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TEMA 75 – DA APREENSÃO – DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR INTRODUÇÃO MEDIDAS PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS Medida preventiva e assecuratória poder ser definida como uma providência cautelar que visa garantir o provimento de um pedido, antecipando provisoriamente possíveis consequências do processo principal. Como medida cautelar que são, as medidas preventivas e assecuratórias são condicionadas, para sua concessão, à constatação do fumus boni juris e do periculum in mora, sem os quais não será possível a satisfação pela autoridade judiciária do pleiteado pelo interessado. O fumus boni juris consiste na probabilidade de resultado favorável do processo principal para aquele que vier a ser beneficiado com a medida cautelar e o periculum in mora se traduz na indispensabilidade da medida sob pena, de uma vez não deferida, poderá causar prejuízo irreparável. Existe uma sensível diferença na disciplina dessas medidas no CPPM em relação ao CPP. No CPPM estão previstas no Títulos XIII, e podem recair sobre coisas ou pessoas, somente sobre as coisas ou somente sobre as pessoas. Nas medidas que recaem sobre coisas e pessoas, temos a busca pessoal ou domiciliar, a apreensão e a restituição. Dentre aquelas que recaem apenas sobre as coisas, temos o sequestro, a hipoteca legal e o arresto. Finalmente, recaem sobre as pessoas as prisões provisórias, a saber, a prisão em flagrante delito e a prisão preventiva. Há ainda no Título em foco a previsão comparecimento espontâneo, da menagem, da liberdade provisória e da aplicação provisória da medida de segurança. No CPP a disciplina ganhou disposição diversa. Sob o Título VI, o Código de Processo Penal comum traz as questões e processos incidentes, compondo-se pelas questões prejudiciais, pelas exceções, pelas incompatibilidades e impedimentos, pelo conflito de jurisdição, pela restituição de coisas apreendidas, pelas medidas assecuratórias, pelos incidentes de falsidade e pelo incidente de insanidade mental do acusado. As prisões provisórias, note-se, não compõem as medidas assecuratórias, mas um Título à parte, o Título IX. Deve-se notar que as questões prejudicais no CPPM estão em Título apartado, o Título XI, e possui capítulo único a disciplinar a matéria, seguido pelo Título XII, que trata de exceções e dos incidentes de insanidade mental do acusado e da falsidade de documento. Embora exista divergência de classificação dos institutos entre o CPPM e o CPP, isto não interfere em sua compreensão. BUSCAS Buscar algo, como o próprio termo indica, é descobrir, conseguir; enfim, num sentido processual, materializar nos autos pessoas ou objetos que são imprescindíveis ao encontro da verdade material, objetivada no curso processual, coma sua consequente apreensão e registro. Constitui- se, portanto, em uma “diligência destinada a encontrar-se a pessoa ou coisa que se procura e a apreensão é a medida a que ela segue. Embora haja doutrinadores que entendam ser a busca um meio de prova, o CPPM não a enumerou entre os atos probatórios, donde se conclui ser ela em verdade, uma medida acautelatória liminar e coercitiva que visa evitar o perecimento da prova a ser produzida. Sua execução poder dar-se anteriormente à instauração de procedimento de polícia judiciária ou processo-crime, quando se tem conhecimento de uma infração e, por exemplo, a autoridade de polícia judiciária comparece ao local em que há a perpetração de um delito em flagrante. Também pode ocorrer no curso do inquérito policial militar, por provocação de seu encarregado e, por que não, do próprio acusado, que poderá, por exemplo, peticionar ao juízo corregedor, presumindo que o feito ainda não tenha sido distribuído, requerendo a busca e apreensão de objeto que prove sua inocência, Da mesma forma, a busca poderá ser executada na fase de instrução do processo ou mesmo na execução da sentença, como no exemplo da busca necessária para verificar o procedimento do liberado condicional no caso de revogação, nos termos do art. 145 da Lei n. 7.210 de 11 de julho de 184 (Lei de Execução Penal). A busca pode recair, nos termos do art. 170 do CPPM, sobre domicílio ou sobre pessoas. a) Domiciliar: A busca domiciliar está prevista nos arts. 171 e seguintes do CPPM e consiste na procura material portas adentro da casa, isso independentemente do consentimento do seu morador. O termo “casa”, por previsão dos arts. 173 e 174 do CPPM, compreende qualquer compartimento habitado, aposento de habitação coletiva, como o quarto de hotel, compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade, e não compreende hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto abertas ( salvo se ocupado), taverna, boate, casa de jogo e outras do mesmo gênero, a habitação usada para a prática de infrações penais. Ao tratar da busca domiciliar e depois mencionar a compreensão do termo “casa”, a lei processual penal militar, nesse ponto, equipara os termos “domicílio” e “casa”. O conceito de casa nos termos da Constituição Federal, possui a concepção mais abrangente possível, e dispõe que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastrem ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. A expressão “durante o dia” gera grande discussão acerca de sua compreensão, já que não há definição constitucional ou legal para essa interpretação. Também não unanimidade na doutrina e na jurisprudência em um critério cronológico e em um outro astrofísico. Para José Afonso da Silva, dia é o período das 6:00 horas da manhã às 18:00, ou seja, “sol alto, isto é, das seis às dezoito”. Para Celso de Mello, deve ser levado em conta o critério físico-astronômico, como o intervalo de tempo situado entre a aurora e o crepúsculo. É o mesmo entendimento do Guilherme de Souza Nucci, ao afirmar que noite é o período que vai do anoitecer ao alvorecer, pouco importando o horário, bastando que o sol se ponha e depois se levante no horizonte. Para Cícero Robson Coimbra Neves, mais adequada a adoção do critério físico-astronômico; ou seja, que a busca domiciliar deve ser iniciada no período que medeie a aurora e o crepúsculo. Ressalta-se que uma vez iniciada a busca nesse período, como o crepúsculo não estará obrigada a autoridade a cessá-la, devendo continuar a diligência até seu termo. No que concerne à concessão do mandando, apenas há a possibilidade por magistrado, afastando outras possibilidades, como as comissões parlamentares de inquérito, firmando-se o princípio da reserva de jurisdição. Embora o artigo 176 do Código de Processo Penal Militar prever a possibilidade de autoridade policial militar determinar a busca domiciliar, tal possibilidade restringe-se à situação de flagrante delito, visto que a busca precedida de mandado judicial, como já mencionado, está atrelada ao princípio da reserva de jurisdição. Por lei, a busca domiciliar somente pode ser executada quando fundadas razões a autorizarem, e com o escopo de prender criminosos, apreender coisas diretamente obtidas por meios criminosos – quando houver ligação indireta ao ilícito penal militar – ou guardadas ilicitamente, apreender instrumentos de falsificação ou contrafação, apreender armas e munições e instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso, descobrir objetos necessários à prova da infração ou à defesa do acusado, apreender correspondência destinada ao acusado ou em seu poder, quando haja fundada suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato, apreender pessoas vítima de crime, colher elementos de convicção. Embora haja um rol expresso para se definir a finalidade da busca domiciliar, há a previsão genérica de sua realização para colher elementosde convicção, podendo-se dizer que qualquer prova pode ser obtida por meio da busca, desde que não vedada em Direito. O mandado de busca, deve ele indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do seu morador ou proprietário, ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que sofrerá ou os sinais que a identifiquem. Deve ainda mencionar o motivo e os fins da diligência, ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. O artigo 177 do CPPM prevê a dispensa do mandado quando a busca for realizada pela própria autoridade judiciária ou pela autoridade que presidir o inquérito, todavia por força do princípio da reserva da jurisdição não se aplica a dispensa ao encarregado do IPM. Ainda, não se pode admitir um mandado de busca decorrente de um pedido genérico ou coletivo, todavia é possível excepcionar essa regra diante de casos em que há um extremado comprometimento da ordem público, conseguindo assim a expedição de mandados de busca genéricos ou coletivos. O CPPM também ´revê o procedimento para a busca domiciliar, devendo o executor, quando o morador estiver presente, ler-lhe o mandado, ou, se for o próprio autor da ordem, identificar-se e dizer o que pretende. Em seguida, convidará o morador a franquear a entrada, sob pena de a forçar se não for atendido. Uma vez dentro da casa, se estiver à procura de pessoas ou coisa, convidará o morador a apresentá-la ou exibi-la e, se não for atendido ou se tratar de pessoa ou coisa incerta, procederá à busca. Caso o morador, ou qualquer outra pessoa, recalcitrar ou criar obstáculo, usará da força necessária para vencer a resistência ou remover o empecilho e arrombará, se necessário, quaisquer móveis ou compartimentos em que, presumivelmente, possam estar as coisas ou pessoas procuradas. Caso o morador esteja ausente, tentará localizá-lo para lhe dar ciência da diligência e aguardará a sua chegada, se puder ser imediata. Não sendo encontrado o morador ou não comparecendo com a necessária presteza, convidará pessoa capaz, maior de 18 anos, que identificará para que conste do respectivo auto, a fim de testemunhar a diligência. Em seguida, entrará na casa, arrombando-a, se necessário, procedendo à busca; rompendo, se preciso, todos os obstáculos em móveis ou compartimentos onde, presumivelmente, posam estar coisas ou pessoas procuradas. Nas situações em que a casa esteja desabitada, tentará localizar o proprietário, procedendo da mesma forma como no caso de ausência do morador. Em todas as situações, o rompimento e obstáculos deve ser feito com o menor dano possível a coisa ou compartimento passível da busca, providenciando-se, sempre que possível, a intervenção de serralheiro ou outro profissional habilitado, quando se tratar de remover ou desmontar fechadura, ferrolho, peça de segredo ou qualquer outro aparelhamento que impeça a finalidade da diligência. Também como medida a ser tomada em todos os casos, os livros, documentos, papéis e objetos que não tenham sido apreendidos devem ser repostos nos seus lugares. Em casa habitada a busca deve ser feita de modo que não moleste os morados mais do que o indispensável ao bom êxito da diligência. No curso do processo, comando o artigo 184 que a busca seja executada por oficial de justiça e no curso do inquérito policial militar, por militar oficial. Caso essa norma não seja observada, no entanto, estaremos diante de uma prova ilegítima, e não ilícita, não maculando a ação penal. Preliminarmente, para compreender a questão, tenha-se em mente que as provas ilegais, na teoria geral das provas, podem ser ilícitas ou ilegítimas. Caso a prova viole “norma de direito processual, será considerada processualmente ilegítima; violando norma ou princípio de direito material, notadamente os contidos na Constituição Federal para a proteção das liberdades públicas, a prova será considerada ilícita”. Nos termos do inciso LVI do art. 5º da Lei Maior, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, ficando fora dessa compreensão as provas ilegítimas. Existe também uma previsão no CPPM de um poder de requisição da autoridade militar sobre a autoridade civil, definindo que a autoridade militar poderá requisitar da autoridade da polícia civil a realização da busca. Esse dispositivo é aplicável com restrições. Em primeiro plano, caso a autoridade militar seja uma autoridade polícia judiciária militar, deverá ela própria representar ao Poder Judiciário para obtenção do mandado de busca. Embora a lei referir-se à faculdade de a autoridade militar poder requisitar a realização de busca da autoridade policial civil, deve ser entendido esse termo como solicitar, naqueles casos em que for necessário. b) Pessoal: A busca pessoal consiste na procura material feita nas vestes, pastas, malas e outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando necessário, no próprio corpo. Sua forma de execução se dá por revista na pessoa, estendendo-se também ao carro, desde que não se configure em residência da pessoa, como no caso de trailers motor-home, ao armário de alojamento ou funcional em empresas e quartéis. A revista pessoal deverá ser procedida sempre que houver fundada suspeita de alguém oculte consigo instrumento ou produtor do crime, elementos de prova. Frise-se que a legalidade da revista de armário tem sido reconhecida na jurisprudência. Nunca é demais lembrar que não se deve “confundir” o instrumento do crime com seu produto. O primeiro é o objeto empregado na prática do delito, como a arma utilizada no homicídio, a chave falsa usada para furtar o automóvel e o avião empregado no transporte da droga. Já o produto do crime é a coisa obtida direta ou indiretamente com a casa comprada com o dinheiro do narcotráfico. Neste último caso, também é chamado pela maioria da doutrina de proveito do crime, que é o ganho, o lucro ou o benefício obtido pelo agente pela utilização econômica do produto direto do crime. Para outra parte da doutrina, o produto do crime pode ser direto, que é o resultado imediato da operação criminosa, ou indireto, que é o proveito obtido do produto direto do crime, ou seja, os bens, direitos e valores adquiridos com o seu emprego, que nada mais são que o proveito do crime. Assim, há mera divergência semântica entre as duas correntes doutrinárias. A revista depende também de mandado judicial, sendo, contudo, dispensável esse instrumento, nos termos do artigo 182 do CPPM, quando ela for feita no ato da captura de pessoa que deve ser presa, como no caso da prisão em flagrante delito ou do cumprimento de mandado de prisão ou de busca de pessoa com consequente prisão. Também independerá de mandado a revista pessoal executada no curso da busca domiciliar, quando houver fundada suspeita de que alguém oculte instrumentos ou produto de um crime, quando houver fundada suspeita de que o revistando traz consigo objetos ou papéis que constituam corpo de delito e quando feita na presença da autoridade judiciária. O artigo também dispensa o mandado quando a busca for feita na presença do presidente do inquérito, devendo-se aqui dar a mesma interpretação da busca domiciliar em face do princípio da reserva da jurisdição, restringindo-se a possibilidade de dispensa de mandado (sem fundada suspeita) quando realizada apenas na presença da autoridade judiciária. A busca pessoal em mulher deverá ser feita por outra mulher, se não importar em retardamento ou prejuízo da diligência. Assim, objetivando resguardar o pudor, a busca deve ser preferencialmente executada por outra mulher e, somente como exceção, nos casos previstos, um homem poderá executá-la. Também no caso da busca pessoal, no curso do processo, ela deve ser executada por oficial da justiça, e no curso do IPM, por militar oficial. DA APREENSÃO Apreensãoé “a medida que se sucede à busca. Uma vez procurada e encontrada a pessoa ou coisa, proceder-se-á à apreensão, isto é, a pessoa ou coisa será “pegada”, “segurada”, “apreendida”, já que a apreensão é o objeto da busca”. Bem verdade que pode haver apreensão sem busca; isso ocorre quando a autoridade recebe o objeto sem encetar diligência, por exemplo, no caso de ser ele entregue pelo acusado ou pelo próprio ofendido, ocasião em que será lavrado o auto próprio para registrar a apreensão. Assim por previsão do art. 185 do CPPM, toda vez que o executor da busca domiciliar ou pessoal, encontrar as pessoas ou coisas procuradas, deverá apreendê-las. Em relação a apreensão de correspondência já aberta, embora haja divergência doutrinária, os tribunais superiores têm admitido. Contudo o parágrafo 2º do artigo 185 dispõe não ser permitida a apreensão de documento em poder do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito, marcando a excepcionalidade da medida, ainda mais quando no interior do escritório de advocacia. A apreensão pode ser procedida no território de outra jurisdição, mas isso comente quando houver seguimento de pessoa ou coisa, devendo o executor, ao entrar no território de jurisdição diversa, apresentar-se à respectiva autoridade civil ou militar, podendo essa apresentação ser feita após a diligência, se a urgência desta não permitir solução de continuidade. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes, devendo-se lavrar o respectivo termo de apreensão. Um ponto muito discutido acerca da apreensão é a possibilidade ou não de apreensão de objeto diverso daquele discriminado no mandado ou até mesmo sem relação com o ilícito apurado, ainda que configurador, em tese, de ilícito penal por si só. Para o doutrinar Cícero Robson Coimbra Neves, uma vez concedido o mandado de busca domiciliar, por exemplo, qualquer objeto que tenha relação com o delito apurado, ainda que não expressamente discriminado no mandado, pode ser apreendido pelo executor, inclusive, a correspondência. No que concerte a objetos não relacionados ao delito, no entanto, a conclusão não é tão pacífica. Doutrinadores renomados defendem ser impossível a apreensão de coisa não relacionada ao crime apurado, ainda no que no curso da busca domiciliar por autorização judicial. Todavia Cícero Robson Coimbra Neves, DISCORDA desse entendimento, segundo ele, primeiro deve-se separar o encontro casual de objeto que caracterize, somente pela posse, flagrante delito, dos demais casos. Em segundo lugar, porque nem sempre o encontro casual de objeto se dá em situações normais de tranquilidade em que a preservação do local possa ser feita até a expedição do mandado judicial específico para aquela apreensão. Iniciando pela prisão em flagrante, seria absurdo, na busca de objeto obtido pela prática de concussão, um aparelho de televisão, por exemplo, encontrar durante a busca domiciliar uma arma de fogo com numeração suprimida e não poder dar voz de prisão em flagrante ao seu possuidor. Nesse exemplo, obviamente, a autoridade de polícia judiciária militar que executa a busca deve dar a voz de prisão, conduzindo o preso à autoridade de polícia judiciária comum, com atribuição para lavrar o registro. Ocorre que nem sempre a flagrância é clara, cabendo então ao executor da busca avaliar a situação e verificar se é possível preservar o local e pleitear, a tempo, a expedição de novo mandado. Não sendo isso possível, dada a urgência, poderá apreender o objeto, por aplicação do princípio da proporcionalidade, adotando as medidas decorrentes, ou seja, instauração de inquérito policial militar se o novo fato se tratar de crime militar; ou encaminhar o caso à Polícia Federal ou à Polícia Civil. A segunda parte do caput do artigo 185 do CPPM determina a apreensão de armas ou objetos pertencentes às Forças Armadas ou de uso exclusivo de militares, quando estejam em posse indevida, ou seja, incerta a sua propriedade, não atrelando tal mandamento à necessária prática de ilícito. Ainda que polêmica a previsão, não há óbice para a apreensão do material, nas condições enumeradas. Assim, por exemplo, não há problema na apreensão de uma metralhadora pertencente às Forças Armadas, mesmo por isso, por si só, poderá configurar o delito previsto no Estatuto do Desarmamento. Quanto aos demais objetos, que não sejam armas, por exemplo, um goniômetro-bússola usado no passado para levantamento fotográfico na Artilharia, poderá muito bem ser apreendido no curso da busca domiciliar, pois a posse, em princípio, é indevida. Após a diligência, deve ser lavrado auto circunstanciado da busca e apreensão, assinado por duas testemunhas, com declaração do lugar, dia e hora em que se realizou, com citação das pessoas que a sofreram e das que nelas tomaram parte ou assistiram, com as respectivas identidades, bem como de todos os incidentes ocorridos durante a sua execução. Constarão do auto, ou dele farão parte em anexo devidamente rubricado pelo executor da diligência, a relação e descrição das coisas apreendidas, com a especificação, se máquinas, veículos, instrumentos ou armas, da sua marca e tipo e, se possível, de sua origem, número e data da fabricação. Em caso de livros, o respectivo título e o nome do autor. Por fim, se documentos, a sua natureza. Não macula a ação penal, embora deva ser evitado, o fato de as testemunhas que figurem no auto de busca serem militares que tenham presenciado e até participado da busca. Nesse sentido é o entendimento do STF.
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