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CC_CCJ03664_RESP

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TEORIA DO DIREITO PENAL - CCJ0366 
Título 
Caso Concreto 4 
Descrição 
Esta aula apresentaATIVIDADE DE CAMPO. Desta forma, você deverá ler o caso 
concreto constante no roteiro de estudos e responder às questões formuladas sobre ele. O 
seu professor estabelecerá a data de entrega deste caso concreto. 
Leia a notícia abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas 
Feminicídio também abrange mulheres transexuais, decide Justiça do DF 
Determinação se deu a partir de caso de vítima agredida em lanchonete, em Taguatinga, 
no ano passado. Suspeitos ainda serão julgados. 
Por Pedro Alves, G1 DF. 
Disponível em: <https://g1.globo.com/df/distrito-
federal/noticia/2019/08/09/feminicidiotambem-abrange-mulheres-transexuais-decide-
justica-do-df.ghtml>Atualizado em: 09/08/2019. 
Determinação se deu a partir de caso de vítima agredida em lanchonete, em Taguatinga, no 
ano passado. Suspeitos ainda serão julgados.A 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça 
do Distrito Federal (TDJFT) rejeitou recurso e manteve como tentativa de feminicídio um 
crime cometido contra uma mulher transexual. A decisão foi unânime. Os suspeitos ainda 
serão julgados pelo crime. Ao analisar o caso, o desembargador Waldir Leôncio Lopes 
Júnior entendeu que ?a imputação do feminicídio se deveu ao menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher trans da ofendida?. 
O caso 
A decisão foi tomada no caso da estudante Jéssica Oliveira, vítima de tentativa de 
homicídio em abril do ano passado. Ela foi agredida por quatro pessoas dentro de uma 
lanchonete, em Taguatinga.O crime foi registrado por câmeras de segurança (veja acima). 
As imagens mostram que a transexual foi atingida com socos e pontapés. Os suspeitos 
também usaram cadeiras e uma pedra de 3 quilos para agredir a vítima. À época, a Polícia 
Civil decidiu indiciar os criminosos por tentativa de feminicídio. Foi o primeiro caso 
envolvendo uma transexual a ser tipificado dessa forma no DF. 
Discussão na Justiça 
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) também denunciou os acusados pelo 
crime e a acusação foi aceita pela Justiça. Os agressores recorreram da decisão, sob o 
argumento de que não poderiam ser acusados de tentativa de feminicídio, já que a vítima 
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/08/09/feminicidio-tambem-abrange-mulheres-transexuais-decide-justica-do-df.ghtml
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/08/09/feminicidio-tambem-abrange-mulheres-transexuais-decide-justica-do-df.ghtml
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/08/09/feminicidio-tambem-abrange-mulheres-transexuais-decide-justica-do-df.ghtml
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/08/09/feminicidio-tambem-abrange-mulheres-transexuais-decide-justica-do-df.ghtml
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/08/09/feminicidio-tambem-abrange-mulheres-transexuais-decide-justica-do-df.ghtml
não é "biologicamente do sexo feminino". O MP, por sua vez, argumentou pela manutenção 
da denúncia, já que ?o crime foi praticado contra mulher por razões da condição de sexo 
feminino, em menosprezo e discriminação à condição de mulher?. 
"Dupla vulnerabilidade" 
Ao decidir sobre o caso, o desembargador Waldir Leôncio Lopes Júnior diz estar ciente da 
?polêmica que envolve a questão?. No entanto, segundo o magistrado, ?não se pode deixar 
de considerar a situação de dupla vulnerabilidade a que as pessoas transgêneros femininas, 
grupo ao qual pertence a ofendida, são expostas?. ?Por um lado, em virtude da 
discriminação existente em relação ao gênero feminino, e de outro, pelo preconceito de 
parte da sociedade ao buscarem o reconhecimento de sua identidade de gênero?, diz o 
relatório. 
Lei Maria da Penha 
Em maio do ano passado, o TJDFT já havia entendido que a Lei Maria da Penha também 
é válida para transexuais. Polícia registra sete casos graves de violência doméstica durante 
o fim de semana, em Rondônia. À ocasião, o tribunal julgou o caso de uma mulher trans 
que foi agredida pelo ex-namorado após passeio com as amigas. O ataque teria sido 
motivado por ciúmes. Segundo o entendimento dos desembargadores, "uma vez que se 
apresenta dessa forma, a vítima também carrega consigo todos os estereótipos de 
vulnerabilidade e sujeição voltados ao gênero feminino, combatidos pela Lei Maria da 
Penha." 
Ante o exposto, com base nos estudos realizados nas aulas 1 a 4, responda de forma objetiva 
e fundamentada às questões formuladas: 
a) Os desembargadores, ao considerarem uma mulher transexual como vítima de 
feminicídio se utilizaram de um recurso interpretativo ou integrativo? 
Diferencie interpretação analógica e analogia. 
RESPOSTA: 
 
Pelo que expõe o texto, foi utilizado o recurso interpretativo. Pois os magistrados 
entenderam que, pela tipicidade e características do crime, procurando todo o 
alcance da lei, poderiam caracterizar que a trans sexual feminina podia ser acolhida 
ao amparo da lei Maria da Penha. 
 
Interpretação analógica: 
 Quando a situação ou o caso apresentado não é previsto nas mais diversas 
situações da sociedade, então o exegeta procura ampliar o alcance da norma penal, 
utilizando de uma fórmula casuística que sirva de norte para se orientar para que 
possa interpretar o caso análogo descrito. 
 Geralmente os doutrinadores utilizam, como exemplo de fórmula casuística, 
o art. 121, § 2º, III, que nos diz: 
 “...com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum...” 
 
Analogia: 
 Recordo o art. 4º da LINDB que nos diz: 
 “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, 
os costumes e os princípios gerais de direito.” 
 O Direito brasileiro endente a analogia a forma de autointegração da norma, 
aplicando-se a uma hipótese não prevista em lei, mas, que dá para aplicar naquele 
caso que é semelhante. 
 Neste desenvolvimento surgem quatro tipos de analogias: 
 - Analogia legis ou legal: usa-se uma disposição legal para caso semelhante; 
 - Analogia juris ou jurídica: usa-se um princípio geral do direito para caso 
semelhante; 
 - Analogia in bonam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei em benefício 
ao réu; 
 - Analogia in malam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei prejudicial 
ao réu. 
 
b) A matéria trata de feminicídio tentado praticado por quatro jovens menores de 
18 anos. Caso a vítima viesse a falecer três meses após em decorrência das 
agressões sofridas, seria possível imputar tal delito aos envolvidos que tenham 
completado 18 anos antes do falecimento da vítima? 
RESPOSTA: 
 
O crime será inimputável, pois, a época do fato, eles ainda eram menores de 18 
anos, sendo, neste caso, alcançados pelo ECA. Seriam considerados relativamente 
incapazes no tempo do crime. 
Vejamos o que diz o art. 27 do nosso Código Penal: 
“Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos 
às normas estabelecidas na legislação especial.” 
Desta forma seria considerado ato infracional a conduta de crime ou contravenção. 
Como diz o art. 103, ECA, Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. 
A pena aplicada a este caso está prevista no então art. 121, ECA, Lei nº 8.069, que 
diz: 
“A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de 
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento.” 
E ainda prevê a liberação compulsória aos vinte e um anos de idade, como rege o 
parágrafo 5º ainda do mesmo artigo e lei supracitados. 
 
c) Caso a vítima viesse a falecer a caminho do hospital em decorrência da colisão 
da ambulância na qual se encontrava com um ônibus, o resultado morte seria 
imputado aos adolescentes? 
RESPOSTA: 
Não, pois deu-se em caso fortuito à ação dos infratores. Como nos diz o nosso 
Código Penal da seguinte forma: 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somenteé imputável a 
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
Sendo assim, poderiam ser imputados no crime tentado, mas, como não possuíam 
idade suficiente, como citado na questão anterior, ficam à disposição do ECA. 
 
d)Caso um policial estivesse presente no momento do crime e, por livre e 
espontânea vontade, decidisse não intervir na defesa da vítima, sua conduta teria 
relevância penal? 
RESPOSTA: 
Sim! O policial é o representante legal, portador da lei e da ordem naquele momento 
e tem a obrigação legal de agir. Caso estivesse sozinho ou em situação de 
desvantagem deve, imediatamente, resguardar-se e solicitar reforço urgente. 
O artigo 135 do nosso Código Penal é claro quando diz que: 
Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em 
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela 
Lei nº 12.653, de 2012). 
Vejamos também o que nos diz o artigo 13, § 2ª, do mesmo Código e suas alíneas: 
A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar 
o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
Podemos concluir então que a conduta do policial tem relevância penal sim. 
 
Ainda, com base no roteiro de estudos desta aula e dos estudos realizados, solucione a 
questão abaixo: 
(XXVIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) 
David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. Enquanto 
a filha brincava na piscina infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que 
sua amiga Carla, que estava no local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com 
Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha de David. Naquele momento, Vitor assumiu 
o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora apaixonada por Vitor, começou 
a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não atentando para as crianças 
que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo uma sucção 
que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê 
quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta 
fica emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da 
criança porque estavam de costas para a piscina conversando. Diante do resultado morte, 
David, Carla e Vitor ficam preocupados com sua responsabilização penal e procuram um 
advogado, esclarecendo que nenhum deles adotou comportamento positivo para gerar o 
resultado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que: 
A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e 
possuíam obrigação de agir na situação. (X) Correta. 
B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever 
legal de agir por ser pai da criança. 
C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o 
dever de agir. 
D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro.

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