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ESTRUTURA E ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

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Disciplina: Estrutura e Análise de Demonstrativos Financeiros
Autor: Lúcio Flávio Bicalho
Unidade de Educação a Distância
ESTRUTURA E ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
Autor: Lúcio Flávio Bicalho 
Belo Horizonte / 2012
ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Sumário
5Unidade 1: Introdução
26Unidade 2: Estrutura das Demonstrações Contábeis
47Unidade 3: Análise Vertical e Análise Horizontal
65Unidade 4: Análise Financeira da Gestão Operacional I
84Unidade 5: Análise Financeira da Gestão Operacional II
103Unidade 6: Análise Financeira da Gestão Operacional III
123Unidade 7: Demonstração do Valor Adicionado - DVA
Ícones
	Comentários
	
	Reflexão
	
	Dica
	
	Lembrete
	
Unidade 1: Introdução
1. Nosso Tema 
Nesta unidade, iremos conhecer as principais Demonstrações Financeiras, saber como elas são elaboradas e como elas podem ser úteis nas tomadas de decisão das empresas. 
Na administração das organizações, todas as decisões gerenciais são importantes e têm reflexo no patrimônio da empresa, porém iremos focar principalmente nas análises que irão influenciar diretamente o seu capital de giro. 
Dessa forma, iremos abordar os seguintes aspectos dos demonstrativos financeiros:
· Fundamentos dos modelos de análise;
· Objetivos e usuários das análises financeiras;
· A importância da Contabilidade nas decisões empresariais.
Os fundamentos dos modelos de análise das demonstrações financeiras encontram-se no próprio sistema de contabilidade, que se inicia com o lançamento contábil pelo método das partidas dobradas, que registra os eventos contábeis através do débito e do crédito.
Os principais lançamentos refletem os eventos econômicos das operações das empresas, bem como os eventos de financiamento dessas operações. Portanto, para um entendimento adequado dos modelos de análise financeira, é necessário o conhecimento da geração, classificação e acumulação das informações no sistema contábil. 
Definimos como objetivos de aprendizagem da unidade 1:
· Compreender a importância das análises financeiras;
· Reconhecer a Contabilidade como auxílio das decisões empresariais.
2. Para Refletir
Esta disciplina de “Estrutura e Análise de Demonstrativos Financeiros” tem como objetivo prepará-lo para compreender como são elaborados os principais relatórios contábeis e como a análise deles pode se tornar uma fundamental ferramenta de auxílio nas decisões gerenciais. Também é importante saber interpretar os índices financeiros e utilizá-los para analisar a liquidez e as atividades operacionais da empresa.
A análise das demonstrações financeiras fornece um ponto inicial para se compreender uma empresa. Um banco, por exemplo, só fornece crédito às empresas após analisar os diversos índices extraídos dos demonstrativos contábeis, principalmente os de liquidez. 
Os analistas de títulos calculam diversos índices quando preparam uma recomendação de investimento em ações.
Ao se utilizarem as análises financeiras na gestão das empresas, os índices funcionam como uma “bandeirola vermelha” que sinaliza problemas potenciais. Você deve perguntar por que estão ocorrendo problemas e encontrar a causa deles.
Para que você perceba qual a importância dos Demonstrativos Financeiros na gestão e análise das empresas, sugerimos-lhe que reflita sobre a seguinte questão:
O que pode ter acontecido com uma empresa que teve queda nos lucros e problemas de liquidez de um ano para o outro, apesar de ter tido crescimento nas vendas no mesmo período?
Fique tranqüilo, na próxima Seção, serão apresentadas algumas informações que irão auxiliá-lo a responder a essa e a outras questões igualmente importantes na utilização dos relatórios financeiros.
3. Conteúdo Didático
3.1 Visão Geral e Fundamentos dos Modelos de Análise
Padoveze e Benedicto (2004) definem análise de balanço como a aplicação do raciocínio analítico dedutivo sobre os valores das demonstrações contábeis. Assim, é preciso compará-los com valores de outros períodos ou mesmo de outras demonstrações da organização, para se fazer uma avaliação econômico-financeira da sua situação e do andamento das suas operações, para, então, poder planejar o futuro da empresa ou mesmo avaliar a continuidade financeira e operacional da organização. 
Em outras palavras, a análise dos demonstrativos financeiros consiste em: 
· Preparar os relatórios contábeis e financeiros em um modelo padrão;
· Comparar os dados atuais com os de anos anteriores e, assim, fazer uma avaliação do desempenho operacional, econômico e financeiro da organização. 
· Ao se avaliar a gestão de uma empresa, é importante também comparar os seus resultados com os de outras empresas do mesmo segmento (concorrentes).
A análise de balanço pode ser utilizada tanto pelos administradores quanto pelos interessados externos à empresa. Sobre isso, Padoveze e Benedicto (2004, p. 03) fazem o seguinte comentário: 
A metodologia de análise de balanço foi desenvolvida primeiramente tendo em vista as necessidades dos usuários externos, ou seja, pessoas e empresas com algum interesse na empresa analisada, mostrando-se um instrumento extremamente útil para os fins a que se destina. Da mesma forma, a mesma metodologia pode e deve ser utilizada pelos usuários internos, ou seja, os responsáveis pela gestão da empresa. Em termos práticos, a metodologia de análise de balanço aplicada pela própria empresa torna-se mais rica em utilidade, uma vez que as informações apresentam-se com maior grau de detalhamento e há um conhecimento mais objetivo, específico e direto das relações de causa e efeito das transações dos seus eventos econômicos. (PADOVEZE e BENEDICTO, 2004, p. 03).
Portanto, a análise das demonstrações financeiras fornece um ponto inicial para se compreender uma empresa, e uma boa maneira de se fazer isso é através da análise dos índices financeiros, que nos ajudam a entender as relações entre as diferentes áreas de negócios. Por exemplo, ajuda a entender qual deverá ser o investimento adicional em duplicatas a receber, estoques e duplicatas a pagar, para cada Real adicional de vendas. E também que nível de ativos permanentes dá suporte a um determinado nível de vendas.
A análise dos demonstrativos contábeis pode ajudar a mostrar certas deficiências administrativas que estejam ocorrendo. Segundo Gitman (2002), uma empresa com excelente índice “Exigível-Patrimônio Líquido” (baixo endividamento) pode estar com o crescimento de vendas estagnado e não gerar caixa suficiente para quitar as dívidas. Tal fato fica evidente após uma análise de balanço.
3.1.1 Demonstrações Financeiras: Visão Agregada da Empresa
As demonstrações contábeis, também conhecidas como demonstrações financeiras, são elaboradas a partir dos registros das operações diárias da empresa. As principais demonstrações contábeis ou financeiras elaboradas pelas empresas são:
a) O Balanço Patrimonial;
b) Demonstração do Resultado do Exercício – DRE;
c) Demonstraçãodo Fluxo de Caixa;
d) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR;
e) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL.
O balanço patrimonial reflete a situação patrimonial da empresa em um determinado momento. É como se fosse uma fotografia da empresa naquele instante, mostrando os seus bens, direitos e suas dívidas. O balanço deve ser feito mensalmente, refletindo as operações realizadas naquele mês, mas, normalmente, o período mais utilizado é o anual, que é o período obrigatório determinado pela legislação fiscal. No Brasil, o ano fiscal coincide com o calendário gregoriano, diferentemente de alguns outros países. Assim, a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, em que a palavra exercício quer dizer o período de atividades da empresa, refere-se à apuração dos lucros da empresa. Os demais relatórios serão estudados na Unidade 2. 
A maioria das empresas brasileiras é constituída societariamente sob a forma de “Limitadas” e, por isso, não estão obrigadas a publicar seus balanços em jornais ao final de cada período. Essa obrigatoriedade é válida somente para as companhias abertas, ou seja, aquelas constituídas sob a forma de “Sociedades Anônimas” e que negociam suas ações nas bolsas de valores. Além da publicação dos balanços, essas empresas são também obrigadas a enviar trimestralmente seus relatórios para Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão público federal que tem a missão de fiscalizar essas empresas.
Segundo Assaf Neto (2003), para o administrador interno da empresa, a análise dos demonstrativos visa basicamente a uma avaliação de seu desempenho geral, notadamente como forma de identificar os resultados obtidos e traçar o planejamento para os próximos períodos. Deve-se notar que essa tarefa de avaliação interna da empresa é bastante simplificada, em termos de obtenção de seus principais indicadores, pela natural facilidade de acesso às informações contábeis. 
Já o analista externo, por sua vez, apresenta objetivos mais específicos com relação à avaliação do desempenho da empresa, os quais variam segundo sua posição, de credor ou de investidor. É importante também evidenciar as características legais e econômicas brasileiras e suas influências sobre o processo de análise. Cabe ressaltar, ainda, que a análise externa, desenvolvida basicamente por meio das demonstrações financeiras usualmente publicadas pela empresa, traz dificuldades adicionais de avaliação, em função das limitações de informações contidas nos relatórios publicados. 
3.1.2 Evento Econômico e as Demonstrações Financeiras
Normalmente, as empresas se dividem em departamentos e seções, nos quais são desenvolvidas as suas atividades operacionais. Essas atividades do dia-a-dia são chamadas de eventos econômicos, que podemos definir como ocorrências que modificam o patrimônio da entidade. A seguir, alguns exemplos de eventos econômicos e suas respectivas atividades:
	Evento Econômico
	Atividade
	Compra de materiais
	Compras
	Pagamento de salários
	Finanças
	Venda de produtos
	Vendas
	Estoque de mercadorias
	Estocagem
	Consumo de matéria-prima
	Produção
	Compra de Imobilizado
	Compras
	Captação de recursos
	Finanças
Fonte: Adaptado de Padoveze e Benedicto, 2004, p. 05 
Os dados evidenciados nas demonstrações contábeis não deixam de ser um modelo sintético representativo dos principais lançamentos contábeis que, por sua vez, representam os principais eventos econômicos e seus impactos patrimoniais. Assim, ao analisar cada evento econômico ocorrido na empresa, seus reflexos no patrimônio e as conseqüentes modificações nas demonstrações contábeis, estaremos desenvolvendo os modelos básicos de análise e interpretações de balanço.
Conforme demonstrado por Padoveze e Benedicto (2004, p. 8-15), apresentaremos-lhe a seguir alguns dos “principais eventos econômicos de uma empresa, dentro de um formato simplificado, e faremos a apresentação inicial de alguns dos indicadores de análise de balanço, evidenciando que os referidos eventos conduzem, necessariamente, a uma modificação patrimonial que permite inferir uma análise econômico-financeira da empresa, em seus aspectos de solvência, patrimônio e rentabilidade.” 
Evento Econômico 1 – Captação de Recursos - $200.000 (Baseado em Padoveze e Benedicto, 2004, p.8):
Um empresário abre um empreendimento comercial e faz um investimento de $200.000. Ele possui recursos próprios de $120.000 e faz um financiamento bancário de $80.000, com taxa de juros de 10% ao ano, para longo prazo e início de pagamento do principal após dois anos de atividade da empresa. Após a abertura da empresa, o balanço patrimonial fica conforme tabela a seguir:
	ATIVO
	PASSIVO
	Caixa/Bancos 200.000
	
	
	Financiamento bancário 80.000
	
	Capital Social 120.000
	Total do Ativo 200.000
	Total do Passivo 200.000
Um indicador de análise financeira pode ser extraído após esse evento duplo de captação de recursos. Ele se refere à participação, no total do passivo, das fontes de recursos de origem de terceiros (financiamentos bancários):
	Participação do Capital de Terceiros no Passivo Total = Capital de Terceiros x 100
 Passivo Total
Utilizando os dados do nosso exemplo, temos:
Capital de Terceiros = $80.000 x 100 = 40%
 Passivo Total $200.000
Significa que, do total das fontes de recursos captadas para financiar o empreendimento, 40% foram originadas de terceiros e, conseqüentemente, 60% originados de recursos próprios. Essa análise de participação dos tipos de capitais que estão sendo utilizados para financiar a empresa é denominada estrutura de capital.
Não há participação ideal ou estrutura de capital ideal. Isso depende da cultura de cada empresa e de sua capacidade de assumir mais ou menos riscos financeiros com mais ou menos participação dos empréstimos bancários. Em nosso país, normalmente é vista como aceitável uma participação de até 50% para cada tipo de capital.
Evento Econômico 2 – Aquisição de Equipamentos - $90.000 (Padoveze e Benedicto, 2004, p. 10):
Para entrar em operação, a empresa adquire equipamentos diversos, móveis, máquinas, etc (ativos imobilizados), comprados à vista. Após esses eventos, o balanço patrimonial é o seguinte:
	ATIVO
	PASSIVO
	Caixa/Bancos 110.000
	
	
	Financiamento bancário 80.000
	Equipamentos 90.000
	Capital Social 120.000
	Total do Ativo 200.000
	Total do Passivo 200.000
Esse evento permite apresentar um indicador tradicional denominado estrutura do ativo ou grau de imobilização, que mostra a participação dos ativos permanentes no ativo total.
	Grau de Imobilização = Ativo Permanente x 100
 Ativo Total
No nosso exemplo, temos:
Ativo Permanente = $90.000 x 100 = 45%
 Ativo Total $200.000
Significa que a empresa imobilizou 45% dos recursos destinados aos investimentos. Como a empresa não possui ativos de longo prazo, podemos concluir que os outros 55% foram destinados ao Capital de Giro. De modo geral, as indústrias tendem a ter mais imobilizados que as empresas comerciais e de serviços. Também como regra geral financeira, recomenda-se que o nível de imobilização seja o mínimo possível, pois, dessa forma, sobram mais recursos para o Capital de Giro da empresa. 
Evento Econômico 3 – Compra de Mercadorias para Revenda - $100.000 (Padoveze e Benedicto, 2004, p. 12)
Agora a empresa adquiriu mercadorias para revender no valor de $100.000 sendo 50% pagas à vista e o restante a prazo, para pagamento em 30 dias. A seguir, o balanço patrimonial após esse evento:
	ATIVO
	PASSIVO
	Caixa/Bancos 60.000
Estoque de mercadorias100.000
	Fornecedores 50.000
	
	Financiamento bancário 80.000
	Equipamentos 90.000
	Capital Social 120.000
	Total do Ativo 250.000
	Total do Passivo 250.000
Neste momento, a empresa passou a ter dívidas de curto prazo (até um ano), que são registradas no campo denominado Passivo Circulante. Já no ativo circulante (Capital de Giro), aparece agora mais um elemento, que é o estoque de mercadorias.
Todas as dívidas da empresa são importantes, mas as dívidas de curto prazo merecem atenção especial, pois irão exigir recursos para quitá-las em um curto espaço de tempo e isso pode comprometer o caixa da empresa. Dessa forma, um dos principais índices financeiros é o índice de liquidez corrente ou de solvência.
	 Liquidez Corrente = Ativo Circulante
 Passivo Circulante
Com os dados do nosso exemplo, temos:
Ativo Circulante = $160.000 = 3,20
 Passivo Circulante $50.000
Índices acima de 1,0 indicam que a empresa tem capacidade de honrar seus compromissos de curto prazo. No caso acima, o índice encontrado de 3,20 é considerado muito bom, ou seja, para cada Real de dívida de curto prazo, a empresa possui R$3,20 de recursos de curto prazo para pagar. O índice em questão mostra que, no curto prazo, a empresa não terá problemas de falta de Capital de Giro.
Evento Econômico 4 – Venda a Prazo de 60% das Mercadorias - $125.000 (Padoveze e Benedicto, 2004, p. 14).
Pode-se dizer que esse é o evento básico da geração de lucro, objetivo da empresa para manter sua continuidade no mercado, cumprir sua missão e remunerar os investidores que lhe forneceram capital. Nesse nosso exemplo, a empresa está vendendo a prazo por $125.000, 60% das mercadorias (compradas por $60.000). O lucro do período é de $65.000 e irá figurar no Patrimônio Líquido da empresa. Após esse evento, fica assim o balanço patrimonial:
	ATIVO
	PASSIVO
	Caixa/Bancos 60.000
Clientes 125.000
Estoque de mercadorias 40.000
	Fornecedores 50.000
	
	Financiamento bancário 80.000
	Equipamentos 90.000
	Capital Social 120.000
Lucro do Período 65.000
	Total do Ativo 315.000
	Total do Passivo 315.000
Esse evento permite a aplicação de um dos indicadores mais valorizados pelos administradores e acionais, que é a margem bruta percentual, que mostra a lucratividade sobre as vendas da empresa. Sendo o lucro a melhor fonte de recursos para uma empresa, a análise desse indicador torna-se fundamental para se avaliar a capacidade de geração de lucros e, conseqüentemente, a própria sobrevivência da empresa.
	Margem Bruta = Lucro Bruto x 100
 Vendas (Líquida dos Impostos)
Com os dados do nosso exemplo, temos:
Lucro Bruto = $65.000 = 52%
 Vendas $125.000
Significa que, em média, para cada $1,00 real de vendas, a empresa tem condições de obter $0,52 de lucro bruto. Não há padrão definido para cada setor ou empresa. Em linhas gerais, quanto maior a margem, melhor.
Os exemplos acima nos mostram o quanto é importante a correta contabilização dos eventos econômicos, a elaboração confiável dos relatórios contábeis e, principalmente, as análises dos índices financeiros, pois eles irão medir a boa capacidade de gestão dos administradores.
3.2 Contabilidade como Guia de Decisão Empresarial
Você sabia que a Contabilidade pode ser uma grande aliada dos administradores? Mas, para que se possa enxergar claramente o funcionamento da contabilidade e a sua relação com as decisões gerenciais de uma empresa, é importante conhecer os fundamentos dessa ciência e qual o seu papel como instrumento de informação e controle das operações, tornando-se, assim, um suporte para as tomadas de decisão. 
Segundo Salazar e Benedicto (2004, p. 2), além de permitir o conhecimento das operações diárias e suas conseqüências econômicas, “a contabilidade é útil no controle das transações efetuadas pela pessoa física, pois é necessário um conhecimento, pelo menos básico, de contabilidade para que essa pessoa possa entender e administrar melhor seus interesses econômicos”.
Através dos relatórios contábeis, é possível traçar metas financeiras mais precisas e fundamentadas em fatos e, a partir daí, tomar decisões sobre as melhores aplicações para os recursos obtidos pela empresa e quais as fontes desses recursos são mais indicadas em determinado momento. 
Veremos nesta e nas próximas unidades o quanto a contabilidade pode se tornar importante para as pessoas jurídicas que querem se tornar viáveis economicamente e ter continuidade nos negócios ao longo do tempo. Torna-se quase impossível enfrentar a concorrência globalizada sem controle eficaz do negócio, e é aí que a contabilidade entra para auxiliar nos controles e na excelência administrativa. 
3.2.1 Natureza da Contabilidade e seu Papel na Tomada de Decisão
A função do sistema contábil é registrar os eventos econômicos da empresa para que as informações possam ser confiáveis e ágeis, fornecendo dados precisos para servirem de suporte no gerenciamento das atividades da empresa.
Segundo Salazar e Benedicto (2004, p. 3), “todos aqueles que têm o poder de decisão – tais como os proprietários de empresas, administradores, fornecedores, clientes, investidores e até mesmo os políticos – são os principais usuários da informação contábil”. Mas, para que se possa utilizar corretamente tais informações, é necessário ir um pouco mais além, ou seja, deve-se fazer a análise e a interpretação dos indicadores financeiros. Só assim as tomadas de decisão serão mais eficazes.
Ainda segundo esse mesmo autor, a contabilidade torna-se imprescindível na tomada de decisão, pois, através dela, se pode identificar onde, como e quando os recursos ingressaram na empresa e como foram aplicados, registrando, ainda, os compromissos assumidos. Assim, através das diversas análises que os indicadores financeiros permitem, pode-se ter uma apreciação mais clara sobre o desempenho financeiro de um ou de outro projeto em execução na empresa.
Tão importante quanto os relatórios contábeis e financeiros já citados nesta unidade, é o relatório da administração, que contém as explicações e os detalhamentos das atividades e dos valores apresentados nas referidas demonstrações. Aliás, para que as demonstrações financeiras relativas a cada período possam ser publicadas, por exigência da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, há a necessidade de que elas estejam acompanhadas do relatório da administração. 
De acordo com Salazar e Benedicto (2004), foi com esse critério de organização e transparência, que a Associação dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), da Universidade de São Paulo, premiaram em 1997 a Klabin, maior indústria de papel e celulose do país, como o balanço mais bem elaborado.
Assim, o relatório anual da administração e as demonstrações financeiras, além de transmitir informações relevantes sobre as atividades da empresa, constrói a sua imagem perante os usuários dessa informação.
3.2.2 O Desempenho Financeiro Medido com a Contabilidade
De posse dos relatórios contábeis, os tomadores de decisão analisam como uma organização satisfaz ou não aos seus objetivos financeiros. Se essa análise indicar que a empresa foi bem-sucedida, os investidores estarão dispostos a lhe fornecer seus recursos para que ela possa atingir novos objetivos financeiros e aumentar sua riqueza.
Em função disso, os investidores, os bancos, os fornecedores, etc., são os que mais dão importância às demonstraçõesfinanceiras, pois estarão aplicando seus recursos nessa empresa. Outro grupo que utiliza bastante as análises dos relatórios contábeis são os administradores, pois são as referidas análises que irão medir o desempenho de suas gestões, ao avaliar a sua rentabilidade, a liquidez, o endividamento, etc. A geração de lucros é tão importante em uma empresa que, quando divulgada, altera rapidamente o valor de suas ações no mercado.
Salazar e Benedicto (2004, p. 6) dão o exemplo do “acontecido no dia 22 de janeiro de 1998, quando o ministro das Comunicações, Sergio Motta, declarou a alguns jornalistas que o lucro consolidado da Telebrás no ano anterior havia sido de R$4,3 bilhões”. Esse lucro foi surpresa para o mercado, que esperava algo entre R$3,7 bilhões e R$4 bilhões. Como era de se esperar em casos como esse, o resultado divulgado agitou o mercado e valorizou as ações da Telebrás negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa. Em poucos minutos, as ações subiram 3,95%. Porém, após o fechamento do pregão daquele dia, a assessoria do ministro informou que tinha havido um engano na divulgação do resultado da empresa e que o lucro anunciado era da controladora da Telebrás.
Dessa forma, mais uma vez, constatamos a importância de uma correta apuração dos relatórios contábeis e financeiros e de uma publicação confiável para o público em geral, pois é através deles que o mercado irá avaliar a saúde financeira da empresa. 
A contabilidade de uma empresa pode ser considerada a sua coluna vertebral e também um instrumento importante para conhecer o que aconteceu e o que está acontecendo nela. Não há possibilidade de tomarmos decisões que conduzam ao sucesso se a ação da empresa não for registrada, pois isso impossibilitará identificar o motivo que levou a empresa ao sucesso ou ao fracasso.
Ao se avaliar a saúde financeira de qualquer empresa, deve-se, primeiro, analisar a informação contábil fornecida nas demonstrações e, depois, compará-la com as do seu setor e com o contexto econômico do país. Caso se trate de empresa globalizada, é necessário considerar o contexto internacional com maior detalhe, atualizando, assim, o critério a ser utilizado nos casos de investimento.
3.2.3 Administração Contábil e Financeira
Segundo Salazar e Benedicto (2004, p.9), “com o amparo das normas e práticas vigentes, podemos afirmar que os administradores dos vários tipos de organização estarão mais seguros para visualizar as implicações financeiras de suas políticas e ações propostas”. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que, nas práticas contábeis e na elaboração dos relatórios financeiros, sejam considerados os princípios fundamentais de contabilidade.
Na visão desses autores, é importante que os administradores tenham um bom conhecimento das práticas contábeis ao tomar decisões de planejamento e controle da empresa. Caso contrário, as decisões não terão o respaldo das análises contábeis e a administração poderá não ser tão eficiente. Também é importante lembrar que as recompensas dos administradores e de outros colaboradores podem depender dos números extraídos da contabilidade.
Todos os administradores, independente do nível gerencial que ocupam, precisam de conhecimentos matemáticos, contábeis, financeiros, estatísticos etc. Em qualquer atividade de uma empresa, operacional ou gerencial, ao se tomar uma decisão, é importante analisar os relatórios dos períodos anteriores, os gráficos estatísticos, os demonstrativos contábeis. 
Além disso, todo mundo precisa entender de índices. Os administradores irão descobrir que praticamente todas as características do negócio, da lucratividade à produtividade dos empregados, estão resumidos em algum tipo de índice. Os especialistas em marketing examinam índices que lidam com custo, markups e margens. O pessoal da produção se preocupa com índices que lidam com assuntos tais como eficiência operacional. Os gerentes financeiros precisam entender os índices, porque, entre outras coisas, são uma das mais comuns e importantes formas pelas quais são analisadas as informações contidas nas demonstrações financeiras.
3.3 Introdução à Análise de Balanços
Você sabia que análise de demonstrações contábeis e análise de balanços têm o mesmo significado? Outro termo que se refere também ao mesmo procedimento é análise das demonstrações financeiras. Aliás, este último tornou-se bastante popular a partir da edição da Lei 6.404/76 (Lei das S/A) quando se referiu às demonstrações contábeis, utilizando o termo “demonstrações financeiras”. Afinal, não importa a nomenclatura, o importante é saber aplicar corretamente as análises como ferramentas de gestão.
Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2002), um bom conhecimento de como utilizar demonstrações financeiras é desejável simplesmente porque tais demonstrações e os números derivados delas são os principais meios de comunicação das informações financeiras tanto dentro quanto fora da empresa.
3.3.1 Objetivos e Usuários
Hoji (2006) afirma que a análise de balanços é feita, basicamente, com os dados do balanço patrimonial e da demonstração de resultado. Outras demonstrações contábeis legalmente obrigatórias auxiliam na análise da situação patrimonial e financeira da empresa. As notas explicativas, o Relatório da Administração e o Parecer da Auditoria Independente, quando existentes, fornecem informações bastante úteis para interpretação correta dos dados contábeis e análise de tendências.
A análise de balanços é considerada uma arte, apesar de utilizar fórmulas matemáticas e métodos científicos para extrair dados, pois, dependendo do grau de conhecimento teórico, conhecimento do ramo, experiência prática, sensibilidade e intuição, cada analista poderá produzir diagnósticos diferentes a partir de um mesmo conjunto de dados.
Se, ao analisar um mesmo balanço, vários analistas chegassem a conclusões distintas, o processo perderia o sentido. Normalmente, análises feitas por dois analistas competentes e com boa experiência chegam a conclusões semelhantes sobre a situação econômica e financeira da empresa analisada.
Qualquer pessoa ou entidades que tenha algum tipo de relacionamento com uma determinada empresa pode se interessar pelos seus dados e fazer análises dos seus demonstrativos. Porém, os principais usuários da análise de balanços são os administradores da empresa, os acionistas e investidores, as instituições financeiras, os fornecedores, os concorrentes e os órgãos governamentais. Cada grupo de usuários enfoca a análise de balanços de acordo com suas necessidades e utilidades dos dados contábeis. 
3.3.2 Procedimentos Preliminares
Apesar de os índices financeiros serem conhecidos de todos, cada analista tem uma maneira própria de trabalhar os dados e um modelo particular de análise e interpretação dos resultados encontrados. Hoji (2006) alerta que, antes de iniciar a análise de balanços, existem procedimentos básicos que devem ser aplicados sobre as demonstrações contábeis, para evitar distorções significativas.
O primeiro procedimento é a reclassificação das demonstrações contábeis. No balanço patrimonial, as contas que geralmente precisam ser reclassificadas são as retificadoras “Duplicatas e Saques de exportação descontados”, que, na realidade, são empréstimos. O Resultado de Exercícios Futuros pode ser considerado como Patrimônio Líquido (geralmente, o valor desse grupo de contas é relativamente pequeno). Na demonstração de resultado, as Despesas e receitas financeiras devem ser separadas do grupo de Despesas operacionais.
As contas do Ativo e Passivo Circulante são separadas em operacionais e não operacionais, de acordo com a natureza, relacionado-as com as atividades operacionais. Esse procedimento será bastante útil para analisar o Capital de Giro.
O segundo procedimento refere-se à eliminação dos efeitos inflacionários das demonstrações contábeis, pois as elaboradas de acordo com a legislação societária não são inteiramente adequadas para análise. O método mais adequado para eliminação dos efeitos inflacionários é o da CorreçãoMonetária Integral (CMI), mas nem sempre isso será possível em caso de análise efetuada por analistas externos. O analista pode utilizar métodos comumente utilizados pelas revistas especializadas em análise e publicação de demonstrações contábeis.
Finalmente, é importante salientar que devem ser feitos ajustes nos relatórios no intuito de padronizá-los e ao mesmo tempo simplificá-los, preparando-os para as análises. É importante lembrar que esses são ajustes extra-contábeis, feitos fora do sistema de contabilidade. 
Na Unidade 3, veremos com mais detalhes como é feita a preparação do balanço para análise e quais são os ajustes necessários antes de se iniciar o trabalho propriamente dito.
3.3.3 Classificação de Ativos e Passivos Operacionais
Um dos pré-requisitos da análise financeira é uma reclassificação das contas dos vários demonstrativos. Isso implica agrupá-las por afinidade, em obediência aos novos objetivos de utilização dos dados financeiros.
As empresas colocam à disposição dos gestores os ativos totais consistentes de caixa, contas a receber, estoques, investimentos em subsidiárias, máquinas e equipamentos, veículos etc. com o propósito de gerar lucro.
Hoji (2006) esclarece que os ativos podem ser classificados em duas categorias: ativos operacionais e ativos não operacionais. Igualmente, os passivos também podem ser classificados em passivos operacionais e passivos não operacionais.
Os ativos operacionais podem ser divididos em: 
· Capital de giro operacional (contas a receber, estoques, impostos a recuperar etc.);
· Ativo permanente (prédios, máquinas e equipamentos, instalações industriais, veículos etc.), necessários para “fazer funcionar” o negócio.
O Capital de Giro Operacional (CGO) é composto de Ativos Circulantes Operacionais (ACOs), que são utilizados dentro do ciclo operacional de uma empresa, por exemplo: duplicatas a receber e estoques. 
Ainda segundo Hoji (2006, p. 275), “geralmente, uma parte do ACO é financiada pelas contas do Passivo Circulante Operacional (PCO), que surgem naturalmente em função do próprio negócio, representados pelas contas como: fornecedores, salários a pagar, impostos a pagar etc”. A diferença entre o ACO e o PCO é o Capital de Giro Operacional Líquido (CGOL), ou Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG), ou simplesmente Necessidade de Capital de Giro (NCG).
Os ativos e passivos não operacionais são as contas que apresentam características de natureza financeira ou não estão diretamente relacionados com as atividades operacionais, tais como: caixa, bancos, aplicações financeiras, empréstimos bancários a pagar e dividendos a distribuir. São classificadas como Ativos Circulantes Não Operacionais (ACNOs) e Passivos Circulantes Não Operacionais (PCNOs).
Você sabe o porquê dessa separação em eventos operacionais e financeiros? 
Porque na administração de uma empresa é importante saber onde estão os pontos fortes ou fracos da gestão. Uma indústria, por exemplo, pode estar indo muito bem no departamento de produção, batendo recordes de produtividade e, no entanto, estar com sérios problemas financeiros, de liquidez. Assim é importante o papel do analista, pois ele pode perceber que um dos motivos do problema relatado está no fato de se concederem aos clientes prazos maiores do que o recebido dos fornecedores. Faremos diversas análises aplicando esses conceitos, para ampliar nosso conhecimento mais à frente na Unidade 4. 
Vamos em frente!! 
4. Teoria na Prática
A Comercial Belo Horizonte Ltda, empresa atacadista do setor de alimentos que opera há vinte e cinco anos na capital mineira, é administrada pelos seus dois sócios. Após suas operações normais, a empresa apresentou em 31 de Dezembro o seguinte balanço patrimonial: 
	ATIVO
	PASSIVO
	Caixa 5.000
Bancos 30.000
Duplicatas a receber 15.000
Estoques 40.000
	Empréstimos bancários 30.000
Fornecedores 20.000
Impostos a pagar 10.000
	Contas a receber longo prazo 20.000
	Financiamentos 40.000
	Imobilizados 30.000
	Capital Próprio 40.000
	Total do Ativo 140.000
	Total do Passivo 140.000
De posse dos dados acima, vamos apurar os seguintes indicadores relevantes ao que acabamos de estudar: 
a) Participação do Capital de Terceiros no Passivo Total;
b) Grau de Imobilização;
c) Liquidez Corrente;
d) Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG) ou NCG;
e) Com base nos indicadores encontrados faça um breve comentário sobre a situação econômico-financeira da empresa.
Agora, veremos as respostas às questões propostas. Avalie o seu conhecimento e entendimento sobre o conteúdo. 
RESPOSTAS:
a) Participação do Capital de Terceiros no Passivo Total = 100.000 / 140.000 x 100 = 71,4%
b) Grau de Imobilização = 30.000 / 140.000 x 100 = 21,4%
c) Liquidez Corrente = 90.000 / 60.000 = 1,5
d) NLCG ou NCG = 55.000 – 30.000 = 25.000
e) A Comercial Belo Horizonte possui uma Participação do Capital de Terceiros no Passivo Total da ordem de 71,4%, o que representa um valor elevado, bem acima da média brasileira, que é em torno de 50%. Isso quer dizer que a empresa está captando mais recursos junto a terceiros do que junto aos sócios, ou seja, o endividamento da empresa requer atenção.
Um ponto positivo é que a empresa está imobilizando apenas 21,4% do total dos investimentos feitos na empresa, o que é muito bom mesmo se tratando de empresas comerciais. Nas indústrias, esse percentual é consideravelmente mais elevado.
A Liquidez Corrente da empresa, que mede a capacidade de pagamentos a curto prazo, está satisfatória, pois a empresa é capaz de honrar seus compromissos de curto prazo e ainda tem uma sobra de 50%.
A empresa tem uma Necessidade Líquida de Capital de Giro de $25.000, o que quer dizer que o Passivo Circulante Operacional (PCO) não é capaz de bancar sozinho o Ativo Circulante Operacional (ACO). Dessa forma, a empresa se vê obrigada a buscar recursos em bancos ou com os sócios para manter seu ativo operacional. O ideal é que as empresas trabalhem com estoques bancados totalmente pelos fornecedores.
Veremos mais casos que serão essenciais à aprendizagem e a utilizações práticas. 
Até lá!! 
5. Recapitulando
Nesta unidade, tivemos uma visão geral sobre quais são os principais demonstrativos financeiros e qual a importância deles na boa gestão das empresas. Conhecemos os fundamentos dos modelos de análise que se pratica no mercado. Conhecemos os eventos econômicos que alteram o patrimônio das empresas e como esses influenciam nos índices extraídos dos relatórios publicados.
Vimos também qual é o papel da contabilidade no processo de elaboração das demonstrações contábeis e como esse departamento contábil pode trabalhar para tomadas de decisão acertadas, principalmente na área financeira. Tais procedimentos irão contribuir para que a empresa atinja a excelência administrativa.
No último tópico, tivemos uma breve introdução à análise de balanços. Vimos quais são seus objetivos, quais são os usuários dessas análises. Ficamos sabendo que existem alguns procedimentos preliminares antes de iniciarem os trabalhos de análise.
Por último, vimos que, principalmente nas análises do Capital de Giro, é fundamental segregar o Ativo Circulante em ativo operacional e ativo financeiro; o mesmo vale para o Passivo Circulante.
Recapitulando – Mapa da Unidade
6. Amplie seus Conhecimentos
Você sabia que no site da USP (Universidade de São Paulo) há uma seção com artigos sobre contabilidade e finanças publicados na Revista Contabilidade & Finanças? 
São artigos de alto nível e de grande interesse para o gestor empresarial. 
Veja em: Portal USP, Revista Contabilidade & Finanças. Disponível em: 
<http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/>, acesso em: 05/03/2008.
Outras sugestõesde leitura sobre finanças, contabilidade e análise de balanços:
- HALFELD, Mauro. Investimentos: Como administrar melhor seu dinheiro. 3.ed. São Paulo: Fundamento, 2006.
- Revista Mineira de Contabilidade – Publicada pelo Conselho Regional de Contabilidade de MG. A revista pode ser adquirida pelo site do Conselho Regional, disponível em: <http://www.crcmg.org.br>, acesso em: 05/03/2008.
- Revista Brasileira de Contabilidade – Publicada pelo Conselho Federal de Contabilidade. A revista pode ser adquirida pelo site do Conselho Federal, disponível em: <http://www.crc.org.br>, acesso em: 05/03/2008.
7. Referências 
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. Tradução de Arthur Ridolfo Neto et al. 7ª ed. São Paulo: Harbra, 2002.
HOJI, Masakazu. Administração Financeira: Uma abordagem prática. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
PADOVEZE, Clovis Luís; BENEDICTO, Gideon C. Análise das demonstrações financeiras. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JORDAN, Bradford D. Princípios de Administração Financeira. Tradução de Andréa Maria Accioly Fonseca Minardi. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SALAZAR, José N. A.; BENEDICTO, Gideon C. de. Contabilidade Financeira. São Paulo: Thomson Learning, 2004.
Unidade 2: Estrutura das Demonstrações Contábeis
1. Nosso Tema
As demonstrações contábeis são relatórios elaborados pelo departamento de contabilidade ao final de cada exercício. São vários relatórios emitidos por esse departamento, alguns obrigatórios pela legislação fiscal, outros confeccionados por iniciativa da própria empresa, mas todos eles respeitando as normas e as práticas contábeis.
Nesta unidade, iremos ver como são elaborados esses demonstrativos contábeis, qual o período de apuração deles e quais são obrigatórios de acordo com a legislação fiscal. Veremos ainda que algumas empresas são obrigadas a publicar alguns de seus relatórios e outros não. Saberemos por que isso acontece.
Os principais relatórios contábeis elaborados pelas empresas, cujas estruturas serão estudadas nesta unidade, são:
· Balanço Patrimonial;
· Demonstração do Resultado do Exercício – DRE;
· Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL;
· Demonstração do Fluxo de Caixa;
· Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR.
As quatro primeiras demonstrações são obrigatórias segundo a legislação fiscal. Já a DOAR, que era obrigatória até 2007, passou a ser facultativa a partir de janeiro de 2008.
Portanto, esta unidade tem por objetivo orientá-lo quanto à elaboração e quanto à estrutura das principais demonstrações contábeis divulgadas pelas empresas ao final de cada exercício.
Vamos lá, então?
2. Para Refletir
Conforme as Leis 6.404/76, 10.303/01 e 11.638/07, decretadas pelo Congresso Nacional, ao final de cada exercício social, as entidades empresariais devem elaborar, com base na escrituração mercantil, as diversas demonstrações contábeis, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da empresa e as mutações ocorridas no exercício.
Apesar de ser uma obrigação legal, a elaboração das referidas demonstrações trazem enormes benefícios para o controle do patrimônio e facilitam a gestão das empresas. Apesar disso, ainda hoje há casos de pequenas e médias empresas que são administradas sem o auxílio dessas demonstrações contábeis. 
Para que você possa se preparar para essa nova etapa, sugerimos-lhe que reflita sobre as questões a seguir:
· Como você imagina gerenciar uma empresa sem a emissão dos relatórios contábeis ao final de cada exercício?
· Como saber com exatidão a situação do Capital de Giro ou a lucratividade da empresa?
Esses são pontos fundamentais na administração de uma organização e a única maneira de ter dados confiáveis é através dos relatórios contábeis.
A seguir, veremos como é a estrutura dessas demonstrações contábeis e como utilizá-las corretamente em benefício da excelência administrativa. 
Vamos em frente.
3. Conteúdo Didático
3.1 Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é o relatório contábil destinado a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, o patrimônio da empresa naquele instante. É como se fosse uma fotografia da empresa tirada num determinado momento, cuja imagem iria mostrar com exatidão todos os bens, os direitos e as obrigações da empresa.
A Lei das Sociedades por Ações denomina de ativo todas as contas constantes do lado esquerdo; e de passivo todas as contas constantes do lado direito do Balanço Patrimonial, conforme veremos mais adiante. O ativo é representado pelo conjunto de bens e direitos da empresa; já o passivo é representado pelo conjunto de obrigações (dívidas) com terceiros. O patrimônio líquido compreende os recursos próprios, provenientes dos proprietários ou acionistas da empresa. É importante lembrar que o patrimônio líquido fica do lado direito, pois também é considerado uma obrigação da empresa para com os sócios.
3.1.1 Conceitos Fundamentais e Estrutura do Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é o relatório mais importante gerado pela contabilidade. Além disso, ele é também o mais utilizado, pois através dele pode-se identificar a saúde financeira e econômica da empresa ao final de um exercício.
A palavra balanço significa equilíbrio, ou seja, há sempre uma igualdade entre os bens e direitos e as obrigações da empresa. Essa igualdade pode ser representada pela equação:
	ATIVO = PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Conforme o art. 178 da Lei 6404/76 (Lei das S.A), “as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e análise da situação financeira da companhia”.
Ainda segundo a legislação, no ativo, as contas devem ser relacionadas em ordem decrescente de liquidez. Já no passivo, as contas devem ser relacionadas em ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, de vencimento. Portanto, no ativo, serão apresentadas em primeiro lugar as contas mais rapidamente conversíveis em dinheiro: Caixa, Bancos, Duplicatas a Receber, Estoques etc. E, no passivo, serão classificadas primeiro as contas com exigibilidade mais imediata: Fornecedores, Empréstimos Bancários, Impostos a Pagar, Salários a Pagar etc.
Basicamente, o Balanço Patrimonial é subdividido em seis subgrupos, a saber:
	ATIVO
	PASSIVO
	Ativo Circulante (AC)
	Passivo Circulante (PC)
	Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP)
	Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP)
	Ativo Permanente (AP)
	Patrimônio Líquido (PL)
· Ativo Circulante: neste grupo, devem ser relacionados os bens e os direitos realizáveis a curto prazo, ou seja, até um ano da data do balanço. Este grupo é conhecido também como Capital de Giro da empresa. As principais contas dele são:
· Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras (chamados de Disponível);
· Duplicatas a receber;
· Estoques.
· Ativo Realizável a Longo Prazo: neste grupo, devem ser relacionados todos os bens e os direitos que serão realizados (transformados) em dinheiro a longo prazo, ou seja, em período superior a um ano. Os empréstimos que a empresa faz a diretores e a outras empresas coligadas normalmente não são quitados imediatamente, por isso são classificados no Realizável a Longo Prazo. Exemplos de contas deste subgrupo:
· Contas a receber longo prazo;
· Aplicações financeiras longo prazo;
· Empréstimos a coligadas.
· Ativo Permanente: neste agrupamento de contas, serão incluídos os itens que dificilmente se transformarão em dinheiro, pois não se destinam à venda, mas são utilizados na produção de bens ou para se obter renda para a empresa. Este grupo é conhecido também como Ativo Fixo, já que seus bens têm vida útil longa e seus valores não se alteram constantemente. O Ativo Permanente divide-se em quatro subgrupos.
· Passivo Circulante: evidencia todas as obrigações da empresa (dívidas) vencíveis até um ano da data do balanço, ou seja, que serão pagas no curto prazo. Exemplo: Empréstimos bancários apagar, Fornecedores a pagar, Salários a pagar, Impostos a pagar etc.
· Passivo Exigível a Longo Prazo: compreende as obrigações (dívidas) com terceiros vencíveis após um ano e adiantamentos ou empréstimos provenientes de sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas, ou participantes no lucro da companhia, desde que não constituam negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Juntamente com o grupo anterior, é conhecido como “Capital de Terceiros”. Exemplo: Financiamentos bancários de longo prazo, Dívidas com coligadas etc.
· Patrimônio Líquido: são classificadas as contas que representam os recursos próprios da empresa, ou seja, recursos aplicados pelos sócios ou acionistas, bem como os recursos gerados pela própria atividade da empresa. Dentro deste grupo temos o Capital Social, as Reservas e os Lucros/Prejuízos Acumulados. Este grupo é conhecido como “Capital Próprio”.
3.1.2 Apresentação Legal das Demonstrações Contábeis
A forma legal da apresentação das demonstrações contábeis no Brasil foi estabelecido inicialmente pela Lei 6.404/76, denominada Lei das S/A, no seu capítulo XV, artigos 175 a 188. A referida lei estipulou quais eram as demonstrações obrigatórias para as sociedades anônimas, fato que, posteriormente, foi estendido a todas as demais sociedades.
A referida lei apresentou ainda os critérios básicos de avaliação dos bens; critérios de formatação dos relatórios, nos quais devem aparecer os dados do último ano e do ano imediatamente anterior; além de critérios de publicação em jornais de grande circulação, quando se tratar de S/A de capital aberto. 
Posteriormente, a Lei 10.303/01 trouxe algumas alterações à lei até então em vigor, no intuito de dar mais transparência às demonstrações contábeis, visando, assim, atrair investimentos para o mercado de capitais. Nesse contexto, foram criadas regras que buscam garantir determinados direitos aos acionistas minoritários, bem como a adoção de padrões de governança corporativa, que tem por objetivo maior garantir tratamento eqüitativo a todos os acionistas. 
A partir de 1º de janeiro de 2008, passou a vigorar a Lei 11.638/07, conhecida como nova lei das S/A, a qual altera alguns artigos referentes às demonstrações contábeis, dentre os quais destacamos:
· Escrituração: separa as práticas contábeis das disposições da legislação tributária, quando conflitantes (Art. 177), ou seja, a empresa atende à legislação tributaria, mas elabora as suas demonstrações de acordo com os princípios contábeis e a legislação societária;
· Balanço Patrimonial: criação do grupo “intangível” dentro do Ativo Permanente, para melhor controle desses bens;
· Critérios de avaliação do Ativo: os ativos circulantes eram registrados pelo custo de aquisição. Agora serão registrados pelo valor de mercado, ou seja, os bens circulantes serão ajustados conforme seu valor no comércio local;
· Critérios de avaliação do Passivo: as obrigações de longo prazo serão ajustadas a valor presente, ou seja, valor da dívida na data do balanço;
· Obrigatoriedade do Fluxo de Caixa: a Demonstração do Fluxo de Caixa passa a ser obrigatório para todas as empresas, em substituição à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR.
3.2 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE
Como já foi dito, o Balanço Patrimonial é o mais importante relatório elaborado pela Contabilidade, pois é ele que demonstra toda a situação econômico-financeira da empresa. Entretanto, mesmo mostrando claramente a situação do patrimônio, ele sozinho não chega a ser suficiente para as tomadas de decisão, pois não fornece todas as informações necessárias, como, por exemplo, sobre a lucratividade da empresa. É necessário que os administradores estejam de posse das demais demonstrações e as analisem em conjunto. Só assim os gestores poderão se sentir seguros para tomar decisões.
Ao final de cada período ou exercício social, a empresa deve apurar o resultado dos seus negócios. Para isso, são confrontadas as receitas e as despesas do período em questão. Se as receitas forem maiores, haverá lucro, caso contrário, a empresa obterá prejuízo. Essa confrontação se dá no relatório denominado Demonstração do Resultado do Exercício - DRE.
De maneira geral, através da apuração do resultado, pode-se constatar se o maior objetivo da empresa foi atingido, ou seja, se os benefícios obtidos foram maiores que os sacrifícios realizados. 
Veremos a seguir como é feita a apuração do lucro das empresas e quais regras a Contabilidade está sujeita quando elabora a DRE.
3.2.1 Introdução à Medição do Lucro
Dentre as atividades exercidas pela Contabilidade, a medição do lucro é a mais relevante, pois está se avaliando o desempenho operacional da empresa num determinado momento.
A apuração do resultado se dá de acordo com uma norma contábil chamada “Regime de Competência”, a qual diz respeito à data correta de contabilizar uma receita ou uma despesa. Por exemplo: qual a data correta de se contabilizar uma receita de venda? No dia do faturamento ou no dia do recebimento? Em qual mês se devem pagar os impostos sobre essa venda? No mês do faturamento ou no mês do recebimento? 
O Regime de Competência estabelece que: 
· A receita será contabilizada no período em que for gerada, independentemente do seu recebimento.
· A despesa será contabilizada como tal no período em que for consumida, incorrida, utilizada, independentemente do pagamento.
A Contabilidade é regida por um conjunto de normas contábeis e leis tributárias que padronizam a apuração do lucro. Tais regras devem ser seguidas por todas as empresas para que os administradores e demais analistas tenham condições de visualizar claramente o desempenho de uma empresa ao longo do tempo, bem como permitir que se comparem seus resultados com os dos concorrentes.
Outro ponto que torna importante a obediência ao Regime de Competência, é que o lucro será a base de cálculo para o Imposto de Renda e para a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, fato de grande interesse do Fisco.
3.2.2 Estrutura da DRE
Segundo Marion (1998), a Demonstração do Resultado do Exercício - DRE é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, normalmente ao final de cada mês ou em 31 de dezembro. Essa demonstração tem a forma dedutiva, ou seja, das receitas são subtraídas as diversas despesas do período, chegando assim ao resultado (lucro ou prejuízo).
É importante ressaltar que o resultado encontrado na DRE deverá ser somado ao valor da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados - LPA, pois ela é a soma dos resultados de vários períodos acumulados. Sua estrutura básica é a seguinte: 
	DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE
	 
 2006 2007
Receita bruta de vendas e serviços
 (-) Deduções das vendas, abatimentos e impostos sobre vendas
= Receita líquida das vendas e serviços
 (-) Custo das mercadorias vendidas (CMV) e serviços vendidos
= Lucro Bruto
 (-) Despesas com vendas
 (-) Despesas gerais e administrativas
 (-) Despesas financeiras deduzidas das receitas
 (-) Outras despesas operacionais
= Lucro/Prejuízo operacional
 + Receitas não operacionais
 (-) Despesas não operacionais
= Lucro antes do Imposto de Renda - LAIR
 (-) Provisão para Imposto Renda
 (-) Participações
= Lucro/Prejuízo líquido do exercício 
Vamos conhecer os Grupos da Demonstração de Resultado?
· Receita bruta de vendas e serviços:
É formada pela receita principal da empresa, ou seja, das atividades - fim da entidade. Podemos citar: as vendas de produtos (na indústria), de mercadorias (no comércio) e serviços (empresas prestadoras de serviço), incluindo todos os impostos e contribuições incidentes.
· Deduções das vendas:
Aqui serão deduzidas as devoluções de vendas, os abatimentos sobre vendas e os impostos incidentes (ICMS, PIS, COFINS e ISS), que estarão incluídosna receita bruta correspondente.
· Receita líquida de vendas e serviços:
É a diferença entre a receita bruta e as deduções das vendas, sendo considerada como a receita real da empresa, já que os impostos e as contribuições incidentes serão repassados aos órgãos públicos e as devoluções de vendas, porventura ocorridas, deverão ser abatidas da receita bruta.
· Custo das mercadorias vendidas e serviços:
Representa o quanto a empresa gastou para produzir um produto (na indústria), adquirir uma mercadoria (no comércio) ou prestar um serviço (empresa prestadora de serviço). Ou seja, CMV é o valor de compra daquelas mercadorias que foram vendidas.
· Lucro Bruto:
Representa a diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo das mercadorias vendidas e serviços.
· Despesas e receitas operacionais:
Elas ocorrem no desenvolvimento da atividade operacional da empresa e são agrupadas, para fins de análise, em:
a. Vendas: São despesas inerentes à atividade de venda. Mais especificamente, essas despesas referem-se aos gastos com promoção, comercialização e distribuição dos produtos da empresa. Exemplo: comissões sobre vendas, despesas com viagens de vendedores, propaganda e publicidade, despesas com entrega de mercadorias, salário do pessoal de vendas, etc.
b. Administrativas: As despesas administrativas estão atreladas à atividade da área administrativa da empresa, ou seja, em sua gestão. Exemplo: aluguel do escritório da administração, consumo de energia elétrica da administração, honorários da diretoria, despesas judiciais e salário do pessoal administrativo, entre outros.
c. Resultado financeiro líquido: Representa a diferença entre as despesas financeiras e as receitas financeiras. As despesas financeiras são oriundas, principalmente, da utilização de capitais de terceiros, como juros de empréstimos bancários, despesas bancárias, descontos financeiros concedidos, etc. Por outro lado, as receitas financeiras são provenientes de investimentos em aplicações financeiras, juros de mora recebidos, etc.
· Lucro (ou prejuízo) operacional:
Representa o resultado da atividade operacional da empresa. Assim, podemos entender o lucro (ou prejuízo) operacional como o resultado das atividades principais ou acessórias que constituam o objeto social da entidade.
· Resultados não operacionais:
São constituídos por receitas e despesas consideradas não-operacionais, ou seja, são provenientes de transações (ou acontecimentos) que não estão ligadas ao escopo social da empresa.
· Lucro antes do imposto de renda e contribuição social LAIR:
Esse lucro ou prejuízo, considerado como contábil, para o caso do cálculo do imposto de renda, será transferido para o Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR, para apuração do valor do imposto de renda.
· Provisão para imposto de renda e contribuição social:
É o valor a ser recolhido aos cofres públicos referentes a esses dois tributos.
· Participações:
Representa a parte dos lucros a ser distribuída aos empregados, administradores, pagamento de juros de debêntures emitidas pela empresa, partes beneficiárias ou contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados.
· Lucro líquido (ou prejuízo)
Representa o confronto entre todas as receitas realizadas pela empresa e todas as despesas consumidas em um determinado período.
3.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
As causas e os efeitos da movimentação da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados são de grande importância para os administradores e para os demais analistas dos relatórios contábeis, pois mostra os lucros obtidos e a destinação dada a eles. Daí a obrigatoriedade de elaboração da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPA desde o saldo inicial até o saldo final.
No entanto, normalmente, as empresas fazem a demonstração não só dessa importante conta, mas também de todas as outras que compõem o Patrimônio Líquido. Essa nova demonstração, mais completa, se chama Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL. 
Vale destacar que as Sociedades por Ações de capital aberto, por exigência da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, conforme Instrução número 59/86, são obrigadas a elaborar e publicar a DMPL como parte integrante de suas Demonstrações Financeiras.
A demonstração deve ser elaborada a partir dos dados existentes no livro razão, do qual serão extraídos:
a) Os saldos no encerramento do balanço do exercício anterior;
b) Os acréscimos e as diminuições dos saldos;
c) Os saldos no encerramento do exercício ao qual a demonstração se refere.
Abaixo, exemplo de um modelo simplificado de DMPL: 
	D M P L
	Capital
Realizado
	Reservas de Capital
	Reservas de Lucros
	Lucros
Acumulados
	Total
	SALDOS EM 31-12-X7
	90.000,00
	20.000,00
	10.000,00
	50.000,00
	170.000,00
	AUMENTO DE CAPITAL
	
	
	
	
	
	Com lucros e reservas
	30.000,00
	(20.000,00)
	(10.000,00)
	(10.000,00)
	(10.000,00)
	Com subscrição de novas ações
	10.000,00
	0,00
	0,00
	0,00
	10.000,00
	LUCRO LÍQ. DO EXERCÍCIO
	0,00
	0,00
	0,00
	25.000,00
	25.000,00
	TRANSF. PARA RESERVAS
	
	
	
	
	
	Reservas de lucros a realizar
	0,00
	0,00
	15.000,00
	(15.000,00)
	0,00
	DIVIDENDOS
	0,00
	0,00
	0,00
	(2.500,00)
	(2.500,00)
	SALDOS EM 31-12-X2
	130.000,00
	0,00
	15.000,00
	47.500,00
	192.500,00
A referida demonstração tem como ponto positivo, a facilidade no momento de se calcular o valor dos investimentos pelo método da equivalência patrimonial. Outra vantagem da DMPL é que ela fornece elementos que facilitam na elaboração da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
3.4 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
Para que um determinado patrimônio surja, existe a necessidade de uma origem e ela será a fonte de recurso. As Origens de Recursos ficam representadas no lado direito do Balanço Patrimonial, ou seja, são origens de terceiros (Passivo Circulante ou de Longo Prazo) ou de capital próprio (Patrimônio Líquido). Como exemplo de origens de recursos de terceiros, podemos citar: empréstimos bancários a pagar, fornecedores a pagar, salários a pagar, impostos a recolher, financiamentos de longo prazo etc. Como origens de recursos próprios, podemos citar o Capital Social integralizado, as reservas, os lucros acumulados etc.
Já as Aplicações de Recursos se referem à destinação dada às origens que ingressaram na empresa, ou seja, todos os recursos da empresa são aplicados no Ativo na forma de bens, direitos ou obrigações.
Segundo Lunkes (2004, p. 93), “a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR é a demonstração contábil destinada a evidenciar as modificações que originaram as variações no capital circulante líquido” da empresa no período, indicando as modificações na posição financeira da entidade.
A diferença entre as novas origens não circulantes e as novas aplicações não circulantes será igual ao Capital Circulante Líquido – CCL (Ativo Circulante menos Passivo Circulante).
Segundo Iudícibus et al (1998), a DOAR demonstra especificamente as mutações ocorridas com as contas patrimoniais Não Circulantes e os seus efeitos no Capital de Giro da empresa, ou seja, como fluíram os recursos ao longo de um exercício.
O artigo 188 da Lei 10.303/01 determina que a DOAR deve discriminar:
I. – as origens dos recursos;
II. – as aplicações dos recursos;
III. – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido;
IV. – os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.
A seguir, exemplo dos principais itens de origens e aplicações que compõem a DOAR:
	Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR
	1. ORIGENS:
Lucro/Prejuízo do exercício
	Receitas/ Despesas que não afetam o CCL
Aumento do Capital Social por integralização
Contribuição para Reservas de Capital
Aumento no Passivo Exigível a Longo Prazo
Redução no Ativo Realizável a Longo PrazoAlienação de Ativo Permanente
	2. APLICAÇÕES
	Dividendos propostos
Aquisição de Ativo Imobilizado
Aumento de Ativo Realizável a Longo Prazo
Redução no Passivo Exigível a Longo Prazo
	AUMENTO OU REDUÇÃO DO CCL
Capital Circulante Líquido
No início do Período
No final do Período
Fonte: ASSAF NETO (1987, p.87).
Todas as demonstrações estudadas até o momento são consideradas demonstrações contábeis ou econômicas, pois têm origem nos dados do sistema contábil. Agora, veremos outra importante demonstração, porém de caráter financeiro, que é o estudo do Fluxo de Caixa.
3.5 Demonstração do Fluxo de Caixa 
Você sabia que, ao analisarmos as demonstrações financeiras de algumas empresas, podemos perceber que, apesar de apresentarem prejuízos contábeis em vários exercícios seguidos, a empresa pode ter o caixa aumentado nesses mesmos períodos? Por que isso acontece? Porque lucro não é sinônimo de dinheiro em caixa.
Tal fato pode ocorrer devido a alguns fatores. Primeiro, porque o lucro apurado na DRE é contábil, em que as receitas são contabilizadas no momento que ocorrem as vendas. Já os aumentos de caixa se referem a transações financeiras, ou seja, quando essas vendas são efetivamente recebidas.
Não há dúvida de que a principal fonte de entrada de caixa em uma empresa é o lucro que ela gera, mas há outras. Veja alguns exemplos:
· Empréstimos e bancários para capital de giro;
· Entrada de novos sócios ou abertura de capital em bolsas de valores;
· Venda de participação em outras empresas;
· Venda de ativos imobilizados;
Como visto, diversos fatores podem influenciar no caixa e, conseqüentemente, no capital de giro de uma empresa. Assim, torna-se fundamental a elaboração e a análise de um relatório que trate exclusivamente das entradas e das saídas dos recursos financeiros da empresa. Esse relatório se chama “Demonstração do Fluxo de Caixa”.
Essa demonstração é tão importante que, com a publicação da Lei 11.638/2007, a partir de Janeiro/2008, ela passou a ser obrigatória para todas as empresas no Brasil. Segundo Ching et al (2007), as informações dessa demonstração são usadas para:
· Avaliar a liquidez e a flexibilidade financeira da empresa;
· Avaliar as decisões gerenciais;
· Determinar a capacidade de pagar dividendos aos acionistas e empréstimos aos bancos;
· Mostrar a relação entre o lucro líquido e o caixa;
· Ajudar a prever futuros fluxos de caixa.
A Demonstração do Fluxo de Caixa é baseada nas operações que envolvem três grupos distintos de atividades: atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades de financiamento.
Os fluxos de caixa das atividades operacionais podem ser apresentados de duas maneiras. O método direto, que é o regime de caixa, e o método indireto, que é baseado no lucro líquido.
Segundo Ching et al (2007), no método direto, listam-se todas as entradas e saídas físicas de caixa das atividades operacionais. Pode-se fazer uma analogia entre esse método e o talão de cheques. Sua apresentação é simples e de fácil compreensão. A empresa simplesmente classifica as entradas
e saídas de caixa como atividades operacionais, de investimentos ou de financiamento e apura o saldo final. Exemplo:
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – MÉTODO DIRETO
	I – Atividades operacionais (em R$)
Cobrança dos clientes 5.000 
Pagamento aos fornecedores (8.000)
Caixa líquido das operações (3.000)
	II – Atividades de investimento (em R$)
Compra de máquinas e equipamentos (30.000)
	III – Atividades de financiamento (em R$)
Recebimento de venda de ações 100.000
Movimentação de caixa (I + II + III) 67.000 
Saldo de caixa no início do ano 10.000
Saldo de caixa no final do ano 67.000
Aumento de caixa (saldo final – saldo inicial) 57.000
Fonte: elaborado pelo autor.
Já o método indireto, pega-se o lucro líquido apurado na DRE e fazem-se os ajustes dos valores não monetários que haviam impactado aquele lucro. Os itens como depreciação, aumento das contas a receber e aumento dos estoques explicam por que o lucro difere do caixa. No entanto, esse método não demonstra os detalhes operacionais como cobrança dos clientes e pagamento aos fornecedores. Exemplo desse método, referente à mesma empresa acima:
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – MÉTODO INDIRETO
	I – Atividades operacionais (em R$)
Lucro líquido 5.000 
Ajustes para reconciliar lucro para o caixa operacional:
* Depreciação 2.000
* Aumento de contas a receber (4.000)
* Aumento na conta de fornecedores 5.000
* Aumento nos estoques (11.000)
Caixa líquido das operações (3.000)
	II – Atividades de investimento (em R$)
Compra de máquinas e equipamentos (30.000)
	III – Atividades de financiamento (em R$)
Recebimento de venda de ações 100.000
Movimentação de caixa (I + II + III) 67.000 
Saldo de caixa no início do ano 10.000
Saldo de caixa no final do ano 77.000
Aumento de caixa (saldo final – saldo inicial) 67.000
Fonte: elaborado pelo autor.
As atividades operacionais estão relacionadas com as transações rotineiras que resultam no lucro líquido da empresa, como o recebimento das vendas e o pagamento das compras de mercadorias. As atividades de investimento se referem às contas do ativo de longo prazo, como aquisição de imobilizado, por exemplo. Já as atividades de financiamento estão relacionadas com as contas do exigível a longo prazo e do patrimônio líquido, como a emissão de ações e debêntures, pagamento de dividendos etc.
Diante disso, podemos perceber a importância das informações contidas nessa demonstração financeira, pois está se referindo especificamente ao caixa, que é o “coração” da empresa.
As análises e aplicações das Demonstrações do Fluxo de Caixa serão estudadas mais detalhadamente na Unidade 5, dentro do estudo do Capital de Giro das empresas. 
Até lá.
4. Teoria na Prática
A Comercial Minas Gerais Ltda é um supermercado de médio porte, cujos sócios são dois irmãos. As contas abaixo foram extraídas do balancete contábil em 31/12/X7. Monte o Balanço Patrimonial conforme as normas contábeis e responda:
a) Qual o valor do Ativo Circulante?
b) Qual o valor do Ativo Permanente?
c) Qual o valor do Capital de Terceiros?
d) Qual o valor do Capital Próprio?
e) Faça uma rápida análise no balanço da Cia. Minas Gerais e responda: a empresa tem liquidez de curto prazo? A empresa trabalha mais com recursos próprios ou com recursos de terceiros? 
	Máquinas e equipamentos
	40.000
	Marcas e patentes
	5.000
	Impostos a recolher
	10.000
	Empréstimos bancários
	20.000
	Lucros Acumulados
	10.650
	Fornecedores
	20.000
	Estoques
	20.000
	Aplicações fin. longo prazo
	1.000
	Caixa
	38.450
	Salários a pagar
	8.000
	Móveis e utensílios
	32.000
	Contas a pagar em jul/X9
	7.000
	Bancos conta movimento8.200
	Duplicatas a receber
	27.000
	Capital Social
	25.000
	Financiamentos LP
	60.000
	Reservas
	11.000
RESPOSTAS:
	Balanço Patrimonial em 31/12/X7
	Caixa
	38.450
	Empréstimos bancários
	20.000
	Bancos conta movimento
	8.200
	Fornecedores
	20.000
	Duplicatas a receber
	27.000
	Salários a pagar
	8.000
	Estoques
	20.000
	Impostos a recolher
	10.000
	
	
	
	
	Total do Ativo Circulante
	93.650
	Total do Passivo Circulante
	58.000
	
	
	
	
	Aplicações financeiras longo prazo
	1.000
	Contas a pagar jul/X9
	7.000
	
	
	Financiamentos longo prazo
	60.000
	Total do Ativo R. Longo Prazo
	1.000
	Total do Passivo E. Longo Prazo
	67.000
	
	
	
	
	Móveis e utensílios
	32.000
	Capital Social
	25.000
	Máquinas e equipamentos
	40.000
	Reservas
	11.000
	Marcas e patentes
	5.000
	Lucros acumulados
	10.650
	Total do Ativo Permanente
	77.000
	Total do Patrimônio Líquido
	46.650
	Total do Ativo
	171.650
	Total do Passivo
	171.650
a) Ativo Circulante = 93.650
b) Ativo Permanente = 77.000
c) Capital de Terceiros = 58.000 + 67.000 = 125.000
d) Capital Próprio = 46.650
e) Liquidez Corrente = 93.650 / 58.000 = 1,6
A empresa tem uma boa liquidez de curto prazo, ou seja, no momento, ela não tem problemas com o capital de giro. Já os recursos próprios da empresa representam 27,2% (46.650 / 171.650) do total do passivo, o que é bastante baixo para os padrões brasileiros, que normalmente ficam em torno de 40 a 50%. Isso significa que, no geral, a empresa está bastante endividada.
Uma solução indicada para essa questão do endividamento elevado seria, numa próxima captação de recursos, no lugar dos financiamentos bancários, abrir capital na Bovespa. Assim, aumentaria o capital próprio da empresa, equilibrando o endividamento.
5. Recapitulando
Nesta unidade, estudamos a estrutura das principais demonstrações contábeis elaboradas pelas empresas. São elas:
· Balanço Patrimonial;
· Demonstração do Resultado do Exercício – DRE;
· Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL;
· Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR;
· Demonstração do Fluxo de Caixa.
Vimos que, até o ano de 2007, a DOAR era obrigatória e que, a partir de janeiro/2008, foi substituída pela Demonstração do Fluxo de Caixa, de acordo com a Lei 11.638/2007. 
Vimos também quais são as leis federais e as normas contábeis que devem ser seguidas no momento de se elaborarem os relatórios contábeis, como, por exemplo, a “Lei das Sociedades por Ações” e norma contábil denominada “Princípio da Competência”.
As estruturas das demonstrações estudadas nesta unidade são fundamentais para que se possa fazer uma análise da instituição e planejar ações futuras. Só através da DRE é possível saber com segurança o resultado (lucro líquido) que a empresa vem obtendo. Através do Balanço, pode-se dizer o valor do seu patrimônio. Somente após a elaboração da DOAR, tem-se uma visão clara das origens e das aplicações dos recursos que ingressaram na empresa. Pelo Fluxo de Caixa, pode-se avaliar a saúde financeira de uma organização. 
Recapitulando – Mapa da Unidade
6. Amplie seus Conhecimentos
Para saber mais sobre a contabilidade e sua relação com as finanças, conheça a evolução do pensamento contábil no Brasil lendo o livro de Paulo Schimidt, História do pensamento contábil, da Editora Bookman, 2006.
Outro importante livro que relaciona a contabilidade com as análises financeiras e mostra sob os vários aspectos como as informações contábeis são fundamentais e podem até ser o diferencial na sobrevivência de uma entidade é Administração Financeira – Uma abordagem prática, de Masakazu Joji, da Editora Atlas, 2006.
Como leitura, recomendamos-lhe também o livro de Alexandre Assaf Neto, Estrutura e análise de balanços, da Editora Atlas, 1987. Nele, você vai encontrar mais detalhes a respeito das principais demonstrações contábeis publicadas pelas empresas.
7. Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. São Paulo: 1987.
CHING, Hong Yuh. et al. Contabilidade & Finanças. 2ª ed. São Paulo: Pearson, 2007.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. et al. Contabilidade introdutória. 9ª ed. São Paulo: Atlas,1998.
LUNKES, Rogério João. Manual de Contabilidade Hoteleira. São Paulo: Atlas, 2004.
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.
Unidade 3: Análise Vertical e Análise Horizontal
1. Nosso Tema
As finanças são, num sentido real, o elemento principal do sistema de livre comércio. A boa administração financeira é, portanto, de importância vital à saúde econômica das empresas, assim como para a nação e para o mundo (BRIGHAM et al, 2001, p.20).
Segundo Marion (2002), a análise das Demonstrações Financeiras tem como objetivo o estudo do desempenho de um empreendimento. E é isto que veremos nesta unidade: como extrair informações das demonstrações contábeis para serem utilizadas no processo de tomada de decisões, dentro e fora da empresa. Essas informações são utilizadas para tomada de decisão interna pela empresa, que considera também o conhecimento da situação econômico-financeira de outras empresas – notadamente concorrentes – clientes e fornecedores, além dos seus próprios resultados. 
Você sabia que as demonstrações financeiras são publicadas em veículos de comunicação (geralmente jornais) onde essas empresas estão instaladas? Dessa forma, podem ser analisadas por investidores, acionistas, clientes, etc. Além disso, aprenderemos também como conhecer a situação econômico-financeira de uma empresa por meio dos três pontos fundamentais de análise. Vejamos:
Liquidez (Fornece a situação financeira): Os índices de liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos.
Endividamento (Fornece a estrutura de capital): Os indicadores de endividamento nos informam se a empresa utiliza mais recursos de terceiros ou recursos dos proprietários. Saberemos se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte a Curto Prazo (Circulante) ou a Longo Prazo.
Rentabilidade (Fornece a situação econômica): Situação econômica é observada através da rentabilidade ou lucratividade da empresa, do seu potencial de vendas, da sua habilidade de gerar resultados e da evolução das despesas.
Vamos começar?
2. Para Refletir
Para que você possa compreender a importância da análise das demonstrações financeiras como instrumento de gestão para os administradores das empresas na tomada de decisões, vamos refletir sobre as seguintes situações:
Você está pensando em aumentar a produção de sua empresa investindo em novos equipamentos. Mas, para isso, terá que pedir um financiamento ao banco. Como avaliar a capacidade da empresa para fins de habilitação a financiamentos?
Bem, você possui investimentos financeiros, mas, como levantar qual a lucratividade dos capitais investidos e a estrutura financeira da entidade econômica administrativa para saber se você pode assumir um novo financiamento?
E, por fim, qual o seu conhecimento sobre a empresa e a visão sobre a viabilidade de expansão dos negócios?
Não se preocupe! Nos tópicos seguintes, iremos apresentar os principais “quocientes de análise” e como eles podem auxiliá-lo a tomar decisões acertadas para o presente e o futuro das empresas.
3. Conteúdo Didático 
Nas bibliografias contábeis, existem diversas formas de análise de balanços. Contudo, é possível destacar as seguintes modalidades:
O trabalho do analista não se limita a apenas levantar os motivos dos fracassos do empreendimento, mesmo porque esses fatos já terão acontecido e suas conseqüências provavelmente já pesam nos resultados. O principal fundamento da análise é o direcionamento das ações futuras da administração, ou seja, o analista, além de levantar as razões, deve apontar as soluções.
Ao fazer análise da situação da empresa, é dada mais ênfase ao Balanço Patrimonial e à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), já que é por meio delas que é possível levantar, de forma objetiva,

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