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2020 Perspectivas para o agronegócio brasileiro Este material destina-se exclusivamente à leitura e não pode ser, no todo ou em parte, publicado, copiado ou distribuído para terceiros. O propósito deste material é meramente informativo e não constitui uma oferta de venda nem uma solicitação de compra de nenhum produto oferecido pelo Rabobank. O Rabobank, assim como qualquer outra entidade legal dentro do grupo econômico ao qual este pertence, não se responsabiliza por quaisquer danos, perdas ou lucros cessantes incorridos, direta ou indiretamente, em virtude do uso das informações contidas neste documento. Ouvidoria Rabobank Brasil Nós disponibilizamos a você o serviço de Ouvidoria, com o objetivo de garantir que as suas sugestões e/ou reclamações sejam analisadas pela(s) área(s) responsável(is) do banco. Se após ter contatado os canais pertinentes dentro de nossa organização, ainda assim não estiver satisfeito(a) com a solução apresentada, sinta-se à vontade para nos procurar. Você pode contatar a Ouvidoria do Rabobank Brasil de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 17h00, pelo e-mail: ouvidoria@rabobank.com ou pelo telefone: 0800 703 7016 (ligação gratuita). Este estudo Perspectiva para o Agronegócio Brasileiro é uma publicação anual produzida pelo departamento de Pesquisa e Análise Setorial para clientes e parceiros do Rabobank Brasil Avenida das Nações Unidas, 12.995 CEP: 04578-000 São Paulo – SP Tel: 11 5503-7000 – Internet: www.rabobank.com.br Analistas Rabobank: Andrés Padilla, Andy Duff, Gabriel Santos, Guilherme Morya, Matheus Almeida, Victor Ikeda e Wagner Yanaguizawa. 2020 Perspectivas para o agronegócio brasileiro Sumário 2020 4 Macroeconomia | p.06 Insumos | p.52 Açúcar, Etanol e Cana | p.32 Café | p.36 Algodão | p.28 Soja | p.20 Milho | p.24 Bovinos | p.10 Frango | p.14 Suíno | p.17 Suco de Laranja | p.48 Leite | p.44 Celulose | p.40 Sumário 5 Riscos e oportunidades (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) p A manutenção da política econômica ortodoxa e o avanço de reformas estruturais podem gerar melhor ambiente de negócios e promover o reequilíbrio fiscal. Assim, deve-se abrir espaço para recuperação mais rápida da economia, além da manutenção dos juros baixos (1-dígito) de forma perene. q Uma desaceleração ou retrocesso na agenda de reformas necessárias para a estabilização da dívida pública colocaria em risco a retomada da confiança dos investimentos. Isso pode trazer impacto negativo sobre a atividade econômica e elevar as taxas de juros e câmbio. q Cenário global desafiador, com menor leniência em relação à países dependentes de capital com fundamentos fracos. Desaceleração mais abrupta, intensificada por tensões comerciais e geopolíticas, alimentam riscos para o PIB mundial. Macroeconomia Recuperação lenta e gradual O ano de 2019 foi marcado por fatores que atuaram em direções opostas na economia e nos ativos brasileiros, amplificados por incertezas políticas locais e tensões geopolíticas internacionais. No plano externo, o afrouxamento monetário dos bancos centrais das principais economias do mundo, em resposta à uma desaceleração generalizada da atividade global e um agravamento das tensões comerciais e geopolíticas, propiciou um ambiente de maior liquidez que não se manifestou em aumento do apetite dos investidores com relação a ativos de países emergentes. Em meio a um cenário de juros menores e temores crescentes de uma desaceleração mais abrupta ao longo do próximo ano o dólar se fortaleceu em nível mundial. Por um lado, os efeitos dos ventos contrários vindos de fora na economia brasileira foram atenuados por uma política econômica consistente, uma posição externa ainda confortável e por expectativas de inflação bem ancoradas. Adicionalmente, o encaminhamento das reformas que visam a consolidação fiscal por parte do governo e a atuação do Banco Central na condução da política monetária ajudaram a colocar o país mais perto do grupo de economias menos expostas a intempéries externas. Nesse contexto, a atividade econômica segue em processo de recuperação, ainda que em ritmo gradual, após uma das recessões mais intensas da história republicana. Depois de um início de ano lento, a economia melhorou nos trimestres seguintes e deve fechar o ano com um crescimento próximo aos observados nos anos anteriores. Por outro lado, persistem as dificuldades no lado fiscal, em meio a um rápido aumento da dívida pública e das despesas obrigatórias. A grave situação das contas públicas segue pesando sobre as expectativas de maneira que a continuidade dos ajustes é vital (mesmo após a reforma da previdência). Além das políticas econômicas ortodoxas, a aprovação de reformas profundas é também condição necessária para uma recuperação duradoura do orçamento público e do crescimento sustentável. O início do novo governo foi marcado pela preocupação em relação a capacidade de ratificar a extensa plataforma de reformas sobre a qual foi eleito. Ajustes na atuação do Executivo e o inesperado protagonismo do Legislativo na condução das pautas reformistas, foram essenciais para que uma reforma robusta do sistema previdenciário fosse aprovada com um impacto fiscal maior que as expectativas. Macro 6.5 5.8 5.9 6.4 10.7 6.3 2.9 3.7 3.3 3.8 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019E 2020E % In fla çã o an u al IPCA Meta 5.1% -0.1% 7.5% 4.0% 1.9% 3.0% 0.5% -3.5% -3.3% 1.1% 1.1% 0.9% 2.0% 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 E 20 20 E % C re sc im en to a n u al Fonte: Bloomberg, Rabobank 2019. 1 – PIB Anual 2 – Inflação Anual 3 – Taxa Selic 4 – Projeção do dólar (R$/USD) 3.00 5.00 7.00 9.00 11.00 13.00 15.00 d ez -1 0 d ez -1 1 d ez -1 2 d ez -1 3 d ez -1 4 d ez -1 5 d ez -1 6 d ez -1 7 d ez -1 8 d ez -1 9 d ez -2 0 d ez -2 1 Ta xa n o m in al (% a .a .) Taxa básica Selic 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 R$ p o r U SD Projeção Rabobank Projeção Rabobank Projeção Rabobank Projeção Rabobank Macro • A desaceleração mais acentuada nas principais economias do mundo, além de eventual agravamento nas tensões comerciais sino-americanas ou até retrocesso no que se refere à pauta de reformas fiscais no Brasil, podem desvalorizar o Real perante o Dólar. • Surpresas positivas em relação à tramitação dos ajustes macroeconômicos, fluxos de entrada de recursos em função das novas concessões e privatizações, e a retomada do afrouxamento monetário por parte dos bancos centrais das principais economias, podem valorizar o Real perante o Dólar. Embora seja condição necessária, somente o controle do crescimento dos gastos obrigatórios com aposentadorias não é suficiente para garantir uma trajetória sustentável para a dívida pública no curto prazo. Outras medidas fiscais, como a reforma administrativa e a criação de mecanismos de ajustes de despesas obrigatórias em situações de emergência fiscal, por exemplo, são de igual importância e já estão sendo endereçadas pela equipe econômica. A aprovação da reforma da previdência com margem confortável de votos nas duas casas pode ser um bom agouro, uma vez que parece explicitar a convergência do Executivo e Legislativo em torno da urgência da situação fiscal. Além disso, a atual administração parece compreender a necessidade de atacar em paralelo outros gargalos da economia brasileira. A independência formal do banco central, o avanço em privatizações e concessões, a reforma tributária, a simplificação das regulações, melhora do ambiente de negócios e o desbravamento do comércio exterior via novos acordos comerciais são exemplos de como ainda há muito a ser feito. Em caso de retrocesso ou frustrações na continuidade dos ajustes, o otimismo atual do mercado tende a se reverter, levando a piores condições de mercado e expectativas econômicas. Os impactos financeiros poderiam ser sentidos aqualquer momento, dependendo do grau de paciência dos investidores e das condições financeiras globais. Supondo uma volatilidade moderada nas condições financeiras e o avanço das reformas necessárias, projetamos crescimento do PIB de 0,9% em 2019, o que daria continuidade ao quadro atual de recuperação gradual da atividade econômica, do emprego e do consumo. Quanto à taxa de câmbio, em meio a desafios locais (riscos de prosseguimento das reformas) e um contexto global desfavorável (e.g. desaceleração econômica, tensões comerciais), projetamos uma taxa cambial de 4,00 por dólar ao final deste ano e 3,90 por dólar ao final de 2020. Para a taxa básica de juros (Selic), projetamos o fim do ciclo de afrouxamento em 4%, em meados de 2020. Acreditamos que a inflação se elevará de 3,3% este ano para 3,8% no próximo ano, permanecendo ainda abaixo da meta central do BC (4,25% em 2019 e 4,00% em 2020). Ponto de Atenção Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) p A Peste Suína Africana (PSA) segue se espalhando pelo sudeste da Ásia e ainda sem perspectivas de controle nessas regiões. p O aumento significativo de notificações de PSA no continente europeu, próximos a grandes países produtores como Alemanha e Espanha, elevam os riscos de impactos na oferta global. p Sinais mais consistentes de melhoras no cenário econômico devem afetar positivamente o consumo doméstico e corroborar para sustentação de preços em patamares elevados. q O aumento da participação da China nas importações das três proteínas animais (bovinos, suínos e aves) podem se tornar um risco futuro para o mercado brasileiro (possibilidade de embargos). Proteína Animal 2020 de exportações recordes O avanço ainda incontrolável da Peste Suína Africana (PSA) em importantes regiões produtoras do mundo, o acesso a novos mercados e a ampliação do número de plantas frigoríficas em países já acessados, tem feito as exportações brasileiras de carne bovina serem novamente o destaque do setor em 2019. China, Hong Kong e Egito são os principais destinos, respectivamente, com os chineses registrando o maior aumento nos volumes importados, de 40% (janeiro a outubro) em comparação com o mesmo período do ano anterior. O Rabobank espera mais um ano de exportações recordes, com os dados parciais mostrando um incremento de 10% no comparativo anual. A Rússia, que reabriu os embarques a carne bovina brasileira em novembro de 2018, mesmo com número reduzido de apenas 5 frigoríficos, tem alavancado as compras durante este ano. Nos dez primeiros meses de 2019, foram exportadas cerca de 58 mil toneladas, elevação de 1.871% quando comparado com as 3 mil toneladas importadas no ano anterior. Já Hong Kong, maior comprador em volume da carne bovina do Brasil até o ano passado, e que tem passado por diversos desafios políticos e sociais nos últimos meses, reduziram os embarques em 1,7% no comparativo anual e, foram ultrapassados pelos chineses como principal destino. As exportações devem crescer cerca de 10,6% em 2020, principalmente por conta da demanda chinesa que se manterá aquecida, e também do acesso a novos mercados que foram alcançados durante este ano. Destaques para o acordo com a Indonésia – 4° país mais populoso do mundo (2018) - onde foram habilitadas dez plantas com cota anual inicial de 25 mil toneladas. E também a Arábia Saudita que habilitou 8 novos frigoríficos para exportação no começo de novembro. Com relação a demanda doméstica, os sinais de recuperação têm sido mais consistentes com o avanço do ano. Aumentos na criação de empregos formais, reduções contínuas nas projeções das taxas de juros e melhoras nos indicadores de consumo do varejo tem resultado em maior poder de compra do consumidor e consequente elevação da demanda interna pela carne. Para 2020, assim como no ano anterior, existe a expectativa de crescimento mais significativo, mas a depender da velocidade de crescimento da economia. Assim como a demanda, a oferta também foi superior em 2019, quando comparada ao ano de 2018. O aumento da produção de carne bovina se deu, principalmente, como resultado do aumento do número de animais terminados, que foi impulsionado pelo aumento recorde da participação de fêmeas nos abates. Boi Fonte: CEPEA, Bloomberg, USDA, Rabobank (2019). 1. Indicador do boi gordo 2. Relação de troca boi gordo x bezerro 3. Produção brasileira de carne bovina 4. Exportações brasileiras de carne bovina 12 135 150 165 Bo i G o rd o R $/ 15 kg Boi Gordo 1.7 1.8 1.9 2.0 2.1 2.2 2.3 2.4 Re la çã o d e tr o ca Relação de troca Média - 5 anos 9.12 9.03 9.31 9.68 9.72 9.43 9.28 9.55 9.90 10.10 10.45 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e 2020p M ilh õ es d e to n el ad as 1.56 1.34 1.52 1.85 1.91 1.71 1.70 1.86 2.08 2.16 2.39 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e 2020p M ilh õ es d e to n el ad as Boi Vale ressaltar que, no setor produtivo existe uma tendência de intensificação da produção visando os bons patamares de preços que o mercado físico e futuro tem alcançado. De acordo com o Rabobank, a produção de carne bovina deverá crescer cerca de 3,5% em 2020. A demanda internacional aquecida durante todo ano, somada ao incremento sazonal na demanda doméstica com a chegada das estações mais quentes, tem valorizado o preço do boi gordo de forma recorde em novembro/2019. Outro ponto que tem corroborado para o cenário de altas de preços é o atraso e/ou má distribuição das chuvas, que tem impactado negativamente na oferta em algumas regiões produtoras. Como cerca de 80% da produção de carne bovina é destinado ao mercado interno, o aumento no consumo doméstico acarreta impactos maiores e mais rápidos na precificação do animal. Os preços médios parciais do boi gordo em novembro estão em R$ 191,59/@, valorização de 17% quando comparado com a média do mês anterior. Quanto aos custos de produção para sistemas intensivos e semi-intensivos, a relação de troca entre o boi gordo e o bezerro (ou boi magro) tem confirmado a inversão da tendência em 2019 e passar a valorizar mais os animais jovens – beneficiando o produtor de cria. Tendência que deve se acentuar ainda mais em 2020. Em relação ao milho, a produção deve crescer em relação ao ano de 2019, podendo aumentar a disponibilidade para a produção de ração animal. O ano de 2020 deve ser de resultados positivos para todos os elos da cadeia de carne bovina no Brasil, mesmo com a valorização da cria. Destacam-se como principais pontos a serem observados: ritmo ainda crescente das exportações, a aceleração do consumo interno e o crescimento da oferta em ritmo mais lento. É importante ressaltar também que, mesmo com a disponibilidade do milho ainda incerta no mercado local, a compra de animais de reposição deve manter o ritmo de valorização já iniciado em 2019. • O aumento de 15 para 37 plantas habilitadas a exportar para China, pode ampliar ainda mais o volume exportado em 2020. • A retomada de forma mais consistente das importações da Rússia neste ano, sinaliza mais um potencial mercado que deve ser explorado no próximo ano. Ponto de Atenção China nº1 nas importações Diante de um mercado mais favorável para produção e comercialização, com custos de produção menores, aumentos de exportação e crescente do ritmo de melhora do consumo doméstico, o setor de avicultura brasileiro tem conseguido ampliar as margens que estavam pressionadas em 2018. O cenário é parecido com o setor de bovinos e suínos onde as demandas internacionais tem sido o fator de maior impacto no mercado, influenciados pelo agravamento da Peste Suína Africana (PSA) no mundo. Em 2019, as exportações brasileiras de carne de frango registraram elevação de 1% em volume e 8% em faturamento (janeiro a outubro). O principal destaque é o aumento de 36% nos embarques chineses frente um incremento de apenas 11% da Arábia Saudita – que em janeiro/2019 suspendeu a compra de 5 frigoríficos – tornando a China o maior destinodas exportações de frango do Brasil. O Japão, outro importante mercado, também elevou as importações em quase 20% com relação ao mesmo período do ano anterior. Porém, o menor aumento nas exportações em 2019, está por conta da África do Sul e Hong Kong que reduziram as compras em 15% e 6%, respectivamente, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. A queda significativa das importações do país Sul-africano abriu espaço para os Emirados Árabes que ampliou em 23% os embarques e se tornou o 4° maior destino da carne de frango brasileira, posição que pertencia a própria África do Sul até o ano passado. As exportações em alta durante o 1º semestre de 2019 – volume 12% maior que o mesmo período de 2018 – reduziram a disponibilidade interna da carne e fizeram com que os preços do mercado doméstico subissem, principalmente nos estados onde a produção é orientada para a exportação. Enquanto isso, nos estados onde a produção é direcionada para as vendas locais, os preços do frango refrigerado caíram devido à uma redução sazonal no consumo e porque o crescimento econômico ainda era considerado abaixo do esperado. Esta dicotomia entre as demandas internas e externas pressionaram as cotações do frango devido a grande importância do consumidor doméstico na produção de aves do Brasil.Frango Fonte: CEPEA, Bloomberg, Rabobank (2019). 1. Preço da carne de frango – atacado de SP 2. Preço do frango vivo e do milho 3. Produção brasileira de carne de frango 4. Exportações brasileiras de carne de frango 15 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 R$ /k g Frango 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 R$ / s ac a R$ / k g Frango vivo - Interior de SP Milho - Oeste PR 11.0 12.2 13.1 12.7 12.3 12.9 13.5 13.5 13.6 13.4 13.6 13.8 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e 2020p M ilh õ es d e to n el ad as 3.2 3.3 3.4 3.5 3.5 3.6 3.8 3.9 3.8 3.7 3.8 3.9 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e 2020p M ilh õ es d e to n el ad as Frango Após a queda registrada no consumo de carnes no Brasil como consequência da recessão econômica, o mercado doméstico vem registrando sinais de recuperação. Dada a melhora prevista para a economia em 2019, o Rabobank espera que a recuperação gradual do consumo de proteína animal no mercado doméstico, já vista modestamente em 2017 e 2018, se mantenha em 2019. Vale ressaltar que em um cenário de crescimento econômico mais acelerado, o consumo também deve responder mais fortemente. Em relação à oferta, de acordo com dados do IBGE, a produção de carne de frango no Brasil cresceu cerca de 1% no primeiro semestre de 2018, em relação ao mesmo período do ano anterior. Porém, dado o impacto da greve dos caminhoneiros na produção e o ajuste realizado pela indústria para adequar a oferta à realidade da demanda, estimamos queda de 2% na produção de 2018 em relação ao ano de 2017. Já para 2019, o Rabobank projeta crescimento da produção de frango, ao redor de 3%. Em um cenário ainda incerto quanto à volatilidade em 2019, o produtor independente de aves, assim como produtores de suínos ou bovinos em sistemas intensivos de produção, deve ficar atento às oportunidades de compra de milho – que devem ser amplificadas pela maior disponibilidade do cereal em 2019 (ver seção de mi Em relação à indústria de frango, a recuperação continuada do consumo interno – em um cenário de oferta ajustada – somada à maior disponibilidade prevista de grãos para a produção de ração animal, deve trazer um ambiente mais favorável para as margens do setor. De toda forma, o desempenho das exportações continuará determinante para a disponibilidade e a precificação do frango no mercado local. A movimentação baixista dos preços permaneceu até meados de setembro quando os embarques para China ganharam força e o mercado interno teve a melhora sazonal para época do ano. Com isso, os preços passaram a valorizar e devem manter esta tendência até o início de 2020. A valorização média mensal dos preços parciais de novembro/2019 do frango congelado (R$ 4,87/kg), segundo o Cepea, foi de 12% comparado com a média de janeiro/2019. Mesmo com a valorização do frango em geral, os preços do frango vivo ainda estão estáveis devido à redução do ritmo de abate de frangos no final do primeiro semestre. Esse declínio está relacionado ao ceticismo do produtor independente em relação a uma recuperação mais significativa da demanda local conforme era aguardado pelo setor. Enquanto isso, a parte da indústria voltada para a exportação está aproveitando o aumento da demanda externa para vender a preços maiores e incrementar as margens. Com relação aos custos de produção, após um ano de preços de ração animal menores, principalmente do milho, projeções preliminares mostram que a produção brasileira em 2020 deve ser semelhante ao do ciclo anterior, apesar da ligeira expansão de área, espera-se índices de produtividades menores. Dessa forma, para 2020, os custos com nutrição animal devem apresentar um leve aumento em relação aos valores médios de 2019, movimento já iniciado no final do 3º trimestre de 2019. (ver seção milho) Ainda é necessário aguardar a finalização e consolidação dos dados de produção e consumo para 2019, porém análises preliminares feitas pelo Conselho Internacional de Avicultura (IPC) mostram que devido a expectativa de queda de 25% da produção de suínos da China este ano - que possui cerca de metade do rebanho mundial - a carne de frango deve ultrapassar a suína como a proteína animal mais consumida do mundo. Ponto de Atenção • Em novembro/2019, a China passou a importar carne de peito de frango do Brasil, o que tende a ser uma boa oportunidade a ser explorada pelo mercado brasileiro em 2020. • As expectativas de patamares ainda elevados da demanda chinesa, devem manter o país como o principal importador da carne de frango do Brasil. PSA afetando ainda mais o mercado Após um ano de 2018 com muitos desafios, o mercado de suínos brasileiro tem se recuperado de forma mais consistente diante de um cenário positivo de demandas externas e internas. A Peste Suína Africana (PSA) é o principal acontecimento que tem impactado diretamente não só o setor de carnes do Brasil, mas também de todo mundo. Neste ano, as exportações brasileiras de carne suína registraram um acréscimo de 12% em volume e 25% em faturamento (janeiro a outubro) guiados principalmente pela China, Hong Kong e Chile que juntos representam 60% do total embarcado no parcial deste ano. A China que possuía cerca de metade do rebanho mundial de suínos, foi a principal afetada pela PSA. O Rabobank espera uma queda na produção suína chinesa de 25% para 2019, mais 12,5% em 2020 e uma demanda por proteína animal ainda maior por conta dos abates de matrizes reprodutoras e que trarão impactos negativos na reposição do próximo ano. Com isso, o mercado chinês elevou o volume importado do Brasil em 56%, ou 184 mil toneladas quando comparado com o mesmo período do ano anterior. O mercado russo que retomou as importações brasileiras em novembro de 2018, mesmo com o número reduzido de 4 plantas, tem incrementado as compras durante este ano. Nos dez primeiros meses foram embarcadas 33 mil toneladas, volume bem inferior aos praticados em 2016 e 2017, mas já sinaliza uma recuperação deste mercado. A Rússia tem registrado casos de PSA em seu território nos últimos meses e tal fato pode beneficiar as exportações brasileiras. Na tentativa de aumentar o acesso a novos mercados e ampliar o número de frigoríficos habilitados a exportar, alguns esforços do governo deram resultados positivos para o setor. Após abrir o mercado em 2018, a Coréia do Sul ampliou mais 5 plantas no final de fevereiro. O mercado chinês também habilitou mais 13 plantas, sendo 7 para embarques de subprodutos suínos. A PSA deve continuar se espalhando no próximo ano e a severidade do tema é devido a alta resistência do vírus, a rapidez com que pode se propagar e por não possuir nenhum tipo de vacinapara atuar de forma preventiva. Segundo a OIE (World Organisation for Animal Health), órgão responsável por receber as notificações de ocorrências da PSA, no relatório de outubro 2019 foram feitas 317 notificações e no último de novembro esse número aumentou para 2.536, elevação de 800%. Suínos Fonte: Bloomberg, CEPEA, Rabobank (2019). 1. Preço da carne suína – atacado SP 2. Preço do suíno vivo e do milho 3. Produção brasileira de carne suína 4. Exportações brasileiras de carne suína 18 707 618 583 660 585 556 627 832 786 730 828 948 M il To n el ad as 10 15 20 25 30 35 40 45 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 R$ / s ac a (6 0 kg ) R$ / k g Suíno Vivo - PR Milho - Oeste do Paraná 4 5 6 7 8 R$ /K g Suíno 3.13 3.20 3.23 3.33 3.34 3.40 3.52 3.70 3.73 3.76 3.89 4.05 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e 2020p M ill h õ es d e to n el ad as Suínos Vale ressaltar que nos últimos dias o vírus chegou até a Polônia, em uma região cerca de 50 km com a fronteira da Alemanha que atualmente é a maior exportadora de carne suína para China. A entrada da PSA na porção ocidental da Europa poderia trazer impactos imensuráveis no setor global de carnes. Em relação aos custos de produção, após um ano de reduções de preços de ração animal, principalmente do milho, estimativas preliminares mostraram que os produtores brasileiros do grão pretendem aumentar ligeiramente a área de produção durante 2020, porém espera-se índices de produtividades menores, o que poderá manter os patamares de produção igual a 2019. Assim, para 2020, os custos com nutrição animal devem apresentar ligeiro aumento em relação aos valores médios de 2019, movimento já iniciado no final do 3º trimestre de 2019. (ver seção milho) Em relação à oferta, de acordo com dados do IBGE, a produção de carne suína cresceu 5,2% no primeiro semestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior. Em relação ao ano de 2019, o Rabobank projeta crescimento da produção ao redor de 4%, puxado pela melhora mais consistente da demanda interna e também pela melhora do setor neste ano que deve estimular investimentos dentro da porteira, com o intuito de aproveitar o bom momento do mercado global. O produtor independente deve continuar atento às oportunidades de compra de milho em períodos de preços mais baixos. A expectativa de disponibilidade estável do cereal deve manter as oportunidades, se comparado ao ano de 2019. Como alternativa, as ferramentas de trava podem ser utilizadas. Em relação à indústria processadora, o cenário provável de aumento das exportações deve trazer resultados mais positivos para a suinocultura brasileira, principalmente por conta da China que deve demandar ainda mais carne. Além disso, destaca-se a esperada recuperação do consumo interno. Ponto de Atenção • O atual momento no mercado internacional exige que o Brasil redobre suas atenções aos desafios sanitários presentes em todo o mundo, principalmente com relação a PSA que ainda mantem ritmo crescente de notificações na OIE. • A maior dependência do mercado chinês dentre as proteínas animais exportadas, pode se tornar um risco diante de um cenário de tendência global de barreiras protecionistas. Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) p Acordo comercial entre China e EUA, ainda que parcial em um primeiro momento (“fase 1”), somado a perdas de produção em 2019/20, tendem a reduzir elevados estoques de soja americanos e dar suporte às cotações em Chicago (CBOT/CME), que poderiam até mesmo voltar a testar patamares próximos à USD 9,70/bushel. p Se solucionar problema da peste suína africana e seguir expandindo a produção de outras proteínas animas, importações da China podem voltar à 90 milhões de toneladas. q Eventual retomada da disputa comercial, com a China voltando a embargar importações de soja americana com a safra 2020 dos EUA já semeada, e novos casos de peste suína africana pelo mundo podem resultar em forte desvalorização da soja em Chicago (CBOT/CME), que poderiam retomar para as mínimas em 10 anos. Soja Pontos de Atenção Cenários em meio à incertezas Com momentos de escalada nas tensões comerciais entre China e EUA mesclados com períodos de otimismo em relação a um eventual acordo entre os países, o ano de 2019 foi marcado por intensa volatilidade nas cotações da soja no mercado internacional. Em linhas gerais, porém, os fundamentos exerceram pressão e limitaram os preços em Chicago (CBOT) abaixo dos USD 9,50/bushel ao longo do ano. Entre tais fatores baixistas, destacam-se o estoque de passagem recorde nos EUA, a demanda chinesa significativamente arrefecida por impactos decorrentes da peste suína africana e a recuperação da produção argentina na safra 2018/19 após umas das secas mais severas dos últimos 50 anos no ciclo anterior. Em meio à incertezas sobre a Guerra Comercial e também dos fundamentos citados acima, os prêmios de exportação no Brasil também se mostraram pressionados no comparativo com o ano passado, quando houve o auge da disputa entre chineses e americanos. De abril/19 a outubro/19, os prêmios de exportação para março/20 foram, em média, de USD 0,30/bushel. Nesse mesmo período de 2018 (considerando o vencimento de março/19), a média foi de USD 0,80/bushel. Isso resultou em um cenário mais desafiador de preços, principalmente no que se refere às cotações em dólar no Brasil. Considerando o período de abril a outubro de 2019 (pré-plantio da safra 2019/20), estima-se o preço médio FOB da soja em Paranaguá em USD 20,90/saca (60 kg) com base nos contratos futuros para março/20. Nesse mesmo período do ano passado, considerando as cotações para a safra 2018/19, o valor médio observado era de USD 22,40/saca. A desvalorização do real frente ao dólar no período, porém, amenizou quedas mais significativas nos preços FOB da soja em moeda local, com estimativa de R$ 84,20/saca na análise para vendas para a safra 2019/20 ante R$ 86,10/saca no ano anterior. Assim, o Rabobank estima que a área de soja semeada no Brasil atinja 36,5 milhões de hectares na safra 2019/20, aumento de 1,7% em relação à temporada anterior. Embora esse percentual de expansão seja menor que a média das últimas 4 safras (2,8%), importante ressaltar que ainda é um crescimento indicando que mesmo em um cenário mais desafiador de margens e preços, ainda há espaço para conversão de pastagens subutilizadas para áreas agrícolas no país. Com a perspectiva de expansão de área e retomada da produtividade para linha de tendência, após problemas climáticos impactarem algumas regiões produtoras no ciclo 2018/19, o Rabobank estima que a produção brasileira de soja alcance 121 milhões de toneladas na safra 2019/20. Soja Fonte: Conab, USDA, Bloomberg, Ary Oleofar, Rabobank (2019). 1. Oferta/demanda global de soja 2. Área e produção de soja no Brasil 3. Prêmios de exportação da soja em Paranaguá (março futuro) ) 4. Perspectiva de preços da soja em Chicago (CBOT) 22 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 20 40 60 80 100 120 140 Á re a (m ilh õ es d e h ec ta re s) Pr o d u çã o (m ilh õ es d e to n el ad as ) Área Produção 800 850 900 950 1000 1050 1100 C BO T (U Sc /b u sh el ) Soja (CBOT) Perspectiva Rabobank -26 -13 0 13 26 0 100 200 300 400 Ex ce d en te /d éf ic it ( m ilh õ es d e to n ) Pr o d u çã o /C o n su m o ( m ilh õ es d e to n ) Excedente/ Déficit Produção Consumo 0 20 40 60 80 100 120 U Sc /b u sh el Intervalo (últimas 5 safras) Media (últimas 5 safras) 2018/19 2019/20 Soja O desenvolvimento das relações comerciais entre chineses e americanos seguirá no centro das atenções do mercado em 2020. Nesse caso, três cenários bem distintos (e possíveis) levariam a diferentes níveis de projeções para cotações da soja em Chicago ao longo do próximo ano. Um cenário intermediário seria um período de trégua ou “fase 1” do acordocomercial entre os dois países. Nesse caso, a China retomaria compras de 7-8 milhões de toneladas de soja dos EUA por trimestre (além de outros produtos agrícolas, como proteínas animais). Além disso, ambos passariam a reduzir gradualmente e mutuamente as tarifas de importação. Dessa forma, seria observada a retomada de volume anual de exportações de soja americana para os chineses em níveis similares ao período anterior à Guerra Comercial. Com isso, e a produção estimada em 95 milhões de toneladas em 2019 (ante 120 milhões de toneladas no ciclo anterior), os estoques finais de soja do EUA retomariam a patamares próximos de 10 milhões de toneladas, dando suporte às cotações em Chicago que poderiam testar níveis ao redor de USD 9,70/bushel. O segundo cenário leva em conta um acordo mais robusto, com a China intensificando ainda mais as compras de produtos agropecuários americanos. Esse ponto somado a eventual frustração de safra 2019/20 na América do Sul e/ou nos EUA em 2020, poderia fazer Chicago superar a barreira dos USD 10,50/bushel. Esse nível de preços mais alto nos dois primeiros cenários resultaria em retomada de área de soja nos EUA em 2020 para patamares similares aos de 2018 (35 milhões de hectares). Isso geraria a possibilidade de um terceiro cenário, em que os americanos retomam o crescimento de área e os dois países voltem a escalar a Guerra Comercial com novo embargo da soja dos EUA pela China com a safra já em andamento no Hemisfério Norte. Nesse caso, que poderia ser intensificado caso a peste suína africana se espalhe por mais regiões do mundo, reduzindo o comércio internacional de soja, as cotações em Chicago poderiam voltar a recuar abaixo dos USD 8,30/bushel. Ponto de Atenção • Caso consiga solucionar o grave problema sanitário da peste suína africana e mantenha o crescimento da produção de outras proteínas animais, China deve retomar as importações de soja para 90 milhões de toneladas em 2020, 8,5% superior ao esperado em 2019. • Os três cenários apresentados gerariam diferentes efeitos nos prêmios de exportação da soja brasileira. Em linhas gerais, ainda que sujeitos à volatilidade, os preços FOB no Brasil tendem a ficar em níveis entre USD 21/saca e USD 22/saca. Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) p Fortalecimento da demanda interna pela indústria de proteína animal e etanol tende a dar suporte às cotações de milho no Brasil. Além disso, alta taxa de câmbio limitaria quedas na paridade de exportação, dando sustentação às cotações do cereal no mercado brasileiro. p Maior demanda interna do Brasil tende a abrir espaço para aumento das exportações americanas em 2020. Apesar da perspectiva de recuperação da produção dos EUA, após impactos climáticos sobre a safra em 2019, Chicago (CBOT/CME) teria espaço para retomada e aproximação de patamares próximos de USD 4/bushel em 2020. q Área de milho no Brasil deve crescer 5% em 2019/20 no comparativo com o ciclo anterior. Apesar disso, produção estimada é similar à verificada em 2018/19, assumindo menor produtividade com retorno à tendência. Novo recorde poderia pressionar cotações locais. Milho Pontos de Atenção Mercado doméstico fortalecido A safra 2018/19 de milho marcou uma série de novos recordes alcançados pelo Brasil. A produção no país superou pela primeira vez na história a marca de 100 milhões de toneladas, volume puxado principalmente pela forte expansão de área da segunda safra e aos bons níveis de produtividade. Essa elevada oferta nacional aliada aos problemas climáticos enfrentados na safra dos EUA e a desvalorização do real frente ao dólar contribuíram também para impulsionar as exportações brasileiras do cereal em 2019. Segundo dados da Secex, de janeiro a outubro de 2019, as exportações de milho do Brasil somaram 36,3 milhões de toneladas, superando em 24% o antigo recorde atingido em todo o ano de 2017, de 29,3 milhões de toneladas. Em meio a esse cenário, os preços do milho apresentaram intensa volatilidade ao longo de 2019. Em um primeiro momento, no início do segundo trimestre desse ano, o bom desenvolvimento das lavouras de segunda safra no Brasil pesou sobre as cotações do cereal no mercado doméstico, com o indicador de milho Esalq/BM&F chegando a ser cotado abaixo de R$ 32/saca (60kg). Posteriormente, o excesso de chuvas durante a semeadura da safra americana deu suporte às cotações internacionais que se refletiram também em valorização nos preços locais do cereal no Brasil – nesse momento, em junho/19, o indicador Esalq/BM&F chegou a superar R$ 38/saca. Mesmo após a consolidação de colheita recorde do milho segunda safra, as cotações do cereal se mantiveram em alta no segundo semestre de 2019, com o indicador Esalq/BM&F ultrapassando a barreira dos R$ 40/saca, em função da forte desvalorização do real frente ao dólar, fato que sustentou os níveis de paridade de exportação. Além disso, as perspectivas de estoques de passagem menores que aqueles observados na última safra passaram a se consolidar, pois, apesar da maior produção da história, a demanda de 2019 também se mostrou recorde, puxada pelo forte ritmo de exportações e também pela demanda interna aquecida. Em meio a esse cenário de preços relativamente elevados, a perspectiva é que a área destinada ao cereal volte a apresentar novo incremento no próximo ciclo. O Rabobank estima que a área de milho (verão mais segunda safra) atinja 18,4 milhões de hectares na safra 2019/20, 5% superior àquela observada na temporada 2018/19 – vale destacar que essa expansão deve se concentrar especialmente na segunda safra. Milho Fonte: Bloomberg, CEPEA, IMEA, CONAB, Rabobank (2019). 1. Produção de milho no Brasil 2. Consumo interno e exportações brasileiras de milho 3. Preços médios do milho por safra – Indicador Esalq/BM&F 4. Ritmo de comercialização de milho em MT 26 0 20 40 60 80 100 120 C o n su m o ./ Ex p o rt . ( m ilh õ es d e to n el ad as ) Consumo Interno Exportações 20 25 30 35 40 45 Pr eç o d o m ilh o BM & F (R $/ sc 6 0k g ) Intervalo esperado 0 20 40 60 80 100 120 Pr o d u çã o (m ilh õ es d e to n el ad as ) Produção Milho Verão Produção Milho 2ª Safra 0% 20% 40% 60% 80% 100% C o m er ci al iz aç ão ( % d a p ro d u çã o es ti m ad a) Intervalo (últimas 5 safras) Média (últimas 5 safras) 2018/19 2019/20 Milho Um dos sinais dessa expansão de área do milho segunda safra em 2020 pode ser avaliada pelo ritmo de comercialização. Segundo o IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), até novembro/19, 44% da produção estimada de milho referente à próxima safrinha estava negociada pelos produtores de Mato Grosso, 16 pontos percentuais acima da média das últimas 5 safras para esse período do ano. De certa forma, a valorização do milho ao longo de 2019 refletiu em oportunidades interessantes de contratos futuros para 2020, o que justificaria esse movimento de antecipação de vendas. Cabe ressaltar também o forte interesse comprador para o próximo ano decorrente da forte demanda do setor de proteína animal e, no caso específico de Mato Grosso, da busca por garantia de originação de grãos oriunda da indústria de etanol local. Nesse sentido, a demanda interna por milho tende a ser um dos grandes destaques de 2020. Os bons patamares de preços e demanda internacional, tendem a puxar a produção de carnes (ver seção de proteína animal) e, consequentemente, o consumo do cereal para ração no Brasil. Além disso, com a possibilidade de incremento de produção de 1 bilhão de litros de etanol de milho em 2020, a demanda adicional somente dessa indústria seria equivalente à aproximadamente 2,5 milhões de toneladas do cereal. No total, o consumo doméstico brasileiro pode alcançar 68 milhões de toneladas em 2020, 6% superior ao ano anterior. Assumindo um retorno à linha de tendência de produtividade, após um ciclo 2018/19 de excelentes condições climáticas para o desenvolvimento das lavouras namaioria das regiões produtoras, a perspectiva do Rabobank é que a produção de milho atinja 99 milhões de toneladas na safra 2019/20. Dados esses cenários de produção e consumo doméstico, a estimativa é que o volume de exportações de milho em 2020 seja menor, podendo retornar para patamares mais próximos de 30 milhões de toneladas. Ponto de Atenção • Dados os cenários de oferta e demanda local apresentados, além da taxa de câmbio (ver seção de Macroeconomia), a perspectiva é que as cotações medias do indicador Esalq/BM&F de milho fiquem entre R$ 40 e R$ 42/saca na safra 2019/20 (fevereiro/20 à janeiro/21). • Perspectiva de recuperação da produtividade em 2020 deve elevar a produção de milho da safra 2020/21 dos EUA. Porém, demanda fortalecida, principalmente pelas exportações, deve dar suporte a Chicago (CBOT/CME) para patamares próximos de USD 4/bushel. Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) p China deve importar 2,6 milhões de toneladas de pluma na temporada 2020/21, 15% superior ao ciclo anterior e o maior volume desde a safra 2013/14 – o que tende a dar suporte às cotações em Nova York (ICE) no segundo semestre de 2020. n Apesar de produção abaixo do esperado nos EUA, os estoques de passagem elevados da safra 2019/20 tendem a limitar ganhos de preços em Nova York no primeiro semestre de 2020. Área destinada ao algodão deve ser 5% menor no próximo ciclo americano. q Consolidação do Brasil como segundo maior exportador mundial e com volumes crescentes de produção deve resultar em maior competição com os EUA pelos mercados internacionais, especialmente o chinês, mesmo em cenário de acordo comercial. Algodão Pontos de Atenção Novas realidades,novos desafios A safra 2018/19 de algodão trouxe resultados históricos para o Brasil. O principal deles refere-se ao fato de o país superar a Índia e assumir o posto de segundo maior exportador mundial da pluma. Com perspectiva de alcançar 1,3 milhão de toneladas de pluma (agosto de 2018 à julho de 2019), o Brasil ficará atrás apenas dos EUA, que lidera as exportações globais com volume estimado em 3,2 de toneladas. Nos campos brasileiros, observou-se mais um ano de significativa expansão da cotonicultura, com a área destinada ao algodão alcançando 1,6 milhão de hectares no ciclo 2018/19, 40% superior ao verificado na temporada anterior. Apesar da leve redução da produtividade no comparativo com o ciclo 2017/18, a forte expansão de área impulsionou significativamente a produção brasileira, estimada em 2,7 milhões de toneladas de pluma na safra 2018/19, um novo recorde para o país. Se em termos produtivos, os resultados foram positivos aos cotonicultores, na questão de preços, o cenário se mostrou mais desafiador. Em linhas gerais, a expressiva expansão da área e da produção mundial de algodão em 2019 pressionou as cotações internacionais da pluma no mercado internacional. Os preços que iniciaram o ano acima de USD 0,70/libra-peso em Nova York (ICE), chegaram a recuar para patamares inferiores à USD 0,60/libra- peso em setembro/19. Ainda assim, a desvalorização do real frente ao dólar, ao longo do ano, ajudou a amenizar as quedas dos preços da pluma em moeda local. Além disso, a comercialização de volumes significativos de forma antecipada, prática típica dos cotonicultores brasileiros, ainda garantiu níveis de preços médios de vendas relativamente bons no ciclo 2018/19. O Rabobank estima que as margens operacionais (excluindo custos fixos, de arrendamento e de beneficiamento) do algodão em Mato Grosso tenha alcançado 37% na safra 2018/19. Esse patamar, embora abaixo dos 45% observados na temporada anterior, ainda se mostra acima dos 34% de média dos últimos 5 ciclos. Para a safra 2019/20, a perspectiva é de custos mais elevados, principalmente devido a insumos valorizados pela alta da taxa de câmbio. Por outro lado, os preços de vendas da pluma tendem a ser inferiores aos verificados no ciclo anterior, pressionados pelos patamares das cotações no mercado internacional (mais próximos de USD 0,65/libra-peso) – ainda que o real desvalorizado frente ao dólar amenize a queda da cotação da pluma, quando analisados preços em moeda local (R$). Algodão Fonte: Bloomberg, IMEA, USDA, CONAB, Rabobank (2019). 1. Oferta/demanda global de algodão 2. Área e produção (pluma) de algodão no Brasil 3. Ritmo de comercialização do algodão em pluma em MT 4. Perspectiva de preços do algodão em Nova York (ICE) 30 -6 -4 -2 0 2 4 6 0 5 10 15 20 25 30 Ex ce d en te /d éf ic it ( m ilh õ es d e to n ) Pr o d u çã o /C o n su m o ( m ilh õ es d e to n ) Excedente/ Déficit Produção Consumo 0.0 0.3 0.6 0.9 1.2 1.5 1.8 0.0 1.0 2.0 3.0 Á re a (m ilh õ es d e h ec ta re s) Pr o d u çã o (m ilh õ es d e to n el ad as ) Produção (Algodão em pluma) Área 0% 20% 40% 60% 80% 100% Jan Mar Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Set C o m er ci al iz aç ão d e p lu m a (% d a p ro d u çã o e st im ad a) Intervalo (últimas 5 safras) Média (últimas 5 safras) 2018/19 2019/20 50 60 70 80 90 IC E- N Y (U Sc /l p ) Algodão (ICE-NY) Perspectiva Rabobank Algodão Segundo dados do IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), cerca de 63% da produção esperada da safra 2019/20 de algodão de Mato Grosso, principal estado produtor da pluma no Brasil, estava negociada até novembro/19. Com parte significativa desses negócios fechados com patamares de taxa de câmbio futuro, para dezembro/20, acima de R$ 4,00, o Rabobank estima que os preços médios de comercialização tendem a ficar ao redor de R$ 85/@ de pluma. Nesse cenário, a estimava é de margens operacionais entre 25% e 30% no ciclo 2019/20 ao cotonicultor. Apesar dessa perspectiva de margens mais apertadas na safra 2019/20, no comparativo com as anteriores, a estimativa é que não ocorram impactos significativamente negativos sobre a área. O Rabobank espera que a área destinada ao algodão nesse ciclo fique próxima a 1,55 milhão de hectares ante 1,6 milhão de hectares na temporada anterior. Seguindo a linha de tendência de produtividade, a produção é estimada em 2,6 milhões de toneladas de pluma na safra 2019/20. A relativa estabilidade da área, em relação à safra passada, está ligada principalmente à dois fatores. O primeiro deles é que os grandes grupos cotonicultores costumam fazer um planejamento de longo prazo, no que tange a investimentos em equipamentos e dimensionamento da área. O outro é que mesmo com a perspectiva de queda das margens em termos percentuais, os resultados absolutos (R$/hectare) do algodão ainda se mostram superiores ao do milho na segunda safra. Assim, aqueles grupos com conhecimento no cultivo da fibra e com condições financeiras tendem a seguir priorizando o algodão, principalmente onde há viabilidade de semeá-lo como “safrinha”. Um dos grandes desafios para o próximo ano será buscar rotas alternativas ao porto de Santos para escoamento da produção de algodão. Estimativas preliminares do Rabobank apontam para um potencial de exportações brasileiras na ordem de 1,8 milhão de toneladas de pluma na safra 2019/20 – muito próximo ao que se estima ser a capacidade máxima anual de exportação pelo porto paulista. Ponto de Atenção • Apesar da redução nas perspectivas de produção de algodão americano na safra 2019/20, o cenário ainda aponta para os maiores estoques de passagem (e relação estoque/consumo) dos últimos 12 anos nos EUA. Esse ponto ainda tende a limitar ganhos acima de USD 0,70/libra-peso em Nova York no primeiro semestre de 2020. • China tem perspectiva de importações ao redor de 2,6 milhões de toneladas de pluma em 2020/21, o que tende a dar suporte às cotações no segundo semestre de 2020. Riscos e oportunidades para o setor (impacto nos preços: p alta n neutro q queda) n No campo, não se espera que a moagem da safra 2020/21 seja muito diferente em comparação com 2019/20. Enquanto ao preço mundial de açúcar, projeta-seuma recuperação leve ao longo de 2020. p O Rabobank projeta que o preço de petróleo (Brent) ficará ao redor de USD 70/barril ao longo de 2020. Isto, junto com um câmbio de R$4,00/USD aponta para preços firmes da gasolina na bomba, tornando-se um fator positivo para o consumo e para o preço do etanol. p Em 2020 será o primeiro ano do RenovaBio, criando uma receita adicional para o produtor de etanol – ainda de valor incerto e, condicional na certificação da usina – via a emissão dos certificados de descarbonização, os CBios. Cana, Açúcar e Etanol 2020,o ano do RenovaBio Um olhar no retrovisor revela que, no final de 2018, esperava-se preços firmes para o petróleo, um câmbio relativamente fraco e um preço de açúcar internacional apoiado pela visão de um mercado em transição, entre um excedente enorme em 2018 e um déficit previsto até 2020. Hoje, no final de 2019, parece que nada mudou - a tão esperada virada do mercado ainda não chegou, e as esperanças foram postergadas. Mas na verdade há pelo menos um elemento novo no quadro: o RenovaBio entra em vigor em 2020. A visão preliminar para a moagem no Centro-Sul em 2020/21 deve se manter estável. É projetado entre 580 – 590 milhões de toneladas, valor semelhante à expectativa para a safra 2019/20. Claro que o clima ao longo da entressafra tem potencial para influenciar esta visão, e merece monitoramento - a precipitação em outubro e novembro de 2019 foi abaixo da média em muitas regiões do Centro-Sul. A redução na área de cana em algumas regiões é fato, mas em compensação há mais canavial sendo disponibilizado para colheita devido ao encolhimento da área de mudas associado à espalha de plantio via “meiosi”. A variável chave para a nova safra 2020/21 é mais uma vez o mix. As projeções do Rabobank para o mercado de petróleo preveem o preço internacional (Brent) levemente acima de USD 70/barril ao longo de 2020. Isto, se concretizar, junto com o câmbio previsto em R$ 4,00/USD, geraria preços robustos para a gasolina no mercado interno. Além disso, cálculos feitos pelo Rabobank sugerem que a relação de preço etanol/gasolina (São Paulo) não precisará superar os 70% durante a entressafra para terminar 2019/20 com estoques iguais àqueles com o que a safra começou. Isso é importante, pois a entressafra passada mostrou que a manutenção da competitividade do etanol na bomba durante o primeiro trimestre, ajudou a turbinar as vendas, tanto na entressafra quanto no início da safra seguinte. Por final, com a entrada em vigor do RenovaBio, haverá uma receita adicional para o produtor de etanol – ainda de valor incerto e condicional na certificação da usina – via a emissão dos certificados de descarbonização, os CBios. Cana, açúcar e etanol Fonte: Bloomberg, CEPEA, Rabobank (2019). 1. Oferta/demanda global de açúcar 2. Preço internacional de açúcar 3. Preços domésticos de açúcar e etanol 4. Cenários para a arbitragem açúcar/etanol em 2020/21 34 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 100 120 140 160 180 200 Ex ce d en te /d éf ic it ( m ilh õ es d e to n ) Pr o d u çã o /C o n su m o (m ilh õ es d e to n ) Excedente/déficit Produção Consumo 8 10 12 14 16 18 20 176 226 276 326 376 426 U Sc p o r lib ra -p es o U SD p o r to n el ad a Açúcar Refinado (Londres) Açúcar Bruto (NY) 0.60 1.00 1.40 1.80 2.20 30 50 70 90 110 n o v- 16 ja n -1 7 m ar -1 7 m ai -1 7 ju l- 17 se t- 17 n o v- 17 ja n -1 8 m ar -1 8 m ai -1 8 ju l- 18 se t- 18 n o v- 18 ja n -1 9 m ar -1 9 m ai -1 9 ju l- 19 se t- 19 n o v- 19 Et an o l, R$ /l it ro , P V U s em im p o st o s A çú ca r, R$ p o r sa ca Açúcar Mercado Interno Etanol anidro Etanol hidratado 10 11 12 13 14 15 16 17 18 60% 61% 62% 63% 64% 65% 66% 67% 68% 69% 70% Pr eç o E SA LQ h id at ad o , e q u iv al ên ci a ao p re ço aç ú ca r N Y Preço hidratado na bomba como % do preço gasolina na bomba (SP) Brent USD 70/bbl Brent USD 60/bbl Brent USD 50/bbl Oferta apertada/demanda forteOferta abundante/demanda fraca Premissas: 1. Câmbio: 4,00 BRL/USD 2. Sistema atual de precificação da gasolina 3. Estrutura tributária atual Cana, açúcar e etanol Expectativas de preço de petróleo alto, câmbio fraco, receita adicional vindo do RenovaBio e a manutenção de um consumo robusto de hidratado apontam para mais uma safra focada no etanol em 2020/21. Mas será que o açúcar, que só decepcionou ao longo de 2019, pressionado pelos estoques na Índia e por uma posição líquida vendida enorme na parte dos fundos, voltará em 2020? O quadro fundamental parece promissor. As projeções mais recentes do Rabobank do balanço global de açúcar sinalizam um déficit de quase 7 milhões de toneladas para o ano-safra internacional (out – set) de 2019/20. Nota-se que este número representa uma estimativa do déficit no final de 2019/20, ou seja, no final de setembro 2020. De fato, 2019/20 começou com estoques mundiais elevados. A queima destes estoques ao longo do ano deveria levar o mercado de volta para uma relação de estoque/consumo em linha com a sua média de longo prazo, dando apoio para um preço mais firme. O que isso sugere em termos de preço? A previsão oficial (novembro de 2019) aponta para uma queda da produção indiana de açúcar na ordem de 15% na safra nova. Mas isto não diminui a necessidade do país de reduzir os estoques via exportações subsidiadas durante 2020. Estima-se que as exportações indianas fiquem viáveis com o preço Nova Iorque ao redor dos 13 US c/libra-peso. Então, se o mundo precisar de mais açúcar do que a Índia pode disponibilizar em 2020, o preço teria que ser o suficiente para convencer as usinas brasileiras a trocar etanol para açúcar. Com o conjunto de expectativas apontado acima, esta troca não aconteceria com Nova Iorque muito abaixo dos 14 US c/libra-peso. Enquanto a produção nacional de cana anda de lado, o processo de polarização do setor continua ganhando esforço. Quem tem dinheiro para investir em coisas além do essencial está apostando principalmente em AgTech para baixar os custos e/ou em diversificação (em mais flexibilidade no mix, em biogás, em etanol de milho) para melhor enfrentar as incertezas inerentes do negócio no futuro. Ponto de Atenção • As fortes chuvas no final da época das monções na Índia este ano lançaram uma sombra sobre as perspectivas do mercado de açúcar para além de 2020, ameaçando que o país volte com mais uma safra grande em 2021. A produção tailandesa também poderia recuperar. • Caso o preço de petróleo (Brent) se desvalorize para abaixo dos USD 60/barril em 2020, poderia incentivar um aumento significativo na produção de açúcar brasileiro. Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) p O Rabobank estima um déficit global de 3,2 milhões de sacas (60 quilos) na safra 2019/20. Em relação à safra 2020/21, estudos preliminares indicam um superávit global de 2 milhões de sacas, valor considerado baixo em se tratando de uma bienalidade positiva no Brasil. p É previsto um aumento no consumo mundial de 3,6 milhões de sacas no ciclo 2019/20, um aumento de 2,2% em relação a temporada anterior. p O Rabobank projeta aumento dos preços de café em Nova Iorque, com as cotações podendo atingir cerca de USD 1,22/libra-peso ao longo de 2020. q A safra brasileira 2020/21 é estimada em aproximadamente 66,7 milhões de sacas, das quais 20,8 milhões de sacas do tipo robusta. Café Déficit Global traz alívio em 2020 O ano de 2019 foi desafiador para as principais regiões produtoras de café. Apesar da excelente demanda global, que nos últimos 5 anos apresentou um crescimento médio anual de 3,5 milhões de sacas (60 quilos), neste ano o preço da commodity atingiu seu menor patamar da década em Nova Iorque (figura 1). Parcialmente, o Brasil teve influência na queda das cotações. A safra recorde em 2018/19 e a boa colheita de 2019/20, estimada pelo Rabobank em 57,6 milhões desacas (sendo 38,1 milhões de sacas do tipo arábica), colaboraram no excesso de oferta. Em relação ao ótimo volume produzido para um ciclo negativo, a safra 2019/20 brasileira apresentou problemas na qualidade da bebida devido à maturação desuniforme das cerejas, ausência de chuvas no período de enchimento de grãos e precipitações isoladas no período da colheita. Aliás, atualmente é possível observar um incremento nos prêmios por café de melhor qualidade no mercado doméstico e um aumento da demanda por cafés lavados no mercado internacional. Estes movimentos devem se intensificar em 2020. Os bons ciclos produtivos no Brasil foram refletidos nas exportações, cujo volume tem recuperado desde o segundo semestre de 2018 (figura 2). No atual ritmo, é esperado que sejam exportados aproximadamente 40 milhões de sacas em 2019, um recorde para o país. Este cenário, de preços baixos e maior disponibilidade de café, tem impactado outras regiões produtoras, sendo que muitas delas tem sido forçadas a comercializar seu produto abaixo dos seus custos de produção. As expectativas de margens apertadas, tem feito com que muitos produtores de outros países reduzam seus investimentos nas lavouras, especialmente com insumos agrícolas. Esse fato, que já começa a ser observado no atual ciclo e pode se agravar no ciclo 2020/21, impactando diretamente a produção. Inicialmente, o Rabobank estima uma redução de 5% na safra 2019/20 na América Central em relação a 2018/19. Além do menor investimento, chuvas abaixo da média indicam um menor potencial produtivo. Situação semelhante ocorre na Etiópia, onde é previsto uma redução de 10% na atual safra em relação a 2018/19. Na Colômbia o cenário pouco mudou e colheita é estimada em 13,7 milhões de sacas em 2019/20, 1% menor em relação ao ciclo anterior.Café Fonte: Cecafé, Bloomberg, GCA, AJCA, ECF, Rabobank 2019 1. Preço Internacional de café 2. Exportações Brasileiras de café verde 3. Balanço global de café 4. Estoques dos principais países importadores 500 1,000 1,500 2,000 2,500 80 100 120 140 160 180 Ro b u st a (U SD /t o n ) A rá b ic a (U Sd /l b ) ARABICA - ICE NY ROBUSTA - ICE LONDON 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% -8.0 -6.0 -4.0 -2.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 13/14 14/15 15/16 16/17 17/18 18/19 19/20f 20/21f % E st o q u e/ U so M ilh õ es d e sa ca s (6 0 kg ) Arábica Robusta Estoque/Uso - 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 M il sa ca s (6 0 kg ) EUA Europa Japão 30.4 33.2 33.8 28.6 31.7 36.4 37.0 34.3 30.9 35.6 34.0 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019* M ilh õ es d e sa ca s (6 0 kg ) * Dados acumulados até Outubro 2019 What to watch Café O mercado de café robusta segue com perspectivas melhores de produção. Vietnã, deverá ter mais uma boa colheita em 2019/20, prevista em 30 milhões de sacas. A Indonésia deve se recuperar na safra 2019/20, com colheita 10% superior em relação a 2018/19, estimada em 11,9 milhões de sacas. Diante deste cenário, o Rabobank projeta um déficit global em 2019/20 de 3,2 milhões de sacas, sendo 3,9 milhões do tipo arábica e um superávit de 725 mil sacas de café robusta (figura 3). Para safra 2020/21 brasileira é esperada uma boa produção, principalmente devido ao ciclo bienal positivo no país. Apesar da leve ocorrência de geada em julho de 2019 e das floradas isoladas no final de agosto 2019, os danos na produção podem ser parcialmente compensados por novas áreas que devem entrar em produção em 2020. Essa expansão é consequência do estimulo do plantio durante a época de bons preços em 2016. O Rabobank estima a safra de 2020/21 em 66,7 milhões de sacas, das quais aproximadamente 20,8 milhões de sacas do tipo robusta. Aparentemente, a principal florada foi grande e uniforme, fato que colabora para a produção de grãos de boa qualidade. Apesar deste cenário, estimativas preliminares indicam um superávit global em 2020/21 de 2 milhões de sacas, considerado baixo dado o ciclo de alta produção no Brasil. Em 2020 o mercado deve apresentar uma certa melhora, especialmente devido ao déficit global em 2019/20. Porém, a nova safra brasileira 2020/21, os bons níveis de estoques dos países importadores (figura 4) e o aumento do fluxo de café vietnamita, colombiano e da América central devem limitar um aumento acentuado dos preços internacionais. Além dos fundamentos já apresentados, o conflito comercial sino-americano e uma possível desaceleração das economias desenvolvidas podem se contrapor às reformas político-econômicas no Brasil, o que deve trazer volatilidade no câmbio e consequentemente nos preços do café. O Rabobank projeta um aumento do preço do café em Nova Iorque, com as cotações podendo atingir aproximadamente USD 1,22/libra-peso ao longo de 2020. Ponto de Atenção • Apresar de um outubro e novembro mais seco em algumas regiões produtoras de café brasileiras, a expectativa são de chuvas dentro da normalidade para os próximos meses. Novos períodos com baixas precipitações podem reduzir a produção em 2020/21 e valorizar as cotações de café. • Avanços tecnológicos e variedades mais produtivas podem surpreender a produção de conilon no estado de Rondônia na safra 2020/21. • Os fundos não-comerciais em Nova Iorque devem gerar volatilidade nas cotações de café. Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) p Os fundamentos da demanda por celulose na China permanecem inalterados apesar da queda de curto prazo em 2019. O aumento dos estoques por parte dos compradores deve reequilibrar o mercado em 2020. q A economia global continua em desaceleração e a China deve apresentar o menor crescimento econômico desde o início dos anos 90. A volatilidade política com relação aos acordos comerciais pode impactar a demanda em 2020, como aconteceu em 2019. p Sem novas linhas de produção entrando no mercado, a oferta global de celulose não deve crescer em 2020. Celulose Recuperação gradual à frente Os preços globais da celulose recuaram ao longo de 2019 e registraram o menor preço em 3 anos (BHKP em USD 450/tonelada na China). O motivo principal que levou à queda das cotações foi uma diminuição estratégica dos estoques próprios das papeleiras na China, enquanto a oferta produzia em níveis recorde no final de 2018 e começo de 2019. Após um período de dois anos de preços elevados da celulose, entre 2016 a 2018, as margens da indústria de papel estavam comprimidas no final de 2018 na China, assim como em outros mercados com custos elevados da matéria-prima e produtos terminados com preços baixos. Enquanto isso, a indústria global de celulose produziu a níveis recordes na segunda metade de 2018 e, os compradores, após várias tentativas de obter descontos maiores, pararam as ordens de compra e reduziram drasticamente os seus próprios estoques de celulose a partir do quarto trimestre de 2018 na China. O mercado inicialmente esperava que os compradores voltassem brevemente as compras no primeiro trimestre de 2019 após obter alguns descontos substanciais, porém isso não aconteceu. A indústria não reagiu rapidamente e os estoques nos portos e nos armazéns dos produtores aumentaram significativamente na primeira metade de 2019. O aumento dos estoques nas mãos dos produtores, cortes limitados na oferta, somados a uma leve desaceleração da economia chinesa e dólar forte globalmente, contribuíram para uma queda nos preços globais da celulose além do projetado no início do ano. Os preços só pararam de cair no quarto trimestre de 2019, após atingir as mínimas em três anos (USD 450/tonelada na China para BHKP), uma vez que os exportadores começaram a diminuir os seus estoques de maneira mais significativa. De fato, os dados de importações de celulose da China, mostram que nos primeiros nove meses de 2019 as importações de celulose foram superiores, tanto para fibra curta como para fibra longa, em comparação com o mesmo período de 2018. As importações de fibra curta avançaram1,8% para 8,6 milhões de toneladas, enquanto as importações de fibra longa avançaram 6,1% para 6,5 milhões de toneladas em 2019, comparado com 2018 (primeiros nove meses do ano). Celulose Fonte: Bloomberg, Risi, Rabobank 2018 1. Demanda global de BHKP (celulose de fibra curta) 2. Oferta global de BHKP (celulose de fibra curta) 3. Balanço global oferta e demanda de BHKP 4. Preços internacionais BHKP 59 59 61 63 64 64 66 68 67 67 40 45 50 55 60 65 70 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e 2020p M ilh õ es d e to n el ad as 59 60 61 63 64 64 65 67 67 67 40 45 50 55 60 65 70 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e 2020p M ilh õ es d e to n el ad as 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019e2020p m ilh õ es d e to n el ad as ( o fe rt a) m ilh õ es d e to n el ad as ( b al an ço ) Balanço Oferta Demanda 200 400 600 800 1,000 1,200 1,400 o u t- 15 ja n -1 6 ab r- 16 ju l- 16 o u t- 16 ja n -1 7 ab r- 17 ju l- 17 o u t- 17 ja n -1 8 ab r- 18 ju l- 18 o u t- 18 ja n -1 9 ab r- 19 ju l- 19 o u t- 19 U SD / to n el ad a Europa EUA China Celulose Os cortes na produção anunciados por alguns produtores para a segunda metade de 2019 e primeira metade de 2020, devem ajudar a reequilibrar o mercado global para o próximo ano. O Rabobank espera que 2019 apresente equilíbrio entre oferta e demanda e um leve déficit em 2020 com os cortes na produção efetuados por Suzano e por produtores em outras regiões. Porém a economia global de fato está crescendo mais devagar com os efeitos da guerra comercial entre a China e os EUA, a desaceleração na Europa e problemas em alguns emergentes. Com um mercado bastante equilibrado entre oferta e demanda em 2020, a recuperação dos preços de celulose será gradativa e moderada ao longo do ano. Parece improvável uma aceleração significativa da demanda com a China e o mundo crescendo menos, enquanto o mercado espera um aumento da oferta em 2021 (Arauco MAPA) e 2022 (UPM Uruguai) que devem limitar as altas dos preços no ciclo atual da celulose. Após visitar vários compradores e produtores de celulose na China no terceiro trimestre de 2019, o Rabobank concluiu que a desaceleração da demanda na China em 2019 foi um movimento de curto prazo. Os fundamentos da demanda continuam inalterados pois o gigante asiático continuará dependente das importações de celulose para suprir pelo menos 60% da sua demanda por celulose no médio prazo. A demanda por papeis de imprimir e escrever se mantém relativamente estável apesar da digitalização nos meios de pagamento e no setor de serviços. Os controles estatais sobre os materiais educacionais, políticos e sobre a maioria das publicações impressas, devem ajudar a manter a demanda por papeis de imprimir e escrever mais estáveis na China nos próximos anos, em comparação com outras grandes economias na qual diminuem fazem alguns anos. A demanda por papeis sanitários deve continuar crescendo na China em 2020, em torno de 4% em volume, com a urbanização em consolidação e maior preocupação com higiene da população. Ponto de Atenção • O mercado começa a olhar com maior atenção os aumentos de capacidade futura e a retomada da produção da Suzano no segundo semestre de 2020, o que deve limitar a alta de preços no ciclo atual. • Espera-se uma melhora na demanda por papelão ondulado no mercado doméstico em 2020, com as projeções da retomada da economia e as expectativas de exportações elevadas de carnes. Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n Neutro q Queda) p A demanda por lácteos deve apresentar leve aumento ao longo de 2020 no Brasil, com maior crescimento econômico e leve melhoria nos índices de desemprego e renda. q Esperamos custos de produção levemente maiores para o produtor, como consequência de maiores preços do milho, o que deve limitar o crescimento da produção no campo. p A indústria deve apresentar um ano levemente melhor com aumento da demanda. Porém o cenário deve se manter desafiador para o leite fluido. O custo da matéria prima pode pesar nas margens da indústria mais uma vez com oferta mais restrita e demanda no varejo melhorando. Leite Demanda deve começar a reagir Ao longo de 2019 a produção de leite cresceu no Brasil, com margens positivas para os produtores, que oscilaram entre elevadas no primeiro semestre e moderadas na segunda metade do ano. Com a redução do custo da ração ao longo da primeira metade do ano devido aos preços menores dos grãos e, preços do leite ao produtor significativamente maiores em comparação com 2018, houve um incentivo à produção de leite no campo. Dados do IBGE apontam um crescimento da produção no campo de 5% em volume no primeiro semestre. Para o ano como um todo esperamos crescimento próximo de 4%. Mais uma vez, o consumo desapontou no Brasil com demanda crescendo pouco no primeiro semestre e apresentando leve recuperação no final do ano. O ano de 2019 foi o terceiro ano consecutivo de expectativas frustradas com relação ao crescimento econômico. Após o fim da pior recessão da história recente (2014-2016), pelo terceiro ano seguido (2017-2019) o crescimento econômico foi decepcionante e acabou atrasando a recuperação do consumo dos lácteos. O mercado de leite fluido teve um desempenho pior do que outras categorias, como os queijos, dado que mudanças demográficas e saturação de marcas trazem mais dificuldades para obter rentabilidades superiores no mercado de leite UHT. Com matéria-prima mais cara no campo e demanda morna nas gôndolas, a indústria teve resultados abaixo do esperado com margens menores em 2019. Porém, os dados de vendas começaram a melhorar gradativamente na segunda metade do ano. No entanto, a recuperação é apenas moderada por enquanto e somente uma queda no desemprego com aumento de renda deve ajudar as famílias a aumentar mais significativamente as compras de lácteos. Em 2020 os preços internacionais devem tender a estabilidade após terem aumentado no final de 2019, com a desaceleração da China e oferta crescendo em ritmo menor no hemisfério sul e na Europa. A demanda da China continuará sendo determinante no mercado internacional de lácteos e o Rabobank projeta crescimento anualizado abaixo de 6% para a segunda maior economia do mundo, o menor ritmo de expansão desde os anos 90. Além do menor crescimento, os impactos da epidemia da febre suína africana devem continuar a limitar as importações chinesas de soro como componente relevante da ração animal. Leite Fonte: GDT, IEA, CEPEA, Secex, Milkpoint, Rabobank (2019). 1. Preços internacionais (GDT) 2. Preço bruto ao produtor (R$/litro) 4. Balança comercial brasileira de lácteos 46 3. Receita-custo de ração (por vaca diário) - 1,000.0 2,000.0 3,000.0 4,000.0 5,000.0 6,000.0 7,000.0 U SD /t o n el ad a Manteiga Leite em pó desnatado Leite em pó integral Cheddar -25,000 -20,000 -15,000 -10,000 -5,000 0 5,000 10,000 o u t- 16 d ez -1 6 fe v- 17 ab r- 17 ju n -1 7 ag o -1 7 o u t- 17 d ez -1 7 fe v- 18 ab r- 18 ju n -1 8 ag o -1 8 o u t- 18 d ez -1 8 fe v- 19 ab r- 19 ju n -1 9 ag o -1 9 o u t- 19 M il t o n el ad as Exportações Importações Balança comercial 15 17 19 21 23 25 27 29 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez R$ /v ac a/ d ia 2016 2017 2018 2019 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez R$ /l it ro 2016 2017 2018 2019 • Paradas significativas em 2018 podem ajudar a manter os preços elevados em 2018 como aconteceu em 2017. • Várias empresas brasileiras tem sinalizado interesse em considerar projetos de expansão das suas capacidades de BHKP. Novos projetos de investimento podem ser anunciados já em 2018. Pontos de Atenção Leite Após três anos de baixo crescimento econômico, a retomadada agenda reformista e o menor patamar de juros da história, devem contribuir para um maior crescimento econômico em 2020 no Brasil. O desemprego tem se mantido acima de 11% e a renda média das famílias tem se recuperado timidamente. Se a economia consegue de fato crescer mais em 2020 e o desemprego começa a cair de forma mais consistente, é possível esperar uma recuperação na demanda por alimentos em geral, o que deve beneficiar o setor dos lácteos. Porém, Rabobank projeta que a recuperação do consumo nos lácteos não será homogênea. O mercado de leite UHT é um mercado mais maduro, com muitas marcas e pouca diferenciação, e será difícil crescer o volume de venda significativamente. As tendências demográficas de envelhecimento da população e lares menores, com menos filhos, acabam jogando contra um aumento acelerado do consumo de leite fluido. Consideramos um maior o potencial de aumento no consumo de queijos, leite em pó e em produtos de maior valor agregado como iogurte. A indústria deve enfrentar margens apertadas em 2020 em comparação com 2019, se consideramos que a demanda será mais forte e que a oferta de leite no campo começa o ano em desaceleração. O produtor deve enfrentar um custo da ração levemente maior por causa das expectativas para o milho (ver capítulo Milho), o que pode significar margens menores na primeira metade de 2020 em comparação com a primeira metade de 2019. Assim, consumo em recuperação e oferta crescendo pouco, deve se traduzir em preços ao produtor maiores ao longo de 2020 em comparação com 2019. Preços maiores no campo devem continuar pressionando as margens da indústria láctea no Brasil. Uma melhoria na demanda doméstica poderia ajudar a incrementar as importações ao longo de 2020, porém dados os preços internacionais elevados dos lácteos e o real mais desvalorizado em comparação com 2019, deve limitar qualquer aumento de oferta via importações. Ponto de Atenção • A recuperação do consumo deve acelerar o lançamento de novos produtos e as inovações nas principais categorias dos lácteos. • Mais uma vez, o setor dos queijos deve continuar com performance acima da média de mercado, com aumento do consumo em 2020. • Esperamos leite mais caro no campo, o que deve manter as margens da indústria pressionadas em 2020. Riscos e oportunidades para o setor (impactos nos preços p Alta n NeutroqQueda) ▼ Após uma safra próxima de 380 milhões de caixas em 2019/20 e um período de calor intenso no terceiro trimestre de 2019, ainda é cedo para fazer projeções para a safra 2020/21 no Brasil. Porém, parece razoável esperar uma safra menor em 2020/21 comparada com a 2019/20, considerando a primeira florada e o estresse dos pomares no final da safra 2019/20. q A demanda internacional por suco concentrado deve manter a tendência de queda com piora nos indicadores de consumo nos principais mercados importadores e, sem crescimento expressivo nos mercados emergentes. p A demanda crescente por suco NFC e a expansão da capacidade da indústria para esse produto, devem continuar diminuindo a dependência da cadeia ao FCOJ em 2020/21. Suco de Laranja Safra menor,mas estoques elevados A safra 2019/20 deve encerrar com volumes próximos de 380 milhões de caixas e bons rendimentos. O dado final pode ser até menor por causa do calor excessivo em São Paulo ao longo do terceiro trimestre, que acabou acelerando a maturação da fruta e causando algumas perdas. O clima seco e muito quente impactou fortemente os pomares em várias regiões produtoras com temperaturas que se aproximaram dos 40 graus célsius. De qualquer maneira, a safra 2019/20 foi bastante positiva em termos de volume e qualidade, e deve ajudar a indústria a produzir um volume de FCOJ e NFC bastante expressivos (1,2 milhão de toneladas equivalente FCOJ). A confirmação de uma safra elevada em São Paulo na safra 2019/20, junto com a estabilidade na Flórida e demanda fraca dos grandes mercados importadores, levaram a uma queda expressiva do preço do FCOJ em 2019. O mercado precifica uma recuperação significativa dos estoques globais no final da safra 2019/20 (junho de 2020) o que justifica preços menores no final de 2019. Os próximos movimentos do mercado estarão ligados as expectativas para a safra 2020/21 em São Paulo e para a safra 2019/20 na Flórida que está entrando no período da colheita. As projeções do departamento de agricultura dos EUA (USDA), apontam para um leve aumento na produção de laranja na Flórida, atingindo 74 milhões de caixas, após registrar 72 milhões de caixas em 2018/19. As expectativas iniciais para a safra 2020/21 em São Paulo são para uma safra menor comparada com a 2019/20 (380 milhões de caixas). Excesso de calor no terceiro trimestre ao final de uma grande safra, estressou as árvores significativamente. Chuvas irregulares após a primeira florada, sugerem menor produtividade do parque citrícola paulista em 2020/21. Apesar de muito cedo para se ter uma estimativa de safra confiável para 2020/21, parece razoável esperar uma produção entre 270 e 330 milhões de caixas. As incertezas com relação a florada e o nível de estresse dos pomares, devem pesar sobre a produtividade em 2020/21 em São Paulo e no Triângulo Mineiro, mas ainda é cedo para uma estimativa mais confiável. Considerando as projeções para a produção de suco na Flórida (74 milhões de caixas) e a produção estimada para São Paulo na safra que está se encerrando (380 milhões de caixas), a oferta global de suco de laranja deve totalizar 1,8 milhão de toneladas em 2019/20 (ver Figura 1). O que representa um aumento de 300 mil toneladas com relação a 2018/19. Suco de Laranja Fonte: Bloomberg, Foodnews, Secex, Rabobank (2019). 1. Oferta global de suco (FCOJ equivalente) 2. Demanda global de suco (FCOJ equivalente) 3. Balanço global oferta e demanda de suco 4. Relação estoque/consumo e preço do suco 50 1.8 2.0 1.7 1.5 1.9 1.5 1.8 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17 2017/18 2018/19e 2019/20f M ilh õ es d e to n el ad as ( FC O J e q u iv al en te ) Brasil EUA Outros 2.0 2.0 2.0 1.8 1.7 1.6 1.6 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17 2017/18 2018/19e 2019/20pM ilh õ es d e to n ad as (F C O J eq u iv al en te ) EU EUA Outros -500 -300 -100 100 300 500 1,000 1,200 1,400 1,600 1,800 2,000 2,200 M u lh ar es d e to n el ad s (B al an ço ) M ilh ar es d d e to n el ad as (F C O J eq u iv al en te ) Balanço Oferta Demanda 39% 36% 22% 7% 20% 12% 26% 0% 10% 20% 30% 40% 1,000 1,400 1,800 2,200 2,600 3,000 Es to q u e/ C o n su m o U SD /t o n el ad a (C FR R o tt er d am ) Estoque/Consumo Preço médio (Rotterdam) Suco de Laranja A produção de laranja na Europa, principalmente na Espanha, deve apresentar uma queda de aproximadamente 15% em volume na safra atual. Porém, a demanda por suco na Europa continua caindo. A queda no consumo europeu é mais moderada nos supermercados, em comparação com os dados de vendas nos supermercados americanos nos últimos 12 meses, devendo fechar o ano de 2019 em torno de 3% menor em relação a 2018. Na Europa, as exportações brasileiras apresentam recuperação nos primeiros meses do ano safra 2019/20 (FCOJ equivalente) com crescimento de 56%, em parte, dado os preços menores e a baixa base de comparação. O Rabobank projeta uma queda na demanda global de suco de laranja de 3% na temporada 2019/20 (ver Figura 2). O balanço oferta-demanda no mercado global de suco de laranja deve encerrar a safra 2019/20 com um superávit significativo de 200 mil toneladas, após um déficit de 140 mil toneladas no ano anterior (ver Figura 3). O aumento da relação estoque consumo de 12% em 2018/19 para 25% (projetado) no final do ano safra 2019/20, ajuda a explicar a queda nos preços do FCOJ no ano safra atual com ampla oferta no mercado, dado os níveis da demanda global (ver Figura 4). As expectativas
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