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INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS – ICSH – CESB INSTITUTO LATO SENSU GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA DARY DE SOUZA MOREIRA JOANE PAULA OLIVEIRA ROSA TAVARES ARAÚJO JORGE LUIZ BRITO SARKIS KARINA ROCHA CALDERA DE PAIVA VANESSA ALVES DOS SANTOS MACONHA: os benefícios e malefícios Rio Branco/AC 2019. DARY DE SOUZA MOREIRA JOANE PAULA OLIVEIRA ROSA TAVARES ARAÚJO JORGE LUIZ BRITO SARKIS KARINA ROCHA CALDERA DE PAIVA VANESSA ALVES DOS SANTOS MACONHA: OS BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do Certificado de Gestor em Segurança Pública e Privada, do curso de Gestão em Segurança Pública e Privada, do Instituto de Ciências Sociais e Humanas – ICSH – CESB, na cidade de Rio Branco/AC, com a orientação da Prof.ª Suellen Marques Vargas Nogueira. Rio Branco/AC 2019 DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO E DE AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA Declaramos para os devidos fins que somos os autores do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado MACONHA: OS BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS, apresentado como requisito para conclusão do Curso de Gestão Em Segurança Pública e Privada. Declaramos, ainda, assumir total responsabilidade pelo aporte ideológico e autoral conferidos à presente Monografia e Artigo Científico, afirmando que o trabalho é inédito, e, segue as normas da ABNT do Instituto de Ciências Sociais e Humanas, razões pelas quais isento o Instituto de Ciências Sociais e Humanas, a Coordenação do Curso, o Orientador e eventuais Avaliadores de toda e qualquer responsabilidade acerca deste trabalho, estando ciente que a infração destas normas levará à reprovação, a qualquer tempo, bem como, incorrerá nas responsabilidades civis e criminais da legislação vigente – Lei nº 9.610/98 (Direitos Autorais). Através dessa declaração damos ciência de nossa responsabilidade sobre o texto apresentado e assumimos qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto. Por fim, Na qualidade de titulares dos direitos de autoria da publicação acima referida, AUTORIZO o Instituto de Ciências Sociais e Humanas (ICSH-CESB) a publicar a qualquer tempo, na rede mundial de computadores (Internet), sem pagamento dos direitos autorais, nos termos da Lei nº 9.610/98, o texto integral da obra citada, com finalidades de leitura, impressão ou download. Rio Branco/AC, ___ de ______________ de 2019. ________________________ ________________________ DARY DE SOUZA MOREIRA JOANE PAULA O. R T. ARAÚJO ________________________ ________________________ JORGE LUIZ BRITO SARKIS KARINA ROCHA C. DE PAIVA ________________________ VANESSA ALVES DOS SANTOS DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho a Deus, pela vida e força por toda essa caminhada durante todos os anos de faculdade. AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente, a Deus por ter nos guiado e fortalecido sempre quando pensamos em desistir, nos doando saúde e força de vontade para seguir em frente, e foi ele que nos deu o dom da vida, Que nos fortalece, nos guia e ilumina nossos pensamentos. Sentimento de gratidão por toda os nossos familiares, que na sua infinita bondade acreditaram em nossos sonhos e sempre torcendo pelo nosso sucesso. Ao Instituto de Ciências Sociais e Humanas – ICSH – CESB seu corpo docente, direção e administração. A nossa orientadora ______________________, pela orientação, paciência, apoio, confiança e suporte nesse prazo para conclusão deste trabalho. E agradecemos a todos os envolvidos que por algum momento se fizeram presente em nossa trajetória nesses anos de muita dedicação e esforço, muito obrigado. “Toda forma de vício é ruim, não importa que seja droga, álcool ou idealismo”. (Carl Jung) RESUMO Há tempos, a maconha vem sido utilizada pela população principalmente para fins medicinais, por conseguir tratar diversos tipos de doenças, tais como exemplo: câncer, AIDS, glaucoma, entre outras. Há registros que o seu uso é bem antes de Cristo, sendo apontada pelos chineses que os seus efeitos analgésico, anticonvulsante e tranquilizante são reais. Entretanto na época não era possível comprovar tais afirmações, que com o passar dos séculos, os estudos medicinais foram avançando, aprimorando-se e comprovando que além dessas afirmações, há outros benéficos em seu uso. Atualmente a maconha é a droga mais utilizada no Brasil, pelo seu baixo custo de preço e facilidade ao acesso, geralmente encontrada nas maiores concentrações populacionais urbanas. A maconha é legalizada em diversos países, com o intuito de ser utilizada em tratamento de doenças, porém o seu uso pode acarretar em problemas que podem gerar grandes riscos á saúde, mostrando os seus malefícios, sendo necessário fazer uma reflexão ao utiliza-la se os benefícios da maconha compensa os possíveis riscos que pode causar a saúde. Objetivou-se com o presente trabalho de analisar o uso da maconha no contexto social no cotidiano da sociedade contemporânea, levando em consideração os pontos positivos e negativos. A técnica utilizada foi a pesquisa bibliográfica, sites, atualizações dos avanços medicinais, sendo assim, foram realizadas leituras e análises críticas em doutrinas, artigos e jurisprudências que se manifestam sobre o tema. Desta forma, é nítida que o uso controlado de tal substancia no âmbito da medicina, pode trazer bons benefícios. Palavras-chave: Maconha. benefícios. malefícios. doenças ABSTRACT Marijuana has long been used by the population primarily for medical purposes, because it treats different types of diseases, such as cancer, AIDS, glaucoma, among others. There are records that its use is well before Christ, being pointed out by the Chinese that its analgesic, anticonvulsant and tranquillizing effects are real. However, at the time it was not possible to prove such statements, that over the centuries, medical studies have been advancing, improving and proving that besides these affirmations, there are others beneficial in its use. Today, marijuana is the drug most commonly used in Brazil, due to its low cost of price and ease of access, generally found in the largest concentrations of urban population. Marijuana is legalized in several countries, with the intention of being used in the treatment of diseases, but its use can lead to problems that can pose great health risks, showing their harms, and it is necessary to make a reflection when using it if the benefits of marijuana make up for the potential health risks. The objective of this work was to analyze the use of marijuana in the social context in the daily life of contemporary society, taking into consideration the positives and negatives. The technique used was the bibliographical research, sites, updates of the medical advances, being thus, were realized readings and critical analyzes in doctrines, articles and jurisprudences that manifest themselves on the subject. In this way, it is clear that the controlled use of such substance in medicine can bring good benefits. Keywords: Marijuana. benefits. damage. diseases SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2 BREVE HISTÓRIA DA MACONHA ................................................................. 11 2.1 MACONHA....................................................................................................... 12 2.2 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................ 13 2.3 CANNABIS SATIVA ......................................................................................... 15 2.4 CANNABIS INDICA .......................................................................................... 15 3 BENEFÍCIOS E MALÉFICIOS......................................................................... 16 3.1 BENEFÍCIOS ....................................................................................................17 3.2 MALEFÍCIOS. .................................................................................................. 19 4 AS PRÁTICAS DO USO DA MACONHA E SUAS REPRESENTAÇOES SOCIAIS.................................................................................................................. 21 4.1 VISÃO SOCIAL ................................................................................................ 22 4.2 OBJETIVAÇÃO E ANCORAGEM .................................................................... 22 4.3 POSICIONAMENTO FRENTE AOS USÚARIOS DE MACONHA ..................... 23 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 26 9 1 INTRODUÇÃO O uso das drogas sempre estiveram presente nas comunidades do mundo inteiro, sendo elas lícitas ou ilícitas, entretanto o uso abusivo dessas substâncias é o que causa preocupação, atingindo principalmente a camada jovem, as drogas no inicio foram criadas com o intuito medicinal, para tratamento de doenças, mas ao utilizar de forma errada ou abusiva as consequências podem ser grandes e bastante prejudicais á saúde do usuário, neste estudo será apresentado quais os tipos de maconha, história, a forma de utilização do homem, e abordar quais as formas que a maconha é utilizada desde dos fins medicinas e como elas passaram a ser utilizadas de forma reversa para se obter outros resultados propositais. Com base nos estudo de Silva (2007) ele doutrina que a existência das drogas vem desde dos primórdios da era humana, e não se sabe ao certo o motivo que induz as pessoas a fazerem o uso de tal substância, entretanto, é fato que há motivos de momentos de vida que fazem o ser humano fazer a utilização de drogas especificas, por exemplo a utilização da maconha com intensão de aliviar os estresses e frustrações do cotidiano de vida, angústias e ansiedades. Laranjeira (2007) doutrina que através de estudos e índices que a maconha é a droga ilícita mais utilizada no mundo, passando a ser usada constantemente por quem experimenta , tornando o usuário uma pessoa dependente , mas comparado com outras drogas a maconha é a menos nociva , entretanto, no últimos anos as pesquisas avançam cada vez mais em busca de ampliar as explicações em torno dos efeitos causados aos usuários da maconha. Atualmente o Brasil adota o modelo preconizado pela Organização das Nações Unidas , ratificado nas convenções única sobre entorpecente, de 1961, que trata das substâncias psicotrópicas, e sobre o tráfico ilícito de entorpecentes (1971), o que leva aos parâmetros de proibição, apoiando-se na aplicação do código penal, esse modelo foi seguido por décadas em diversos países, mas no âmbito atual, os países vêm adotando novas alternativas com a finalidade de reduzir os usuários e o tráfico de drogas de acordo com cada região do mundo. Propomos a realização deste trabalho acadêmico sobre a Maconha: benefícios e malefícios com a intenção de demonstrar o lado positivo e negativo da utilização do Cannabis, e quais as consequências quando é utilizada de forma errada. A problematização estará centrada no fator de representação social quando o usuário 10 passa a utiliza-la de forma negativa e como o tráfico de drogas pode afetar a sociedade? Este trabalho acadêmico foi realizado através de livros, artigos, súmulas, textos de publicação na internet, estudo doutrinário, analise de pesquisas e atualizações de informações sobre tal assunto. 11 2 BREVE HISTÓRIA DA MACONHA Diversos estudos comprovam que durante séculos o homem vem fazendo experimentos e uso de plantas para se obter benefícios de bem estar mental e espiritual. Com base no que foi mencionado, Colasanti ( 1996) afirma que ao se investigar a história do ser humano, poderá ser observado com clareza que o uso de drogas sempre esteve presente no convívio da humanidade, levando essa convivência até mesmo com naturalidade sem nenhuma preocupação social, sempre em busca do prazer, do que aliviasse as suas alterações de humor ou até mesmo de dor, através do uso de substancia tanto naturais quanto sintéticas. A droga existe desde os primórdios da humanidade. Não se sabe exatamente porque as pessoas fazem uso dessas substâncias, mas se sabe que há muitos motivos para o ser humano usar a droga em algum momento da sua vida, entre eles uma forma de aliviar as frustrações do dia-a-dia, as angústias, e as ansiedades. (SILVA,2007, p. 1). Como mencionado, o uso de substâncias psicoativas sempre estivera presente na história da humanidade, para Moraes (2008) a droga está presente a décadas em diferentes culturas, regiões, com a finalidade de prazeres em diferentes contextos, desde do uso medicinal ao uso pessoal com finalidade de práticas humanas milenar e universal. Ainda que apontem para um consumo diferenciado do atual, marcam a relação existente entre os seres humanos e a busca por diversos tipos de prazeres, em diferentes contextos, com objetivos e motivações diversas, como remédio e como veneno, de forma divina ou demonizada, correspondendo a uma prática humana milenar ou universal. (MONTEIRO,1984, p. 265) Há evidências que dizem que o uso do Cannabis e de sua fumaça são encontradas desde os primórdios a.c, segundo Mahmoud (2007) esses registros são encontrados desde do terceiro milênio A.C, as provas vêm de sementes carbonizadas de Cannabis, que foram encontradas em um cemitério na Romênia utilizada para rituais. Rudgley (1998) cita que no ano de 2003, foram encontrados objetos de couro dentro de uma cesta, juntamente de resíduos de folhas e sementes de maconha, ao lado de um corpo de poderia ter por volta de 2500 – 2800 anos de idade na cidade de xinjiang, ao noroeste da China. Segundo Jian (2006), Leary (1990), Litle (1998), a maconha também é conhecida por ter sido utilizada pelos hindus antigos da índia e do Nepal há muitos anos. No entanto o Cannabis era chamado de ganjika, ou ganja nas línguas modernas indo – arianas. A erva também era utilizada pelos antigos 12 assírios, que com o passar do tempo foram descobrindo novas utilizaram psicoativas através dos povos arianos. De acordo com Franck (1997) quando os assírios utilizavam a erva em suas cerimônias, eles a denominava de “gunubu” que quer dizer o caminho para produção da fumaça ou fumo, que é conhecida nos termos atuais como Cannabis, com o passar do tempo os povos arianos expandiram o conhecimento dessa erva, passando para outras comunidade tais como: os povos citas, trácios e dácios, com o objetivo de fazer o uso para alcançar um nível espiritual além do que é permitido sem a erva, mais conhecido como um estado de transe, geralmente tal pratica era feito pelos xamãs também conhecidos como kapnobatai. A maconha possui uma vasta história antiga, principalmente no quesito de utilização para fins de rituais e medicinais, utilizadas para dar alivio ao usuário quando doente, ou com algum mal estar mental ou corporal. Rowam (1999)diz que há também outras plantas que podem trazer benefícios ao ser humano, no entanto existe apenas um auxiliar vegetal que é capaz de afetar a nossa consciência, imaginação, abrangendo o modo do usuário pensar e ao ver o mundo e ele é utilizado desde da pré-história em todas as regiões do mundo , que é o Cannabis. 2.1 MACONHA Maconha é apenas um dos nomes da erva, também conhecida como: Cannabis sativa, ganja, marijuana, erva. Ela é a droga ilícita mais utilizada no brasil e no mundo, geralmente o seu público é de jovens estudantes, em latim significa cânhamo, que vem do gênero da família da planta, e sativa vem de origem da forma que ela é semeada, indicando a sua origem, espécie e a sua forma de desenvolvimento natural. É uma planta originaria da Ásia central, com extrema adaptabilidade no que se refere ao clima, altitude, solo, apesar de haver uma variação quanto á conservação das suas propriedades psicoativas, pois requer clima quente e seco e umidade adequada do solo. (COUTINHO, 2004, p. 470). A história da humanidade é permeada pelo uso das drogas, desde sempre, para sair da realidade opressora usuários buscam prazer no uso da maconha, considerada uma droga cultural. Não comprovada cientificamente, que seu uso possa provocar dependência química, seus benefícios e malefícios dividem opiniões e geram debates científicos entre médicos e pesquisadores de drogas no Brasil. No Brasil, a posse e o consumo da maconha são proibidos mais às vezes tolerados pela justiça dependendo sempre da quantidade, uma situação diferente que acontece em 13 um pais vizinho, o Uruguai, lá o consumo é permitido e agora um projeto de lei prevê que o governo uruguaio passe a produzir, comercializar e distribuir livremente a maconha no pais, Boiteux doutrina que o modo de uso é de responsabilidade do usuário: É um modelo que reconhece ao usuário o direito de consumir drogas por sua própria decisão e risco, mas, ao mesmo tempo, impõe a ele o dever de submissão desse uso ao controle do Estado. Isso porque as drogas não podem ser consideradas uma mercadoria comum e, por isso, devem ser submetidas a restrições específicas. A regulamentação da produção e da distribuição, no entanto, seria papel de outros ramos do Direito – como administrativo, comercial e tributário – que não o penal, o qual teria papel subsidiário, incidindo sobre condutas consideradas mais graves, com o objetivo de prevenir eventuais abusos a terceiros cometidos por usuários (em estado de euforia ou excitação decorrente da ingestão de droga) ou por comerciantes (no caso de contrabando ou adulteração, por exemplo) (BOITEUX, 2006, p. 94-6). A maconha pode ser utilizada de forma útil, ajudando em vários tratamentos de diversas doenças, com o auxilio e observação medica, pode ser usar sem ter efeitos colaterais, A maconha é uma substância que pode induzir dependência, e que ao longo do tempo pode provocar danos ao físico e à mente. O debate sobre a Cannabis, com as mais diversas nuances, gira há muito tempo sobre essas duas posições contrastantes. Um novo e muito abrangente relatório publicado pela National Academies of Sciences norte-americana examinou o conjunto das pesquisas que há anos estão sendo publicadas a respeito do uso da Cannabis com finalidades médicas ou recreativas, estabelecendo pela primeira vez, com um certo grau de clareza, quais são os seus efeitos positivos e negativos sobre a saúde agora confirmados 2.2 CLASSIFICAÇÃO A Maconha é classificada em três tipos de planta do gênero Cannabis, e entre muitos cruzamentos que geraram outros tipos, tais como: Sativa, indica e ruderalis, para um melhor entendimento, a seguir uma imagem (figura 1) demonstrando como elas são: 14 Figura 1 – Três Espécie de Cannabis Fonte: Ferrari (2016) Entre todos os tipos, as mais utilizadas tanto na forma medicinal e pessoal, são a sativa e a indica, relatos indicam que a origem do tipo indica vem da região do Afeganistão, denominada “Hindu Kush”, onde naturalmente a planta se desenvolveu sobrevivendo ao clima precário para a sua produção. Três são as espécies de maconha. A mais comum, que é a Cannabis sativa, assume diferentes formas e é cultivada em quase todo o mundo; a Cannabis índica apresenta baixo teor de substância psicoativa (THC); e a Cannabis ruderalis, arbusto curto da Cannabis, não possui ingredientes psicoativos (INABA & COHEN, 1991, p. 47) O tipo sativa desenvolveu-se nas regiões da linha equatorial, região com condições climáticas mais favoráveis para a sua sobrevivência e desenvolvimento, ao contrário da indica. Agora em uma visão farmacologicamente, o doutrinador Russo cita: O principal constituinte psicoativo da planta é o tetraidrocanabionol (THC), um dos 400 compostos da planta, incluindo outros canabinoides, como o canabidiol (CBD), canabinol (CBN) e tetrahidrocanabivarin (THCV). Tetra- hidrocanibonol ou dronabionol (sintético) é a principal substância psicoativa e pode ser obtido por extração a partir da planta ou por síntese em laboratório. (RUSSO, 2003, p. 431). O THC quimicamente possui efeitos psicoativo e fisiológico, fazendo assim ser muito procurado por jovens e adolescentes, o THC faz parte do grupo de fenol (hidroxila ligada a um anel aromático em sua estrutura, como podesse observar na figura 2: 15 Figura 2 – Quimicamente ( Estrutura química do Δ9-tetra-hidrocanabinol ) Fonte: Ferrari (2016) É valido ressalvar que essa substância pode ser encontrada em toda integridade da planta, principalmente nas partes da flores e resina das fêmeas, dependendo da quantidade do solo e do clima e da época de colheita. E de acordo com os estudos de (GONÇALVES, SCHLICHTING, 2014, p. 1): O Delta-9-tetra-hidrocanabinol (delta-9-THC) é o responsável por dar aquela sensação de euforia e relaxamento e geralmente é fumada em grupos de estudantes. A maconha acaba apresentando uma influência por pequena que seja na vida deles, principalmente naqueles que sofrem com depressão. Não se sabe ao certo até que ponto este composto é responsável pelos efeitos verificados com o consumo da planta. Entretanto, após estudos com o consumo do produto puro e da planta indicam que os efeitos psicotrópicos causados não se devem apenas ao THC, mas também a outros compostos tais como o Canabinol (CBN) E Canabidiol (CBD). Além disso, o THC reforça a ação sedativa de outras substâncias psicotrópicas como o álcool e as benzodiazepinas. 2.3 CANNABIS SATIVA Geralmente a Cannabis Sativa é mais alta, esguia e quase sempre o seu crescimento é mais favorável em ambientes externos, com mudanças climáticas diárias, isso por terem origem de linha equatoriais, o seu uso medicinal é recomendando para pessoas que possuem problemas com depressão, déficit de atenção, fadiga e transtornos relacionados ao seu humor. Entre os tipos de maconha, ela é um pouco menos letárgica e torna a pessoa um pouco mais alegre e animada do que a Indica. 2.4 CANNABIS INDICA A Cannabis indica tem a aparência física um pouco mais robusta – baixa e semelhante a um arbusto – e é especialmente adequada para ambientes internos, como estufas simples e jardins internos. São recomendadas para ambientes um pouco mais extremos do globo, como aqueles localizados entre os 30 e os 50 graus de latitude no globo terrestre 16 Entre os tipos de maconha, é mais letárgico, auxiliando a relaxar a pessoa, como uma espécie de sedativo leve. Por isso, seu uso medicinal é mais recomendado para quem sofre de ansiedade, insônia e dores musculares intensas, assim como nâuseas e dores em geral pelo corpo. Ela tende a causar mais sono em seus usuários do que a Sativa 3 BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS A maconha começou a ser reconhecida como ilegal por volta do século XX, em vários países do mundo, tornando-se o seu consumo proibido globalmente após a convenção internacionaldo Ópio, decretado em 1912 quando diversas nações se juntaram para decidir pela proibição do comércio mundial do Cannabis, desde então a lei responsável vem se regulamentando e sofrendo alterações com o passar do tempo e de acordo com cada pais, essas regulamentações visam o modo social e cultural e como isso afeta diretamente e indiretamente à saúde, desde de os pontos positivos aos negativos, atualmente esses pontos são abordados com mais clareza no eventos da marcha da maconha, mostrando para a sociedade a realidade do uso, assim como afirma Moraes (2011): É um meio que oferece textos e atividades práticas sobre distintos temas relacionados à atenção integral à saúde das pessoas que usam drogas, como uma forma de preparar para a adoção de um olhar de gênero sobre a questão. Ajuda a reconhecer especificidades de gênero que marcam as relações das pessoas com as drogas, assim como a compreender e transformar as práticas em saúde relacionadas e orientadas pelas construções de gênero. para além da neblina sensacionalista, propõe um diálogo bastante realista e inspirador de reflexão, a partir do lugar dos movimentos sociais. Ajuda a pensar a saúde pública a partir das práticas culturais, a partir do que está à “nossa volta”, das pessoas que têm distintas relações com os usos de drogas e não só relações problemáticas para as quais, de modo geral, as ações e políticas sobre drogas estão dirigidas. Incita a pensar sobre alternativas às políticas proibicionistas e é justamente por isso que integra a presente publicação: pela possibilidade que oferece de refletir sobre políticas e ações relacionadas às drogas. Refletir a partir de outros referenciais, outros olhares, outros contextos que facilitem a compreensão da multiplicidade de fatores envolvidos nos contextos dos usos de drogas e da necessidade de utilizarmos ferramentas de análise também mais complexas, como as de gênero (MORAES, 2011, p. 7-9). É obvio que não é possível viver sem as drogas, pois elas fazem parte desde de o uso através de álcool, religiões, eventos culturais, e remédios disponibilizados pelas redes de farmácias, entre outros meios, ficando assim evidente que não é possível se viver em um mundo sem drogas, pois elas fazem parte do cotidiano e da vida dos humanos, sendo necessárias até mesmo para se manter ou ajudar alguém 17 a viver, mas a forma como ser o humano utiliza é o que preocupa a sociedade, e essa forma que causa preocupação Gonçalves e Schlichting, descrevem: No princípio o uso da planta era feito para classes mais baixas, mas com o passar dos anos ela se difundiu para jovens de todas as classes. O uso abusivo da maconha entre adolescentes dos países desenvolvidos vem aumentando significativamente nas últimas décadas. Uma das possíveis explicações para esse fato é a percepção de que a maconha é uma “droga leve”, sem muitas consequências para a saúde do indivíduo, comparada com outras drogas ilícitas. (GONÇALVES, SCHLICHTING, 2014, p. 1). 3.1 BENEFÍCIOS Atualmente as comprovações dos benefícios da maconha são diversas, que mostram o grande potencial benéfico quando se utiliza de forma correta e recomendada por um profissional qualificado para atender aos critérios do usuário. o Dr. Drauzio varella, é um dos médicos e pesquisadores pioneiros do Brasil na atuação de mostrar os benefícios e maleficio ao uso da maconha no quesito saúde. Para Varella (2011) os estudos dessa área geralmente são com usuários que utilizam uma quantidade maior que o normal, e isso por vários anos, levando uma grande concentração de THC ( tetrahidrocanabinol ) ao organismo , transformando-se em componente ativo no organismo, o que facilita para fazer teste sobre o Cannabis, já os usuários ocasionais, dificultam o estudo pois não é possível se obter respostas clara, varella cita uma descoberta em sua doutrina que é valido ressalvar nesse trabalho: A descoberta de que os canabinoides se ligavam aos receptores CB existentes na membrana celular dos neurônios aconteceu em 1988. Dois anos mais tarde, esses receptores foram clonados e mapeadas suas localizações no cérebro. Em 1992, foi identificada a anandamida, substância existente no sistema nervoso central, relacionada com os receptores, mas distinta deles. (VARELLA, 2018, p 1). Após essa descoberta, muitas pesquisas começaram a surgir, revelando que os canabinoides tanto naturais quanto sintéticos possuem uma grande importância na amenização de dores, controle dos movimentos, mental, memorial e imunologicamente. Pesquisas com animais de laboratório demostraram que o cérebro desenvolve tolerância aos canabinoides e que eles podem causar dependência, embora esse potencial seja menor do que o da heroína, nicotina, cocaína, álcool e de benzodiazepínicos, como o diazepan. (VARELLA, 2018, p 1). No entanto, hoje os benefícios do Cannabis são comprovados através dos http://drauziovarella.com.br/corpo-humano/neuronios/ 18 estudos do Dr. Varella nos seguintes casos: Glaucoma: doença causada pelo aumento da pressão intraocular, pode ser combatida com os efeitos transitórios do THC na redução da pressão interna do olho. Existem, no entanto, medicamentos bem mais eficazes.2) Náuseas: O tratamento das náuseas provocadas pela quimioterapia do câncer, foi uma das primeiras aplicações clínicas do THC. Hoje, a Oncologia dispõe de antieméticos mais potentes.3) Anorexia e caquexia associada à Aids: A melhora do apetite e o ganho de peso em doentes com Aids avançada foram descritos há mais de vinte anos, antes mesmo de surgirem os antivirais modernos.4) Dores crônicas: A maconha é usada há séculos com essa finalidade. Os canabinoides exercem o efeito antiálgico, ao agir em receptores existentes no cérebro e em outros tecidos. O dronabinol, comercializado em diversos países para uso oral, reduz a sensibilidade à dor, com menos efeitos colaterais do que o THC fumado.5) Inflamações: O THC e o canabidiol são dotados de efeito anti-inflamatório que os torna candidatos a tratar enfermidades como a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias do trato gastrointestinal (retocolite ulcerativa, doença de Crohn, entre outras).6) Esclerose múltipla: O THC combate as dores neuropáticas, a espasticidade e os distúrbios de sono causados pela doença. O Nabiximol, canabinoide comercializado com essa indicação na Inglaterra, Canadá e outros países com o nome de Sativex, não está disponível para os pacientes brasileiros.7) Epilepsia: Estudo recente mostrou que 11% dos pacientes ficaram livres das crises convulsivas com o uso de maconha com teores altos de canabidiol; em 42% o número de crises diminuiu 80% e, em 32% dos casos, a redução variou de 25% a 60%. Canabinoides sintéticos de uso oral estão liberados em países europeus. (VARELLA, 2018). Esses estudos só comprovam o que há décadas já vem sendo utilizando até mesmo como poções milagrosas, que serviam para os xamãs curarem os feridos e para aliviar as dores para reforça mais ainda os benefícios da cannabis, Palmer (2002) reforça que dentro do âmbito social, a maconha combate a depressão daqueles que possuem AIDS, despertando-os para viver, e para lutar contra a doença, além de amenizar as dores, e estimular o apetite e a vontade de beber agua, pois quando se tem depressão dificilmente um paciente consegue se alimentar e hidratar direito, embora que seu uso seja positivo e comprovados, o seu uso clinico ainda é muito restrito, apenas alguns países adotaram tal utilização, assim afirma Conrad: A maconha hoje é administrada clinicamente (em países onde a legislação é mais tolerante) em tratamentos de câncer. Regula o aparelho gastrintestinal, reduz náuseas e vômitos. O THC traz um efeito anestésico após uso oral, o que alivia a dor em pacientes pós-quimioterápicos10. (CONRAD, 2001, p.10). Hoje os remédios que podem ser encontrados nas farmácias a base da maconha não são tão eficientes,pois o nível de THC foi reduzido para não causar alucinações nos usuários, sendo mais eficiente o natural, o que é extraído diretamente da planta, para Hilário (1999) o delta-9-THC também ajuda quem sofre http://drauziovarella.com.br/crianca-2/glaucoma/ http://drauziovarella.com.br/sexualidade/aids/aids/ http://drauziovarella.com.br/letras/r/retocolite-ulcerativa/ http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/tabagismo/doenca-de-crohn-2/ http://drauziovarella.com.br/mulher-2/esclerose-multipla/ http://drauziovarella.com.br/letras/e/epilepsia/ 19 de esclerose múltipla, consegue controlar a pressão causado através do glaucoma nos olhos. Abanades (2005, p. 11) afirma que “Alguns estudos clínicos demonstraram maiores efeitos terapêuticos e menores efeitos adversos quando se utilizam extratos da planta ao invés de unicamente o delta-9-THC6.” 3.2 MALEFÍCIOS Cada vez mais pesquisas comprovam que os efeitos do uso descontrolado e irregular da maconha, pode trazer diversos efeitos e variar de acordo com cada organismo, ou seja, cada pessoal pode reagir de uma forma individual ao utilizar o Cannabis. Esses efeitos ainda são incertos e podem ser contraditórios. Foi comprovado que o THC é realmente um depressor, porem se consumir a maconha em grupo ela traz euforia. Geralmente em indivíduos sozinhos tem-se sensação de relaxamento e sonolência. (CARLINI, 2004, p. 69) Quando o individuo faz o uso em uma grande quantidade, os efeitos tendem a mudar, ocasionando perda de memoria temporária, lerdeza, e pode apresentar déficit de atenção acarretando em uma dificuldade para a realização de tarefas que fora do uso seria algo simples. Para Hilário (1999) ele cita que quando o usuário excede a quantidade que poderia ser utilizada para fins medicinais, os efeitos pode ser de irrealidade do seu ego, estranheza, alucinações e paranoia. Julien (1995, p. 28) afirma que “O pensamento do ser humano se torna confuso e desagregado. Sua ansiedade do dia-dia pode atingir estado de pânico”. O Delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC) produz tantos efeitos diferentes que se torna difícil classificá-lo de outra forma que não como a única droga psicoativa que afeta a mente e o comportamento. Doses elevadas de THC podem causar ansiedade, que podem vir a desencadear ou agravar um quadro psicótico. (DOS SANTOS RM, 2007, p. 267). Na maioria dos casos quando o usuário faz o uso individual, é quando a pessoa passa por algum problema, onde pode gerar dificuldades e não há ninguém para ajudar, ás vezes até mesmo falta alguém para conversar, o que ocasiona em um uso solitário, onde a pessoa utiliza a cannabis com a intensão de refletir para conseguir chegar a uma solução ou ideía e com finalidades de conseguir relaxar, retirar aquele estresse do momento, sem contar que o cannabis pode fornecer ao usuário prazeres que aguçam os sentidos, mas Iversen (2000, p.1) afirma que “ O uso moderado da 20 maconha não leva à tolerância. Porem existe também relatos de entorpecimento gradativo, perturbação psicomotora, aumento de apetite, aumento do sono e perda da noção de espaço e tempo” que para Marshall (2006) quando a pessoa ingere doses altas, é possível se observar os efeitos do THC, tais como mentais, físicos e psíquica, e podendo agravar quando quem utiliza possui alguma alergia ou problema cardíaco ou pulmonar. É fato que o uso crônico da maconha (grandes quantidades consumidas em um curto intervalo de tempo, com frequência regular) afeta o coração, já que acelera os batimentos chegando a dobrar a pulsação. Em contrapartida atua como dilatador de brônquios e vasos sanguíneos. O usuário crônico pode experimentar sérios problemas pulmonares (asma, bronquite, câncer, etc.), neurológicos, reprodutivos, hepáticos, imunológicos e gastrintestinais. ( OGA E IVERSEN, 2014-2000). Corand (2001) doutrina que quando fumada, os canabinoides se agregam ao fluxo sanguíneo pelas paredes dos pulmões e por todo o sistema cardiovascular, indo diretamente para o cérebro. O ato de fumar Cannabis promove então um ótimo sistema de distribuição de THC, extremamente rápido e eficiente além de aumentar o índice de risco de câncer no pulmão. E no âmbito sexual, a maconha pode despertar aumento na libido sexual, fazendo o usuário ter mais vontade e estimulo para a pratica, mas há casos que o usuário para de produzir esperma. (Jungerman, 2007, p.1). Já a fumaça do tabaco é mortal e causa sérios danos ao pulmão e além de anular os efeitos medicinais da maconha, o cigarro ainda acentua os efeitos maléficos da cannabis sativa. O THC provoca broncolodilatação e o tabaco o inverso. (HILÁRIO, 1999, p 1) O seu uso misturado com outras drogas pode gerar alguns efeitos reversos, Soares (2003) afirma “Em associação com o álcool, por exemplo, ambas possuem seus efeitos salientados, ou seja, uma pessoa sob estas condições não pode realizar nenhuma atividade perigosa, ou que requeira uma motricidade” e nesse casos alguns autores e pesquisadores tentam alerta sobre o método de utilização com redução de danos, já que em muitos casos é inevitável o seu uso, então pelo menos deve-se ser usado pensando na possível redução de danos, como cita Moraes: O chamado Método da Redução de Danos, proposto por alguns autores e autoras, inventa também uma forma de produção de conhecimento e crítica dos lugares instituídos de poder. Parte da lógica de que é necessário conhecer para intervir, ao mesmo tempo em que é necessário intervir para conhecer, estabelecendo uma forma coletiva de construção de práticas de cuidado em um contexto de valorização da própria experiência na tomada de decisão sobre a atitude cuidadora. (MORAES, 2011, p. 18). 21 4 AS PRÁTICAS DO USO DA MACONHA E SUAS REPRESENTAÇOES SOCIAIS Neste capitulo será abordado como o consumo da maconha pode afetar a sociedade, através das representações sociais, com base na problemática desse trabalho, e em pesquisas feitas pelos pesquisadores: Coutinho (2004), Araújo (2004), Gontìes (2004), entre outros. Esta pesquisa teve como objetivo comparar as representações sociais dos universitários concluintes de cursos das áreas tecnológica, da saúde e jurídica acerca do uso da maconha. Dela participaram 60 universitários, de ambos os sexos, com idade entre 22 e 30 anos. Foram utilizados como instrumento entrevistas semi-estruturadas e o material coletado categorizado através da análise de conteúdo temática de Bardin (1977). (COUTINHO, 2004, p. 469). As representações sociais representam as inter-relações sociais, e os fenômenos que gira em torno desse assunto, que são compostas por processos socio cognitivos com influência no cotidiano da vida humana, com interação na comunicação e comportamento. Com isto, pode-se dizer que as representações é um sistema que interpreta a realidade, e que tem o intuito de organizar as relações humanas sociais com o mundo, através de orientação e conduzindo para um bom comportamento e convívio social. Para Mascovici (2003) Para compreender melhor o funcionamento do comportamento humano e o modo como os atores sociais se agrupam, devem-se considerar conjuntamente os afetos, as condutas, a organização, a sistematização de como eles compartilham crenças, atitudes, valores, perspectivas futuras e experiências sociais A representação social, diferentemente das representações coletivas, não é somente uma herança dos antepassados, transmitida de maneira determinista, estática e preestabelecida, mas um conhecimento construtivo, de caráter social, que se origina nas conversações interindividuais e intergrupais (Moscovici, 1984). Deste modo, as representações sociais do âmbito da Cannabis, fazem parte do cotidiano social, que vareia com cada grupo social que ela encontra-se inserida, será mostrado mais a frente nesse trabalho, resultados de interações de pesquisas baseados no senso comum,aos usuários que possuem um vasto conhecimento ao respeito da maconha e dos seus efeitos, relacionando o que leva os seres humanos 22 a fazer o uso desse tipo de droga. 4.1 VISÃO SOCIAL A visão da representação social é vista de uma forma de processo público, onde todos passam por esse exame, com a finalidade que todos possam se comunicar e conduzir-se, de modo seguro e cada um respeitando o próximo de maneira coerente. Esta visão coletiva, em que a representação social é vista como um processo público de criação, elaboração, difusão e mudança do conhecimento compartilhado no discurso cotidiano dos grupos sociais (Doise, 1990, 1992; Jodelet, 2001; Moscovici, 1984, 1988 e 2003), é que foi utilizada no desenvolvimento deste estudo, em que a “representação social é compreendida como a elaboração de um objeto social pela comunidade com o propósito de conduzir-se e comunicar-se” (Moscovici, 1984, p.251). Para Moscovici (1978) em toda relação representativa é construída em uma relação entre sujeito e objeto, e não há representação sem objeto, ambos se completam e andam juntos. Com isto, não se pode ter representação social individual, sendo que ela parte da socialização humana. Esse autor ainda observa que o objeto - seja ele humano, social, material ou uma idéia - será apreendido através da comunicação. Os elementos da realidade, os conceitos, as teorias e as práticas são submetidos a uma reconstrução a partir das informações colhidas e da bagagem histórica (social e pessoal) do sujeito. Assim sendo, as representações sociais tomam o objeto insignificante e tratam de explicar as características do pensamento social, diferenciando-o do pensamento individual. (COUTINHO, 2004, p. 471). 4.2 OBJETIVAÇÃO E ANCORAGEM Quando se elabora a representação social, é necessário a utilização da objetivação e da ancoragem, pois elas fazem atribuições de significado do objeto social, sendo responsáveis pela interpretação social, nesse caso o da maconha. Para Moscovici (1978), esses fatores são de condições, pois ambos colaboram na maneira como o social transforma um conhecimento em representação e na maneira como está transforma o social, indicando a interdependência entre a atividade psicológica e suas condições sociais. A objetivação transforma uma abstração em algo concreto, é responsável pela transformação do que é estranho em familiar. É por meio desse processo que os elementos adquirem materialidade e se tornam expressões de uma realidade vista como natural. A ancoragem é o processo da inserção de um 23 conhecimento enquanto quadro de referência, a partir de experiências e esquemas de pensamento já estabelecidos sobre o objeto em estudo. (COUTINHO, 2004, p. 471). A inserção da maconha na vida cotidiana de diferentes segmentos sociais e as discussões que ela vem suscitando nas pautas de políticas públicas de saúde e científicas justificam-se pelas consequências nefastas que o uso desta substância vem acarretando à sociedade, por ocasionar um sofrimento que interfere significativamente na diminuição da qualidade de vida, rompendo fronteiras de idade, classe socioeconômica, cultura, raça e espaço geográfico (Bastos, 2003; Pereira, 2002). Desta forma, as representações acerca das drogas por parte dos universitários são muito importantes, uma vez que elas serão determinantes de suas práticas, e, segundo Andrade (2003), são eles que vão coordenar e gerenciar A Seguir será demostrado dados no âmbito social da maconha, de autoria dos pesquisadores: Coutinho (2004), Araújo (2004), Gontiés (2004), a pesquisa foi realizada no campos da Universidade Federal da Paraíba – PB. Ao todo, 60 pessoas contribuíram respondendo um questionário, sendo que 20 são da área da tecnologia, 20 da jurídica e 20 da saúde, e todos foram escolhidos de forma aleatória, ambos os sexos, com a faixai etária de 25 anos, não foi levado em consideração a diferença de gênero e raça. 4.3 POSICIONAMENTO FRENTE AOS USÚARIO DE MACONHA O questionário abordava qual era o posicionamento das pessoas aos usuários, o que foi dividido em três subcategorias: os que são favoráveis, os desfavoráveis, e as neutras, conforme será apresentado na tabela a baixo. Sendo que de 100% dos usuários da tecnologia, 60% foram favoráveis e 40% desfavoráveis, dentro da área da saúde 44% se posicionaram favoráveis, 15% foram desfavoráveis, e 41% neutros, no âmbito jurídico 32% foram favoráveis e 68% desfavoráveis. Figura 3 –Posicionamento frente aos usuários de maconha. Fonte: Coutinho (2004) 24 Com isto podemos perceber que quanto mais conhecimento se tem em torno da Cannabis no caso da saúde, mais há chances de ter usuários utilizando, pois como já foi apresentado nesse artigo, a maconha sendo utilizada de forma correta e medicinal, traz benefícios à saúde do usuário, mas com uma visão cultural e representação social, a maioria vota contra, pois o que a mídia, os jornais e os meios de comunicação abordam sobre a maconha é quase sempre negativo, no âmbito jurídico os exemplos de tráficos são inúmeros, sendo bastante presente na criminalidade e lugares carentes, logo com isto a visão de quem é dessa área tem uma proporção maior de chances de ser negativa. Essa representação do usuário de maconha como um ser marginal, criminoso e violento, de presença indesejável, está presente em determinadas culturas ocidentais, e provavelmente se relaciona à herança da lenda dos Assyssins, cujos membros assassinavam pessoas em troca de Cannabis (Nahas,1986, p 33). Mas é preciso esclarecer que tais atos são levados em consideração com a prática jurídica, que seguem como referência e doutrina as leis de uso de substâncias psicoativas. De acordo com Bastos (2003) dificilmente o consumo de drogas conseguirá ser combatido, primeiro que as drogas estão dentro do sistema de lavagem de dinheiro, que gera violência e sendo necessário um estado mais severo para combater a pratica desse crime, aplicando ações de campanhas antidrogas e educacionais, mais precisas para àqueles que são usuários, e penalizando pelos crimes de tráficos os traficantes, que são os responsáveis por distribuir a droga de forma ilegal a sociedade, levando até mesmo a imagem de quem é usuário a ser comparada como um ser improdutivo ou parasita em uma visão social. 25 CONCLUSÃO O presente trabalho se baseou em fazer uma reflexão sobre a Cannabis, apresentando os pontos positivo no efeito terapêutico medicinal, e os pontos negativos dentro da saúde, mostrando os riscos quando se utiliza de forma errada, e demostrando também a visão da sociedade por meio da representação social, com base em pesquisa doutrinadora que serviu como molde da problemática desse artigo. Espera-se que este trabalho possa contribuir para uma melhor compreensão daqueles que buscam conhecimento a respeito da maconha, principalmente na realidade brasileira. É fato que o Cannabis consumido em quantidade controlada, no máximo poderá deixar o usuário eufórico, amenizando dores, mal estar físico e mental, sem contar que pode criar imunidades, e no quesito maléfico o usuário poderá no máximo ter uma vontade de ficar sozinho, mas isso é uma variação de organismo, podendo haver efeitos reverso caso utilizada em grande quantidade, causando grandes riscos, como perda de memória temporária, lerdeza, podendo apresentar déficit de atenção acarretando em uma dificuldade para a realização de tarefas que fora do uso seria algo simples. Como está, mais pesquisas estão surgindo a cada dia, com a finalidade de evolução e de aprender cada vez mais, e se deixar levar pela tendência atual, é provável que sejam descobertos efeitos que eram raros no passado unicamente pelo fato de que o uso não era então tão disseminado quanto o das drogas legais, podendo trazer novos benefíciosno controle e no combate de doenças, mas acarretando em novos malefícios prejudicando a população vulnerável que vai desde de crianças a idosos, entre outros casos, que podem ser afetados por efeitos tóxicos que até então eram desconhecidos pelo mundo, sendo preciso ter bastante cuidado e responsabilidade ao utilizar tal substancia. 26 REFERÊNCIAS Abanades S.Cannabisterapéutico. En: Colectivo Interzona (eds.), Cannabis.Madrid: Ediciones Amargord, 2005. Bastos, M. T. Combate ao narcotráfico. Revista de CulturaIMAE, Mato Grosso, 2003. Carlini EA. Riscos e promessas da Cannabis. Scientific American Brasil.2004. COLOSANTI. 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