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Introdução à epidemiologia
Prof. Esp. Ednaldo Anthony
Material Profª Viviane Karolina Vivi
definição
Estuda o processo saúde-enfermidade na sociedade, analisando a distribuição populacional, fatores determinantes de risco de doenças e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle, erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde, proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde. 
(ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2003). 
Saberes e práticas
1. Estudo dos determinantes de saúde-enfermidade: conhecer os determinantes do processo saúde-doença, como ocorre, contribuindo para o avanço do conhecimento das causas de seus agentes e dos sinais e sintomas clínicos. 
2. Análise das situações de saúde: descrever e analisar as situações de saúde, fornecendo subsídios para o planejamento e organização de ações de saúde. 
3. Avaliação de tecnologias e processos de campo de saúde: avaliação de programas, atividades e procedimentos preventivos e terapêuticos
EPIDEMIOLOGIA: HISTÓRICO
“As raízes históricas da epidemiologia podem ser identificadas em uma trilogia de elementos conceituais, metodológicos e ideológicos representados pela clínica, pela estatística e pela medicina social.”
(Almeida Filho & Barreto, 2012).
EPIDEMIOLOGIA: HISTÓRICO
Foi a articulação desses três elementos que viabilizou a “institucionalização” da epidemiologia, como ciência, no Sec. XX. Mas sua história é bem mais antiga...
História da epidemiologia segue uma dinâmica de continuidades e de “rupturas”, mediadas pelos contextos político, histórico e social
Aparecimento de “novas necessidades”
Desenvolvimento de práticas e de conhecimento
Alterações na estrutura social
IMPORTANTES ATORES E PRECURSORES
Hipócrates (460-377 a.C.)
Produto da relação do indivíduo com o ambiente, o clima, a maneira de viver e os hábitos alimentares, de modo que estes deveriam ser considerados ao se analisar as doenças. 
Em textos de Hipócrates...
Os gregos (sec. VII a V a.C) cultuavam duas deusas: Higieia, a Saúde, e Panacea, a Cura.
Higieia: a deusa da razão, o seu culto valoriza as práticas higiênicas.
Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado - uma crença basicamente mágica ou religiosa.
A cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de métodos naturais, e não apenas por procedimentos ritualísticos.
“Quem quiser prosseguir no estudo da ciência da medicina deve considerar os efeitos das estações do ano, dos ventos, das águas, do solo e da exposição ao sol, além do modo de vida dos habitantes, seus costumes alimentares e suas atividades”.
“A doença chamada sagrada não é, em minha opinião, mais divina ou mais sagrada que qualquer outra doença; tem uma causa natural e sua origem supostamente divina reflete a ignorância humana”. 
Idade média
Na Idade Média europeia, a influência da religião cristã manteve a concepção da doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé. O cuidado de doentes estava entregue a ordens religiosas, que administravam inclusive o hospital, instituição que o cristianismo desenvolveu muito, não como um lugar de cura mas de abrigo e de conforto para os doentes. 
A prática médica para pobres era feita por curandeiros e religiosos, como caridade. 
renascimento
Entre os séculos XVI e XVIII foram se desenvolvendo métodos e técnicas para produção do conhecimento sistematizado, de tecnologias e de práticas sociais.
Clínica 
Saberes da saúde-doença, as causas, os sintomas, a evolução das doenças e suas terapêuticas
Estatística
Quantificar a ocorrência das doenças, analisar os riscos de adoecimento
Medicina social
Processos, determinantes e condicionantes sociais, além da relação do modo de viver, do trabalho e dos hábitos de vida com a saúde e o adoecimento da população
Louis pasteur (1822-1895)
“Pai da bacteriologia”
Químico, só se inseriu no mundo da microbiologia quando estudou o processo de fermentação de vinhos, identificando as leveduras. Pelo processo de aquecimento, eliminava-se microrganismos (pasteurização).
Posteriormente passou a estudar doenças em humanos, sendo responsável pela Teoria dos Germes
Era microbiológica e o reconhecimento dos microrganismos como causadores específicos e necessários para o desenvolvimento de algumas doenças
EXISTÊNCIA DA ASSIMETRIA MOLECULAR 
PRIMEIRO ESTEREOQUÍMICO 
FERMENTAÇÃO
PASTEURIZAÇÃO
GERAÇÃO ESPONTÂNEA 
ANAERÓBIOS 
INDÚSTRIA DA SEDA FRANCESA 
VACINAS CRIADAS PARA RAIVA E ANTHRAX 
PREVENÇÃO DE DOENÇAS 
UM DOS PAIS DA TEORIA DO GERME DA DOENÇA 
Robert koch
John graunt
(1620-1674) “contador de doenças”
Membro da The Royal Society of London for Improving Natural Knowledge (hoje: Royal Society)
1662: estudou tabelas mortuárias de Londres (produzidas desde 1592 – padrões de nascimento e morte), considerado o pai da demografia.
Foi o primeiro estatístico a fazer observações entre sexos e mostrou que nasciam mais homens que mulheres e que por cada 100 pessoas nascidas, 36 morriam até os 6 anos e 7 sobreviviam até aos 70 anos.
Pierre louis (1787-1872)
Médico francês reconhecido por seus estudos sobre tuberculose, febre tifoide e pneumonia
Sua maior contribuição para a medicina foi o desenvolvimento do “método numérico”, precursor da epidemiologia e dos ensaios clínicos.
	O método numérico envolvia o uso de médias dos grupos de pacientes com uma doença para determinar o que deveria ser feito com casos individuais dessa doença. ex.: Sangria
Alguns dos discípulos de Louis iniciam o movimento da Medicina Social na França
Razoável interação: clínica X estatística
Pierre-Charles-Alexandre Louis 
Selecionou 77 casos de pneumonia com características clínicas semelhantes e fez um estudo estatístico correlacionando a evolução da pneumonia com o tratamento feito por sangrias. 
William farr (1807-1883)
Identificou vieses, riscos, taxas etc.
Estudou em Paris com Pierre Louis
Classificação de doenças, descrição das leis da epidemia (início rápido, elevação lenta até ápice e depois queda) e, principalmente, criação de indicadores de saúde como Taxa de Mortalidade Padronizada.
Estudou o impacto das condições e do ambiente de trabalho na morbidade e na mortalidade em mineiros em diferentes regiões da Inglaterra, quantificando o excesso de morte, fundamento hoje do importante parâmetro de medida denominado de risco relativo.
século XIX
Villermé (1782-1863)
		- Pobreza e vícios causam doenças
		- Morte condicionada sobretudo pelo nível de renda
Chadwick (1800-1890)
		- Sujeira e imoralidade causam doenças e pobreza
		- Controle do ambiente: água limpa, saneamento, lixo
Engels (1820-1895)
		- Capitalismo e a exploração de classe produzem pobreza, doença e morte
		- Revolução Social
 						
século XIX
Virchow (1821-1902)
A ciência médica é intrínseca e essencialmente uma ciência social.
As condições econômicas e sociais exercem um efeito importante sobre a saúde e a doença e tais relações devem submeter-se à pesquisa científica.
O termo “saúde pública” expressa seu caráter político e sua prática deve conduzir necessariamente à intervenção na vida política e social para identificar e eliminar os obstáculos que prejudicam a saúde da população. 
Democracia ampla e ilimitada. Medicina Social
John snow (1813-1858) 
Médico e Anestesista, considerado por muitos o “pai da epidemiologia moderna”;
1849: Investigação da epidemia de cólera em Londres;
Sobre a Maneira de Transmissão do Cólera = Clássico da “epidemiologia de campo”.
Identificação Vibrio cholerae, por Robert Koch, em 1883
https://www.youtube.com/watch?v=2d17r1QTguw
MORTALIDADE POR CÓLERA EM LONDRES, SEGUNDO A COMPANHIA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA, 1854
Godis, 2017; p.15Cenário brasileiro
Otho Wucherer
(1820-1873)
Oswaldo Cruz (1872-1917)
Carlos Chagas (1878-1934)
Emilio Ribas (1862-1925)
Otho Wucherer (1820-1873)
Médico alemão radicado na Bahia. Principal estudioso da filariose
e tubérculose na Bahia (1868)
Autor	das	primeiras	pesquisas	que	relacionaram	a	zoologia,	a clínica e a terapêutica dos acidentes por cobras no Brasil
Emilio Ribas (1862-1925)
Importante combatente da f. amarela em SP. 1909: observações epidemiológicas sobre a febre tifoide;
Criou instituto Butantan;
Sofreu forte oposição dos que acreditavam que a doença era transmitida por contágio entre pessoas e para provar que esta tese estava errada, deixou-se picar pelo inseto contaminado, junto com os colegas Adolfo Lutz e Oscar Moreira. Foi a partir da contaminação de Ribas que Oswaldo Cruz empreendeu a eliminação dos focos de mosquito no Rio de Janeiro.
Oswaldo Cruz (1872-1917)
Campanhas de febre amarela, combate à peste e varíola, Doença de Chagas
Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Federal no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz
(Oswaldo Cruz – O Médico do Brasil - https://www.youtube.com/watch?v=E04TQ1NxWJM)
Carlos Chagas (1878-1934) – médico sanitarista, cientista...
Destacou-se ao descobrir o protozoário Trypanosoma cruzi (cujo nome foi uma homenagem ao seu amigo Osvaldo Cruz) e a tripanossomíase americana, conhecida como Doença de Chagas.
Descreveu completamente a Doença de Chagas: o patógeno, o vetor, os
hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia.
métodos epidemiológicos na investigação da saúde
Quais são os principais fatos e estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento da Epidemiologia, da antiguidade ao século XX?
Qual é a metodologia utilizada pela epidemiologia para definir onde, quando e sobre quem ocorre determinada doença?
Quais são as vantagens e limitações dos estudos de coorte e dos estudos experimentais?
Como e quando utilizar estes métodos epidemiológicos na investigação da saúde?

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