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A História do Pensamento Cristão

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A História do Pensamento Cristão - 13
A História do Pensamento Cristão
Marcelo Ferreira
Introdução:
Paul Tillich é considerado por muitos como aquele que moldou decisivamente o desenvolvimento da teologia contemporânea, relacionando a mensagem do Evangelho com as disciplinas da nossa cultura e da história da cultura. Além disso, muitos o consideram como o teólogo protestante mais capaz dos nossos dias.
As suas aulas sobre a história do pensamento cristão aparecem num momento em que a compreensão histórica tornou-se uma das tarefas primordiais e imediatas na reflexão teológica. A compreensão do presente e o desafio para o futuro só podem ser entendidos dentro da perspectiva da investigação histórica do cristianismo. A tarefa de Tillich em dissertar sobre a beleza do desenvolvimento do pensamento cristão através dos séculos é de suma importância para a teologia contemporânea, sua obra constitui-se num importante legado ao cristianismo de hoje.
Muitas das nossas confissões são o produto da experiência intelectual exercitada pelos cristãos durante os séculos. Esse importante legado foi abordado por Tillich desde o segundo século da era cristã até o desenvolvimento da teologia protestante, em seu livro "História do Pensamento Cristão". 
A preparação para o Cristianismo
A vinda de Jesus Cristo a este mundo segundo o apóstolo Paulo, aconteceu em um momento especial e favorável ao nascimento e crescimento do Cristianismo. Paulo faz referência ao Kairós para descrever esse período favorável à vinda de Jesus Cristo. Os gregos faziam diferença entre o "Chronos" (tempo do relógio) e o "Kairós" (tempo qualitativo e certo). Paulo e a igreja primitiva procuraram mostrar que o "Kairós" havia chegado e que o cristianismo havia chegado e constituía-se na revelação final.
O universalismo do Império Romano significava o desmoronamento das religiões e culturas nacionais e concebia a humanidade como um todo. Essa idéia de universalismo foi absorvida pela Igreja Romana que recebeu influência do cristianismo, mas também do Império Romano.
A Filosofia Helênica influenciou pensamento do Império Romano e também da Igreja. Muitas correntes de filósofos desenvolveram-se nesse período, dentre elas os céticos que influenciarão futuramente os monges cristãos com o seu pensamento sobre a resignação do juízo em todos os aspectos.
O platonismo com suas idéias de transcendência, do telos da existência humana, da queda da alma da eterna participação no mundo essencial ou espiritual, a idéia de providência e o pensamento aristotélico de que o divino é forma sem matéria e perfeito em si mesmo influenciaram o pensamento cristão.
O estoicismo era o principal rival do cristianismo no campo das idéias, principalmente com relação à doutrina do logos, que para o primeiro considerava-o como ser divino presente na realidade. Três aspectos desse pensamento estóico serão importantes no desenvolvimento doutrinário: a lei da natureza, lei moral e a capacidade humana de reconhecer a realidade (razão teórica). O ecletismo também foi absorvido pelo cristianismo com as seguintes idéias: providência, Deus, liberdade moral e responsabilidade e imortalidade. 
O período intertestamentário foi responsável pelo desenvolvimento do pensamento de Jesus, os apóstolos e dos escritores do Novo Testamento. As principais idéias desenvolvidas nesse período foram: a concepção da existência de um mundo espiritual (os anjos e demônios), a figura do Messias como Filho do Homem, Sabedoria de Deus e sua presença entre nós na terra (Shekinah) e a elevação do futuro à condição de aeon vindouro. Além disso, a piedade da lei tornou-se muito mais importante do que a piedade do culto que foi atacado por Jesus, pois isso acabou tornando-se legalismo. 
As religiões de mistério também influenciaram a teologia cristã primitiva com as seguintes idéias: a idéia do êxtase como fator de união com o único absoluto Deus e a participação através da tristeza pela morte e ressurreição do seu deus e conseqüente ressurreição.
Apesar de todos esses fatores terem servido como preparação ao advento do cristianismo, a documentação neotestamentária foi decisiva, pois todos esses elementos foram recebidos e transformados. O Novo Testamento valeu-se de todos os conceitos anteriores e preservou a pessoa de Jesus através dessas categorias, pois há nele um poder espiritual.
O desenvolvimento teológico na Igreja Antiga
Os pais apostólicos podem ser identificados como aqueles que seguiram uma linha de certo conformismo cristão, tendo em vista que as grandes visões do primeiro século, ficando um conjunto de idéias responsáveis por esse conformismo que possibilitou o trabalho missionário.
Tendo em vista que as necessidades educacionais tiveram o papel de preservar o que foi dado, a igreja encontrou o que era necessário para a sua vida. Dentre as normas e autoridades reconhecidas encontram-se nesse período o Antigo Testamento, um conjunto de doutrinas éticas e dogmáticas, a cristologia, o batismo, o reconhecimento do bispo como representante do Espírito na vida da congregação, o monoteísmo e a ênfase no Deus todo poderoso.
Clemente ressalta que nesse período o principal interesse religioso era falar teologicamente de Cristo como de Deus. Por sua vez o problema cristológico faz parte do problema soteriológico. A obra de Cristo é dupla: gnósis (conhecimento), em primeiro lugar e zoé (vida), em seguida. 
Inácio entendia que a Ceia do Senhor era o remédio contra a morte, demonstrando que os pais apostólicos não acreditavam na imortalidade da alma.
Com o movimento apologético, temos o nascimento de uma teologia cristã mais elaborada. As razões para a necessidade de uma apologética cristã surgiram das seguintes acusações: a ameaça do cristianismo ao império romano, pois se pensava que o primeiro subvertia a estrutura do segundo (acusação política) e o cristianismo era uma mistura de superstição misturada com fragmentos filosóficos (acusação filosófica).
Sem dúvida nenhuma, o maior acusador era Celsus que atacava a ressurreição e Jesus e denunciava a contradição interna nos escritores cristão quanto à descida de Deus e ao mesmo tempo acentuavam a sua imutabilidade. No entanto, a crítica mais profunda de Celsus era que os poderes demoníacos conquistados por Cristo, estavam bem vivos governando o mundo.
A resposta dos apologistas a esses questionamentos foi em nível filosófico, baseado em três características: a existência de uma base comum de idéias mutuamente compreensíveis, a vulnerabilidade do paganismo e mostrar que o cristianismo era o cumprimento das expectativas e desejos do paganismo. Dentre esses apologistas, Justino Mártir foi um dos mais importantes apologistas, ensinando que a filosofia cristã era universal e continha a verdade total sobre o significado da existência.
A identificação do Logos em Cristo, afirmava que até as pessoas menos educadas podiam receber a verdade existencial plena, colocando o cristianismo numa posição superior a todas as filosofias. 
O Logos é o princípio da automanifestação de Deus. É Deus manifesto em si mesmo, a si mesmo. Este Logos está em Jesus, o Cristo de maneira especial, sem essa identificação a salvação seria impossível. O Logos divino não é igual a Deus; é a automanifestação de Deus. Ele é Deus; mas não o Deus, muito embora permaneça na essência de Deus. O Logos divino habita em Deus. O Logos é o princípio das gerações de Deus. Segundo os apologistas, a encarnação não é a união do Espírito divino com o homem Jesus; é o Logos que realmente se faz homem.
Apesar das ameaças externas promovidas por filósofos e imperadores, a ameaça interna produzida pelo gnosticismo foi um perigo bem maior. O gnosticismo representava um vasto movimento religioso espalhado pela época, constituindo um sincretismo, ou seja, uma mistura de todas as tradições religiosas da época. Esses elementos eram a destruição das religiões nacionais por meio das conquistas de Alexandre e de Roma, a interpretação filosófica da mitologia, a renovação das antigas tradições de mistérioe o reavivamento de elementos psíquicos e mágicos.
Os gnósticos se opunham à tradição pública das igrejas cristãs, rejeitavam o Antigo Testamento por não se harmonizar com suas doutrinas fundamentais e aceitavam uma versão mutilada do Novo Testamento. Marcião era um dos que compunham esse grupo, aceitando as dez cartas principais de Paulo e o evangelho de Lucas, sendo talvez pelo fato de que as mesmas não contradiziam as idéias básicas do gnosticismo. Além disso, distinguia o Deus do Antigo Testamento do Deus do Novo Testamento, rejeitando o primeiro para aceitar o outro. O marcionismo é considerado uma forma de paulinismo radical que volta e meia esta presente na história da igreja.
Para os gnósticos, o mundo criado é mau: foi criado por um deus mau reconhecido por eles no Deus do Antigo Testamento. Sendo assim, a salvação é obtida por meio de exercícios ascéticos, descaracterizando o conteúdo escatológico. O salvador está entre os poderes celestiais, chamados de "aeons" ou de "eternidades". O mais alto "aeon", desce à terra e toma a forma humana, sendo que esse corpo é semelhante ao humano, mas não se torna carne. A salvação era concedida pelo conhecimento concedido através do salvador. O ascetismo tinha uma forte influência nesse movimento. 
Os pais antignósticos, para defender-se das idéias do gnosticismo, partiram da doutrina do Logos. O catolicismo primitivo começa a dar sinais de desenvolvimento, principalmente com teólogos como Irineu e Tertuliano que utilizaram a doutrina do Logos para construir idéias teológicas relacionadas com os movimentos religiosos da época. Irineu foi o mais importante dos pais antignósticos, para ela a doutrina paulina relevante era a do Espírito Santo. Tertuliano entendia o primado da fé e o paradoxo do cristianismo, aceitando a filosofia estóica e com ela a idéia de que a alma era naturalmente cristã. O terceiro teólogo antignóstico era Hipólito que manteve inúmeras polêmicas contra o movimento gnóstico por meio de suas obras exegéticas e de seus escritos sobre a história da igreja.
O combate com o gnosticismo fez surgir a necessidade do estabelecimento do cânon. Os elementos determinantes para o estabelecimento do cânon foram: a Bíblia, a tradição apostólica, a regra de fé, o credo batismal seguido da figura do bispo como possuidores do dom da verdade.
Isso acabou resultando na reação do Espírito, comandada por Montanus que tinha duas idéias fundamentais: o Espírito e o fim. No entanto, a igreja cristã excluiu o montanismo de seu seio que resultou nas seguintes perdas: o cânon venceu a possibilidade de novas revelações, a hierarquia tradicional triunfou contra o espírito profético, a escatologia perdeu grande parte da importância visível na era apostólica e a rígida disciplina montanista foi substituída pela frouxidão dos costumes.
Para combater a concepção dualista promovida pelo gnosticismo, Irineu afirmava a unicidade de Deus, pois para ele a lei, o evangelho, a criação e a salvação procedem de Deus. 
Este Deus é trias, trindade. Interpretando Gênesis 1.26, Irineu entendia que todos os homens possuem a imagem natural de Deus, capaz de se relacionar com ele, e a semelhança que tem como marca a vida eterna.
A história da salvação foi descrita em três ou quatro alianças (criação, perda da inocência, o restabelecimento da lei por Cristo e a quarta, descrita por Tertuliano é a aliança com o Paracleto).
Tertuliano criou uma fórmula fundamental para expressar a trindade e a cristologia: a linguagem jurídica. Palavras como Trindade e Economia fazem parte da fraseologia de Tertuliano. Além disso, elaborou fórmulas básicas para expressar a cristologia, como a doutrina das duas naturezas na pessoa de Cristo.
Segundo Irineu, o poder salvador é o Espírito divino que habita na igreja e renova seus membros trazendo-os das coisas velhas para a novidade em Cristo. Concebe o processo da salvação em termos de regeneração mística para a imortalidade. Tertuliano, no entanto, entende que o conteúdo da vida cristã se resume numa disciplina de tipo totalizante, admitindo o processo educacional orientado pela lei, reduzindo a vida eterna à realidade da obediência. Essas idéias de participação mística de Irineu e sujeição da lei de Tertuliano são os dois lados do catolicismo primitivo.
O batismo nessa época era o sacramento mais importante, tendo dois sentidos: a lavagem dos pecados e a recepção do Espírito divino. A prática do batismo obedecia a três características: A imposição das mãos e óleo sagrado como sinal de recepção do Espírito, a rejeição ao diabo e seus anjos, a unidade do perdão e da regeneração. Os pais antignósticos afirmavam que o Espírito se unia à água como nos mistérios gnósticos (isso forneceu a base para o batismo das crianças).
Além do batismo, a Ceia do Senhor era considerada por Irineu uma mediação física da imortalidade, sendo que nela o cristão se unia com elementos celestiais e divinos. Essas idéias formaram as bases para a criação da Igreja Romana.
Durante o período neotestamentário, a filosofia estava cheia de atitudes religiosas e essa acabava por se tornar uma grande rival da fé cristã. O neoplatonismo expressava as aspirações do mundo por uma nova religião e para enfrentar o desafio dessa corrente filosófica, os teólogos alexandrinos levantaram-se e utilizaram-se dos seus conceitos para expressar o cristianismo. O sistema neoplatônico desenvolveu em Alexandria, lá havia dois grandes mestres cristãos pertencentes a uma grande escola catequética: Clemente, que utilizava a doutrina radical do Logos e Orígenes que tinha na antiga "regra de fé" a sua estrutura sistemática para o seu pensamento e as Escrituras como fundamento para os conteúdos.
Orígenes tinha nas Escrituras a autoridade básica e distinguia três diferentes sentidos na Bíblia: Sentido somático, literal ou filológico; sentido psíquico ou moral e sentido pneumático ou espiritual. Essa idéia surgiu para tornar aplicável à situação do intérprete o texto absolutamente autorizado. Para Orígenes havia duas classes de cristãos: os simples, que aceitam a autoridade da mensagem bíblica e os ensinamentos da igreja sem os entender completamente e os que recebem o carisma da gnósis, a graça do conhecimento.
Orígenes entendia que tudo começa com a aceitação da autoridade; em seguida vem a compreensão racional da mensagem bíblica.
O sistema de Orígenes começa com a doutrina de Deus que possui seu Logos em quem reúne todas as coisas. A fórmula homoousios to patri (da mesma substância do Pai) aparece pela primeira vez. No entanto, Orígenes tem dois pontos conflitantes em sua doutrina: a doutrina do Salvador e o esquema de emanações.
A parte mais difícil do pensamento de Orígenes é a sua cristologia. Para ele o Logos se une à alma de Jesus. Entendia que Jesus precisava oferecer seu corpo em sacrifício a Satanás como forma de pagamento para libertação das criaturas, no entanto, foi traído não conseguindo manter Jesus na prisão da morte, porque Jesus era puro e não se submetia ao domínio do poder de Satanás.
A segunda vinda de Cristo para Orígenes é o aparecimento espiritual de Cristo nas almas das pessoas piedosas. A punição do pecado é o inferno, um estado temporário destinado à purgação das almas. Essa espiritualização da escatologia foi um das razões pelas quais Orígenes foi considerado herege na igreja cristã, apesar de ter sido o maior teólogo de sua época.
A reação à doutrina do Logos deu origem ao Monarquismo Dinâmico e Modalista. A cristologia adopcionista dizia que Jesus é adotado pelo Logos ou Espírito, mas não é Deus. Nessa linha de pensamento destaca-se Paulo de Samosata que afirmava que o Logos e o Espírito eram qualidades divinas e não pessoas, dando ênfase na natureza humana de Cristo que fora elevado à esfera divina. O modalismo significa que Deus aparece em modos diferentes e de diversas maneiras.
Sabélio foi o maior representante do monarquismo modalista afirmando que o mesmo Deus está essencialmente no Pai, no Filho e no Espírito Santo e que as diferenças são apenas de faces,de aparências, ou de manifestações.
Além da idéia do Monarquismo, surgiu a controvérsia trinitária, fruto do confronto entre os direitistas que defendiam a alta cristologia e os esquerdistas que viam uma hierarquia na trindade.
A primeira controvérsia que envolveu o imperador, pensando em buscar a unidade da Igreja em seu Império, foi o Arianismo. Ário era presbítero de Alexandria e afirmava que O Logos, o Cristo pré-existente era mera criatura. Para restabelecer a ordem foi realizado o Concílio de Nicéia em 325 d.C. que condenou o arianismo.
Esse concílio teve importância para a história geral e da Igreja pelos seguintes motivos: superava-se a mais séria das heresias cristãs, contentou a Roma e ao Ocidente mais que ao Oriente, foi declarado que o "Filho é consubstancial com o Pai", negou-se que Cristo era uma mera criatura, as declarações foram feitas em termos filosóficos e não-bíblicos, as declarações da igreja passaram a ser a decisão da maioria dos bispos e a igreja transformara-se numa igreja estatal. O principal defensor das decisões de Nicéia foi Atanásio, no que foi apoiado por Marcelo.
Os três teólogos capadócios foram: Basílio Magno que lutou contra qualquer tendência de transformar o Cristo num semideus ou num semi-homem; Gregório de Nissa que se mantinha na tradição teológica de Orígenes e seguia seus métodos científicos e Gregório de Nazianzo que criou a fórmula definitiva da doutrina da trindade.
A teologia antioquena tinha as seguintes características: interesse em filologia e procura pela exata interpretação pessoa histórica de Cristo, tendência racionalista e interesse por uma ética acentuadamente personalista. Já a Teologia Alexandrina encontrava os seguintes pressupostos: a lenda de Maria, alta valorização da virgindade e das tendências ascéticas, o vácuo espiritual na vida religiosa e a cristologia com noções de transformação.
Os pensadores do Ocidente que merecem destaque nesse momento são Tertuliano e Cipriano. Tertuliano identificou a sexualidade com o vício original, achava que o Espírito era uma espécie de substância tênue, como era também considerado na filosofia estóica e acreditava que o caminho para a recepção dessa graça substancial de Deus passava pela ascese, ou seja, a autonegação da própria realidade vital.
Cipriano, bispo da África do Norte, exerceu notável influência na doutrina da Igreja. Ensinava que o Espírito é quem decide sobre quem pertence e quem não pertence à igreja e que os bispos são os "espirituais" que possuem o Espírito, estabelecendo aí a idéia da sucessão apostólica. As idéias de Cipriano sobre a Igreja estão por detrás dos seguintes problemas: Não há salvação fora da igreja, ela está edificada sobre o episcopado, a unidade dela depende da unidade do episcopado e o bispo é o sacerdote, ou seja, ele sacrifica os elementos da Ceia do Senhor, repetindo o sacrifício do Gólgota.
O Ocidente desenvolveu as seguintes idéias: relações legalistas entre Deus e os homens, a idéia de pecado original, ênfase na humanidade histórica de Jesus acerca de sua humildade e não de sua glória e o desenvolvimento da idéia de igreja.
Agostinho de Hipona foi o maior representante do Ocidente, vivendo entre os anos 354 e 430, sua mãe era uma cristã piedosa e seu pai era pagão. Descobriu o problema da verdade ao ter lido o livro Hortensius, pertenceu ao maniqueísmo, caiu no ceticismo por ocasião de sua desilusão com o maniqueísmo, experimentou o neoplatonismo como forma de libertação do ceticismo, recebeu ajuda da autoridade da igreja, foi impactado com a ascese cristã dos monges e santos e por fim teve a influência do pensamento aristotélico.
Na tradição agostinista, a fonte de toda a filosofia da religião é a consciência imediata da presença de Deus na alma. O amor, segundo Agostinho, é o poder unificador dos elementos místicos e éticos em sua idéia de Deus. Entendia que a função mais importante no homem era a vontade, mostrada na memória e no intelecto e que possui a qualidade do amor, isto é, o desejo de reunião.
Para Agostinho, as crianças não batizadas não são condenadas ao inferno, mas vão para o limbus infantium, onde são excluídas da bem-aventurança eterna e do amor divino.
A filosofia da história de Agostinho baseia-se, como em geral qualquer filosofia da história, num dualismo ontológico. Negava tanto o chiliasmismo ou o milenarismo. Cristo governa a igreja já, agora; estes são os mil anos.
Agostinho foi um dos grandes protagonistas de um conflito contra Pelágio que afirmava que o homem não poderia superar a finidade essencial ao participa no alimento divino. Agostinho saiu-se vitorioso desse conflito e Pelágio foi considerado herege.
Agostinho dizia que o homem perdeu a possibilidade de se voltar para o bem supremo por causa de sua pecaminosidade universal. A graça é dada por Deus a certo número de pessoas que não pode ser aumentado nem diminuído; essas pessoas pertencem a Deus eternamente. O resto da humanidade é abandonado à condenação que merece. Não há qualquer razão no homem para a predestinação de alguns ou para a rejeição de outros. A razão está apenas em Deus; é um mistério. A justificação, portanto, é inspiração de amor. A fé é o meio para recebe-la. Os predestinados não podem recair.
Recebem o dom da perseverança que lhes impede de perder a graça uma vez recebida.
Agostinho dizia que a santidade da igreja identificava-se com os dons sacramentais, especialmente com o poder sacramental do clero. A santidade pessoal deu lugar a santidade institucional. 
O mundo medieval
A Idade Média têm como problema básico, a realidade transcendental, manifesta e materializada numa instituição particular, numa sociedade sagrada específica, dirigindo a cultura e interpretando a natureza. Esse período pode ser dividido nos seguintes períodos:
Transição (600 a 1000) - Marcado pelo papado de Gregório Magno, em quem ainda vivia a tradição antiga e com quem a Idade Média realmente começa.
Primeira Idade Média (1000 a 1200) - Período criativo e profundo representado pela arte romanesca.
Alta Idade Média (1200 a 1300) - Desenvolvimento dos sistemas escolásticos, da arte gótica e da vida feudal.
Idade Média posterior (1300 a 1450) - Desintegração. 
As atitudes teológicas dessa época foram o escolasticismo (explicação metodológica da doutrina cristã), o misticismo (introdução da experiência pessoal na vida religiosa) e o biblicismo (uso da Bíblia para fundamentar o cristianismo prático entre os leigos). 
No escolasticismo Guilherme de Ockham e Duns Escoto, entendiam que a razão não se prestava para interpretar a autoridade nem a tradição viva, nem mesmo para expressá-las. As feições tomadas pelos escolasticismo foram: a dialética (Abelardo) X a tradição (Bernardo de Claraval), o agostinismo (representado pelos franciscanos) X o aristotelismo (representado pelos dominicanos), o tomismo (Tomás de Aquino) X escotismo (Duns Escoto) e o Nominalismo X realismo. 
O panteísmo estava relacionado com o realismo medieval das seguintes maneiras: 1) por meio da filosofia de Averroes -- a mente universal que produz a cultura, é uma realidade na qual a mente individual participa. 2) O panteísmo aparece no misticismo germânico como Meister Eckhart -- dissolução dos aspectos concretos da piedade medieval, preparando o caminho para a filosofia da Renascença.
Durante o período medieval destacaram-se as seguintes forças: A hierarquia, o sectarismo (crítica feita à igreja por causa da distância entre o que dizia e o que fazia) e as superstições populares do dia-a-dia.
A Igreja Medieval era a instituição mais poderosa da época, entrando em conflito com vários reis e nobres. Isso provocou a oposição de muitos deles, fruto advindo dos três segmentos: o baixo clero, os papas e as massas proletárias anti feudais. O caso mais famoso se deu entre Gregório VII e Henrique IV.
Com relação aos sacramentos eram, o elemento mais importante da história medieval, do ponto de vista religioso. Sacramento é um sinal visível, sensível, instituído por Deus para ser um remédio no qual sobformas materiais o poder de Deus age de maneira oculta.
Durante o século XII, dois personagens importantes se destacaram: Anselmo da Cantuária e Abelardo de Paris. A base do trabalho teológico de Anselmo era a mesma de todos os escolásticos, a afirmação de que toda a verdade estava, direta ou indiretamente, presente nas Santas Escrituras e na sua interpretação pelos pais. É conhecido pela aplicação de seus princípios à doutrina da expiação expressa da seguinte maneira: a honra de Deus foi violada pelo pecado humano; há duas possibilidades de reação divina (punição ou satisfação); o homem é incapaz de oferecer essa satisfação, porque, só pode fazer o que está a seu alcance e não mais; o homem por ter pecado deve dar satisfação; a satisfação do Deus-homem só foi possível por meio de seus sofrimentos e o sacrifício foi infinito. 
Abelardo de Paris representa o lado subjetivo que leva em consideração a vida pessoal, enquanto realidade subjetiva e não mero desejo vago. Essa subjetividade transparece nos seguintes pontos: a) o entusiasmo com o pensamento dialético, descobrindo afirmações e negações em todas as coisas. b) o pensamento jurídico. c) a devoção à intensa reflexão. d) o sentimento. Abelardo demonstra subjetivismo em todas as suas doutrinas éticas e teológicas. 
Na cristologia, Abelardo dava importância à atividade humana de Cristo, negando de modo radical que Cristo fosse um deus transformado, o Logos, ou o mais sublime ser divino. Considerava decisiva a atividade pessoal de Cristo e não a sua origem ontológica em Deus. A creditava que a cruz de Cristo é o amor de Deus que se torna visível, produzindo, por sua vez, o nosso amor. 
Bernardo de Claraval foi o mais eminente representante do misticismo cristão. Para ele havia três passos no lado da experiência mística: consideração, contemplação e excessus que significaria o encontro do homem com a divindade.
Joaquim de Fiori exerceu enorme influência na Idade Moderna e desenvolveu uma filosofia da história alternativa à de Agostinho, que veio a servir de base para a maior parte dos movimentos revolucionários na Idade Média e nos tempos modernos. Desenvolveu a idéia dos mil anos de Cristo ainda no futuro, com três dispensações: de Adão a João Batista, do rei Uzias até o ano 1260 e de Benedito e de novo ate o ano 1260. Para Joaquim, havia uma verdade superior à da igreja que era a do Espírito.
O século treze é o mais importante da Idade Média e pode ser descrito teologicamente em três etapas representadas por três nomes: Boaventura, Tomás de Aquino e Duns Escoto. Os pressupostos que fizeram desse século o mais importante foram: as cruzadas (que proporcionaram o encontro do cristianismo com duas culturas altamente desenvolvidas, a judaica e a islâmica), o surgimento dos escritos genuínos e completos de Aristóteles (trazendo um sistema filosófico científico, superior ao da tradição agostiniana) e o surgimento de novas ordens religiosas (pregadores e mendicantes).
Dentre as ordens religiosas temos a franciscana (Francisco de Assis) e a dominicana (Domingos). Francisco deu continuidade a tradição monástica de Agostinho e Bernardo e inaugurou um novo relacionamento com a natureza. Além disso, ensinou que os leigos devem ser trazidos ao círculo do sagrado, fundando a "ordem terceira". Domingos tomou sobre si a tarefa de pregar ao povo e defender a fé, realizando essa tarefa por mediação, conversão ou perseguição, tornando-se essa ordem futuramente a da Inquisição e da Contra-Reforma.
A dinâmica da Idade Média foi determinada pelo conflito entre Agostinho e Aristóteles, representado respectivamente pelos franciscanos e dominicanos.
A importância de Aristóteles para a Idade Média ao ser descoberto no século treze, com a ajuda dos filósofos árabes foi: a lógica aristotélica sempre ser conhecida, mas utilizada como instrumento, sem exercer qualquer influência direta sobre a teologia; a sua contribuição com categorias filosóficas básicas, como forma e matéria, ato e potência e a teoria do conhecimento. 
Tomás de Aquino tinha uma filosofia da religião, baseada no abandono da presença imediata de Deus no ato do conhecimento.
Duns Escoto não era um mediador, mas um pensador radical e percebeu a enorme distância que existia entre o finito e o infinito. Como resultado temos dois positivismos em Duns Escoto: o religioso ou eclesiástico e o positivismo do método empírico.
Ockham foi o verdadeiro pai do nominalismo, acreditando que Deus não cabia no conhecimento autônomo; na verdade, estava fora do nosso alcance. Para ele, a revelação coloca-se ao lado da razão e, até mesmo em oposição a ela.
A idéia medieval de Deus tinha três níveis: Deus como primeiro ser, essa substância não pode ser entendida em termos de matéria inorgânica e sim com o intelecto e Deus é vontade.
As doutrinas de Tomás de Aquino que merecem destaque são: a doutrina da natureza e da graça, a realidade contendo dois níveis (natural e o sobrenatural) e a idéia de que a revelação não destrói a razão, mas a realiza. Tomás de Aquino organizou cinco argumentos para o conhecimento de Deus a partir do exterior: o argumento a partir do movimento, a idéia de que cada efeito tem sempre sua causa, mas cada causa é efeito de uma causa anterior, tudo no mundo é contingente, há propósitos na natureza e no homem e o argumento de Platão. O sistema ético de Tomás tem esses dois lados, o natural e o espiritual e pode ser encontrada na segunda seção da Suma Theologica. 
Guilherme de Ockham é o pai do nominalismo e o aplicou a Deus, passando este a ser considerado um indivíduo separado dos outros indivíduos.
Meister Eckhart foi o representante mais importante do misticismo germânico reunindo os conceitos escolásticos mais abstratos.
Os pré-reformadores têm na figura de João Wyclif o seu maior expoente, sendo o precursor da reforma inglesa e das idéias utilizadas pelos reformadores. No entanto, faltava a todos os pré-reformadores o princípio fundamental da Reforma - a ruptura de Lutero. Dependia de Agostinho, entendendo que a igreja é a congregação dos predestinados e a Bíblia é a lei básica da igreja.
Procurou revisar as doutrinas da igreja com o relacionamento estatal, entendo duas formas de dominação humana, ou governo, o natural ou evangélico, baseado na lei do amor; e o civil, produto do pecado, que emprega a força para obtenção de bens físicos e espirituais. A lei de Cristo é a lei do amor que se expressa em servir e sendo assim, tem que ser pobre; não pode controlar a economia nem a política. Considerava um abuso o enriquecimento do clero. 
A autoridade das Escrituras contra a tradição e contra a interpretação simbólica dos textos. A autoridade do papa como vigário de Cristo foi rechaçada por Wyclif. Atacou a transubstanciação e os demais dogmas que não tinham apoio das Escrituras.
De Trento ao século vinte
A igreja medieval sempre esteve aberta a todas as influências, assimilando tremendos contrastes. Esse espírito desapareceu na Contra-Reforma.
As principais decisões do Concílio de Trento: As Santas Escrituras e a Apócrifa do Antigo Testamento são igualmente Escrituras e têm a mesma autoridade; a Escritura e a Tradição estão no mesmo pé de igualdade; a Vulgata de São Jerônimo foi declarada como única tradução autorizada da Bíblia e somente a Santa Mãe Igreja interpreta a Bíblia.
Quanto à questão do pecado entendia-se que o pecado transformava o homem em algo pior do que era - deteriorado.
A justificação foi a linha divisória central entre os reformadores e a igreja católica romana, a fé não era suficiente para os romanistas.
Na questão dos sacramentos, não houve nenhuma tentativa de conciliar o pensamento reformado ao pensamento romano, pelo contrário os sete sacramentos foram confirmados, dentro da idéia que a igreja romana tinha sobre o sacramento, eles tem conteúdo salvífico. O Concílio de Trento não fez nenhuma reforma na prática da missa e nem elaborou fundamentação teológica convincente. O dogma da infabilidade papal foi confirmado declarando que o papa tem poder universal sobrequalquer outro poder na igreja, passando a ser o bispo universal e infalível nos pronunciamentos de fé.
Passado o Concílio de Trento, surgiram alguns movimentos que merecem certo destaque como o Jansenismo que se constituía num retorno ao agostianismo original e do probabilismo que considerava as opiniões oferecidas pelas autoridades da Igreja Romana em questões de ética prováveis.
Os reformadores protestantes
O monge agostiniano Martinho Lutero foi o responsável pelo rompimento com a Igreja Romana e pelo início do Movimento Reformado. A ruptura com a Igreja Romana se deu em face da não concordância com o sacramento da penitência de caráter subjetivo e o sacramento da Ceia do Senhor quanto à missa. No entanto, a questão da salvação pelas obras perturbava por demais Lutero. A venda de indulgências como alívio para o pecador, desprovida de arrependimento, foi a espinha dorsal nos questionamentos de Lutero, pois para Lutero o arrependimento está sempre presente em qualquer relacionamento humano com Deus.
A doutrina do Espírito de "estar em Cristo", a doutrina do "novo ser", veio a ser um dos pontos mais fracos da doutrina de Lutero.
Lutero atacou a moralidade dupla dos clérigos e negava a transubstanciação e defendeu a consubstanciação.
Erasmo de Roterdã e Lutero foram amigos no início, mas logo se separaram devido aos seguintes fatores: a falta de compromisso de Erasmo com o que Lutero considerava a preocupação suprema, o ceticismo de Erasmo na pesquisa, o radicalismo de Lutero tanto em questões políticas como em outras, a demonstração de uma atitude fortemente educativa por parte de Erasmo e também por Erasmo ter uma crítica racional sem qualquer agressividade revolucionária. A discussão entre Lutero e Erasmo acabou se concentrando na questão da doutrina da liberdade e da vontade, sendo que o segundo acreditava na liberdade humana e o primeiro não.
O conflito de Lutero com os evangélicos radicais consistia em que esses atacaram as seguintes doutrinas de Lutero: a doutrina da Escritura, segundo a qual Deus não falara no passado, mas também no presente através do Espírito por meio de indivíduos, nessa crítica destaca-se Thomas Münstzer. Os sacramentos perderiam o valor partindo dessa idéia e o ofício de ministro se tornaria desnecessário. A ênfase na presença do Espírito divino e não nos escritos bíblicos era uma característica desse movimento.
A teologia da Reforma difere da teologia dos movimentos evangélicos radicais em relação ao significado da cruz, que para os reformadores se constitui no evento objetivo da salvação e não na mera experiência pessoal da criatura humana. Em Lutero a revelação depende sempre da objetividade da revelação histórica registrada nas Escrituras, e não no mais profundo da alma humana. Lutero e toda a Reforma acentuaram o batismo infantil como símbolo da graça proveniente de Deus, significando que ela não depende de nossa reação subjetiva.
Lutero e os outros reformadores preocupavam-se com a maneira como as seitas se isolavam reivindicando ser a verdadeira igreja e seus membros os eleitos. A última diferença refere-se à escatologia da Reforma que levava os reformadores a negar a crítica revolucionária dirigida ao estado que encontramos nos movimentos sectários.
As doutrinas de Lutero eram: quanto ao princípio bíblico (A Bíblia era a palavra de Deus, interpretando-a em harmonia com a sua nova compreensão da relação do homem com Deus, sendo que ele fazia distinções entre os livros da Bíblia e levou o protestantismo a aceitar o tratamento histórico da literatura bíblica), quanto ao pecado e a fé (pecado é falta de fé e fé é receber Deus quando Deus se dá a nós, distinguindo da fé histórica), quanto a idéia de Deus (uma das mais importantes do pensamento humano e cristão, o encontro de Deus por meio de contrastes), quanto a Cristo (correlaciona o que Cristo é para nós com o que dizemos sobre ele, sendo Jesus Cristo o nosso Deus e Palavra de Deus, Deus estava presente em Cristo) e quanto a Igreja e o Estado ( igreja visível é a qualidade espiritual da igreja visível e igreja visível é a materialização empírica e sempre deformada da igreja espiritual, sendo que todos os cristãos são sacerdotes e tem potencialmente a tarefa da pregação da palavra e administração dos sacramentos).
Buldreich Zwinglio tinha uma doutrina do Espírito bastante desenvolvida em contraste com Lutero e para ele a autoridade das Escrituras baseava-se no apelo da Renascença. Para ele a lei nos mostra que somos pecadores. A lei do evangelho é igualmente lei e não é válida apenas para a situação moral, mas também para o Estado, na esfera política. Achava que o sacramento é "sinal seguro ou selo" que, como qualquer símbolo serve para nos despertar a memória; ao participar no sacramento expressamos nossa vontade de pertencer à igreja. A Ceia do Senhor era memória e confissão, mas não comunhão pessoal com alguém realmente presente.
João Calvino tinha na doutrina de Deus o centro de onde emanam todas as demais. Desenvolveu a curiosa teoria do simbolismo cristão e se opôs ao uso de quadros nas igrejas e a qualquer coisa que pudesse desviar a mente do Deus transcendente. Calvino procurou demonstrar que o sofrimento humano é (1) consequência natural do mundo pecaminoso e deformado; (2) modo de trazer os eleitos a Deus, e (3) modo de Deus demonstrar sua santidade ao punir o mundo deformado.
Para Calvino predestinação é providência relacionada com o fim último do homem. É a providência que conduz o homem pelos caminhos da vida até seu destino final.
A vida Cristã para Calvino é o ardente desejo e a decisão de se levar uma vida santa e pia, posto que o homem só começa a viver em Deus quando morre para si mesmo.
Com relação à doutrina da Igreja de Calvino, a mesma assemelha-se à Lutero. A função principal da igreja é educativa, ela tem a missão de levar as pessoas à igreja invisível, corpo dos predestinados, por meio da pregação e dos sacramentos. A disciplina começa com admoestação privada, desafio público e finalmente, à excomunhão. Com relação à Ceia do Senhor não queria que fosse apenas uma refeição comemorativa; queria a presença de Deus.
Calvino concedeu ao Estado muito mais funções do que Lutero e salvou o protestantismo de ser devastada pela Contra-Reforma.
A doutrina da autoridade das Escrituras, em Calvino, é importante porque incentivou o surgimento do biblicismo em todos os grupos protestantes. A Bíblia, para Calvino, era a lei da verdade. 
O desenvolvimento da teologia protestante
A ortodoxia surgiu logo após a Reforma, teve importância política, uma vez que era necessário definir o status da religião, na atmosfera política do período imediatamente depois da Reforma. 
Tornou-se imediatamente claro, que a teologia não pode ser ensinada sem o auxílio da filosofia, e que as categorias filosóficas devem ser utilizadas, conscientemente ou não, no ensino do que quer que seja. Johan Gerhard acreditava que a existência de Deus podia ser provada racionalmente.
A ortodoxia protestante desenvolveu dois princípios teológicos o formal (a Bíblia) e o material (a justificação). Sobre a Bíblia a ortodoxia mantinha três aspectos da autoridade da mesma: por meio de critérios externos, por meio de critérios internos e pelo testemunho do Espírito Santo. 
O Pietismo representou a reação do lado subjetivo da religião contra o lado objetivo. 
O socianismo é uma das fontes do iluminismo e tem esse nome devido a um movimento iniciado por Faustus Socinus e defendiam os seguintes pontos de vista: aceitação da autoridade da Bíblia, mas admitindo que poderia errar em matérias não essenciais; crítica ao dogma da trindade; Deus criara o mundo a partir do caos já existente, como pressupõem as religiões pagãs e também a própria filosofia grega; o pecado original não passa de conceito contraditório; negação do ofício sacerdotal de Cristo; doutrina da justificação dissolvida numa terminologia moralista e a interpretação da escatologia como um mito fantástico. 
Marcelo Ferreira é professor de História e faz Mestradoem Teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.

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