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Apostila Teologia Contemporanea

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Curso de Teologia Contemporânea 
 
Professor Pr. Josias Moura de Menezes 
 
Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
Email: josiasmoura@hotmail.com 
 
http://www.josiasmoura.wordpress.com/
mailto:josiasmoura@hotmail.com
Pag. 2 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
Índice da apostila 
Curso de Teologia Contemporânea.................................................................................................................... 1 
Parte 01: TEOLOGIAS PRÉ CONTEMPORÂNEAS ............................................................................................... 4 
1. Influências da teologia Contemporânea .................................................................................................. 4 
2. MÍSTICA E TOMÍSTICA ................................................................................................................................ 5 
3. A influência da reforma e contra reforma................................................................................................ 5 
4. A reação católica a reforma....................................................................................................................... 5 
5. Galileu e a inquisição ................................................................................................................................. 6 
6. A Bíblia foi a grande vítima de todos os confrontos entre a Igreja e as novas idéias ........................... 6 
7. A atuação nociva do liberalismo teológico neste período ...................................................................... 6 
8. O que é alta crítica? ................................................................................................................................... 7 
Parte 02: O LIBERALISMO TEOLOGICO .............................................................................................................. 8 
Parte 03: NOVO MODERNISMO ....................................................................................................................... 16 
9. Karl Barth - UM NOVO ORTODOXISMO? ................................................................................................ 16 
10. Emil Brunner - Cristo Absoluto ou relativo? ..................................................................................... 18 
Parte 04:NOVAS CORRENTES TEOLÓGICAS ..................................................................................................... 19 
11. A TEOLOGIA DO MITO ......................................................................................................................... 19 
12. A teologia da esperança ...................................................................................................................... 21 
13. JÜRGEN MOLTMANN – O FUNDADOR DA TEOLOGIA DA ESPERANÇA............................................ 23 
Parte 05: AS TEOLOGIAS SOCIAIS ..................................................................................................................... 24 
1. Na teologia social é ressaltado o conteúdo ético e social da Igreja. .................................................... 24 
2. É boa a aproximação entre teologia e ciências sociais? ........................................................................ 24 
3. Grandes nomes do evangelho social ...................................................................................................... 24 
4. O evangelho social na América do sul .................................................................................................... 25 
5. Em que momento o evangelho social ganha destaque......................................................................... 25 
6. Os três passos básicos da teologia da libertação de Leonardo Boff..................................................... 25 
7. O movimento do evangelho social teve o seu lado positivo: ............................................................... 25 
8. Nascimento da TDL no Brasil ................................................................................................................... 26 
9. Eventos que precederam o nascimento da TDL no Brasil ..................................................................... 26 
Pag. 3 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
10. Características da TDL ......................................................................................................................... 27 
11. Porque a teologia da libertação não produziu resultados tão positivos na américa latina? ......... 28 
Parte 06: Texto para debate: A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO - O CRISTIANISMO A FAVOR DOS EXCLUÍDOS
 ............................................................................................................................................................................ 29 
Parte 07: Texto para debate- A teologia social de Calvino............................................................................. 34 
1. Introdução ................................................................................................................................................ 34 
2. Genebra na Época de Calvino.................................................................................................................. 35 
3. O Governo de Genebra ............................................................................................................................ 35 
4. A Situação Social em Genebra................................................................................................................. 35 
5. As Mudanças Introduzidas por Farel em Genebra ................................................................................ 36 
6. As reações as mudanças trazidas por Farel ............................................................................................ 36 
7. É neste momento de mudanças que Calvino chega a Genebra ........................................................... 36 
8. O Ensino de Calvino.................................................................................................................................. 37 
9. A Responsabilidade Social da Igreja........................................................................................................ 39 
10. Conclusões ........................................................................................................................................... 45 
Parte 08: A teologia evolucionista ................................................................................................................... 46 
11. A TEOLOGIA EVOLUCIONISTA ............................................................................................................. 46 
12. O que foi publicado na revista isto é .................................................................................................. 47 
Parte 09: Teologia relacional- Um novo “deus” no mercado......................................................................... 47 
1. Introdução ................................................................................................................................................ 47 
2. Seus pontos principais podem ser resumidos desta forma: ................................................................. 48 
3. A teologia relacional traz um forte apelo a alguns evangélicos, pois diz que Deus está mais próximo 
de nós e se relaciona mais significativamente conosco do que tem sido apresentado pela teologia 
tradicional. ......................................................................................................................................................... 49 
Parte 10: A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE- UMA RESPOSTA À TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO? ..................... 51 
1. Introdução ................................................................................................................................................51 
2. A base doutrinária .................................................................................................................................... 52 
3. UMA TEOLOGIA DE RICOS PARA OS POBRES: O CASO DA IURD........................................................... 54 
4. A VISÃO BÍBLICA E TEOLÓGICA................................................................................................................ 60 
5. Considerações finais ................................................................................................................................ 64 
6. Informações sobre o professor ............................................................................................................... 64 
Pag. 4 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
Parte 01: TEOLOGIAS PRÉ CONTEMPORÂNEAS 
1. Influências da teologia Contemporânea 
A atual teologia contemporânea recebeu a influência de inúmeras manifestações 
teológicas e filosóficas do passado. 
Para uma melhor compreensão da Teologia Contemporânea é imprescindível 
conhecer as principais correntes ou tendências teológicas, desde os dias apostólicos 
que a influenciam: 
 A Teologia Bíblica: procura conhecer a Deus, seus atributos e sua vontade, 
através de uma reflexão a respeito dos temas presentes tanto no Antigo como 
no Novo Testamento, considerados como infalível Palavra de Deus 
 A Teologia Católica: por sua vez, que corresponde às teologias moral (orienta o 
comportamento humano em relação aos princípios religiosos), dogmática 
(estuda os elementos da fé, ou seja, as doutrinas), bíblica (estuda o caráter de 
Deus, seus atributos e sua vontade a nosso respeito, com base na Bíblia) e 
patrística (estuda a religião de acordo com a interpretação dos pais da Igreja, 
da tradição e do magistério); 
 A Teologia Protestante enfatiza o retorno às origens e à reinterpretação das 
Escrituras, tendo Cristo como única perspectiva. Seus temas principais são: 
somente a Escritura, somente Cristo, somente a fé, somente a graça; 
 A Teologia Natural ou Teodicéia, busca o conhecimento de Deus baseando-se 
na razão humana; 
 A Teologia Especulativa tem por fundamento o estudo sintético dos textos 
sagrados, apoiado nos conhecimentos filosóficos do homem. 
Nesta categoria pode ser classificada a teologia tomística, de Aquino. 
A Teologia Contemporânea origina-se diretamente do método 
especulativo, e desde a Reforma Protestante tem tomado várias 
direções, conforme as designações recebidas: Teologia modernista, 
teologia neomodernista, teologia da esperança, teologia do evangelho 
social, teologia do cristianismo sem religião, teologia da morte de Deus 
etc, conforme veremos no decorrer desse estudo; 
 A Teologia Mística fundamenta-se na experiência religiosa que permite ao 
iniciado supor-se imediatamente relacionado com a divindade, sendo sinais 
dessa união as visões, os êxtases, as profecias e os estigmas. 
Características da teologia mística: 
o A teologia mística não tem caráter reflexivo. 
o Não da prioridade ao uso da razão. 
o Evidência as experiências . 
Pag. 5 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
o Da maior importância a sentimentos, emoções, do que ao uso do 
intelecto. 
2. MÍSTICA E TOMÍSTICA 
A filosofia grega ameaçou toda a estrutura do Cristianismo, tentando helenizar as 
doutrinas apostólicas, ou seja, contextualizá-las à luz da cultura grega. 
As doutrinas passaram a ser examinadas a luz da razão e da lógica. 
A influência da teologia filosófica de Tomas de Aquino: 
Com Tomás de Aquino, no século XII, ressurge a teologia especulativa, mas com 
outras vestes. 
Esse famoso doutor do catolicismo procurou explicar racionalmente os dogmas 
cristãos, e acabou invertendo o princípio bíblico de que "pela fé entendemos", ao 
afirmar que o conhecimento conduz à fé. 
É o pai não apenas da teologia tomística, mas também da filosofia tomística, como já 
vimos. 
3. A influência da reforma e contra reforma 
Com o advento da Reforma Religiosa no século XVI, a tradição católica foi desafiada 
pelos reformadores. 
Os reformadores apegaram-se às Escrituras Sagradas e trouxeram à lume os grandes 
fundamentos da fé cristã, como: a autoridade suprema da Bíblia, a justificação pela fé, 
o verdadeiro significado dos sacramentos, o sacerdócio universal dos crentes, etc. 
As divisas protestantes tornaram-se célebres: Solus Cristus, Sola Scriptura, Sola fide, 
Sola gratia. 
4. A reação católica a reforma 
A Igreja Católica, ao ver-se ameaçada, organizou a sua contra reforma principalmente 
através da convocação do concilio de Trento, que se reuniu durante 18 anos, de 1545 a 
1563. 
O que acontece neste concílio? 
Nesse célebre concilio ficaram confirmados pela Igreja Católica todos os dogmas 
anteriormente aceitos. A tradição foi considerada de valor igual ao da Bíblia, e ainda 
juntaram-se ao cânon do Antigo Testamento os livros e aditamentos apócrifos. 
Pag. 6 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
5. Galileu e a inquisição 
Acusado de perjúria e heresia pelos clericalistas, o grande físico, já com 70 anos, foi 
citado a comparecer perante o Tribunal da Inquisição, em Roma. 
Na manhã do dia 22 de junho de 1633, ajoelhado ante seus inimigos, Galileu, para 
salvar a vida, abjura seus "erros e heresias" e "renega" todas as suas sensacionais 
descobertas. 
O decreto do Papa urbano VIII diante das novas descobertas científicas 
Foi nos dias de Galileu, quando mais se digladiavam teólogos que pretendiam ser 
cientistas e cientistas que pretendiam ser teólogos, que o papa Urbano VIII, pontífice 
de 1632 a 1644, assinou o seu infalível (!!!) decreto: 
"Em nome e pela autoridade de Jesus Cristo, cuja plenitude reside em Seu 
vigário, o Papa, declaramos que a afirmação de que a terra não é o centro do 
mundo e de que ela se desloca com um movimento diurno é coisa absurda, 
filosoficamente falsa; e errônea, quanto à fé". 
Constatamos uma clara incapacidade da teologia católica de acompanhar e explicar os 
inúmeros avanços científicos que estavam acontecendo naquele período. 
6. A Bíblia foi a grande vítima de todos os confrontos entre a Igreja e as 
novas idéias 
A posição medievalista da Igreja Católica nos primeiros séculos da Idade Moderna, em 
relação ao desenvolvimento da cultura, trouxe males sem conta a ela mesma, 
Porque à medida em que a ciência começou a provar os "absurdos" condenados pela 
religião, esta começou a ser contestada por eminentes escritores, secularistas e 
irreverentes, a cujos olhos o romanismo não passava de um mal social e um entrave ao 
progresso dos povos. 
7. A atuação nociva do liberalismo teológico neste período 
O que o liberalismo teológico não é? O liberalismo teológico não é uma religião ou 
uma organização ideológica possuidora de templos, funcionários ou sociedades. 
O que o liberalismo é? Ele é, simplesmente, uma tendência de ajustar o Cristianismo 
aos conceitos da *Alta Crítica da Bíblia, da ciência e das filosofias modernas. Esta 
tendência apresenta-se hoje sob diversos outros títulos, como modernismo, 
racionalismo, nova teologia, etc. 
Pag. 7 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
8. O que é alta crítica? 
Em exegese, Alta crítica é o nome dado aos estudos críticos da Bíblia. Sua abordagem 
trata a Bíblia como literatura, utilizando-se do aparato crítico normalmente aplicado a 
textos literários semelhantes. 
Caracteriza-se, de uma forma geral, por não partir do dogma da inerrância bíblica para 
efetuar suas análises. 
Em contraste com a Baixa crítica, seu foco está no estudo dos autores dos textos 
bíblicos, seu processo de formação editorial, sua transmissão histórica e o contexto de 
formação, denominado Sitz im Leben. 
Exemplo de atuação da alta Crítica 
Os fundamentos históricos dessa tendênciaremontam, de acordo com a maioria dos 
autores, ao ano de 1753, quando Jean Astruc (1684-1766), francês incrédulo e 
professor de medicina em Paris, publicou anonimamente, em Bruxelas, em francês, o 
livro Conjecturas Sobre as Memórias Originais que Parece Terem Sido Usadas por 
Moisés na Composição do Gênesis. 
Nesse livro Astruc, que foi médico do rei da Polônia e de Luís XV, da França, duvida da 
origem mosaica dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento e aventa a hipótese 
de existirem duas fontes literárias — Jeovista e Eloísta — partindo-se dos nomes 
usados para se referirem a Deus. 
Antes dessa data, muito raramente alguém ousava criticar assim a Palavra de Deus, 
lançando dúvidas sobre a sua historicidade tradicionalmente aceita. 
 
Os mesmos métodos de desintegração aplicados ao Antigo Testamento foram 
também aplicados, de maneira violenta, ao Novo, lançando descrédito sobre o seu 
valor histórico e resultando, em alguns casos, no completo desaparecimento da 
pessoa divina de Jesus Cristo, para instalar em seu lugar apenas um profeta 
destituído de todos os seus atributos sobrenaturais. 
O nascimento da teologia liberal 
Do emaranhado dessas teorias nasceu o movimento liberalista, hoje presente nas 
artes, na música, nos costumes sociais e, como vimos, na própria Teologia. É ele o 
principal responsável pelo relaxamento dos padrões éticos, em virtude da sua atitude 
irreverente em relação à Divindade e das dúvidas acerca da inspiração das Escrituras, 
que lança nos corações. 
Pag. 8 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
Sem a poderosa influência moralizadora da Palavra de Deus, os homens se 
embrutecem, como descreve o apóstolo Paulo no capítulo 2 da sua Carta aos 
Romanos. 
Em 1780, o hebraísta alemão Eichrodt aceitou a hipótese de Astruc e afirmou que os 
referidos documentos tinham características, estilos e expressões distintas um do 
outro. Igen, em 1798, também alemão, julgou ter descoberto, dentro do documento 
Eloísta do Gênesis, diversas características de estilo e expressões. Por isso foi ele 
considerado o descobridor do segundo documento Eloísta. 
Na Escócia, o padre católico romano, Alexander Gaddas, anunciou ter encontrado no 
Pentateuco diversos documentos (1798-1800). 
 
 
 
Parte 02: O LIBERALISMO TEOLOGICO 
I. NOMES PRINCIPAIS 
Vejamos agora alguns nomes implicados no liberalismo teológico, responsáveis pelos 
novos rumos tomados pelo protestantismo: 
A. Friedrich Schleiermacher (1768-1834) 
1. Teólogo e filósofo alemão, embora anti-racionalista, ensinou que não há religiões 
falsas e verdadeiras. Todas elas, com maior ou menor grau de eficiência, têm por 
objetivo ligar o homem finito com o Deus infinito, sendo o cristianismo a melhor delas. 
2. Ao harmonizar as concepções protestantes com as convicções de burguesia culta e 
liberal, Schleiermacher foi considerado radical pelos ortodoxos, e visionário pelos 
racionalistas. Na verdade, o seu pensamento filosófico-teológico, embora considerado 
liberal, está mais perto do transcendentalismo de Karl Barth. 
 
B. Johann David Michalis (1717-1791) 
1. Teólogo protestante alemão, foi o primeiro a abandonar o conceito da inspiração 
literal das Escrituras Sagradas. 
C. Adoff Von Harnack (1851-1930) 
Pag. 9 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
1. Teólogo protestante alemão, defende em sua obra principal História dos Dogmas: a 
evolução dos dogmas do cristianismo pela helenização progressiva da fé cristã 
primitiva. 
Em outra obra, A essência do cristianismo, reduziu a religião cristã a uma espécie de 
confiança em Deus, sem dogma algum e sem cristologia. 
D. Albrecht Ritschl (1822-1889) 
1. Ritschl ressaltou o conteúdo ético da teologia cristã e afirmou que esta deve basear-
se principalmente na apreciação da vida interior de Cristo. 
E. David Friedrich Strauss (1808-1874) 
1. Foi o teólogo alemão que maior influência exerceu no século XIX sobre os não-
teólogos e não-eclesiásticos. Tornou-se professor da Universidade de Tubingen com 
apenas 24 anos. Quatro anos mais tarde, em 1836, foi furiosamente afastado do cargo 
em virtude de sua obra, denominada Vida de Jesus, criticamente estudada. 
2. No ano de 1841 lançou, em dois volumes, sua Fé Crista - Seu Desenvolvimento 
Histórico e seu Conflito com a Ciência Moderna. Nesta obra está negando 
completamente a Bíblia, a Igreja e a Dogmática. 
Em 1864 publicou uma segunda Vida de Jesus, quando procurou então distinguir o 
Jesus histórico do Cristo ideal segundo a maneira típica dos liberais do século XIX. Em 
sua A Antiga e a Nova Fé, publicada em 1872, adota a evolução darwiniana em 
contraste com a fé bíblica. 
3. Para Strauss, Jesus é mero homem. Insiste em que é necessário escolher entre uma 
observação imparcial e o Cristo da fé. 
Ensinou que é preciso julgar o que os Evangelhos dizem de Jesus pela lei lógica, 
histórica e filosófica, que governa todos os eventos em todos os tempos. Não achou e 
não procurou um âmago histórico, mas interessou-se apenas em mostrar a presença e 
a origem do mito nos evangelhos. 
4. Seu conceito do mundo é o de matérias subindo para formas cada vez mais altas. 
À pergunta: "Como ordenamos nossas vidas?" - responde: autodeterminação, 
seguindo a espécie. 
5. Nas obras de Strauss não há lugar para o sobrenatural. Os milagres são mitos, 
contados para confirmar o papel necessário de Jesus, daí as referências ao Velho 
Testamento. Em resumo, Jesus é uma figura histórica. Da vida de Jesus nada sabemos, 
sendo tudo mito e lenda. 
6. Considerado o mais erudito entre os biógrafos infiéis de Jesus, Strauss encerra o 
último capítulo da sua segunda Vida de Jesus com estas palavras: "...aparentemente 
Pag. 10 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
aniquilaram a maior e mais importante parte daquilo que o cristão se acostumou a crer 
concernente a Jesus; desarraigaram todos os encorajamentos que ele tem tirado de 
sua fé e privaram-no de todas as suas consolações. Parece que se acham 
irremediavelmente solapados os inesgotáveis depósitos de verdade e vida que por 
dezoito séculos têm sido o alimento da humanidade; o mais sublime atirado ao pó, 
Deus despido de sua graça, o homem despojado de sua dignidade, e o laço entre o céu 
e a terra rompido. Recua a piedade em horror diante de um ato tão temeroso de 
profanação, e, forte como é na impregnável evidência própria de sua fé, ousadamente 
conclui que - não importa se um criticismo audaz tentar o que lhe aprouver tudo o que 
as Escrituras declaram e a Igreja crê acerca de Cristo subsistirá como verdade eterna; 
nem sequer um jota ou um til será removido." 
7. Philip Schaff comenta que Strauss professa admitir a verdade abstrata da 
cristologia ortodoxa, "a união do divino e humano , mas perverte-a, emprestando-lhe 
um sentido puramente intelectual, ou panteísta. Ele nega atributos e honras divinas à 
gloriosa Cabeça da raça, mas aplica os mesmos atributos a uma humanidade acéfala. 
Destarte, ele substitui, partindo de preconceitos panteístas, uma viva realidade por 
uma abstração metafísica; um fato histórico por uma mera noção; a vitória moral 
sobre o pecado e a morte por um mero passo na filosofia e em artes mecânicas; o 
culto do único vivo e verdadeiro Deus por um culto panteísta de heróis, ou própria 
adoração de uma raça decaída; o pão nutriente por uma pedra; o Evangelho de 
esperança e vida eterna por um evangelho de desespero e de final aniquilamento." 
F. Sorem Kierkegaard (1813-1855) 
1. Teólogo e filósofo dinamarquês. Filho de um homem rico torturado por dúvidas 
religiosas e sentimentos de culpa, Kierkegaard adquiriu complexos de natureza 
psicopatológica e possíveis deficiências somáticas. Estudou teologia na universidade de 
Copenhague, licenciando-se em 1841. 
2. Atacou a filosofia de Hegel e afastou-se mais e mais da IgrejaLuterana, por julgá-la 
muito pouco cristã. Para o teólogo dinamarquês, entre as atitudes (fases) estética, 
ética e religiosa da vida, não há mediação, como na dialética de Hegel, e não há entre 
elas transição, no sentido de evolução. Para chegar da fase estética à fase ética ou 
desta à religiosa é preciso dar um salto (ser iluminado, converter-se 
instantaneamente) que transforme inteiramente a vida da pessoa. 
3. Para Kierkegaard, só o cristianismo é capaz de vencer heroicamente o mundo, sendo 
o panteísmo cultural de Hegel impotente contra a consciência do pecado e contra o 
medo e temor. Criticou o hegelianismo em sua acomodação ao mundo profano, por 
não ser capaz de eliminar a angústia e admitir a existência de contradições irresolúveis 
entre o cristianismo e o mundo, cabendo ao homem escolher existencialmente entre 
esta e aquela alternativa: ser cristão ou ser não-cristão. 
Pag. 11 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
4. São profundos os conceitos de Kierkegaard sobre os estágios da vida, a diferença 
entre ser e existir, o subjetivo e o objetivo, o desespero, os critérios positivos para a 
verdadeira existência, etc. 
Eis alguns deles: 
a. No estágio estético, o homem leva uma existência imediata e não refletiva, 
faltando a diferenciação entre ele e o seu mundo; No estágio ético, o homem 
assume a responsabilidade pelo seu próprio ser, procura alcançar-se a si - o que 
não pode fazer; No estágio religioso, reconhece a impossibilidade de viver 
conforme gostaria e descobre que o pecado é não ser o que Deus deseja que 
seja, e que só se alcança este estado proposto por Deus através de algo que 
vem de fora - o próprio Deus; 
b. o tempo (e espaço) trata do que o homem é, da sua existência; a eternidade 
significa que, embora o homem viva no tempo e no espaço, ele não está 
totalmente determinado por estes elementos; a existência fala de liberdade, 
possibilidade, do ideal, da obrigação; o momento de decisão é quando a 
eternidade intercepta o tempo; 
c. o objetivo cultural é aquilo que é, enquanto o homem fica entre o que é e o 
que ele pode e deve ser. A ciência limita-se ao estudo do que é, ao que ela 
chama "a verdade"; mas os fatos claramente aceitos jamais encerram a 
verdade; 
d. a essência do ser humano aparece quando traz a eternidade para dentro do 
tempo. Cada homem há de sofrer porque vive numa realidade muito física: 
liberdade versus tempo; 
e. o único que realmente resolveu o paradoxo do tempo e da eternidade foi 
Jesus Cristo. Ele mesmo foi um paradoxo: Deus e homem; limitado e ilimitado; 
ignorante e conhecedor de tudo. 
5. S. Kierkegaard, redescoberto na Alemanha por volta de 1910, é considerado o 
precursor da teologia transcendental, de que Karl Barth, no século XX, é o principal 
representante. 
II. EXAME CRÍTICO 
A. Principais Doutrinas Liberais 
1. Foi a partir de meados do século XIX, como conseqüência da grande vitalidade 
intelectual e reorientação do pensamento, que nasceu a teologia liberal. Foi esta uma 
época de renascimento religioso em geral e, em particular, de expansão do 
protestantismo, institucional e geográfica mente, caracterizada pelas missões e 
surgimento das sociedades bíblicas. 
Pag. 12 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
2. O liberalismo teológico, em sua essência, procura libertar as consciências cristãs 
das suas amarras escolásticas, apontando-lhes as exigências da razão. Realça a 
pessoa de Deus como a fonte de toda a verdade e enfatiza a necessidade de uma 
certeza sincera na busca da verdade, embora reconheça a impossibilidade do ser 
humano alcançar um conhecimento pleno da verdade absoluta. 
3. A maioria dos teólogos da atualidade considera hoje insustentável essa premissa 
liberalista de que o espírito humano não possa mover-se em regiões para além do 
alcance dos sentidos, além do raciocínio meramente racional. Para Platão, o intelecto 
tem idéias supersensíveis, inexplicáveis à luz da razão, sendo que é neste reino que 
residem os característicos principais e distintivos da alma humana. Modernamente, é 
cada vez maior o número dos que conhecem uma área essencialmente metafísica, 
portanto fora do alcance dos meios físicos, na qual o espírito obedece às leis de sua 
própria natureza. 
4. Segundo os teólogos liberais, o protestantismo precisa "incorporar à sua teologia 
os valores básicos, as aspirações e as atitudes características da cultura moderna, 
ressaltando, dentre outros, o imperativo ético do Evangelho." (Enciclopédia Mirador). 
Dessa pregação nasceu o evangelho social, onde a mensagem de Cristo deixa de ser o 
poder de Deus para a salvação e regeneração do homem, para tornar-se apenas uma 
fórmula social, impotente. "A Igreja transcende os métodos e as fórmulas humanas. 
Ela produz aquela vida plena de riqueza, que é o espírito livre e nobre em ação; pensa 
os melhores pensamentos; aceita os mais elevados ideais e os reveste de uma 
linguagem irresistível. Assim ela infunde um poder criador na sociedade de espíritos 
humanos... Não há fórmula suficiente boa para tornar boa uma sociedade, se não for 
executada por homens bons. O cristianismo não elabora fórmulas, mas cria os homens 
capazes de insuflar força moral em qualquer fórmula" (Lynn Harold Hough). 
5. O movimento liberalista não reivindicou apenas amplas liberdades para o 
exercício da razão, mas pregou a tolerância entre as denominações protestantes, 
aproximando-as, através da minimização das diferenças doutrinárias. 
6. O ressurgimento da intolerância religiosa no seio do catolicismo romano, nas 
primeiras décadas do século passado, o que resultou na prisão e morte de 
protestantes em diversos países, especialmente na Estônia, Lituânia, Letônia, Turquia, 
Pérsia, Portugual e Espanha, contribuiu também para aproximar entre si as 
denominações evangélicas. A organização, em 1846, da Aliança Mundial Evangélica, 
em Londres, foi uma resposta ao estado de insegurança em que se achavam várias 
correntes do protestantismo. Essa Aliança muito fez pela liberdade de culto em todo o 
mundo. 
7. Mas o espírito liberal reclama ainda respeito pela ciência e pelos métodos 
científicos de pesquisas, o que implica na aceitação franca do estudo, tanto do mundo 
material como da crítica bíblica e da história da Igreja. Foi, valendo-se desse estado de 
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espírito favorável, que Darwin publicou a sua célebre obra As Origens das Espécies 
através de meios de seleção natural,em 24 de novembro de 1859, que provocou 
violentas e intermináveis polêmicas. 
8. O liberalismo teológico aceita também o princípio da continuidade, ou seja, 
considera mais importantes as semelhanças do que os contrastes, admitindo-se a 
idéia da evolução para superar os abismos existentes entre o natural e espiritual, 
entre o homem e seu Criador, enfatizando mais a imanência do que a transcendência 
de Deus; o liberalismo prega ainda a confiança do homem no futuro, gerada pelas 
grandes conquistas em todos os campos da ciência. 
9. Não há dúvida de que o sonho liberalista do século passado mostra a cada dia 
mais impossibilidade de materializar-se. A teoria da evolução está hoje negada pelos 
principais cientistas, e as conquistas da ciência moderna têm trazido, ao lado do seu 
inegável progresso, resultados catastróficos. A confiança do homem no futuro 
desvanece-se hoje à luz dos fatos atuais e a exemplo de amargas experiências 
recentes. Quanto à imanência de Deus, sugere esta ênfase que a Divindade está 
identificada com a totalidade das existências, afirmando, panteisticamente, que tudo é 
Deus e Deus é o tudo. Elimina-se, destarte, toda a concepção da personalidade divina 
e, em conseqüência, considera-se o homem um irresponsável. Quando se nega o 
conceito de Deus, como o Criador onipotente que está acima de todas ascoisas que 
criou, corre-se o risco de cair no fatalismo, característico dos cultos orientais e, 
infelizmente, em expansão no Ocidente. Sinais da presença do fatalismo em nossos 
dias são os horóscopos, o fetichismo e até mesmo os biorrítmos, rejeitados como 
anticientíficos por grande número de médicos renomados. 
10. Ainda em relação à ênfase dada pelo liberalismo à imanência de Deus em tudo, há 
uma implicação séria, quando se trata do problema do pecado. Despersonalizando a 
divindade, é o homem colocado no centro de tudo, como a medida de tudo. Isso 
significa que o fim do homem é estar satisfeito consigo mesmo, com seus horizontes 
etc. O Dr. John A. Mackay afirma que o pecado, como fator na existência humana, é 
terrivelmente real, e é coisa que os filósofos balconizados sempre trataram de fazer 
desaparecer por meio de argumentos arrazoados. Com a expressão balconizados fazia 
ele referência a Aristóteles e Renan, como símbolos daqueles para quem "a vida e o 
universo são objetos permanentes de estudo e contemplação". (') 
B. Outras Doutrinas Liberais 
1. Os credos primitivos são arcaicos e sem realidade para o mundo moderno. 
2. A mente do homem é capaz de raciocinar segundo os pensamentos de Deus. 
3. A mente deve estar aberta à verdade independentemente da fonte. 
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4. As doutrinas cristãs são símbolos de verdades racionais conhecidas pela razão 
humana. 
5. A divindade de Jesus era uma declaração simbólica do fato de que todos os homens 
possuem um aspecto divino. 
6. 0 conceito bíblico da revelação de Deus na história era ingênuo e pré-filosófico. 
7. Os itens "4', "5" e "6" do parágrafo anterior sofreram influência do idealismo 
absoluto de Hegel e Letze. Os demais itens justificam plenamente alguns dos títulos do 
liberalismo: modernismo e racionalismo. 
8. Como vimos, para o liberalismo Deus está presente em todas as fases da vida e não 
apenas em alguns eventos espetaculares. Assim, o método de Deus é o caminho da 
mudança progressiva e da lei natural, e o nascimento virginal de Cristo não condiz com 
a realidade, pois Deus está presente em todos os nascimentos. 
9. Defendendo assim a imanência de Deus, o liberalismo podia aceitar a teoria da 
evolução, não negando a Deus, todavia, um ato criador, ou seja: Ele teria criado a 
primeira célula viva, da qual vieram todos os seres viventes, inclusive o homem. 
10. O liberalismo reage contra um evangelho individualista, capaz de salvar o homem 
do inferno e não da sociedade corrompida, e insiste em que o reino de Deus não é 
além-túmulo e nem milênio, mas sim a sociedade ideal edificada pelo homem com o 
auxílio de Deus. 
11. Na busca duma "sociedade ideal" muitos teólogos se têm inclinado para uma 
espécie de socialismo cristão, envolvendo-se em movimentos subversivos por 
acreditarem que as doutrinas de Marx e Engels, se destituídas de seu ateísmo, 
estariam em melhores condições de atender aos reclamos dos povos pela justiça social 
de que a própria mensagem evangélica. 
C. Sua atuação no Brasil 
1. A entrada do liberalismo no Brasil remonta ao segundo decênio deste século, 
quando a Imprensa Metodista editou Pontos Principais da Fé Cristã, livro que nega a 
doutrina da expiação. Depois surgiram inúmeras obras modernistas, inclusive Religião 
Cristã, traduzida do italiano pelos reverendos, Dr. Alexandre Orechia e Matatias 
Gomes dos Santos. 
2. As primeiras vítimas da teologia liberal em nossa pátria, segundo o falecido 
reverendo Raphael Camacho, apareceram por volta de 1930, na Faculdade Evangélica 
de Teologia, no Rio de Janeiro. Muitos livros adotados nesse estabelecimento de 
ensino religioso eram modernistas, como também o eram quase todos os seus 
professores. 
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3. Segundo Raphael Camacho, o rev. Othoniel Motta, professor de Geografia Bíblica, 
costumava dizer em classe: "Eu sou o pai dos hereges... Eu oro pelos mortos." O rev. 
Epaminondas do Amaral, professor de exegese do Velho Testa mento, negava tudo o 
que há de sobrenatural na Bíblia. O rev. Bertolaze Stela escreveu no "Estandarte", em 
11/9/41, que todos os manuscritos da Bíblia foram contaminados por grandes mo 
dificações, e que não há esperança de se encontrar entre eles um texto que esteja 
próximo dos originais. Em "O Estandarte" de 15/9/53, este mesmo ministro escreveu: 
"Somente as palavras de Jesus constituem os ensinos e a religião de Cristo... a Bíblia 
contém a palavra de Deus." e fez suas as palavras do rev. Miguel Rizzo Jr., em A Nossa 
Mística: "Para uns a suprema autoridade está na Igreja (Católica Romana); para outros, 
nos espíritos do além (espíritas); para outros nas Escrituras (evangélicos), mas para nós 
está em Cristo." Eis aqui a heresia chamada cristicismo, que desassocia Cristo da Bíblia 
e afirma que somente as palavras ditas por Cristo é que são inspiradas. 
4. Em 1938 os modernistas se manifestaram mais publicamente, de modo especial no 
seio da Igreja Presbiteriana Independente, sendo então resistidos pelos 
fundamentalistas, liderados pelo rev. Camacho. Travou-se acirrada luta doutrinária, 
luta que levou o rev. Camacho a desligar-se dessa Igreja e a organizar, em 11 de 
fevereiro de 1940, a Igreja Presbiteriana Conservadora. 
5. Também o ex-padre Humberto Rohden, escritor, conferencista e autor de uma 
tradução do Novo Testamento em português, no seu livro Pelo Prestígio da Bíblia na 
Era Atômica, faz uma dura arremetida contra o evangelismo bíblico do Brasil e uma 
exposição das teorias modernistas do pastor batista norte-americano, Harry E. Fosdick. 
 
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Parte 03: NOVO MODERNISMO 
9. Karl Barth - UM NOVO ORTODOXISMO? 
Esta teologia é comumente conhecida por barthianismo, por ter como seu principal 
autor Karl Barth (1886-1968), considerado o maior teólogo do século XX. 
Este sistema possui ainda vários outros nomes: teologia dogmática, teologia da crise, 
neo-ortodoxia, teologia transcendental, modernismo-negativista e teologia de Lund. 
Alguns dados sobre Karl Barth 
Karl Barth nasceu na Suíça, lecionou teologia nas universidades de Gottingen, Munique 
e Bonn, mas foi demitido deste último posto pelo governo hitlerista, em 1935. E, por 
resistir às tentativas do ditador de nazificar a Igreja Reformada da Alemanha, teve seus 
diplomas de teologia anulados. 
Com a derrota do nazi-fascismo, recupera sua cátedra em Bonn, de onde mais tarde se 
transfere para Basiléia. Aposentou-se em 1961 e iniciou a elaboração da sua teologia. 
O pragmatismo e a teologia dialética de Karl Barth 
Barth abandonou o terreno firme da lógica e ingressou no mundo fabuloso do 
pragmatismo, doutrina que considera a ação superior ao pensamento e aceita o valor 
prático como critério da verdade. 
Hegel passou a aceitar que a presença da verdade está na verdade na síntese , que 
corresponde ao grau intermediário entre a tese e a antítese. 
 
Barth, ao aplicar esta fórmula ao cristianismo histórico, considerou-o como a tese, o 
modernismo como a antítese e o novo modernismo como a síntese. 
Dentro de um esquema teológico dialético coexistem pacificamente doutrinas 
antagônicas: o certo e o errado, a verdade e a mentira. 
Daí a teologia de Barth ser também denominada de teologia dialética ou da crise. 
Violando dessa maneira as regras pelas quais se estabelece se uma tese é verdadeira 
ou não, o barthianismo acabou negando o caráter absoluto da verdade. 
A teologia de Karl Barth manteve alguns pontos de vista ortodoxos 
Não se pode deixar de reconhecer que, sob vários aspectos, a teologia de Barth foi um 
retorno, embora aparentemente, às várias doutrinas bíblicas desprezadas pelo 
liberalismo, como a Trindade, o nascimento virginal de Cristo, as duas naturezas de 
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Cristo unidas numa só pessoa, conforme aceita pelo Concilio de Calcedônia (ano 451) e 
pela Reforma Protestante, a salvação somente pela graça e a justificação unicamente 
pela fé. 
Em virtude destes pontos de vista, foi o barthianismo chamado também de 
neomodernismo e neo-ortodoxia. 
A respeito da pessoa de Jesus, é interessante ler o que Barth escreveu em 
1960, em um tempo de revisão da sua própria teologia: 
“Nesses anos tive que aprender que a doutrina cristã precisa ser exclusivamente 
e de forma conseqüente, em todos os seus enunciados, direta ou indiretamente, 
doutrina de Jesus Cristo como da palavra viva de Deus dita a nós, se é que ela 
deve fazer jus ao nome que tem bem como edificar a igreja cristã no mundo tal 
qual ela pretende ser edificada como igreja cristã. 
Olhando em retrospecto para os meus estágios anteriores, fico me perguntando 
como foi possível que não aprendi nem disse isso já muito antes. Quão lenta é a 
pessoa humana, justamente quando se trata das coisas mais importantes!” 
Portanto, observamos que na teologia de Karl Barth, procurou-se preservar a 
cristologia. 
ALGUMAS FALHAS DA TEOLOGIA DE BARTH 
 Mas a teologia de Barth possui falhas seríssimas: a Bíblia não é a Palavra de 
Deus, apenas a contém. Por isso pode ela ser criticada à vontade. 
 Estabelece um falso contraste entre a autoridade espiritual da Igreja, por ele 
aceita, e a sua autoridade legal, que rejeita. Assim, deixou a porta aberta à 
discussão acerca de doutrinas. 
 Segundo esta teologia transcendental, o mundo está cheio de contradições, 
inclusive na religião. Por isso os seguidores desta escola admitem sistemas que 
se excluem mutuamente. 
 Um dos seus líderes declarou: Em face do modernismo e da fé histórica, não se 
deve dizer um ou outro, mas um e outro. Isto eqüivale a aceitar a doutrina de 
que Jesus é o único mediador entre Deus e o homem e ao mesmo tempo 
admitir a mediação de Maria. 
 
Um transcendentalista, portanto, assemelha-se a um balconista que vende 
exatamente o produto que o freguês deseja, seja este freguês cristão 
histórico ou liberal. 
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O desabafo de Francis A. Schaeffer 
Francis A. Schaeffer narra o desabafo de um ateu sueco, Dr. Hedeinus, professor de 
Filosofia da Universidade de Uppsala, que chamou os teólogos transcendentalistas de 
"ateus, disfarçados em bispos e pastores: 
“Se tal é o cristianismo, não o quero; os seus conceitos não são nem 
claramente definidos, nem mesmo definíveis; a posição dos seus defensores é 
mais vacilante do que a minha." 
10. Emil Brunner - Cristo Absoluto ou relativo? 
Emil Brunner (1889-1966). Teólogo suíço; exerceu grande influência no protestantismo 
dos Estados Unidos, país onde proferiu diversas preleções. Suas obras foram 
traduzidas para o inglês antes mesmo que as de Barth. 
Sintese do pensamento teológico de Brunner 
 A teologia de Brunner, também conhecida por "dialética" e "da crise", descreve 
a busca da verdade por meio de debates entre as posições contrárias. 
 Brunner acha que há alguma revelação fora da Bíblia, embora não acredite 
que a teologia natural inclua a teologia revelada, discordando nesse ponto do 
liberalismo de Barth. 
 Entende que a Bíblia é o único critério pelo qual podemos julgar a verdade e a 
suficiência do conhecimento acerca de Deus, que se encontra em outros 
lugares. 
 Diferentemente de Barth, Brunner admite que se pode achar verdade no 
filósofo, no ateu ou no adepto de seitas não cristãs, assim estabelecendo 
diálogo com eles, mas reconhecendo que eles não podem possuir suficiente e 
completo conhecimento verdadeiro de Deus. 
A teologia Brunniana e Jesus 
 Na teologia brunniana, o dogma de Jesus sem pecado é ato de fé e não base 
de fé. "Cremos que ele é sem pecado por crermos nele. Não é que cremos nele 
por causa de Ele ser sem pecado." 
 Brunner nega, além de outros, o nascimento virginal de Cristo, os 40 dias pós-
ressurreição, e a ascensão física do Senhor. 
 As questões acima apresentam implicações seríssimas: ao admitir que Jesus 
Cristo pode ser conhecido historicamente, Brunner faz perder tudo. 
 Na teologia de Brunner, A relação do homem com Deus não pode ser expressa 
em termos racionais e lógicos, mas apenas em termos de mitos; 
 Qualquer tentativa para provar a revelação está errada; 
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 Acerca do pecado, nega a herança de culpa de Adão, aceitando apenas a queda 
individual; 
 O cristão deve ser um eterno revolucionário, não se conformando com as 
reformas sociais, sempre imperfeitas; 
 O amor de Cristo revela o amor humano, que é possibilidade impossível; 
 A queda não modificou a natureza e estrutura essenciais do homem, assim 
como a cegueira não retira o olho do corpo; 
 No momento em que a pessoa se transcende, surge a memória da perfeição 
original. 
Parte 04:NOVAS CORRENTES TEOLÓGICAS 
11. A TEOLOGIA DO MITO 
A teologia do mito tem como um de seus principais criadores o teólogo alemão Rudolf 
Bultmann (1884-1976), que em 1941, numa conferência intitulada "O Novo 
Testamento e a Mitologia", disse que esta parte das Escrituras está cheia de mitos à 
luz dos quais se deveriam examinar a pessoa de Cristo e o comportamento da igreja 
apostólica. 
 
A visão do Buultimann dos escritores do NT 
Para Bultmann, todos os escritores do Novo Testamento pensavam e escreviam tendo 
em vista uma visão global do mundo antigo, no qual havia três divisões: a superior ou 
invisível, habitada pelos anjos, o mundo sobrenatural de Deus; o mundo inferior, 
escuro, habitado pelos demônios; e o nosso mundo, que fica entre os outros dois. 
Segue-se, portanto, que a revelação vem em símbolos que devem ser decodificados. 
Para usar o termo de Bultmann, devem ser desmitologizados. 
Numa de suas conferências, afirmou Bultmann que hoje "não se pode utilizar a luz 
elétrica e os aparelhos de rádio, apelar para medicamentos e clínicas modernas 
quando se está enfermo, e ao mesmo tempo crer nos milagres do Novo Testamento.“ 
De acordo com essa visão, pode-se crer em Jesus Cristo e aceitá-lo como Deus e 
Salvador sem a necessidade de acreditar no nascimento virginal, na encarnação, no 
túmulo vazio, na ressurreição e na segunda vinda. Todos estes elementos seriam 
derivados da mitologia judaica e do gnosticismo helenístico. 
Segundo Bultmann, a desmitificação dos evangelhos não significa a eliminação do 
mito, como procurou fazer a teologia liberal, mas a sua interpretação através de uma 
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hermenêutica particular, sendo eles necessários por oferecerem ao homem condições 
de perceber o enigmatismo do mundo. 
Assim, através da sua reinterpretação, o mito seria utilizado como instrumento auxiliar 
na compreensão da existência humana. 
 O que é a desmitologização que Bultman propõe? 
Em seu questionamento sobre as escrituras, há a necessidade de extrair todo o 
elemento mitológico, que segundo ele, encobre o entendimento das sagradas 
escrituras para o homem moderno. 
Vê na demitologização, um instrumental importante para a atualização da 
mensagem bíblica tornado-a compatível com o mundo tecnológico e cientifico 
que vivemos hoje. 
O homem/mulher moderno, embora seja um ser que viva em uma sociedade de 
muitos símbolos e sinais, precisa decodificar o significado desta vasta simbologia. 
Carece de um tradutor ,ou seja, necessita de uma ferramenta que atualize a 
linguagem mitológica das Sagradas Escrituras, vigentes à época, para o código de 
linguagem e a cultura dos nossos dias. 
Segundo Bultiman, o uso do processo da demitologização das Escrituras elucida, 
esclarecee traz nitidez ao leitor, acerca do que realmente a mensagem bíblica quer 
nos dizer hoje em dia. 
Pois para o homem/mulher secularizado os elementos mitológicos das escrituras, 
fruto de uma cultura passada há quase dois mil e quinhentos anos não fazem 
nenhum sentido. Devem ser extraídos, sem a perda do conteúdo original, pois 
sem uma decodificação e uma atualização do sentido, a mensagem não nos diz o 
porquê, ou pior ainda, pode levar a uma interpretação dúbia e incompreensível. 
A Escritura não explica a si mesma, conforme ensina a hermenêutica da Reforma 
Protestante, mas está sujeita aos métodos modernos da ciência autônoma e às 
pressuposições filosóficas; 
EXAME CRÍTICO DA TEOLOGIA DE BULTIMAN 
 Bultmann rejeita, por considerá-los mitológicos: 
1)Os conceitos neotestamentários de que o reino escatológico está prestes a 
irromper na história; 
2)de que o mundo atual está governado por elementos demoníacos 
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3) e de que o sobrenatural intervém no mundo, manifestando-se através de 
milagres. 
 Na sua reinterpretação do evangelho, elimina o sentido original dos termos 
encontrados no NT e os recria adotando uma nova significação. 
Ex. Segundo a visão tradicional, o problema do homem é o seu pecado, 
segundo o Evangelho, e a solução é o sacrifício de Cristo. Para Bultmann, tal 
problema é a sua finitude. 
 O uso da filosofia contemporânea para formular a fé cristã pode distorcer o 
ensino cristão, introduzindo idéias estranhas ao Cristianismo através da 
reinterpretação da terminologia tradicional, e acomodar a fé cristã à filosofia 
tradicional; 
 Ao ensinar que a teologia existencialista é antropocêntrica, concorda com 
Fenerbach de que a teologia tornou-se antropologia; 
 Depois do programa de desmificação dos evangelhos, o Jesus que sobra é tão débil 
que jamais chamaria a atenção de alguém, e muito menos motivaria a sua 
lealdade. Um Jesus assim insignificante tem sido o tema de peças teatrais profanas 
e irreverentes, como a "Jesus Cristo Superstar", na qual Judas Iscariotes é o 
verdadeiro herói e Cristo não passa de uma figura covarde, que duvida a todo 
momento da sua missão; 
 Bultmann ignora por completo o papel do Antigo Testamento na formação do 
Novo, ao considerar este eivado de mitos e influenciado pelo gnosticismo ou 
helenismo; 
 A "Sola fide" de Bultmann nada tem de semelhante à de Lutero, que se baseava no 
testemunho bíblico. 
12. A teologia da esperança 
Enquanto o Barthianismo era antiescatológico, a teologia da esperança procura levar a 
sério a história e o futuro, reagindo assim ao existencialismo de Barth e Bultmann, que 
enfatiza o aqui e o agora. 
Principais representantes desta teologia 
Três líderes destacados do novo movimento são os teólogos alemães Jürgen 
Moltmann (Reformado), Wolfhart Pannenberg (Luterano), e Johannes Metz (Católico 
Romano). 
A teologia da esperança tem sido articulada nos Estados Unidos por dois teólogos 
luteranos, Carl Braaten e Robert Jenson, cujas obras muita coisa têm feito para 
popularizar o novo movimento. 
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No Brasil, Rubem A. Alves, com umas poucas revisões dele mesmo, muita coisa fez 
para converter a teologia da esperança em programa de ação. 
Às vezes essa teologia era chamada de futurologia... 
Porque? Por ser um modo de encarar a teologia e as preocupações teológicas da 
perspectiva do futuro e não do passado ou do presente. 
O passado e o presente somente têm valor com referência ao futuro. A realidade 
ainda não é; está orientada para o futuro. 
A questão da existência de Deus pode ser respondida somente no futuro, pois Deus 
está sujeito ao tempo enquanto este se esforça em direção ao futuro. 
A teologia da esperança é caracterizada... 
 Como uma reação ao desespero existencialista, 
 Pela fé no futuro e pelo otimismo, 
 A esperança baseia-se na promessa divina e o cristão suporta as contradições 
do presente porque vive na expectativa do futuro. 
 Não enxergar uma solução para seus dilemas presentes. Assim, a teologia da 
esperança acha que não podemos encontrar respostas para as nossas questões 
atuais na sociedade de hoje. 
 Abrange mais do que geralmente se reconhece tradicionalmente como sendo 
teologia, falando a rigor. Sua orientação secular permite que seja combinada 
com qualquer número de matérias, inclusive a política e a biologia. 
 A teologia da esperança vê um esboço para sua exposição nas temáticas 
escatológicas. Ela entende a realidade a partir de uma perspectiva escatológica. 
O movimento também é chamado de teologia futurista. 
 A teologia da esperança reage contra o subjetismo da neo-ordoxia, visto que 
sua abrangência vai além do universo pessoal e interior de individuo. Esta 
teologia se dirige ao mundo como mundo. 
 A teologia da esperança foi a resposta do público a teorias como a que Deus 
está morto, idéia que foi criada na década de 60. Os teólogos futuristas 
deixaram para trás o sepulcro criado para Deus. O humanismo dos teólogos de 
Deus-está-morto veio a ser a sementeira em que a teologia da esperança 
deitaria raízes. 
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13. JÜRGEN MOLTMANN – O FUNDADOR DA TEOLOGIA DA ESPERANÇA 
 Jürgen Moltmann nasceu em 18 de abril de 1926 em Hamburgo. 
 Iniciou seus estudos de teologia numa situação inusitada. Com dezesseis (1943) foi 
convocado pelo exército alemão onde teve, segundo ele mesmo, “uma carreira 
breve e sem glória”. 
 Após seis meses na guerra, foi feito prisioneiro no campo de concentração de 
Northon-Camp, na Inglaterra. Ali se encontravam também alguns professores de 
teologia que ministravam lições aos seus companheiros; dentre eles, Jürgen 
Moltmann. 
 Em 1948 retornou para Alemanha onde deu continuidade nos seus estudos na 
Universidade de Göttingen até 1952. De 1953 a 1958 exerceu atividades pastorais 
em Bremen. 
 Suas especialidades foram: História dos Dogmas e Teologia Sistemática, iniciou 
sua docência em 1958 passando pela Escola Kirchliche Hochschule de Wuppertal, 
pela Universidade de Bonn, Universidade de Tübingen, Due University - EUA (no 
caráter de professor visitante). “Depois de Karl Barth, Jürgen Moltmann é 
considerado o mais conhecido e influente teólogo reformado do século XX” (LEITH, 
1997, p.234). 
 
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Parte 05: AS TEOLOGIAS SOCIAIS 
1. Na teologia social é ressaltado o conteúdo ético e social da Igreja. 
Portanto, nas teologias sociais, analisamos as seguintes questões: 
 Qual é a realidade social na qual está inserida a igreja? 
 Qual o papel da igreja junto aos problemas encontrados na sociedade? 
 Como a Igreja pode ser um instrumento de transformação social? 
2. É boa a aproximação entre teologia e ciências sociais? 
 Alguns teólogos, de perfil, fundamentalista, rejeitam por completo tal 
aproximação, 
 Na prática, ocorre o contrário, pois qualquer teologia é feita num ambiente 
cultural e que a influência. 
 Ao estabelecer um diálogo com as Ciências Sociais, o teólogo cristão terá, por sua 
vez, de renunciar sua posição cômoda de considerar sua religião um santuário 
protegido de críticas. 
 Assim, “...as Ciências Sociais poderiam desempenhar um papel importante de 
autocompreensão crítica dentro da Teologia”, desde que tenhamos a consciência 
de que nem tudo pode ser explicado sociologicamente. 
3. Grandes nomes do evangelho social 
 O evangelho social teve como o seu maior intérprete o pastor Batista Walter 
Rauschembusch (1861-1918), professor no seminário batista de Rochester, de 
1897 até o seu falecimento. 
 Um outro grande nome a lembrar é o do Pastor Martin Luther King, que lutou nos 
Estados contrao preconceito racial e a injustiça social contra os negros. Ele foi o 
responsável por disseminar a prática do protesto não violento, semelhantemente a 
Gandi. 
o Há uma frase de Martin Luter King: “Eu não me preocupo tanto com as 
palavras dos desonestos e as atitudes dos corruptos. Eu me preocupo muito 
mais, quando os bons fazem silêncio.” 
Pag. 25 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
4. O evangelho social na América do sul 
 Na América do Sul, esse movimento pode também ser identificado como a 
"teologia da libertação", com o propósito comum de estabelecer-se a "justiça 
social", até mesmo por meio de uma revolução. 
 O sucesso da teologia da libertação na América do sul deve-se aos seguintes 
fatores: 
o Grandes índices de desemprego. 
o Diferenças sociais alarmantes. 
o Pobreza. 
o Diferenças Extremas entre classes sociais. 
o A ausência de uma teologia relevante ao contexto da América latina, 
que nascesse no berço dos países subdesenvolvidos. 
5. Em que momento o evangelho social ganha destaque 
 A teologia do evangelho social alcançou maior sucesso nos anos seguintes à 
Primeira Guerra Mundial, pelo fato de se atribuir às injustiças sociais as causas da 
grande conflagração internacional que ceifou milhões de vidas. 
 Precisamos entender que no evangelho social, a Igreja é o instrumento de 
libertação para uma sociedade que está inserida numa estrutura social injusta e 
corrupta. 
6. Os três passos básicos da teologia da libertação de Leonardo Boff 
 No Brasil, Leonardo Boff, que é um dos principais defensores da TDL, estabelece 
três passos básicos para a sua TDL: 
o Ver: Aqui observamos os problemas sociais existentes e nos tornamos 
conscientes de sua existência. 
o Pensar: Neste passo, teorizamos teologicamente as questões sociais que 
serão abordadas pela Igreja na sociedade. 
o Agir: este é o passo da práxis, da ação, onde os fiéis são convocados para 
promover mudanças e transformações nas estruturas sociais. 
7. O movimento do evangelho social teve o seu lado positivo: 
 Procurou levar a Igreja a empenhar-se em atividades mais amplas em favor dos 
menos favorecidos da sorte, 
 Criticou os governos corruptos e os sistemas ideológicos injustos. 
Pag. 26 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com 
 Foi uma resposta nova da ética cristã em uma nova situação histórica, pois, 
particularmente nos Estados Unidos, era grande o número de problemas 
decorrentes do rápido crescimento industrial. 
 A consciência cristã, assim desafiada, converteu-se numa "consciência social". 
8. Nascimento da TDL no Brasil 
 A Teologia da Libertação nasceu da influência de três frentes de pensamento: 
o O Evangelho Social das igrejas norte-americanas, trazido ao Brasil pelo 
missionário e teólogo presbiteriano Richard Shaull; 
o A Teologia da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann; 
o A teologia política que tinha como seus grandes expoentes o teólogo 
católico Johann Baptist Metz, na Europa, e o teólogo batista Harvey Cox, 
nos EUA. 
9. Eventos que precederam o nascimento da TDL no Brasil 
 Há uma série de eventos que precederam o nascimento da Teologia da Libertação: 
o 1952: O missionário presbiteriano Richard Shaull chega ao Brasil trazendo o 
Evangelho Social e cria uma estreita relação com os pastores presbiterianos 
Rubem Alves e Jaime Wright; 
o 1964: O teólogo reformado Jürgen Moltmann publica sua obra Teologia da 
Esperança; 
o 1965: O teólogo batista Harvey Cox publica A Cidade Secular; 
o 1967: O teólogo católico Johann Baptist Metz pronuncia a conferência 
Sobre a Teologia do Mundo; 
o O marco do nascedouro da Teologia da Libertação no Brasil, está na 
publicação de uma obra de Rubem Alves, criticando a teologia metafísica 
de uma forma geral e propondo o nascimento de novas comunidades de 
cristãos animados por uma visão e por uma paixão pela libertação humana 
e cuja linguagem teológica se tornava histórica. 
o A primeira participação católica no lançamento da Teologia da Libertação 
foi a publicação da Teologia da Revolução, em 1970, pelo teólogo belga 
radicado no Brasil José Comblin. 
o Em 1971, Gustavo Gutiérrez publicou Teologia da Libertação. Somente em 
1972, Leonardo Boff surge no cenário teológico com a publicação de Jesus 
Cristo Libertador. Como Rubem Alves estava asilado nos EUA neste 
período, Boff passou a ser o mais conhecido representante desta corrente 
teológica que vivia no Brasil, devido à proteção recebida pela ordem dos 
franciscanos, à qual ele pertencia. 
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10. Características da TDL 
 O quadro de degradação apresentado na América Latina é o fundamento gerador 
do conceito de libertação. 
 A libertação, então, é toda “ação que visa criar espaço para a liberdade” (BOFF, 
1980, p. 87). 
o Ser livre, neste sentido, é não estar sob o jugo da lei alheia; é poder 
construir-se autonomamente. 
o O processo histórico da América Latina foi e é dominado por diversas leis e 
conceitos teológicos estranhas a ela. 
o A América do Norte, em especial os EUA, e os países europeus, sempre 
impuseram aos latino–americanos seus valores, suas políticas, sua cultura, 
etc. 
o Neste sentido, a libertação no seio da América Latina, é a luta pela 
liberdade da cultura, dos valores, da economia, da política latino-
americanos, frente às diversas opressões advindas de um modelo 
imperialista que rege a práxis do hemisfério norte em suas relações com o 
hemisfério sul, especialmente como o povo latino–americano. 
 Devido à pobreza e à nefasta degradação do povo latino-americano, a libertação 
deve ser entendida como superação de um processo de exclusão; já que esta é a 
conseqüência direta da relação norte–sul, onde milhões de homens e mulheres 
empobrecem e se deterioram porque ficam à margem (excluídos) do processo 
econômico e político norteado pelo capitalismo imposto pelos EUA e Europa. 
 Compete à teologia da libertação a tarefa de discursar sobre Deus a partir da 
ótica de um processo excludente e a partir da realidade concreta dos excluídos. 
 O teólogo da libertação, portanto, deve ter este duplo olhar: olhar para Deus e 
olhar para o excluído. Olhar para Deus é a fonte de toda libertação possível e o 
olhar para o excluído identifica onde há necessidade de libertação. 
 A teologia da libertação deve começar por se debruçar sobre as condições reais em 
que se encontra o oprimido de qualquer ordem que ele seja.” (BOFF, 1996, p. 40). 
 Após a leitura sócio–analítica, o teólogo da libertação deve-se deparar com a Bíblia 
Sagrada. 
o A Bíblia deve fornecer subsídios para que se possa identificar a face de Deus 
e sua ação libertadora, nos diversos momentos históricos, sob as quais vive 
o teólogo e seu povo. 
o Há, então, no processo de elaboração da teologia da libertação, uma 
imbricação necessária entre a análise sócio–analítica da realidade e a Bíblia 
Sagrada. Esta última fornece o sentido teológico da práxis libertadora 
proposta pela teologia da libertação. 
 A teologia da libertação pretende mostrar que Deus não está em uma esfera 
trans–histórica; mas, ela quer mostrar que Deus encarna-se na história, gera 
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libertação de um povo humilhado, gera vida e esperança a um povo crucificado e 
sem sonhos. 
o Podemos dizer, metaforicamente, que a teologia da libertação anuncia a 
‘’descida’’ de Deus de sua esfera transcendente e “celeste” e mostra-o 
como agente dignificador dos humilhados da terra. 
o Deus não é mais um conjunto de doutrinas e especulações, mas é a fonte 
de toda a luta pela justiça e igualdade. Por isso, Deus se manifesta nas 
lutas históricas pela justiça, pela inclusão e pela superação de toda 
opressão vigente na humanidade. “Eu souo Senhor, teu Deus, que te tirei 
da terra do Egito, da casa da servidão.”(Ex 20,2). Eis a face de Deus 
anunciada pela teologia da libertação: Deus que tira o povo da opressão, da 
servidão. 
 A teologia da libertação surge para mostrar que Deus é “Pai – Nosso”; portanto os 
homens e as mulheres devem se relacionar como irmãos e irmãs, sem haver 
exclusão, sem haver opressão ou sem qualquer tipo de violação da dignidade 
humana. Lutar pela libertação é valorizar a paternidade universal de Deus, que se 
manifesta nas relações justas e fraternas entre todos os seres humanos. 
11. Porque a teologia da libertação não produziu resultados tão positivos na 
américa latina? 
 A grande discussão com os teólogos sociais gira em torno do que o homem mais 
precisa: Alimento para o corpo ou para a alma? Eles acham há uma falta mais da 
alimentação do corpo do que da alma, ou acha que as pessoas só estão sendo 
alimentadas bem espiritualmente. 
o Os teólogos sociais ensinaram que não adianta a Igreja alimentar 
espiritualmente sem dar o pão. O problema é que muitos preocuparam-se 
mais com o pão. 
 As teologias sociais deram muita ênfase aos aspectos materialistas da existência 
humana. Sabemos que o materialismo sempre teve a tendência de favorecer as 
bases do ateísmo filosófico, e por isso foi rejeitado por muitas pessoas. 
 
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Parte 06: Texto para debate: A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO - O CRISTIANISMO 
A FAVOR DOS EXCLUÍDOS 
(SUGESTÃO DE LEITURA: Leia este texto de forma crítica, detectando quais são as 
compatibilidades e incompatibilidades entre as idéias expostas pelo autor e a nossa 
visão evangélica). 
Texto de Alexandre Marques Cabral 
Não poucas vezes a teologia cristã se configurou de forma totalmente antiquada em 
seus discursos e, conseqüentemente, em seus conceitos. A teologia cristã durante 
séculos, preocupou-se com o hyperurânio de Platão, com o motor imóvel de 
Aristóteles, com a cidade de Deus de Agostinho, menos com as problemáticas 
históricas que fatalmente orientavam a vida social do homem. 
É comum nos depararmos com textos clássicos da teologia e sermos levados às 
nuvens, aos céus, como, por exemplo, num texto de Irineu ou de S. Agostinho de 
Hipona. Mas, qual a razão disto? Isto ocorreu por mera vontade dos teólogos? 
Certamente, não. 
O instrumental filosófico utilizado pela teologia cristã 
A teologia cristã configurou-se de forma retrógrada por muito tempo, devido ao 
instrumental filosófico que ela utilizou para discursar acerca de Deus. Tal 
instrumental derivava-se da metafísica clássica que tem como característica formular 
conceitos anacrônicos, desconsiderando o caráter histórico do homem – ou seja, 
desconsiderando o homem enquanto ser histórico, que se faz (constrói) no tempo. 
Conseqüências do uso deste instrumental filosófico na teologia 
A conseqüência disto, é que os dados da revelação cristã – Bíblia – foram entendidos 
como realidades atemporais e ahistóricas. Por isso, por muito tempo – certamente, 
também ainda hoje – entendeu-se Deus, Reino dos Céus, inferno, etc., como 
realidades totalmente transcendentais, totalmente destacadas dos processos e fases 
históricas da humanidade. 
 
A reação da modernidade ao método tradicional adotado pela teologia cristã. 
Esta forma de discurso acerca de Deus foi submetida à crítica com o advento da 
modernidade e do pensamento contemporâneo. A metafísica, que foi a “pedra 
angular” da teologia clássica, foi fortemente criticada a partir da modernidade. 
Descobriu-se, após séculos de especulação, a história como característica essencial 
do homem e a cultura como âmbito de toda construção histórica. Com isso, o 
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pensamento ocidental, largou aquele transcendentalismo metafísico, tornando-se por 
isso mais imanentista. Isto influenciou fortemente a teologia. 
O encontro do homem com Deus – chamado pela teologia da GRAÇA – passou a ser 
pensado como realidade histórica: Deus se manifesta ao homem situando-se histórica 
e culturalmente, ou seja, o encontro de Deus com o homem difere-se na história em 
suas diversas épocas, e difere-se na pluralidade cultural que se dá no seio da 
humanidade. 
Obviamente, isto gerou uma certa relativização no discurso sobre Deus; porém, 
valorizou a historicidade como característica essencial do ser humano, além de 
valorizar a multiplicidade de formas de Deus se apresentar ao homem, superando, 
assim, o anacronismo clássico metafísico que norteava o pensamento teológico no 
entendimento da relação homem – DEUS. 
O nascimento da teologia da libertação e seu contexto histórico. 
A chamada Teologia da Libertação está inserida nesta última fase do pensamento 
ocidental que destacamos acima: a fase da valorização da história, da cultura e da 
diversidade de formas de manifestação do encontro do homem com Deus. Ela é uma 
teologia propriamente cristã; por isso, utiliza a Bíblia como pressuposto necessário de 
seus discursos. 
A expressão “teologia da libertação”, já mostra o sentido norteador deste discurso 
teológico. O genitivo que aparece na expressão citada – DA LIBERTAÇÃO -, mostra-
nos que a libertação é o horizonte regulador do discurso acerca de Deus, e, ao 
mesmo tempo, mostra-nos que o Deus do discurso é fonte de libertação. Esta se 
manifesta concretamente nos diversos momentos do processo histórico de um povo. 
Conseqüentemente, a teologia da libertação torna-se força geradora de ações que 
viabilizam uma práxis libertadora, segundo as necessidades advindas das diversas 
circunstâncias sob as quais um povo está submetido. 
“A teologia da libertação é um movimento teológico que quer mostrar aos cristãos 
que a fé deve ser vivida numa práxis libertadora e que ela pode contribuir para 
tornar esta práxis mais autenticamente libertadora” (MONDIN, 1980, p. 25). Neste 
sentido, o cristão é impelido a viver a práxis libertadora nas diversas épocas da 
história. 
Como surgiu o termo libertação 
O termo libertação foi cunhado a partir da realidade cultural, social, econômica e 
política sob a qual se encontrava a América Latina, a partir das décadas de 60/70 do 
último século. Os teólogos deste período, católicos e protestantes, assumiram a 
libertação como paradigma de todo fazer teológico. 
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Vejamos o quadro social da América Latina no período originário da teologia da 
libertação: 
“O ambiente político é geralmente caracterizado pela presença de governos 
que administram o poder arbitrariamente em vantagem dos ricos e dos 
poderosos, fazendo amplo uso da força e da violência. (...) 
O ambiente econômico e social está marcado pela miséria e pela 
marginalização da maior parte da população. 
Os recursos econômicos são controlados por um pequeno grupo de 
privilegiados. (...) 
No ambiente cultural se verifica ainda uma notável dependência da Europa e 
dos Estados Unidos. 
Na ciência como na filosofia, na arte como na literatura, quase nada é 
concedido à originalidade das populações latino-americanas” (Ibidem, p. 25-
26). 
 
O quadro de degradação apresentado na América Latina é o fundamento gerador do 
conceito de libertação. A libertação, então, é toda “ação que visa criar espaço para a 
liberdade” (BOFF, 1980, p. 87). 
Ser livre, neste sentido, é não estar sob o jugo da lei alheia; é poder construir-se 
autonomamente. 
A America Latina sempre foi influenciada por ideologias externas 
O processo histórico da América Latina foi e é dominado por diversas leis estranhas a 
ela. A América do Norte, em especial os EUA, e os países europeus, sempre impuseram 
aos latino–americanos seus valores, suas políticas, sua cultura, etc. 
Neste sentido, a libertação no seio da América Latina, é a luta pela liberdade dacultura, dos valores, da economia, da política latino-americanos, frente às diversas 
opressões advindas de um modelo imperialista que rege a práxis do hemisfério norte 
em suas relações com o hemisfério sul, especialmente como o povo latino–
americano. Tal relação impõe ao hemisfério sul a cultura do hemisfério norte. 
Devido à pobreza e à nefasta degradação do povo latino-americano, a libertação deve 
ser entendida como superação de um processo de exclusão; já que esta é a 
conseqüência direta da relação norte–sul, onde milhões de homens e mulheres 
empobrecem e se deterioram porque ficam à margem (excluídos) do processo 
econômico e político norteado pelo capitalismo imposto pelos EUA e Europa. 
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A teologia da libertação discursa sobre Deus a partir da ótica da realidade dos 
excluídos. 
Desta forma compete à teologia da libertação a tarefa de discursar sobre Deus a partir 
da ótica de um processo excludente e a partir da realidade concreta dos excluídos. 
O teólogo da libertação, portanto, deve ter este duplo olhar: olhar para Deus e olhar 
para o excluído. 
Olhar para Deus é a fonte de toda libertação possível e o olhar para o excluído 
identifica onde há necessidade de libertação. 
Olhando para Deus – ou Cristo -, a teologia da libertação diferencia-se de todo 
movimento libertador laico, já que a libertação apresentada pela teologia enxerga nos 
processos históricos a possibilidade de presentificação da nova ordem escatológica 
anunciada por Cristo, ou seja, o Reino de Deus – ordem de justiça e da superação de 
toda opressão possível, na sociedade e no cosmos. 
Ao pretender olhar para o excluído e para o sistema gerador de opressão, como 
pressuposto de todo fazer teológico, a teologia da libertação difere-se radicalmente 
das teologias clássicas, pois supera o anacronismo destas, circunscrevendo a 
experiência de Deus no âmbito do engajamento do fiel na luta contra todo o 
sofrimento humano historicamente situado. 
Compreendendo o fenômeno da opressão e da exclusão 
Para que haja elaboração da teologia da libertação é mister que se compreenda os 
fenômenos da opressão e da exclusão. Estes devem ser compreendidos através de 
uma mediação sócio – analítica, “Libertação é libertação do oprimido. 
Por isso, a teologia da libertação deve começar por se debruçar sobre as condições 
reais em que se encontra o oprimido de qualquer ordem que ele seja.” (BOFF, 1996, 
p. 40). 
O método utilizado para elucidar sócio–analiticamente o fenômeno da opressão e da 
exclusão pela teologia da libertação, é o método histórico- dialético. 
A influência do marxismo na teologia da libertação 
O marxismo passa a ser a filosofia predominante na análise sócio–analítica feita pela 
teologia da libertação. Porém, o marxismo é utilizado como instrumento, não tendo 
fim em si mesmo. “Na teologia da libertação o marxismo nunca é tratado em si 
mesmo, mas sempre a partir, e em função dos pobres” (Ibidem, p. 45). O sentido 
último da teologia não é Marx, mas Deus. 
Após a leitura sócio–analítica, o teólogo da libertação deve-se deparar com a Bíblia 
Sagrada. A Bíblia deve fornecer subsídios para que se possa identificar a face de Deus e 
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sua ação libertadora, nos diversos momentos históricos, sob as quais vive o teólogo e 
seu povo. Há, então, no processo de elaboração da teologia da libertação, uma 
imbricação necessária entre a análise sócio–analítica da realidade e a Bíblia Sagrada. 
Esta última fornece o sentido teológico da práxis libertadora proposta pela teologia da 
libertação. 
Na teologia da libertação a religião é vista como um fator de mobilização 
Com a gênese da teologia da libertação na América Latina, “a religião passa a ser um 
fator de mobilização e não do freio” (BOFF, 1980, p. 102). 
A religião não mais se apresenta como “ópio do povo”. Ela passa a ser fonte de 
libertação e de esperança para o homem. 
A religião, desta forma, não se reduz a uma ideologia que mantém o status quo social 
e político; também não é mais fonte de discursos etéreos. 
A teologia da libertação pretende mostrar que Deus não está em uma esfera trans–
histórica; mas, ela quer mostrar que Deus encarna-se na história, gera libertação de 
um povo humilhado, gera vida e esperança a um povo crucificado e sem sonhos. 
Podemos dizer, metaforicamente, que a teologia da libertação anuncia a ‘’descida’’ de 
Deus de sua esfera transcendente e “celeste” e mostra-o como agente dignificador dos 
humilhados da terra. 
Deus não é mais um conjunto de doutrinas e especulações, mas é a fonte de toda a 
luta pela justiça e igualdade. Por isso, Deus se manifesta nas lutas históricas pela 
justiça, pela inclusão e pela superação de toda opressão vigente na humanidade. “Eu 
sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”(Ex 20,2). 
Eis a face de Deus anunciada pela teologia da libertação: Deus que tira o povo da 
opressão, da servidão. 
O céu almejado pela humanidade, não é pensado como realidade post mortem. Este 
céu que fora pensado pela teologia clássica como realidade distante que se 
manifestaria no porvir, encarna-se no “agora”, através da práxis do povo em prol da 
dignidade humana: cada conquista popular, no que tange a uma relação mais justa 
entre os homens, presentifica o céu no seio da humanidade. 
A teologia da libertação surge para mostrar que Deus é “Pai – Nosso”; portanto os 
homens e as mulheres devem se relacionar como irmãos e irmãs, sem haver exclusão, 
sem haver opressão ou sem qualquer tipo de violação da dignidade humana. Lutar 
pela libertação é valorizar a paternidade universal de Deus, que se manifesta nas 
relações justas e fraternas entre todos os seres humanos. 
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Parte 07: Texto para debate- A teologia social de Calvino 
1. Introdução 
 Muitos de nós, não conhecem o pensamento teológico social de Calvino, pelo fato 
dos modernos manuais de teologia não fazerem referencia a tudo o que 
reformador produziu nesta área especifica. Faremos uma síntese de tudo que 
Calvino produziu nesta área. 
 A Reforma Protestante ocorrida no século XVI não foi somente um movimento 
espiritual e eclesiástico. Teve também aspectos e dimensões políticas e sociais. 
 Calvino, bem como os outros reformadores, deu atenção aos problemas sociais 
de sua época. Talvez pelo fato de ser da segunda geração de reformadores, Calvino 
podia ter uma visão mais ampla e amadurecida sobre o assunto. 
o Ele esforçou-se para entender qual deveria ser o papel da Igreja cristã na 
reconstrução de uma sociedade justa que refletisse a vontade de Deus em 
termos de justiça social. Essa questão era extremamente aguda para os 
reformadores, particularmente pelo fato de viverem numa época e numa 
situação de grandes problemas sociais. 
o Não é de se admirar que em suas Institutas da Religião Cristã, bem como 
em seus comentários Calvino freqüentemente trata de questões 
relacionadas com a responsabilidade social da Igreja e do Estado. 
 Duas considerações importantes. 
o Primeiro. Não devemos dissociar o pensamento social de Calvino da sua 
teologia. Calvino era acima de tudo um teólogo, um homem da Igreja. Ele 
não era um político, nem ativista social, mas essencialmente um pastor e 
um estudiosos das Escrituras. Seu pensamento social desenvolveu-se 
dentro da estrutura de seus pressupostos teológicos e bíblicos. 
Calvino construiu a sua teologia social a partir da sua convicção de que 
Cristo é Senhor de todos os aspectos da vida humana, e de que a Palavra 
de Deus deve regular todas as áreas da vida. 
o A segunda consideração. Não devemos dissociar o pensamento social de 
Calvino da época em que ele viveu. 
Embora sua teologia social brotasse

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