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1 ALINE LIMOLI SIOTTI A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES SENSORIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL CATANDUVA - SP 2019 2 ALINE LIMOLI SIOTTI A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES SENSORIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Monografia apresentada à Faculdade como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Ludopedagogia. CATANDUVA - SP 2019 3 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à fonte. Catalogação na publicação Serviço de Documentação Universitária Limoli Siotti, Aline. A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES SENSORIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL / Aline Limoli Siotti. – CATANDUVA – 2019. 39 p.; 30 cm. Monografia – Ludopedagogia 1. Atividades sensoriais. 2. Desenvolvimento Infantil. 3. Educação Inclusiva. 4 FOLHA DE APROVAÇÃO ALINE LIMOLI SIOTTI A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES SENSORIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Monografia apresentada à Faculdade como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Alfabetização e Letramento. Aprovada em: ___/___/2019 Examinadores: ___________________________________________ Prof. Coordenador ___________________________________________ Prof. Orientador ___________________________________________ Prof. Co-Orientador 5 DEDICATÓRIA A todas as pessoas que com compreensão, incentivo e paciência, me apoiaram, fazendo assim com que eu viesse a acreditar que seria possível esta caminhada. 6 AGRADECIMENTOS Quero agradecer, em primeiro lugar, а Deus, pela força е coragem durante toda esta longa caminhada. A toda minha família, por sua capacidade dе acreditar е investir em mim, principalmente ao meu esposo e à minha filha, por suportar e entender minhas ausências. 7 EPÍGRAFE "O poder dos sentidos sensoriais é uma forma fantástica de viver melhor o presente". Latumia (W.J.F.). 8 RESUMO SIOTTI, ALINE LIMOLI. A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES SENSORIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL. 2019, 39 f. Monografia – LUDOPEDAGOGIA – SÃO PAULO, 2019. As atividades sensoriais são um grupo de atividades que estimulam os sentidos das crianças e contribuem para o seu desenvolvimento cognitivo, comportamental, e social. Atividades simples como mexer com areia, creme de barbear, ter contato com diversos materiais, texturas e cheiros diferentes, trabalham a coordenação motora, o equilíbrio, a sensibilidade da criança e contribuem para seu desenvolvimento intelectual, sobretudo daquelas que apresentam algum tipo de deficiência. Por outro lado, uma insuficiência de estimulações sensoriais na infância pode ocasionar nas crianças dificuldade em detectar, regular, interpretar e dar respostas adequadas às informações sensoriais recebidas do ambiente, fatores que poderão causar prejuízo no desempenho das atividades de vida diárias da criança e na sua adaptação aos diversos contextos sociais na qual interage. Frente ao exposto, este estudo teve por objetivo analisar a percepção dos professores sobre a importância das atividades sensoriais para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional da criança pequena. A partir das análises, pôde-se compreender que os docentes têm conhecimento acerca das atividades sensoriais e sua importância para o desenvolvimento integral da criança, além de perceberem diferenças no comportamento das crianças que têm acesso a estas atividades, como autonomia, sociabilidade, e melhor autoestima, contribuindo assim para sua inclusão no contexto escolar e demais contextos sociais. Por fim, conclui-se que há necessidade de se investir na capacitação dos profissionais envolvidos no contexto educacional e no desenvolvimento de pesquisas que apontem metodologias eficazes que considerem tais atividades na educação infantil como meio de promover a aprendizagem global das crianças. Estas atividades sensoriais podem ser facilmente incluídas nas rotinas diárias na educação infantil, podendo ser feitas dentro da sala de aula, em uma brinquedoteca, ou até mesmo ao ar livre, onde todas as crianças podem se beneficiar. Palavras-chave: 1. Atividades sensoriais. 2. Desenvolvimento Infantil. 3. Educação Inclusiva. 9 ABSTRACT SIOTTI, ALINE LIMOLI. THE IMPORTANCE OF SENSORY ACTIVITIES FOR CHILD DEVELOPMENT. 2019, 39 f. Monograph - LUDOPEDAGOGY - SÃO PAULO, 2019. Sensory activities are a group of activities that stimulate children's senses and contribute to their cognitive, behavioral, and social development. Simple activities such as handling sand, shaving cream, having contact with different materials, textures and different smells, work on the motor coordination, balance, sensitivity of the child and contribute to their intellectual development, especially those with some kind of disability. On the other hand, a lack of sensory stimulation in childhood may cause children to have difficulty detecting, regulating, interpreting and providing adequate responses to sensory information received from the environment, factors that may cause impairment in the child's daily life activities and performance. adaptation to the various social contexts in which they interact. Based on the above, this study aimed to analyze teachers' perceptions about the importance of sensory activities for the cognitive, social and emotional development of young children. From the analyzes, it was possible to understand that teachers have knowledge about sensory activities and their importance for the integral development of the child, besides noticing differences in the behavior of children who have access to these activities, such as autonomy, sociability, and better self-esteem, thus contributing to their inclusion in the school context and other social contexts. Finally, it is concluded that there is a need to invest in the training of professionals involved in the educational context and in the development of research that shows effective methodologies that consider such activities in early childhood education as a way to promote the global learning of children. These sensory activities can easily be included in the daily routines in early childhood education, and can be done inside the classroom, in a playroom, or even outdoors where all children can benefit. Keywords: 1. Sensory activities. 2. Child Development. 3. Inclusive Education. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................... 11 CAP. 1. DESENVOLVIMENTO INFANTIL........................................................... 14 1.1. Características Psicológicas do Desenvolvimento.................................... 15 1.2. Desenvolvimento Afetivo, Visual, Tátil, Auditivo e Motor.......................... 15 1.3. Atividade Objetal Manipulatória................................................................. 17 1.4. Aparecimento de Novos Tipos de Atividades na Primeira Infância.......... 19 1.5. Desenvolvimento da Percepção e das Noções Sobre as Propriedades dos Objetos........................................................................................................20 CAP. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................. 21 2.1. Teoria de Integração Sensorial de Ayres................................................ 2.2 . Atividades sensoriais e a aprendizagem das crianças........................... 21 22 CAP. 3. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO...................................................... 24 3.1. A importância das atividades sensoriais para o desenvolvimento cognitivo da criança na percepção dos professores...................................... 24 3.2. Principais diferenças no processo de aprendizagem das crianças que participam das atividades sensoriais daquelas que não participam...................................................................................................... 26 3.3. Dificuldades encontradas para elaboração e realização das atividades sensoriais na educação infantil....................................................................... 27 CAP. 4. A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS SENSORIAIS NA PRIMEIRA INFÂNCIA.......................................................................................... 28 4.1 A integração sensorial no desenvolvimento infantil................................ 30 CONCLUSÃO...................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 37 11 INTRODUÇÃO Ensinar e educar configura atender todas as crianças, independentemente de suas necessidades educativas, culturais e sociais, é estimular todos os seus sentidos, principalmente, de zero a seis anos, desenvolvendo atividades e avaliações de acordo com sua história de vida, seu ritmo e seu desenvolvimento. A criança é um ser ativo, que merece respeito no seu tempo de crescimento e desenvolvimento, seu corpo é sua referência e ele evolui com a estimulação e a exploração dos espaços internos e externos presentes em seu cotidiano. As atividades diárias, as brincadeiras, as falas e as experiências vivenciadas também são momentos que proporcionam a construção espontânea do aprendizado. Desde seu nascimento, a criança observa a reação das pessoas que estão envolvidas em seu cotidiano e, quanto mais ela participa de experiências afetivas, físicas, perceptivas e sociais maiores serão o enriquecimento e também o desenvolvimento da sua inteligência. Os estímulos, nos primeiros anos do desenvolvimento infantil, são decisivos e fundamentais para a formação de sua personalidade, pois há na sua vida adulta e profissional uma grande influência cultural, social, econômica e psicológica. Também sabemos da importância deste trabalho, para fortalecer e desenvolver as outras fases do crescimento, e até proporcionar uma vida adulta com qualidade, equilíbrio e de forma produtiva. De acordo com Ayres: “Percebemos o nosso corpo e todo o ambiente à nossa volta através do nosso sistema sensorial, ou seja, desde o início da vida começamos a conhecer o mundo por meio dos órgãos dos sentidos.” Ayres (2005). As atividades sensoriais são um grupo de atividades que contribuem para a construção de habilidades de desenvolvimento em uma ampla variedade de áreas, incluindo comportamental, social e comunicação. Estas atividades incluem andar de bicicleta, mexer com areia, creme de barbear, ter contato com materiais, texturas, cheiros diferentes, participar de jogos que trabalham a coordenação motora, o equilíbrio e a sensibilidade. (DUNBAR et al (2012). “É por meio dos primeiros cuidados que a criança percebe seu próprio corpo como separado do outro, organiza suas emoções e amplia seus conhecimentos sobre o mundo”. (REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA EDUCAÇÃO INFANTIL, 1998, p.15). 12 Para a autora, o ser humano já nasce com a capacidade básica de integrar estas sensações ao cérebro, no entanto, quando bebês, não temos estratégias e conhecimentos prontos para perceber a complexidade dos estímulos ambientais. Essa habilidade se desenvolve com a experiência e com a idade, principalmente na interação com o outro. Assim, deve ser desenvolvida através da interação com o mundo e da adaptação com o seu corpo e de seu cérebro aos muitos desafios físicos durante a infância. Diante disso, pode-se compreender que tais atividades se tornam fundamentais na educação infantil. A cada atividade a criança obtém as bases para um desenvolvimento cerebral mais complexo e maduro, daí a importância de apresentar estímulos sensoriais à criança desde cedo, pois servirão como ferramentas mentais que ela terá para usar no futuro. Como se vê, as brincadeiras e atividades sensoriais desenvolvidas na sala de aula tornam-se um importante instrumento para o aprendizado da criança. Portanto, salienta-se a importância de os professores da educação infantil terem conhecimento acerca da importância destas atividades na educação infantil, tendo em vista que a estimulação sensorial e a atividade motora durante a infância moldam as interconexões neuronais para formar processos sensoriais e motores que permaneçam relativamente estáveis ao longo da vida. Contudo, percebe-se na realidade a falta de conhecimento destas atividades, bem como sua importância para o desenvolvimento saudável da criança. Estímulos sensoriais na sala de aula poderiam evitar e/ou minimizar diversos distúrbios, dentre eles o de aprendizagem. Não precisamos mudar a prática pedagógica, mas ressignificar os nossos sentidos, pois educador e educando sempre estão ensinando e aprendendo. A aprendizagem é um processo sem fim, em que se enriquecem os conhecimentos e as informações, que levam as diferentes e diversas modificações de comportamento, que envolvem a inteligência, o corpo, a criatividade, o desejo e o emocional do ser humano. Uma insuficiência de estimulações sensoriais na infância pode ocasionar nas crianças dificuldade em detectar, regular, interpretar e dar respostas adequadas às informações sensoriais recebidas do ambiente, fatores que poderão causar prejuízo no desempenho nas atividades de vida diárias da criança como brincar, aprender, cuidar-se, contribuindo para sua exclusão no contexto social (COELHO; IEMMA; LOPES-HERRERA, 2008). 13 A Educação Infantil não pode apenas priorizar os cuidados básicos da saúde, alimentação, higiene e sono, nem ser um substituto da família, mas ampliar todos estes itens, porque a criança é rica em conhecimento, cultura, criatividade e está em constante desenvolvimento. Para nós educadores, ensinar sempre é um desafio no qual nos comprometemos com uma prática pedagógica centrada nos estímulos e no vínculo afetivo com a criança, tornando os momentos das atividades prazerosos e significativos. A princípio, damos ênfase à importância do estímulo à criança de zero a seis anos, o que não nos permite desprezar sua história de vida, suas individualidades, suas dificuldades, nenhum estímulo, nenhuma fase que a criança tenha passado e passará, devendo ser respeitada e valorizada quanto ao seu crescimento e desenvolvimento que envolve o genético, o hereditário, o físico e os processos de aprendizagem vivenciados. A oportunidade de a criança ser estimulada tem uma fase específica ou momento no seu desenvolvimento e ela é essencial de zero a seis anos, enquanto seu cérebro ainda está cheio de janelas abertas, prontas para os conhecimentos e informações. A falta dos estímulos ou estímulos inadequados, nesta fase, pode trazer prejuízos e perda de experiências e oportunidades. O trabalho integrado dos estímulos afetivos, físicos, cognitivos e sensoriais, e a interação de todos com o meio social é o que dá os instrumentos necessários à criança para a formação da sua personalidadee para a construção do conhecimento; quando estimulada, a criança é mais ativa; dinâmica; realiza melhor as atividades propostas; é mais segura; tem uma boa socialização; é autônoma e tem personalidade. Não podemos esquecer de que a essência está na forma pela qual o estímulo é oferecido. Este deve vir sempre acompanhado com o brincar, com o carinho, afeto e a cumplicidade. Não precisamos de recursos sofisticados para desenvolver a criança como um todo, mas devemos investir no desenvolvimento da inteligência, que a tornará, amanhã, uma pessoa confiante, segura e feliz. 14 CAP. 1 - DESENVOLVIMENTO INFANTIL O desenvolvimento infantil esta pautado na interação com o meio. Segundo Vygotsky a criança aprende e depois se desenvolve. Deste modo, o desenvolvimento de um ser humano se dá pela aquisição/aprendizagem de tudo aquilo que o ser humano construiu socialmente ao longo da história da humanidade. Ao se tratar de escola, estamos em um âmbito mais aprofundado, pois para além de transmitir o conhecimento acumulado, este processo deve se dar de forma organizada de modo que, todas as ações realizadas pela escola e seus profissionais devem ser pensadas, refletidas, discutidas e planejadas, pois todas as ações devem ter intencionalidade e finalidade. Na Educação Infantil este processo não pode ser diferente, pois o período dos 0 aos 5 anos é que fará mais diferença no futuro, sendo a base para o desenvolvimento posterior. Deste modo, destacamos a importância da escola como local para além dos cuidados na Educação Infantil; porque é nele que a criança deve se envolver, interagir e agir com o meio, com o outro e com si mesma para apreender o mundo que a cerca e ir além apreendendo para além da imagem, mas também os significados por trás delas. Neste sentido, as escolas de Educação Infantil não podem se isentar do ato intencional de educar, presando apenas pelo cuidar, devendo assim haver um equilíbrio entre o cuidar e o educar para que as crianças possam aprender e desenvolver todas as suas possibilidades e habilidades da forma mais integral possível. De acordo com a periodização feita por Abrantes (2012) a teoria histórica cultural pode ser dividida em épocas: Primeira Infância (0 a 3 anos), Infância (3 a 10 anos) e Adolescência (10 a 17 anos) e períodos, Primeiro Ano (0 a 1 ano), Primeira Infância (1 a 3 anos), Idade Pré-Escolar (3 a 6 anos), Idade Escolar (6 a 10 anos), Adolescência Inicial (10 a 14 anos) e Adolescência (14 a 17 anos). Advogamos o princípio segundo o qual a escola, independentemente da faixa estaria que atenda, cumpra a função de transmitir conhecimentos, isto é, de ensinar como lócus privilegiado de socialização para além das esferas cotidianas e dos limites inerentes à cultura do senso comum. (MARTINS, 2009, p.94) 15 A transição entre os períodos se dá por meio de crises e a atividade dominante em cada período é respectivamente: Comunicação Emocional Direta, Atividade Objetal Manipulatória, Jogo de Papéis, Atividade de Estudo, Comunicação Íntima Pessoal e Atividade Profissional Estudo. Neste trabalho tratarei das crianças de um a três anos de vida, ou seja, a Primeira Infância e/ou Atividade Objetal Manipulatória. Assim, o período o qual me dedico será o da Primeira infância e/ou Atividade Objetal Manipulatória entendido como essencial para a criança. É neste momento que a criança desenvolve características, habilidades e aptidões. Essas transformações quantitativas e qualitativas são consideradas fundamentais para o desenvolvimento da criança persistindo ao longo de toda sua vida adulta. Este período se constitui como: 1.1 Características Psicológicas do Desenvolvimento Ao adquirir controle de seus movimentos no que se refere ao andar sozinha a criança começa, então, a aperfeiçoar o grau de dificuldade desses caminhar, seja pisando em algum objeto, seja andando para trás ou mesmo um degrau, sente como a um desafio a alcançar diante desses estímulos dificultosos. A capacidade de caminhar independente da ajuda de um adulto proporciona à criança um novo panorama do mundo exterior, ampliando a compreensão dos objetos a sua volta, bem como sua manipulação, uma vez que estes eram “limitados” pelos pais. A criança se dá conta de que há a existência de obstáculos em seu trajeto e que precisa captar maneiras de evitá-los. O caminhar dá autonomia à criança. 1.2. Desenvolvimento Afetivo, Visual, Tátil, Auditivo e Motor A criança no início da primeira infância é dependente da mãe. As proibições e limites impostos pela mesma geram na criança uma reação de oposição, pois esta [...] a base para as aprendizagens humanas está na primeira infância. Entre o primeiro e o terceiro ano de idade a qualidade de vida de uma criança tem muita influência em seu desenvolvimento futuro e ainda pode ser determinante em relação às contribuições que, quando adulta, oferecerá à sociedade. Caso esta fase ainda inclua suporte para os demais desenvolvimentos, como habilidades motoras, adaptativas, crescimento cognitivo, aspectos sócios emocionais e desenvolvimento da linguagem, as relações sociais e a vida escolar da criança serão bem sucedidas e fortalecidas. (PICCININ, 2012, p. 38) 16 não entende e não aceita, gerando uma dualidade de amor e ódio. Porém, quando há uma aprovação por parte do adulto em relação ao que a criança faz, ela se sente satisfeita e motivada a fazer as coisas novas. Santos (1999) argumenta que embora a criança não entenda as atitudes, deve passar por situações de satisfação e sofrimento, para que descubra que tipos de ações podem satisfazer a ela e ao adulto. Ainda aposta que a criança deve desenvolver o autoconceito, pois já se vê separada das pessoas e, já entende que o adulto “vai e vota”, que os objetos vão continuar no mesmo lugar, ainda que ela não os veja, é necessário ver a si mesmo como algo contínuo no tempo e espaço. A partir dos dois anos a acriança torna-se mais independente e autoconfiante, porém é egocêntrica. Cabe nesse momento o adulto ensinar a acriança a “perceber” a outra, por exemplo, em atividades cooperativas. A visão, o tato e a audição são os meios pelos quais a criança descobre o mundo, sendo que nesta fase ela não tem medo de ver, ouvir e sentir. Esses sentidos possibilitam a criança a perceber as coisas (tamanho, forma e cor) que fazem parte do meio, o tato permite que a criança sinta diferentes texturas, agradáveis ou não. A criança nesta fase escuta tudo e se dispersa facilmente, quanto a sons em alto volume, a criança pode se assustar. Aos dois anos de idade a criança possui os músculos do corpo e o controle motor mais aprimorado, tendo mais facilidade para modelar massinha e rabiscar com giz. Estas situações são de demasiada importância para o desenvolvimento visual e tátil. Nesta idade a criança está no mundo dos sons, o papel do adulto neste momento é de estimular o desenvolvimento dos sentidos para que a criança possa ter uma expressão própria, como aponta Martins (2009). Em suma, desenvolvimento se produz por meio de aprendizagens e esse é o pressuposto Vigotskiano, segundo o qual o bom ensino, presente em processos interpessoais, deve se antecipar ao desenvolvimento para poder conduzi-lo. Portanto não há que se esperar desenvolvimento para que se ensine; há que se ensinar para que haja desenvolvimento. (p.100). 17 Contudo, faz-se necessário compreender como se dá o desenvolvimento infantil no período da Primeira Infância compreendido do 1 ano aos 3 anos de vida da criança, no qual se desenvolve a Atividade Objetal Manipulatória. 1.3. Atividade Objetal Manipulatória No primeiro ano de vida, a criança realiza manipulações dos objetos de maneira externa a eles. Com a primeira infância, elapassa a ressignificar a utilização desses objetos, deixando de serem simples “coisas” a detentores de uma função específica, segundo a própria função social deste objeto. É na primeira infância que se constrói a passagem para a atividade objetal, atividade principal do período, na qual o adulto assume o papel de colaborar nesse processo, pois a exemplo de uma colher, ela poderá batê-la, jogá-la ao chão e, mesmo assim, não descobrir sua função, a menos que o adulto intervenha e lhe demonstre sua finalidade. A assimilação da criança pelos objetos em relação ao seu destino difere dos animais, como por exemplo, do macaco que ao sentir sede, irá beber água na xícara, no balde, no chão, não se depreendendo ao fato de que a xícara é utilizada para beber algo, se ela estiver vazia vai utiliza-la para várias coisas também. A criança, portanto assimila o significado permanente do objeto. Mukhina (1995) discorre que o destino que a sociedade conferiu ao objeto e não varia por necessidade de momento. Porém, isso não garante que a criança deixará de dar outras funções a este objeto se não o que lhe é fixado pelo social, mas a importância está na questão de ela saber e conhecer a verdadeira função deste objeto, independentemente de seu uso “indevido”. A relação entre ação e objeto apresenta três fases de desenvolvimento: na primeira fase a criança realiza qualquer função que ela domina com o objeto; na segunda fase, a criança manuseia o objeto a partir da real função a que se atribui ao objeto e, na terceira fase, tem reminiscência na primeira fase, porém a criança dominando a real função do objeto, o utiliza para “outros fins”, fora o “original”. 18 O que se faz importante nesse âmbito é a assimilação da atividade objetal realizada pela criança de modo a condizer às regras de comportamento social, o que faz mudar a conduta da criança quando realiza uma atividade de manipulação objetal. É importante para o desenvolvimento psíquico da criança que o uso dos objetos ocorra de modo a manter o mesmo sentido em empregos diferentes, ou seja, unívoco, uma vez que nem todas as ações que a criança assimila têm o mesmo valor no seu progresso psíquico, as ações contêm particularidades, a exemplo dos brinquedos, roupas, móveis e louças. Existem de fato diferentes formas de utilizar os objetos, as formas que mais exigem exercitação da psique são as que mais contribuem para que o psiquismo se desenvolva. As ações mais importantes que a criança assimila na primeira infância são as correlativas e as instrumentais. Sendo as ações correlativas aquelas nas quais se estabelece uma relação comum entre determinados objetos, fazendo-as recíprocas espacialmente falando, o que faz a criança levar em consideração as propriedades dos objetos, conferindo-lhe respeito a estas propriedades, dando sentido à atividade desenvolvida através do objeto. Estas ações são presentes na primeira infância, o que não ocorre com a devida “consciência” no primeiro ano de vida, antes de completar um ano. Tais ações são reguladas pelo resultado obtido, que só é alcançado pela contribuição e intervenção do adulto que aponta os erros, norteia como agir, a fim de corrigir com a finalidade do resultado correto. As ações instrumentais são aquelas nas quais se utilizam de instrumentos e /ou ferramentas para agir sobre outro objeto. Ainda enfatizando a colaboração do adulto na apropriação destes objetos, a ideia é de que o adulto ofereça meios – instrumentos – que colaborem para que a criança se aproprie e assimile o uso do objeto, como por exemplo, a colher, nela está presente o traço que a caracteriza como ferramenta, torna-se um instrumento para que ocorra a alimentação da criança e, que se faz, portanto, uma “intermediadora” entre a mão da criança e o alimento. Deste modo, ocorre a sujeição, a reconversão dos movimentos da mão da criança à forma do instrumento. 19 A assimilação das ações instrumentais não ocorre imediatamente, há etapas, sendo que a primeira, tendo o instrumento como continuação da própria mão, suas ações, portanto são manuais ainda; a segunda etapa a criança se prende para a relação instrumento e objeto sob o qual incide a ação, quanto ao êxito, só será alcançado eventualmente; a terceira fase é obtida quando a mão se adapta às propriedades do instrumento, originando as ações instrumentais de fato. Estas que são dominadas na primeira infância, estão em contínuo desenvolvimento no decorrer do tempo, não é acabado. Sua importância está na assimilação do uso dos instrumentos de maneira correta, exata. Os quais se configuram como princípios básicos da atividade humana, permitindo à criança perpassar pela autonomia do uso dos objetos. 1.4. Aparecimento de Novos Tipos de Atividades na Primeira Infância Ao findar a primeira infância surgem novas formas de atividade, são o jogo e as formas produtivas de ação. No jogo é importante ressaltar que não há relação com o jogo dos filhotes de animais, que são instintivos, ao contrário, as crianças reproduzem o conteúdo de seus jogos a partir da sua percepção do contato com o adulto. Primitivamente não havia separação entre jogo e trabalho, a criança assimila na prática a forma de obter sustento. Como necessidade social ao passar do tempo, as formas de produção e instrumentos de trabalho deixaram de estar ao alcance da criança, passando a ser construídas para as mesmas ferramentas reduzidas, tendo como característica uma sociedade preocupada com uma infância preparada para inserir-se no trabalho. Destaque, então, para o surgimento dos jogos-exercícios, sob a direção do adulto, logo surge o brinquedo figurativo, momento em que há a separação da criança com as relações sociais, que por sua vez surge o jogo dramático, no qual a criança passa a reproduzir traços da sociedade adulta e suas relações sociais, formando comunidades infantis de representação lúdica, por meio do jogo dramático a criança satisfaz a necessidade de estar inserida no “mundo adulto”, que ocorre por meio dos brinquedos. 20 Os jogos iniciais a princípio representam atitudes das crianças sob suas visões do adulto de maneira que elas não reproduzem suas vivencias reais, mas sim, imitando o adulto, tal como eles fazem com uma criança, somente mais tarde ocorrerá pela primeira vez jogos com recriações do real. E assim, sucessivamente a criança vai progredindo na assimilação das ações praticadas, utilizando-se de vários tipos de objetos substituindo outros que não possui, ainda não dando nome lúdico, após isto, nomeia os objetos de acordo com o papel que desempenha no jogo, compreende a significância do objeto dentro do jogo e gradativamente vai se criando as premissas para o jogo com papeis. Este desenvolvimento é prerrogativa para a atividade representativa, por meio do desenho, sendo a representação de determinado objeto. Caracterizada desde a garatuja com marcas, traços desordenados, linhas retas, curvas sem representação alguma que adentram na prévia representação para a imagem, dividida em duas fases: na qual a criança reconhece o objeto numa combinação casual de traços e a outra intencionalmente a criança reconhece o que desenhou. A atividade representativa só aparecerá quando a criança verbaliza o que deseja desenhar. É de demasiada importância, a saber, que a criança aprende a desenhar, não apenas aperfeiçoando-se, praticando, mas também e valiosamente, pela influência do adulto que lhe propiciará subsídios para que se formem imagens gráficas nas linhas que ela traça. 1.5. Desenvolvimento da Percepção e das Noções Sobre as Propriedades dos Objetos A criança adquire ações visuais por meio da manipulação dos objetos estabelecendo assim, propriedades dos objetos. Para que a criança perceba os objetos de forma mais completa deverão ser oferecidasnovas ações de percepção, que surgem ao assimilar a atividade objetal, contudo com as ações correlativas e instrumentais. Existe as ações orientadoras externas que permitem a criança alcançar um resultado prática por meio do contato, da tentativa diante de uma situação, tais ações conduzem-nas ao conhecimento das propriedades do objeto. 21 Comparando-se as propriedades dos objetos é possível que a criança passe à correlação visual das propriedades dos objetos, convertendo-a em modelo para determinar as propriedades de outros objetos, formando um novo tipo de concepção. CAP. 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 - Teoria de Integração Sensorial de Ayres A capacidade de o ser humano perceber, aprender e organizar as sensações recebidas do meio e de seu próprio corpo, de forma a criar respostas adaptativas é definida por Jean Ayres (2005) como Integração Sensorial. Este termo foi introduzido pela autora para se referir ao processo neurológico adaptativo que o cérebro realiza ao recuperar imagens e sensações a partir de um estímulo dos sentidos. Assim, integração sensorial consiste na capacidade de o indivíduo organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente. Na maioria das crianças esse processo ocorre de maneira natural, no entanto, organizar informações e usá-las de forma adequada para resposta e adaptação nem sempre ocorre da maneira esperada, principalmente nos casos em que a criança apresenta algum transtorno do neurodesenvolvimento, como Deficiência Intelectual e Transtornos do Espectro Autista (DSM, 5). A Teoria de Integração Sensorial de Ayres surgiu em resposta à busca por uma maior compreensão sobre a relação entre as sensações corporais, os mecanismos cerebrais e a aprendizagem. Tal teoria tem como abordagem a discussão sobre o modo como o cérebro processa as sensações, e como produz respostas motoras, comportamentais, emocionais e atencionais, buscando relações entre cérebro-comportamento, bem como cérebro aprendizagem (AYRES,1972). Ayres (2005) explica que o processo de integração se inicia com a recepção das informações sensoriais pelo corpo e pelo ambiente. Assim, todas as informações do mundo exterior e das estruturas periféricas são recebidas pelos receptores e neurônios que constituem o sistema nervoso periférico, sendo então conduzidas até o sistema nervoso central. O sistema nervoso organiza as informações visuais, 22 auditivas, táteis, olfativas e gustativas bem como informações sobre gravidade e movimento, e consequentemente as organiza em um plano de ação. O cérebro interpreta, associa e unifica todas estas sensações, sabendo o que fazer com elas (andar, por exemplo) bem como saber como fazê-lo (mover uma perna para a frente e depois a outra). Também inclui saber como organizar isto tudo para aquilo a que Ayres chamou “atividade com propósito” (para atravessar uma rua é preciso manter atenção e dar um passo atrás do outro). A partir da experiência a criança simultaneamente integra e incorpora o mundo exterior e o vai modificando. Deste modo, somente com sucessivas experiências sensoriais as crianças serão capazes de organizar e integrar estas sensações ao cérebro e criar respostas adaptativas a elas, atingindo o máximo do seu potencial, atividades sensoriais na infância poderá contribuir para o seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e afetivo (STEWART, 2011). 2.2. Atividades sensoriais e a aprendizagem das crianças De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2010) é por meio do movimento e do toque que a criança pequena aprende, explorando e decodificando o mundo ao seu redor. O grande potencial de aprendizagem na educação infantil se dá justamente pela capacidade que o cérebro da criança tem de absorver vários estímulos ao mesmo tempo. Nos três primeiros anos de vida ocorre o maior pico de crescimento e desenvolvimento, já que nessa fase a criança reage às sensações táteis, gustativas e sonoras, aos movimentos e às imagens visuais, possibilitando que o progresso do desenvolvimento normal obedeça a uma sequência progressiva e contínua. Na concepção de Ayres (2005) a aprendizagem é estruturada a partir de um ato motor e perceptivo, no qual a informação é inicialmente captada do ambiente, passando por um contínuo processamento com sucessíveis níveis de elaboração, desde a captação das características sensoriais, a interpretação do significado até a emissão da resposta. Para a autora supracitada um dos princípios básicos do desenvolvimento infantil é a organização. A maior parte das atividades dos sete primeiros anos de vida está relacionada com o processo de organização das 23 sensações no sistema nervoso, que é responsável pelo processamento das informações que recebe do mundo exterior e do próprio organismo, integrando e direcionando respostas adequadas e necessárias à vida do indivíduo. Contudo, quando esse processo não ocorre da maneira esperada, pode haver um déficit no planejamento e produção do comportamento ou movimento, podendo desencadear na criança prejuízos associados às habilidades sociais, ao controle postural, à coordenação motora, ao uso e manuseio dos objetos, assim como ao desempenho nas atividades de vida diária como brincar e aprender. Portanto, percebe-se a importância de oferecer um conjunto de atividades sensoriais cuja finalidade visa oferecer à criança estímulos fundamentais que possibilitem desenvolver as habilidades necessárias para um crescimento sadio. É importante que desde cedo a criança tenha contato com atividades condizentes com suas necessidades, interesses, e capacidades da etapa de desenvolvimento em que a criança se encontra (EMMEL, 2004). Especialmente as crianças que apresentam prejuízos do desenvolvimento neuropsicomotor, como exemplo crianças com microcefalia, beneficiam-se com um programa de estimulação sensorial, com vistas a estimular a criança e ampliar suas competências, abordando os estímulos que interferem na sua maturação, para favorecer o desenvolvimento motor e cognitivo. Dentre as atividades sensoriais que estimulam o desenvolvimento da percepção da criança, podemos citar: encontrar objetos escondidos, manipular materiais com diferentes texturas, aromas, sabores e sonoridade despertando o interesse da criança em relação ao aprendizado, estimulando sua criatividade e a curiosidade. Os materiais podem variar de acordo com a criatividade do professor, podendo ser utilizados desde grãos de feijão, como massas de modelar, plásticos bolha, caixas, tintas, pincéis, argila, itens que podem ser facilmente encontrados no ambiente escolar. Por fim, as atividades sensoriais podem ser facilmente incluídas nas rotinas diárias na educação infantil, podem ser feitas dentro da sala de aula, em uma brinquedoteca, ou até mesmo ao ar livre, onde todas as crianças podem se 24 beneficiar. Essas atividades devem variar de acordo com as necessidades específicas do grupo e o tipo de estímulo que é oferecido a criança. CAP. 3 - DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 3.1. A importância das atividades sensoriais para o desenvolvimento cognitivo da criança na percepção dos professores Os professores da educação infantil precisam ter um conhecimento correto sobre as atividades sensoriais e sua importância para o desenvolvimento saudável das crianças. Estes profissionais devem compreender que é importante que desde cedo a criança tenha contato com estas atividades para que possa atingir o máximo do seu potencial e desenvolver as habilidades necessárias para o seu desenvolvimento integral. Neste sentido, é de suma importância o saber do conhecimento dos professores sobre atividades sensoriais e sua importância para o desenvolvimento integral da criança pequena, o que pôde ser verificado em narrativas de profissionais, tais como : “Eutenho conhecimento sobre atividades sensoriais. Elas são importantes, pois auxiliam a criança a compreender o ambiente no qual estão inseridas e a entender que elas próprias fazem parte deste ambiente, desenvolvendo não só a inteligência sensório-motora como também a sua agilidade.” “As atividades são imprescindíveis na educação infantil, pois é através dos sentidos que experimentamos o mundo.” “Estas atividades são importantes para a criança aprender a perceber o seu corpo em interação com o ambiente. Ter um momento específico dedicado a atividades sensoriais na sala de aula é uma estratégia que acredito ser eficaz para um bom aprendizado.” 25 “É através dos sentidos que a criança começa a perceber o seu ambiente e interagir. Quanto mais estimulados os sentidos, a criança tem um maior envolvimento com o ambiente e consequentemente um maior aprendizado.” A partir de falas como estas, fica evidente que se têm conhecimento acerca das atividades sensoriais e reconhecem sua importância para o desenvolvimento saudável das crianças. Na percepção destes profissionais, a realização destas atividades em sala de aula é importante para o desenvolvimento motor, mental e psicológico das crianças, que aprendem de maneira natural e prazerosa. Tal percepção corrobora com o pensamento de Dunbar et al (2012) que afirmam que as atividades sensoriais são um grupo de atividades que contribuem para a construção de habilidades de desenvolvimento na criança que variam desde o âmbito cognitivo, tanto como comportamental e social. O estímulo aos sentidos ajuda no desenvolvimento cognitivo, linguístico, social e emocional dos pequenos. De acordo com Ayres (2005) a importância destas atividades se dá pelo fato das crianças aprenderem e explorarem o mundo a sua volta por meio do movimento do corpo, do toque e dos sentidos. A cada atividade a criança percebe, aprende e organiza em seu cérebro as sensações recebidas do meio e de seu próprio corpo, de forma a criar respostas apropriadas ao ambiente. Menciono a importante relação entre os benefícios das atividades sensoriais para o desenvolvimento mental da criança: “Através do brincar proporcionado pelas atividades sensoriais que a criança começa a desenvolver pensamentos mais complexos. Quando a criança não interage nestas atividades ela fica limitada, não busca superar suas dificuldades.” Portanto, as experiências e vivências sensoriais desenvolvidas na sala de aula possibilitam a criança a obter as bases para um desenvolvimento cerebral mais complexo e maduro. Visto que é nos primeiros anos de vida que ocorrem transformações essenciais durante a aquisição de habilidades que determinarão a qualidade de vida da criança, os estímulos sensoriais na educação infantil servirão como ferramentas mentais que beneficiarão as crianças em seu desenvolvimento. 26 3.2. Principais diferenças no processo de aprendizagem das crianças que participam das atividades sensoriais daquelas que não participam Há de se perceber diferenças no comportamento, na aprendizagem e nos relacionamentos das crianças que têm acesso às atividades sensoriais das que não têm. Saliento que os fatores participação ou não participação das atividades influenciam principalmente no modo como as crianças se comportam na sala de aula, na interação com os brinquedos, materiais e objetos, na participação e no envolvimento com as atividades, e na relação com os outros. As crianças tendem a serem mais comunicativas, participativas, têm uma confiança maior em si mesma e maior desenvoltura nas atividades. Diferentemente, as que não têm acesso às atividades sensoriais apresentam problemas psicomotores, problemas relacionados à falta de atenção e autoconfiança, problemas na interação e baixa autoestima. Também ficam ativas, percebem mais os ambientes ao seu redor, ficam mais atentas e conseguem ter um aprendizado maior devido a sua capacidade de expressão e percepção terem sido bem estimuladas. A criança que não tem acesso a essas atividades apresenta hipersensibilidade a estímulos, como não poder ouvir um barulho de chocalho ou choro de outra criança, tem problemas para interagir com o ambiente a sua volta e com o outro. De fato, quando a estimulação sensorial acontece em uma atmosfera alegre e relaxada, isso contribui para que a criança desenvolva uma relação positiva com o próprio corpo, o que por sua vez a encoraja a ter maior autoestima, ser mais sociável, interativa, e participativa nas atividades, o que contribui para um bom aprendizado. Por outro lado, a criança que não experimenta estas atividades pode ter um atraso no desenvolvimento e apresentarem dificuldade em detectar, regular, interpretar e dar respostas adequadas às informações sensoriais recebidas do ambiente, o que repercute negativamente no desempenho das atividades como brincar e aprender (COELHO; IEMMA; LOPES-HERRERA, 2008). É importante destacar que o jogo sensorial possibilita a criança aprender a ter consciência do seu corpo, do espaço, e dos objetos a sua volta, além de promover o desenvolvimento de habilidades básicas para a realização das atividades de formação escolar. Atividades simples como catar feijão, dispondo-os num recipiente, 27 por exemplo, propiciarão as crianças a construção das habilidades e os músculos que vai precisar para a escrita. As atividades sensoriais também auxiliam no desenvolvimento interpessoal das crianças, além de ser uma ótima maneira de aliviar o estresse e promover o relaxamento das crianças. Ao passo que a criança vai explorando e manipulando objetos com liberdade, trabalhando em grupo, sem prejudicar os outros nem estragar nada, e devolvendo o material que estiver usando ao seu devido lugar após finalizar seu trabalho, aprende, desde cedo, a regular seu comportamento, a ter autonomia, a cooperar com o outro, a fazer escolhas e responsabilizar-se por sua própria aprendizagem (STEWART, 2011). A convivência com outras pessoas, experimentando coisas, vivenciando situações, possibilita a estas crianças desenvolver o máximo de sua capacidade física, mental, emocional e social. Um ambiente rico em estímulos, onde se percebe que há uma constante participação de adultos, tende a acelerar o desenvolvimento cognitivo e psicomotor das crianças. 3.3. Dificuldades encontradas para elaboração e realização das atividades sensoriais na educação infantil As atividades sensoriais na infância contribuem para o sucesso na aprendizagem das crianças. Todavia, é importante ressaltar que o professor deve ter um conhecimento prévio das atividades e esse conhecimento deve estar sempre atrelados a princípios teórico-metodológicos claros e bem fundamentados, do contrário o professor terá dificuldade em realizá-las. Os professores devem fazer uma análise cuidadosa e criteriosa do espaço e dos materiais a serem utilizados, tendo em vista os objetivos que se quer alcançar. As atividades devem variar de acordo com as necessidades específicas da criança, considerando fatores como o ambiente no qual ela se encontra, suas características individuais e o vínculo com a pessoa que aplica as atividades. Ademais, as atividades devem ser adequadas ao interesse, necessidades e capacidades da etapa de desenvolvimento em que a criança se encontra, 28 considerando que a época e a forma como o desenvolvimento se processa podem variar bastante de criança a criança (EMMEL, 2004). Ressalto que, embora as atividades sensoriais exijam conhecimento e planejamento adequados por parte dos educadores, estas podem ser facilmente incluídas na rotina de sala de aula, e podem ser realizadas com praticamente qualquer tipo de material, a exemplos: folhas secas, grãos, massas, tecidos, lãs, linhas, diferentes papéis, caixas, tampinhas, palitos, terra, tintas, pincéis, tesouras, argila, itens que são facilmenteencontrados e podem variar de acordo com tamanho, forma, cor, textura, peso, cheiro e/ou barulho. As crianças aprendem melhor quando elas realmente podem tocar, ver, cheirar, saborear, ouvir e manipular estes materiais. Por fim, atividades simples como descobrir objetos com olhos vendados, perceber diversos tipos de aromas, sabores, tamanhos e sons estimulam o desenvolvimento da percepção tátil, olfativa, paladar, visual e auditiva da criança, despertando o interesse em relação ao aprendizado, estimulando a criatividade e a curiosidade das crianças, um benefício para a formação pessoal e para as relações sociais, liberando as tensões da vida cotidiana e resgatando os valores essenciais para a sua autoestima. CAP 4. - A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS SENSORIAIS NA PRIMEIRA INFÂNCIA A infância é uma fase em que o individuo adquire inúmeras habilidades motoras e sensoriais aprendendo a organizar as respostas aos estímulos que sofre no decorrer dos seus primeiros anos de vida (BEE, 2011). As habilidades motoras, sensoriais e emocionais são, muitas vezes, adquiridas através do brincar, pois brincando a criança estimula a musculatura, o sistema cognitivo e interage socialmente (FERLAND, 2006). De acordo com Bundy et al (2007), algumas crianças podem apresentar reações inapropriadas a certos estímulos sensoriais, exibindo padrões de 29 comportamento incompatíveis com a situação ou com o momento, impedindo que o papel de brincante seja desempenhado de forma satisfatória (REZENDE, 2008). Segundo Magalhães (2008), os problemas mais comuns na área do processamento sensorial que podem afetar o brincar e as atividades cotidianas da criança são: Falhas no registro sensorial - a criança parece não prestar atenção a estímulos relevantes no ambiente, nem sempre reagindo a dor, movimentos, sons, cheiros, sabores ou estímulos visuais; Tendência à procura de estímulos - são crianças muito ativas motoramente, que parecem estar em constante procura por estímulos intensos ou outras modalidades sensoriais, e, embora sejam crianças mais agitadas, que desafiam o perigo, existe a hipótese de que elas são hiporreativas a certos estímulos, precisando de informação extra para manter atenção e dar significado ao ambiente; Hiper-reação a estímulos - as manifestações mais comuns são defensividade tátil, insegurança gravitacional e resposta aversiva ou intolerância a movimento (tendência a evitar estímulos táteis, medo excessivo ou reação de enjoo, náusea e mal-estar com o estímulo mínimo de movimento, que não causariam tal reação em outras pessoas). Crianças com sinais de autismo podem apresentar dificuldades com a comunicação, com a interação social e comportamentos repetitivos e, também, demonstrar sinais de desordens sensoriais. Uma vez identificado que a criança apresenta disfunções sensoriais que prejudicam o brincar, o professor pode intervir, até mesmo solicitar avaliação para acompanhamento a ser estimulada com uso da terapia de INTEGRAÇÃO SENSORIAL, uma abordagem que procura organizar as sensações de próprio corpo em relação aos estímulos do ambiente (MAGALHÃES, 2008; REZENDE, 2008). Segundo Piaget, as crianças precisam explorar, experimentar e receber feedback de suas ações e reações sobre os objetos, usando os seus sentidos para aprender através de experiências práticas. 30 Maria Montessori também acreditava que as crianças aprendem melhor através de experiências sensoriais. Pois é na primeira infância, mais precisamente do nascimento até mais ou menos os 5 anos (onde chamamos as crianças de “mentes esponjas”, pois captam tudo à sua volta) é que o cérebro faz a maior parte de suas conexões entre neurônios – as sinapses, montando ano a ano um emaranhado de interconexões, falando de modo bem simplista. E grande parte da “ativação neural” ocorre justamente pela estimulação através dos sentidos: tato, a visão, a audição, o olfato e o paladar. Em relação às sinapses, quanto mais formarem redes emaranhadas e complexas, maior a capacidade que a pessoa tem de relacionar diferentes assuntos de forma criativa e inovadora. Ou seja, é importante o estímulo certo na fase certa. Entender a hora de cada criança e deixá-lo explorar conforme sua necessidade. Afinal, as conexões não usadas acabam sendo eliminadas. Como da faixa que vai de 1 ano aos 5 anos a criança é uma esponjinha, absorvendo vários estímulos ao mesmo tempo de forma gostosa, através das brincadeiras, é justamente nessa hora que entram as brincadeiras sensoriais. Com o desenvolvimento do cérebro e a necessidade de processar informações a cada dia mais complexas, dá-se início um processo natural de seleção, que elimina as sinapses menos utilizadas. Ou seja, não usou, perdeu. Por isso, os estímulos sensoriais depositados na criança desde cedo são como as ferramentas mentais que ela terá disponível para usar no futuro. Estímulos negativos que podem ter efeitos sérios no desenvolvimento das crianças. Presenciar brigas constantes, barulho constante no lar, isolamento social, experiências associadas ao medo são exemplos de estímulos negativos que afetam o desenvolvimento cerebral na primeira infância, fase mais importante na vida cerebral de um ser. 4.1. A integração sensorial no desenvolvimento infantil Inicialmente é relevante considerar que o bebê não nasce com estratégias e conhecimento prontos para perceber as complexidades dos estímulos ambientais. https://www.mamaeplugada.com.br/2014/08/reacao-dos-bebes-ao-estresse/ https://www.mamaeplugada.com.br/2016/03/silencio-no-lar-propicia-desenvolvimento-da-fala-em-criancas-pequenas/ 31 Essa habilidade se desenvolve com a idade e com a experiência, principalmente a social na interação com o outro (Stern, 1992; Hobson, 2004). A interação do bebê com seu ambiente imediato logo se torna uma fonte de conhecimento, no qual a percepção é o processo pelo qual segundo Gibson (1969), obtém informação sobre o mundo, ou seja, é a habilidade de se extrair informação da estimulação. A percepção depende do aprendizado e da maturação da pessoa e por isso possui a visão e audição, por exemplo, que significa simplesmente apresentar a habilidade de receber sons e imagens, o que não significa compreender esses estímulos. Somente com o tempo e através da interação com o mundo o ser humano aprende a ver e a escutar com sentido, ou seja, prende a usar seus órgãos sensoriais e a atribuir significado às sensações. Segundo Ayres (2005), o cérebro organiza as sensações assim como um guarda de trânsito coordenada os carros para que o trânsito possa fluir. A autora também faz uma analogia com o processo de digestão do corpo. Sendo assim, vale compreender que o corpo precisa de comida para se alimentar, e mais ainda, precisa que o alimento seja digerido, assim são as sensações, elas são como alimentos para o cérebro, porém sem um processamento sensorial adequado não podem ser digeridas e alimentá-lo. Segundo AYRES (2005), a Integração Sensorial é o processo pela qual o cérebro organiza as informações, de modo a dar uma resposta adaptativa adequada, organizando assim, as sensações do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do mesmo no ambiente. O método visa a quantidade e a qualidade de estímulos proporcionados ao sujeito, para que busque um equilíbrio modulado, dando assim, uma resposta que esteja de acordo com suas capacidades e com o meio, melhorando o desempenho de uma criança, em seu processo de aprendizagem. A partir disso, Ayres (1995), define a integração sensorial como a habilidade inata em organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente, de modo a auxiliar o ser humano no uso funcional, nas atividades e ocupações desempenhadas no dia-a-dia. (Ayres apud OLIVEIRA, 2009). 32 Dessa forma, a integração sensorialse inicia na vida intra-uterina e se desenvolve devido à interação com o ambiente, por meio de respostas adaptativas. O sistema nervoso (SN) é o órgão responsável pela integração das diversas sensações recebidas. O processo pelo qual o sistema nervoso central (SNC) localiza, classifica e organiza os impulsos sensoriais e transforma as sensações em percepção para que o homem possa interagir com o meio é denominada integração sensorial. (AYRES apud LORENZINI, 2002, p.6). O sistema nervoso organiza as informações visuais, auditivas, táteis, olfativas e gustativas bem como informações sobre gravidade e movimento, e consequentemente as organiza em um plano de ação. Quando é feita de maneira harmoniosa, a aprendizagem se dá naturalmente. Nesse sentido, o desenvolvimento infantil e a integração sensorial agem de modo integrados, que segundo Ayres (2005), explica que a criança desenvolve a capacidade de organizar inputs sensoriais inicialmente experimentando sensações, porém sendo incapaz de dar significado a elas. Inputs sensoriais referem-se às funções receptivas: à capacidade para selecionar, adquirir, classificar e integrar as informações, isto é: a sensação, percepção, atenção e concentração (EDMANS, 2004). Dessa forma, a integração sensorial oferece oportunidades para a criança organizar a sua conduta, fornece condições para explorar suas necessidades e fazendo com que o sistema nervoso organize os estímulos, produzindo com isso respostas adaptativas adequadas exigidas pelo ambiente, uma vez que as sensações devem ser proporcionadas de forma agradável gerando prazer. Quando isso acontece de forma adequada, ocorre o processo chamado de Integração ou Processamento Sensorial com o objetivo de promover o desenvolvimento do ser humano. Após a abordagem citada anteriormente referente que a integração sensorial se baseia nos estímulos proprioceptivos adquiridos e a atuação da Terapia Ocupacional, que de acordo com Takatori (2001), a Terapia Ocupacional tem como instrumento de suas ações as atividades, na qual estas estão presentes no cotidiano das pessoas e acredita-se que através do fazer, com intermédio das experiências, é 33 que se pode trilhar um caminho com o paciente em direção à construção de um cotidiano. E segundo Sabari (2005) os terapeutas ocupacionais são especialistas em atividade. Independentemente do diagnóstico ou do ambiente terapêutico, a melhora no desempenho de atividades é uma meta final na intervenção da terapia ocupacional. Para Pierce (2003) a atividade não é vivenciada por uma pessoa específica, é compartilhada culturalmente como o brincar, que por sua vez pode acomodar todos os tipos de pessoas e contextos, logo brincar é uma atividade. Pode-se dizer que a Terapia Ocupacional poderá intervir de forma a favorecer a recepção, o processamento e a resposta adaptativa ao meio, através da integração de informações sensoriais que serão proporcionadas diante dos estímulos ofertados em um parque infantil. Sendo assim, é evidente a intervenção através da integração sensorial no avanço do processo de reabilitação e na prática da Terapia Ocupacional no desenvolvimento infantil em prol da autonomia da criança. 34 CONCLUSÃO Diante do exposto pode-se concluir que a criança constrói seu conhecimento por meio da percepção, explorando e manipulando objetos com liberdade. Daí a importância de promover sua participação nas atividades que estimulem os sentidos, visto que o funcionamento cerebral é necessariamente dependente das informações sensoriais recebidas do próprio corpo ou do ambiente no qual a criança está inserida. O não processamento destas informações pelo cérebro pode ocasionar nas crianças dificuldades em gerar respostas apropriadas, tanto motoras, comportamentais como também na aprendizagem. Portanto, o conhecimento sobre a importância das atividades sensoriais para o desenvolvimento integral é imprescindível, pois possibilita aos professores o planejamento de atividades que impulsionem a seus alunos aprenderem e atingir o máximo do seu potencial. Este estudo me possibilitou verificar que existem diferenças no comportamento, na aprendizagem e nos relacionamentos das crianças que têm acesso às atividades sensoriais das que não têm acesso a esse tipo de atividade. As crianças que são estimuladas quanto aos seus sentidos são mais alegres, relaxadas e têm relação positiva com o próprio corpo. São mais sociáveis, participativas, fatores que contribuem para um bom aprendizado. De modo contrário, a criança que não experimenta estas atividades pode ter dificuldade em perceber as informações recebidas do ambiente, se envolvem pouco nas brincadeiras e demoram mais para aprender conteúdos básicos para a realização das tarefas escolares. Foi possível verificar ainda que se precisa de uma maior capacitação dos professores quanto aos princípios teórico-metodológicos que fundamentam o planejamento destas atividades. Os critérios que definem o objetivo, os materiais e o ambiente a serem utilizados durante a atividade devem ser claros, previamente planejados, para que seu trabalho não seja inadequado e ineficiente. A utilização da abordagem da integração sensorial associada ao brincar são eficazes para alcançar as necessidades expostas por crianças com sinais de autismo que obtiveram melhora significativa na interação social, favorecendo maior 35 uso das habilidades de comunicação, menor dependência atividades cotidianas e aumento do repertório do brincar. Por fim, conclui-se que há necessidade do desenvolvimento de pesquisas que apontem a necessidade de incluir atividades sensoriais na rotina das crianças, bem como de investigar metodologias eficazes que considerem tais atividades na educação infantil como meios de promover a aprendizagem global das crianças, possibilitando o desenvolvimento pleno de suas capacidades física, mental, emocional e social. Contudo, de acordo com a teoria de Vygotsky (1998) que busca compreender a relação entre linguagem, desenvolvimento e aprendizagem frente ao processo histórico cultural e a interação social, percebemos o aprendizado como um processo profundamente social, no qual também é um complexo processo dialético, onde o desenvolvimento não é linear. Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o nascimento da criança, sendo os atos intelectuais decorrentes de práticas sociais, assim, o indivíduo se faz humano apropriando-se da humanidade produzida historicamente. Vygotsky (1998) também propõe a investigação da riqueza de informações da criança e o estudo de suas outras capacidades que não tem ligação direta com o conhecimento que ela possui, mas que desempenham papel importante em seu desenvolvimento. Deste modo, deve-se ter uma atenção maior para questões da aprendizagem escolar, atribuindo um valor significativo a ela. A aprendizagem escolar é responsável por produzir algo fundamentalmente novo no desenvolvimento da criança, principalmente no âmbito dos conteúdos operacionais que proporcionam um aprendizagem indireta, mas se constituem fundamentais para o desenvolvimento infantil. Exposto isso, pode-se entender a Primeira Infância e a Atividade Objetal Manipulatória, como um período crucial, onde a mediação é de extrema importância para propiciar à criança aprendizagem e desenvolvimento. Neste momento da vida, 36 a criança começa a desenvolver o psíquico de maneira organizada, pois por meio da fala consegue começar a entender o mundo e a se relacionar melhor com o mesmo, além de iniciar a constituição do pensamento. A criança no decorrer deste período, desenvolve também, por meio da mediação, os sentidos, o motor e o psíquico. A Atividade Objetal Manipulatória significa o início deste processo, onde inicialmente a criança apenas explora oobjeto, depois ela aprende a utiliza-lo de acordo com a função para a qual ele foi criado pela sociedade, e por último, utiliza o objeto simulando que o mesmo é outro, ou seja, por meio da imaginação, uma caixa vira avião, nesta etapa além de já ter aprendido a função do objeto a criança ainda, o utiliza de forma criativa. Portanto, entendemos o professor como determinante na formação da criança, pois é por meio da mediação, sistematização, orientação, que a criança adquirirá os conhecimentos construídos socialmente durante a história da humanidade. Segundo Vygotsky (1998) o professor deve apresentar tudo a criança, o que “[...] reafirma para a educação o desafio de possibilitar que as novas gerações se apropriem das máximas qualidades humanas criadas ao longo da história pelos homens e mulheres que nos antecederam.” (MELLO, 2007, p.12) 37 REFERÊNCIAS ARROYO, Miguel F. 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