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TRABALHO Situação problema Salim (1)

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INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
ARTUHUR RIBEIRO
ANDREA DOMINGUES
CATIA AZARIAS
FERNANDA DANTAS
GUILHERME PIRATELLI
KETLYN RIBEIRO
PAMELA MAKIYAMA
ROBSON AFONSO DE SOUZA 
TRABALHO DE OBSERVAÇÃO COM SITUAÇÃO PROBLEMA
SÃO PAULO – SP
2020
ARTUHUR RIBEIRO
ANDREA DOMINGUES
CATIA AZARIAS
FERNANDA DANTAS
GUILHERME PIRATELLI
KETLYN RIBEIRO
PAMELA MAKIYAMA
ROBSON AFONSO DE SOUZA 
TRABALHO DE OBSERVAÇÃO COM SITUAÇÃO PROBLEMA
 
Trabalho dos alunos do primeiro semestre de psicologia apresentado à Universidade Paulista – UNIP, da pesquisa cientifica do desenvolvimento da criança, focado em desvincular o senso comum, focando no pensamento cientifico.
Professor MarioMonteiro.
São Paulo – SP
2020
Sumário
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	SITUACÃO PROBLEMA	5
3.		Desenvolvimento físico	6
3.1.	Desenvolvimento Cognitivo	7
3.2.	Família e social	9
3.3.	Personalidade	11
3.4.	Perceptual	13
3.5.	Linguagem	14
4.	REFLEXÃO	17
5.	CONCLUSÃO	19
6.	BIBLIOGRAFIA	20
1. INTRODUÇÃO
 O estudo do desenvolvimento humano trata da ciência que estuda os processos de mudança, estabilidade e investiga diversos aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social do ser humano em suas fases de vida (de sua concepção até a morte). Teorias foram constituídas a partir de observações e pesquisa estruturando a ciência do desenvolvimento.
A presente pesquisa nos permite analisar pontos cruciais durante o desenvolvimento do sujeito da situação problema, e os impactos que trouxeram ao presente momento. Somos desafiados a analisar aspectos de desenvolvimento em relação a situação problema, pontuando de acordo com embasamento cientifico.
Quanto a situação problema, trata-se de um casal que busca orientações, pois estão passando por um momento de separação e tem dúvidas se o filho conseguirá aceitar esse momento. O pai (Salomão) em seu emprego está prestes a ser transferido de cidade e a mãe (Romana) não tem interesse em acompanhá-lo, fazendo que esse seja um dos motivos centrais para a separação.
Este trabalho busca compreender o desenvolvimento humano na fase da Terceira Infância. Fazendo então um estudo de caso, que se refere a Salim, criança de 8 anos, cujo os pais estão em fase de divórcio, e buscam soluções para passar por este processo. Desde o início da separação dos pais, Salim vem apresentando uma série de problemas no comportamento escolar e familiar. 
1.1. Desenvolvimento físico
Segundo a situação apresentada Salim atualmente com 8 anos está na fase de sua terceira infância, de acordo com Papalia e Feldman (2006) o desenvolvimento físico nessa fase possui a característica de um crescimento mais lento. 
Existem grandes diferenças na altura e no peso entre as idades, sendo crianças de seus 6 anos com aparência mais infantil, enquanto crianças na faixa dos 11 ano com mais aspecto adulto.
A nutrição e o sono adequados são essenciais para o crescimento e para uma vida saudável. Dados os fatos do estudo de caso, Salim tem o desenvolvimento esperado pela média comparada à sua idade, portanto ele não apresenta nenhuma diferença física em relação as crianças de sua mesma faixa etária.
1.2. Desenvolvimento Cognitivo
A teoria do construtivismo de Jean Piaget (1896 – 1980) comprova que a moralidade das crianças não são vazias de valores, são processos de construções internas, ou seja, alimentadas de acordo com o meio social onde estão inseridas, fazendo com que seu contato com o meio, expresse o universo simbólico que lhe é apresentado dentro de seu contexto. Tudo isso só é possível quando a criança já tenha estruturas importantes de seus diferentes estágios de desenvolvimento cognitivo.
Cada um dos estágios evolutivos representa um período da infância, que são sucessivos, de acordo com a evolução e a capacidade de interação da criança com o mundo a sua volta. Esses estágios vão do nascimento e o início da adolescência, que são as etapas em estudo para o caso de Salim. A criança encontra-se no estágio pré-operatório por volta de 2 a 6 anos, onde uma de suas importantes características é marcada pela construção da inteligência simbólica ou representativa, de acordo com Rappaport o pensamento da criança nesse período é caracterizado pelo egocentrismo – a criança pensa o mundo a partir de si mesma.
Podemos acompanhar no estudo de caso proposto dentro desse período, Salim com três anos de idade, insistia em dormir na cama com os pais usando de choros e soluços afim de convence-los. Não sabemos o motivo de Salim insistir em dormir na cama de seus pais apesar de já ter seu próprio quarto, mas podemos perceber que o sujeito em análise usa desses mecanismos como comunicação, aprendidos em seu meio social. 
Por volta dos 7 anos, as crianças já concluíram o estágio anterior do pré-operatório, agora entrando no estágio operatório-concreto onde passam a fazer o uso de operações mentais para resolver problemas concretos (reais). Conceitos abstratos ainda não são de fácil compreensão, pois ainda estão criando noções de pensamentos lógicos. As crianças podem pensar logicamente porque conseguem levar em conta os vários aspectos, pontos diferentes de uma situação, entretanto, a maneira de pensar delas ainda é limitada a situações reais, no aqui e no agora, passam a ter um melhor entendimento dos conceitos espaciais, causalidade, categorização, raciocínio indutivo e dedutivo, conservação e números. 
São capazes de se relacionar, seguir regras e regulamentos, conseguem resolver problemas simples de matemática com mais facilidade, fazem contas de cabeça, na situação problema apresentada Salim vem apresentando problemas nesse sentido. A diminuição do egocentrismo é substituída pela capacidade de compreender que as outras pessoas têm pontos de vista diferentes.
O sentimento de respeito na primeira infância é caracterizado por uma relação de sentido único, da criança para o adulto. Ele é quem rege as relações do sujeito ainda egocêntrico que, apesar de não compreender as necessidades das regras para o convívio social, acata as normas dependendo da fonte de onde emanam. Seu egocentrismo inconsciente não lhe permite compreender as leis do mundo exterior como fazendo parte de um universo de relações independentes. Assim, suas ações ainda giram em torno de seus próprios interesses e não em torno de um sistema de relações recíprocas e interpessoais. (GROPPA, 1996, p. 107) 
1.3. Família e social
É por meio da educação familiar que a criança, desde pequena, aprende a conviver com regras e respeitar o próximo. O contexto familiar é muito importante para a formação da criança; onde algumas podem apresentar mau comportamento, baixo rendimento na escola e auto estima baixa. Já aquelas que possuem as famílias mais preocupadas com seu desenvolvimento, se sentem mais seguras, motivadas e com vontade de aprender. Os pais, na visão de Gottman e De Claire (1997), que não impõem limites e não orientam o comportamento de suas crianças, fazem com que estas apresentem dificuldades para se concentrar, fazer amizades e se relacionar bem socialmente.
Segundo Hart L. A. (1992, p.36), “Muitos pais pensam que seus filhos se sentem amados porque podem fazer o que desejam. As crianças precisam de limites seguros, saudáveis e razoáveis, e nossa disposição em colocar esses limites transmite amor”.
Inúmeras vezes os pais querem agradar seus filhos, pelo fato de sempre estarem ausentes, e fazem todas suas vontades, criando dessa forma, filhos sem limites. Na situação problema, Salim sempre achava uma forma para dormir na cama com os pais, e os pais deixavam, selecionava quem ia buscá-lo na escola além disso sempre teve todos os presentes que queria. Na escola, ele possui dificuldade em português, matemática e na leitura. Para Casarin “A dificuldade de aprendizagem de uma criança ou um adolescente pode não ser mais do que uma forma encontrada de manifestar a falta, a precariedade dos vínculos familiares (...)”.
É importante o acompanhamento da famíliajunto a escola para um bom desempenho da criança, assim os pais poderão entender de onde vem estes problemas e poderão buscar as soluções.
De acordo com Kaloustian (1998, p 12),
É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal. É em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade.
Dessa forma, o grupo familiar que a criança está inserida influencia em muito no seu desempenho escolar e desenvolvimento, essa fase vem muito antes do ingresso da mesma na escola, o sujeito em desenvolvimento precisa ser suprido de suas necessidades emocionais, sua segurança garantida, ter noção sentimental sobre o apego e o desapego, de modo que a escola entre para complementar em seu desenvolvimento, onde cada qual possui sua responsabilidade.
Salim não tem muitos amigos, e possui dificuldades em aceitar outras opiniões ou perder, portanto, ele precisa aprender a lidar com frustrações. Os pais, com boas intenções, na tentativa de poupar seu filho de possíveis decepções, buscam suprir suas expectativas, feito de maneira excessiva pode fazer com que a criança não vivencie a frustração como algo natural. As crianças precisam entender que ganhar e perder faz parte da vida e que devemos nos esforçar para conseguir algum objetivo, porém, algumas vezes podemos não conseguir. É de extrema importância os filhos saberem que, independente da vitória ou da derrota, eles serão sempre amados e respeitados pelos pais.
1.4. Personalidade
Durante a fase escolar, as crianças passam por várias situações fundamentais para a formação de sua autoestima e sua imagem. Como por exemplo, relacionamento com os colegas em grupo, que define a aceitação dela e a imagem que ela mostrara perante o grupo. O comportamento, diante de colegas e adultos, irá avaliar a todo o tempo se o comportamento é adequado ou não ao seu nível social.
Como o ingresso a escola veio apenas aos cinco anos de idade, Salim teve um contato com outras formas de pensar e outras culturas, um pouco mais tardio. A interação familiar é fundamental para o desenvolvimento da criança, sabendo que a escolar vem como complemento. Questões de valores, regras, limites são estabelecidas inicialmente em casa, porém, a integração da escola reforça todas as áreas no âmbito social da criança, sendo algo essencial para o desenvolvimento.
De acordo com Eckerman (et al., 1989) brincadeiras como a de seguir o líder ajudam a estabelecer um vínculo com as outras crianças, preparando-as para brincadeiras mais complexas durante os anos pré-escolares A imitação das ações uns dos outros resulta em uma comunicação verbal mais frequente (algo como “Entre na casinha”, “Não faça isso!” ou “Olhe pra mim”), que ajuda os pares a coordenar atividades conjuntas.
Evidentemente, algumas crianças são mais sociáveis que outras, refletindo traços de temperamento como o seu humor habitual, disposição para aceitar pessoas desconhecidas e capacidade para se adaptar à mudança.
O que para Salim não é algo fácil de aceitar. As imposições das regras nas brincadeiras mostram a dificuldade dele no convívio da escola. A falta de experiencia na sua segunda infância o deixou em desvantagem com o grupo social e escolar.
Segundo Sigmund Freud (1856-1939), o desenvolvimento humano possui uma série de necessidades e etapas a serem concluídas, com a finalidade da busca pelo prazer. Seguindo seus conceitos, dividimos as instâncias que compões a psique humana em três, o ID que possui componentes natos, nasce-se com ele, sendo responsável pelos desejos, vontades e impulsos primitivos. A partir do ID é possível desenvolver as outras duas partes que compõem a personalidade humana, o ego, responsável pela construção da razão e o superego da culpa.
Na infância é necessário que haja alguns ‘nãos’, para uma melhor consolidação do superego. De acordo com a análise da situação problema, Salim desde os três anos, só recebia de seus pais o ‘sim’ como resposta a necessidades e busca pelo prazer, sendo então sempre atendido, sua personalidade foi construída voltada para seu ID, não lidando bem com frustações, logo, prejudicado no entendimento da situação moral e desejos de outros indivíduos.
Salim apresenta um espírito elevado de liderança, pois até os oito anos é comum que a criança esteja centrada em si mesma, tendo dificuldades de conviver em grupo. (Desenvolvimento Humano Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman.)
1.5. Perceptual
Nota-se que a aceitação de Salim perante os pais e colegas é de domínio, pois ele não aceita outras opiniões, quer fazer tudo apenas do seu jeito. O fato é que nessa fase as crianças absorvem as informações do mundo como se fossem uma esponja, significa que aprendem também a mentir e a manipular os outros para conseguir o que desejam. Nesses casos as crianças costumam agir de diversas formas diferentes para conseguir dominar a vontade dos pais. Seria importante ter compreendido isso a tempo, para que não tornasse um problema maior. Este comportamento não é necessariamente um problema sem solução, porém, quando estes hábitos não são mudados na infância, é quase impossível serem mudados no futuro.
Uma criança que usa essas estratégias, não é uma criança feliz. No entanto os pais devem saber que limites e regras não significam restrições à liberdade das crianças. Para que saibam exatamente o que é certo ou errado.
Os limites e regras são uma forma de guiar as crianças em seu comportamento, disciplina e amor não são opostos, e sim complementares.
1.6. Linguagem
De acordo com Catherine Tourrette (2012), distúrbios da linguagem oral podem apresentar gagueira, distúrbios de pronúncia, entre outros. Neste caso a gagueira pode ser clônica - que ocorre com repetições incoercíveis de sílabas, ou tônica - com bloqueios momentâneos de emissão vocal - a mesma pode estar associada a genética.
[...] Os distúrbios da linguagem oral são numerosos e podem afetar diferentes aspectos da implementação da linguagem (atraso, distúrbios de pronúncias, de ritmo…) [...] a gagueira que pode ser clônica (com repetições incoercível de sílabas) e tônica (com bloqueio momentâneo da emissão vocal). A gagueira produz-se, espontaneamente e de maneira transitória. [...] a gagueira pode ser isolada ou uma característica familiar [..] (Tourrette, 2012, pág. 137)
O distúrbio da linguagem escrita pode ser causado por diversos problemas, como a dislexia, disortografia e disgrafia. A disortografia é a dificuldade de ortografia. A hora de se preocupar e interferir nesse problema é quando o mesmo persistir a longo prazo, pois é normal que ocorra dificuldades em ortografia, já que ela é aperfeiçoada com o passar do tempo.
[...] A disortografia - que lhe é, muitas vezes, associada - traduz-se por dificuldade de ortografia. Nesse aspecto, apenas as dificuldades duradouras são levadas em consideração porque a ortografia só se adquire progressivamente. [..] (Tourrette, 2012, pág. 137)
Salim apresenta problemas com a matemática e troca algumas letras e palavras na escrita e na fala, o que é preocupante, pois ele sempre teve o desempenho esperado para sua faixa etária. O convívio familiar de Salim reflete em seu comportamento na escola, porém, é possível corrigir o problema com algumas intervenções.
2. SITUAÇÃO PROBLEMA 
Salomão e Romana vão à sua procura para tentar resolver um problema prático com seu filho Salim que tem atualmente 8 anos. O casal resolveu se separar e busca uma orientação sobre o filho, pois têm dúvidas se ele conseguirá aceitar esse momento. 
Para poder orientá-los, você necessita saber algumas informações sobre como foi o desenvolvimento da criança até aquele momento, para conhece-lo melhor. Os pais contam que aos três anos Salim, sempre que possível buscava dormir na cama com eles. Para isso ele insistia muito, com suplícios e soluços. Após 3 ou 4 noites, os pais cediam,pois acabavam com pena da criança. Quando não cediam, ele dormia no próprio quarto, mas ao longo da madrugada, Salim mudava-se para a cama dos pais, entre os dois e os mesmos, muito sonolentos, nada faziam.
 Aos 5 anos ele começou a frequentar a escola. Todos os dias selecionava quem ia busca-lo: ora a mãe, ora o pai. E se caso os pais trocavam na hora de pega-lo, ele armava uma gritaria na porta da escola e não queria ir embora para casa enquanto a pessoa desejada não chegasse. As professoras e a direção da escola achavam tudo muito estranho, pois no dia-a-dia das atividades ele se saia muito bem.
 O casal sempre deu todos os presentes que o filho solicitava. Agora com a separação sabem que o padrão econômico de vida de ambos irá ser reduzido pela metade e com isso estão preocupados em não poder atender todas as necessidades do filho. E há uma grande probabilidade de Salomão ser transferido de cidade, sendo essa uma das principais razões da separação, pois Romana não quer abandonar os pais a quem dedica boa parte do seu tempo, mesmo estes não tendo nenhum problema.
Atualmente, Salim está no 3o ano do ensino fundamental, mas a coordenação da escola já comunicou que se ele não se dedicar mais, provavelmente será retido, já que no ano anterior foi aprovado pelo conselho de classe que considerou as dificuldades dos pais na sua educação. Vem apresentando problemas em matemática (não consegue compreender multiplicação e divisão) e em português troca letras e na escrita troca “p com q” e “b com d”. Quando vai ler algo em sala, gagueja e troca também algumas letras.
 Possui alguns amigos, mas nas brincadeiras é ele quem sempre determina as regras. Quando alguma criança propõe algo diferente, ele afirma que essa não é a forma correta, que deve ser outro jogo e ele não quer.
3. REFLEXÃO
Cada criança pode entender o divórcio de uma forma diferente, enquanto umas pensam que irá melhorar sua situação com a diminuição do conflito familiar, outras pensam como uma perda muito grande, na qual podem até mesmo se sentirem culpadas pela separação. De acordo com Papalia e Feldman (2006) as características pessoais das crianças fazem diferença em relação a esse processo na vida de seus pais.
Nesse período é comum as crianças apresentarem certas dificuldades, comparadas com crianças de pais não separados, muitas delas passam a mostrar problemas não apenas de aprendizagem, mas também no convívio social. Segundo Bee e Boyd (2011) “nos primeiros anos após um divórcio, as crianças tipicamente apresentam declínios no desempenho escolar e mostram comportamento mais agressivo, desafiador, negativo ou deprimido” (pág.378-379).
Conforme observado, Salim tem encarado esta situação, pois é possível identificar que durante o período “pré-divórcio” seu rendimento escolar caiu. Notamos também que ele tem problemas de relacionamentos e socialização, que podem ser resultados dessa separação em conjunto de características que carregou ao longo de sua infância.
É importante realçar que a escola não substitui o papel dos pais na vida dos filhos, e que eles devem proporcionar a devida educação, construindo o caráter e personalidade da criança. Sendo assim mesmo em processo de separação é recomendado que eles se unam com o propósito de se atentar aos cuidados que a criança necessita neste momento.
A escola também tem um papel fundamental nesse desenvolvimento, pois é ali que a criança desenvolve seu raciocínio e adquire maior nível de socialização. Sendo assim, acaba demonstrando através de atitudes, palavras e até mesmo desenhos que algo não está indo bem, muitas vezes é possível ter um retrato de como está sua família através destes comportamentos.
A responsabilidade não pode tornar-se mútua sem existir um ponto de vista comum, acerca do bem-estar da criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento. Isso exige algo mais do que provas escolares de aquisição de 20 conhecimentos, certificados de níveis de inteligência, de aproveitamento e diplomas. Tanto a família como a escola, devem dar menos importância à competição e preocupar-se de uma forma mais autêntica com a natureza e as necessidades da personalidade da criança. (GESELL, 2002, p. 22).
A escola precisa estar atenta e entender o que está ocorrendo com a criança, alertar aos pais sobre seu comportamento e rendimento, e buscar, sempre que necessário, os devidos encaminhamentos para diminuir a consequência do divórcio na vida dessa criança.
Ter um trabalho conjunto entre família e educadores, é de extrema importância buscando estratégias e práticas para garantir apoio e segurança para conduzir essa situação para não haver maiores traumas, para que o aluno possa seguir da forma mais saudável possível.
Para Piaget:
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois, a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades (...) (1972/2000, p.50)
Na situação apresentada, é indispensável estes cuidados, onde os pais e a escola devem estar atentos aos novos comportamentos e ao desconforto que será gerado após a separação, para que se administre a situação da melhor forma possível. É recomendado que não apenas a criança, mas também os pais passem por acompanhamento de um profissional capacitado para identificar os problemas gerados e buscar estabilizar o emocional e os danos causados a todos os envolvidos.
4. CONCLUSÃO
Em relação dos argumentos apresentados, observamos que Salim não possui nenhum problema, somente está passando por uma situação repentina que acabou dificultando seu desempenho escolar. O divórcio pode ser compreendido de diversas formas por uma criança.
O convívio familiar é de grande importância para a formação da criança, e a escola não substitui o papel dos pais.
Pais como os apresentados no caso, que buscam atender todas as necessidades de seus filhos acabam os deixando, frustrados quando algo não sai da maneira na qual gostaria.
Neste momento a escola precisa avaliar o comportamento da criança, de forma que elimine o julgamento e o senso comum, e se necessário alertar os pais, para que tomem devidas providências. A escola não conseguirá mudar nada sem o auxílio da família de Salim, os mesmos precisam estar dispostos a passar por um tratamento, se necessário, em conjunto.
É no lar que a educação da criança deve ser iniciada. Ali está sua primeira escola. Ali, tendo seus pais como instrutores, a criança terá de aprender as lições que a devem guiar por toda avida - lições de respeito, obediência, reverência e domínio próprio. As influências educativas do lar são uma força decidida para o bem ou para o mal. (WHITE, 2007, p. 17)
5. BIBLIOGRAFIA
1. AQUINO, Julio Groppa (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 14. ed. São Paulo: Summus, 1996. 
2. BEE, Helen. BOYD, Denise. A criança em desenvolvimento.12ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
3. GESELL, Arnold. A Criança dos 5 aos 10 anos. São Paulo: Martins Fontes, 2002. KRAMER, Sonia. Educação Infantil: comemorando as lutas. In: Revista deEducação CEAP, ano X, no. 36, Salvador, março/maio, 2002.
4. HART, L. A. A família moderna: Uma reflexão sobre o desenvolvimento de uma relação madura e saudável entre pais e filhos. São Paulo: Saraiva, 1992.
5. PAPALIA, Diane E., OLDS, Sally W., FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 8º Ed. Artmed, 2006.
6. PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. José Olympio ed. 15ª edição. Rio de Janeiro,1972/2000. Disponível em:http://www.palavraescuta.com.br/perguntas/por-que-criancas-nao-devem-dormir-com-os-pais. 
7. TOURRETTE, Catherine e; GUIDETTI, Michèle. Introdução à Psicologia do Desenvolvimento do Nascimento à Adolescência. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2012
8. KALOUSTIAN, SílvioManoug. Família brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF. UNICEF, 1998.
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