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DIREITO DE GREVE-convertido

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DIREITO DE GREVE
SÃO PAULO, SP 2020
O QUE É GREVE?
A greve é uma suspensão coletiva da prestação de serviços ao empregador por tempo parcial ou total, com o objetivo de exercer a defesa e/ou conquista de interesses coletivos dos trabalhadores.
O art. 9º da CRFB assegurou o direito de greve, cabendo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo ou não, e sobre os interesses que devam por meio dele defender. No plano Constitucional, foi estabelecido que caberá à lei definir os serviços ou atividades essenciais, dispor sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim como as penalidades decorrentes dos abusos cometidos pelos responsáveis.
O direito de greve foi regulado pela medida provisória nº 50 de 1989, que não foi convertida em lei, e posteriormente pela medida provisória nº 59, essa define as atividades essenciais e regulamenta o atendimento das necessidades da sociedade.
· Conceito de greve
Originalmente, a greve é considerada um fato social, no entanto, para o direito, a greve possui conotação própria.
Seu conceito jurídico pode ser entendido como a paralisação combinada do trabalho para o fim de postular uma pretensão perante o empregador, não é greve, ensinam os juristas, a paralisação de um só trabalhador, de modo que a sua caracterização pressupõe um grupo que tem um interesse comum.
O art. 2º da Lei 7783/89, considera legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Assim, cabe aos empregados decidir sobre a oportunidade de exercer a greve e sobre os interesses que devem postular.
· Natureza Jurídica
Embora não seja unânime na doutrina brasileira a natureza jurídica da greve, prevalece o entendimento de que a mesma constitui um direito coletivo.
Ou seja, greve é um direito fundamental de caráter coletivo que decorre da autonomia privada coletiva própria às sociedades democráticas.
· Na Legislação
· Lei do direito de greve – 7783/89;
· Art. 9º, CRFB.
· Tipos e Finalidades
A greve tem como finalidade principal a busca de melhores condições de trabalho, ou seja, serve como um meio de pressionar o empregador para ceder em pontos específicos que são objeto de conflito.
· Classificação: Greve licita e ilícita.
· Quanto a sua extensão: Global (onde pode atingir um grande número de empresas) e Parcial (onde o número de empresas atingido é pequeno ou apenas alguns determinado setores).
TIPOS DE GREVE:
· Greve branca
Greve Branca é aquela em que os obreiros assumem os postos de trabalho, porém não trabalham.
· Operação padrão
é aquela em que os obreiros assumem os postos de trabalho, porém não trabalham.
· Greve de advertência
A fim de alertar o empregador de que um movimento maior poderá ocorrer, interrompe o funcionamento da empresa por algumas horas, retornando em seguida.
· Greve tartaruga
Também conhecida como greve de rendimento, é a redução do trabalho ou da produção sem, que haja a suspenção coletiva do trabalho. O trabalho é executado de forma demasiadamente lenta.
· Greve de rodízio
Também conhecida como greve rotativa, consiste na paralisação que primeiramente afeta um setor da empresa e é realizada em cadeia, afetando o sincronismo no trabalho, e é praticada por grupos alternados.
· Greve intermitente
São greves intermitentes as que paralisam todo um setor coordenadamente por alguns minutos tornando sem seguida assim fazendo com que o fluxo de atividades seja interrompido.
· Greve de braços cruzados
Consista na permanência dos empregados nas dependências da empresa, porém, sem executar nenhuma tarefa.
· Greve de ocupação
Os funcionários entram na empresa como se fossem trabalhar e não saem mais, nem mesmo após o expediente.
PIQUETES
É comum o uso de piquetes, que são bloqueios utilizados pelos grevistas a fim de impedir a entrada dos funcionários nas empresas e ou convence-los a aderir a greve.
· O funcionário público e a Greve
o direito de greve do funcionário público, conforme contemplado no art.37, VII, da CRFB, exige a edição de ato normativo que integre sua eficácia. No entanto, até o momento, não se verifica atuação legislativa que dê concreção ao comando positivado no texto constitucional. Diante da mora legislativa costumaz, o Supremo Tribunal Federal consolidou, nos mandados de injunção 670, 708 e 712, entendimento no sentido de ser aplicável a Lei de Greve (lei 7.783/89).
· Lockout
O lockout ocorre quando o empregador impede que os seus empregados, total ou parcialmente, adentrem nos recintos do estabelecimento empresarial para laborar. O objetivo do empregador é desestabilizar emocionalmente seus empregados para que desistam de pleitear maiores salários, etc, pois, em regra, no período do lockout aquele não paga a remuneração de seus funcionários, causando temor entre estes. Além disso, o obreiro receia perder seu emprego.
Lockouts são organizados não somente por cartéis em busca de vantagens econômicas estritas, como para extrair concessões de governos, mas muitas vezes em busca de objetivos políticos mais gerais. Diversas vezes as classes proprietárias de países, ou setores dessas, organizaram boicotes em escala nacional da infraestrutura e da produção para desestabilizar governos contrários aos seus interesses. Com isso, causam caos interno, severos problemas de abastecimento de gêneros imprescindíveis como alimentos e combustíveis (ou papel higiênico, no recente caso venezuelano), paralisam a circulação e criam crises econômicas artificiais. Esta arma foi utilizada inúmeras vezes, das quais talvez especialmente emblemático seja o caso do Chile de Allende (1970-73), em que a burguesia chilena preparou com lockouts generalizados o terreno para o golpe sangrento de Pinochet.
A ocorrência do lockout é raríssima no Brasil, pois o direito brasileiro não admite a interrupção dos salários no caso citado, uma vez que o tempo que o operário estiver à disposição do empregador é considerado de serviço efetivo.
O art. 17, caput, e o parágrafo único da Lei nº 7.783, de 1989, proíbem expressamente o lockout da seguinte forma:
Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).
Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação.
· Quando ocorre
A greve ocorre quando um determinado grupo de trabalhadores ou um determinado setor, decidem pela paralisação temporária ou integral de suas atividades em busca de melhorias trabalhistas, por ex: melhores condições de trabalho, aumento de salário etc.
Para entrar em greve devem os empregados comunicar aos empregadores diretamente interessados, com 48 horas de antecedência, a paralisação. ainda no art. 6º, § 2º, da mesma Lei, as empresas não podem frustrar a divulgação do movimento, assim como, adotar meios que forcem o empregado a comparecer ao trabalho. É vedada a rescisão do contrato de trabalho durante a greve não abusiva, da mesma forma que contratar trabalhadores substitutos. Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação, do movimento (MARTINS, 2006).
A participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais durante o período ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do trabalho. É proibida a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, salvo para manter a prestação dos serviços essenciais, ou no caso do abuso do direito de greve.
· Caso prático
GREVE DOS CAMINHONEIROS: ENTENDA O MOVIMENTO QUE PAROU O BRASIL.
Quando anunciaram uma paralisação para o dia 21 de maio, pouca gente acreditariaque somente dez dias depois os caminhoneiros começariam a desmobilizar um evento que pararia o País. A greve causou uma crise sem precedentes no abastecimento do Brasil, levando o governo a criar, às pressas, um pacotão de medidas para a categoria. Abaixo, relembre a a cronologia dessa greve e entenda os motivos da manifestação.
O que motivou a greve?
Desde que a Petrobrás iniciou sua nova política de preços para os combustíveis, em 3 de julho do ano passado, até o primeiro dia da greve dos caminhoneiros, o óleo diesel teve alta de 56,5% na refinaria, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O valor passou de R$ 1,5006 para R$ 2,3488 (sem contar os impostos). O aumento acompanhou a cotação do petróleo no mercado internacional, exatamente a intenção da estatal. Mas, para os caminhoneiros, essa elevação dos preços encareceu os custos da atividade. Na segunda-feira, dia 21 de maio, eles iniciaram protestos que paralisaram rodovias no País, culminando com o desabastecimento de produtos e de combustível nas cidades.
O que os caminhoneiros reivindicavam?
A principal reivindicação dos caminhoneiros era a redução da carga tributária sobre o diesel. Os motoristas pediram a zeragem da alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Os impostos representavam quase a metade do valor do combustível na refinaria. Segundo eles, a carga tributária menor daria fôlego ao setor, já que o diesel representa 42% do custo do frete.
Quais foram as reivindicações atendidas pelo governo?
O governo anunciou uma redução de R$ 0,46 no preço do óleo diesel, provenientes da zeragem da Cide sobre o combustível e de uma diminuição da alíquota de PIS/Cofins. Além disso, se comprometeu a publicar uma tabela que regulamentava preços mínimos para o preço do frete. Sua primeira versão foi contestada por produtores rurais e pela indústria, que alegavam que a cobrança do frete iria inviabilizar o setor produtivo. Foi elaborada uma segunda versão, que reduzia em média 20% dos valores mínimos dos fretes. Poucas horas após ser publicada e com críticas de diversos setores, o governo revogou a tabela. Foi só pouco antes do recesso parlamentar e com forte pressão dos caminhoneiros que o Congresso aprovou a tabela de preços mínimos para o transporte rodoviário. Houve também a isenção da cobrança de eixo suspenso de caminhões vazios em pedágios, em todo território nacional e a garantia de que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) contrate 30% de seus fretes com caminhoneiros autônomos.
Qual é o impacto fiscal das medidas?
Sem espaço para aumentar impostos, o governo cortou incentivos para setores da indústria para bancar os R$ 13,5 bilhões da chamada “bolsa caminhoneiro”, destinados aos subsídios ao diesel. Desse total, R$ 4 bilhões virão com o aumento da arrecadação gerado pelo fim de programas de incentivos às empresas. Os R$ 9,5 bilhões restantes serão pagos com reservas financeiras do governo e corte de verbas para várias áreas, inclusive saúde, educação, moradia e saneamento básico. O governo também cancelou despesas de 40 obras em rodovias, além de patrulhamento. Os setores que tiveram benefícios cortados para o custeio da 'bolsa caminhoneiro', como a indústria de bebidas, pressiona o Congresso para ver seus subsídios retomados.
Qual foi o impacto da greve dos caminhoneiros na economia?
Segundo a coordenadora do boletim de macroeconomia do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas, Silvia Matos, o impacto da greve dos caminhoneiros será de cerca de R$ 15 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Segundo ela, isso representa um recuo de 0,2% na previsão de crescimento do PIB. Entretanto, projeções preliminares de diversos segmentos da economia consultados pelo Estado apontam para perdas de mais de R$ 75 bilhões.
Qual foi o total de multas aplicadas pelo governo?
Junto com a Medida Provisória que permite o estabelecimento de preços mínimos para os fretes rodoviários, os parlamentares incluíram um trecho que prevê a anistia das multas aplicadas durante a greve. Apesar de concordar em anistiar as multas rodoviárias que foram aplicadas durante a paralisação, o governo quer analisar às multas judiciais que envolvem suspeita de locaute na greve dos caminhoneiros individualmente.
O locaute se configura quando um grupo de empresas "trava" a economia como um todo para obter vantagens para seu setor de atividade. Durante a greve, foram aplicadas multas às empresas de transporte por supostamente incentivar os caminhoneiros a realizarem bloqueios em estradas. Mais de R$ 715 milhões já foram aplicados em multas com base em uma liminar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,perguntas-e-respostas-sobre-a- greve-dos-caminhoneiros,70002319904

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