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Transexualização e Direitos Fundamentais

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5
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
UNICID
GRADUAÇÃO EM DIREITO
ALINE RAMOS DA SILVA. RGM: 21258686
JULIANA RIBEIRO DA SILVA. RGM: 21083681
TRANSGENITALIZAÇÃO
SÃO PAULO
2019
ALINE RAMOS DA SILVA. RGM: 21258686
JULIANA RIBEIRO DA SILVA. RGM: 21083681
TRANSGENITALIZAÇÃO
Monografia apresentada para obtenção da avaliação parcial bimestral da disciplina Direito Privado I – Professora Daniela Perez
SÃO PAULO
2019
ALINE RAMOS DA SILVA. RGM: 21258686
JULIANA RIBEIRO DA SILVA. RGM: 21083681
TRANSGENITALIZAÇÃO
Monografia apresentada para obtenção da avaliação parcial bimestral da disciplina Direito Privado I – Professora Daniela Perez
Nota:
______________________________________
SÃO PAULO
2019
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo demonstrar como os transexuais tem seus direitos garantidos, mesmo sendo muito burocrático, a pessoa trans consegue hoje em dia realizar uma cirurgia de redesignação de sexo e alterar o nome civil, afim de adequar o sexo físico ao sexo psicológico. O que era tratado como crime, hoje em dia é um direito garantido e deve ser respeitado, muitas mudanças ainda devem existir para igualar o direito do transexual ao de todos. 
A cirurgia de redesignação sexual pode ser realizada através do SUS, existem algumas exigências para resguardar as pessoas que tem tendência ao arrependimento, esta cirurgia é irreversível e o processo é muito burocrático para reverte-la. 
Palavras-Chave: Cirurgia de Redesignação Sexual, Nome Civil, Direito da Personalidade.
SUMÁRIO
Introdução	5
Capítulo 1 - A dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais	6
Capítulo 2 - Conceito simples de transgênero	7
Capítulo 3 - Determinação do sexo	8
Capítulo 4 - Cirurgia de transgenitalização	9
Capítulo 5 - Transexualismo e Direitos da Personalidade	11
Capítulo 6 - Mudança de nome (Registro Civil)	12
Conclusão	15
Bibliografia	16
Anexo I – ADI 4275/DF
Anexo II – RE 670.422/RS
INTRODUÇÃO
O trabalho discorre sobre os direitos fundamentais e obrigação do ser humano, neste caso em específico os transgêneros, pessoas que necessitam de ajuda para poder ser quem elas são de fatos. O Código Civil e a Constituição Federal apesar de assegurar os direitos de todos ainda tem certas dificuldades em aspectos fundamentais para essas pessoas, como a cirurgia de redesignação de sexo, o próprio SUS faz, mais é um processo muito demorado e de difícil acesso, e prejudica a própria saúde pública dos transexuais.
A transexualidade é um transtorno de identidade de gênero, onde há uma incompatibilidade entre o sexo biológico e o sexo psicológico, que gera um grande desconforto para a pessoa transexual. Atualmente vários direitos foram adquiridos nesse aspecto, como a cirurgia de redesignação de sexo e a alteração do nome e do gênero no Registro Civil, para que a pessoa trans não passe por situações vexatórias e que firam a sua dignidade.
No decorrer do trabalho apresentaremos o conceito de transgênero e seus direitos fundamentais como ser humano com base em autores renomados, na Constituição Federal, nos códigos, nas leis existentes e na jurisprudência. Com foco na redesignação de sexo e na mudança do Registro Civil.
CAPÍTULO 1 - A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Muitos direitos básicos do cidadão (direitos fundamentais) são relacionados ao princípio da dignidade da pessoa humana, principalmente os direitos individuais e coletivos e os direitos sociais. O respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos é essencial para garantir a existência da dignidade. E é justamente por esse motivo que a dignidade da pessoa humana é reconhecida como fundamental pela Constituição Federal.
Os direitos individuais e coletivos são os direitos básicos que garantem a igualdade a todos os cidadãos. São alguns mais importantes:
⦁	Direito à vida;
⦁	Direito à segurança;
⦁	Igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres;
⦁	Liberdade de manifestação do pensamento;
⦁	Liberdade de crença em sua religião.
Também são direitos individuais e coletivos: proteção da intimidade, liberdade para o trabalho, liberdade de locomoção e liberdade de exercer atividades artísticas ou intelectuais.
	Já os direitos sociais são os direitos relacionados ao bem-estar do cidadão. São alguns exemplos:
⦁	Direito à educação e ao trabalho;
⦁	Garantia de acesso à saúde, transporte, moradia, segurança, previdência social;
⦁	Proteção dos direitos trabalhistas;
⦁	Proteção às crianças, à maternidade e aos mais necessitados.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. (BRASIL, 2019)
Segundo o artigo 5º da constituição todos são iguais perante a lei sem diferenças de cor, sexualidade, homens, mulheres, temos que valorizar os nossos direitos e deveres como cidadão e respeitar as pessoas como elas independente de como isso são coisas que junto com a constituição e tratados internacionais nos trazem com clareza e persuasão.
CAPÍTULO 2 - CONCEITO SIMPLES DE TRANSGÊNEROS
Transgêneros é uma pessoa que nasceu com determinado sexo biológico, e não se identifica com o seu corpo. Um exemplo é o indivíduo que nasceu com genitália masculina, cresceu com as transformações causadas pelos hormônios masculinos, mas sua identificação é com o físico feminino.
Dentro dos transgêneros, estão inclusos os transexuais e as travestis. O (a) transexual pode ser homem ou mulher que se identifica com o gênero oposto. 
Segue a definição de gênero, segundo Choeri,
O gênero é uma identidade socialmente construída, à qual os indivíduos se conformam em maior ou menor grau. O gênero, embora ligado ao sexo, não lhe é idêntico, mas construído socialmente, a partir das diferenças percebidas entre os sexos e de comportamentos coletivamente determinados, engendrados e reproduzidos no interior das instituições sociais, como a Família, a Escola e a Igreja. É também o primeiro modo de dar significado às relações de poder. (CHOERI, 2004, p. 53).
Muitos transexuais sentem como se tivessem nascido em um corpo errado. Para adequarem-se ao gênero com o qual se identificam, essas pessoas fazem tratamentos hormonais para alcançar a aparência desejada, modificar a voz e, com autorização psiquiátrica, realizar a cirurgia de redesignação sexual e outras intervenções cirúrgicas que forem necessárias. 
No caso dos transexuais femininos, o tratamento visa, segundo Costa e Mendonça:
Aumento das mamas e da aréola dos mamilos, pele mais macia, redistribuição da gordura corporal, diminuição da agressividade, diminuição de ereções espontâneas, diminuição do volume testicular e diminuição da pilificação corporal. (COSTA; MENDONÇA, 2009, p. 118).
No caso dos transexuais masculinos o tratamento visa:
A interrupção dos ciclos menstruais, atrofia da mama, engrossamento da voz e aumento da pilificação corporal, do clitóris, da proeminência laríngea e da libido, redistribuição da gordura corporal e aumento da massa muscular. (COSTA; MENDONÇA, 2009, p. 113).
CAPÍTULO 3 - DETERMINAÇÃO DO SEXO
O conceito de sexo requer uma análise psicológica. São vários fatores que influenciam na determinação do sexo de um indivíduo, existem os de ordem biológica e os psicossociais. Existem autores que defendem a determinação do sexo com base em critérios apenas de ordem biológica, já há muitos anos, a maioria da doutrina defende a conjugação de inúmeros fatores para a sua determinação. 
Segundo Oliveira, um início de possível conceito de sexo é dado pelos psicanalistas que, de um modo geral, entendem que sexo resulta do equilíbrio dinâmico de fatores físicos, psicológicos e sociais. 
De acordo com Choeri, a determinação do sexo do ser humano surge através de diversos fatores de ordem física, psíquica e social. Deve existir um equilíbrio entre eles em um indivíduo tido como normal.
Atualmentevem sendo admitida a mudança do nome e do sexo jurídico, no caso dos transexuais, já que normalmente eles se apresentam com nomes diversos dos que constam de seus registros. Segundo Choeri, o sexo legal é determinado a partir de características morfológicas, principalmente pela aparência externa da genitália, que quase sempre irá corresponder ao sexo biológico. No caso dos intersexuais, essa correspondência poderá não existir, em razão da existência de conflito entre a genitália externa e os órgãos sexuais internos ou de sua aparência confusa. No caso dos transexuais, o sexo legal irá corresponder com o biológico, mas será diferente do sexo psicossocial e do papel de gênero desempenhado pelo indivíduo. 
CAPÍTULO 4 - CIRURGIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO
Segundo a Resolução nº 1.652, de 2002, revogada pela Resolução nº 1.955/2010, do Conselho Federal de Medicina, que dispõe sobre a cirurgia de transgenitalização e informa que: "Considerando o paciente transexual portador de desvio psicológico permanente de identidade sexual, com rejeição do fenótipo e tendência à automutilação e ou autoextermínio". (CFM, 2019)
Para se definir o transexualismo é preciso seguir alguns critérios para o diagnóstico: A pessoa deve sentir desconforto com o sexo anatômico de origem, deve sentir um desejo de eliminar os genitais e ter o do sexo oposto desejado, deve ter esses distúrbios de forma contínua por mais de dois anos e deve ter ausência de transtornos mentais.
Considerando que a cirurgia de transformação da genitália externa, interna não constitui crime de mutilação, previsto no artigo nº 129 do Código Penal, que dispõe sobre ofender a integridade corporal. Essa cirurgia tem um propósito terapêutico e com o objetivo de adequar o sexo físico ao psíquico.
A seleção do paciente para realizar a cirurgia deve obedecer alguns critérios, como: Diagnóstico médico de transgenitalização, ser maior de vinte e um anos, discute-se a possibilidade de ser alterada para dezoito anos, e ter ausência de características físicas inapropriadas para a cirurgia. O paciente será avaliado por especialistas, sendo eles o médico psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social, por dois anos. E para a realização da cirurgia o local também deve obedecer alguns critérios, como: os profissionais devem ser devidamente registrados no Conselho Regional de Medicina.
A saúde é um direito fundamental do ser humano, assim como cita o art. 2º da lei nº 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde) “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício” (BRASIL, 2019). E segundo a Constituição Federal, nos artigos 196 a 198 estabelece os princípios a cobertura universal e da integralidade da assistência do SUS, de forma a garantir a todos os brasileiros o direito ao atendimento completo, independente do problema de saúde em questão. Visto que a saúde é direito de todos e a transexualidade considerada uma patologia a cirurgia de mudança de sexo em pacientes transexuais deveria estar na lista de procedimentos médicos do SUS. No Brasil não havia legislação específica sobre a possibilidade de realização de cirurgias de transgenitalização custeadas pelo Poder Público, apenas a resolução nº 1.652/2002, do Conselho Federal de Medicina que estabelece regras sobre o tratamento médico e psicológico da patologia. 
Um avanço legislativo foi a Portaria nº 1.707/ 2008, revogada pela Portaria nº 2.803/2013 (Brasil, 2019), que versa sobre a implantação no SUS de cirurgias de redesignação sexual. As regulamentações deste procedimento estão inseridas no contexto da Política Nacional de Saúde Integral LGBT.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 2018 e divulgada pelo site G1, nos últimos dez anos após a Portaria nº 1.707/2008 do SUS, foram realizados 474 procedimentos cirúrgicos em transexuais na rede pública e muitos estão na lista de espera.
 
CAPÍTULO 5 - TRANSEXUALISMO E DIREITOS DA PERSONALIDADE
De acordo com Bittar, os direitos da personalidade são considerados essenciais para a dignidade humana, pois garante o respeito ao próprio ser, em todas as suas manifestações, sejam espirituais ou físicas.
Segundo Rizzardo, o direito da personalidade que vem com o nascimento são: intransmissíveis, irrenunciáveis, imprescritíveis e inegociáveis. São essenciais para a existência humana, nas suas relações com o Estado e com os seus bens. Tudo deve ter como meta maior o ser humano.
Borges pontua que os direitos da personalidade são próprios do ser humano, são eles: direito à vida, direito a integridade física e psíquica, direito a integridade intelectual, direito ao próprio corpo, direito ao nome, dentre outros.
São os direitos da personalidade essenciais para o ser humano, para que desfrute de uma vida com dignidade. Neste sentido a questão do transexual propicia uma discussão importante sobre os seus direitos.
 O homossexualismo, o travestismo e o transexualismo deixaram de ser considerados como estados de possessão diabólica, passando a ser classificados como doença. Hoje em dia a psicologia e a ciência jurídica já reconheceram inúmeros desdobramentos da personalidade humana, bem como o seu direito a um estudo específico. 
Transexual é o indivíduo que possui a convicção inalterável de pertencer ao sexo oposto ao constante em seu Registro de Nascimento, reprovando veementemente seus órgãos sexuais externos, dos quais deseja se livrar por meio de cirurgia.
Segundo uma concepção moderna o transexual masculino é uma mulher com corpo de homem. Um transexual feminino é, evidentemente, o contrário. São, portanto, portadores de neurodiscordância de gênero. Suas reações são, em geral, aquelas próprias do sexo com o qual se identifica psíquica e socialmente. Culpar este indivíduo é o mesmo que culpar a bússola por apontar para o norte. (VIEIRA, 2004. p.4).
CAPÍTULO 6 - MUDANÇA DE NOME (REGISTRO CIVIL)
O nome constitui um dos direitos da personalidade, para o transexual usar o nome de origem é constrangedor, visto que ele não se considera com o sexo de nascimento e sofre constantes repressões. Segundo (Vieira, 2008, p, 187), "O nome existe para identificar a pessoa e não expô-la ao cômico, ao grotesco". Hoje em dia o transexual tem direito a alteração do nome do registro civil, sem a necessidade de realizar a cirurgia de redesignação de gênero. Segundo Rodotà:
As modificações podem ser consideradas necessárias ao interessado para ‘estar bem consigo mesmo’, o que se torna legítimo em face da livre construção da personalidade. A construção da identidade poderá significar até uma mudança dos aspectos físicos do corpo. Aqui podem assumir decisiva relevância modelos culturais preponderantes que exasperam a função comunicativa do corpo, incentivando, por exemplo, o recurso à cirurgia estética e consequentemente as intervenções habituais de manutenção do corpo. A má-aparência pode ser tecnicamente melhorada, sendo esta, até, uma das exigências mais antigas e essenciais para o acesso ao mercado de trabalho. Outras intervenções são bem mais drásticas e dramáticas, como no caso do transexualismo. Em diversos países é admitida a redesignação sexual que, todavia, exigirá a realização de genitoplastia capaz de alterar características físicas, sendo este requisito necessário para a alteração de estado no registro civil e, também, para se apresentar socialmente fazendo-se coincidir sexo legal, físico e psicológico. Entendo, contudo, que para estabelecer esta harmonia entre vida, corpo e direito, não é obrigatório passar por dolorosa, irreversível e psicologicamente pesada experiência de modificação das características sexuais. Para a reconciliação entre a percepção de si e a identidade sexual pode ser suficiente um procedimento unicamente jurídico formal de alteração do nome e do sexo no registro civil, permitindo a alguém apresentar-se socialmente em conformidade com o sexo psicológico (esta a proposta de reforma anunciada pelo governo espanhol). Um direito generoso no lugar de um direitocruel, que subordina o reconhecimento da identidade sexual ao sacrifício de uma parte do corpo. (RODOTÀ, 2006, p. 88).
O direito ao nome está descrito na Lei dos Registros Públicos (Lei 6.015/1973) e no Código Civil, nos artigos 16º, “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”, no artigo 17º, “O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória”, no artigo 18º, “Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial”, e por fim no artigo 19º, "O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome".
O Supremo Tribunal Federal (STF) aplicou o seu entendimento com base na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4275, cujo acordão encontra-se em anexo neste trabalho, que dispõe sobre a alteração do registro civil para os transgêneros, no caso de uma pessoa transgênero. Este caso deu provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 670422, que também encontra-se em anexo neste trabalho, e teve como proposta aprovada pelo Plenário nos seguintes termos:
⦁	O transgênero tem direito a alteração do prenome e de gênero no registro civil, que poderá ser feita por via judicial ou por via administrativa.
⦁	Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
⦁	Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, e será proibido a expedição de certidão de inteiro teor sem consentimento do interessado, somente se for determinação judicial.
⦁	O procedimento feito por via judicial, caberá o magistrado expedir mandados específicos para alteração dos outros registros públicos e privados, e deverá ser mantido sigilo sobre a origem dos atos.
	O requerimento de alteração do nome deve ser feito diretamente ao registrador civil. Existem alguns requisitos a serem seguidos, como:
⦁	Ter idade superior a 18 anos;
⦁	Ter convicção, pelo menos 3 anos, de pertencer ao gênero oposto ao biológico;
⦁	Ter baixa probabilidade, de acordo com o pronunciamento do grupo de especialistas, de modificação da identidade de gênero.
CONCLUSÃO
De acordo com o trabalho realizado foi possível observar os direito do transexual, que vem mudando aos poucos e garantindo a dignidade das pessoas que não se sentem bem com o corpo, gênero de nascimento e registro civil. Existem magistrados que discordam da alteração de registro civil para quem não realizou a cirurgia de redesignação de sexo e há outros que aprovam, neste contratempo muitas pessoas trans estão buscando realizar essas alterações, que ainda são extremamente burocráticas e muitos acabam por desistir.
A cirurgia de transgenitalização ou redesignação de sexo, que passou de crime de acordo com o Código Penal Brasileiro a parte do Sistema Único de Saúde - SUS. Visto que a transexualidade foi diagnosticada como patologia e a cirurgia como forma de amenizar o transtorno de gênero.
Todos esses fatores fazem parte do direito à dignidade do ser humano, de escolher a própria identidade, o próprio nome e evitar constrangimentos cotidianos. Segundo a Constituição Federal tem em seus artigos 1º, parágrafo III e artigo 3º, parágrafo IV, fundamentos essenciais para todos os cidadãos brasileiros, como: direito "a dignidade da pessoa humana" e "Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". O ser humano deve ser livre para escolher o que deseja, desde que previsto em lei, não sendo nada ilícito, o direito deve ser preservado.
	
	
BIBLIOGRAFIA
BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,1995, p. 01. 
BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Direitos da Personalidade e Autonomia Privada. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 21. 
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade e a Redesignação Sexual. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
CORDEIRO, F.A.V.; FERREIRA, S.A.; MIRANDA, M.G. Políticas Públicas: Abordagens acerca da alteração de nome e de gênero de pessoa trans. Revista da SJRJ, Rio de Janeiro, nov. 2018/ fev. 2019.
COSTA, E. M. F.; MENDONCA, B. B. Terapia Hormonal no Transexualismo. Separata de: VIEIRA, T. R.; PAIVA, L. A. S. (Org.). Identidade Sexual e Transexualidade. São Paulo: Roca, 2009. P. 111-123.
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de autodeterminação sexual: dignidade, liberdade, felicidade e tolerância. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.
 RIZZARDO, Arnaldo. Parte geral do código civil: lei n. 10.406, de 10.01.2002. 4 ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 
RODOTÁ, Stefano. La vita e le regole: tra diritto e non diritto. Millano: Feltrinelli, 2006.
VIEIRA, Tereza Rodrigues. Aspectos psicológicos, médicos e jurídicos do transexualismo. Psicólogo Informação, ano 4, n. 4, p. 74, jan./dez. 2004.
REFERÊNCIAS DE SITES
BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1989), Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, art. 5. Disponível em: <https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp>. Acesso em: 21 mai. 2019.
CAESAR, Gabriela. Quase 300 transgêneros esperam cirurgia na rede pública 10 anos após portaria do SUS. Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/08/19/quase-300-transgeneros-esperam-cirurgia-na-rede-publica-10-anos-apos-portaria-do-sus.ghtml>. Acesso em 21 de maio de 2019.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, Resolução 1955/2010. Dispõe sobre a cirurgia de transgenitalismo e revoga a Resolução 1652/2002. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2010/1955_2010.htm> Acessado em: 21 mai. 2019.
KUMPEL, Vitor Frederico. Mudança de nome do transexual – o registro civil mais uma vez sob os holofotes do STF. Migalhas, 2018. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/Registralhas/98,MI276625,51045%20Mudanca+de+nome+do+transexual+o+registro+civil+mais+uma+vez+sob+o>. Acesso em: 21 mai. 2019.

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