. Como exemplo, imaginemos a situação em que um indivíduo que possui ilegalmente uma arma de uso permitido resolve sair de casa e ir ao shopping. Como não possui o respectivo porte, o crime de porte ilegal do Art. 14 estará caracterizado. Caso o mesmo indivíduo não tenha o CRAF e seja encontrado em casa, ele responderá pelo Art. 12 (Posse Ilegal de arma). Caso esteja fora desse elemento especial (casa ou local de trabalho em que seja representante legal, por exemplo), responderá pelo Art. 14. Trata-se de um crime de ação múltipla (tipo misto alternativo) em que a realização de mais de uma conduta típica em relação ao mesmo objeto material configura crime único. Em alguns verbos admite-se a tentativa (ex.: tentativa de aquisição de arma de fogo). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 72 OBJETO MATERIAL Arma sem munição (descarregada): Crime. Arma Desmontada: Crime. INCONSTITUCIONALIDADE DO PARÁGRAFO ÚNICO O crime previsto neste artigo é inafiançável O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, a ação para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 014 e 015 e do artigo 021 da Lei nº 10826, de 22 de dezembro de 2003. Plenário, 02.05.2007. Acórdão, DJ 26.10.2007. VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia Julgue o item seguinte, referente a crimes de trânsito e a posse e porte de armas de fogo, de acordo com a jurisprudência e legislação pertinentes. Situação hipotética: Um policial militar reformado foi preso em flagrante delito por portar arma de fogo de uso permitido, sem autorização legal e sem o devido registro do armamento. Assertiva: Nessa situação, a autoridade policial não poderá conceder fiança, porquanto o Estatuto do Desarmamento prevê que o fato de a arma não estar registrada no nome do agente torna inafiançável o delito. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, a ação para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 014 e 015 e do artigo 021 da Lei nº 10826, de 22 de dezembro de 2003. Plenário, 02.05.2007. Acórdão, DJ 26.10.2007. Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Analista Legislativo Julgue o seguinte item, acerca de crimes relacionados a arma de fogo e à propriedade industrial. Se um indivíduo que não possua portede arma de fogo transportar, a pedido de um amigo que possua o referido porte, munição de uma arma de fogo e, estando sozinho nessas circunstâncias, for encontrado pela polícia, tal fato configurará crime previsto em lei. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: A autorização para o porte ou a posse é personalíssima e intransferível. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 73 ART. 16, CAPUT – POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU RESTRITO Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. Iniciamos o nosso estudo do Art. 16 com a informação de que se trata de um crime hediondo e que teremos atualização decorrida do Pacote Anticrime. Inicialmente vamos contextualizar a diferença entre o crime do Art. 14 e Art. 16. Quando a arma de fogo é de uso restrito ou proibido, o crime do Art. 16 vale tanto para a posse ilegal como também para o porte ilegal. Por outro lado, quando a arma de fogo é de uso permitido, a posse ilegal caracteriza o delito do Art. 12, enquanto o porte ilegal acarreta o delito do Art. 14. Desse modo, contemplamos que o Art. 16 está punindo tanto a posse quanto o porte de arma proibida ou restrita. PACOTE ANTICRIME Na redação anterior, realizar as condutas descritas no caput tanto com arma de calibre restrito quanto com arma de calibre proibido tinham a mesma pena, o mesmo preceito secundário (reclusão, de 3 a 6 anos, e multa). Com a publicação da Lei nº 13.964/2019, o legislador majorou o preceito secundário das condutas quando elas forem realizadas com armas de uso proibido, passando para reclusão de 4 a 12 anos. CONDUTA TÍPICA Este tipo também descreve múltiplas condutas (13 verbos típicos), de modo que a prática de mais de uma delas, pelo mesmo agente, dentro do mesmo contexto fático, configurará o cometimento de um único crime (ou seja, o agente não responderá pelo concurso de crimes). O Art.16 pune tanto a posse quanto o porte de arma proibida ou restrita. Ou seja, ter uma arma proibida em casa ou andar com uma arma proibida pelas ruas configura o mesmo crime. A conduta típica nada mais é que realizar os verbos do tipo com o determinado elemento normativo do tipo: Sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. SUJEITO ATIVO O crime do Art. 16 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. SUJEITO PASSIVO O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 74 CONSUMAÇÃO O crime se consuma quando o agente realiza as condutas típicas sem autorização ou em desacordo com determinação legal. É um crime de mera conduta. A tentativa é, em tese, possível, como por exemplo, tentar adquirir arma de fogo de uso restrito. OBJETO MATERIAL Arma sem munição (descarregada): Crime Arma Desmontada: Crime! NATUREZA HEDIONDA Lei nº 13.497, de 26 de outubro de 2017. Altera a Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito no rol dos crimes hediondos. OBJETIVIDADE JURÍDICA O bem jurídico tutelado é a incolumidade pública, especificamente a segurança pública. BEM JURÍDICO Segundo o STF, o bem jurídico tutelado pelo Art. 16, além da PAZ e SEGURANÇA PÚBLICAS, também protege a SERIEDADE DOS CADASTROS DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS. Essa informação possui uma relevância imensa em virtude da possibilidade ou não da aplicação do Princípio da Consunção e concurso de crimes. Exemplo: CONCURSO DE CRIMES – ART. 14 x ART. 16. Caso concreto: Indivíduo encontrado com munições de arma permitida (.38) e possuía arma de fogo com numeração raspada (calibre.38) – no mesmo contexto fático. Conforme se depreende dos autos, Alberto, além das munições, possuía sob sua guarda uma arma de fogo calibre 38, com numeração raspada É assente, nesta Corte Superior, o entendimento de não ser possível a aplicação do princípio da consunção entre os crimes previstos nos arts. 14 e 16 da Lei 10.826/2003, uma vez que o delito capitulado neste último tutela, além da paz e segurança pública, os cadastros no Sistema Nacional de Armas, resguardando bens jurídicos distintos, assistindo, no ponto, razão ao órgão ministerial. RECURSO ESPECIAL Nº 1.745.037 - MG (2018/0132570-0) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 75 AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E DE USO RESTRITO. DELITOS DIVERSOS. ART. 14 E 16 DA LEI N. 10.826/2003. CRIME ÚNICO. IMPOSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO DE CONCURSO FORMAL. 1. A prática, em um mesmo contexto fático, dos delitos tipificados nos artigos 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, configuram diferentes crimes porque descrevem ações distintas, com lesões a bens jurídicos diversos, devendo ser somados em concurso formal. 2. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1588298 / MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 03/05/2016, DJe 12/05/2016) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PORTE ILEGAL DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÕES DE USO RESTRITO E PERMITIDO. ARTS. 14 E 16 DA LEI N. 10.826/03. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. BENS JURÍDICOS DISTINTOS. I. As condutas de possuir arma de fogo e munições de uso permitido e de uso restrito, apreendidas em um mesmo contexto fático, configuram concurso formal de delitos. II. O art. 16 do Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança públicas, também protege a seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime único, pois há lesão a bens jurídicos diversos. III. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1619960 / MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 01/08/2017) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 16 DA LEI 10.826/03. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CRIME DE MERA CONDUTA E DE PERIGO ABSTRATO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE EXCEPCIONAL. PEQUENA QUANTIDADE DE MUNIÇÃO. MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA. ATIPICIDADE MATERIAL. ORDEM CONCEDIDA. 1. A jurisprudência desta Corte é remansosa no sentido de que o delito previsto no Art. 16 da Lei nº 10.826/2003 tem como bem jurídico tutelado a incolumidade pública, sendo de mera conduta e de perigo abstrato, bastando a posse/porte de arma ou munição, sem autorização devida, para tipificar a conduta. Dessa forma, também se mostra irrelevante especular sobre a aplicação do princípio da insignificância. 2. Recentemente, no entanto, a Sexta Turma desta Corte, seguindo a linha jurisprudencial traçada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RHC 143.449/MS, vem reconhecendo, excepcionalmente, a atipicidade material da posse/porte de pequenas quantidades de munições, desacompanhadas de arma de fogo, quando inexistente a potencialidade lesiva ao bem jurídico tutelado. Ressalva do entendimento pessoal desta Relatora. 3. Na espécie, foram encontradas no porta-luvas do carro de propriedade do paciente apenas 04 (quatro) munições, sendo 03 (três) de calibre.40 e 01 (uma) de calibre 9mm, desacompanhadas de artefato belicoso a indicar o possível emprego imediato dos cartuchos. Deve-se, portanto, reconhecer a atipicidade material, em razão da mínima ofensividade da conduta do agente. 4. Ordem concedida para absolver o paciente da prática do delito tipificado no Art. 16 da Lei n. 10.826/2003, com fundamento no art. 386, III, do Código de Processo Penal. STJ HC 442036/SP19/06/2018 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 76 2ª Turma concede HC a policial aposentado condenado após ser flagrado com uma cápsula de fuzil. Por unanimidade e com base no princípio da insignificância, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, nesta terça-feira (17), Habeas corpus (HC 154390) para reconhecer a atipicidade da conduta imputada a um policial civil aposentado, condenado a 3 anos e 6 meses de reclusão por ter sido flagrado na posse de uma munição de fuzil calibre 762. O ministro Dias Toffoli explicou que o crime previsto no artigo 16 da Lei 10.826/2003, de acordo com a jurisprudência, é crime de perigo abstrato, cuja consumação independe de demonstração de sua potencialidade lesiva. Contudo, para o relator, a hipótese dos autos permite que se afaste esse entendimento, uma vez que a conduta de manter a posse de uma única munição não gera perigo para a sociedade, de modo a ofender o bem jurídico tutelado pela norma penal. STF (HC 154390) - 17 de abril de 2018 ART. 16. PARÁGRAFO 1º – CONDUTAS EQUIPARADAS § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos. O parágrafo 1º do Art.16 apresenta tipos penais autônomos em relação ao caput. Por esta razão, os incisos se referem não apenas às armas de uso RESTRITO, mas também às de uso PERMITIDO. Porém, o parágrafo 2º trazido pelo Pacote Anticrime majora a pena em caso de armas de uso proibido. SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE SINAL DE IDENTIFICAÇÃO I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; A conduta do inciso I é praticada não só por aquele que raspa a numeração da arma, mas também por quem dificulta sua identificação de qualquer outra forma (raspando o emblema do fabricante, por exemplo). Artefato também é objeto material. Prejudica o esforço do Estado para exercer fiscalização e controle. Ex.: Granada. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 77 TRANSFORMAÇÃO PARA ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU PARA INDUZIR EM ERRO A AUTORIDADE II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná- la equivalente a arma de fogo de uso restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; Conduta 1: Modificar para torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito O objeto material aqui é a arma permitida, pois apenas a arma permitida pode se tornar proibida ou restrita. Conduta 2: Modificar as características da arma para dificultar ou induzir a erro o policial, juiz ou perito. Dolo Específico. Esse crime se sobrepõe ao crime de fraude processual. Induzir a erro MP não há esse crime, apenas juiz, perito ou autoridade A consumação se dá com a efetiva modificação da característica da arma de fogo. Logo, será irrelevante que a alteração tenha conseguido ou não induzir as autoridades a erro. Princípio da especialidade - Esse crime é especial em relação ao crime de fraude processual do Art. 347 do CP. Ou seja, esse inciso II é norma especial em relação ao inciso 347 do CP. POSSE, FABRICAÇÃO OU EMPREGO DE ARTEFATO EXPLOSIVO OU INCENDIÁRIO III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; O objeto material não é nem arma de fogo, nem acessório, nem munição; é artefato explosivo ou incendiário. Ex.: dinamite, bomba de fabricação caseira etc. Efetiva posse já é suficiente para consumar o crime, não havendo a necessidade da aplicação do artefato. Portar GRANADA DE GÁS LACRIMOGÊNIO OU DE PIMENTA NÃO CONFIGURA crime do Estatuto do Desarmamento. ESTATUTO DO DESARMAMENTO. DELITO TIPIFICADO NO ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, III DA LEI N. 10.826/2003. PORTE DE ARTEFATO EXPLOSIVO. GRANADA DE GÁS LACRIMOGÊNIO/PIMENTA. INADEQUAÇÃO TÍPICA. A conduta de portar uma granada de gás lacrimogênio e outra de gás de pimenta não se subsome ao delito previsto no Art. 16, parágrafo único, III, da Lei n. 10.826/03. STJ, 21/02/2017 (Info n. 599/STJ). Não há discussão sobre a tipicidade do ato praticado por quem porta artefato explosivo. A discussão está relacionada à definição de explosivo, e ao fato de essa definição alcançar ou não as granadas de gás lacrimogênio e gás de pimenta. O Tribunal deu definição técnica para o que seria um explosivo. No entanto, não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por explosivo, não projete e nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou plástico quebradiço, não possuindo, portanto, considerável potencial de destruição. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 78 PORTE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; Não importa se é arma permitida ou proibida. No inciso I é aplicado ao agente que altera materialmente os sinais de identificação da arma. No Inciso IV, punem-se as condutas posteriores à adulteração, como transportar, adquirir, fornecer. VENDA, ENTREGA OU FORNECIMENTO DE ARMA DE FOGO A CRIANÇA OU ADOLESCENTE V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; A conduta, aqui, é dolosa, diferentemente do que ocorre no crime de omissão de cautela (Art. 13). A doutrina aponta que o inciso V do Art.16 derrogou o Art. 242 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA), que tem a seguinte redação: Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos Como o inciso V do Art.16 trata apenas de arma de fogo, considera-se que somente a entrega de ARMAS BRANCAS (facas, machados, canivetes etc.) à criança ou ao adolescente é que configuraria o crime do Art.242 do ECA. Se for ARMA DE FOGO, MUNIÇÃO, EXPLOSIVO ou ACESSÓRIO vale o Estatuto! Se for ARMA BRANCA, vale o ECA! PRODUÇÃO, RECARGA OU RECICLAGEM DE MUNIÇÃO OU EXPLOSIVO VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Legislador resolveu punir a produção, recarga, reciclagem de munição, atividades que somente podem ser executadas com a devida autorização. VAMOS VER COMO ISSO É COBRADO EM PROVA! Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - Promotor de Justiça Se o objeto mediante o qual for praticado o crime de posse de arma de fogo for uma arma de fogo com numeração suprimida pelo sujeito, ocorrerá um concurso formal de delitos entre a posse e a supressão (Lei n. 10.826/2003). Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário:como observamos ao estudarmos o Art. 16, § 1º, inciso IV, é crime portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado. Assim, não há concurso de crimes, e sim, crime único. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 79 Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: Juiz de Direito Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudência do STJ acerca da interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que dispõe sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição, julgue o item a seguir. O princípio da consunção aplica-se no caso de haver apreensão de armas de fogo e munições de uso permitido e restrito em um mesmo contexto fático. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Segundo o STJ, o Art. 14 e o Art. 16 do Estatuto do Desarmamento possuem bens jurídicos distintos e a prática, em um mesmo contexto fático, dos delitos tipificados nos artigos 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, configuram diferentes crimes porque descrevem ações distintas, com lesões a bens jurídicos diversos, devendo ser somados em concurso formal. (AgRg no REsp 1588298 / MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 03/05/2016, DJe 12/05/2016) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PORTE ILEGAL DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÕES DE USO RESTRITO E PERMITIDO. ARTS. 14 E 16 DA LEI N. 10.826/03. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. BENS JURÍDICOS DISTINTOS. I. As condutas de possuir arma de fogo e munições de uso permitido e de uso restrito, apreendidas em um mesmo contexto fático, configuram concurso formal de delitos. II. O Art. 16 do Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança públicas, também protege a seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime único, pois há lesão a bens jurídicos diversos. III. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1619960 / MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 01/08/2017) ART. 13 – OMISSÃO DE CAUTELA Art. 13 Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que MENOR DE 18 ANOS ou PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA MENTAL se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Este tipo protege a sociedade contra acidentes decorrentes do manejo de arma de fogo por menor de idade ou pessoa com deficiência mental. CARACTERÍSTICAS E ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME Crime omissivo, culposo (negligência ou imprudência) e de menor potencial ofensivo. SUJEITO ATIVO Crime comum. SUJEITO PASSIVO Menor de 18 anos ou deficiente mental. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 80 OBJETO MATERIAL Qualquer tipo de arma de fogo (proibida ou permitida) Atenção: não estão incluídos os acessórios e a munição. Deixar, portanto, culposamente acessório próximo a menor ou deficiente mental é fato atípico. CONSUMAÇÃO A consumação ocorre com o apoderamento da arma pelo menor ou pelo portador de deficiência mental, independentemente de gerar ou não algum perigo. O crime é material. Ou seja: para sua consumação, não basta a falta de cuidado do agente em relação à guarda da arma, mas sim que o menor/deficiente mental efetivamente se apodere da mesma. Exemplo: Pai chega em casa e deixa arma em cima da mesa, sem nenhuma proteção e vai dormir. O filho menor de 18 anos chega em casa e vê a arma. Contudo, sequer a toca, já que sempre foi orientado acerca do perigo que tal objeto representa. Nessa situação, o crime não se consumou, já que não houve o apoderamento de arma de fogo pelo menor. O fato, portanto, será atípico. Não é possível a tentativa. Não se exige qualquer relação jurídica entre o sujeito ativo e o sujeito passivo. Se o agente entrega a arma propositalmente a uma criança? Comete crime de PORTE ILEGAL. Há o crime mesmo com menor emancipado. O tipo penal não tutela pessoa com necessidades especiais FÍSICAS. CONCURSO DE CRIMES Responde exclusivamente pelo Art. 13, caput, apenas se o sujeito ativo tiver a arma legal, pois, em caso de arma ilegal, responderá, conforme o caso, em concurso material, com o Art. 12 ou Art. 14 ou Art. 16. ART. 13 – OMISSÃO DE CAUTELA – PARÁGRAFO ÚNICO Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 horas depois de ocorrido o fato. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. SUJEITO ATIVO Crime próprio. Só pode o crime ser praticado por empresário de segurança ou empresa de transporte de valores. SUJEITO PASSIVO É o estado que fica prejudicado no dever de controlar as armas de fogo no Brasil. Duplo dever de comunicação: Dever de registrar ocorrência 2. Dever de comunicar à PF. A falta de qualquer uma das comunicações já confirma o crime. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 81 OBJETO MATERIAL São objeto material do delito armas de fogo, acessórios ou munições. Não há especificação de arma permitida ou restrita. ELEMENTO SUBJETIVO É unânime o entendimento segundo o qual o crime do Art. 13, parágrafo único, é doloso. CONSUMAÇÃO Crime a Prazo Segundo a lei, a consumação só se dá após 24 horas depois de ocorrido o fato. A doutrina, porém, assegura que a consumação se dá 24 horas da ciência do fato. PEGADINHA! Aos crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (Art.12) e de omissão de cautela (Art.13) são cominadas penas de detenção. A todos os demais crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, a pena cominada é reclusão. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: Agente de Inteligência Ainda conforme o disposto no Estatuto do Desarmamento, julgue o próximo item. Comete crime o agente que deixa de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de dezoito anos de idade se apodere de arma de fogo que esteja sob a sua posse, ainda que não haja consequências graves. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O crime do art; 13 do Estatuto do Desarmamento pune culposa e omissiva do agente que deixa de tomar as cautelas necessárias para evitar que menor de 18 anos ou deficiente mental se apodere de arma de fogo. O crime se consuma quando o menor de 18 anos ou deficiente mental se apoderam da arma de fogo, independentemente de consequências. Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: Agente da Polícia Federal À luz da lei dos crimes ambientais e do Estatuto do Desarmamento, julgue o item seguinte. Responderá pelo delito de omissão de cautela o proprietário ou o diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal, nas primeiras vinte e quatro horas depois de ocorrido o fato, a perda de munição que esteja sob sua guarda. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: É responsabilidade do proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança de registrar a ocorrência e comunicar à PF perda, furto, roubo ou extravio de arma, acessório ou munição. Caso não faça, incorrerá no crime de Omissão de Cautela, parágrafo único. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 82 ART. 15 – DISPARO DE ARMA DE FOGO Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime (trata-se de crime subsidiário):Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável SUJEITO ATIVO Crime Comum. Pode ser sujeito ativo do crime mesmo aquele que tenha o porte legal de arma. SUJEITO PASSIVO Coletividade. CONDUTAS Duas condutas são mencionadas no tipo penal: a) disparar arma de fogo; b) acionar munição, sem que ocorra o disparo (ex.: falha da munição). ELEMENTO ESPACIAL (...) em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela. OBS: se a conduta ocorrer em local ermo, desabitado, não há o crime. Não é necessário que a conduta gere perigo real a alguém, ainda que o elemento espacial exija que seja praticado o delito em lugar habitado, em suas adjacências ou em via pública ou em direção a ela. ELEMENTO SUBJETIVO O elemento subjetivo é o dolo. O disparo acidental, portanto, não configura crime. CONSUMAÇÃO A consumação ocorre com o mero disparo ou acionamento da munição (crime de mera conduta). SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA A configuração do delito só existirá caso não exista crime mais grave. Caso o disparo/acionamento tenha por finalidade a prática de outro crime, aplica-se o princípio da consunção, ficando o crime menos grave (no caso, o disparo do Art.15) absorvido pelo de maior gravidade. Exemplo: “A”, desejando matar “B”, efetua contra este disparo certeiro de arma de fogo, consumando o homicídio. Nessa situação, “A” responderá apenas pelo homicídio. O disparo de arma de fogo (crime menos grave) será absorvido pelo homicídio. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 83 INCONSTITUCIONALIDADE Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável CONCURSO DE CRIMES Disparo + Porte Ilegal (Art. 14) – Princípio da Consunção Pelo mesmo raciocínio, o crime do Art.15 (disparo) absorve o crime de porte ilegal de uso permitido (Art.14). Afinal, o porte é um meio para que se possa disparar a arma (crime-fim). APELAÇÃO CRIMINAL - PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E DISPARO DE ARMA DE FOGO - PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO - APLICAÇÃO – (...). Para se efetuar disparo de arma de fogo em local habitado, primeiro é necessário portar a arma, constituindo-se, assim, o porte, crime-meio para o disparo e, sendo este crime mais grave, deve absorver aquele, delito menos grave, em observância ao princípio da consunção. TJ-MG, 16/03/2016 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: Perito Criminal Federal Em cada item que segue, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Samuel disparou, sem querer, sua arma de fogo em via pública. Nessa situação, ainda que o disparo tenha sido de forma acidental, culposamente, Samuel responderá pelo crime de disparo de arma de fogo, previsto no Estatuto do Desarmamento. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: O disparo de arma de fogo possui como elemento subjetivo o dolo. Não é punível a modalidade culposa. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova Agente de Inteligência Ainda conforme o disposto no Estatuto do Desarmamento, julgue o próximo item. O mero disparo de arma de fogo nas adjacências de lugar habitado é crime punido com reclusão, estando seu autor sujeito a um aumento de pena se for integrante dos órgãos elencados na lei. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O crime de disparo de arma de fogo – Art. 15 do Estatuto do Desarmamento – configura-se com o disparo arma de fogo ou acionamento de munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime. No Art. 20 que a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos Arts. 6º, 7º e 8º da Lei. Ano: 2016 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça – Matutina O tipo penal do Art. 15 da Lei n. 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) prevê pena de reclusão e multa para a conduta de disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, apresentando, contudo, uma ressalva que caracteriza ser o crime referido de natureza subsidiária, qual seja, desde que as condutas acima referidas não tenham como finalidade a prática de outro crime. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 84 Gabarito: Certo Comentário: A questão é praticamente a transcrição do Art. 15 do Estatuto do Desarmamento. É um crime subsidiário. Caso o disparo tenha a finalidade a prática de outro crime, não será o crime do Art. 15. Podemos dizer que a segunda parte do tipo - desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime - homenageia o princípio da subsidiariedade (na modalidade expressa) como forma de solução do conflito aparente de normas. Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Agente Administrativo Considere que, em uma briga de trânsito, Joaquim tenha sacado uma arma de fogo e efetuado vários disparos contra Gilmar, com a intenção de matá-lo, e que nenhum dos tiros tenha atingido o alvo. Nessa situação, Joaquim responderá tão somente pela prática do crime de disparo de arma de fogo. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Vimos que o crime do Art. 15 é subsidiário. Caso o disparo tenha como finalidade a prática de outro crime, não será o crime do Art. 15. No caso da questão, o disparo foi para matar. Dessa forma, responderá por crime tentado, ou seja, tentativa de homicídio. Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEAP-GO Prova: Agente de Segurança Prisional Em certo domingo, J. M. S., com vontade livre e consciente, sacou a própria arma, devidamente registrada, e efetuou disparos de arma de fogo, por diversão, nas proximidades da feira permanente de sua cidade. A ação ocorreu por volta de 10 horas, exatamente no momento em que J. M. S. passava de carro pela avenida central, em sentido à rodoviária. Nessa situação hipotética, ele responderá por Gabarito: C. Comentário: Vimos que o crime do Art. 15 é subsidiário. Caso o disparo tenha a finalidade a prática de outro crime, não será o crime do Art. 15. No caso da questão, o disparo foi por diversão e a conduta não tinha nenhum animus em relação a J.M.S. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 85 ART. 17 – COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: § 1º. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. pena - reclusão, de 6 a 12 anos, e multa. § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. PACOTE ANTICRIME Iniciamos o estudo deste crime trazendo as mudanças decorrentes do Pacote Anticrime que, além tornar o crime hediondo e de modificar o preceito secundário do Art. 17 caput (reclusão de 4 a 8 anos para reclusão de 6 a 12 anos), acrescentou o parágrafo 2º, trazendo a figura do agente disfarçado. SUJEITO ATIVO Só pode ser comerciante ou industrial, legal ou ilegal, de arma de fogo, acessório ou munição. Trata-se, portanto, de crime próprio. Observar que o parágrafo único equipara algumas atividadesà atividade comercial ou industrial para essas finalidades. O armeiro que exerce a atividade irregularmente, por exemplo, incorre nesse crime. SUJEITO PASSIVO Coletividade. OBJETO MATERIAL Interessante destacarmos que o Art. 17 não faz distinção entre arma de fogo de uso permitido e arma de fogo de uso restrito. Em outras palavras, o crime é o mesmo tanto para o comércio ilegal de arma de fogo de uso proibido como para o comércio ilegal de arma de fogo de uso permitido. Porém, o Art. 19 determina que a pena será aumentada em metade no caso de arma de uso proibido ou restrito. Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 86 ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO Está contido na expressão sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Trata-se de crime é de perigo abstrato e de mera conduta. Assim, consuma-se com a prática de qualquer das condutas previstas em lei, e, uma vez realizada a conduta, presume-se de forma absoluta o perigo à segurança pública. Nesse sentido, Gabriel Habib: o crime de comércio ilegal de arma de fogo consuma-se no momento da prática das condutas descritas no tipo, de forma reiterada, independentemente da produção de qualquer resultado, por tratar-se de crime de mera conduta. Admite-se a tentativa (crime plurissubsistente). O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (art. 17 da Lei n. 10.826/2003) é delito de tipo misto alternativo e de perigo abstrato, bastando para sua caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo prescindível a demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública. STJ n.º 108/2018. Ex.1: vizinho que vende arma a outro vizinho: não se aplica o Art. 17. Ex.2: dono de restaurante vende sua arma para o cliente: não se aplica o Art. 17, porque o dono do restaurante não exerce comércio de armas de fogo. Ex.3: indivíduo que comercializa armas de fogo no fundo de sua residência: aplica- se o Art. 17. § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. PACOTE ANTICRIME: A FIGURA DO AGENTE DISFARÇADO Figura trazida pela Lei nº 13.964/2019, conhecida como PACOTE ANTICRIME, o § 2º do Art. 17 e 18 trouxe a discussão entre as correntes contrárias ao pacote e as que apoiam acerca da possível permissão do “Flagrante Provocado ou preparado.” A Lei 13.964/2019 dentre tantas alterações importantíssimas, em algumas passagens, traz a nova figura do agente disfarçado que não deve ser confundido com outras técnicas especiais de investigação como agente infiltrado ou agente que atua em meio a uma ação controlada. Segundo Rogério Sanches, é possível esboçar a definição de agente disfarçado como aquele que, ocultando sua real identidade, posiciona-se com aparência de um cidadão comum (não chega a infiltrar-se no grupo criminoso) e, partir disso, coleta elementos que indiquem a conduta criminosa preexistente do sujeito ativo. O agente disfarçado ora em estudo não se insere no seio do ambiente criminoso e tampouco macula a voluntariedade na conduta delitiva do autor dos fatos. Os autores, ainda, fazem a distinção entre o agente infiltrado, provocador e o disfarçado: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 87 PRESENÇA DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS RAZOÁVEIS DE CONDUTA CRIMINAL PREEXISTENTE Para a validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas em grau suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa, circunstância objeto da investigação proporcionada pelo disfarce. A investigação realizada pelo agente disfarçado, em razão da qualificada apreensão de informações proporcionada pelo disfarce, colhe elementos probatórios razoáveis acerca da conduta criminosa preexistente. Caso a investigação descarte a conduta criminosa preexistente, ou seja, caso revele tratar- se de vendedor casual dos produtos ilícitos, não será possível responder pelos crimes especiais criados pela Lei 13.964/2019. Essa observação é crucial para compreender o instituto como uma aposta na atuação profissional dos investigadores policiais e não simplesmente como um expediente capaz de levar ao alargamento de prisões de pessoas desvinculadas da prática de crimes. VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: Analista Judiciário Julgue o próximo item, acerca do Estatuto do Desarmamento (Lei n.º 10.826/2003), da Resolução Conjunta CNJ/CNMP n.º 4/2014 e do Código Internacional Q. O ato de montar ou desmontar uma arma de fogo, munição ou um acessório de uso restrito, sem autorização, no exercício de atividade comercial constitui crime de comércio ilegal de arma de fogo, com a pena aumentada pela metade. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: A conduta perfeitamente com o crime do Art. 18 do Estatuto do Desarmamento. Apensar dos verbos “montar e desmontar” passarem despercebidos, eles estão lá como núcleo do tipo! O Art. 19 traz que os crimes previstos nos Arts. 17 e 18 a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, o acessório ou a munição forem de uso proibido ou restrito. ART. 18 – TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO ou MUNIÇÃO, sem autorização da autoridade competente: Pena - reclusão, de 8 a 16 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 88 PACOTE ANTICRIME O Pacote Anticrime modificou o preceito secundário do tipo penal, aumentando a pena e acrescentou o parágrafo único, onde encontramos a figura do agente disfarçado. São 4 as condutas do tipo: ➢ ➢ SUJEITO ATIVO Crime Comum. SUJEITO PASSIVO Coletividade. Crime Vago. OBJETO MATERIAL Objeto material é idêntico ao do Art. 17, inclusive no que toca à causa de aumento de pena prevista no Art. 19. CONSUMAÇÃO Com a prática de qualquer das condutas típicas. A lei presume de forma absoluta o perigo à segurança pública com a entrada de uma arma no Brasil de forma clandestina. Dessa formo, sendo o delito de mera conduta, esgota-se com a prática da conduta descrita no tipo penal, e não há resultado naturalístico. Nesse sentido, preleciona Gabriel Habib: o crime consuma-se no momento da prática das condutas descritas no tipo, independentemente da produção de qualquer resultado, por tratar-se de crime de mera conduta. A tentativa é admitida. No caso do favorecimento, a conduta será punível independentemente da efetiva entrada ou saída do material do território nacional. Basta que tenha sido praticado qualquer ato que configure o favorecimento Ex.: PF deixa o amigo embarcar no avião com caixa de munição. Porém, antes de decolar, outra equipe prende o colega. O amigo que foi preso responderá por TENTATIVA de tráfico internacional de munição. O PF que o deixou passar responderá por crime CONSUMADO do tráfico. Atenção: O facilitador é COAUTOR, e não partícipe. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 89 Não importa para a caracterização do crime de tráfico de armas se as ações nucleares foram praticadasno exercício de atividade comercial ou industrial. Ainda que o agente traga para dentro do território nacional uma única arma de fogo de uso permitido ou proibido, sem autorização, apenas para uso próprio, sem que haja qualquer nexo com o exercício de atividade comercial, estará configurado o crime de tráfico internacional de armas. Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/2018 1. É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem autorização da autoridade competente, nos termos do Art. 18 da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o réu detenha o porte legal da arma, em razão do alto grau de reprovabilidade da conduta. 2. O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no Art. 18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta e visa a proteger a segurança pública e a paz social. 3. Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a internacionalidade da ação. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA Princípio da insignificância Não cabe princípio da insignificância no tráfico internacional de munição. STF (HC97777) e STJ (HC 45099) VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: SEAP-DF Prova: Agente de Atividades Penitenciárias No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item. A conduta de importar uma mira telescópica de uso restrito, desacompanhada do armamento, é atípica, pois a simples importação do acessório para arma de fogo não configura a prática de delito previsto no Estatuto do Desarmamento. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Como vimos, o crime de Tráfico Internacional de Armas possui como objeto material arma, acessório e munição. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: Juiz de Direito Substituto. Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudência do STJ acerca da interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que dispõe sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição, assinale a opção correta. Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessária a comprovação da internacionalidade da ação. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 90 Gabarito: Certo Comentário: A questão é a transcrição da Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que colocamos na aula. Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/2018 Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a internacionalidade da ação CAUSA DE AUMENTO DE PENA FIANÇA E LIBERDADE PROVISÓRIA Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 91 O Art. 21 do Estatuto teve sua inconstitucionalidade declarada pelo STF na ADI 3112/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 02/05/2007. CAUSA DE AUMENTO DE PENA PACOTE ANTICRIME O Pacote Anticrime ampliou as possibilidades para a aplicação da causa de aumento de pena dos agentes que cometerem os crimes dos artigos 14,15, 16, 17 e 18. Se antes existia apenas o inciso I, agora, independentemente de serem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos Arts. 6º, 7º e 8º desta Lei, agora, qualquer agente, desde que reincidente específico em crimes dessa natureza, pode, também, sofrer a majoração da pena. QUESTÕES GERAIS A VENDA DE ARMA DE FOGO CONFIGURA QUAL CRIME? Art. 14: Estará configurado o crime do art. 14, se for arma permitida; Art. 16: Se for arma de uso restrito ou proibido, a conduta se amoldará ao tipo penal do art. 16; Art. 17: Conduta é a do art. 17 do Estatuto do Desarmamento. Art. 18: restará configurado o crime do art. 18, todos do Estatuto do Desarmamento. Não importando se a arma é permitida ou proibida, e não importando se o vendedor é comerciante ou não. ARMAS DE FOGO APREENDIDAS As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao COMANDO DO EXÉRCITO, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 92 destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: Agente de Inteligência Ainda conforme o disposto no Estatuto do Desarmamento, julgue o próximo item. As armas de fogo apreendidas e que não interessarem à persecução penal devem ser encaminhadas à Polícia Federal para destruição ou doação ao comando do Exército. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Como vimos, as armas devem ser encaminhadas ao Comando do Exército, não à Polícia Federal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. São Paulo: Saraiva, 2019. BRASILEIRO, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador: Juspodivm, 2017. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Arma de fogo encontrada em caminhão configura porte de arma de fogo (e não posse). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e9cec1f5830564591 11d63e24f3b8ef>. Acesso em: 23 fev. 2020. FOUREAUX, Rodrigo. A Lei 13.491/17 e a ampliação da competência da Justiça Militar, disponível em: https://jus.com.br/artigos/61251/a-lei-13-491-17-e-a-ampliacao-da- competencia-da-justica-militar. GONÇALVES, Victor; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Legislação Penal Especial Esquematizada. São Paulo: Saraiva, 2019. LOPES JR, Aury. Lei 13.491/2017 fez muito mais do que retirar os militares do tribunal do júri, disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-out-20/limite-penal-lei-134912017- fez-retirar-militares-tribunal-juri MASSON, Cléber; MARÇAL, Vinicius; Lei de Drogas: Aspectos penais e processuais penais. São Paulo: Método, 2018. SOUZA, Renee do Ó; CUNHA, Rogério Sanches; HOLMES LINS, Caroline de Assis e Silva. A nova figura do agente disfarçado prevista na Lei 13.964/2019, em 27 de dezembro de 2019. Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura- agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/ https://www.alfaconcursos.com.br/ https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/ https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 93 LEI Nº 11.343/2003 – LEI DE DROGAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS A Lei 11.343/2006, também denominada de Lei de Drogas, trata de forma integral (material e processual) toda a sistemática penal envolvendo drogas. Art. 1 Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Objetivo: O Art. 1 deixa claro que o principal objetivo da Lei de Drogas é conferir tratamento jurídico diverso ao usuário e ao traficante de drogas. Premissa: A pena privativa de liberdade não contribui para o problema social do uso indevido de drogas, o qual deve ser encarado como problema de saúde pública e não de polícia. Dessa forma, ABOLIU a possibilidade da aplicação de tal pena (privativa de liberdade) ao crime do porte de drogaspara o consumo pessoal. Analisando o Art. 5º, XLIII da Constituição Federal: XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da TORTURA, o TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS, o TERRORISMO e os definidos como CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem Tortura, Tráfico de Drogas e Terrorismo são EQUIPARADOS A HEDIONDOS Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF) os chamados delitos hediondos e os que lhe sejam equiparados, de parelha com os crimes de natureza jurídica imprescritível são chamados crimes de máximo potencial ofensivo. Tráfico de drogas prescreve! São imprescritíveis apenas os crimes de racismo e ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático. OBJETIVIDADE JURÍDICA Por meio da objetividade jurídica analisa-se o bem jurídico protegido pelo Direito Penal. Por exemplo, no delito de furto o bem jurídico protegido é o patrimônio, no crime de homicídio protege-se a vida. Na Lei de Drogas, o objeto jurídico é a Saúde Pública. OBJETO MATERIAL O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Nesse sentido, o objeto material nos crimes da Lei de Drogas é a droga. Nessa perspectiva, proclama o Art. 1º, parágrafo único da Lei nº 11.343/2006. Art. 1º. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 94 O QUE SÃO DROGAS Norma penal incriminadora é aquela que tem dois preceitos: preceito primário (define a conduta criminosa) e preceito secundário (comina a respectiva sanção penal). A norma penal em branco é aquela em que o preceito primário é incompleto – a definição da conduta criminosa é incompleta. Os crimes da Lei de Drogas estão previstos em normal penal em branco, tendo em vista que necessitam de complemento em seu preceito primário, ou seja, para que a definição da conduta criminosa seja completa é necessária a ciência do que são drogas. Na Lei de Drogas, a norma penal em branco é heterogênea, isto porque o complemento é dado por ato infralegal – Portaria da ANVISA. A Portaria SVS/MS nº 344/1998 é que disciplina as substâncias consideradas como droga, sendo atualizada de forma contínua. Para ser considerada como droga basta a presença do princípio ativo, pouco importando a nomenclatura utilizada (maconha, cocaína, LSD, etc.). A prova da materialidade, constatação do princípio ativo, será feita por meio de um exame químico-toxicológico (perícia). Os crimes da Lei de Drogas exigem o exame químico-toxicológico para comprovar a materialidade do crime. O exame é para comprovar qual é a substância em questão no caso concreto e não para averiguar se a substância encontrada causa dependência. A simples verificação de que a substância corrobora com a presente na portaria da ANVISA já é suficiente para a caracterização como objeto material do crime, sendo prescindível o exame para constatação de que a substância cause dependência. RESSALVA À PROIBIÇÃO DE DROGAS Art. 2 Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. Plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. O Art. 2º, caput, não autoriza, de per si, o cultivo de plantas de uso ritualístico-religioso. Para tanto, também se faz necessária a concessão de autorização legal ou regulamentar. É o que ocorre, por exemplo, com o chá Ayahuasca, produto da decocção do cipó Banisteriopsis caapi e da folha Psychotria viridis, utilizado pelo movimento religioso conhecido como Santo Daime. Fins medicinais ou científicos. Quando houver autorização legal ou regulamentar. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 95 CURIOSIDADE Anvisa libera venda de produtos à base de Cannabis em farmácias Com validade de três anos, resolução refere-se a uso medicinal. Manipulação da substância não será permitida, e compra poderá ser feita apenas com prescrição médica. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (3/12/2019) a liberação da venda em farmácias de produtos à base de Cannabis para uso medicinal no Brasil. A regulamentação foi aprovada por unanimidade e é temporária, com validade de três anos. Na mesma reunião da diretoria colegiada do órgão foi rejeitado o cultivo de maconha para fins medicinais no Brasil. Por 3 votos a 1, proposta foi arquivada pela agência reguladora. Com a decisão, fabricantes que desejarem entrar no mercado precisarão importar o extrato da planta. Venda dos produtos Sobre a venda em farmácias, a norma passa a valer 90 dias após sua publicação no "Diário Oficial da União". De acordo com a resolução, os produtos liberados poderão ser para uso oral e nasal, em formato de comprimidos ou líquidos, além de soluções oleosas. O texto não trata do uso recreativo da maconha, que continua proibido. A comercialização ocorrerá apenas em farmácias e drogarias sem manipulação, que venderão os produtos prontos, mediante prescrição médica. O tipo de prescrição médica necessária vai depender da concentração de tetra- hidrocanabidiol (THC), principal elemento tóxico e psicotrópico da planta Cannabis sativa, ao lado do canabidiol (CBD), que é usado em terapias como analgésico ou relaxante. SUJEITO ATIVO Em regra, os crimes previstos na Lei de Drogas são crimes comuns ou gerais, isto é, são Exceção: Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 a 200 dias-multa. Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. No tocante ao verbo do tipo “prescrever”, entendimento já consolidado afirma ser crime próprio, pois se exige a qualidade especial do agente de médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem. Apenas profissional da saúde é quem pode prescrever. SUJEITO PASSIVO O sujeito passivo é a coletividade. Os crimes da Lei de Drogas são classificados como destituído de personalidade jurídica. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 96 ELEMENTO SUBJETIVO São crimes dolosos, sendo essa a regra. Contudo, o Art. 38 prevê uma modalidade culposa. Exceção: Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 a 200 dias-multa. Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. NATUREZA JURÍDICA CRIME DE PERIGO CONCRETO X CRIME DE PERIGO ABSTRATO Crime de perigo é aquele em que a consumação ocorre com a exposição do bem jurídicoa um risco de dano. Não se exige a efetiva lesão ao bem jurídico, bastando a probabilidade de dano. Os crimes de perigo podem ser de perigo concreto ou perigo abstrato. No crime de perigo abstrato, também chamado de crime de perigo presumido, a prática da conduta descrita em lei acarreta a presunção absoluta do perigo ao bem jurídico e não se exige prova concreta. Cita-se, como exemplo, o caso do traficante de drogas, não se exige prova de que a coletividade, efetivamente, estava em perigo com a sua conduta. No crime de perigo concreto, exige-se prova concreta da exposição ao perigo pelo bem jurídico. Os crimes da Lei de Drogas são crimes de perigo abstrato. A prática da conduta prevista em lei acarreta a presunção absoluta de perigo ao bem jurídico, não cabendo prova em contrário. Exceção: Entretanto, no crime do Art. 39 da Lei de Drogas, há um crime de perigo concreto: Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 a 400 dias-multa se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. Não basta conduzir a embarcação sob o efeito da droga, é necessário que haja efetivamente a exposição da incolumidade de outrem a um perigo concreto, real, efetivo. Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada, 2019): Na redação do art. 39 da Lei de Drogas, o legislador faz menção à condução de embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Como se pode notar, a situação de perigo presumida pelo legislador está inserida no próprio tipo penal. Logo, trata-se de crime de perigo concreto, sendo inviável a punição do agente pela prática deste crime sem que a acusação comprove que a incolumidade pública foi efetivamente colocada em situação de risco. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 97 AÇÃO PENAL Em todos os crimes da Lei de Drogas a ação penal é pública incondicionada. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA O princípio da insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material do crime. TRÁFICO DE DROGAS NÃO se aplica tal princípio, tendo em vista a incompatibilidade lógica entre ambos, já que o tráfico é um crime de máximo potencial ofensivo, equiparado a hediondo. Art. 28 (consumo pessoal): STF já admitiu a aplicação de tal princípio: Ao aplicar o princípio da insignificância, a 1ª Turma concedeu habeas corpus para trancar procedimento penal instaurado contra o réu e invalidar todos os atos processuais, desde a denúncia até a condenação, por ausência de tipicidade material da conduta imputada. No caso, o paciente fora condenado, com fulcro no art. 28, caput, da Lei 11.343/2006, à pena de 3 meses e 15 dias de prestação de serviços à comunidade por portar 0,6 g de maconha (HC 110.475/SC, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 14.02.2012, noticiado no Informativo 655). Argumentos utilizados pelo Relator: A privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes fossem essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados são expostos a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. Deste modo, o direito penal não deve se ocupar de condutas que produzam resultados cujo desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes — não representam, por isso mesmo, expressivo prejuízo, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. Assim, estão preenchidos os requisitos de aplicação do princípio da insignificância: a) mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. STJ: NÃO é possível aplicar o princípio da insignificância Não é possível afastar a tipicidade material do porte de substância entorpecente para consumo próprio com base no princípio da insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida (RHC 35.920/DF, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 20.05.2014, noticiado no Informativo 541). A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11-343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância (STJ. 6º Turma. RHC 35-920- DF, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 2º/5f2014.lnfo 541) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 98 ART. 28 – PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PESSOAL Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - Advertência sobre os efeitos das drogas; II - Prestação de serviços à comunidade; III - Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. §1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. §2º Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. §3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses. §4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. §5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. §6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - Admoestação verbal; II - Multa. §7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. FUGA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Em substituição à linha repressiva adotada anteriormente, a nova Lei de Drogas afasta a possibilidade de aplicação de pena privativa de liberdade ao crime de porte de drogas para consumo pessoal. Trata-se da premissa que o melhor caminho é o da educação e não o da prisão. A Justificativa do senado no projeto de lei da mudança que deu origem à Lei 11.343/06: o usuário não pode ser tratado como criminoso, já que, na verdade, depende de um produto, como há dependentes de álcool, tranquilizantes, cigarros, dentre outros. Em segundo lugar, porque a pena de prisão do usuário acaba por alimentar um sistema de corrupção policial absurdo... Não há para o usuário pena privativa de liberdade! Não cabe Prisão em Flagrante! (2ª fase do flagrante). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 99 E quais são as penas aplicadas ao usuário? I - Advertência sobreos efeitos das drogas; II - Prestação de serviços à comunidade; III - Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Art. 48, § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, NÃO SE IMPORÁ PRISÃO EM FLAGRANTE, devendo o autor do fato ser IMEDIATAMENTE ENCAMINHADO AO JUÍZO COMPETENTE ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando- se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários. NATUREZA JURÍDICA ➢ Considerando que a lei de introdução ao código penal classifica crime a infração penal punida com reclusão e detenção, e contravenção penal a infração apenada com prisão simples e multa, teria havido uma DESCRIMINALIZAÇÃO FORMAL da conduta de porte de drogas para consumo pessoal. Assim, segundo Luis Flávio Gomes, o porte de drogas para consumo pessoal não pode mais ser considerado crime, passando a funcionar como infração penal sui generis de menor potencial ofensivo. ➢ Segundo essa corrente, o próprio constituinte originário outorga ao legislador a possibilidade de não aplicar as penas ressalvadas no texto constitucional, como também criar outras ali não indicadas, devido à presença da expressão “Entre outras” no dispositivo. Daí não se pode concluir que teria havido descriminalização. Art. 5º XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; - A lei, ao tratar do tema, classificou a conduta como crime; - Estabeleceu o rito processual junto ao Juizado Especial Criminal; - No tocante à prescrição, o Art. 30 determina a aplicação das regras do Art. 107 do Código Penal. Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. A finalidade do Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal era apenas a de diferenciar, em 1942, os crimes das contravenções penais, uma vez que o CP e a LCP entraram em vigor simultaneamente, em 01 de janeiro de 1942. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 100 A LICP pode ser modificada por outra lei ordinária, como aconteceu com a Lei de Drogas. Quanto à LICP entrou em vigor não existiam penas alternativas. Assim, de acordo com o STF, o Art. 28 da Lei de Drogas trata-se de CRIME, tendo ocorrido uma DESPENALIZAÇÃO. Em relação à “despenalização”, não confundir ao achar que deixou de existir penas para quem pratica a conduta descrita no Art. 28. Existem penas. Ocorreu a despenalização da PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE! A doutrina majoritária entende que ocorreu a DESCARCERIZAÇÃO ou DESPRISIONALIZAÇÃO, ou seja, continua a haver a pena, só não existe a pena privativa de liberdade. O crime do Art. 28 não está no rol dos crimes equiparados a hediondos CONSUMAÇÃO Crime Formal – consumação antecipada, bastando a realização da conduta. TENTATIVA A doutrina não admite para as modalidades permanentes do crime. Há quem sustente a possibilidade da tentativa na conduta “adquirir”, quando, iniciado o ato executório de aquisição, esse vem a ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente. MATERIALIDADE DO DELITO Laudo de constatação – exame pericial. ELEMENTO SUBJETIVO Dolo + dolo específico (CONSUMO PESSOAL). NÚCLEOS DO TIPO Trata-se de tipo penal misto alternativo, contemplando cinco verbos, se consumando com a realização de qualquer dos verbos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 101 Dentre os cinco verbos nucleares do Art. 28, caput, da Lei nº 11.343/06, não consta a conduta de mero uso da droga. Pelo menos em regra, se o indivíduo é flagrado usando substância entorpecente, deverá responder pelo crime de porte de drogas para consumo pessoal, não por conta do "uso da droga", que é uma conduta atípica, mas sim porque é muito provável que, antes do uso, já tenha praticado uma das condutas incriminadas pelo Art. 28, como, por exemplo, adquirir ou trazer consigo. Nesse caso, a fim de se comprovar a materialidade delitiva por meio do exame toxicológico, é imprescindível que parte da substância entorpecente seja apreendida. No entanto, o uso de drogas nem sempre será precedido das condutas de adquirir ou trazer consigo. Com efeito, é perfeitamente possível que determinado indivíduo, sem ter consciência de que uma pessoa de seu relacionamento havia adquirido determinada substância entorpecente, trazendo-a consigo, resolva simplesmente anuir ao uso da droga. Nesse caso, como o uso da droga não consta do Art. 28 como uma das condutas típicas, o ideal é concluir pela atipicidade do fato, até mesmo porque o perigo à saúde pública consubstanciado pelo fato de o agente trazer a droga consigo teria desaparecido com o consumo da substância entorpecente. Da mesma forma, imagine que um cidadão encontre ao acaso um cigarro de maconha acesso em cima de um muro e ele apenas faz o uso. De mais a mais, fosse o uso da droga considerado crime, não haveria necessidade de tipificação autônoma da conduta daquele que auxilia, instiga ou determina alguém a usar a droga (Art. 33, §2º), pois a norma de extensão do Art. 29 do Código Penal seria suficiente para abranger o concurso de agentes para esse suposto "uso de droga". (BRASILEIRO, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador Juspodivm, 2017.) + “CONSUMO PESSOAL” Se for para consumo de outra pessoa será outro crime https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 102 FIGURA EQUIPARADA – ART. 28, §1º Art. 28. § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. Condutas: Semear, cultivar ou colher. O dispositivo refere-se ao local em que o agente planta uma pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica para consumo pessoal (Exemplo: plantar um pé de maconha em um vaso na varanda do apartamento). Deve ser planta destinada a pequena quantidade. A lei expressamente tratou “pequena quantidade”. Requisitos CUMULATIVOS: - pequena quantidade; - consumo pessoal. CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAÇÃO COM O TRÁFICO É adotado no país o sistema de quantificação judicial: cabe ao juiz analisar as circunstâncias do caso concreto. O §2º do Art. 28 da Lei de Drogas traz os critérios que irão diferenciar a droga que se destina ao consumo pessoal e a que se destina ao tráfico de drogas, quais sejam: a) Natureza e quantidade da droga; b) Local e condições em que foi apreendida; c) Circunstâncias pessoais e sociais do agente; d) Conduta e os antecedentes do agente. § 2º Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. Percebe-se excelência que a lei não estabelece uma quantidade específica para caracterizar o tráfico. Quando a quantidade é pequena, ela não é decisiva, sendo necessário levar em conta o local, as condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e antecedentes do agente. Havendo dúvida entre tráfico e porte de drogas para consumo pessoal, o juiz deve condenar pelo crime menos grave. Há previsão para que o delegado, após os prazos do inquérito, justifique o enquadramento do tipo penal ao caso concreto. Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: I - Relatará sumariamente as circunstânciasdo fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 103 PENAS Há três penas cominadas ao crime do Art. 28 da Lei de Drogas. I - Advertência sobre os efeitos das drogas; II - Prestação de serviços à comunidade; III - Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. As penas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. I - Advertência sobre os efeitos das drogas; Deve ser compreendida como uma espécie de esclarecimento a ser feito pelo magistrado ao agente quando às consequências maléficas que o uso da droga pode causar, não apenas a sua própria saúde, como também a saúde pública. II - Prestação de serviços à comunidade; § 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. PRAZO §3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses. §4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 meses. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 104 DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS: CONSEQUÊNCIAS Art. 28, § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: Caso não cumpra as penas impostas o agente não poderá ser conduzido à prisão. O juiz deverá utilizar o § 6º do Art. 28 da Lei de Drogas que prevê: admoestação verbal e, após, multa. Admoestação verbal e a multa não têm natureza jurídica de pena. Funcionam como instrumentos acessórios que visam compelir o acusado ao cumprimento das penas previstas no Art. 28. Por isso, a aplicação dessas medidas de garantia não tem o condão de eximir o acusado de cumprir as penas principais. Não há a possibilidade de aplicação da pena privativa de liberdade O descumprimento injustificado das penas previstas nos incisos I, II e III do caput do Art. 28 não caracteriza o crime de desobediência (CP, Art. 330). Isso porque a própria Lei de Drogas já prevê em seu Art. 28, §6º, as consequências decorrentes do descumprimento de tais penas — admoestação verbal e multa, a serem aplicadas de maneira sucessiva —, sem fazer qualquer ressalva expressa quanto à possibilidade de responsabilização criminal pelo delito de desobediência. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 105 TRATAMENTO AMBULATORIAL NÃO COMPULSÓRIO § 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. O tratamento de saúde será oferecido preferencialmente ambulatorial. Não é compulsório. PRESCRIÇÃO Art. 30 Prescrevem em 2 ANOS a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. Dispõe o Art. 30 que prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos Arts. 107 e seguintes do Código Penal. Esse prazo de 2 anos é aplicável tanto à prescrição da pretensão punitiva como também à prescrição da pretensão executória. REINCIDÊNCIA Em 21/08/2018 a Sexta Turma do STJ inaugurou nova tendência ao negar provimento a recurso especial interposto pelo Ministério Público de São Paulo contra decisão do Tribunal de Justiça que deu provimento ao recurso da defesa para afastar a reincidência decorrente da condenação anterior por posse de drogas para uso próprio. Segundo a ministra Maria Thereza de Assis Moura, embora o Art. 28 da Lei 11.343/06 tenha caráter criminoso, fazer incidir a agravante da reincidência em virtude de condenação anterior por este crime VIOLA O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Assim, para a ministra: Se a contravenção penal, punível com pena de prisão simples, não configura reincidência, resta inequivocamente desproporcional a consideração, para fins de reincidência, da posse de droga para consumo próprio, que conquanto seja crime, é punida apenas com ‘advertência sobre os efeitos das drogas’, ‘prestação de serviços à comunidade’ e ‘medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo (REsp 1.672.654/SP) A condenação anterior por contravenção penal não gera reincidência, ou seja, um indivíduo condenado por contravenção penal, se praticar em seguida um crime, quando for julgado, não se aplicará a ele a agravante da reincidência. Isso porque o Art. 63 do Código Penal é expresso ao se referir à prática de novo crime ao dispor: Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (o agente tem que ter sido condenado por crime anterior) Em outras palavras, se a pessoa é condenada definitivamente por CONTRAVENÇÃO e, depois desta condenação, pratica um CRIME, ao ser julgada por esta segunda infração não sofrerá os efeitos da reincidência. A contravenção é punida com prisão simples e/ou multa (Art. 5º, do DL 3688/41). Assim, se a CONTRAVENÇÃO, que é punível com prisão simples e multa não configura reincidência, manter a reincidência para o agente que é condenado pelo ART. 28 DA LEI DE DROGAS, que não tem prisão como sanção penal, fere o Princípio da Proporcionalidade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 106 RITO PROCESSUAL O processo e julgamento do crime do Art. 28 segue o procedimento sumaríssimo. É crime de competência do Juizado Especial Criminal (Arts. 60 e seguintes da Lei 9.099/1995). Assim, temos que o Art. 28 da Lei de Drogas é infração de menor potencial ofensivo. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: Defensor Público Com base no entendimento do STJ, julgue o próximo item, a respeito de aplicação da pena. Condenação anterior por delito de porte de substância entorpecente para consumo próprio não faz incidir a circunstância agravante relativa à reincidência, ainda que não tenham decorrido cinco anos entre a condenação e a infração penal posterior. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: certo. Comentário: Vimos durante a aula que o STJ, baseando-se na proporcionalidade das penas em relação à contravenção penal, afastou a reincidência ao condenado pelo Art. 28. Mesmo sendo crime, o STJ, em julgados mais recentes, tem entendido que a condenação anterior pelo Art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência. O argumento principal é o de que, se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não configura reincidência, mostra-se desproporcional utilizar o Art. 28 da LD para fins de reincidência considerando que este delito é punida apenas com “advertência”, “prestação de serviços à comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções menos graves e nas quais não há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo descumprimento. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 04/10/2018. STJ.6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-PA Prova: Auditor de Controle Externo A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece a liberdade, a justiça e a paz no mundo como os fundamentos para que os direitos sejam iguais. A esse respeito, julgue o item que se segue. As penas definidas pelo Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) a serem aplicadas ao indivíduo que adquire, guarda ou transporta drogas para consumo pessoal sem autorização incluem advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 107 Gabarito: Errado. Comentário: As penas estão estabelecidas de forma taxativa no Art. 28 e, dentre elas, não está incluída a liberdade assistida. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. CRIMES EM ESPÉCIE: CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS Nem todos os crimes da Lei de Drogas são considerados equiparados a hediondos. Inicialmente, abordaremos os crimes que são equiparados a hediondos. ART. 33 – TRÁFICO DE DROGAS Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias- multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I - Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II - Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. IV - Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 108 SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum ou geral: pode ser praticado por qualquer pessoa. Todavia, no tocante às condutas prescrever e ministrar, é crime próprio. É considerado crime próprio porque só quem pode prescrever é profissional da área de saúde. Por outro lado, referente à conduta ministrar (aplicar a droga) existe divergência, pois parte dos defensores argumentam que a aplicação (ministrar) pode ser feita por qualquer pessoa. Art. 40, inc. II: As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: (…) II - O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância. O índio pode ser sujeito ativo do tráfico de drogas? Sim. Índio condenado pelos crimes de tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo. É dispensável o exame antropológico destinado a aferir o grau de integração do paciente na sociedade se o Juiz afirmar sua imputabilidade plena com fundamento na avaliação do grau de escolaridade, da fluência na língua portuguesa e do nível de liderança exercida na quadrilha, entre outros elementos de convicção. Precedente. HC 85.198-3, 17/12/2005 SUJEITO PASSIVO A coletividade – crime vago OBJETIVIDADE JURÍDICA O bem jurídico tutelado pelo Art. 33, caput, é a saúde pública. CONDUTAS TÍPICAS O caput do Art. 33 contém dezoito núcleos. É chamado de tipo misto alternativo, também chamado de crime de ação múltipla ou crime de conteúdo variável. Assim, mesmo que o agente pratique duas ou mais condutas contra o mesmo objeto material (mesma droga), irá responder por um único crime. Contudo, se as drogas forem diversas haverá concurso de crimes. Por exemplo, importou cocaína, guardou maconha, vendeu LSD. Importar – Tráfico x Contrabando. Pelo Princípio da Especialidade aplica-se a Lei de Drogas, e não o crime do Art. 334 do Código Penal. Adquirir – Se for para consumo próprio: Art. 28 Prescrever – Crime Próprio (profissionais de área médica) É imprescindível a apreensão da droga para fazer incidir a tipificação da Art. 33. Prisão por tráfico de drogas decorrente apenas de prova testemunhal é ilegal! Crime equiparado a hediondo. Atenção: Não confundir o verbo “fornecer” com o crime do Art. 33, §3 – Fornecer eventualmente sem objetivo de lucro a pessoa do seu relacionamento para juntos consumirem. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 109 ELEMENTO NORMATIVO É necessário que a conduta seja praticada sem “autorização ou em desacordo com determinação legal”. Portanto, havendo autorização para a prática de algum dos dezoito núcleos não haverá o crime de tráfico de drogas. Assim, é perfeitamente possível o comércio lícito de drogas, desde que haja autorização legal. CONSUMAÇÃO Há condutas em que o tráfico de drogas classifica-se como crime instantâneo (importar, remeter, exportar, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, oferecer, prescrever, ministrar e entregar para consumo), pois se consuma em um momento determinado, sem continuidade no tempo. Em outras condutas, todavia, o delito é permanente (expor a venda, ter em deposito, transportar, trazer consigo e guardar): a consumação se prolonga no tempo, pela vontade do agente. Algumas importantes consequências advêm da identificação do delito de tráfico de drogas como permanente: A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária. Não será a constatação da situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida. STF - 603616/RO, 10/05/2016 Conforme entendimento da Suprema Corte e da Sexta Turma deste STJ, a entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária, e não será a constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida, pois os agentes estatais devem demonstrar que havia elemento mínimo a caracterizar fundadas razões (justa causa) . INFORMATIVO 623 STJ - RCH83501/SP, 06/03/2018 TENTATIVA Na prática, dificilmente será vista a forma tentada, uma vez que o legislador tipificou como infração autônoma inúmeras figuras que normalmente constituiriam mero ato preparatório de condutas ilícitas posteriores, como, por exemplo, preparar substância entorpecente com o intuito de vendê-la. Ora, se o agente é preso após preparar e antes de vender, responde pela forma consumada (preparo), e não por tentativa de venda. Por sua vez, o médico que é preso antes de terminar a prescrição ilegal de entorpecente responde por tentativa. AÇÃO PENAL A ação penal é pública incondicionada. https://www.alfaconcursos.com.br/alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 110 LEI 9.099/1995 O preceito secundário do Art. 33, caput, da Lei de Drogas prevê sanção de 5 a 15 anos, e pagamento de 500 a 1500 dias-multa. Cuida-se de crime de máximo potencial ofensivo. Assim, não são cabíveis os benefícios elencados na Lei 9.099/1995. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA É pacífica a jurisprudência no sentido de não ser aplicável o princípio da insignificância ou bagatela aos crimes de tráfico de drogas. Não há que se falar em mínima ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica em delito classificado pela Lei Suprema como de máximo potencial ofensivo. COMPETÊNCIA No caso dos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes, a competência para o processo e julgamento é, em regra, da Justiça Estadual; tratando-se, no entanto, de crime internacional, isto é, a distância, que possui base em mais de um país, passa a ser da competência da Justiça Federal. Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. STF, Súmula 522 Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal. e) que o crime esteja especificamente previsto em tratado ou convenção internacional assinado pelo Brasil; f) caracterização da transnacionalidade, isto é, o intuito de transferência da droga entre países distintos; g) que o entorpecente objeto do trânsito internacional seja igualmente coibido no país de origem. Nos casos de tráfico transnacional, se o delito for cometido em Município que não seja sede de vara federal, o processamento sedará na vara federal da circunscrição respectiva. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 111 Remessa de droga do exterior para o Brasil: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. STJ, Súmula 528 Remessa de droga do Brasil para o exterior pela via postal Competência será já Justiça Federal do local do último ato de execução. A consumação do delito ocorre no momento do envio da droga, juízo competente para processar e julgar o processo, independentemente do local da apreensão. Inaplicabilidade da Súmula 528 146.393/SP, 01/07/2016 MATERIALIDADE LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. STJ: É imprescindível a confecção do laudo toxicológico para comprovar a materialidade da infração disciplinar e a natureza da substância encontrada com o apenado no interior de estabelecimento prisional. HC 448115/SP, 23/04/2019 HC 407301/SP, 05/06/2018 Não se admite prisão em flagrante e o recebimento da denúncia pelo crime de tráfico de drogas sem que seja demonstrada, ao menos em juízo inicial, a materialidade da conduta por meio de LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR da substância entorpecente, que configura condição de procedibilidade para apuração do ilícito. STJ, HC 342.970, 04/02/2016 Art.50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 horas. §1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. Apesar da importância, o laudo preliminar de constatação é PEÇA MERAMENTE INFORMATIVA. STJ, HC 56.48342.970, 05/08/2015 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 112 LAUDO DEFINITIVO - EXAME O laudo provisório configura, pois, verdadeira condição de procedibilidade para a apuração do ilícito. Para a condenação, entretanto, é IMPRESCINDÍVEL o laudo definitivo, denominado EXAME QUÍMICO TOXICOLÓGICO, do qual poderá participar o perito que assinou o laudo preliminar. Embora para a admissibilidade da acusação seja suficiente o laudo de constatação provisória, exige-se a confecção do laudo definitivo para que seja prolatado um édito repressivo contra o denunciado pelo crime de tráfico de entorpecentes. É possível que o laudo preliminar seja usado para condenar o réu? Apenas em hipóteses excepcionais esta corte (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) admitem a comprovação da materialidade do delito de tráfico de drogas por meios de provas diversos da perícia definitiva. STJ, HC 342.970, 04/02/2016 a) A ausência do laudo toxicológico definitivo não constitui nulidade. b) É possível, excepcionalmente, a comprovação da materialidade do narcotráfico por laudo de constatação provisório assinado por perito quando possui o mesmo grau de certeza do definitivo, em conjunto com prova testemunhal. De outro lado, muito embora a prova testemunhal e a confissão isoladas ou em conjunto não se prestem a comprovar, por si sós, a materialidade do delito, quando aliadas ao laudo toxicológico preliminar realizado nos moldes aqui previstos, são capazes não só de demonstrar a autoria como também de reforçar a evidência da materialidade do delito. STJ: Para a configuração do delito de tráfico de drogas previsto no caput do Art. 33 da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a aferição do grau de pureza da substância apreendida. HC 446553/SP, 23/04/2018 HC 57526/SP, 25/08/2015 HC 57579/SP, 18/08/2015 STJ: A falta da assinatura do perito criminal no laudo toxicológico é mera irregularidade que não tem o condão de anular o referido exame. HC 1753268/MG, 26/02/2019 HC 1731444/MG, 12/06/2018 HC 97687/MG, 15/05/2018 DOSIMETRIA DA PENA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Para a fixação da pena, o juiz irá considerar a natureza e a quantidade do produto, a personalidade e a conduta social do agente, as quais serão preponderantes sobre as circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP. Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente. No Art. 59, caput, do CP estão previstas as circunstâncias judiciais ou inominadas, utilizadas na dosimetria da pena-base. Elas não são ignoradas na Lei de Drogas. Mas o juiz utilizará, de forma preponderante, as circunstâncias elencadas pelo Art. 42 da Lei de Drogas. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 113 Natureza Quantidade da substância Quantidade do produto Personalidade Conduta social do agente PENA DE MULTA Para fixar a pena de multa, após observar o Art. 42 da Lei Drogas, o juiz irá fixar os dias- multas (500 até 1500). Posteriormente, irá calcular o valor de cada dia-multa, o qual não poderá ser menor do que 1/30 do SM e nem ultrapassar o valor de cinco vezes o salário mínimo. Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 vezes o maior salário mínimo. Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO – CRIME DE ENSAIO O flagrante provocado verifica-se quando alguém, insidiosamente, induz outra pessoa a cometer uma conduta criminosa, e, simultaneamente, adota medidas eficazes para impedir a consumação. Para saber se o flagrante preparado é válido ou não, importante conhecer a súmula 145 do STF, vejamos: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. STF, súmula 145 A referida súmula trata do crime de ensaio ou experiência ou delito putativo por obra do agente provocador. É típico exemplo de flagrante preparado é o caso do policial à paisana que procura um traficante para comprar drogas. Após a efetiva entrega da droga, o policial efetua a prisão. Para determinar se há ou não crime, importante separar as condutas, assim: Em relação à conduta de vender, o flagrante é preparado. Portanto, deve-se observar o enunciado da Súmula 145 do STF. No exemplo acima, não haveria crime, eis que o policial forçou a situação de flagrante. Em relação à conduta de ter em depósito, não há flagrante preparado, pois, independentemente, da ação do policial o agente já tinha a droga em depósito (crime permanente). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 114 STJ: Não há que se falar em flagrante preparado se o comportamento policial não induziu à prática do delito, já consumado em momento anterior. Hipótese em que o crime do tráfico de drogas estava consumado desde o armazenamento do entorpecente, o qual não foi induzido pelos policiais, perdendo a relevância a indução da venda pelos policiais. HC 245.515/SC, 16/08/2012 STJ: A Súmula 145 STF dispõe que Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Contudo, não se pode confundir o flagrante provocado com o flagrante esperado, no qual a polícia tem notícias de uma infração penal será cometida e aguarda o momento de sua consumação para executar a prisão. No caso dos autos, verificou-se que os pacientes já estavam sendo monitorados, não tendo havido provocação prévia dos policiais para que se desse início à prática do crime de tráfico de drogas. Ademais, consta do acórdão impugnado que as abordagens dos veículos ocorreram de forma autônoma, tendo a ligação telefônica apenas demonstrado o vínculo entre os pacientes, encontrando-se ambos em flagrante delito. Nesse contexto, não há que se falar em flagrante preparado. HC 438.565, 19/06/2018 FLAGRANTE FORJADO O flagrante forjado, fabricado, maquinado ou urdido, a conduta do agente é criada pela polícia, tratando-se de fato atípico. Há, na verdade, fabricação de provas de um crime inexistente, com o escopo de fundamentar, sem justo motivo, a prisão em flagrante. É o que ocorre, por exemplo, quando policiais ingressam sem justa causa no domicílio de outrem à procura de drogas e, não as encontrando, “plantam” um pacote de cocaína embaixo da cama do sujeito para dar ares de legalidade à ação arbitrária. FLAGRANTE ESPERADO No flagrante esperado a deflagração do processo executório do crime é de responsabilidade do agente, razão pela qual a prisão é lícita. O flagrante é válido quando a Polícia, informada sobre a possibilidade de ocorrer um delito, dirige-se ao local, aguardando a sua execução. Com o início desta, a pronta intervenção dos agentes policiais, prendendo o autor, configura o flagrante. ART. 33, §1º – CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO DE DROGAS As figuras equiparadas ao tráfico de drogas estão previstas no §1º do Art. 33 da LD, a seguir iremos analisar cada um dos seus incisos. O legislador descreve 4 condutas equiparadas ao tráfico. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 115 TRÁFICO DE MATÉRIA-PRIMA, INSUMOS OU PRODUTO QUÍMICO § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I - Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, MATÉRIA-PRIMA, INSUMO ou PRODUTO QUÍMICO destinado à preparação de drogas; Matéria-prima é substância bruta da qual podem ser extraídas ou produzidas as drogas. Insumo é elemento participante do processo de formação de determinado produto. Apesar de não ser possível se extrair dele a droga, o insumo é utilizado para a produção da substância entorpecente quando agregado à matéria-prima (somado aos restos de cocaína, o bicarbonato de sódio dá origem ao crack). Ex.: talco, bicarbonato de sódio. Produto químico é substância química qualquer, pura ou composta, utilizada em laboratório no processo de elaboração da droga, sem, todavia, se agregar à matéria- prima (a acetona é utilizada para o refino de cocaína). Ao se referir à matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, este inciso abrange não apenas as substâncias destinadas exclusivamente à preparação das drogas, mas também aquelas que, eventualmente, se prestem a essa finalidade. Nesse caso, é necessária a realização de exame pericial para atestar que o produto apreendido era utilizado como matéria-prima. FINALIDADE A matéria-prima deve ser direcionada à preparação da droga. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO PARA CARACTERIZAÇÃO DO DELITO A tipificação desse crime também está condicionada à demonstração de que a conduta foi executada em desacordo com o elemento normativo “sem autorização” ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Logo, se a utilização da matéria-prima, dos insumos e dos produtos químicos for feita de acordo com a Lei nº 10.357/01, que estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos químicos que, direta ou indiretamente, possam ser destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecente , psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica, há de ser reconhecida a atipicidade da conduta. Portanto, se alguém importar, exportar, remeter, produzir etc., matéria-prima, insumo ou produto químico devidamente autorizado, trata-se de fato atípico. POSSE DE SEMENTES DE MACONHA A simples posse de sementes – sem que ocorra a efetiva plantação – não está abrangida no tipo penal em análise. Nesse caso, se o exame químico-toxicológico constatar a evidência do princípio ativo, o agente deverá ser enquadrado em uma das figuras de tráfico previstas no caput (trazer consigo, guardar). Mas, e se o exame der NEGATIVO como ocorre com as sementes de maconha? https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 116 A importação de pequenas quantidades de sementes de maconha configura tráfico de drogas? STJ – 5º Turma - SIM! A jurisprudência majoritária desta Corte é no sentido de que a importação clandestina de Maconha (Cannabis) configura o tipo penal descrito no art. 33, 1, I. STJ. 5ª Turma. 173365/SP, 05/06/2018 A importação clandestina de sementes de Cannabis sativa linneu (maconha) configura o tipo penal descrito no art. 33, § 1º, I, da Lei nº 11.343/2006. Não é possível aplicar o princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. 1723739/SP, 23/10/2018 A importação de pequenas quantidades de sementes de maconha configura tráfico de drogas? STJ – 6º Turma - NÃO! Tratando-se de pequena quantidade de sementes e inexistindo expressa previsão normativa que criminaliza, entre as condutas do art. 28 da Lei de Drogas, a importação de pequena quantidade de matéria-prima ou insumo destinado à preparação de droga para consumo pessoal, forçoso reconhecer a atipicidade do fato. STJ. 6ª Turma. 1616707/CE, 26/06/2018. STF – Ministro Celso de Mello: A semente de Cannabis não é considerada droga, pois não possui, em sua composição, a substância THC, princípio ativo da maconha, não configurando o tipo penal do art. 33, caput, da Lei de Drogas. O fruto da maconha não constitui matéria-prima nem insumodestinado à preparação de drogas, não configurando o tio penal do art. 33, § 1º A importação ou a posse de semente de Cannabis sativa L. não é crime, pois não se trata de droga, já que a semente não possui em sua composição o princípio ativo da maconha. Assim entendeu o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, ao conceder Habeas corpus a uma mulher presa por transportar sementes de maconha. Disso resulta que a mera importação e/ou a simples posse da semente de 'Cannabis sativa L.' não se qualificam como fatores revestidos de tipicidade penal, essencialmente porque, não contendo as sementes o princípio ativo do tetraidrocanabinol (THC), não se revelam aptas a produzir dependência física e/ou psíquica, o que as torna inócuas. HC 143.890, 06/5/2019 CULTIVO DE PLANTAS PARA O TRÁFICO § 1º Nas mesmas penas incorre quem: II - Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; A configuração do delito reclama a presença do elemento normativo sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. O Art. 2º da Lei de Drogas estabelece que são proibidos, em todo território nacional, o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar analisadas anteriormente. Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 117 Autorização para plantio A Lei prevê, ainda, que a União poderá autorizar o plantio de tais vegetais, desde que sejam para fins medicinais ou científicos, fixando o prazo e o local em que serão plantadas, com a referida fiscalização. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. Desapropriação das terras onde haja cultivo de substâncias entorpecentes Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. Qual o alcance dessa medida, isto é, o confisco alcançaria toda a gleba ou somente a parte em que a droga estava plantada? O confisco abrange toda a propriedade e não apenas a área que a droga estava plantada. A responsabilidade do proprietário é objetiva ou subjetiva? No passado sustentava-se a responsabilidade objetiva, isto é, mesmo arrendando a terra o proprietário a perdia, pois se entendia que ele tinha a responsabilidade de vigiar a propriedade. Mas o STF mudou de entendimento: A expropriação prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in elegendo STF, 635.336/PE, Min. Gilmar Mendes, Plenário, 14.12.2016 Destruição das plantações ilícitas Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 118 UTILIZAÇÃO DE LOCAL PARA FIM DE TRÁFICO § 1º Nas mesmas penas incorre quem: III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. “Local” e “bem de qualquer natureza”: isso significa dizer que restará caracterizado tanto nas hipóteses de utilização de “local” para o tráfico (estabelecimento comercial, apartamento, restaurante), quanto nas hipóteses em que o agente aproveita de um “bem de qualquer natureza” (automóveis, barcos, aviões). Não é necessário que o agente seja o dono do local utilizado, bastado que tenha a sua posse ou a sua simples administração, guarda ou vigilância. Assim, o gerente de um bar ou um vigilante de um parque de diversões podem ser punidos caso permitam o tráfico de entorpecentes nestes locais. O agente empresta o carro, a casa para o tráfico de drogas. Esse local pode ser imóvel (terreno, casa, apartamento) ou móvel (carro, avião). O crime é doloso, ou seja, somente estará caracterizado quando o proprietário/possuidor do local conhece a natureza da substância. A utilização será para o efetivo tráfico de drogas, caso seja utilizado para o consumo pessoal de drogas, não incidirá no tráfico equiparado. Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado indisponível. § 1º Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cautelar, após decretado o seu perdimento em favor da União, serão revertidos diretamente ao FUNAD. § 2º Compete à SENAD a alienação dos bens apreendidos e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor da União. VENDA OU ENTREGA DE DROGAS A POLICIAL IV - Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. Figura trazida pela Lei nº 13.964/2019, conhecida como PACOTE ANTICRIME, o inciso IV trouxe a discussão entre as correntes contrárias ao pacote e as que apoiam acerca da possível permissão do Flagrante Provocado ou preparado. A Lei 13.964/2019 dentre tantas alterações importantíssimas, em algumas passagens, traz a nova figura do agente disfarçado que não deve ser confundido com outras técnicas especiais de investigação como agente infiltrado ou agente que atua em meio a uma ação controlada. Os autores Renee Souza, Rogério Sanches cunha e Caroline de Assis abordaram em um excepcional artigo disponível na internet “A nova figura do agente disfarçado prevista na Lei 13.964/2019”. Segundo os autores, à luz das normas contidas na Lei 13.964/2019, pode-se esboçar a definição de agente disfarçado como aquele que, ocultando sua real identidade, posiciona- se com aparência de um cidadão comum (não chega a infiltrar-se no grupo criminoso) e, partir disso, coleta elementos que indiquema conduta criminosa preexistente do sujeito ativo. O agente disfarçado ora em estudo não se insere no seio do ambiente criminoso e tampouco macula a voluntariedade na conduta delitiva do autor dos fatos. Os autores, ainda, fazem a distinção entre o agente infiltrado, provocador e o disfarçado: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 119 O AGENTE INFILTRADO Agente infiltrado é o funcionário da polícia que, falseando sua identidade, penetra no âmago da organização criminosa para obter informações e, dessa forma, desmantelá-la. A infiltração pressupõe a imersão do agente na organização criminosa, mediante envolvimento articulado com os membros e adoção de postura estrategicamente complacente com as práticas criminosas, com o fito de angariar elementos que sirvam de sustentáculo à persecução penal. A figura jurídica da infiltração de agentes revela-se uma estratégia investigativa, que se dá mediante prévia autorização judicial e cuja relação com o grupo criminoso é premeditada e planejada antecipadamente pelo Estado. O AGENTE PROVOCADOR O agente provocador tem como característica é o excesso de comportamento interventivo junto à conduta criminosa de modo a romper com a atuação eminentemente investigativa e necessariamente neutra, a ponto mesmo de induzir ou instigar a prática do delito. Nesses casos, o agente provoca o evento e concorre decisivamente para o crime de forma que, ao mesmo tempo em que encoraja o autor a sua prática, providencia a sua prisão em flagrante. O agente provocador destoa significativamente do agente infiltrado que, diferentemente, deve atuar de forma neutra no que concerne às atividades ilícitas exercidas pelo grupo investigado. Em nenhuma hipótese o agente infiltrado é o responsável pela idealização do crime, etapa inteiramente atribuída ao grupo em que ele se inseriu. De outro lado, na figura do agente provocador, distintamente, há uma postura incitadora do crime, o que retira a neutralidade causal de sua conduta no cometimento da infração. O agente provocador é figura que deve ser evitada, haja vista deslegitimar toda a persecução penal por excesso na atuação do policial. Trata-se de ação desautorizada pelo Estado, que enseja nulidades a atuação estatal e a possível responsabilidade criminal da autoridade que assim procede (Lei 13.869/2019, Art. 9º, caput). O AGENTE DISFARÇADO O agente disfarçado contemplado na Lei 13.964/2019 é referido em quatro momentos específicos e afigura-se tratar-se de figura jurídica sem precedente no Código de Processo Penal e na legislação penal. O agente disfarçado, tal qual o infiltrado, também não é considerado agente provocador vez que sua atuação não implica em instigação ao delito. Sua atuação é predominantemente passiva, o que pode ser verificado mediante a hipotética substituição de sua conduta e constatação acerca do mesmo transcurso causal até o crime. Importa, porém deixar destacado que o agente disfarçado, tal como concebido pela Lei 13.964/2019 não pode ser confundido com a uma mera “campana policial”, técnica amplamente utilizada para realização de prisões em flagrante esperado. O uso de agentes disfarçados difere do flagrante preparado por não motivar e, sim, flagrar o crime que já estava acontecendo. O agente se finge de vítima e traz à tona uma prática que já estava acontecendo é bastante diferente de ensejar a prática criminosa. Ex.: Alguém que está vendendo drogas em uma festa. O policial vai até ele e diz: “quero comprar”. Para a validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas em grau suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa, circunstância objeto da investigação proporcionada pelo disfarce. A investigação realizada pelo agente disfarçado, em razão da qualificada apreensão de informações proporcionada pelo disfarce, colhe elementos probatórios razoáveis acerca da conduta criminosa preexistente. Caso a investigação descarte a conduta criminosa preexistente, ou seja, caso revele tratar-se de vendedor casual dos produtos ilícitos, não será possível responder pelos crimes especiais criados pela Lei 13.964/2019. Essa observação é crucial para compreender o instituto como uma aposta na atuação profissional dos investigadores policiais e não simplesmente como um expediente capaz de levar ao alargamento de prisões de pessoas desvinculadas da prática de crimes. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 120 CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA: ART. 33, §4º – TRÁFICO PRIVILEGIADO § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. A Doutrina e Jurisprudência chamam o §4º do Art. 33 de TRÁFICO PRIVILEGIADO (tráfico acidental ou de tráfico eventual). Porém, trata-se em verdade de causa de diminuição de pena de 1/6 a 2/3. Cabe diminuição de pena nos casos previstos (Art. 33 caput e §1º) quando cumpridos os seguintes REQUISITOS CUMULATIVOS: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 121 O fato de o réu ter ocupação lícita não significa que terá direito, necessariamente, à minorante do § 4º do art. 33 da LD. Info. 582, STJ Quantidade de drogas O STJ já tem decidido que a apreensão de GRANDE QUANTIDADE DE DROGAS, a depender das peculiaridades do caso concreto, é circunstância hábil a denotar a dedicação do acusado a atividades criminosas e, consequentemente, a impedir a aplicação da causa especial de diminuição da pena, porque indica um maior envolvimento do agente com o mundo do narcotráfico, ainda que seja primário e não possua maus antecedentes. STJ 330.858, 05/092016 A quantidade de drogas não constitui isoladamente fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena STF. 138.138/SP, 29.11.2016 Não significa, contudo, que a grande quantidade de drogas, POR SÍ SÓ, é elemento apto a afastar o privilégio. É preciso analisar o caso concreto. Para o STF, a quantidade de drogas não pode, automaticamente, proporcionar o entendimento de que a paciente faria o tráfico seu meio de vida ou integraria uma organização criminosa. STF, 138.715, 09/06/2017 Existências de AÇÕES PENAIS E INQUÉRITOS POLICIAIS EM CURSO É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. 14/12/2016 (Info 596). Os princípios constitucionais devem ser interpretados de forma harmônica, razão pela qual o princípio da presunção de inocência não pode ser lido e aplicado irrestritamente, de maneira absoluta, como se fosse possível obstar que a existência de inquéritos ou ações penais em curso impeçam a interpretação, em cada caso, para mensurar a dedicação do réu em atividade criminosa. STJ, 1.431, 01/02/2017 Isso significa que se o réu tiver inquéritos policiais ou ações penais contra si, ele estará obrigatoriamente impedido de receber o benefício do art. 33, § 4º da LD? Não. Não existe uma obrigatoriedade de que sempre o juiz tenha que negar o benefício pelo fato de o réu possuir inquéritos policiais ou ações penais contra si. O magistrado poderá utilizar este argumento para deixar de aplicar a causa de diminuição. No entanto, nada impede que, diante das peculiaridades do caso concreto, o juiz faça incidir o art. 33, § 4º mesmo que exista inquérito ou ação penal contra o réu. Para que seja negado o benefício do art. 33, § 4º da LD ao réu, é necessário que o inquérito policial ou a ação penal que ele responda sejam também relacionados comtráfico de drogas? Não. É possível negar o benefício mesmo que o inquérito ou a ação penal tenham por objeto outros crimes. Ex.: o réu é preso por tráfico de drogas, sendo que já possuía contra si uma ação penal por roubo. Isso porque o Art. 33, § 4º da LD exige que o réu não se dedique a “atividades criminosas”, expressão ampla que abrange não apenas o tráfico de drogas. “MULAS” DO TRÁFICO “Mulas”, segundo Cleber Masson, são pessoas recrutadas com a finalidade de promover o transporte de drogas, é o nome dado à pessoa, geralmente primária e de bons antecedentes (para que não desperte suspeitas). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 122 Normalmente, a droga é transportada pela “mula” de forma dissimulada, escondida em fundos falsos de bolsas, junto ao corpo ou até mesmo em cápsulas dentro do estômago da pessoa. A “mula” não necessariamente figura como integrante da organização criminosa. O exercício da função de mula, embora indispensável para o tráfico internacional, não traduz, por si só, adesão, em caráter estável e permanente, à estrutura da organização criminosa, até porque esse recrutamento pode ter finalidade um único transporte da droga. STF, HC 134.597, 09/08/2016 É possível o reconhecimento do tráfico privilegiado ao agente transportador de drogas, na qualidade de mula, uma vez que a simples atuação nessa condição não induz, automaticamente, à conclusão de que ele seja integrante de organização criminosa. Essa concepção, portanto, admite a incidência da minorante à “mula ocasional” (“eventual” ou “esporádica”), mas a proíbe no tocante à “mula habitual”. TRÁFICO PRIVILEGIADO – CONSIDERAÇÕES Trata-se de quatro requisitos de natureza subjetiva, os quais devem ser analisados de forma cumulativa. Para que o acusado faça jus à diminuição devem estar presentes todos os requisitos. Para fins de determinar o quantum de diminuição da pena, o juiz deve se valer dos critérios constantes do Art. 42 da Lei de Drogas - natureza e quantidade da droga, personalidade e conduta social do agente -, tendo plena autonomia para aplicar a redução no quantum reputado adequado de acordo com as peculiaridades do caso concreto, desde que o faça de maneira fundamentada. Vedada a conversão em penas restritivas de direitos: o STF rechaçou o dispositivo legal em comento que vedada a conversão em penas restritivas de direitos, declarando sua inconstitucionalidade por violar o princípio da proporcionalidade (usurpação do Judiciário na análise do caso concreto). É firme a jurisprudência dessa corte no sentido de que a vedação de substituição de reprimenda com base apenas na proibição legal ofende o princípio da individualização da pena, cumprindo ao julgador, analisar os requisitos do art. 44 do Código Penal. STF, 15/10/2013 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 123 TRÁFICO PRIVILEGIADO NÃO É EQUIPARADO A HEDIONDO: Lei 13.964/2019, conhecida como Pacote Anticrime, acrescentou ao Art. 112 da Lei de Execuções Penais o § 5º que diz que: Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 (tráfico privilegiado) O chamado tráfico privilegiado, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. 118533, 23/6/2016 (Info 831). Condenado por Tráfico (Art. 35) em concurso com associação (Art. 35) – incabível a causa de diminuição de pena É inaplicável a causa especial de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (traficante privilegiado) na hipótese em que o réu tenha sido condenado, na mesma ocasião, por tráfico (art. 33) e pela associação para o tráfico (art. 35). Ora, a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 pressupõe que o agente não se dedique às atividades criminosas. Se o réu foi condenado por associação para o tráfico é porque ficou reconhecido que ele se associou com outras pessoas para praticar crimes, tendo, portanto, seu comportamento voltado à prática de atividades criminosas. STJ, informativo 513 VAMOS VER COMO FOI COBRADO EM PROVA! (2017/DPU) Situação hipotética: José, ao comercializar cocaína em espaço público, foi preso em flagrante. Apesar de ele ser primário, o juiz sentenciante não aplicou a causa de diminuição de pena referente ao denominado tráfico privilegiado, sob o argumento de que o réu se dedicava a atividades criminosas, conforme evidenciado por inquéritos e ações penais em curso nos quais José figurava como indiciado ou réu. Assertiva: Nessa situação, de acordo com a jurisprudência do STJ, o juiz feriu o princípio constitucional da presunção de inocência. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. 14/12/2016 (Info 596). Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, crime contra a criança e adolescente e crimes licitatórios. Em viagem pela Europa, Ronaldo, primário, de bons antecedentes e não integrante de organização criminosa, adquiriu quinze cápsulas do entorpecente LSD com o objetivo de obter lucro capaz de custear as despesas com a viagem. De volta ao Brasil, Ronaldo foi preso em flagrante quando tentava vender a droga. Nessa situação, caso seja condenado pelo crime tráfico de entorpecentes, Ronaldo poderá obter a redução da pena de um sexto a dois terços. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 124 Gabarito: Certo Comentário: No caso, o agente que cometeu crime de tráfico, se possuir os requisitos da primariedade, de bons antecedentes, e não se dedicar às atividades criminosas nem integrar organização criminosa, poderá ter a redução da pena de um sexto a dois terços. É o chamado Tráfico Privilegiado, previsto no Art. 33, parágrafo 4º da Lei de Drogas. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Analista Judiciário No que se refere aos crimes previstos na legislação de trânsito e na legislação antidrogas, julgue o próximo item. Em observância ao princípio da individualização da pena, segundo o entendimento pacificado do STF, em se tratando do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por pena restritiva de direitos, preenchidos os requisitos previstos no Código Penal. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O Pleno do STF, no julgamento do habeas corpus 97.256, decidiu que a expressão vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos contida no art. 44 da Lei n.º 11.343/2006 era inconstitucional: EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 44 DA LEI 11.343/2006: IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5º DA CF/88). ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 5. Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga vedada a conversão em penas restritivas de direitos, constante do § 4º do art. 33 do mesmo diploma legal. Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos; determinando-se ao Juízo da execução penal que faça a avaliação das condições objetivase subjetivas da convolação em causa, na concreta situação do paciente. (HC 97256, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2010) Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: SEAP-DF No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item. De acordo com a jurisprudência do STJ, a quantidade e a variedade de entorpecentes apreendidos em poder do acusado de traficar drogas constituem circunstâncias hábeis a denotar a dedicação às atividades criminosas, podendo impedir a aplicação da causa de diminuição de pena prevista na lei de combate às drogas. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O STJ firmou entendimento no sentido de que a QUANTIDADE e a VARIEDADE (e até mesmo a natureza!) da droga podem impedir a caracterização do privilégio. 2. A natureza e a quantidade de droga justificam a não aplicação da minorante do tráfico privilegiado. (HC 311.660/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 10/03/2015, DJe 17/03/2015) Tais circunstâncias poderiam, segundo o STJ, evidenciar a participação em organização criminosa, o que impediria a aplicação do §4º do Art. 33 da Lei de Drogas. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 125 ART. 34 – TRÁFICO DE MAQUINÁRIO Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 1.200 a 2.000 dias- multa. No Direito Penal brasileiro os atos preparatórios, em regra, não são puníveis sequer na forma tentada. Em casos excepcionais, é possível a punição de atos preparatórios nas hipóteses em que a lei opta por incriminá-los de forma autônoma. São os chamados crimes-obstáculos ou tipos de realização imperfeita. Trata-se de crime relativo ao maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto que seja destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas. É um crime subsidiário em relação ao tráfico e hediondo por equiparação. Ex.: se a polícia não conseguir encontrar nenhuma droga em um laboratório clandestino durante a execução de um mandado de busca, porem encontrar uma balança de precisão com vestígios de cocaína, o agente deverá ser autuado em flagrante pela prática do Art. 34. Se ficar caracterizada a existência de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta, o agente deverá responder pelos dois crimes em concurso material ou formal impróprio. É de se reconhecer o concurso material de crimes, mesmo com o encontro da droga, na hipótese de constituição de verdadeira fábrica para produção de drogas em grande escala. Nesse caso, não há falar na incidência do princípio da consunção, com absorção do crime tipificado no art. 34 pelo delito contido no art. 33, caput, ambos da Leu de drogas, pois a capacidade lesiva do mecanismo para produção de drogas vai muito além do risco a saúde pública representado pelas drogas apreendidas. STJ, info 531 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 126 Não há crime quando o maquinário é para o USO (cachimbo, papel usado para confeccionar cigarro). INFORMATIVO 531 – STJ QUANDO O TRÁFICO DE DROGAS ABSORVE O CRIME DE TRÁFICO DE MAQUINÁRIO. Responderá apenas pelo crime de tráfico de drogas – e não pelo mencionado crime em concurso com o de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas, previsto no Art. 34 da Lei 11.343/2006 – o agente que, além de preparar para venda certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência, mantiver, no mesmo local, uma balança de precisão e um alicate de unha utilizados na preparação das substâncias. De fato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública, ameaçada com a possibilidade de a droga ser produzida, ou seja, tipifica-se conduta que pode ser considerada como mero ato preparatório. Portanto, a prática do crime previsto no Art. 33, caput, da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no Art. 34 da mesma lei, desde que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. Deve ficar demonstrada a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sob pena de a posse de uma tampa de caneta – utilizada como medidor –, atrair a incidência do tipo penal em exame. Relevante, assim, analisar se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o tipo penal em tela. Na situação em análise, além de a conduta não se mostrar autônoma, verifica- se que a posse de uma balança de precisão e de um alicate de unha não pode ser considerada como posse de maquinário nos termos do que descreve o Art. 34, pois os referidos instrumentos integram a prática do delito de tráfico, não se prestando à configuração do crime de posse de maquinário. REsp 1.196.334-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/9/2013. QUANDO O TRÁFICO DE DROGAS NÃO ABSORVE O CRIME DE TRÁFICO DE MAQUINÁRIO. AUTONOMIA DE CONDUTA SUBSUMIDA AO CRIME DE POSSUIR MAQUINÁRIO DESTINADO À PRODUÇÃO DE DROGAS. Responderá pelo crime de tráfico de drogas – Art. 33 da Lei 11.343/2006 – em concurso com o crime de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas – Art. 34 da Lei 11.343/2006 – o agente que, além de ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência para fins de mercancia, possuir, no mesmo local e em grande escala, objetos, maquinário e utensílios que constituam laboratório utilizado para a produção, preparo, fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes quantidades. Nessa situação, as circunstâncias fáticas demonstram verdadeira autonomia das condutas e inviabilizam a incidência do princípio da consunção. Sabe-se que o referido princípio tem aplicabilidade quando um dos crimes for o meio normal para a preparação, execução ou mero exaurimento do delito visado pelo agente, situação que fará com que este absorva aquele outro delito, desde que não ofendam bens jurídicos distintos. AgRg no AREsp 303.213-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/10/2013. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 127 Em resumo, vale a proporcionalidade e o contexto em que os crimes foram praticados. Assim, será possível o reconhecimento da absorção do delito previsto no Art. 34 – que tipifica conduta que pode ser considerada como mero ato preparatório – pelo crime previsto no Art. 33. Contudo, para tanto, é necessário que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. O Art. 33, caput, pode absorver os delitos previstos nos Arts. 33, §1º e 34, desde que constituam meios necessários ou fases normais de preparação da prática do Art.33, caput. INFO 791/STF Ademais, entendeu que, dadas as circunstâncias do caso concreto, seria possível a aplicação do princípio da consunção, que se consubstanciaria pela absorção dos delitos tipificados nos artigos 33, § 1º, I, e 34 da Lei 11.343/2006, pelo delito previsto no art. 33, caput, do mesmo diploma legal. Ambos os preceitos buscariam proteger a saúde pública e tipificariam condutas que — no mesmo contexto fático, evidenciassem o intento de traficância do agente e a utilização dos aparelhos e insumos para essa mesma finalidade — poderiam ser consideradas meros atos preparatórios do delito de tráfico previsto no art. 33, caput, da Lei 11.343/2006. Quanto às demais alegações, não haveria vícios aptos a redimensionara pena-base fixada, bem assim estaria demonstrada a existência de associação para o tráfico. Além disso, a suposta ocorrência de tráfico privilegiado não poderia ser analisada, por demandar análise fático-probatória. Por fim, a questão relativa à incidência do art. 62, I, do CP, não teria sido aventada perante o STJ, e sua análise implicaria supressão de instância. HC 109708/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 23.6.2015. (HC-109708) VEJA COMO FOI COBRADO! (2018/Delegado de Polícia) Situação hipotética: Em um mesmo contexto fático, um cidadão foi preso em flagrante por manter em depósito grande variedade de drogas, entre elas, cocaína, maconha, haxixe e crack, todas para fins de mercancia. Foram apreendidos também maquinários para o preparo de drogas, entre eles, uma balança digital e uma serra portátil. Assertiva: Nessa situação, afastada a existência de contextos autônomos entre as condutas delitivas, o crime será único. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: O cerne da questão está na expressão “afastada a existência de contextos autônomos”. A jurisprudência é pacífica ao determinar a unicidade de crime quando, no caso concreto, for comprovada a inexistência de contextos autônomos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 128 ART. 36 – FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a 4.000 dias- multa. CONSIDERAÇÕES Exceção pluralística à teoria monista (quem concorre de qualquer forma para a prática do crime irá responder por ele) na qual foram separadas as tipificações das condutas do traficante (Arts. 33, caput, e § 1º, e 34) e do seu financiador (Art. 36), já que apesar de concorrer para a prática do tráfico de drogas o agente não irá responder por ele, mas sim pelo Art. 36. O financiamento ou custeio só serão típicos se estas ações visarem à prática de qualquer dos crimes previstos nos artigos Arts. 33, caput, e § 1º, e 34. SUJEITO ATIVO Crime Comum. Pune-se o agente que não tem participação direta na execução do tráfico, limitando-se a fornecer dinheiro ou bens para subsidiar a mercadoria. NÚCLEOS DO TIPO Financiar: O agente não tem controle sobre a atividade do tráfico, apenas entrega o dinheiro. Custear: Banca as atividades não somente com dinheiro, mas com veículos, bens móveis, armas. O STF já teve a oportunidade de considerar suficientemente descrita a denúncia que imutou ao réu o delito contido no Art. 36 da Lei de Drogas, já que financiaria a associação criminosa, fornecendo veículos para o transporte das drogas ou para que fossem negociados. (...) O paciente foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por financiar associação voltada para o tráfico ilícito de entorpecentes, fornecendo veículos para que fossem utilizados para buscar drogas, ou para que fossem negociados. (…) 5. A denúncia descreve suficientemente a conduta do paciente, a qual, em tese, corresponde ao delito descrito no art. 36 da Lei 11.343/06, já que financiaria a associação criminosa, fornecendo veículos para o transporte das drogas ou para que fossem negociados. 6. Diversamente do que sustentam os impetrantes, a descrição dos fatos cumpriu, satisfatoriamente, o comando normativo contido no art. 41 do Código de Processo Penal, estabelecendo a correlação entre a conduta do paciente e a imputação da prática delituosa. 7. A alegação de que a situação financeira do paciente revelaria a impossibilidade de ter praticado o delito narrado na denúncia exige, necessariamente, a análise do conjunto fático-probatório, o que ultrapassa os estreitos limites do habeas corpus. 8. Esta Corte tem orientação pacífica no sentido da incompatibilidade do habeas corpus quando houver necessidade de apurado reexame de fatos e provas (HC 89.877/ES, rel. Min. Eros Grau, DJ 15.12.2006). 9. Habeas corpus denegado (HC 98.754, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe 11.12.2009, grifos nossos). STF HC 98.754, 11/12/2009 ELEMENTO SUBJETIVO Não se pude a conduta culposa; apenas a dolosa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 129 CONSUMAÇÃO Há profunda divergência doutrinária para identificação do momento consumativo. Entre ser crime permanente, habitual ou instantâneo, Renato Brasileiro, Cleber Masson defendem que o Art. 36 é um crime instantâneo, cuja consumação se verifica em um momento determinado, sem continuidade do tempo. Assim, se o financiador bancar, em 10 ocasiões diversas, a aquisição de drogas para comercialização por terceira pessoa, o agente deverá responder 1º vezes pelo crime. Não se aplica o Art. 36 para quem financia o USO de drogas. O financiamento do USO de drogas é caracteriza o como crime do Art. 33 § 2º – Induzimento ao uso de drogas, como auxílio moral. QUESTÃO CONTROVERSA: AUTOFINANCIAMENTO No caso de o agente atuar simultaneamente como traficante e financiador do delito (exemplo: “A” financia a aquisição de uma tonelada de cocaína para ser comercializada por “B”, e também auxilia na importação da substância e no seu transporte até este último), o legislador previu expressamente a causa de aumento de pena prevista no Art. 40. O agente que atua diretamente na traficância – executando, pessoalmente as condutas tipificadas no art. 33 – e que também financia ou custeia a aquisição de drogas, deve responder pelo crime previsto no art. 33 com a incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 40 inciso VII, afastando o crime do art. 36. STJ HC306.136, 19/11/2015 VEJA COMO FOI COBRADO! (2014) De acordo com o entendimento do STJ, aquele que importar e vender substância entorpecente no mercado interno e utilizar os recursos assim arrecadados para financiar a própria atividade praticará os crimes de tráfico ilícito de drogas e financiamento ao tráfico, em concurso material. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Trata-se do chamado autofinanciamento. Quando quem importar e vender substância entorpecente no mercado interno e utilizar os recursos assim arrecadados para financiar a própria atividade responderá pelo crime do Art. 33 com a causa de aumento de pena do Art. 40 (autofinanciamento). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 130 CRIMES EM ESPÉCIE - CRIMES NÃO EQUIPARADOS A HEDIONDOS ART. 33, § 2º – INDUZIMENTO AO USO DE DROGAS Esse delito não é considerado tráfico de drogas e não é equiparado a hediondo. NÚCLEOS DO TIPO Induzir – Fazer brotar a ideia. Instigar – Reforçar uma ideia já preexistente. Auxiliar – Facilitação material. A conduta de auxiliar deve ser compreendida como ajuda real no sentido de oferecer ao usuário não a droga propriamente dita (tráfico), e sim os meios necessários à sua utilização, tais como local para o uso da droga ou o instrumento que permita o efetivo uso. Exemplo: emprestar cachimbo para uso do crack. Enquanto a indução e a instigação estão no campo moral, o auxílio está no campo material. Exemplo: O agente que empresta o carro para que outrem procure um local de venda de droga. O auxílio não pode abranger o fornecimento da droga. SUBSIDIARIEDADE É delito subsidiário: se o autor oferece droga, não será auxílio, será tráfico, Art. 33. SUJEITO PASSIVO Deve ser pessoa DETERMINADA. Alguém específico. Não caracteriza o induzimento, na instigação ou no auxílio ao uso indevido da droga de natureza genérica, ou seja, voltado a pessoas indeterminadas, sem prejuízo de eventual caracterização de incitação ao crime (CP, Art. 286) ou apologia ao crime (CP, Art. 287). CONSUMAÇÃO Crime material: para a consumação depende da prática do comportamento principal – o uso indevido da droga pelo terceiro, sendo efetivamente consumida. MARCHA DA MACONHA em vistaque a liberdade de expressão e manifestação de pensamento é consagrada na CF, bem como só existe o referido quando as condutas são destinas a pessoa determinada, não a uma multidão. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 131 ART. 33, §3º – TRÁFICO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (CEDENTE EVENTUAL) § 3º Oferecer droga, EVENTUALMENTE e sem objetivo de lucro, a PESSOA DE SEU RELACIONAMENTO, para JUNTOS a consumirem: Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento de 700 a 1.500 dias- multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Obviamente, este delito não é considerado tráfico de drogas, consequentemente, não é equiparado a crime hediondo. Trata-se de uma infração penal de menor potencial ofensivo, cuja competência será do JECRIM. Para que o agente incorra nas sanções do §3º, é necessário o preenchimento de quatro requisitos, cumulativos, vejamos: Oferta eventual de droga; A eventualidade deve ser analisada sob a ótica do sujeito ativo e não da pessoa do relacionamento do agente a quem foi oferecida a droga para consumo compartilhado. Logo, mesmo que a droga seja oferecida pela primeira vez à pessoa, se restar comprovado que esse agente já havia oferecido drogas para consumo compartilhado a outras pessoas, essa habitualidade afastará a tipificação do crime do Art. 33 § 3º. Oferta gratuita; Oferecer: Se for “vender”, é tráfico. O destinatário da droga deve ser pessoa do relacionamento de quem oferece a droga; Exemplo: amigo, parente, namorado. Se quem oferece a droga ao terceiro não tem com ele nenhuma forma de relacionamento, mesmo que seja eventual e para uso compartilhado, estará caracterizado o tráfico. Consumo compartilhado: A droga deve ser destinada ao consumo conjunto. (Finalidade específica) SUJEITO ATIVO Crime próprio: Somente pode ser cometido por quem mantenha algum tipo de relacionamento com o destinatário da droga ofertada. ELEMENTO SUBJETIVO Dolo + dolo específico (consumir juntos). CONSUMAÇÃO Crime formal, de consumação antecipada. Consuma-se com a conduta de oferecer a droga nas condições descritas no tipo, prescindindo-se tanto da aceitação como do consumo compartilhado (exaurimento). Basta que a ação seja destinada a esta finalidade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 132 VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça – Matutina Para a configuração do crime de oferecimento de droga para consumo conjunto, tipificado no Art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prática da conduta mediante o dolo “específico”. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: A droga deve ser destinada a consumo conjunto, que constitui a especial finalidade no agir (dolo específico). Em outras palavras, a oferta da droga destina-se a essa finalidade. Não é necessário que o consumo efetivamente ocorra, mas é imprescindível que a droga seja destinada a esse fim. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com Carla, sua parceira eventual, substância entorpecente que traga consigo para uso pessoal, julgue o item que se segue. A conduta de Carlo configura crime de menor potencial ofensivo. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: A pena máxima prevista para a conduta de Carlo é de 01 ano de detenção, sendo considerada uma infração penal de menor potencial ofensivo, nos termos do Art. 61 da Lei 9.099/95: Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Analista Legislativo Julgue o próximo item, referente às penas e aos crimes de abuso de autoridade e de tráfico ilícito de entorpecentes. No processamento do crime de tráfico de substâncias entorpecentes, é vedada, em qualquer hipótese, a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: Parágrafo 4º do Art. 33 da Lei de Drogas que vedava a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos foi REVOGADO, agora é penalmente possível que ocorra tal substituição. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 133 ART. 35 – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO O Art. 35 da Lei de Drogas dispõe sobre o crime de associação para o tráfico, a leitura de sua parte final confirma que apenas os Arts. 33, caput e seu 1º e o Art. 34 da LD são crimes de tráfico. Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 700 a 1.200 dias- multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. SUJEITO ATIVO Crime Comum. Crime de concurso necessário ou plurissubjetivo são aqueles em que o tipo penal reclama da pluralidade de agentes para sua caracterização. ELEMENTO SUBJETIVO Dolo + dolo específico (para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes praticados nos artigos 33, caput e 34 da lei). A característica é a estabilidade e o vínculo que une os agentes, mesmo que nenhum crime por eles planejado venha a se concretizar. Exige-se o dolo de se associar com permanência e estabilidade para a caracterização do crime de associação para o tráfico, previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006. Dessa forma, é atípica a conduta se não houver ânimo associativo permanente (duradouro), mas apenas esporádico (eventual) STJ, informativo 509 Para a caracterização do crime de associação para o tráfico é imprescindível o dolo de se associar com estabilidade e permanência, sendo que a reunião ocasional de duas ou mais pessoas não se subsome ao tipo do art. 35. STJ HC354.109, 22/09/2016 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA É crime formal, de consumação antecipada. Consuma-se quando se concretiza a convergência de vontades, independentemente da ulterior realização do fim visado pelos agentes. É um crime permanente. Crime autônomo, que independe da concretização ou não do tráfico. Exemplo: A e B se associam para praticar tráfico de drogas, eles incorrerão no tipo associação para o tráfico (Art. 35), ainda que não consigam traficar. Se conseguirem, responderão pelo Art. 35 e pelo Art. 33, em concurso material. São bens jurídicos tutelados diferentes. O crime de associação para o tráfico não admite tentativa, pois se trata de um crime obstáculo. Segundo Cleber Masson, crime obstáculo é aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime autônomo pelo legislador. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 134 Não obstante a materialidade do crime de tráfico pressuponha a apreensão da droga, o mesmo não ocorre em relação ao delito de associação para o tráfico, que, por ser de natureza formal, pode ter sua materialidade comprovada com base em outros elementos de prova, como, por exemplo, interceptações telefônicas. O crime de associação para o tráfico não é considerado crime equiparado a hediondo. STJ 294.935, 26/02/2015 e STF 83.017, 23/04/2004 É inaplicável a causa especial de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (traficante privilegiado) na hipótese em que o réu tenha sido condenado, na mesma ocasião, por tráfico (art. 33) e pela associação para o tráfico (art. 35). Ora, a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 pressupõe que o agente não se dedique às atividades criminosas. Se o réu foi condenadopor associação para o tráfico é porque ficou reconhecido que ele se associou com outras pessoas para praticar crimes, tendo, portanto, seu comportamento voltado à prática de atividades criminosas. STJ, informativo 513 ATENÇÃO: A associação para o crime de financiamento ou custeio de tráfico de drogas também é crime, e os agentes incorrem nas mesmas penas. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 (34, 35, 36 e 37) desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se- á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA! Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: Defensor Público A respeito dos delitos tipificados na legislação extravagante, julgue o item a seguir, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores. O crime de associação para o tráfico é de natureza hedionda e a progressão de regime prisional desse tipo de crime ocorre após o cumprimento de dois quintos da pena — se o condenado for primário — ou de três quintos da pena — se reincidente. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Errado Comentário: A Lei dos Crimes Hediondos adota o sistema legal para definição da hediondez de um crime, logo, só será hediondo o que estiver na lei. Com efeito, o delito de associação para o tráfico, por não constar expressamente no rol previsto no Art. 1º da Lei n.º 8.072/1990, não possui natureza hedionda, não se aplicando, portanto, os lapsos mais gravosos para a progressão de regime. A jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça reconhece que o crime de associação para o tráfico de entorpecentes (Art. 35 da Lei n.º 11.343/2006) não figura no rol de delitos hediondos ou a eles equiparados, tendo em vista que não se encontra expressamente previsto no rol taxativo do Art. 2.º da Lei n.º 8.072/1990. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 135 ART. 37 – INFORMANTE OU FOGUETEIRO (COLABORADOR) CARACTERÍSTICAS DO TIPO Segundo Cleber Masson, foram separadas as condutas do traficante de drogas integrante de grupo, organização ou associação e da pessoa que, na condição de informante, colabora para a sua atividade. Por isso, é mais uma exceção pluralista à teoria monista. O informante não integra o grupo, organização ou associação, pois se integrasse ele responderia pelo Art. 35 da Lei de Drogas. Atenção: Nem toda colaboração é englobada pelo Art. 37. A colaboração material normalmente acarreta verdadeiro auxílio ao narcotráfico, fazendo com que o colaborador seja considerado partícipe do tráfico de drogas. A colaboração que rende ensejo ao Art. 37 é a que se opera por meio da PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES, tal como ocorre quando o agente contribui para a propagação do tráfico, na função popularmente conhecida como “olheiro”. EVENTUALIDADE O crime do Art. 37 é de natureza subsidiária, somente se verificando se a conduta do informante ocorrer de forma esporádica. Se o informante for um colaborador permanente, seu enquadramento típico migrará do Art. 37 para o Art. 35 (associação para o tráfico) CONSUMAÇÃO Crime formal. COLABORADOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Caso o informante colaborador seja funcionário público: Se não tiver solicitado nem recebido qualquer vantagem indevida: deve responder pelo crime do Art. 37, com a majorante prevista no Art. 40, II; Se tiver solicitado ou recebido vantagem indevida: responderá pelo Art. 37 em concurso material com o crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). Nesse caso, não haverá a incidência da majorante do Art. 40, II, da LD, considerando que a condição de servidor público já foi utilizada para caracterizar o crime do Art. 317. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 136 INFORMATIVO 527 - STJ SUBSIDIARIEDADE DO TIPO DO ART. 37 EM RELAÇÃO AO DO ART. 35 DA LEI 11.343/2006. Responderá apenas pelo crime de associação do art. 35 da Lei 11.343/2006 – e não pelo mencionado crime em concurso com o de colaboração como informante, previsto no art. 37 da mesma lei – o agente que, já integrando associação que se destine à prática do tráfico de drogas, passar, em determinado momento, a colaborar com esta especificamente na condição de informante. A configuração do crime de associação para o tráfico exige a prática, reiterada ou não, de condutas que visem facilitar a consumação dos crimes descritos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei 11.343/2006, sendo necessário que fique demonstrado o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à formação de vínculo permanente e estável. Por sua vez, o crime de colaboração como informante constitui delito autônomo, destinado a punir específica forma de participação na empreitada criminosa, caracterizando- se como colaborador aquele que transmite informação relevante para o êxito das atividades do grupo, associação ou organização criminosa destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei 11.343/2006. O tipo penal do art. 37 da referida lei (colaboração como informante) reveste-se de verdadeiro caráter de subsidiariedade, só ficando preenchida a tipicidade quando não se comprovar a prática de crime mais grave. De fato, cuidando-se de agente que participe do próprio delito de tráfico ou de associação, a conduta consistente em colaborar com informações já será inerente aos mencionados tipos. A referida norma incriminadora tem como destinatário o agente que colabora como informante com grupo, organização criminosa ou associação, desde que não tenha ele qualquer envolvimento ou relação com atividades daquele grupo, organização criminosa ou associação em relação ao qual atue como informante. Se a prova indica que o agente mantém vínculo ou envolvimento com esses grupos, conhecendo e participando de sua rotina, bem como cumprindo sua tarefa na empreitada comum, a conduta não se subsume ao tipo do art. 37, podendo configurar outros crimes, como o tráfico ou a associação, nas modalidades autoria e participação. Com efeito, o exercício da função de informante dentro da associação é próprio do tipo do art. 35 da Lei 11.343/2006 (associação), no qual a divisão de tarefas é uma realidade para consecução do objetivo principal. Portanto, se a prova dos autos não revela situação em que a conduta do paciente seja específica e restrita a prestar informações ao grupo criminoso, sem qualquer outro envolvimento ou relação com as atividades de associação, a conduta estará inserida no crime de associação, o qual é mais abrangente e engloba a mencionada atividade. Dessa forma, conclui-se que só pode ser considerado informante, para fins de incidência do art. 37 da Lei 11.343/2006, aquele que não integre a associação, nem seja coautor ou partícipe do delito de tráfico. Nesse contexto, considerar que o informante possa ser punido duplamente – pela associação e pela colaboração com a própria associação da qual faça parte –, além de contrariar o princípio da subsidiariedade, revela indevido bis in idem, punindo-se, de forma extremamente severa, aquele que exerce função que não pode ser entendida como a mais relevante na divisão de tarefas do mundo do tráfico. HC 224.849-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/6/2013. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 137 ART. 40 – CAUSAS DE AUMENTO DA PENA As causas de aumento de pena são aplicadas apenas aos crimes dos Arts. 33 a 37, por isso iremos analisar os crimes dos Arts. 38 e 39 em momento posterior. (Ficaram de fora: prescrição culposa; conduzir aeronave e embarcação) São 7 causas de aumento de pena, e nada impede, se existiremduas ou mais majorantes, a aplicação prática de todas elas. O STJ já considerou válido o reconhecimento simultâneo de majorantes previstas no Art. 40. TRÁFICO TRANSNACIONAL DE DROGAS I - A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; TRANSNACIONALIDADE A origem ou destino da droga ultrapassam a barreira nacional, não necessariamente indo ou vindo de outro país. Podendo ser de uma embarcação em alto mar. CONSUMAÇÃO Consuma-se com a prova da destinação internacional da droga. A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras. Súmula 607, STJ, 17/04/2018 COMPETÊNCIA Além do tráfico internacional, o tráfico interestadual também é causa de aumento de pena. Nessa linha, cumpre destacarmos que o tráfico transnacional é crime de competência da Justiça Federal (o tráfico interestadual não é de competência da Justiça Federal. A Polícia Federal pode investigar o tráfico interestadual, mas não se trata de crime federal). Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal. Nos casos de tráfico transnacional, se o delito for cometido em Município que não seja sede de vara federal, o processamento sedará na vara federal da circunscrição respectiva. Remessa de droga do exterior para o Brasil: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. STJ, Súmula 528 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 138 Remessa de droga do Brasil para o exterior pela via postal: Competência será já Justiça Federal do local do último ato de execução. A consumação do delito ocorre no momento do envio da droga, juízo competente para processar e julgar o processo, independentemente do local da apreensão. Inaplicabilidade da Súmula 528. 146.393/SP, 01/07/2016 Critérios para analisar a transnacionalidade: a) natureza; b) procedência da substância; c) circunstâncias do fato. Não basta provar que a droga foi produzida em outro país para indicar a responsabilização do agente pela internacionalização da droga. A procedência é apenas um dos requisitos. Exemplo: O simples fato de a droga ser boliviana não induz automaticamente a transnacionalidade do delito. Basta pensar na venda desse produto a um usuário no interior de um bar. Deve existir a dupla proibição para a incidência da majorante, ou seja, a substância deve ser crime no Brasil e no outro país. SUJEITO ATIVO II - O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; Trata-se de situação em que o agente abusa de sua função pública, da sua missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância. Nessa hipótese, a reprovabilidade deve ser mais acentuada. - Agente pratica o crime prevalecendo-se de sua função pública; - Agente pratica o crime no desempenho de missão de educação; - Agente pratica o crime no exercício do poder familiar, guarda ou vigilância. Não basta, para incidir a majorante, seja o crime praticado pelo funcionário público. Ele deve praticar o delito prevalecendo-se da função pública. É valer-se da função pública. Por função pública, segundo Renato Brasileiro, compreende-se toda atividade desempenhada com o objetivo de consecução de finalidades próprias do Estado, por meio daquele que exerce cargo, emprego ou função pública, nos termos do Art. 327 do Código Penal. Exercem função pública todos aqueles que prestam serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração indireta, aí incluídos os agentes políticos, os servidores públicos, assim como os particulares em colaboração com o Poder Público. LOCAIS DO CRIME III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 139 É desnecessário que a infração seja cometida nas dependências das localidades que indica. Basta a prática das infrações nas imediações dos respectivos locais. É prescindível a demonstração de que o agente tenha como destinatário alguém que se encontre no interior dos locais legalmente indicados. Estabelecimento prisional: a jurisprudência pacífica do STF é no sentido de que basta que seja o crime cometido na dependência de estabelecimento prisional para autorizar o aumento da pena. Não é necessário que a droga seja destinada à difusão (distribuição) dentro do estabelecimento prisional. Transporte público: A utilização de transporte público com a única finalidade de levar a droga ao destino, de forma oculta, sem o intuito de disseminá-la entre os passageiros ou frequentadores do local, não implica a incidência da causa de aumento de pena do inciso III do artigo 40 da Lei 11.343/2006 STJ, informativo 547 Se o agente leva a droga em transporte público, mas não a comercializa dentro do meio de transporte, incidirá essa majorante? Não. A majorante do Art. 40, II, somente deve ser aplicada nos casos em que ficar demonstrada a comercialização efetiva da droga em seu interior. STF, 19/08/2014; STF, 3/6/2014 MODO DE EXECUÇÃO IV - O crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; Deve-se ter em vista que se o emprego da violência ou grave ameaça consistir em crime autônomo, não incidirá a causa de aumento de pena, uma vez que senão haveria o bis in idem (punir o mesmo fato mais de uma vez). Assim, contemplamos que em regra, o tráfico de drogas não é cometido com emprego de violência ou grave ameaça, porém, quando isso acontecer será considerado causa de aumento de pena. Acerca do emprego da arma de fogo, existe uma controvérsia sobre a existência ou não de concursos de crimes entre a infração penal (Arts. 33 a 37) com a causa de aumento de pena (modo de execução), e os delitos de porte ilegal de arma de fogo. Há doutrina que concurso de crimes configura bis in idem, e outra parte afirma que deve haver o concurso material. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 140 HIPÓTESE QUE FOI RECONHECIDA A CONSUNÇÃO: A absorção do crime de porte ou posse ilegal de arma pelo delito de tráfico de drogas, em detrimento do concurso de material, deve ocorrer quando o uso da arma está ligado diretamente ao comércio ilícito de entorpecentes, para se atingir o crime fim que é o tráfico de drogas, ou seja, para assegurar o sucesso da mercancia ilícita. Nesse caso, trata-se de crime meio para se atingir o crime fim, que é o tráfico de drogas. Exige-se o nexo finalístico entre as condutas de portar ou possuir arma de fogo e aquelas relativas ao tráfico. HC 181.400, 29/06/2012 HIPÓTESE QUE FOI RECONHECIDO O CONCURSO MATERIAL: No caso dos autos, as instâncias ordinárias, com base no conjunto probatório, entenderam que as condutas tiveram desígnios autônomos. Rever esse entendimento, na espécie, demanda reexame de provas, inviável na via estreita do HC. HC 366.638, 29/08/2018 TRÁFICO INTERESTADUAL V - Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; Não é necessário que ocorra a transposiçãodas fronteiras, basta que as circunstâncias demostrem que iria ocorrer. Para a configuração do tráfico interestadual de drogas (art. 40, V, da Lei 11.343/2006), não se exige a efetiva transposição da fronteira, bastando a comprovação inequívoca de que a droga adquirida num estado teria como destino outro estado da Federação STF HC 115.893/MT, 2013 A competência é da Justiça Estadual, porém se necessitar de repressão uniforme, a PF terá atribuição de investigar. OBS: Polícia Federal investiga, porém, remete à JUSTIÇA ESTADUAL. Inclusive interceptação telefônica deve ser solicitada ao juiz estadual. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 141 INFORMATIVO 808 - STF Tráfico de entorpecente e transposição de fronteira A incidência da causa de aumento de pena prevista na Lei 11.343/2006 [Art. 40. As penas previstas nos artigos 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal] não demanda a efetiva transposição da fronteira da unidade da Federação. Seria suficiente a reunião dos elementos que identificassem o tráfico interestadual, que se consumaria instantaneamente, sem depender de um resultado externo naturalístico. Esse é o entendimento da Primeira Turma, que, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem em habeas corpus no qual se sustentava a não incidência da mencionada majorante, porque o agente teria adquirido a substância entorpecente no mesmo Estado em que fora preso. Segundo o Colegiado, existiriam provas suficientes quanto à finalidade de consumar a ação típica, a saber: a) o paciente estava no interior de ônibus de transporte interestadual com bilhete cujo destino seria outro Estado da Federação; e b) a fase da intenção e a dos atos preparatórios teriam sido ultrapassadas quando o agente ingressara no ônibus com a droga, a adentrar a fase de execução do crime. HC 122791/MS, rel. Min. Dias Toffoli, 17.11.2015. (HC-122791) Questiona-se: é possível a incidência desta majorante e, ao mesmo tempo, a incidência da causa de aumento da transnacionalidade? Depende. Se a droga, ao chegar ao Brasil, era destinada a ser difundida em mais de um Estado, aplicar-se-ão as duas majorantes. Se a droga, ao chegar ao Brasil, passa por mais de um Estado, mas seu destino era um único Estado, aplicar-se-á apenas a causa de aumento do tráfico internacional. No tráfico ilícito de entorpecentes, é inadmissível a aplicação simultânea das causas especiais de aumento de pena relativas à transnacionalidade e à interestadualidade do delito (art. 40, I e V, da Lei n. 11.343/2006), quando não comprovada a intenção do importador da droga de difundi-la em mais de um estado do território nacional, ainda que, para chegar ao destino final pretendido, imperativos de ordem geográfica façam com que o importador transporte a substância através de estados do país. De fato, sem a existência de elementos concretos acerca da intenção do importador dos entorpecentes de pulverizar a droga em outros estados do território nacional, não se vislumbra como subsistir a majorante prevista no inciso V do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) em concomitância com a causa especial de aumento relativa à transnacionalidade do delito (art. 40, I, da Lei de Drogas), sob pena de bis in idem STJ HC 214.942, 16.06.2016, informativo 586 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 142 SUJEITO PASSIVO VI - Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; Questiona-se: Como fica a incidência dessa majorante diante do crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA)? Nos crimes dos Arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, quando o agente pratica o delito juntamente com um menor, não é possível aplicar o crime de corrupção de menores, pois essa causa de aumento da pena do Art. 40, VI, é incompatível com o crime do Art. 244-B do ECA, incidindo aqui o princípio da especialidade. A norma especial exclui a incidência da norma geral. Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos Arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no Art. 40, VI, da Lei n. 11.343/2006. Por sua vez, para incidir a majorante do Art. 40, VI, da Lei de Drogas, faz-se necessário que, ao praticar os delitos previstos nos Arts. 33 a 37, o réu envolva ou vise atingir criança, adolescente ou quem tenha capacidade de entendimento e determinação diminuída. Não se compartilha do entendimento no sentido de que, se a criança ou adolescente já estiverem corrompidos, não há falar em corrupção de menores e de que responde o agente apenas pelo crime de tráfico majorado, pois, de acordo com o entendimento do STJ, é irrelevante a prova da efetiva corrupção do menor para que o acusado seja condenado pelo crime do ECA. A solução deve ser encontrada no princípio da especialidade. Assim, se a hipótese versar sobre concurso de agentes envolvendo menor de dezoito anos com a prática de qualquer dos crimes tipificados nos Arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, afigura-se juridicamente correta a imputação do delito em questão, com a causa de aumento do Art. 40, VI. STJ, 22.11.2016, informativo 595 AUTOFINANCIAMENTO VII: o agente financiar ou custear a prática do crime. Essa majorante tem aplicabilidade restrita ao autofinanciamento. STJ, Informativo 534. Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do Art. 33: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 143 Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do Art. 33: Responderá apenas pelo art. 33 + art. 40, VII da Lei de Drogas (não será condenado pelo art. 36). STJ, 17/12/2013 (Info 534). Art. 36 X Art. 40 VII Qual a diferença entre a causa de aumento de pena que estamos analisando e o crime previsto no art. 36? O Art. 36 visa alcançar aquele que fica “por trás das cortinas”, financiando a conduta criminosa de terceiros. Atinge aquele que não atua diretamente no ilícito, mas financia o desempenho da atividade por outros. Já a causa de aumento de pena atinge aquele que desenvolve a atividade criminosa diretamente e, além disso, acrescenta valores. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia Acerca do tráfico ilícito de entorpecentes, de ações de prevenção e repressão a delitos praticados por organizações criminosas, de abuso de autoridade e de delitos previstos na Lei de Tortura, julgue o item que se segue. Situação hipotética: Em um mesmo contexto fático, um cidadão foi preso em flagrante por manter em depósito grande variedade de drogas, entre elas, cocaína, maconha, haxixe e crack, todas para fins de mercancia. Foram apreendidos também maquinários para o preparo de drogas, entre eles, uma balança digital e uma serra portátil. Assertiva: Nessa situação, afastada a existência de contextos autônomos entre as condutas delitivas, o crime será único. Certo ( ) Errado ( ) Gabarito: Certo Comentário: Dependendo de como é praticado o tráfico de drogas, o crime previsto no Art. 34 (posse de maquinários para preparação de drogas) da Lei 11.343/06 pode ser absorvido pelo Art. 33 (tráfico de drogas) da mesma lei. A prática do Art. 33 absorve o delito do Art. 34, desde que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e coexistentes, aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. Resumindo: para que ocorra a condenação simultânea, o