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Revisão Os nervos periféricos são cordões esbranquiçados, que são subdivididos em 3 partes: axônios, células de Schwann e tecido conjuntivo. Os axônios dos nervos periféricos são organizados em grupos de feixes paralelos, denominados fascículos. Os fascículos são revestidos por uma bainha de tecido conjuntivo frouxo, que fornece suporte à regeneração axonal. Cada axônio é revestido individualmente por um tecido chamado endoneuro, que possui uma matriz de colágeno frouxo. As fibras de colágeno formam as paredes de proteção dos tubos endoneurais. Os feixes de axônio são revestidos pelo perineuro, que separam as fibras nervosas em fascículos, que contém fibroblastos, macrófagos, mastócitos, linfócitos e adipócitos. Dentro de cada feixe as fibras são envolvidas pelo neurilema (bainha de Schwann). Ao redor da bainha de Schwann existem tubos neurais constituídos por redes delicadas de fibrilas, associadas com uma substância intercelular amorfa (Substância de aspecto viscoso). Por volta de todo tronco nervoso existe um tecido que reveste e protege os fascículos de tramas externas, chamado epineuro. O epineuro é formado por tecido conjuntivo frouxo e se estende ao longo de todo nervo. Os axônios são isolados eletricamente pelo endoneuro e por um complexo lipoprotéico chamado de bainha de mielina. A bainha de mielina é formada por células da crista neural, conhecidas como células de Schwann. Essas células têm como função oferecer suporte axonal regenerativo, servindo como via de crescimento para as fibras nervosas, além de servir como um isolante elétrico para melhorar a condução do impulso elétrico. Os nervos periféricos são oxigenados por artérias que adentram o tronco nervoso através de vasos sanguíneos vizinhos. A rede arterial dessa região é rica em vasos colaterais, tanto em volta como na parte interna dos nervos. É por esse motivo que esse sistema apresenta uma grande resistência à isquemia (diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea, numa parte do organismo, ocasionada por obstrução arterial ou por vasoconstrição) que afeta os grandes vasos. Resposta do Neurônio à Lesão do Sistema Nervoso Periférico Caso haja uma interrupção da continuidade da estrutura do nervo periférico o resultado é uma parada na transmissão dos impulsos nervosos, causando alterações motoras e sensitivas ao paciente. Existem diferentes graus de lesão: Neuropraxia (primeiro grau), Axonotmese (segundo grau), Neurotmese (terceiro a quinto grau). A neuropraxia é decorrente de um bloqueio da transmissão do impulso nervoso no local lesado, geralmente causado por um processo de compressão intrínseca ou extrínseca, de curta duração e que provoca uma anóxia (ausência de oxigênio) local nos neurônios, por compressão dos vasos sanguíneos. No local da lesão pode-se verificar um edema e posterior adelgaçamento da fibra nervosa, com desmielinização focal. A condução nervosa está preservada tanto acima como abaixo do local da lesão, não ocorrendo degeneração walleriana (degeneração de axônios e suas bainhas de mielina após secção do nervo). Quando o processo compressivo é retirado, o processo de remielinização acontece e a condução nervosa volta a aparecer em aproximadamente 6 semanas, com recuperação completa da função. A axonotmese é considerada é caracterizada pela degeneração walleriana distalmente ao local da lesão e, em pequena extensão, proximalmente à lesão, com adelgaçamento dos axônios em alguns centímetros do coto proximal. Geralmente ela acontece por uma compressão mais intensa ou mais prolongada, das arteríolas e da drenagem venosa neural, causando um aumento da pressão intraneural suficiente para bloquear totalmente a passagem dos influxos de nutrientes através do axoplasma. Essa compressão desencadeia o processo degenerativo do axônio e da bainha de mielina, porém com preservação do tubo do endoneuro. Nesse tipo de situação não se observa resposta muscular à estimulação do segmento do nervo proximal à lesão, mas a estimulação do segmento distal pode provocar resposta motora por alguns dias, e depois desaparece. Se a compressão for removida ocorre a regeneração axonal e da bainha de mielina, como os tubos do endoneuro estão preservados, a regeneração de cada axônio ocorre dentro de seu respectivo tubo, o que garante a reinervação das estruturas dentro do padrão original, garantindo uma recuperação completa da lesão. O processo de regeneração é variável, podendo durar de semanas a meses. A neurotmese compreende as lesões de terceiro a quinto graus, onde há algum comprometimento da estrutura da sustentação conjuntiva do nervo associada à lesão axonal. A lesão de terceiro grau acontece dentro do fascículo nervoso, onde o tubo do endoneuro também é seccionado, os axônios podem entrar em um tubo endoneural que leva a uma terminação aferente ou a músculos diferentes do habitual, esse problema pode levar à perda da função do nervo. A lesão de quarto grau ocorre quando o fascículo é gravemente comprometido ou seccionado, com ruptura do perineuro. A lesão de quinto grau apresenta ruptura completa do tronco nervoso, incluindo o epineuro. Sempre que o tubo endoneural for afetado, a regeneração poderá ser errática. Nesses tipos de lesões em que há problema de continuidade de parte ou de todo o arcabouço conjuntivo de sustentação, as fibras em regeneração não conseguem encontrar um caminho para percorrer, formando um enovelado no local da lesão, que junto com a proliferação do tecido conjuntivo e das células de Schwann formam um abaulamento local, chamado de neuroma.
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