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1 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S 2 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S 3 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino Revisão Ortográfica: Mariana Moreira de Carvalho PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S 6 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Karla Vieira 7 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Este módulo abordará a importância da Psicomotricidade e suas contribuições nas defasagens e dificuldades das crianças. Es- pecificamente, foram enfocadas: a) Desenvolvimento Motor e Psico- motricidade; b) Pressupostos e Aplicações da Psicomotricidade e c) Testes de Avaliação Psicomotora. A inserção da psicopedagogia e psi- comotricidade passou por muitas modificações até chegar ao âmbito escolar, atualmente o trabalho com a aprendizagem escolar contribui para prevenir os desvios e defasagens no desenvolvimento da criança. A abordagem da Psicomotricidade permite a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele. A intervenção psicomotora inclui estra- tégias e atividades de desempenho motor, acrescentando a dimensão psicológica, relacional e afetiva. A atribuição da reeducação psicomo- tora está contida em várias áreas profissionais: Pedagogia, Educação física, Fonoaudióloga, Fisioterapia, Terapia educacional, Psicologia, Arte-educadores, Educadores, Médicos da especialidade motora ou psíquica, dentre outros. Contudo, a ausência da educação psicomoto- ra na educação infantil pode trazer um grande déficit no processo de aprendizagem do ser humano. E esta é a realidade de muitas escolas no Brasil, onde seus profissionais encontram-se despreparados, e não sabem reconhecer as dificuldades de seus alunos, os culpando e não se importando com as necessidades que estes apresentam. Psicomotricidade. Reeducação Psicomotora. Intervenção Psicomotora. 9 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 DESENVOLVIMENTO MOTOR E PSICOMOTRICIDADE Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 12 36 19 Desenvolvimento Motor e Aprendizagem _______________________ Intervenção e Reeducação Psicomotora ________________________ Evolução e Conceitos da Psicomotricidade _______________________ CAPÍTULO 02 PRESSUPOSTOS E APLICAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE Os Elementos e Desenvolvimento de cada Elemento Psicomo- tor ___________________________________________________________ 32 27Recapitulando ________________________________________________ 23 Psicomotricidade e suas Contribuições para o Desenvolvimento Infantil ________________________________________________________ 40Psicomotricidade e as Dificuldades de Aprendizagem ___________ Recapitulando _________________________________________________ 49 CAPÍTULO 03 TESTES DE AVALIAÇÃO PSICOMOTORA Testes Psicomotores __________________________________________ 54 Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) – Rosa Neto ___________ 60 10 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Bateria Psicomotora (BPM) - Vitor da Fonseca ___________________ 63 Recapitulando __________________________________________________ 67 Considerações Finais ____________________________________________ 72 Fechando a Unidade ____________________________________________ 74 Glossário ________________________________________________________ 77 Referências _____________________________________________________ 78 11 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Não se concebe um psicopedagogo que trabalhe com o corpo estático e que desconheça os movimentos desse no aprender. Não se concebe um psicomotricista que trabalhe com o corpo em movimento e não conheça o corpo discursivo do sujeito que aprende. É preciso que haja uma interdisciplinaridade na ação ensinar-aprender para que o su- jeito que aprende seja compreendido em sua totalidade, mesmo dentro de uma abordagem específica (COSTA, 2011). Nessa perspectiva, nesse móduloabordaremos os aspectos que tangem o trabalho do Psicopedagogo utilizando como ferramenta a Psicomotricidade. Sabe-se que a inserção da Psicopedagogia e Psicomotricidade passou por muitas modificações até chegar ao âmbito escolar, no entanto, atualmente é possível ver por meio de estudos que as contribuições des- se trabalho com a aprendizagem escolar contribuem de forma expressiva para prevenir os desvios e defasagens no desenvolvimento da criança. Sendo assim, podemos dizer que tanto a psicopedagogia quanto a psicomotricidade têm suas especificidades de trabalho, mas ambas têm um caráter interdisciplinar e estão intimamente ligadas complementando- -se entre si a fim de mediar eficazmente o sujeito que aprende (MENE- ZES E BRUNELLI, 2012). Ainda segundo esses autores, podemos então concluir que a psicomotricidade, assim como a psicopedagogia, caminha paralelamente, pois ambas contribuem para a prevenção do fracasso es- colar considerando a criança em todos os aspectos, biológico, cognitivo, motor, emocional e social visando o desenvolvimento global da criança. 12 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S DESENVOLVIMENTO MOTOR E APRENDIZAGEM O desenvolvimento motor tem como significado o movimento humano desde o nascimento até a morte, crescente em todos os aspec- tos: físico, mental e social, cada momento da vida é uma continuação do momento anterior, embora modificado (VIEIRA, 2009). A teoria de desenvolvimento motor está representada desde os movimentos reflexos de um bebê, relacionados a um desenvolvimento motor-perceptivo e os estágios de maturidade separados por faixa etá- ria. Toda criança adquire suas habilidades motoras de forma invariável na primeira infância e na infância, porém o ritmo irá depender de criança para criança (GALLLAHUE e OZMUN, 2005). A capacidade de movimentar-se das crianças é essencial para DESENVOLVIMENTO MOTOR E PSICOMOTRICIDADE A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S 12 13 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S que ela possa interagir apropriadamente com o meio ambiente em que vive e é sobre a infância que a maioria dos estudos sobre desenvol- vimento motor se concentram. Por se tratar de um momento de gran- des mudanças comportamentais, profissionais de diversas áreas como: Pediatras, Psicólogos, Pedagogos e profissionais de Educação Física têm-se interessado pelo estudo do desenvolvimento motor (CLARK; WHITALL, 1989; WHITALL, 1995). O desenvolvimento motor da criança é um processo sequen- cial, relacionado à idade cronológica e à interação entre os requisitos das tarefas, requisitos biológicos e do ambiente, sendo própria das mu- danças sociais, intelectuais e emocionais. No processo de escolarização, na infância, que ocorre um am- plo incremento das habilidades motoras, que possibilita à criança um amplo domínio do seu corpo em diferentes atividades, como: saltar, correr, rastejar, chutar, arremessar, equilibrar-se num pé só e esquivar- -se para o desenvolvimento da motricidade global, da motricidade fina, do equilíbrio, da lateralidade, da organização espacial, da organização temporal e do esquema corporal (ROSA NETO et al., 2010). A figura 1 ilustra a grande variedade de fatores que influenciam tanto no processo como no produto do desenvolvimento motor: Figura 1 - Análise transacional da causa no desenvolvimento motor Fonte: GALLAHUE E OZMUN, 2001. Uma das formas de constatar se a criança está tendo o seu desenvolvimento adequado é quando se observa que ela começa a ter mudanças nos movimentos durante o ciclo da sua vida (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). 14 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S O processo de desenvolvimento motor é apresentado abaixo por Gallahue e Ozmun (2001) em uma forma de ampulheta (figura 2). Figura 2 - Fases do desenvolvimento motor Fonte: GALLAHUE E OZMUN, 2001. Fase motora reflexiva: os reflexos são as primeiras formas de movimento humano. Eles são movimentos involuntários, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade de reflexos, o bebê obtém informações sobre o ambiente. Os reflexos primitivos são classificados como: agrupadores de informações, caçadores de alimentação e de reações protetoras. São agrupadores de informações, pois auxiliam e estimulam o desenvolvi- mento. Os reflexos primitivos de sugar, buscar através do olfato, são mecanismos de sobrevivência, pois através deles que o recém-nascido busca seu alimento (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Ainda segundo os mesmos autores, os reflexos posturais são a segunda forma de movimentos involuntários e esses movimentos são similares a comportamentos voluntários. Esses reflexos servem de testes neuropsicomotor que mais tarde serão usados com controle consciente. Fase de movimentos rudimentares: os movimentos rudimenta- res são determinados de forma maturacional e caracterizam-se por uma 15 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S sequência de aparecimento previsível. Esta sequência é resistente a al- terações em condições normais. Elas envolvem movimentos estabiliza- dores, como obter o controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco; as tarefas manipulativas de alcançar, agarrar e soltar, e os movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar. Ou seja, os primeiros movimentos voluntários são os movimen- tos rudimentares. Esses movimentos são encontrados no bebê desde o nascimento e se estendem até aproximadamente os 2 (dois) anos de idade. Esses movimentos acontecem de maneira previsível, porém o nível com que essas habilidades aparecem variam de criança para criança (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Fase de movimentos fundamentais: as habilidades motoras fundamentais da primeira infância são consequências da fase de mo- vimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do desenvol- vimento motor representa um período na qual as crianças pequenas estão envolvidas ativamente na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos. Ou seja, as crianças que estão desenvolvendo padrões fundamentais de movimento estão aprendendo a reagir com controle motor e competência motora a vários estímulos (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p.103). Vale ressaltar que é por volta dos dois anos de idade que a criança dá um enorme salto no que diz respeito ao desenvolvimento motor. Essas habilidades motoras formam a base sobre a qual cada criança desenvolve ou refina os padrões motores fundamentais do iní- cio da infância e as habilidades motoras especializadas da infância pos- terior e da adolescência (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 257). Gallahue e Ozmun (apud CASTRO, 2008) dividem os movi- mentos fundamentais em três estágios, sendo estes: estágio inicial que ocorre entre os 2 a 3 anos e representa as primeiras tentativas da crian- ça, onde os movimentos ainda são bem rudimentares e imprecisos; es- tágio elementar que ocorre entre os 4 a 5 anos e é quando a criança já apresenta melhor controle e precisão de seus movimentos fundamen- tais, em geral, quando oportunidades são adequadas; e por fim o está- gio maduro que se dá entre os 6 a 7 anos se as condições ambientais e de maturação forem propícias, é caracterizado por movimentos preci- sos e eficientes, coordenados e controlados. Fase de movimentos especializados: A fase de movimentos es- pecializados é resultado da fase de movimentos fundamentais. A Criança agora realiza atividades motoras complexas do dia a dia. Os movimentos fundamentais que eram simples antes, como saltar e pular em um pé só agora podem ser associados com atividades mais complexas como pular corda e práticas esportivas como salto triplo. (GALLAHUE; OZMUN, 2003). 16 A V ALI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Esse é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes. Os movimentos especializados também são divididos em três estágios: transição, aplicação e utilização para a vida diária. No estágio transitório, começam a ser observadas nas atividades das crianças, a combinação e a aplicação dos padrões de movimentos fundamentais, com melhoras na forma, na precisão e no controle. Para que não ocorra prejuízo aos dois últimos estágios, no de transição deve-se “ajudar as crianças a aumentar o controle motor e a competência motora em inúmeras atividades”, deve-se também “tomar cuidado para que a criança não restrinja seu envolvimento em certas ati- vidades, especializando em outras” (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.62). No estágio de aplicação, as crianças começam a buscar a par- ticipação em atividades em que vão obter sucesso, fundamentadas em suas condições, as tarefas e aos ambientes. São enfatizados forma, habilidade, precisão e aspectos quantitativos do desenvolvimento mo- tor. “Esta é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividades de liderança e em esportes escolhidos” (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.62). A partir de 14 anos, o estágio de utilização caracterizaria o último estágio do processo de desenvolvimento motor, no qual o individuo utiliza- rá o seu repertório de movimentos adquiridos com o tempo. As escolhas e decisões tomadas anteriormente em relações às atividades praticadas, “mais tarde, serão refinadas e aplicadas a atividades cotidianas; recrea- tivas e esportivas ao longo da vida” (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.63). Ao analisar a aquisição das habilidades motoras compreende- mos que elas são a base sobre a qual a criança desenvolve ou refina os padrões motores fundamentais e as habilidades motoras especiali- zadas no estágio de transição. As crianças são capazes de explorar os potenciais motores do corpo, à medida que se movimentam no espaço e ampliando o controle sobre seus músculos através das experiências com a estabilidade e a instabilidade (GALLAHUE; DONNELLY, 2008). Cada fase possui uma divisão de suas etapas denominada de Estágios, estes representam a evolução do desenvolvimento motor em cada fase na vida de criança, considerando uma faixa etária prevista. Destaca-se que a faixa etária não está determinada, ou seja, é uma idade presumível que poderá variar de acordo com cada criança, sua maturação e seu ambiente (PRZYLINSKI e QUARESMA, 2016). Lopes et al. (2011) alertam que o papel do movimento para o desenvolvimento das crianças é, por vezes, muito subestimado; a falta de movimento pode não só restringir o corpo do seu desenvolvimento 17 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S motor, como também influenciar aspectos da personalidade como a per- cepção, a cognição, o discurso, as emoções e o comportamento social. No contexto escolar, tradicional ou não, o aprendizado não pode impor se à educação pelo movimento; quando o professor se conscientizar de que a educação pelo movimento é uma peça primor- dial da construção pedagógica para as dificuldades da aprendizagem, a atividade não ficará mais relegada ao segundo plano e poderá auxiliar nos problemas que cercam o sistema educacional (LE BOULCH, 1983). O movimento humano é um meio educativo de ação positiva em relação às dificuldades da função psicomotora. Auxilia a formação do caráter e o desenvolvimento da capacidade de resolução das tarefas da vida cotidiana. Desta forma, o movimento é um dos mais importantes aspectos no desenvolvimento da personalidade. É um meio educativo de uma ação positiva diante de todas as dificuldades da ação psicomotora. O ato motor não é um processo isolado, mas sim, traduzido em reações fisiológicas; em comportamento exterior: palavras, movimen- tos; respostas mentais afetivas cognitivas; produtos da conduta: olhar, desempenho (FARIAS 2009). Ainda segundo essa mesma autora os argumentos que geral- mente justificam a educação psicomotora nas escolas colocam em evi- denciar seu papel na prevenção das dificuldades escolares. Segundo Le Boulch (1987), menosprezar a influência de um bom desenvolvimen- to psicomotor, seria limitar a importância da educação do corpo e recair numa atitude intelectualista. Atualmente, ao inverso desta atitude, é de bom tom conferir à educação pelo movimento todas as virtudes no “desenvolvimento total” da pessoa. A educação pelo movimento deve ser utilizada para que as crianças adquiram a noção do seu esquema corporal e outras noções indispensáveis do seu desenvolvimento seguindo as etapas. A função do professor é oferecer ao aluno condições de desen- volver seu comportamento motor através da diversidade e complexida- de de movimentos (VIEIRA, 2012). É importante ressaltar que na psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, toda obra de Henri Wallon e de Jean Piaget colo- cam em evidência o papel da atividade corporal no desenvolvimento de funções cognitivas. Wallon (1968) afirma que o pensamento nasce para retornar a ele. Piaget (1987, apud OLIVEIRA, 2000) diz que: “Mediante a ativi- dade corporal a criança pensa, aprende, cria e enfrenta os problemas”. Assim a atividade motora e a mental passaram a ser vistas como ativida- des intimamente em inter-relação, influenciando uma com a outra, atra- vés de seus dois componentes essenciais, o sócio afetivo e o cognitivo. 18 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S A família, por sua vez, também é responsável pela apren- dizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as atitudes destes diante das emergências de autoria do aprenden- te, se repetidas constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos (PORTO apud FERNANDEZ, 2001). A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para for- mação do esquema corporal, o que facilitará a orientação espacial. Ela deve ser entendida e compreendida em sua integridade, pois o nosso corpo está presente em todas as situações, e é através do movimen- to, que o ser humano participa do mundo manifestando suas intenções (DOS SANTOS e COSTA, 2008). Nesse sentido, fica evidente que a psicomotricidade assim como a psicopedagogia caminham paralelamente, pois ambas contribuem para a prevenção do fracasso escolar considerando a criança em todos os aspectos, biológico, cognitivo, motor, emocional e social visando o desen- volvimento global da criança (MENEZES E BRUNELLI, 2012). Contudo, a educação pelo movimento na escola auxilia o pro- fessor e o aluno na construção de valores necessários a conquistas cotidianas, pautando seu trabalho na transformação social, canalizando ações, efetivando os seus sonhos e seus direitos (FARIAS 2009). Esta nova visão oferecida pela psicopedagogia vem ganhando espaço nos meios educacionais brasileiros e despertando cada vez mais, o interesse dos profissionais que atuam nas escolas. Embora a psicope- dagogia tenha nascido com o objetivo de promover uma reeducação das crianças com problemas de aprendizagem, hoje ela se preocupa princi- palmente com a prevenção do fracasso escolar (SCOZ, 1994). O Psicopedagogo pode auxiliar a criança ao perceber que esta apresenta problemas de aprendizagem, que pode estar rela- cionado com a sua parte motora, que por sua vez, pode ter sido alterada por um trauma na infância, pois, o dia a dia, vai forjar o seu futuro, ou ainda, a falta de afetividade por parte da família, pode implicar desvios psicomotores. 19 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Para saber mais sobre o tema, acesse: https://pedagogia- aopedaletra.com/a-relacao-de-psicopedagogia-com-a-psicomotri-cidade-aspectos-psicopedagogicos-da-educacao-infantil EVOLUÇÃO E CONCEITOS DA PSICOMOTRICIDADE A Psicomotricidade é uma ciência que tem como objeto de es- tudo o homem por meio do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perce- ber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo Socieda- de Brasileira de Psicomotricidade (SBP). O termo psicomotricidade surgiu no ano de 1870 e, se mo- dificou, conforme os conceitos filosóficos, psicológicos, pedagógicos e sociais evoluíram. Desde então é considerado um termo utilizado para qualquer tipo de movimento organizado e integrado, que exprime em sua ação os aspectos motores, os afetivos e os cognitivos, resultantes da relação pessoal com meio (OLIVEIRA, 2010). Para Negrine (1995), a psicomotricidade origina-se do termo psyché, que significa alma, e do verbo latino moto, que significa agitar fortemente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), o termo Psicomotricidade é definido como a ciência que tem como objeto de estudo o ser humano por meio do seu corpo em movi- mento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com objetos e con- sigo mesmo. Considera-se ainda que, na psicomotricidade, o essencial é a intenção, a significação e a expressão do movimento que traduz o psiquismo individual Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP). De acordo com Vayer (1986), a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. Se- gundo Coste (1978), é a ciência encruzilhada, na qual se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalí- ticos, sociológicos e linguísticos. Saboya (1995) define a psicomotricidade como uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e seu mundo externo. Para Ajuriaguerra (1970), é a ciência do pensamento através do corpo preciso, econômico e harmonioso. Barreto (2000) afirma que é a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e levando em consideração os aspectos relacio- nais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento 20 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético. Para Fonseca (2010), a Psicomotricidade, é entendida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas, entre o psiquismo e o corpo, e, entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da personalidade total, singular e evolutiva que caracteriza o ser humano, nas suas múltiplas e complexas manifes- tações biopsicossociais, afetivo-emocionais e psicosócio cognitivas. A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a for- mação e estruturação do esquema corporal e tem como objetivo prin- cipal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se diverti- rem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a Educação Infantil (LIMA; BARBOSA, 2007). Segundo Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. A abordagem da Psicomotricidade permite a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilida- des de se expressar por meio dele. A educação psicomotora, para ser trabalhada, necessita que sejam utilizadas as funções motoras, percep- tivas, cognitivas, afetivas e sócias motoras, pois assim a criança explora o ambiente, realiza experiências concretas e é capaz de tomar consci- ência de si mesma e do mundo que a cerca (LIMA; BARBOSA, 2007). Le Boulch (apud OLIVEIRA, 2010) divide o desenvolvimento psi- comotor em três fases: corpo vivido, corpo percebido ou descoberto e cor- po representado. Cada uma destas fases é determinada pela aquisição gradual e melhoramento de habilidades obtidas nas fases anteriores. Todo o desenvolvimento psicomotor acima descrito só é possível devido à exis- tência de um processo de maturação do sistema nervoso central (SNC). O Psicomotricista é o profissional que age na interface saúde, educação e cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e pes- quisando o indivíduo na relação com o ambiente e processos de desenvolvimento, tendo por objetivo atuar nas dimensões do es- quema e da imagem corporal em conformidade com o movimento, 21 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S a afetividade e a cognição. Le Boulch (1983, p.45), distingue as etapas na estruturação do esquema corporal, visando um melhor conhecimento de sua evolução, conforme relacionadas abaixo: Fase do Corpo Vivido: Esta fase segue o desenvolvimento da criança até aos três anos de idade. Os três primeiros meses caracteri- zam-se por uma ação motora reflexa, instintiva, que progressivamente vai sendo substituída por uma fase de experiências e de manipulações dos objetos que a rodeiam. Com a maturação do SNC, a criança já é capaz de atividade espontânea, aprendendo a manipular objetos, a se- gurá-los e é também a fase em que começa a andar, adquirindo domínio postural. Utiliza a imitação das pessoas que a rodeiam, ajustando e coordenando a sua ação, permitindo-lhe fazer descobertas e compre- ender melhor o seu envolvimento. Nesta fase, a criança toma também noção das partes do seu corpo, conseguindo diferenciar-se do que a rodeia pelo que podemos dizer que a criança começa a mostrar sinais de compreender a imagem do corpo. Fase do Corpo Percebido ou Descoberto: Trata-se de uma fase que se prolonga até aos sete anos de vida da criança, sendo que nesta fase esta adquire cada vez maior controlo e domínio sobre o corpo. Torna- -se mais coordenada em termos de movimentação e tem em conta os es- paços que a rodeiam. Nesta fase, a criança já ajusta os seus movimentos tonicoposturais ao espaço e às características dos objetos que manipula, conseguindo também controlar quer o movimento, quer a força que em- prega sobre os objetos. As noções corporais tornam-se também e gradual- mente mais precisas e a criança é capaz de se autorrepresentar por meio do desenho. O conhecimento mais aprofundado do corpo permite que a criança tome consciência da sua posição corporal relativamente ao espa- ço e aos objetos que a rodeiam, facilitando o desenvolvimento da noção de espaço em todas as suas vertentes temporal e lateralização. Assim, a criança apropria-se do espaço e do que nele se encontra, no seu tempo, e consegue ao mesmo tempo elaborar representações mentais de tudo o que a rodeia, tendo como referência o seu corpo (OLIVEIRA, 2010). Fase do Corpo Representado: Esta terceira e última fase en- quadram-se entre os sete e os doze anos de idade, altura em que a criança descentraliza a sua atenção relativamente ao seu corpo, para ganhar percepção de pontos de referência externos ao mesmo. A repre- sentação mental que a criança possui do seu corpo inclui, nesta fase, o movimento e a representação da figura humana, mas com um maior número de detalhes e podendo, inclusivamente, expressar emoções e sentimentos. Por volta dos doze anos, a criança adquire a noção de 22 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S perspectiva, a noção de conservação de distâncias, quantidades e for- mas e adquire ainda uma capacidade de antecipação que lhe permite organizar e programar mentalmente as suas ações.Para Gonçalves (2004), as fases do desenvolvimento psico- motor levam em conta não somente os aspectos da maturação neuro- lógica, mas também o resultado de um processo relacional. Para ele motricidade pode ser organizada nas seguintes fases: • 1ª fase: a primeira fase é caracterizada pela estruturação mo- tora, do tônus de fundo, e do não aparecimento das reações primitivas. • 2ª fase: nesta fase, através das relações sociais há o aperfei- çoamento do espaço temporal. • 3ª fase: através da ação do sujeito, as aquisições motoras serão automatizadas. Para Jean Piaget existem quatro períodos básicos para o de- senvolvimento infantil, sendo eles, período sensório-motor; pré-opera- cional; operacional-concreto e formal (SOUZA; OLIVEIRA, 2013). - Período sensório-motor: nesta fase, iniciam-se os primeiros indícios de desenvolvimento motor do bebê, e para que este se de- senvolva, necessita de uma constante estimulação tanto interna quanto externa, esta fase vai desde o nascimento até dois anos de idade. - Período pré-operacional: esta fase se inicia dos dois anos até seis anos de idade, e é conhecida como um período simbólico, onde existe um desenvolvimento cognitivo em que a criança pode pensar em símbolos, assim a criança passa a agir e a refletir sobre suas ações. Nessa fase, a criança desenvolve seus músculos abdominais, tronco, braços e pernas. - Período operacional-concreto: esta fase vai dos seis anos até os doze anos de idade. Nesse estágio, a criança adquire o esquema das operações (soma, multiplicação, subtração e divisão). A criança é capaz de superar a mudança imediata, ou seja, adquiri o esquema da conservação e a constância dos objetos. - Período formal: este estágio acontece dos doze anos em dian- te. É possível nesse período, aprender a respeito das ideias. A criança começa a pensar sobre coisas imaginárias, e torna-se capaz de buscar a resposta para um problema. Absorve uma lógica dedutiva, desenvol- vendo o pensamento formal. Contudo, a partir do reconhecimento de cada um desses es- tágios do desenvolvimento cognitivo, fica mais claro e permite ao edu- cador um olhar mais atento para o ser em construção, que é a criança, tornando suas práticas psicomotoras mais fáceis de serem aplicadas. 23 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S • Áreas de atuação do Psicomotrista: Educacional, Institucional e Clínica. • Eixos de Atendimento Educacional: Ensino básico e en- sino superior, incluindo educação especial e outras modalidades; - Hospitalar; - UTI, ambulatórios, enfermarias e brinquedotecas; - Empresarial; - Ergomotricidade; - Psicomotricidade aquática; - Terapia psicomotora; - Saúde mental; - Gerontopsicomotricidade. A prática psicomotora se dá de forma Individual ou em grupo, da concepção à terceira idade, compreendendo as necessidades de adapta- ção sensoriais, sociais, comportamentais e de crescimento pessoal. PSICOMOTRICIDADE E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O DESEN- VOLVIMENTO INFANTIL A primeira infância corresponde do 0 (zero) aos 6 (seis) anos de idade, sendo este um período de extrema importância na vida da criança, pois diz respeito ao início do seu desenvolvimento físico, emo- cional e social (ALMEIDA, 2013). É nesta altura que a autonomia, a socialização, a capacidade de ver o mundo e explorá-lo tornam-se objetivos educativos, procuran- do-se assim desenvolver estas competências na criança. Todas estas vivências nos primeiros anos de infância vão ter reflexo na vida adulta. Os psicólogos afirmam que muito do nosso sucesso ou fracas- so enquanto adultos está ligado a experiências que tivemos na primeira infância e, quanto mais tivermos em conta as necessidades básicas das crianças nesta idade, maiores são as hipóteses de formarmos adultos seguros e confiantes (MONTEIRO; SILVA, 2015). O movimento é a primeira manifestação na vida do ser humano, pois desde a vida intrauterina realizam-se movimentos com o corpo, no qual vão se estruturando e exercendo enormes influências no compor- tamento. Sendo assim, considera-se que a psicomotricidade é um ins- 24 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S trumento riquíssimo que auxilia a promover preventivos de intervenção, proporcionando resultados satisfatórios em situações de dificuldades no processo de ensino aprendizagem (DOS SANTOS e COSTA, 2008). A psicomotricidade promove ações terapêuticas e educativas e tem papel importante no desenvolvimento neuropsicológico das crian- ças. A idade dourada da psicomotricidade está situada desde o nas- cimento até os oito ou nove anos de idade, constituindo-se em uma necessidade no processo educativo desta fase da vida, já que busca a integração de interações cognitivas, emocionais, afetivas, simbólicas e físicas na capacidade do indivíduo de ser e atuar em um contexto psi- cossocial (MACRI, 2014; PIEG e VAYER, 1971). Conforme afirma Negrine (2003), para atuar na Educação Infantil, o profissional necessita ter ampla compreensão das teorias que tratam do desenvolvimento humano, necessita saber quais as diferenças entre umas e outras, mas antes de tudo necessita formar convicções que lhe permita relacionar a teoria que adota com a prática pedagógica que oferece através de suas ações. Ou quem sabe ao contrário, necessita refletir sobre a práti- ca que adota para compreender melhor a teoria que a sustenta. O desenvolvimento psicomotor se processa de acordo com a maturação do sistema nervoso central, assim a ação do brincar não deve ser considerada vazia e abstrata, pois é dessa forma que a criança capacita o organismo a responder aos estímulos oferecidos pelo ato de brincar, manipular a situação será uma maneira eficiente de a criança ordenar os pensamentos e elaborar atos motores adequados à requisi- ção (VELASCO, 1996, p.27). Assim, é necessário compreender que, o desenvolvimento psi- comotor acontece num processo conjunto de todos os aspectos (motor, intelectual, emocional e expressivo), dividindo-se em duas fases: primeira infância (0 a 3 anos) e segunda infância (3 a 7 anos), complementando-se maturacionalmente por volta dos 8 anos de idade (BUENO, 1998, p. 19). A psicomotricidade se dá através de ações educativas de mo- vimento espontâneo e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação de sua personalida- de. É uma prática pedagógica que visa contribuir para o desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo-emocional e sociocultural, buscando es- tar sempre condizente com a realidade dos alunos (LE BOULCH, 1992). Kyrillos e Sanches (2004, p.154), completam dizendo que na Edu- cação Infantil começamos a exploração intensa do mundo, das sensações, das emoções, ampliando estas vivências como movimentos mais elabora- dos. A linguagem corporal começa então, a ser substituída pela fala e pelo desenho, no entanto, é essencial que continue sendo explorada. 25 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S O trabalho com movimentos e ritmos, de grande relevância para a organização das descobertas feitas, torna-se mais sofisticado. Nesta etapa, a atenção é voltada para o desenvolvimento do equilíbrio e de uma harmonia nos movimentos. Mendonça (2004, p.25), cita que o desenvolvimento psicomotor quando acontece harmoniosamente, prepara a criança para uma vida social próspera, pois, já domina seu corpo e utiliza-o com desenvoltura, o que torna fácil e equilibrado seu contato com os outros. As reações afetivas e as apren- dizagens psicomotoras estão interligadas. A psicomotricidade é abrangente e pode contribuir de forma plena para com os objetivos da educação. A estimulação através de atividades psicomotoras, desde o iní- cio, pelo educador, contribuirá para a maturação da criança, nodecorrer do seu desenvolvimento, do ponto de vista linguístico, socioafetivo, lógi- co-matemático, pois a escola representa o primeiro contato com o mun- do, com colegas e professores que influenciarão na sua formação. “A fim de que essa função se efetive na prática, o trabalho pedagógico precisa se orientar por uma visão das crianças como seres sociais, indivíduos que vivem em sociedade, cidadãs e cidadãos” (KRAMER, 1999, p.19). Hoje, a Psicomotricidade no que se refere à Educação Infantil, dá espaço para uma nova perspectiva principalmente quando se trata do desenvolvimento global da criança. A estimulação de atividades corporais propicia experiências que favorecerão a motricidade fina, é esta que au- xiliariam os alunos que apresentam ritmo normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhores os desafios em todo o processo de alfabetização. Acesse: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/ar- tigos/biologia/psicomotricidade-no-desenvolvimento-infantil/48175 Ao proporcionar as condições de desenvolver capacidades básicas, haverá um aumento no potencial motor da criança, sendo o movimento o meio de atingir aquisições mais elaboradas, como as inte- lectuais, auxiliando a sanar as dificuldades advindas das dificuldades na psicomotricidade (FONTANA, 2012). Contudo, a psicomotricidade busca conhecer o corpo nas suas relações, transformando-o num instrumento de ação. Este corpo pensado como objeto, marcado por uma mente que pensa. A evolução da psicomo- tricidade no homem se dá de forma natural. Ela auxilia e capacita melhor o aluno para uma melhor assimilação da aprendizagem escolar. O corpo e o 26 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S movimento constituem alicerces para o desenvolvimento da criança. O fato de que cantar e/ou ouvir música, e até mesmo dan- çar com as crianças promove benefícios que vão além do conten- tamento e alegria dos alunos. A música beneficia e soma o desen- volvimento em todos os aspectos, sejam eles o físico, cognitivo, social e motor. Sendo assim uma ferramenta perfeitamente apli- cada à Psicomotricidade, porque ganha uma seriedade para o am- biente psicopedagógico, especialmente quando é aliada ao traba- lho psicomotor que a música é capaz de realizar. No campo da Psicomotricidade, a relação, a vivência corporal e a linguagem simbólica são imprescindíveis. A psicomotricidade per- mite à criança a viver e atuar no seu desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo (DOS SANTOS e COSTA, 2008). Nesse contexto e com essas finalidades, propõe-se que a psico- motricidade na educação infantil, longe de ser um método ou uma receita, subsidie, através da relação pedagógica, a oferta qualitativa do ensino em suas dimensões linguística, pessoal e cognitiva. Pensar o ensino e a aprendizagem em termos da relação pedagógica implica admitir a com- plexidade da situação da sala de aula e considerar as questões de ensino de um ponto de vista dinâmico (CORDEIRO, 2009, p. 98). É imprescindível que a criança passe por todas as etapas de seu desenvolvimento. Cada fase tem sua importância, como por exemplo, após aprender a sentar automaticamente passar pela fase de caminhar sem apresentar a fase de engatinhar, deixando de aper- feiçoar a força nos músculos superiores e de equilibrar as escápulas. Existem várias atividades psicomotoras propostas para auxiliar no desenvolvimento da criança, algumas propostas são atividades lúdicas e de recreação como: dar cambalhotas equili- brar-se em um pé só e caminhar sobre uma linha no chão. Ativida- des que auxiliam no desenvolvimento motor e afetivo e nas rela- ções da criança com o mundo. 27 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2022 Banca: AMAUC Órgão: Prefeitura de Concórdia - SC Pro- va: Professor – Educação Especial A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, em 2010, definiu a "Psi- comotricidade" como: "Ciência que tem por objetivo o estudo do homem através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo". Nessa dimensão, analise as assertivas: I. Estudiosos da Psicomotricidade atestaram ter sido ela a primeira ciência que abordou e incluiu o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social. II. A Psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, sendo o corpo a origem das aquisições cognitivas, afetivas e or- gânicas. III. A Psicomotricidade é sustentada por três conhecimentos bási- cos: o movimento, o intelecto e o afeto. IV. Estudos sobre Psicomotricidade comprovaram sua prioridade pelo equilíbrio motor. Estão CORRETAS: a) Apenas I, II e III; b) I, II, III e IV; c) Apenas I, II e IV; d) Apenas I e II; e) Apenas II e IV. QUESTÃO 2 Ano: 2020 Banca: Instituto UniFil Órgão: Prefeitura de Cunha Porã - SC Prova: Professor – Educação Física Com base nos estudos sobre a Psicomotricidade, informe se é ver- dadeiro (V) ou falso (F) para o que se afirma e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. ( ) A Psicomotricidade é a ciência que estuda o homem, através de seu corpo em movimento relacionando-se ao mundo, tanto pelo interno quanto pelo externo. ( ) A Psicomotricidade é um conjunto de conhecimentos que permi- tem o desenvolvimento do ato motor humano. ( ) Os três conhecimentos básicos da psicomotricidade são: movi- mento, corpo e crescimento. ( ) A Psicomotricidade é definida como o Estudo dos Movimentos Humanos. a) V-V-V-V. 28 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S b) F-V-F-V. c) V-V-F-F. d) F-F-F-V. QUESTÃO 3 Ano: 2020 Banca: Quadrix Órgão: CFP Prova: Psicologia – Psico- motricidade Existem diferenças entre a psicomotricidade funcional e a psicomotri- cidade relacional. Acerca desse tema, assinale a alternativa incorreta. a) Na psicomotricidade funcional, a criança depende das escolhas feitas pelo profissional e raramente tem contato corporal. b) Na psicomotricidade funcional, as atividades são dirigidas pelo psico- motricista, em um enfoque dualista. c) Na psicomotricidade relacional, o brincar é livre, buscando um prazer no movimento. d) Na psicomotricidade relacional, o psicomotricista precisa ter uma formação pessoal consolidada e uma postura ativa e influente sobre o processo nas sessões. e) Na psicomotricidade relacional, há o contato corporal, a apresenta- ção de diversos modelos motores e o contato com outros profissionais envolvidos com a criança. QUESTÃO 4 Ano: 2021 Banca: OMINI Órgão: Prefeitura de Miguelópolis - SP Prova: Professor de Educação Básica – II Ed. Física Julgue os itens a seguir: I. O homem através do seu corpo em movimento que se relaciona com o seu mundo externo e interno é o objeto de estudo dessa ciência denominada Psicomotricidade. Está relacionada ao pro- cesso maturacional, onde a origem das aquisições afetivas, cogni- tivas e orgânicas é o corpo. Três conhecimentos básico dão base a psicomotricidade: o movimento, o intelecto e o afeto. O movimento integrado e organizado é o que traduz a Psicomotricidade, em fun- ção de experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização. II. Em aulas de Educação Física na educação infantil, a psicomotri- cidade é abordada restritamente como forma curativa, pode evitar diversos tipos de problemas na fase de alfabetização, como tam- bém a falta de concentração. Assinale a alternativa CORRETA: a) Os dois itens são verdadeiros. b) O item I é verdadeiro e o II é falso. 29 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S c) O item II é verdadeiro e o I é falso. d) Os dois itens são falsos. QUESTÃO 5 Ano: 2021 Banca: Alternativa Concursos Órgão: Prefeitura de Es- perança do Sul – RS Prova: Professor de Ed. Física Os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física não diferem substancialmentedos que envolvem as demais áreas do conhecimento. Historicamente, o ensino da Educação Física vem buscando organizar abordagens metodológicas e pedagógicas, que visem atender às exigências que permeiam o ensino, como por exemplo: a Desenvolvimentista, a Construtivista, abordagens Críti- cas (OLIVEIRA, 1997) e a Psicomotricista. No texto supracitado, é mencionada uma importante abordagem metodológica e/ou peda- gógica, para a Educação Física, a abordagem Psicomotricista, que contribui significativamente para o desenvolvimento infantil. Diante do exposto, refere-se a abordagem Psicomotora/Psicomotricista: a) Na abordagem Psicomotora, a intenção é a construção do conheci- mento por meio da interação do sujeito com o mundo. Para cada crian- ça, a construção desse conhecimento exige elaboração, ou seja, uma ação sobre o mundo, sendo o conhecimento, nessa abordagem, cons- truído durante toda a vida. b) A abordagem Psicomotora não tem função social de ordenar a refle- xão pedagógica do aluno, de forma a pensar a realidade social, desen- volvendo determinada lógica imposta pela sociedade capitalista, a partir de uma prática inserida no contexto e no currículo escolar. c) Na abordagem psicomotora, deve-se desenvolver nos sujeitos, os as- pectos cognitivos, afetivos e psicomotores, visando garantir a formação integral do educando, aliando todos os presentes aspectos, ao movi- mento humano. d) A abordagem psicomotora tem como seu principal enfoque, unica- mente as habilidades motoras, que servem de base para a resolução de problemas cotidianos, promovendo possibilidades de adaptação a novas situações ao ambiente no qual o sujeito está inserido. e) A abordagem psicomotora fundamenta-se nos princípios filosóficos em torno do ser humano, como identidade e valor, ressaltando um cres- cimento voltado de dentro para fora. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Em visita a uma creche da rede Municipal do interior de São Paulo para realização de uma prática curricular durante a graduação, constatei a presença marcante da contenção de movimentos impostos às crianças 30 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S pela professora. Essas eram mantidas sentadas, próximas á parede, não podiam se mexer sem a autorização, e caso alguma criança não cumprisse a ordem, era repreendida com severidade. Visando garantir a ordem e a harmonia, algumas práticas pedagógicas procuram limitar o movimento, impondo rígidas restrições corporais às crianças. Tendo como base o texto acima, no qual é relatada uma falha cometida pela professora ao limitar o Movimento em seus alunos, redija um texto dissertativo abordando os seguintes aspectos: a) Qual a importância do Movimento no desenvolvimento infantil? b) Como os pais e professores podem mediar o acesso da criança ao Movimento? TREINO INÉDITO De acordo com Gallahue e Ozmun (2001) processo de desenvolvi- mento motor, uma criança entre 7 e 10 anos estaria em qual estágio: A) Estágio elementar da fase motora fundamental. B) Estágio maduro da fase motora fundamental. C) Estágio de pré-controle da fase rudimentar. D) Estágio transitório da fase motora especializada. NA MÍDIA A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMEN- TO INFANTIL Quando olhamos rápido, um ser vivo pode parecer algo simples — mas cada organismo tem inúmeras complexidades, e o do ser humano en- tão, nem se fala! Para que estejamos apenas existindo, são inúmeros os sistemas que precisam conversar entre si, e tudo isso é potencializa- do enquanto uma criança está crescendo. A psicomotricidade é a ciência que estuda o indivíduo se concentrando especificamente no corpo em movimento e sua relação com o interno e o externo, ou seja, tanto com o seu desenvolvimento emocional e cog- nitivo quanto com o mundo à sua volta. Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade, por meio dessa área busca-se enxergar o ser humano de maneira holística, de forma a integrar todas as suas funções cognitivas e motoras e pensar em como desenvolvê-las conjuntamente. Fonte: Amigo Panda Data: 01 abr. 2021. Leia a notícia na íntegra: https://blog.amigopanda.com.br/a-importancia-da-psicomotricidade/ 31 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S NA PRÁTICA UMA PRÁTICA FÍSICA QUE ESTIMULA A PRÁTICA MENTAL A palavra Psicomotricidade pode ser dividida em: psi = emoção; cog = cognição; motric = movimentos humanos, ou seja, uma depende da outra, a afetividade e a aprendizagem ligadas uma à outra, interagindo de forma simples e correta, adequando-se às necessidades e desempe- nhando papéis interligados será alcançado um bom resultado. Coordenação motora, Psicomotricidade, alfabetização e letramento são termos que todo professor de Educação Básica precisa conhecer e do- minar, afinal um estabelece relação com o outro, porém poucos execu- tam algumas práticas que melhoram a atividade mental da criança des- de o seu primeiro contato com a educação ou com a escola, no caso a Psicomotricidade é uma prática que melhora e aperfeiçoa o desenvolvi- mento cognitivo e efetivo de uma criança. Poucos sabem e consideram essa prática como ludicidade, deixando de dar a importância necessária no processo de desenvolvimento. Fonte: Educação Pública CECIERJ Data: 30 ago. 2022. Leia a notícia na íntegra: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/32/psicomotricidade- -uma-pratica-fisica-que-estimula-a-pratica-mental PARA SABER MAIS Filme sobre o assunto: O Começo da Vida (2016) Acesse o link: https://neurosaber.com.br/qual-e-a-idade-da-primeira-in- fancia/ http://www.abpp.com.br/ Saiba mais: https://www.youtube.com/watch?v=EF66FTd1hLM Filme sobre o assunto: Como Estrelas na Terra: Toda Criança é Espe- cial (2007). 32 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S OS ELEMENTOS E DESENVOLVIMENTO DE CADA ELEMENTO PSI- COMOTOR A evolução psicomotora favorece o desenvolvimento funcional de todo o corpo e suas partes. Os elementos psicomotores estão divididos em sete fatores: tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção corporal, estrutura- ção espaço/temporal, praxia global e praxia fina (FONSECA, 1995). Dentre os sete fatores apresentados, a tonicidade é a base fundamental da psicomotricidade, tendo um papel fundamental no de- senvolvimento motor, garantindo às atitudes, a postura, as mímicas, as emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas (FONSECA, 1995). Já o equilíbrio, refere-se à capacidade de sustentar a estabili- PRESSUPOSTOS E APLICAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S 32 33 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S dade do corpo, mesmo quando o centro de gravidade é desviado, com finalidade de adaptar-se às necessidades em situações de deslocamen- tos ou não (FERREIRA; LIMA, 2007). O terceiro fator é a lateralidade, que segundo Oliveira (2000), é a propensão que o ser humano possui para utilizar, preferencialmente, um lado do corpo mais do que o outro, sendo observada em relação à mão, pé, olho e audição. Isso significa que existe dominância de um dos lados, o qual apresenta mais força muscular, precisão e rapidez, além de iniciar e executar as ações, o lado não dominante é utilizado como auxílio ao dominante e na manutenção do equilíbrio corporal. A noção de corpo é representada como sendo o atlas do corpo, ou seja, é uma verdadeira composição de memória que a criança tem de todas as partes do corpo (FONSECA, 1995). Tônus Muscular: Você sabia que o estado de semi-contra- ção, de contração parcial normal no qual os músculos se encontram constantemente é considerado tônus muscular? O tônus é causado por estímulos nervosos, sendo um processo totalmente inconscien- te, que mantém os músculosem alerta para entrar em ação. A capacidade de orientar-se adequadamente no espaço e no tempo, trata-se de um fator ligado ao desenvolvimento psicomotor conhe- cido como estrutura espaço temporal. É um dado importante para uma adaptação favorável do indivíduo ao meio ambiente, pois permite a ele não só se deslocar e reconhecer-se no espaço, mas também dar sequên- cia aos seus gestos, localizando e utilizando as partes do corpo, coorde- nando e organizando suas atividades de vida diária (FERREIRA, 2001). O sexto e sétimo fatores dizem respeito à praxia que tem por de- finição a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabele- cida com forma de alcançar um objetivo. A praxia global está relacionada com a realização e a automação dos movimentos globais complexos, e que exigem a atividade conjunta de grandes grupos musculares (FON- SECA, 1995). Já a praxia fina é a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando pequenos grupos musculares das extremidades, compreendendo todas as tarefas motoras finas (FONSECA, 1995). 34 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S A Psicomotricidade está presente em todas as etapas do desenvolvimento infantil, destacando as estreitas ligações entre a motricidade, a intelectualidade e a afetividade sendo, portanto, uma educação global que procura educar o movimento, desenvolvendo juntamente as funções cognitivas e envolvendo também a emoção. “A finalidade da educação psicomotora é promover, atra- vés de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as po- tencialidades da criança, objetivando o equilíbrio biopsicossocial" (NEGRINE, 1986). A identificação e o estudo destes fatores em crianças e ado- lescentes são de fundamental importância para o acompanhamento de seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, visto que nesta fase da vida as habilidades motoras estão mais sensíveis às alterações. Sendo assim os Elementos Psicomotores podem ser desenvol- vidos da seguinte forma (SERAFIM; SEABRA, 2011): - Motricidade Fina • Massinha: ao manipularem, as crianças descarregam sua an- siedade e seus temores, além de trabalhar a coordenação motora fina. • Atividades de recortar: além de contribuem para o desenvolvi- mento cognitivo, trabalha a motricidade fina, colaborando também para a melhora da gráfica. • Bolinhas de gude: são ótimas para treinar a contagem de ob- jetos e trabalhar a comparação de quantidade, desenvolve também, a coordenação motora. • Manipulação de objetos com os olhos vendados e verbaliza- ção de seus atributos: trabalha representação mental, e discriminação de estímulos táteis. - Motricidade Global • Pular corda: estimula além da motricidade global, a agilidade, raciocínio, organização espacial e temporal, cooperação, memória e la- teralidade. 35 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S • Amarelinha: estimula além da motricidade global, o equilíbrio, agilidade, mira e organização espacial. • Queimada: brincadeira bem completa, podendo ser utilizada para estimular todos os elementos psicomotores. Material: uma bola macia e giz para marcar a quadra. • Pega-pega: estimula além da motricidade global, a organiza- ção espaço/ temporal, agilidade. - Equilíbrio • Pega-pega Saci: é uma variação do pega-pega, porém, focan- do estimular o equilíbrio, fazendo com que a criança corra com um pé só. • Pula Sela: estimula além do equilíbrio, agilidade, motricidade global, resistência, força, socialização e organização espaço/temporal. • Perna de Pau: estimula além do equilíbrio, a organização es- paço/temporal. • Corrida de saco: estimula além do equilíbrio, agilidade e mo- tricidade global. - Esquema Corporal e Rapidez • Mímica: estimula além do esquema corporal, a imaginação, criatividade e memória. • Dançar em frente ao espelho: estimula além do esquema cor- poral e rapidez, a noção de lateralidade, raciocínio e motricidade global. • Morto-vivo: estimula além do esquema corporal e rapidez, a organização temporal, expressão corporal e atenção. • Estátua: estimula além do esquema corporal e rapidez, a aten- ção, concentração, equilíbrio, criatividade, linguagem corporal, resistência. • Batata Quente: estimula além do esquema corporal e rapidez, a motricidade global, atenção, agilidade, socialização e organização es- paço/temporal. - Organização Espacial • Cabra-cega: estimula além da organização espacial, a agili- dade, atenção, noção de espaço. • Coelhinho sai da toca: estimula além da organização espa- cial, socialização, agilidade e organização temporal. • Nunca três: é uma variação do pega-pega, porém, focando 36 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S estimular a organização espacial, agilidade e atenção. • Acerte o alvo: estimula além da organização espacial, a orga- nização temporal, motricidade fina e atenção. - Linguagem/Org. Temporal • Brincadeiras que envolvam: dias, meses, números, horas, ou seja, que estimule a consciência ações de tempo. • Ritmo: estimula além da linguagem e organização temporal, a percepção auditiva, raciocínio e atenção. • Boliche: estimula além da organização temporal, a percepção viso motora, motricidade fina, organização espacial e atenção. • Bambolê: estimula além da organização temporal, ritmo, co- ordenação motora, equilíbrio e agilidade. A Psicomotricidade é o controle mental sobre a expressão motora. Objetiva obter uma organização em que pode atender de forma consciente e constante as necessidades do corpo. Esse tipo de educação é justificado quando qualquer de- feito localiza o indivíduo à margem das normas mentais, fisiológi- cas, neurológicas ou afetivas. É também, a percepção de um estí- mulo, interpretação deste e elaboração de uma resposta adequada (SKINNER, 1978). INTERVENÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA De acordo com Dunst (2007), a intervenção precoce pode ser definida como o conjunto de serviços, apoios e recursos necessários para dar resposta tanto às necessidades específicas de cada criança, como às necessidades das suas famílias, tendo como objetivo a pro- moção do desenvolvimento da criança. Inclui assim, atividades e opor- tunidades com vista a incentivar a aprendizagem e o desenvolvimento da criança, assim como o suporte e apoios às famílias para que elas tenham um papel ativo neste processo (DUNST & BRUDER, 2002). Segundo Cavalari e Garcia (2010), o principal objetivo da inter- venção é desenvolver o potencial dos alunos, respeitando suas capa- cidades dentro do processo de ensino aprendizagem, proporcionando atividades que possam servir de ferramenta de ação no apoio ao desen- volvimento da aprendizagem. 37 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S É neste sentido, que tendo em conta que o desenvolvimento e as aprendizagens precoces estabelecem alicerces para um desenvolvi- mento posterior de comportamentos e competências mais complexas, a intervenção psicomotora numa perspectiva preventiva pretende poten- cializar, estimular e maximizar o desenvolvimento, adequando e adap- tando as capacidades da criança de ser, estar e de agir consigo mesmo e com o envolvimento (FONSECA, 2005). A Psicomotricidade é uma área de estudo transdisciplinar que consiste numa intervenção feita por mediação corporal e expressiva, na qual o psicomotricista estuda e compensa a expressão motora ina- dequada ou inadaptada, em diversas situações, que podem estar rela- cionadas com problemas de desenvolvimento e de maturação psico- motora, de comportamento, de aprendizagem e de âmbito psicoafetivo (Associação Portuguesa de Psicomotricidade (APP), 2012). A intervenção psicomotora inclui estratégias e atividades de desempenho motor, acrescentando a dimensão psicológica, relacional e afetiva (ALMEIDA, 2013). Uma das propostas essenciais dapsicomotricidade é de pro- porcionar situações à criança onde passa a ser concebida como um ser ativo, em desenvolvimento com potencial para se superar e criar possi- bilidades e novos comportamentos para a sua própria auto-organização (MACHADO e TAVARES, 2010). As sessões de psicomotricidade decorrem num lugar de jogo, de prazer, de desejo, de regulação tónica e de simbolização, envolven- do todas as suas várias áreas dinâmicas, corporal, psicomotora, per- ceptiva, emocional, afetiva, linguística, sociomotora, cognitiva e cultural. Todas elas serão estruturantes da consciência da criança, como pessoa em desenvolvimento (ONOFRE, 2004). Pode desenvolver-se em diferentes contextos, como o con- texto hospitalar, escolar, institucional e familiar. Apresenta segundo a Associação Portuguesa de Psicomotricidade (APP) três vertentes de intervenção: ao nível preventivo, visa à promoção e estimulação do de- senvolvimento; ao nível educativo, pretende-se estimular o desenvolvi- mento psicomotor e o potencial de aprendizagem; e no âmbito reedu- cativo ou terapêutico, quando o desenvolvimento motor, psicoafetivo ou quando o potencial de aprendizagem está comprometido. Quanto à intervenção psicomotora no contexto escolar, segun- do Barros (2003), esta ainda se encontra numa fase inicial de cresci- mento e adaptação, no entanto existe a consciência de que esta prática se relaciona com a educação de forma simbiótica, complementando as lacunas psicomotoras dos alunos, facilitando, deste modo às aprendiza- gens e o seu desenvolvimento futuro. 38 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S No processo de aprendizagem, a prática psicomotora contribui na prevenção e na intervenção no que diz respeito às dificuldades da escrita, leitura e aquisição do raciocínio lógico-matemático. Promove a noção de lateralidade, noções de alto, baixo e esquema corporal, que serão base para as aprendizagens formais e, de certa forma, contribuin- do para a inserção dos aspetos corporais no processo ensino-aprendi- zagem (RODRIGUES, 2013). Já o conceito de Reeducação Psicomotora tem por objetivo esti- mular a criança a ter vontade de viver de agitar-se de entrar em contato com as pessoas e coisas. Essa reeducação é dirigida às crianças que sofrem perturbações instrumentais como: dificuldades ou atrasos psicomotores e dificuldades de aprendizagem escolares (AREDES; MEDEIROS, 2010). A reeducação psicomotora como técnica da psicomotricidade trata a pessoa como um todo, com enfoque maior na motricidade. Poden- do ser realizada por um psicólogo ou educadores especializados, afinal, a reeducação psicomotora não se resume a uma mera aplicação de exercí- cios, mas na união destes e o desenvolvimento da personalidade da pes- soa. Sendo indicada para crianças até dez anos de idade (NEAD, 2016). A reeducação psicomotora permite que as crianças revivam nas sessões de atividades as questões que envolvem o desenvolvimen- to humano, como experiências motoras e cognitivas que às vezes foram poupados nas relações familiares. Muitos pais não têm noção da importância da vivência de cada estágio do desenvolvimento humano para o processo de aprendizagem. Afinal, são nestes estágios que acontecem os primeiros contatos com os processos de aprendizagem e sendo eles fortalecidos com ativida- des incentivadas por profissionais especializados, produzem recursos positivos e comportamentos favoráveis (OLIVEIRA, 2018). A reeducação psicomotora é composta de três etapas e seus objetivos são trabalhar exercícios que reconstrói os esquemas corporais reativando o desenvolvimento da estrutura e evolução da criança. Estas etapas são nomeadas como: investigação corporal; reconhecimento do corpo; integração do esquema corporal (OLIVEIRA, 2018). Exame Neurológico Evolutivo (ENE) constitui importante recurso semiológico para a avaliação da maturidade e desempe- nho do sistema nervoso e, portanto, do desenvolvimento neurop- sicomotor. O ENE é composto por diversas provas que avaliam 39 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S os seguintes elementos: provas de equilíbrio estático e dinâmico (onde se avalia os equilíbrios), provas de coordenação apendicular e coordenação tronco-membros (avaliação da coordenação motora e da orientação temporal), provas de persistência motora (avalia- ção do tônus muscular e da coordenação músculo facial), provas de sensibilidade (avaliação da lateralidade e esquema corporal) e sincinesias (LEFÈVRE, 1975). A investigação corporal é o primeiro estágio, ela acontece por designação ou manipulação do contato corporal e a utilização de partes do corpo. Quando a criança adquire noção das partes de seu corpo, passa a situar-se no espaço e tempo. O reconhecimento do corpo é o segundo estágio permite o reconhecimento de seu próprio corpo e do outro. Proporcionando a criança o procedimento designado em si mes- mo, no outro e de partes do corpo do outro. A última etapa ou estágio é classificada como integração do es- quema corporal que permite a criança o investimento em qualquer situ- ação. Podendo ser distinguida em dois níveis, a ação ou representação mental. Permitindo a criança a descrever seu corpo e de seus colegas, o relaxamento permite da hipertonia para o canal de representação, a conscientização da massa corporal e de sua plenitude (AREDES, 2009). Na criança, o Exame Neurológico muda sua expressão clínica de acordo com a faixa etária, acompanhando o amadure- cimento cerebral. O Exame Neurológico Evolutivo (ENE) avalia o nível do desenvolvimento em que as funções neurológicas se en- contram assim como o desenvolvimento global neuropsicomotor. No caso de lesões ou disfunções do Sistema Nervoso Central, elas estarão alteradas. Dentro dos fatores que podem alterar a função cerebral, encontra-se a desnutrição. Dentro desse eixo da psicomotricidade, Langlade (1974 apud NEGRINE, 2002) afirma que a educação psicomotriz é uma ação psicoló- gica e pedagógica que utiliza os meios da reeducação psicomotora com a finalidade de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. A atribuição da reeducação psicomotora está contida em várias áreas profissionais: Pedagogia, Educação física, Fonoaudióloga, Fisio- terapia, Terapia educacional, Psicologia, Arte-educadores, Educadores, 40 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S Médicos da especialidade motora ou psíquica, dentre outros. Mas o im- portante para uma boa reeducação é a tranquilidade e o intercâmbio afetivo e presente do reeducador com o educando, condição básica para uma adequada reeducação (AREDES, 2010). PSICOMOTRICIDADE E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Nos últimos anos, o índice de crianças com distúrbios psico- motores tem aumentado. Muitas vezes estas crianças aparentam uma normalidade em casa com seus familiares, mas na escola apresentam dificuldade com a leitura, a escrita, nos cálculos, na fala, falhas de ima- gens, esquemas corporais, noções e posições espaciais, orientação tempo e espacial. Logo, alguns pais que não têm o conhecimento so- bre a importância das questões dos distúrbios psicomotores, não estão atentos para as dificuldades de seus filhos e acabam os julgando como desinteressados e preguiçosos (NUNES, 2007). A psicomotricidade é de elevada importância no contexto esco- lar, já que ela tem uma relação intima entre o desenvolvimento psicomo- tor e as aquisições básicas para os aprendizados escolares; possibilita que a criança compreenda seu corpo e as maneiras de se expressar por meio dele, localizando-se no tempo e no espaço. Muitas vezes os insucessos com nossas crianças ao desempe- nhar atividades mais complexas podem estar relacionados às práticas psicomotoras como equilíbrio, lateralidade e esquema corporal que fo- ram pouco desenvolvidas na Educação Infantil (TASSI, 2014).Nessa perspectiva, a dimensão motora é indissociável da ener- gia psíquica, ou seja, é inseparável do pensamento que expressa à in- tencionalidade de cada movimento (ideomotricidade), assim como, das emoções. A psicomotricidade é, portanto, decorrente de uma integração gnosico práxica e tônico emocional, isto é, da associação existente en- tre o movimento corporal e as expressões imaginário-simbólicas que dão significado ao corpo, na sua relação dialética com os outros e com os objetos (POTEL, 2010). E nessa dialética emergem contextos que nos possibilitam identificar os aspectos que solicitam um olhar mais atento no desen- volvimento do individuo. Desta forma, os conhecimentos acerca da psi- comotricidade nos ajudam a compreender com maior abrangência e consistência os elementos que levam a determinados comportamentos. Segundo Toledo (2019), ao destacar a expressão corporal: O desenvolvimento da linguagem corporal estimula o processo de afirma- ção da personalidade, bem como sensibiliza e conscientiza o indivíduo 41 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S em relação ao seu próprio corpo, tanto no que diz respeito à sua movi- mentação quanto à sua expressividade. Contudo o profissional que esta diante de contexto educacio- nal deve saber identificar os elementos psicomotores e qual estágio as crianças se encontram para um plano de intervenção que atinja os obje- tivos. Neste caso, independente dos protocolos validados, os elementos psicomotores podem ser norteadores para uma avaliação no momento da brincadeira. Ao identificar as necessidades de desenvolvimento, o profis- sional é capaz de elaborar estratégias ou mesmo de aprofundar sua avaliação de forma mais sistemática para alcançar o desenvolvimento daqueles elementos. Muitos estudos mostram que crianças com idade escolar primária com Dificuldades de Aprendizagem apresentam um de- sempenho pior do que crianças com desenvolvimento típico em habilidades motoras grossas, habilidades motoras finas e habili- dades de controle de objetos. Segundo Fernandes, Filho e Resende (2018), a relevância está em saber como a criança vivencia essas atividades lúdicas em relação; saber como esse jogo-em-relação lhe permite adquirir a consciência do seu próprio corpo, de um corpo que está separado do outro; saber como o jogo possibilita à criança adquirir a consciência da sua identidade e sentir que o corpo lhe pertence. Entretanto ao se tratar de dificuldades de aprendizagem asso- ciadas a distúrbios e transtornos o educador ou do profissional tem em vista o desafio de compreendê-lo e buscar nas estratégias psicomoto- ras recursos que auxiliem o seu trabalho. Nessa perspectiva, os problemas de aprendizagem podem estar relacionados a diversos aspectos da vida de qualquer criança. Segundo Fonseca (2007), as crianças ou os jovens privados ou muito desfavorecidas sócios culturalmente, por exemplo, apresentam muitas dificuldades de aprendizagens por outras razões que não biológicas ou neurológicas, mas essencialmente por razões do tipo psicossocial que acabam por interferir, dialeticamente, com aquelas. Nesse sentido, a avaliação do profissional deve identificar se aquelas dificuldades são compatíveis com aquela fase e qual contexto 42 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S está inserido essa criança. Portanto, quanto mais cedo for à identifica- ção dos sinais, maiores chances de estruturar caminhos mais eficazes para aprendizagem destas crianças. Vale lembrar que a avaliação e diagnóstico deve ser feita por um profissional habilitado munido dos co- nhecimentos necessários. Segundo Fernandes, Filho e Resende (2018), o terapeuta deve participar dos jogos de imaginação da criança, aprender a escutá-la, receber o que ela oferece estar disponível para ser e estar com ela, e utilizar a sua criatividade para sugerir a inclusão de novos elemen- tos lúdicos. A sua presença atenta e participativa no jogo proposto pela criança permite que ela experimente a capacidade de ser autônoma, de ser eficaz e ter confiança em si própria; e, se lhe for permitido realizar o que deseja e o que gosta de fazer, sentir-se-á valorizada e competente nas atividades que realiza. O jogo livre é fundamental para o desenvolvimento do pensa- mento, pois a criança, ao ter liberdade de fazer o que deseja, pensa nas funções que gostaria de dar aos objetos, o que permite desenvolver a capacidade em criar, recriar e, simultaneamente, ter o prazer em decidir e pensar. Por meio desta relação dialética, pela qual o adulto deixa fluir o desejo da criança, o jogo psicomotor abre caminho para a construção de uma relação afetiva em que a criança reconhece o outro como par. Quando a criança parte do seu desejo, tendo ela a iniciativa e o outro lhe serve de par, abre-se espaço para uma relação empática que concede ao adulto o direito de assumir, aos poucos, a iniciativa dentro do jogo e, posteriormente, a proposição de novos jogos. Porém, os primeiros sinais podem e devem ser identificados inclusive pelos pais e outros membros da família, pois estes também se manifestam em outros ambientes (FONSECA, 2007). De acordo com a literatura (FONSECA, 2004; LERNER, 2003; JANSKY, 1972), os principais sinais de Dificuldades de Aprendizagem apontados são: • Esquecimento; dificuldades de expressão linguística; • Inversão de letras (escrita do nome em espelho); • Dificuldades em relembrar as letras do alfabeto; • Dificuldades em recuperar a sequência das letras do alfabeto; • Se há alguma história de Dificuldades de Aprendizagem na família; • Dificuldades psicomotoras (tonicidade, postura, lateralidade, somatognosia, estruturação e organização do espaço e do tempo, rit- mo, práxia global e fina, lentidão nas autossuficiências); • Dificuldades nas aquisições básicas de atenção, concentra- ção, interação, afiliação e imitação; 43 A V A LI A Ç Ã O E IN TE R V E N Ç Ã O P SI C O M O TO R A - G R U P O P R O M IN A S • Confusão com pares de palavras que soam iguais (por exem- plo: nó-só; tua-lua, vaca-faca; etc.); • Dificuldade em nomear rapidamente objetos e imagens; • Dificuldades em reconhecer e identificar sons iniciais e finais de palavras simples; • Dificuldades em juntar sons (fonemas) para formar palavras simples; • Dificuldades em completar palavras e frases simples; • Dificuldades em memorizar e reproduzir números, sílabas, palavras, pseudo palavras, frases, pequenas histórias, lengalengas etc. Neste momento ao identificar uma dificuldade de aprendizagem o profissional dispõe de uma ferramenta imprescindível que são os conhe- cimentos da psicomotricidade, principalmente em se tratando de crianças. Segundo Velasco (2018), a psicomotricidade tem uma pers- pectiva holística e global, de entendimento da pessoa humana e das possibilidades adequadas de intervenção. Sua objetividade é o caminho da construção da consciência e da identidade psico-corporal. Sendo assim, a psicomotricidade é capaz de promover o de- senvolvimento em qualquer fase da vida principalmente se considerar- mos que o movimento é a primeira forma que o ser humano tem de ser e estar no mundo. De acordo com Slobin in Fonseca (1995), a ação é o primei- ro pressuposto universal da comunicação, devido à mesma preceder a linguagem em termos filogenéticos e ontogenéticos. Ou seja, antes da linguagem falada, o gesto prepara a palavra, a emoção precede a co- municação, a comunicação não verbal dá origem à comunicação verbal. Trata-se de uma hierarquia e consequentemente de uma pré-estrutu- ração neurobiológica (MYKLEBUS, 1968, 1975, 1978; LENENBERG, 1967; FONSECA in FONSECA, 1995). Diferentes definições vêm sendo utilizadas para nomear este perfil, tais como faltam de jeito, dificuldade psicomotora, dis- praxia, inaptidão, disfunção cerebral mínima e TDC (Transtorno do Desenvolvimento