Buscar

AULAS_12 A TUTELA JURÍDICA DA POSSE

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

www.cers.com.br 
 
1 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
2 
A TUTELA JURÍDICA DA POSSE 
 
Prof. Cristiano Chaves de Farias 
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia 
Professor de Direito Civil do CERS 
 
1. A proteção penal possessória: o desforço incontinenti ou desforço imediato (a legítima defesa da posse) 
 
Autotutela da posse (exceção ao monopólio da Jurisdição). 
 
Hipótese de interpretação restritiva. 
 
Exigência dos requisitos da legítima defesa do Direito Penal: atualidade ou iminência, moderação no uso dos meios 
necessários... 
 
Art. 1.210, §1º, CC: “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria 
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à 
manutenção, ou restituição da posse.” 
 
Admissibilidade de defesa penal da posse pelo mero detentor (Jornada 493). 
Exigibilidade de que a atuação de mãos próprias seja de logo (interpretação restritiva). Não sendo REAÇÃO IME-
DIATA, necessária a propositura de ação (Jornada 495). 
Possibilidade de auxílio por terceiros (empregados, v.g.). 
Abuso do direito (excesso culposo) e responsabilidade objetiva de quem exerceu a legítima defesa da 
posse. 
 
2. A proteção civil possessória (os interditos possessórios) 
 
a) Tutela jurisdicional da posse: a defesa da posse e o procedimento especial de jurisdição contenciosa. 
 
As ações possessórias: reintegração de posse; manutenção de posse e interdito proibitório. 
 
Ações possessórias de força nova e de força velha. Mutação de procedimento, não de natureza da ação. 
 
Art. 558, nCPC: “Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II 
deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na 
petição inicial. 
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, 
o caráter possessório.” 
 
A fungibilidade. 
 
Art. 554, nCPC: “A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça 
do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados”. 
 
Ações possessórias Proteção preventiva e reparatória da posse 
Imissão na posse Conferir a posse a quem não a tem fatica-
mente 
Ação de dano infecto Proteção de um imóvel contra obra ou reforma 
em prédio vizinho que pode lhe causar dano 
Ação de nunciação de obra nova (CPC73, 
art. 934, sem procedimento especial no 
novo CPC) 
Proteção de um prédio para garantir seus di-
reitos de vizinhança, direitos condominiais e as 
posturas públicas (direito de construir) 
Ação de embargos de terceiros (nCPC 674) Proteção do titular contra uma indevida cons-
trição judicial (decisão) 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
3 
As ações afins, de natureza não possessória. Imissão na posse não é possessória (STJ, REsp. 1.126.065/SP). 
Dano infecto. Nunciação de obra nova. Embargos de terceiros. 
 
Especificidade do procedimento possessório. A liminar. 
 
A liminar nas ações de força nova. A possibilidade de concessão de tutela antecipatória nas ações possessórias de 
força velho (Jornada 238 / STJ, REsp.555.027/MG). 
 
Liminar contra a Fazenda Pública e a sua prévia audição. Inaplicabilidade da regra às empresas públicas e socie-
dades de economia mista. 
 
Impossibilidade de análise de provas sobre esbulho/turbação/ameaça em sede de recurso especial (STJ, AgRg no 
REsp 1.210.283/SC). 
 
Art. 561, nCPC: “Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III 
- a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, 
ou a perda da posse, na ação de reintegração.” 
 
Art. 562, nCPC: “Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição 
do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique 
previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. 
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a rein-
tegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.” 
 
Art. 563, nCPC: “Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou 
de reintegração.” 
 
Possibilidade de exigência de caução (garantia). Novidade do nCPC. 
 
Art. 559, nCPC: “Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado 
na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o 
juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser 
depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.” 
 
A audiência de mediação obrigatória nas ações possessórias de força velha por posse coletiva de terra. 
 
Art. 565, nCPC: “No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na 
petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da 
medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará 
o disposto nos §§ 2o e 4o. 
§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, 
caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo. 
§ 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada 
sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. 
§ 3o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação 
da tutela jurisdicional. 
§ 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito 
Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim 
de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para 
o conflito possessório. 
§ 5o Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.” 
 
Responsabilidade do autor de promover a citação do réu. Prazo para resposta. 
 
Art. 564, nCPC: “Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promo-
verá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 
(quinze) dias. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
4 
Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intima-
ção da decisão que deferir ou não a medida liminar.” 
 
Ordinarização do procedimento, após a apreciação do pedido de liminar. 
 
Art. 566, nCPC: “Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum.” 
 
b) A proibição da exceptio domini (Enunciados 78 e 79, Jornada Direito Civil) (nCPC 557/CC 1.210 e STF 487); 
 
STF 487: “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela dispu-
tada.” 
 
Art. 1.210, §2º, CC: “Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de 
outro direito sobre a coisa.” 
 
Art. 557, nCPC: “Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de 
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. 
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de 
outro direito sobre a coisa.” 
 
c) Cumulabilidade 
 
Art. 555, nCPC: “É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; 
II - indenização dos frutos. 
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: I - evitar 
nova turbação ou esbulho; II - cumprir-se a tutela provisória ou final.” 
 
Outras cumulações e o procedimento comum ordinário. 
 
d) Natureza dúplice e a
questão da reconvenção. Actio duplex. 
Necessidade de pedido pelo réu para convalidar a sua posse, pois a mera improcedência do pedido do autor não 
lhe é suficiente (STJ, RMS 20.626/PR). 
 
Art. 556, nCPC: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a 
proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo 
autor.” 
 
e) Intervenção do Ministério Público e da Defensoria Pública 
 
Art. 554, nCCP: “§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pes-
soas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital 
dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação 
de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.” 
 
f) A questão da cientificação nas ações possessórias em que há conflito coletivo por posse de terra 
 
Art. 554, nCCP: “§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes 
no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. 
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos 
respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da 
publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.” 
 
3. A responsabilidade civil do possuidor. 
 
Regra de responsabilidade subjetiva para o possuidor de boa-fé. 
 
Regra de responsabilidade objetiva com risco integral para o possuidor de má-fé. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
5 
Art. 1.217, CC: “O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der 
causa. 
 
Art. 1.218, CC: “O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, 
salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante”. 
 
4. Regime jurídico dos frutos. 
 
O possuidor de boa-fé e o direito à percepção de frutos. Exceção. 
 
O possuidor de má-fé e a ausência de direito à percepção de frutos. Exceção. 
 
Possibilidade de compensação. 
 
Art. 1.214, CC: “O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de 
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com ante-
cipação.” 
 
Art. 1.215, CC: “Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; 
os civis reputam-se percebidos dia por dia”. 
 
Art. 1.216, CC: “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos 
que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às 
despesas da produção e custeio.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
6

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais