Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE CAPIVARI - FUCAP CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANÁLISE FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA LARROYD EQUIPAMENTOS LTDA. PATRÍCIA DOS SANTOS DE OLIVEIRA CAPIVARI DE BAIXO 2014 FACULDADE CAPIVARI - FUCAP CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS PATRÍCIA DOS SANTOS DE OLIVEIRA ANÁLISE FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA LARROYD EQUIPAMENTOS LTDA. Trabalho de Conclusão de curso submetido ao Curso de Graduação de Ciências Contábeis da Faculdade Capivari para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientadora: Profª. Maria Aparecida Cardozo, (Msc.) CAPIVARI DE BAIXO 2014 Patrícia dos Santos de Oliveira ANÁLISE FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA LARROYD EQUIPAMENTOS LTDA. Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Contábeis e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora. Capivari de Baixo, 09 de julho de 2014. _________________________________ Prof.ª Msc. Maria Aparecida Cardozo Coordenadora do Curso Banca Examinadora: ________________________________ Prof.ª Msc. Maria Aparecida Cardozo Orientadora Faculdade Capivari ________________________________ Prof. Mauricio Dobiez Membro da banca Faculdade Capivari ________________________________ Prof. Patrick Prates Membro da banca Faculdade Capivari DEDICATÓRIA Em especialmente a Deus, a essência e a base de todas as coisas, aquele que me sustenta, estrutura e orienta minha vida; À minha mãe e meu pai, os quais amo muito, pelo exemplo de vida e família e, também aos meus irmãos por tudo que me ajudaram até hoje; Com muito carinho dedico ao meu namorado Isac Rodrigues da Silva, pela compreensão e companheirismo, no qual sempre me incentivou para a realização dos meus ideais, encorajando-me a enfrentar todos os momentos difíceis da vida. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus, que me concedeu sob toda graça e misericórdia, o dom perfeito da vida e o privilégio de ter chego até aqui; Aos meus pais, pelo incentivo que me deram para poder alcançar este objetivo; Aos meus familiares e amigos especialmente ao meu namorado Isac Rodrigues da Silva, pelo importantíssimo apoio, nos momentos difíceis desta trajetória; Ao proprietário da empresa, objeto de estudo, que me disponibilizou as informações necessárias para realização desta pesquisa; A todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta para esta conquista, em especial aos meus colegas de faculdade que me deram forças nessa jornada; À minha orientadora, Professora Maria Aparecida Cardozo, por ter sido companheira, prestativa, compreensiva e amiga ajudando a conduzir este trabalho; Aos demais Professores, pelo empenho com que ministram suas disciplinas, objetivando sempre a melhor formação dos acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis. “O êxito da vida não se mede pelo que você conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou no caminho”. Abraham Lincoln RESUMO A complexidade e a competitividade no mercado exigem das empresas maior eficiência na gestão de seus recursos, assim, é indispensável ter uma visão ampla do negócio em que se atua. Desta forma, torna-se indispensável à atenção a ferramentas como a análise financeira, por ser capaz de fornecer informações para tomada de decisão. Tem-se então como pergunta de pesquisa: qual a viabilidade da implantação de um controle financeiro formalizado na empresa Larroyd Equipamentos Ltda.? Como forma de respondê-la, o objetivo geral do estudo foi propor a implantação de um controle financeiro formalizado na empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Para tanto, tem-se como objetivos específicos: verificar a existência de algum tipo de controle financeiro na empresa Larroyd Equipamentos Ltda.; levantar as rotinas de controle financeiro utilizadas pelo objeto de estudo considerando entradas e saídas de dinheiro; confrontar a forma de controle financeiro utilizado pela empresa com os modelos propostos pela literatura; e, identificar o modelo de controle financeiro mais adequado para empresa Larroyd Equipamentos Ltda. A metodologia usada para a elaboração desse trabalho foi o método de estudo de caso numa abordagem exploratória. A escolha pelo estudo de caso foi pelo motivo de que esse seria a melhor forma de coletar os dados para a presente pesquisa e, assim, alinhar o estudo ao estágio supervisionado na empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Observou-se que o controle financeiro adotado hoje pela empresa é bom, porém é necessário que sejam feitos alguns ajustes para que ele se torne uma ferramenta indispensável para a tomada de decisão. Supõe-se que o método de fluxo de caixa direto seja o mais adequado para empresa, pois nele é possível fazer a divisão de todas as atividades operacionais e não operacionais, além de que, pelo método direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais efetuadas durante o período. Assim, destaca-se a importância da análise de fluxo de caixa, pelo fato de ser uma ferramenta importante que visa ao controle e planejamento das disponibilidades de uma empresa. Palavras-chave: Análise Financeira. Tomada de Decisão. Fluxo de Caixa. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Controle Financeiro Atualmente Utilizado Pela Empresa Larroyd Equipamentos Ltda. .......................................... 57 Figura 02 – Organograma Proposto Para a Empresa Larroyd Equipamentos Ltda.. ....................................................... 60 LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Modelo de Demonstração do Valor Adicionado .......... 46 Quadro 02 – Estruturação da Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Direto .............................................................. 48 Quadro 03 – Estruturação da Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto ............................................................ 49 Quadro 04 – Proposta de um Controle Financeiro Formalizado e Adequado com a Literatura e as Atividades da Empresa ........................................................................ 58 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Estrutura do Balanço Patrimonial. ................................. 42 Tabela 02 – Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício... 44 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABC Activity Based Costing BP Balanço Patrimonial CIA Companhia DFC Demonstração de Fluxo de Caixa DRE Demonstração do Resultado do Exercício DVA Demonstração de Valor Adicionado DOAR Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos EPI Equipamento de Proteção Individual FUCAP Faculdade Capivari LTDA Limitada NBC T Norma Brasileira de Contabilidade - Técnica PMEs Pequenas e Médias Empresas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................25 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO: CARACTERIZAÇÃO DO OBETO DE ESTUDO .............................................................. 27 2.1 HISTÓRIA DA EMPRESA ........................................................ 27 2.2 DESCRIÇÕES DE CARGOS E ATIVIDADES ........................ 28 2.2.1 Compras .................................................................................. 28 2.2.2 Vendas e Marketing ............................................................... 28 2.2.3 Contabilidade .......................................................................... 29 2.2.4 Financeiro ............................................................................... 29 2.2.5 Produção ................................................................................. 29 3 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................... 31 3.1 CONTABILIDADE: CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........... 31 3.2 RAMIFICAÇÕES DA CONTABILIDADE ............................... 33 3.2.1 Contabilidade Gerencial ........................................................ 33 3.2.2 Contabilidade de Custos ........................................................ 34 3.2.2.1 Custeio Por Absorção ............................................................ 36 3.2.2.2 Custeio Variável ou Direto .................................................... 37 3.2.2.3 Custeio Baseado em Atividades (ABC) ................................ 37 3.2.3 Contabilidade Financeira ...................................................... 38 3.3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................... 40 3.3.1 Balanço Patrimonial (BP) ...................................................... 40 3.3.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ................ 43 3.3.3 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) ......................... 44 3.3.4 Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) .............................. 46 4 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................. 51 4.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ............................... 51 4.2 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................. 51 5 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................ 53 5.1 CONTROLE FINANCEIRO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS .. 53 5.2 ROTINAS DO CONTROLE FINANCEIRO ............................. 54 5.3 MODELOS DE FLUXO DE CAIXA ......................................... 55 5.4 CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA ............................................ 60 6 CONCLUSÃO .............................................................................. 61 REFERÊNCIAS .............................................................................. 63 ANEXO A – Sede da Empresa Larroyd Equipamentos .............. 67 ANEXO B – Desumidificador Dry Paper....................................... 68 ANEXO C – Eko Forno Larroyd ................................................... 70 25 1 INTRODUÇÃO A contabilidade é uma ciência que estuda, controla e registra todas as transações relativas à administração patrimonial, econômica e financeira da empresa, portanto a contabilidade se torna uma ferramenta indispensável para a gestão dos negócios. As transformações aceleradas do mercado e a rapidez com que a globalização acontece, resulta em mudanças que geram desafios para os gestores que pretendem manter-se no mercado. Uma das formas para superar tais desafios é que o gestor busque permanentemente novos conhecimentos e métodos para lapidar suas decisões. Assim, a adequação da realidade no mundo dos negócios é fundamental, pois é indispensável ter uma visão ampla do negócio em que se atua, onde consiga ter estratégias suficientes para poder crescer ou manter-se no mercado. Desta forma, é importante que o gestor obtenha conhecimento sobre a análise financeira, pois essa é uma ferramenta capaz fornecer informações que são necessárias para identificar a real situação da empresa. Porém, muitas empresas não utilizam essa ferramenta e nem as informações fornecidas por ela, fazendo com que deixe de entrar nessa acirrada competição globalizada que se encontra nos mercados de hoje. Sem essa ferramenta, ela não é capaz de tomar as decisões certas que são necessárias para o controle e planejamento de seu negócio. Dessa forma, esse controle e análise são importantes para a sobrevivência de empresas inseridas no mercado, pois só assim é possível ter uma visão geral de como funciona o negócio e ter um diagnóstico econômico- financeiro. Devido a grande concorrência em meio à globalização no mercado, e a carência de empresas que não conseguem atingir os lucros propostos, surge assim a necessidade de estudar meios que possam auxiliar empresas a obter um controle mais preciso sobre seus custos. Não apenas as grandes organizações devem se preocupar com o planejamento e utilizar das ferramentas gerenciais que a contabilidade fornece, as pequenas empresas também devem se preocupar a utilizar esse recurso, pois ocorre um alto índice de mortalidade dessas, por não possuir um processo de gestão eficiente e não utilizarem informações precisas sobre o ambiente em que a empresa atua. É vital a sobrevivência da empresa inserida num ambiente competitivo, desde que seus gestores estejam assessorados e recebam informações para escolherem as melhores alternativas, e para identificá-las são necessários os dados contábeis. 26 O objetivo que designou a escolha deste estudo foi ampliar conhecimentos na área financeira e mostrar qual a sua importância em relação à sobrevivência da empresa, sendo uma ferramenta que tem por objetivo auxiliar os gestores na tomada de decisão. Tem-se, então, como pergunta de pesquisa: qual a viabilidade da implantação de um controle financeiro formalizado na empresa Larroyd Equipamentos Ltda.? Como forma de respondê-la, o objetivo geral do estudo é propor a implantação de um controle financeiro formalizado na empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Para tanto, os objetivos específicos são: (a) verificar a existência de algum tipo de controle financeiro na empresa Larroyd Equipamentos Ltda.; (b) levantar as rotinas de controle financeiro utilizadas pelo objeto de estudo, considerando entradas e saídas de dinheiro; (c) confrontar a forma de controle financeiro utilizado pela empresa com os modelos propostos pela literatura; e (d) identificar o modelo de controle financeiro mais adequado para empresa Larroyd Equipamentos Ltda. 27 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO: CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 1 Esta seção trata da identificação e caracterização da empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Para tanto, está divida em: história da empresa e descrição de cargos e atividades. 2.1 HISTÓRIA DA EMPRESA O trabalho tem como objeto de estudo a empresa Larroyd Equipamentos Ltda., sendo uma empresa familiar e também de pequeno porte. Sua fundação foi em junho de 2003 e sua sede (Anexo A) é localizada próxima às margens da BR 101, na Rua Enedina de Souza Bento, 300, bairro: Vila Flor, Capivari de Baixo/SC. Composta por dois sócios, possui um quadro de 8 funcionários, sendo 4 no setor produtivo e 4 no setor administrativo. Sua área de atuação sempre foi a industrialização. Desde 2003, sua atividade principal foi a fabricação de desumidificadores para papel Dry Paper (Anexo B). Esse equipamento tem o objetivo de tirar a umidade do papel antes da impressão. Os modelos são produzidos de acordo com as necessidades dos clientes, porém a empresa mantém também alguns modelos padrões que são mais comercializados, tendo como públicoalvo papelarias e empresas de suprimentos. Em 2011, foi desenvolvido outro produto, o Eko Forno Larroyd (Anexo C), um forno compacto, com alta temperatura, utilizando energia limpa, baixo consumo de energia elétrica, com lastro de pedra refratária, isolamento de calor eficiente, controladores precisos das temperaturas inferior e superior, sem interferir no meio ambiente e sem diversos problemas causados pelo forno à lenha. Esse forno foi desenvolvido para substituir os fornos à lenha, seu público alvo são pizzarias e restaurantes. Hoje em dia, a empresa fabrica os dois produtos. Mesmo tendo públicos alvos diferentes e os produtos serem diferentes, seu processo produtivo é da mesma maneira, pois mão-de-obra, máquinas e ferramentas para produção são praticamente as mesmas, o que muda, em questão, são apenas os tipos de matérias-primas. 1 As informações dessa seção foram retiradas por meio de uma entrevista com o diretor da empresa Larroyd Equipamentos, através do Contrato Social e acompanhamento das atividades da empresa. 28 2.2 DESCRIÇÕES DE CARGOS E ATIVIDADES Essa seção trata das atividades exercidas nos cargos estabelecidos na empresa Larroyd Equipamentos Ltda. 2.2.1 Compras Esta função é desempenhada apenas por uma pessoa. Sua responsabilidade é efetuar compras tanto de matéria prima como também material de uso e consumo. Uma das políticas da empresa é que, antes de fechar qualquer compra, é necessário ter um orçamento de pelo menos de 3 fornecedores, para que assim seja possível analisar qual a melhor opção de negociação. Até o ano de 2013, as compras eram feitas diariamente, conforme havia necessidade, a pessoa que cuidava do estoque fazia a solicitação de compra dos materiais, porém sentiu-se a necessidade de ter uma programação das compras de materiais, pois o controle de estoque estava meio furado, pois a solicitação só estava sendo feita quando acabavam os materiais, sendo assim a direção decidiu que dois dias da semana seriam destinados para compra e acompanhamento de estoque. Uma das funções desse cargo também é acompanhar o recebimento dos pedidos, para que, desta forma, seja possível analisar se o fornecedor está cumprindo com o prazo de entrega prometido. 2.2.2 Vendas e Marketing A pessoa responsável por esse cargo tem como principais atividades: fazer as negociações de vendas, tanto para os distribuidores, como também os clientes finais; cuidar da divulgação dos produtos, que geralmente é através de propagandas em revistas, sites e fóruns; fazer a programação das participações em feiras ou eventos; como também, procurar parcerias para uma melhor divulgação da marca e produtos. Quem cuida da parte de vendas tem a função de acompanhar o rastreamento dos pedidos, mantendo assim o cliente informado sobre a entrega de seu pedido. 29 2.2.3 Contabilidade Como a empresa é de pequeno porte, não há a necessidade de que a contabilidade seja feita na própria empresa, em função de que manter uma estrutura contábil hoje em dia é um pouco caro. Sendo assim, a contabilidade da empresa é terceirizada. A empresa que presta serviços contábeis é a Orprocon Escritório Contábil Ltda., sua localização está na Avenida Marcolino Martins Cabral, Bairro: Centro, Tubarão. A Larroyd Equipamentos Ltda. é cliente da Orprocon desde o ano de 2003, que foi o ano que foi feita a abertura da empresa. 2.2.4 Financeiro Essa função é uma das mais importantes, pois é através dela que é feito o controle de todo o dinheiro da empresa. O controle de todos os recebimentos e todas as saídas é feito por meio de uma planilha financeira eletrônica. Os lançamentos nessa planilha são feitos diariamente. Os pagamentos das contas são feitos pela internet e, em alguns casos isolados, o pagamento é feito em cheque. Todos os clientes e fornecedores possuem uma pasta arquivo, onde são arquivados todos os comprovantes de pagamentos juntamente com uma cópia da nota fiscal. Algumas outras atividades que são desempenhadas para essa função é a análise de cadastro, que é feita com todos os clientes novos, e também a emissão de nota fiscal eletrônica. 2.2.5 Produção Essa função começa desde o corte de chapa até a apresentação do produto final, envolvendo juntamente algumas outras atividades, como a de controle de estoque dos materiais, controle de qualidade e também controle de expedição. O horário de funcionamento da produção é de segunda-feira à sexta-feira, das 07:30h às 17:18h, tendo um intervalo das 12:00h às 13:00h. O maquinário utilizado na produção é novo. A diretoria sempre visa melhorar o processo produtivo, sendo assim, sempre busca novas ferramentas que podem melhorar de alguma forma a produção dos equipamentos. Os funcionários que trabalham nesse setor têm a função de sempre manter as máquinas e ferramentas limpas e conservadas, com boas condições de uso. 30 A empresa também disponibiliza, para os funcionários que trabalham no setor da produção, equipamentos de proteção individual- EPI, pois, com esses equipamentos, os procedimentos produtivos são efetuados de maneira mais segura. 31 3 REFERENCIAL TEÓRICO Esta seção trata do referencial teórico balizador da pesquisa, apresentando-se da seguinte maneira: primeiramente envolvendo um estudo sobre a contabilidade geral e também sobre ramificações da contabilidade, em seguida o estudo envolve as demonstrações contábeis, tendo um maior destaque na demonstração de fluxo de caixa. Para tanto, tem-se como subcapítulos: contabilidade: conceitos fundamentais; ramificações da contabilidade; e, demonstrações contábeis. 3.1 CONTABILIDADE: CONCEITOS FUNDAMENTAIS Contabilidade é um conjunto ordenado de conhecimentos, leis, princípios e métodos de evidenciação. Ela é a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos monetários e físicos, onde se constitui na técnica de coletar, relacionar e registrar os fatos que nele ocorrem, bem como de juntar, resumir e mostrar informações de suas variações e situação, especialmente de natureza econômico-financeira (BASSO, 2005). Conforme Sá (2002, p. 46), Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais. De acordo com Gonçalves e Baptista (2007), contabilidade é ciência porque possui objeto determinado e método de investigação próprio. Os estudos dos fenômenos são verificados de maneira universal, onde apresenta verdades por volta de um mesmo objetivo. A contabilidade é o instrumento que fornece um máximo de informações que são úteis para a tomada de decisão. A contabilidade sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar dos tempos, ela começou a se tornar obrigatória para algumas empresas, e o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos (MARION, 2008). A contabilidade é, portanto, a ciência que fornece informações do patrimônio da empresa para seus administradores e, com essas informações, é possível verificar a realidade que a empresa se encontra. 32 O principal objeto da contabilidade é o patrimônio. Conforme Basso (2005, p. 24), “a contabilidade tem como finalidade fundamental gerar informações de ordem física, econômica e financeira sobre o patrimônio, com ênfase para o controle e planejamento”. De acordo com Sá (2002, p. 94), a Contabilidade, sendo a ciência apta para contribuir, por meio de modelos à prosperidade das aziendas, pode ensejar a prosperidade do todo social, ou seja, é a ciência competente para construir a prosperidade social a partir da somatória das unidades.Conforme Ribeiro (2010, p. 4), “o objetivo da contabilidade é o estudo e o controle do patrimônio e de suas variáveis visando ao fornecimento de informações que sejam úteis para a tomada de decisões econômicas”. Segundo Gonçalves e Baptista (2007), a Contabilidade tem por fim registrar os fatos e produzir informações que possibilitem ao administrador do patrimônio o planejamento e o controle de sua ação perante a organização. A finalidade da contabilidade é assegurar o controle do patrimônio administrado, por meio do fornecimento de informações e orientações que são necessárias para tomada de decisão da administração. Esses dados são fornecidos através do controle, registro, classificação e interpretação dos fatos ocorridos. Para a administração essas informações são indispensáveis, pois com elas é possível ter um planejamento e também um controle mais preciso das atividades econômicas da entidade (FRANCO, 2006). O patrimônio seria o objeto de estudo da contabilidade, pois é por meio dele que é possível exercer as funções contábeis, para que possa alcançar as suas finalidades (FRANCO, 2006). Segundo Gonçalves e Baptista (2007), o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio, seria por meio dele que são desenvolvidas as funções da ciência contábil. Um profissional da contabilidade tem muitas alternativas de trabalho. Segundo Basso (2005), o campo da contabilidade é amplo, pois onde existir um patrimônio definido e delimitado, pode estar também a ser definindo um campo de adaptação da contabilidade, como as micros, pequenas, médias e grandes empresas privadas ou públicas, 33 entidades de fins ideais, pessoas físicas em geral, representam um campo de aplicação da contabilidade. De acordo com Gonçalves e Baptista (2007, p. 25), “a Ciência Contábil encontrou campo fértil para seu desenvolvimento, com o surgimento do processo de acumulação capitalista e o florescimento da Revolução Industrial”. Os principais campos de aplicação da contabilidade podem ser classificados nos seguintes ramos: contabilidade comercial, industrial, pública, bancária, rural, cooperativas, seguradoras, fundações, construtoras, hospitalar, condomínios, entre outras. De acordo com Ribeiro (2010, p. 5), “o campo de aplicação da contabilidade abrange todas as entidades econômico-administrativas. Entidades econômico-administrativas são organizações que reúnem os seguintes elementos: pessoas, patrimônio, titular, capital, ação administrativa e fim determinado”. Assim, em todos esses campos de atuação, a contabilidade gerencial e a contabilidade de custos são fundamentais para o andamento e crescimento dessas entidades, pois a contabilidade de custos fornece os instrumentos necessários para a tomada de decisões do dia a dia da empresa. 3.2 RAMIFICAÇÕES DA CONTABILIDADE A contabilidade é uma só, porém como qualquer outra ciência possui diversas ramificações, apesar de ter um mesmo objetivo que é orientar e controlar através de registros contábeis. Abre-se um leque de ramificações de acordo com a atividade exercida, dentre elas, tem-se, para efeito desse estudo a contabilidade gerencial, a contabilidade de custos e a contabilidade financeira. 3.2.1 Contabilidade Gerencial De acordo com Iudícibus (1998), a contabilidade gerencial pode ser caracterizada como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços, etc. Porém, numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório, ela está voltada para a administração da empresa, a fim de suprir informações que se sejam de maneira válida e efetiva no modelo decisório do administrador. 34 Conforme Anthony (1971), a contabilidade gerencial está intimamente integrada com o processo chamado controle gerencial, que seria o processo a qual assegura que os recursos sejam obtidos e aplicações eficientemente na realização dos objetivos de uma empresa. Esse processo está relacionado com a operação de funcionamento de uma empresa. É um processo recorrente, ou seja, não tem fim e nem princípio definido. De acordo com Crepaldi (2011, p. 6), contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle de insumos efetuado por um sistema de informação gerencial. . Para Leone (2000), qualquer empresa tem como principal objetivo a maximização dos seus lucros. Em outras empresas a diferença entre os gastos e as receitas, despesas e custos é denominada de superávit, nestas empresas, do mesmo modo, o principal objetivo é maximizar os seus superávits, até porque caso não obtiverem superávits satisfatórios, não irão poder alcançar seus objetivos sociais e nem progredir. Segundo Marion (2008), a contabilidade gerencial é voltada para fins internos, pois procura suprir os gerentes de um elenco maior de informações, principalmente para a tomada de decisões. O profissional que exerce essa função, muitas vezes é conhecido como controller. O contador gerencial deve se esforçar para assegurar que a administração tome as melhores decisões estratégicas para o longo prazo. Porém, as informações fazem mais que simplesmente comunicar, pois as informações comunicadas podem determinar o desempenho da empresa (CREPALDI, 2011). 3.2.2 Contabilidade de Custos A contabilidade está presente de forma simples em comércios desde os tempos do capitalismo, quando ela ainda tinha como foco principal a avaliação do estoque, mesmo assim ela já ajudava os comerciantes a obter respostas sobre os seus negócios, se estavam obtendo lucro ou não. Conforme Leone (2000, p. 20), 35 A Contabilidade de Custos coleta, classifica e registra os dados operacionais das diversas atividades da entidade, denominados de dados internos, bem como algumas vezes, coleta e organiza dados externos. Segundo Martins (2003), devido ao crescimento das empresas com o consequente aumento da distância entre o administrador e pessoas administrativas, a contabilidade de custos começou a ser encarada como uma forma eficiente de auxílio no desempenho da missão gerencial. Portanto, pode-se dizer que a Contabilidade de Custos é o ramo da contabilidade que se destina a produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às funções de determinação de desempenho, de planejamento e controle das operações e de tomada de decisões. Para Gonçalves e Baptista (2007, p. 86), “custo é gasto relacionado com bem ou serviço empregado na produção de outro bem ou serviço”. De acordo com Franco (2006), o custo é fundamental em qualquer entidade com fim lucrativo, pois a empresa depende dele para alcançar os fins a que se destina. A empresa que conseguir melhorar sua eficiência e reduzir progressivamente seu custo estará obtendo um resultado econômico cada vez melhor. Os custos são classificados de várias formas para atender as diversas finalidades para as quais são apurados. Sendo assim, quanto à classificação, os custos podem ser relacionados pela facilidade de identificação, como diretos e indiretos, e os custos relacionados à variação do volume como fixos, variáveis (MEGLIORINI, 2002; NEVES e VICECONTI, 2003; WERNKE, 2004). Para Leone (2000), custos diretos são aqueles custos que podem ser facilmente identificados com o objeto de custeio. São custos diretamente identificados aos seus portadores. Para a sua identificação, não tem a necessidade de fazer o rateio. Segundo Santos et al. (2006, p. 54), custos indiretos são todosos outros custos. Não existe para estes uma relação imediata com a unidade de custo, a exemplo do salário do supervisor, prêmios de seguro, depreciação, etc. 36 De acordo com Megliorini (2002), os custos fixos são aqueles decorrentes da estrutura produtiva da entidade, porém eles independem da quantidade que venha a ser produzida, como por exemplo: aluguel de fábrica, salários de gerentes, etc. Segundo Crepaldi (2010), custos variáveis são aqueles que variam diretamente com a produção, como por exemplo: mão de obra direta, matéria-prima e comissão de vendas. São os custos que modificam em função de qualquer variação da quantidade produzida. Conforme Santos et al. (2006), existem três tipos de custeio que podem auxiliar as empresas que seriam: o critério custo por absorção, o critério do custo variável e o critério do custo ABC (Activity Based Costing) que seria custeamento baseado em atividades. Percebe-se, portanto, que o contador deve analisar, em conjunto com a empresa, a sua necessidade para identificar qual o melhor sistema a ser implantado de acordo com as atividades da entidade. Todos os métodos apresentam vantagens e desvantagens, mas, para efeitos contábeis, somente o método por absorção é admissível em função da aplicação dos princípios de contabilidade e adotada pelas legislações comerciais e fiscais (CREPALDI, 2010). A contabilidade de custos requer a existência de métodos de custeio para que, ao final do processo, seja possível conseguir o valor a ser atribuído ao objeto de estudo. Nesse contexto, será abordado um estudo sobre os três métodos de custeio que são utilizados pelas empresas, que seriam: custeio por absorção, custeio variável ou direto e o custeio baseado em atividades. 3.2.2.1 Custeio Por Absorção É o custeio que faz debitar ao custo do produto todos aqueles custos de fabricação, sejam eles diretos, indiretos, fixos ou variáveis. Segundo Crepaldi (2010, p. 229), “custeio por absorção é o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade e é, no Brasil, adotado pela legislação comercial e pela legislação fiscal”. Conforme Wernke (2005, p. 20), o custeio por absorção tem sido alvo de diversas opiniões que o desqualificam. Por exemplo: para adequar-se à legislação vigente deve seguir os princípios contábeis. Decorre daí a obrigatoriedade de usar valores que podem http://pt.wikipedia.org/wiki/Final http://pt.wikipedia.org/wiki/Objeto 37 merecer contestações quanto à sua adequação ao aspecto gerencial. É o que acontece, por exemplo, no caso da avaliação de estoques pelo preço médio e da depreciação com base em taxas predeterminadas legalmente. 3.2.2.2 Custeio Variável ou Direto Custeio Marginal Direto (ou variável) é o método mais utilizado para a tomada de decisão, pelo fato de fornecer informações mais adequadas para decisões, porém ele não atende os princípios contábeis. Esse método para controle interno é importante, pois ele é considerado o melhor método de controle e avaliação. Segundo Santos et al. (2006, p. 104), “o custeio marginal parte do princípio de que um produto, mercadoria ou serviço só é responsável pelos custos e despesas variáveis que gera”. Esse método assume que somente os gastos variáveis de produção e de comercialização do produto ou serviço devem ser considerados no custeamento da produção. Todos os demais gastos, que não são facilmente associáveis a determinado produto ou serviço, devem ser transferidos à demonstração do resultado (WERNKE, 2005). Cabe ressaltar que a margem de contribuição é derivada do método de custeio variável ou direto. A margem de contribuição tem por finalidade cobrir as despesas fixas e formar o lucro das empresas. Segundo Megliorini (2002), a margem de contribuição é quando resta do preço, ou seja, do valor de venda de um produto são deduzidos os custos e despesas por ele gerados. A empresa só começa a gerar lucro quando a margem de contribuição dos produtos vendidos superar os custos e despesas fixos do exercício. 3.2.2.3 Custeio Baseado em Atividades (ABC) Custeamento ABC baseado em atividades (Activity Based Costing) surgiu como um método de atribuição dos custos indiretos aos produtos e serviços por meio das atividades. Confome Crepaldi (2010, p. 322), “a metologia ABC trata de definir e custear as atividades desenvolvidas pelas empresas e entender como essas são demandas pelos produtos ou serviços”. O critério do ABC aloca os custos e as despesas indiretas às atividades. Referente às bases de rateio, elas devem apresentar o uso que 38 as atividades e os centros de responsabilidade fazem dos recursos indiretos e comuns. Essas bases, para proceder a alocação, são chamadas de direcionamento de recursos (LEONE, 2000). Brinson (1996, p. 26) define o ABC como, o custo da atividade que é expresso em termos de uma medida de volume, pela qual os custos de determinado processo variam de forma mais direta (por exemplo, quantidade de ordens de compra ou quantidade de fornecedores). Na contabilidade de custos, outro assunto importante que também é tratado é o ponto de equilíbrio. Ele é um dos indicadores contábeis que informa ao executivo o volume necessário de vendas, no período considerado, para cobrir todas as despesas, fixas e variáveis, incluindo- se o custo da mercadoria vendida. O ponto de equilíbrio é o ponto em que os custos e as despesas se igualam. A partir desse ponto, a empresa começa a entrar na área da lucratividade. Conforme Megliorini (2002), ponto de equilíbrio nada mais é do que aquele momento em que a empresa não apresenta lucro nem prejuízo. Esse momento é aquele em que foi atingido um nível de vendas no qual as receitas geradas são suficientes apenas para cobrir os custos e as despesas. O lucro começa a surgir após o ponto de equilíbrio for atingido. 3.2.3 Contabilidade Financeira Segundo Marion (2008), a contabilidade financeira é a contabilidade geral necessária a todas as empresas, pois fornece informações básicas a seus usuários e é obrigatória para fins fiscais. Dependendo da área ou atividade, ela pode receber várias denominações, como contabilidade agrícola, contabilidade comercial, contabilidade industrial, dentre outras. De acordo com Crepaldi (2011), a contabilidade financeira é processo de elaboração de demonstrativos financeiros para finalidades externas e diversos interessados, que seriam os acionistas, credores e autoridades governamentais. Esse procedimento é bem influenciado por autoridades que constituem padrões, bem como por exigências de auditoria independente. 39 A análise financeira é uma ferramenta que tem por objetivo auxiliar na avaliação da empresa. A Contabilidade é a linguagem dos negócios e as demonstrações contábeis são os canais de comunicações que fornecem dados e informações para que seja possível diagnosticar o real desempenho e a verdadeira saúde financeira da empresa. Uma análise desenvolvida com base em dados contábeis confiáveis, por sua vez, reduz o grau de incerteza decorrente da deficiência de referenciais qualitativos. Portanto, a análise financeira precisa ter um enfoque holístico, abrangendo a estratégia da empresa, suas decisões de investimento e de financiamento de suas operações (SILVA, 2004). Conforme Wernke (2008), administração financeira é um conjunto de procedimentos e técnicas utilizados para gerenciar os recursos financeiros da entidade, objetivando a maximização do retorno do capital investido pelos acionistas. Pertence ao gestor de finanças o trabalho de utilizar seu conhecimento técnico e as ferramentas gerenciais disponíveis com a intenção de aumentar a riqueza dos investidores. De acordo com Hoji (2008), para a administração financeira, o objetivo econômico das empresas é a maximização de seu valor demercado, pois, desta maneira, estará sendo aumentada a riqueza de seus proprietários, que seriam os acionistas de sociedade por ações e os sócios de sociedades por cotas. Os proprietários de empresas privadas esperam que os seus investimentos produzam um retorno de acordo com o risco assumido, por meio de geração de resultados financeiros e econômicos. Segundo Treuherz (2007, p. 9), toda atividade econômica é quantificada em termos monetários. Assim, os resultados de uma empresa, com exceção dos seus benefícios sociais e ambientais, são demonstrados em moeda. Portanto, entende-se por Análise Financeira o exame de atos e fatos que envolvem dinheiro, mediante a utilização de determinada metodologia de trabalho. Conforme Gitman (2004), as atividades financeiras e contábeis estão relacionadas e com frequência se sobrepõem. Em empresas menores quem ocupa a função financeira é o controller, já em empresas maiores, muitos contadores estão envolvidos em várias atividades da área financeira. Porém, existem duas diferenças básicas entre a 40 contabilidade e as finanças, pois uma está relacionada à tomada de decisões e a outra está relacionada a ênfase em fluxos de caixa. Cabe destacar que termos como contabilidade financeira, administração financeira, gestão financeira e, até mesmo, contabilidade gerencial, retratam, de certa forma, algumas confusões nos seus conceitos e objetivos. 3.3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Segundo Ribeiro (2012), o objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, onde seria o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, a qual seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e também nas tomadas de decisões econômicas. Nesse contexto, nessa seção será abordado um estudo em algumas demonstrações contábeis, quais sejam: balanço patrimonial (BP), demonstração do resultado do exercício (DRE), demonstração de valor adicionado (DVA) e, assim, tendo um maior enfoque na demonstração de fluxo de caixa (DFC). 3.3.1 Balanço Patrimonial (BP) De acordo com Hoji (2008), balanço patrimonial evidencia a situação estática da empresa em determinado tempo. Cada empresa pode determinar a data de encerramento do balanço conforme as suas conveniências, porém a maioria das empresas brasileiras encerra o balanço em 31 de dezembro de cada ano. Conforme Silva (2004), o balanço patrimonial retrata a posição patrimonial da empresa em determinado momento, composta por bens, direitos e obrigações. O ativo mostra os bens e direitos que a empresa possui. O passivo mostra de onde foi que vieram os recursos, que seria os recursos provenientes de terceiros e os próprios. Os recursos próprios podem ser originados do capital colocado pelos sócios ou também pode ser pelo lucro gerado pela empresa. Segundo Matarazzo (2003), o balanço patrimonial tem por finalidade demonstrar a situação da empresa no final de um determinado período. O balanço patrimonial é a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa – ativo, e as obrigações - passivo em determinada data. A diferença entre ativo e passivo é chamada de patrimônio líquido e representa o capital investido pelos proprietários. 41 De acordo com Assaf Neto (2012), o balanço patrimonial apresenta a posição patrimonial e financeira da organização de um determinado período. A informação que esse demonstrativo fornece é totalmente estática, ou seja, seus valores dificilmente terão algum tipo de variação após o seu encerramento. O balanço patrimonial se torna indispensável elemento para conhecer a situação econômica e financeira da empresa. O balanço patrimonial é constituído de ativo, passivo e patrimônio líquido. O ativo é composto por todos os bens e direitos aplicados na entidade contábil. O passivo e o patrimônio líquido registram todas as origens de recurso da empresa. Conforme Ribeiro (2012), os ativos de uma entidade resultam em transações ou eventos passados. As entidades geralmente obtêm ativos comprando-os ou produzindo-os, mas outras transações ou eventos também podem gerar ativos, como por exemplo um imóvel recebido do governo como parte de um programa para fomentar o crescimento econômico. De acordo com Leite (1994, p. 24), o passivo corresponde à listagem de obrigações da empresa, que financiaram as aplicações demonstradas no Ativo, e à especificação dos recursos próprios da empresa, que estão envolvidos nestas aplicações. Segundo Silva (2004), no balanço patrimonial, o patrimônio líquido representa a parte da empresa que pertence a seus proprietários. No patrimônio líquido são representados os recursos próprios da empresa que pertencem aos acionistas e sócios (HOJI, 2008). Para Assaf Neto (2012), o patrimônio líquido representa a identidade contábil medida pela diferença entre o total do ativo e os grupos do passivo exigível e resultados de exercícios futuros, ou seja, o volume de recursos próprios da empresa, a que pertencem aos sócios ou acionistas. A tabela 01 mostra um exemplo, de uma estrutura de balanço patrimonial. 42 Tabela 01 – Estrutura do Balanço Patrimonial. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO CIRCULANTE DISPONÍVEL Caixa e Bancos Títulos de Negociação Imediata APLICAÇÕES FINANCEIRAS (CDB, Letras de Câmbio, Debêntures, etc.) REALIZÁVEL A CURTO PRAZO Valores a Receber (-) Provisão para devedores duvidosos (-) Títulos Descontados Outros Valores a Curto Prazo a Receber ESTOQUES Matérias-primas e Embalagens Produtos em Elaboração Produtos Acabados/Mercadorias Materiais Diversos (Consumo e Almoxarifado) DESPESAS ANTECIPADAS Despesas Apropriáveis a Custo no Exercício Seguinte ATIVO NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Créditos Diversos INVESTIMENTOS Participações Acionárias Outros Investimentos IMOBILIZADO Prédios e Terrenos Máquinas e Equipamentos Veículos, Mobiliário etc. INTANGÍVEL Marcas e Patentes Fundo de Comércio PASSIVO TOTAL PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores Empréstimos e Financiamentos Impostos, Taxas e Contribuições Salários a Pagar Dividendos a Pagar Provisões Outros Passivos de Curto Prazo PASSIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Empréstimos e Financiamentos Outros Passivos a Longo Prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Realizado Reservas de Capital Reservas de Lucros Ajustes de Avaliação Patrimonial Prejuízos Acumulados Ações em Tesouraria Fonte: ASSAF NETO (2012, p. 60). 43 3.3.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A demonstração do resultado do exercício (DRE) tem como objetivo fornecer o resultado líquido do exercício. Segundo Hoji (2008), a demonstração do resultado do exercício é uma demonstração contábil que apresenta o fluxo de receitas e despesas, que resulta um aumento ou redução do patrimônio líquido entre duas datas. Ela deve ser iniciada com a receita operacional bruta e delas são deduzidos as despesas, para assim poder chegar ao lucro líquido. De acordo com Silva (2004, p. 95), a demonstração do resultado do exercício, conforme o próprio nome sugere, demonstra o resultado obtido pela empresa em determinado período, isto é, o lucro ou prejuízo. É importante notar que, enquanto o balanço patrimonial representa a posição da empresa em determinado momento, a demonstração do resultado acumula as receitas, os custos e as despesas relativas a um período de tempo, mostrando o resultado e possibilitando conhecermos seus componentes principais. Segundo Marion (2008), a forma de apresentação da demonstração do resultado de exercício é vertical. Antigamente o modo de apresentação era de forma horizontal. A receita era apresentada de um lado e asdespesas e custos de outro. A Lei nº 6.404/76 define o conteúdo da demonstração do resultado do exercício e que sua apresentação deve ser de forma dedutiva, com os detalhes necessários das receitas, despesas, ganhos e perdas, sendo definido visivelmente o lucro ou prejuízo do exercício (MARTINS et al., 2013). Para Assaf Neto (2012), a demonstração do resultado do exercício tem por objetivo fornecer, de maneira ilustrada, os resultados auferidos pela empresa em determinado exercício social, e esses resultados são transferidos para as contas do patrimônio líquido. Conforme Braga (1999), a demonstração do resultado do exercício deve apresentar o resumo das variações positivas e negativas, incididas em determinado período de tempo, normalmente no exercício social, em função da exploração das atividades operacionais da empresa. 44 A tabela 02 mostra um exemplo, com valores fictícios, de Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Tabela 02 – Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício. DEMONTRAÇÃO DO RESULATADO DO EXERCÍCIO Cia. Alfa Em $ milhões Vendas Brutas 6.000.000 (-) Deduções (400.00) Vendas Líquidas 5.600.000 (-) CPV (2.400.000) Lucro Bruto 3.200.000 (-) Despesas Operacionais Administrativas (800.000) De Vendas (500.000) Financeiras (250.000) (-) Receita Financeira 600.000 350.000 Outras (150.000) Lucro Operacional 2.100.000 (-) Despesas não Operacionais (100.000) Lucro Antes do IR 2.000.000 (-) Imposto de Renda (600.000) Lucro Líquido 1.400.000 Fonte: MARION (2010, p. 37). 3.3.3 Demonstração de Valor Adicionado (DVA) A demonstração de valor adicionado (DVA) é mais uma das importantes inovações trazidas pela Lei nº. 11.638 de 28 de dezembro de 2007, que promoveu alterações na Lei das Sociedades por Ações. A DVA é um relatório contábil que evidencia o quanto de riqueza uma empresa produziu, isso é, o quanto ela adicionou de valor a seus fatores de produção e o quanto e de que forma ela foi distribuída (RIBEIRO, 2012). Para Assaf Neto (2012), a demonstração de valor adicionado é um componente do Balanço Social da entidade, logo, a DVA é um demonstrativo de quanto a empresa agregou de valor no período informado e relacionado. Segundo Martins et al. (2013), a demonstração de valor adicionado tem como objetivo principal informar o valor da riqueza criada pela empresa e a forma de sua distribuição. A DVA se tornou 45 obrigatória para companhias abertas quando teve a promulgação da Lei nº 11.638/07, que introduziu alterações à Lei nº 6.404/76. Conforme Marion (2010), a demonstração de valor adicionado evidencia o quanto de riqueza a empresa produziu, e informa também de que maneira ela foi distribuída entre empregados, governo, acionista, financiadores de capital, e quanto ficou retido na empresa. Sendo assim, ela evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e sua respectiva distribuição. De acordo com Ribeiro (2012, p. 229), “o valor adicionado que é demonstrado na DVA, corresponde à diferença entre o valor da receita de vendas e os custos adquiridos de terceiros”. Segundo Neves e Viceconti (2003), a demonstração de valor adicionado indica de forma mais clara e precisa a parte da riqueza que pertence aos sócios ou acionistas, e também as que pertencem aos demais capitalistas que financiam a entidade, a que pertencem aos empregados e, finalmente, a parte que fica com o governo. De acordo com Silva (2004, p. 102), a DVA mostra a geração de valor e sua distribuição, para pagamento de insumos, para pagamento de salários aos empregados, impostos ao governo, dividendos e juros sobre o capital próprio aos acionistas e reinvestimento na empresa. Enfim, pode-se afirmar que a DVA tem por objetivo fornecer uma visão sobre um todo da real capacidade de uma sociedade produzir de riqueza, e como fazer a distribuição da riqueza entre os diversos fatores da produção. O quadro 01 mostra um exemplo, com valores fictícios, de Demonstração do Valor Adicionado (DVA). 46 Quadro 01 – Modelo de Demonstração do Valor Adicionado Casa das Lingeries Ltda. – Exercício de 20X5 Receita Operacional (-) Custo da Mercadoria Vendida (Compras) Valor Adicionado Bruto gerado nas Operações (-) Depreciação Valor Adicionado Líquido (+) Receita Financeira Valor Adicionado Distribuição do Valor Adicionado Empregado (Depto. de Vendas e Administração) Juros Dividendos Impostos Outros Lucro Reinvestido 800.000 (650.000) 150.000 (10.000) 140.000 10.000 150.000 (90.000) (30.000) (14.000) (6.000) - (10.000) Fonte: MARION (2010, p. 59). 3.3.4 Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) A demonstração do fluxo de caixa (DFC) foi criada com a Lei nº 6.404/76 e se tornou obrigatória com a Lei nº 11.638/07 para todas as sociedades de capital aberto e as de grande porte (MARION, 2010). Conforme Resolução 1255/09, de 10/12/2009, do Conselho Federal de Contabilidade, que regulamentou a NBC T 19.41 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas (PMEs), com vigência a partir de 01/01/2010, empresas classificadas como PMEs deverão seguir os padrões internacionais de Contabilidade, elaborando as seguintes demonstrações financeiras: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e Demonstração dos Fluxos de Caixa, acompanhadas de Notas Explicativas. A DFC indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa em determinado período e, ainda, o Resultado do Fluxo Financeiro. Ela tem por objetivo fornecer informações sobre as alterações e equivalentes de caixa, capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes, bem como suas necessidades de liquidez. 47 Para Martins et al. (2013), a demonstração dos fluxos de caixa divide todos os fluxos de entrada e saída em três grupos: os decorridos de atividades operacionais, de atividades de investimento e também de atividades de financiamento. A demonstração do fluxo de caixa será obtida de forma direta (a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa) ou de forma indireta (com base no Lucro/Prejuízo de Exercício). O fluxo de caixa pelo método direto envolve pelo seu maior detalhamento uma maior complexidade de preparação. Assim, é necessário que a empresa disponha de um sistema contábil que possibilite o registro todas as entradas e saídas de caixa, por esse motivo esse método é muito pouco utilizado (SEGUNDO FILHO, 2005). Segundo Hoji (2008, p. 314), “a DFC apresentada pelo método direto facilita a visualização e a compreensão do fluxo financeiro, pois demonstra os recebimentos e pagamentos provenientes das atividades operacionais”. De acordo com Marion (2008), o fluxo de caixa pelo método direto é também denominado fluxo de caixa no sentido restrito, pois nele são demonstrados todos os recebimentos e pagamentos que efetivamente concorreram para a variação das disponibilidades no período. Esse método possui um poder informativo maior que o método indireto, sendo assim melhor tanto aos usuários externos como também ao planejamento financeiro do empreendimento. Conforme Neves e Viceconti (2003), a demonstração do fluxo de caixa pelo método direto é muito parecida à demonstração de origens e aplicações de recursos, com a diferença que as variações do ativo circulante e do passivo circulante passam a se integrar as origens e aplicações de recursos da demonstração. Segundo Ribeiro (2012), pelo método direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais efetuadas durante o período. Esse método ébaseado no Livro Caixa, não é considerado o Regime de Competência para apuração do mesmo. O quadro 02 mostra um exemplo, com valores fictícios, de DFC pelo método direto. 48 Quadro 02 – Estruturação da Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Direto. Período de 20X2 Em $ 10.000 a) Atividades Operacionais Recebimentos de Vendas (-) Pagamentos de Compras Caixa Bruto Obtido nas Operações (-) Despesas Operacionais Pagas de Vendas Administrativas Caixa Gerado no Negócio (-) Despesas Financeiras Pagas Caixa Gerado após as Operações Financeiras b) Atividades de Investimentos (-) Aquisições de Permanentes Móveis e Utensílios (300) Terrenos (1.000) Ações de Outras Cias. (2.140) c) Atividades de Financiamentos Integralização de Capital 1.500 Empréstimos Bancários 470 (-) Dividendos Pagos (850) Resultado Final de Caixa 9.500 (5.000) 4.500 (500) (380) 3.620 (500) 3.120 (3.440) 1.120 800 + Saldo Existente em 31-12-X1 1.500 Saldo Existente em 31-12-X2 2.300 Fonte: MARION (2008, p. 444). De acordo com Segundo Filho (2005), o método indireto é mundialmente mais conhecido pelo fato de que a sua utilização é maior, por ser mais simples e também mais objetivo. O preparo dele é feito por meio de dados retirados diretamente das demonstrações financeiras apresentadas. Conforme Hoji (2008, p. 315), A DFC apresentada pelo método indireto é semelhante à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), pois os recursos gerados pelas atividades operacionais são calculados por meio de lucro líquido ajustado complementado com aumento ou redução dos saldos das contas do Ativo e Passivo Circulantes. 49 Segundo Ribeiro (2012), pelo método indireto, os recursos derivados das atividades operacionais são demonstradas a partir do lucro líquido do exercício, sendo ajustado pela adição das despesas e exclusão das receitas consideradas na apuração do resultado e que não afetam o caixa da empresa. Essa forma de demonstração indireta é a mais utilizada pelos contadores, pelo fato de não ter em mãos todas as informações necessárias para realizar a DFC pelo método direto. No quadro 03 tem- se um modelo, com valores fictícios, de DFC pelo método indireto. Quadro 03 – Estruturação da Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto. PERÍODO DE 20X2 Em $ 10.000 ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro Líquido Apurado no Exercício + Depreciação Lucro que Afeta o Caixa Variação no Circulante (Capital de Giro) Ativo - Aumento de Duplicatas a Receber (reduz o Caixa) - Aumento de Estoques (reduz o Caixa) Passivo - Aumento de Fornecedores (melhora o Caixa) -Aumento de Imposto a Pagar (melhora o Caixa) Caixa Gerado nos Negócios ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Aquisição de Permanentes - Móveis e Utensílios - Terrenos - Ações de outras Cias. ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS - Integração do Capital - Novos Empréstimos Bancários - Dividendos Pagos RESULTADO FINAL DO CAIXA + Saldo Existente em 31-12-X1 Saldo Existente em 31-12-X2 (500) (500) 1.000 1.050 (300) (1.000) (2.140) 1.500 470 (850) 1.950 120 2.070 1.050 3.120 (3.440) 1.120 800 1.500 2.300 Fonte: MARION (2008, p. 447). 50 De acordo com Zdanowicz (2004), o fluxo de caixa tem como objetivo a proteção das entradas e saídas de recursos financeiros para determinado período, visando à necessidade de talvez uma captação de empréstimos, ou uma aplicação de excedentes de caixa, nas operações mais interessantes para empresa. Conforme Sá (2012), fluxo de caixa é o método de captura e registro dos fatos e valores que tem por objetivo provocar alterações no saldo de caixa e sua apresentação em relatório estruturado, de possa permitir a sua análise e compreensão. O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir os recursos financeiros da empresa para determinado período. Quando as necessidades financeiras e as fontes de recursos são captadas, resta ao administrador verificar a melhor forma de distribuí-las, de maneira mais segura e inteligente (ZDANOWICZ, 2004). Para Assaf Neto (2012), a demonstração do fluxo de caixa permite que seja analisada a capacidade da empresa em honrar os compromissos com os terceiros e acionistas, a geração de resultado de caixa futuros e das operações atuais e também a posição da liquidez. Conforme Silva e Assaf Neto (2007), o fluxo de caixa é de fundamental importância para as empresas, constituindo numa indispensável sinalização dos rumos financeiros dos negócios. Para se manterem em operação, as empresas devem liquidar os seus compromissos no prazo, devendo assim apresentar uma condição básica de saldo no caixa nos devidos vencimentos. Quando acontece uma insuficiência de caixa, gera vários transtornos, como a falta de crédito, suspensão de entrega de mercadorias, dentre outros. Para Segundo Filho (2005), a elaboração de fluxo de caixa de uma empresa envolve três fases, a primeira seria o planejamento, a segunda elaboração e a terceira o controle. De acordo com Zdanowicz (2004), o planejamento de fluxo de caixa é importante, pois é ele que irá indicar antecipadamente as necessidades para os atendimentos dos compromissos da empresa, considerando os prazos a serem saldados. Assim, é possível que o administrador financeiro esteja apto para poder planejar, com antecedência a possíveis problemas de caixas a que venha aparecer. Planeamento de fluxo de caixa é a fase que o administrador financeiro poderá, junto com administração, planejar com antecedência todos os níveis diários de caixa, como o nível de estoque, fontes de recursos, volume de compras, dentre outras operações (SEGUNDO FILHO, 2005). 51 4 METODOLOGIA DA PESQUISA Nessa seção, serão descritos os procedimentos metodológicos essenciais para a construção da pesquisa. 4.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO Para esse trabalho, foi utilizado o método de estudo de caso numa abordagem exploratória, sendo dividida em duas partes: primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o intuito de conhecer mais profundamente a respeito do tema escolhido e, em seguida, foi realizado um estudo de natureza prática com base nos dados obtidos através do acompanhamento e busca de informações relacionadas às movimentações da empresa. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida com base no material já existente, formado principalmente de livros e artigos científicos, se tornando relevante por fornecer dados relacionados com o tema (GIL, 2008). A escolha pelo estudo de caso foi pelo motivo de que esse seria a melhor forma de coletar os dados para a presente pesquisa e, assim, alinhar o estudo ao estágio supervisionado na empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Segundo Gil (2008), o estudo de caso constitui em um estudo profundo de objetos, de maneira a qual possam permitir seu amplo e delineado conhecimento, a fim de proporcionar uma visão global do problema ou também identificar possíveis fatores que influenciam ou são influenciados. A análise dos dados foi feita com a utilização da abordagem qualitativa. Essa abordagem consiste que a verdade não é comprovada estatisticamente ou numérica, mas convencida por meio de experimentação prática, a partir de análise feita de forma aprofundada, abrangente, consistente e coeso, assim como argumentação lógica de ideias (MICHEL, 2005). 4.2 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA E ANÁLISE DOS DADOS Para a realizaçãoda pesquisa, num primeiro momento, foi feita uma entrevista com o diretor da empresa para verificar qual método de controle financeiro era adotado pela empresa. 52 Num segundo momento, foi necessário acompanhar as rotinas financeiras do objeto de estudo, para assim poder identificar os procedimentos que eram seguidos no controle financeiro. A próxima etapa consistiu-se em um estudo na literatura para conhecer melhor quais métodos de controles financeiros eram mais utilizados. A partir dos estudos, foi feita uma comparação do controle usado pela empresa com os descritos na literatura, para poder verificar quais informações eram de caráter importante para serem adotadas pela empresa e, assim, conseguir identificar o modelo de controle financeiro mais adequado para empresa Larroyd Equipamentos Ltda. 53 5 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Essa seção trata dos resultados da pesquisa, onde será identificado se os objetivos específicos foram atingidos e, consequentemente, se o objetivo geral proposto foi alcançado. 5.1 CONTROLE FINANCEIRO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS O primeiro objetivo específico da pesquisa era verificar a existência de algum tipo de controle financeiro na empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Na seção 2, que trata da caracterização da empresa já foi mencionada a existência de um controle financeiro e de que forma ele é usado. Contudo, tem-se resumidamente que, até o ano de 2012, todo controle financeiro da empresa Larroyd Equipamentos Ltda. era feito manualmente, ou seja, era montado um fluxo de caixa dos doze meses, e todas as contas a pagar e contas a receber eram informadas nesse fluxo de caixa, que era subdividido por meses e dias. Os lançamentos eram feitos diariamente, e o arquivamento era feito em uma pasta suspensa. No ano de 2013, as vendas e compras começaram a ter um fluxo maior. Sendo assim, a empresa sentiu a necessidade de verificar outra ferramenta para poder controlar melhor as suas finanças. No primeiro momento, foi verificada a implantação de um sistema gerencial, mas o custo da implantação e manutenção desse sistema ficou fora do que a empresa podia pagar. Desta forma, a gerência buscou por outras ferramentas que também eram capazes de fazer os controles financeiros da empresa. Entretanto, foi definido que, para aquele momento, a melhor opção era criar uma planilha financeira eletrônica. Quem fez o desenvolvimento da planilha financeira eletrônica foi a própria diretoria da empresa. O desenvolvimento da mesma foi baseado em informações que seriam necessárias para poder fazer os devidos lançamentos. Nessa planilha financeira, as informações são divididas em: custo fixo ou variável, investimento, despesa, receita, data de vencimento, número do documento/nota fiscal, fornecedor/cliente e valor. Nela são lançadas todas as contas a pagar e receber, sejam à vista ou a prazo. Como a empresa efetua vendas através de cheques, foi necessária a inclusão de uma aba especial nessa planilha financeira para poder controlar os cheques pré-datados. Antes, o controle de cheque era feito 54 manualmente, ou seja, diariamente a pessoa do financeiro revisava os cheques e programava os depósitos ou saques. Porém, como o volume de cheques aumentou significativamente, houve a necessidade de fazer um controle mais exato e preciso, por isso foi feita a inclusão de uma aba de controle de cheques na planilha financeira. Quem abastece a planilha de informações é a pessoa que trabalha na área financeira. Ela tem a função de manter a planilha atualizada de acordo com as movimentações financeiras da empresa. 5.2 ROTINAS DO CONTROLE FINANCEIRO De acordo com o segundo objetivo específico, que era levantar as rotinas de controle financeiro utilizado pelo objeto de estudo considerando entradas e saídas de dinheiro, foi observado que os lançamentos são feitos no decorrer de cada mês. Os lançamentos de contas a pagar são feitos assim que os pedidos efetuados cheguem à empresa. Depois de recebida e conferida a mercadoria, o pessoal da produção encaminha a nota fiscal para que o financeiro efetue os lançamentos. Da nota fiscal de compra, são extraídas todas as informações necessárias para lançamento, que seriam: o valor do boleto, os vencimentos e nome do fornecedor e número de documento/nota fiscal. Contudo, não são todas as notas fiscais que acompanham o boleto. Desta forma, é necessário ter um pouco mais de atenção e solicitar o quanto antes o envio dos boletos, para que não corra o risco de chegar o devido vencimento e não ter em mãos o boleto para efetuar o pagamento. Todos os boletos, que são recebidos posteriormente do recebimento dos pedidos, devem ser conferidos. É necessário que seja feita a conferência/confrontamento das informações contidas nele para que não aconteça algum erro no pagamento. Assim que estiver tudo conferido, o boleto é arquivado em uma pasta arquivo que é dividida por meses, até o momento do pagamento. Quando é efetuado o pagamento de uma conta, o financeiro deve informar na planilha financeira a baixa do mesmo. O arquivamento do boleto e comprovante de pagamento é feito juntamente com uma cópia da nota fiscal em uma pasta arquivo para cada fornecedor, separadamente. No controle das contas a receber, os lançamentos são feitos na planilha financeira no ato do faturamento, ou seja, quando for emitida a nota fiscal e boletos. 55 O acompanhamento das contas a receber por meio de boleto é feito pela internet, através do acesso da conta bancária da empresa. Quando o financeiro verifica que o cliente não efetuou o pagamento no dia do vencimento, o responsável pelo setor entra em contato com o cliente para verificar se o mesmo recebeu o boleto, ou até mesmo o porquê de não ter efetuado o pagamento. Porém, observou-se que a empresa tem bem poucos casos de atraso de recebimentos. Já nos controles de recebimentos de vendas feitas por meio de cartões de crédito são feitos através do próprio site do PagSeguro, que seria uma ferramenta de pagamentos online utilizada pela empresa. Com essa ferramenta é possível efetuar as vendas pelo cartão de crédito através da internet, para que isso aconteça é necessário apenas criar uma conta no site para poder efetuar as vendas. Nas contas a receber, onde os recebimentos são feitos através de cheques pré-datados, exigem uma atenção em especial, pelo fato de que o cheque deve ser em nome do próprio cliente, ou seja, os dados devem ser iguais aos da nota fiscal. A empresa sempre mantém um procedimento em relação aos cheques, pois, como são pré-datados, antes de ser feito o depósito/saque, é feito um contato com o cliente para verificar se o cheque está mesmo disponível para a data a qual foi determinado. A gerência acredita que com esse procedimento existe uma maior credibilidade e parceria com os clientes, além de evitar os possíveis transtornos bancários que poderiam ocorrer. 5.3 MODELOS DE FLUXO DE CAIXA Referente ao terceiro objetivo específico, que era confrontar a forma de controle financeiro utilizado pela empresa com os modelos propostos pela literatura, foi verificado que, no fluxo de caixa elaborado pela empresa Larroyd, não está subdividido em atividades operacionais e não operacionais, conforme é mencionado na literatura (SEGUNDO FILHO, 2005). Essa subdivisão é importante para que a empresa consiga identificar de imediato todas as contas que estão ligadas às operações da empresa, e do mesmo modo verificar também as contas que estão classificadas como não operacionais. O quarto objetivo específico era identificar o modelo de controle financeiro mais adequado para empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Nesse sentido, foi observado, em meio à literatura estudada, que o método de fluxo de caixa usado atualmente na empresa é bom, porémé necessário que seja feito alguns reajustes para que ele fique adequado às 56 propostas apontadas pelos autores estudados e, consequentente, mais completo, a fim de auxiliar a gestão na tomada de decisão. Nesse ponto, cabe destacar que conforme Gitman (2004), a função da administração financeira pode ser descrita em termos amplos, isto é, considerando o seu papel dentro da organização, sua relação com a teoria econômica e com a contabilidade e as atividades básicas do administrador financeiro. As atividades financeiras e contábeis estão relacionadas e com frequência se sobrepõem. Porém, existem duas diferenças básicas entre a contabilidade e as finanças, pois uma está relacionada à tomada de decisões e a outra está relacionada a ênfase em fluxos de caixa. No referencial teórico na seção que trata da demonstração de fluxo de caixa (DFC), foi mencionado um exemplo de fluxo de caixa pelo método direto do autor Marion (2008). Supõe-se que esse método seja o mais adequado para empresa, pois nele é possível fazer a divisão de todas as atividades operacionais, que seriam todos os gastos e receitas decorrentes da industrialização e, separadamente, apresentar os fluxos das atividades não operacionais que seriam as atividades de investimento, tais como os gastos realizáveis a longo prazo, e as atividades de financiamento, como por exemplo, os empréstimos a curto prazo. Além de que, conforme Ribeiro (2012), pelo método direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais efetuadas durante o período. É importante ressaltar que esse método se torna vantajoso também pelo fato de que é possível mostrar o valor exato de todas as entradas e saídas utilizadas e decorrentes pela empresa, sem contar que o seu formato é simples, sendo mais fácil de compreender. Com o intuito de ajustar o controle financeiro utilizado hoje pela empresa Larroyd Equipamentos Ltda., com o que os autores apresentam na literatura, a figura 01 irá apresentar como é feito o controle financeiro na empresa, identificando as entradas e saídas de determinado período, e informando como é feita a subdivisão das contas. Já no quadro 04, trata-se de uma proposta de um controle financeiro formalizado e adequado com a literatura e as atividades da empresa. 57 Figura 01 – Controle Financeiro Atualmente Utilizado Pela Empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Fonte: Empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Na figura 01 onde trata do controle financeiro utilizado pela empresa Larroyd Equipamentos Ltda., as contas que estão grifadas na cor vermelha identificam que as contas a pagar já foram pagas, e as contas que estão grifadas na cor verde identificam que as contas a receber já foram recebidas. Destaca-se também, que a figura apresenta o controle financeiro apenas de um determinado período. 58 Quadro 04 - Proposta de um Controle Financeiro Formalizado e Adequado com a Literatura e as Atividades da Empresa. ITENS DIAS 01 02 03 TOTAL RECEBIMENTOS OPERACIONAIS Vendas à vista Vendas a prazo Desconto de duplicadas Desconto de cheques Cobranças bancárias Outros recebimentos 1. SOMA PAGAMENTOS OPERACIONAIS Compras à vista Fornecedores de mercadorias Fornecedores de serviços Despesas administrativas Despesas comerciais Despesas bancárias Despesas tributárias Outros 2. SOMA 3. CAIXA DAS OPERAÇÕES (1-2) RECEBIMENTOS NÃO OPERACIONAIS Empréstimos de pessoas ligadas Receitas financeiras Outros 4. SOMA PAGAMENTOS NÃO OPERACIONAIS Aquisição de imobilizado Investimentos em informática Imobilizações em andamento Juros s/ financiamentos Empréstimos a pessoas ligadas Outros 5. SOMA 6. CAIXA NÃO OPERACIONAL (4-5) 7. GERAÇÃO DE CAIXA (3-6) 8. SALDO INICIAL DO CAIXA 9. SALDO ACUMULADO (7+8) Fonte: Adaptado de SEGUNDO FILHO (2005, p. 53). 59 O quadro 04 representa um fluxo de caixa diário, sendo divido por atividades operacionais, que seriam todos os gastos e receitas decorrentes da industrialização e, separadamente, apresenta as atividades não operacionais que seriam as atividades de investimento, tais como os gastos realizáveis a longo prazo, e as atividades de financiamento. Nos recebimentos operacionais se enquadram todas as contas a receber que são por meio da industrialização. Sua subdivisão é feita por recebimentos à vista e a prazo, tendo também uma conta destinada para recebimentos através de cheques. Nos pagamentos operacionais, as contas a pagar estão divididas de acordo com a atividade do fornecedor, como por exemplo, o fornecedor de matéria prima está separado do fornecedor de serviços e, as despesas estão divididas conforme a sua natureza de operação. No grupo das contas não operacionais seriam as receitas e despesas que não está diretamente relacionada com o objetivo do negócio que, por isso, são classificadas como não operacional. Desta forma, estão classificadas nos recebimentos não operacionais, as receitas que não estão ligadas as atividades operacionais da empresa, como por exemplo, um recebimento referente à venda de um terreno que estava no imobilizado da empresa. Já nos pagamentos não operacionais se enquadram, por exemplo, a compra de um veículo, financiamentos, entre outros. Essa divisão das contas operacionais e não operacionais é importante para gestão, pelo fato de que é possível verificar de imediato todas as contas que estão ou não ligadas às atividades da empresa. Assim, destaca-se a importância da elaboração do fluxo de caixa diário, para uma empresa de pequeno porte onde os recursos são mais escassos, pois esse método traz para a gestão uma maior tranquilidade, por ser uma ferramenta que determina com mais precisão a necessidade diária dos recursos. Com essa elaboração a empresa pode reduzir a margem de erro, e possibilitar a aplicação de eventuais medidas corretivas. 60 5.4 CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA Figura 02 – Organograma Proposto Para a Empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Fonte: Elaborado pela autora. A figura 02 apresenta uma contribuição da pesquisa que, além da implantação de uma demonstração de fluxo de caixa adequada e de acordo com o proposto pela maioria dos autores que tratam do tema, acredita-se ser uma sugestão de melhoria para a empresa estudada. Trata-se de uma proposta de organograma. 61 6 CONCLUSÃO Nessa etapa, compreende-se a grande importância de se estudar sobre a análise financeira, pois essa é uma ferramenta capaz fornecer informações que são necessárias para identificar a real situação da empresa. Com essa ferramenta, é possível ter uma visão geral de como funciona o negócio e ter um diagnóstico econômico-financeiro. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa foi propor a implantação de um controle financeiro formalizado na empresa Larroyd Equipamentos Ltda. Para chegar a esse objetivo geral foram necessárias algumas etapas como a de verificar qual controle financeiro era utilizado pela empresa, conhecer quais rotinas financeiras eram adotadas, a fim de entender o funcionamento do controle mediante as atividades da empresa. Para tanto, foi necessário estudar a literatura para identificar quais tipos de controles financeiros eram propostos e de que maneira eles eram apresentados, para que só assim fosse possível fazer uma comparação entre o método utilizado na empresa como o que a literatura apresentava, com o propósito de identificar qual método era mais adequado com as atividades da empresa. Foi analisado que o controle financeiro utilizado pela empresa não está subdividido em atividades operacionais e não operacionais, conforme é
Compartilhar