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PRINCÍPIOS E CASO CONCRETO

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FACULDADE ESTÁCIO DO PARÁ – ESTÁCIO / FAP
CURSO DE DIREITO
ALUNOS: 	DORALICE PIRES SARMANHO
		GABRIELA RAMOS FRAZÃO RABELO 
		JOAQUIM JOSÉ ALVES PESSOA
		RIDHER NOGUEIRA SA
Apresentado na Faculdade Estácio do Pará, válido como requisito avaliativo da disciplina Teoria do Direito Penal (CCJ036), orientado e avaliado pela professora Luciana Correa Souza.
Belém/PA
2020
CASO 1 – PRINCÍPIO DA HUMANIDADE OU DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O princípio da humanidade não é exclusivo da área penal, porém tem sido aplicado com frequência em casos dessa natureza, servindo de fundamento para a solução de questões de grande relevância. Em seu artigo 1º, a Constituição Federal, cataloga a dignidade da pessoa humana como fundamento estruturante da Republica, ao lado da soberania (inciso I), da cidadania (inciso II), dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (inciso IV) e do pluralismo político (inciso V). 
Segundo o professor Nucci, o princípio da humanidade significa que o direito penal deve pautar-se pela benevolência, garantindo o bem-estar da coletividade, incluindo-se o dos condenados. Estes não devem ser excluídos da sociedade somente porque infringiram a norma penal, tratados como se não fossem seres humanos, mas animais ou coisas.
Por isso, estipula a Constituição que não haverá penas de morte (exceção feita à época de guerra declarada, conforme previsão do Código Penal Militar); de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; e nem penas cruéis (art. 5.º, XLVII), bem como que deverá ser assegurado o respeito à integridade física e moral do preso (art. 5.º, XLIX)
Além disso, o professor Capez afirma ser inconstitucional a criação de um tipo ou a cominação de alguma pena que atente desnecessariamente contra a incolumidade física ou moral de alguém (atentar necessariamente significa restringir alguns direitos nos termos da Constituição e quando exigido para a proteção do bem jurídico). Ainda assim, o princípio da humanidade decorre a impossibilidade de a pena passar da pessoa do delinquente, ressalvados alguns dos efeitos extrapenais da condenação, como a obrigação de reparar o dano na esfera cível, que podem atingir os herdeiros do infrator até os limites da herança (CF, art. 5o, XLV).
De acordo com esse princípio, a atuação estatal de prevenção e repressão à criminalidade, bem como a função Legislativa, encontra limites na dignidade humana, no tratamento digno que merece o cidadão, ainda que tenha infringido a lei.
Transcrevemos em seguida caso em que o Supremo Tribunal Federal proferiu decisão utilizando como fundamento o princípio da dignidade humana. Tal julgado é esclarecedor quanto ao alcance de referido princípio:
Artigo 149 do do Código Penal. Redução a condição análoga à de escravo. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais crime contra a coletividade dos Trabalhadores artigo 109 da Constituição Federal competência Justiça Federal recurso extraordinário provido a Constituição de 1988 traz um robusto conjunto normativo que Visa a proteção e efetivação dos direitos fundamentais do ser humano. A existência de trabalhadores a laborar sob escoltas, alguns acorrentados, em Situação de total violação da liberdade e da autodeterminação de cada um, configura crime contra a organização do trabalho. Quaisquer condutas que possam ser tidas como violadoras não somente do sistema de órgãos e instituições com atribuições para proteger os direitos e deveres do trabalhadores, mas também dos próprios trabalhadores, atingindo os em esferas que eles são mais claras, em que a constituição lhe confere a proteção máxima, se praticadas no contexto das relações de trabalho. Nesses casos, a prática do crime previsto no artigo 149 do Código Penal (redução a condição análoga à de escravo) se caracteriza como crime contra a organização do trabalho, de modo a atrair a competência da Justiça Federal (Art. 109 VI da Constituição) para processá-lo e julgá-lo. Recursos extraordinário conhecido e provido (STF, RE 398.041, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, julgado em 30-11-2006, Dje-241, divulgado 18-12-2008, publicado 19-12-2008, Ement. v. -02346-09, p. 02007, RTJ vol-00209-02, p. 869).
Deve, ainda, ser lembrado o famoso julgado do Supremo Tribunal de Justiça, no qual foi aplicado o princípio da dignidade como fundamento para determinar a conversão da prisão preventiva em domiciliar em relação a réus que, a falta de celas em prisões, estavam encarcerados em contêineres:
Prisão [preventiva]. Cumprimento (m contêineres). Ilegalidade (manifesta). Princípios e normas (constitucionais e infraconstitucionais). 1. Se usa container como cela, trata-se de uso inadequado, inadequado e ilegítimo, inadequado e ilegal. Caso de manifesta ilegalidade. 2. Não se admitem, entre outras penas, penas cruéis - a prisão cautelar mais não é do que a execução antecipada da Pena (Código Penal, Art. 42). 3. Entre as normas e os princípios do ordenamento jurídico brasileiro, estão: dignidade da pessoa humana, prisão somente com previsão legal, respeito à integridade física e moral dos presos presunção de inocência relaxamento de prisão ilegal, execução visando a harmônica Integração Social do condenado e do internado. 4. Caso, pois, de prisão e inadequada e desonrante; desumana também. 5. Não se combate à violência do crime com a violência da prisão. 6. Habeas corpus deferido, substituindo-se a prisão em container por prisão domiciliar, com extensão a tantos quantos - homens e mulheres - estejam presos nas mesmas condições. (STJ, HC 142.513/ES, Rel. Min. Nilson Naves, 6ā turma, julgado em 23-03-2010, DJe 10-05,2010).
Sendo assim, é evidente que o princípio em análise possui elevado nível de abstração, contudo, não tem sido tarefa árdua para o poder judiciário definir situações que ofendem a dignidade humana e que, portanto, devem ser corrigidas.
CASO 2 - FEMINICÍDIO TAMBÉM ABRANGE MULHERES TRANSEXUAIS, DECIDE JUSTIÇA DO DF.
Determinação se deu a partir de caso de vítima agredida em lanchonete, em Taguatinga, no ano passado. Suspeitos ainda serão julgados.
Por Pedro Alves, G1 DF. 
Disponível em: Atualizado em: 09/08/2019. 
Determinação se deu a partir de caso de vítima agredida em lanchonete, em Taguatinga, no ano passado. Suspeitos ainda serão julgados. A 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TDJFT) rejeitou recurso e manteve como tentativa de feminicídio um crime cometido contra uma mulher transexual. A decisão foi unânime. Os suspeitos ainda serão julgados pelo crime. Ao analisar o caso, o desembargador Waldir Leôncio Lopes Júnior entendeu que? a imputação do feminicídio se deveu ao menosprezo ou discriminação à condição de mulher trans da ofendida? 
O caso 
A decisão foi tomada no caso da estudante Jéssica Oliveira, vítima de tentativa de homicídio em abril do ano passado. Ela foi agredida por quatro pessoas dentro de uma lanchonete, em Taguatinga. O crime foi registrado por câmeras de segurança (veja acima). As imagens mostram que a transexual foi atingida com socos e pontapés. Os suspeitos também usaram cadeiras e uma pedra de 3 quilos para agredir a vítima. À época, a Polícia Civil decidiu indiciar os criminosos por tentativa de feminicídio. Foi o primeiro caso envolvendo uma transexual a ser tipificado dessa forma no DF. 
Discussão na Justiça 
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) também denunciou os acusados pelo crime e a acusação foi aceita pela Justiça. Os agressores recorreram da decisão, sob o argumento de que não poderiam ser acusados de tentativa de feminicídio, já que a vítima não é "biologicamente do sexo feminino". O MP, por sua vez, argumentou pela manutenção da denúncia, já que? o crime foi praticado contra mulher por razões da condição de sexo feminino, em menosprezo e discriminação à condição de mulher? 
"Dupla vulnerabilidade" 
Ao decidir sobre o caso, o desembargador Waldir Leôncio Lopes Júnior diz estar ciente da polêmica que envolve a questão. No entanto, segundo o magistrado, não se pode deixar de considerar a situação de duplavulnerabilidade a que as pessoas transgêneros femininas, grupo ao qual pertence à ofendida, são expostas. Por um lado, em virtude da discriminação existente em relação ao gênero feminino, e de outro, pelo preconceito de parte da sociedade ao buscarem o reconhecimento de sua identidade de gênero, diz o relatório. 
Lei Maria da Penha 
Em maio do ano passado, o TJDFT já havia entendido que a Lei Maria da Penha também é válida para transexuais. Polícia registra sete casos graves de violência doméstica durante o fim de semana, em Rondônia. À ocasião, o tribunal julgou o caso de uma mulher trans que foi agredida pelo ex-namorado após passeio com as amigas. O ataque teria sido motivado por ciúmes. Segundo o entendimento dos desembargadores, "uma vez que se apresenta dessa forma, a vítima também carrega consigo todos os estereótipos de vulnerabilidade e sujeição voltados ao gênero feminino, combatidos pela Lei Maria da Penha". 
Ante o exposto, com base nos estudos realizados nas aulas 1 a 4, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas: 
a) Os desembargadores, ao considerarem uma mulher transexual como vítima de feminicídio se utilizaram de um recurso interpretativo ou integrativo? Diferencie interpretação analógica e analogia.
Resposta: Foi utilizado um recurso integrativo (analogia), tendo em vista a falta de previsão no ordenamento jurídico brasileiro, tendo o membro do judiciário que remeter à analogia para o caso concreto em questão o feminicídio de pessoa transexual.
Interpretação analógica (intra legem): É a interpretação necessária a extrair o sentido da norma mediante os próprios elementos fornecidos por ela.
	Masson explica que ela é necessária quando a norma contém “uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica”.
Analogia É um processo de integração do direito, utilizado para suprir lacunas. Aplica-se uma norma existente para uma determinada situação a um caso concreto semelhante, para o qual não há qualquer previsão legal.
A diferença que uma está explicita na lei e outra está na interpretação do caso semelhante sem norma específica.
Doutrina:
Manual de Direito Penal – Parte especial – Rogério Sanches Cunha página 70.
A nosso ver, a mulher que trata a qualificadora é aquela assim reconhecida juridicamente. No caso de transexual que formalmente obtém o direito de ser identificado civilmente como mulher, não há como negar a incidência de lei penal porque, para todos os demais efeitos, esta pessoa será considerada mulher. A proteção especial não se estende, todavia, ao travesti, que não pode ser identificado como pessoa do gênero feminino. Se a Lei Maria da Penha tem sido interpretada extensivamente para que sua rede de proteção se estenda à pessoa que, embora não seja juridicamente reconhecida como mulher, assim se identifique, devemos lembrar que a norma em estudo tem natureza penal, e a extração de seu significado de ser balizada pela regra de que é vedada a analogia in malam partem. E, ao contrário do que ocorre com outras qualificadores do homicídio em que se admite a interpretação analógica, neste caso não se utiliza a mesma formula, nem há espaço para interpretação extensiva, pois não é o caso de ampliar o significado de uma expressão para se alcance o real significado da norma. Mulher, portanto, para os efeitos penais desta qualificadora, é o ser humano do gênero feminino. A simples identidade de gênero não tem relevância para que se caracteriza qualificadora.
Ressaltamos, por fim, que a qualificadora do feminicídio é subjetiva, pressupondo motivação especial: o homicídio deve ser cometido contra mulher por razões de condição de sexo feminino. Mesmo no caso do inciso I do §2°-A, o fato de a conceituação de violência doméstica e familiar ser um dado objetivo, extraído da lei, não afasta a subjetividade. Isso porque o § 2º-A é apenas explicativo; a qualificadora está verdadeiramente no inciso VI, que, ao estabelecer que o homicídio se qualifica quando cometido por razões de condição de sexo feminino, deixa evidente que isso ocorre pela motivação, não pelos meios de execução”
	
b) A matéria trata de feminicídio tentado praticado por quatro jovens menores de 18 anos. Caso a vítima viesse a falecer três meses após em decorrência das agressões sofridas, seria possível imputar tal delito aos envolvidos que tenham completado 18 anos antes do falecimento da vítima? 
Resposta: Caracteriza-se o crime de homicídio consumado quando a vítima, atingida por golpe não fatal, vem a falecer posteriormente.  Sendo assim, os acusados deveriam responder pelo feminicídio consumado. Entretanto no dia do fato, os autores da agressão são menores de dezoito anos e penalmente inimputáveis (art. 228 CF e art. 27 CP), ficando sujeitos às medidas especiais previstas no ECA (Lei 8.069/90).
Jurisprudência:
REVISÃO CRIMINAL - SENTENÇA CONTRÁRIA AO TEXTO EXPRESSO DE LEI - INIMPUTABILIDADE PENAL - RÉU MENOR DE 18 ANOS DE IDADE NA ÉPOCA DO CRIME - CIRCUNSTÂNCIA QUE ENSEJA A NULIDADE ABSOLUTA DO PROCESSO POR NÃO TER SIDO OBSERVADA PELO JUIZ - CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS DE OFÍCIO - INDENIZAÇÃO POR ERRO JUDICIÁRIO - NÃO CABIMENTO - PEDIDO REVISIONAL PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. Se na data do crime o réu possuía idade inferior a 18 anos, sendo então inimputável, é nulo o processo a que respondeu, devendo-lhe ser concedido 'habeas corpus' de ofício. 2. Não enseja direito à indenização se o réu concorreu para o erro judiciário, silenciando acerca de sua menoridade durante toda a instrução processual, mormente se estava assistido por advogado.
(TJ-PR - RVCR: 2978023 PR 0297802-3, Relator: Marcus Vinicius de Lacerda Costa, Data de Julgamento: 27/09/2006, 2ª Câmara Criminal em Composição Integral, Data de Publicação: DJ: 7232)
c) Caso a vítima viesse a falecer a caminho do hospital em decorrência da colisão da ambulância na qual se encontrava com um ônibus, o resultado morte seria imputado aos adolescentes? 
Resposta: Tendo em vista que a causa da morte seria o acidente ocorrido com a ambulância no caminho para o hospital e não pelas agressões ou vontades dos autores contra a vítima, ficaria caracterizada uma causa superveniente relativamente independente. Os acusados responderiam apenas pela tentativa de feminicídio. Entretanto os autores da agressão são menores de dezoito anos e penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas do ECA (Lei 8.069/90).
Código Penal
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
No caso concreto em questão, seria imputado o crime de tentativa de feminicídio aos adolescentes e homicídio culposo para o condutor da ambulância.
d) Caso um policial estivesse presente no momento do crime e, por livre e espontânea vontade, decidisse não intervir na defesa da vítima, sua conduta teria relevância penal.
Resposta: Sim, pois esses possuem um dever de agir ao se depararem com uma suposta ação delituosa, seria considerada omissão de socorro deixar de prestar assistência por sua obrigação de cuidado, proteção e vigilância, conforme previsto no art. 13, §2º, alínea “a” do CP.
		No caso concreto em questão devemos verificar a proporcionalidade o poderio de armamentos utilizados pelos agressores, que são levados em consideração pelo julgador, haja vista, um policial militar ter armamento para a contenção dos acusados, que eram menores, utilizaram de armamentos não letais.
Doutrina: 
Para a doutrina de Nucci, o dever do agente não se restringe ao seu horário de serviço, mas está obrigado a agir 24 horas por dia. Como se observa;
· Conferiu a lei a possibilidade de que qualquer pessoa do povo – inclusive a vítima do crime – prenda aquele que for encontrado em flagrantedelito (conceituando-o no art. 302), num autêntico exercício de cidadania, em nome do cumprimento das leis do País. Quanto às autoridades policiais e seus agentes (Polícia Militar ou Civil), impôs o dever de efetivá-la, sob pena de responder criminal e funcionalmente pelo seu descaso. E deve fazê-lo durante as 24 horas do dia, quando possível. Note-se o disposto no seguinte acórdão: 
TJSP: “A situação de trabalho do policial civil o remete ao porte permanente de arma, já que considerado por lei constantemente atrelado aos seus deveres funcionais” (HC 342.778-3, Jaú, 6.ª C., rel. Barbosa Pereira, 19.04.2001, v.u., JUBI 60/01). Quando qualquer pessoa do povo prende alguém em flagrante, está agindo sob a excludente de ilicitude denominada exercício regular de direito (art. 23, III, CP); quando a prisão for realizada por policial, trata-se de estrito cumprimento de dever legal (art. 23, III, CP).
Jurisprudência
Código Penal
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
SOLUCIONE A QUESTÃO ABAIXO: 
(XXVIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) 
David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. Enquanto a filha brincava na piscina infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que sua amiga Carla, que estava no local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha de David. Naquele momento, Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora apaixonada por Vitor, começou a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta fica emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança porque estavam de costas para a piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam preocupados com sua responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum deles adotou comportamento positivo para gerar o resultado. 
Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que: 
A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam obrigação de agir na situação. 
B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir por ser pai da criança. 
C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir. 
D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro.
COMENTÁRIO
	Crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão) são aqueles em que o tipo penal descreve uma conduta ativa, ou seja, uma ação. Nesse caso, o agente será responsabilizado por ter deixado de agir quando estava juridicamente obrigado a desenvolver uma conduta para evitar o resultado. Na omissão imprópria não se tem uma conduta descrita como omissiva, pois a omissão neste caso é somente a condição para que ocorra um fato típico descrito no Código Penal, ou seja, condição sem a qual o resultado previsto não teria ocorrido.
	A análise do elemento subjetivo, nos crimes omissivos por omissão, não é feita entre a omissão e o resultado, mas apenas no que concerne à própria omissão, ou seja, "compõe-se o dolo tão-somente do elemento intelectual de consciência da omissão e da capacidade de atuar para impedir o evento" (PRADO, Luiz Régis. Algumas Notas sobre a Omissão Punível apud Revista dos Tribunais, vol. 872, jun./2008. São Paulo: RT, 2008, p. 433).
	Carla e Vitor estavam na posição de garantidores de Vivi, mas deixaram de prestar a assistência necessária à menor, pois deveriam agir para evitar a ocorrência do resultado. Não deverão responder por ter causado o crime, mas por não impedi-lo, podendo fazê-lo e por consequência podem vir a ser indiciados pelo crime de homicídio culposo, enquadrado no art. 13, §2º do CP. David, não obstante, também seja garantidor, uma vez que é o pai da vítima, estava preso em uma sala e impossibilitado de agir.
CASO 3 - ANÁLISE DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DE GUSTAVO HENRIQUE BELLO CORREA NO QUE TANGE A LEGÍTIMA DEFESA
O Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor de GUSTAVO HENRIQUE BELLO CORREA, cunhado da apresentadora Ana Hickman, cuja vítima Rodrigo Augusto de Pádua, pelo crime previsto no artigo 121, caput, do CP.
Os fatos aconteceram no dia 21 de maio de 2016, por volta das 14h, no quarto n. 912 do Hotel Ceasar Business, localizado na Avenida Luiz Paulo Franco, n. 421, Belvedere, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Consta que a vítima era fã de Ana Hickman, tinha amor platônico pela apresentadora, que em razão desse exacerbado amor, a artista o bloqueou em redes sociais, deixando-o furioso, levando a vítima a premeditar crime contra a artista. Rodrigo alugou apartamento no mesmo local em que Ana Hickman estava hospedada. 
A vítima, munida de um revolver 38, rendeu o acusado nos corredores do hotel, ameaçando e obrigando a levar até o quarto da apresentadora, chegando lá rendeu a Ana Hickman e Giovana, esposa do réu, ordenou que os três sentassem na cama de costas para ele, após proferiu xingamentos ao artista e afirmou que tinham um caso amoroso. 
Com ânimos exaltados a vítima efetuou disparou contra a artista, porém, por falha na execução o tiro pegou em Giovana, que de imediato o réu entrou em confronto corporal que durou por intensos oito minutos tendo conseguido pegar o armamento da vítima e em virtude do medo, consternação, susto, fadiga pela luta corporal, como forma de sessar o perigo o réu desferiu dois disparos contra a vítima Rodrigo levando ao óbito.
Diante dos fatos, devemos observar alguns conceitos abordados na LIDE. Um deles, trata-se de legítima defesa que é uma modalidade de exclusão de ilicitude, isto significa que se um fato foi praticado em legítima defesa, sua ilegalidade vai ser retirada por força de lei. “A legítima defesa pode ser empregada para defender direito próprio ou de terceiros, tendo em vista que a proteção caíra ao bem jurídico da vítima ameaçado pelo agressor”. (CAROLINO, 2016).
De acordo com a norma penal, a legítima defesa ocorre quando a pessoa, em defesa própria ou de terceiros, utiliza-se moderadamente dos meios necessários para repelir uma injusta agressão. Assim, qualquer ato ameaçador direcionado a uma pessoa, que atente contra o direito dela ou de outros indivíduos, é considerado uma injusta agressão. 
Analisando o texto normativo extraímos as definições de seus elementos: 
a) agressão injusta (agressão é a conduta humana que põe em perigo um interesse juridicamente protegido); 
b) atualidade ou iminência (agressão atual é aquela que está acontecendo; iminente é aquela que, embora não ocorrendo, irá suceder quase que imediatamente); 
c) meios necessários (a legítima defesa é uma reação natural, é um instinto, e por isso a exigência de proporcionalidade é incompatível com o instituto); 
d) moderação (a moderação perdura enquanto durar a agressão. O momento em que o agente faz cessar a agressão contra ele praticada deve ser considerado como o marco para se auferir se a reação foi ou não moderada.), e 
e) direito próprio ou de terceiros (Permite-se, portanto, que direitos próprios e/ou de terceiros sejam legitimamente defendidos pelo agente).
Porém, o excesso de legítima defesa é a intensificação desnecessária de uma conduta inicialmente justificada. O excesso portanto pressupõe inexoravelmenteum início de situação justificante. O sujeito, em um primeiro momento, estava agindo sobre o manto de uma excludente, mas, em seguida, extrapola seus limites.
Tem prevalecido na doutrina o entendimento de que o excesso pode decorrer tanto da utilização de meios desnecessários, quanto da falta de moderação (sempre após o início acobertado pela excludente). Em tais casos, o art. 23, parágrafo único, do Código Penal estabelece que o agente responde pelo excesso.
É necessário entender que o excesso pode ser doloso, culposo ou exculpante. O excesso doloso descaracteriza a legítima defesa a partir do momento em que ocorre e o agente responde como incurso na forma dolosa da infração cometida. Deste modo, para haver o dolo deve existir a vontade, deve o agente ter a intenção de produzir o resultado criminoso. O mesmo ocorre no excesso na legítima defesa. Para o excesso ser considerado doloso o agente tem que, deliberadamente, se aproveitar da situação em que se encontra e agir impondo um sacrifício superior ao suficiente para proteger o seu direito ameaçado ou lesado.
Por sua vez, o excesso culposo (ou excesso inconsciente, ou não intencional) é aquele que deriva evidentemente de culpa em relação a moderação, e, para alguns doutrinadores também quanto a escolha dos meios necessários. Segundo Capez, o excesso ocorre quando o agente, diante do temor, aturdimento ou emoção provocada pela agressão injusta, acaba por deixar a posição de defesa e partir para o verdadeiro ataque, após ter dominado o seu agressor. Não houve intensificação intencional, pois o sujeito imaginava-se ainda sofrendo o ataque, tendo seu excesso decorrido de uma equivocada apreciação da realidade.
Além disso, o penalista Rogério Greco define excesso exculpante em “o que tem por finalidade afastar a culpabilidade do agente sob o argumento da inexigibilidade de conduta diversa”. E Capez, afirma que o excesso exculpante não deriva nem do dolo, nem da culpa, mas de um erro plenamente justificado pelas circunstâncias (legítima defesa subjetiva). Apesar de consagrada pela doutrina, tal expressão não é adequada, uma vez que não se trata de exclusão da culpabilidade, mas do fato típico, devido à eliminação do dolo e da culpa.
Por fim, o instituto da legítima defesa é muito complexo, e para que ele seja realmente configurado é necessário que estejam presentes todos os requisitos objetivos previstos no artigo 25 do Código Penal, conjuntamente com o requisito de ordem subjetiva, ou seja, com o conhecimento por parte do agredido da situação da injusta agressão e da necessidade da defesa. 
Ademais, diante dos fatos ocorridos e da base legal observada, há de se concluir que o réu agiu em estrita legítima defesa, uma vez que é uma linha tênue que separa a ação moderada de uma ação excessiva. Assim, afirmamos que GUSTAVO HENRIQUE BELLO CORREA, levado por fortes emoções do momento e pela agressão verbal da vítima desferido contra sua família, agiu moderadamente para se defender. Caso contrário, talvez, nem tivesse com vida no final do embate, o que leva a entender que o réu não agiu com dolo ou culpa. 
Cabe salientar que, momentos antes, o réu GUSTAVO HENRIQUE BELLO CORREA estava juntamente de sua mulher e sua cunhada sob a mira de um revólver, por mais de 20 minutos, sob forte tensão, sendo atacado por uma pessoa desiquilibrada e com risco de ser alvejado, agindo o réu dentro dos limites das causas de exclusão de ilicitude, pois utilizou o único meio que o dispunha para conter a vítima, onde não ficou comprovado o excesso culpável na legitima defesa.
O réu somente reagiu após ver sua companheira ser baleada, com isso entrou em luta corporal com a vítima por 8 minutos, onde o réu desarmou e desferiu dois tiros, levando à óbito. O laudo pericial fundamenta e esclarece a decisão judicial, a partir do momento em que a perícia conclui não houver sinal de WERKGAERTNER e que os disparos foram sequenciais contra a vítima, após forte luta corporal, concluiu o magistrado que se afasta a questão do excesso, pois na situação ficou comprovado que não poderia ter comportamento diferente a do réu.
Enfim, concordamos também que o número de disparos efetuados (três) não pode ser parâmetro para julgar se houve ou não excesso, uma vez que a luta corporal entre o réu e a vítima era, preponderantemente, uma luta pela vida. Nesse caso, Gustavo realmente não consegue ter discernimento para contar quantos disparos poderiam ser efetuados para que essa legítima defesa não fosse excessiva. Então, a lucidez evade-se e o instinto de defesa tem como prioridade a proteção e a eliminação da ameaça, sem dosar ou moderar o excesso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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