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AULAS_12 PROCESSO ADMINISTRATIVO

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PROCESSO ADMINISTRATIVO 
 
 De início, na análise dos processos administrativos, ressalte-se que não há consenso na doutrina acerca de 
sua conceituação. No entanto, para fins teóricos, é relevante distinguir processos administrativos e procedimentos 
administrativos. Observe-se. 
• Processo administrativo – se configura por uma série concatenada de atos administrativos, respeitando uma 
ordem posta por lei, com uma finalidade específica, ensejando a prática de um ato final. 
• Procedimento administrativo – se traduz na forma pela qual os atos do processo se desenvolvem. O procedi-
mento é o rito respeitado pela Administração para se alcançar a finalidade do processo. 
 
 Importante ressaltar que essa distinção não tem relevância prática para provas objetivas de concursos, uma 
vez que as expressões são utilizadas na doutrina geral sem diferenciação. 
 Ademais, no Brasil, a coisa julgada administrativa define, somente, uma situação que não pode mais ser 
arguida e analisada em sede administrativa, mas que ainda pode ser objeto de recurso à esfera judicial. 
 
FINALIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO 
 
 A realização de processos administrativos inclui quatro finalidades básicas, apontadas pela doutrina majori-
tária quais sejam: o controle da atuação estatal, a realização da democracia, a redução dos encargos do Poder 
Judiciário e a garantia de uma atuação eficiente e menos defeituosa. 
 Destaca-se que alguns doutrinadores, ainda, definem que o processo também tem a finalidade de documen-
tar a atividade estatal. Observe-se um por um deles: 
 Instrumento de controle: A realização do processo divide o poder entre vários agentes públicos, evitando 
uma decisão tomada em um único momento, concentrada nas mãos de um único agente. Ademais, a reali-
zação do processo, de forma regular e em garantia ao princípio da publicidade, também imprime transparên-
cia à atividade administrativa, permitindo ao particular interessado ter acesso aos motivos pelos quais os atos 
foram praticados e todos os trâmites pelos quais passou sua formação. 
 Garantia da democracia: Instrumento hábil a impedir condutas arbitrárias pelo Poder Público. Sendo assim, 
o processo visa a impedir práticas administrativas viciadas e incompatíveis com o Estado democrático. 
 Diminuição de encargos: É sempre relevante comentar que os processos administrativos não substituem 
as demandas judiciais e nem coíbem sua provocação, no entanto, a possibilidade de solucionar a controvér-
sia, garantindo a pacificação social, sem a provocação do judiciário é inegável. 
 Aperfeiçoamento da atuação estatal: A dialética promovida pelo processo administrativo faz com que a 
atuação administrativa seja realizada de forma mais eficiente e isenta de defeitos, protegendo, não somente 
os interesses dos particulares, mas também garantindo o direito fundamental à boa administração pública. 
 Documentação da atividade estatal: Trata-se de garantia para fins históricos, efetivamente, haja vista a 
possibilidade de analisar-se como o Estado atuava em determinada sociedade, em um dado momento his-
tórico, o que, inclusive, serve como auxílio para os novos gestores. 
 
OBRIGATORIEDADE DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS 
 
 A doutrina moderna enxerga o processo administrativo prévio como condição para edição de atos administra-
tivos, mas não se confunde com o ato propriamente dito que surgirá após a realização do procedimento. De fato, não 
somente a doutrina, mas a jurisprudência dos tribunais superiores está orientada no sentido de que a validade dos 
atos administrativos que podem repercutir na esfera jurídica dos particulares está condicionada à prévia realização 
de processo regular, em que se respeite o contraditório e ampla defesa. 
 Desta forma, o processo se configura como um requisito para formação regular dos atos, além de representar 
uma garantia aos cidadãos e uma limitação à atividade estatal, evitando ou, ao menos, obstaculizando a prática de 
atos arbitrários e carentes de justificativa plausível embasada no interesse público. 
 Frise-se, por fim, que o processo é mecanismo da função administrativa e não do Estado somente e sua au-
sência enseja a nulidade do ato que dele deveria decorrer. 
 
PRINCÍPIOS APLICAVEIS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO 
 
 Indiscutivelmente, todos os princípios inerentes à atuação administrativa se aplicam aos processos adminis-
trativos. Dessa forma, a condução dos processos deve respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, publi-
cidade, moralidade e eficiência e todos os demais relacionados à atividade administrativa, sejam eles expressamente 
 
 
 
 
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3 
definidos ou implicitamente postos na Constituição Federal. 
 Todavia, cumpre tratarmos de determinados princípios específicos dos processos da administração pública, 
estampados, não somente na Carta Magna, mas também na legislação infraconstitucional que delimita as regras 
atinentes à matéria, que entendemos demandar uma análise mais cuidadosa. É o que se verá a seguir. 
 
 Princípio da Oficialidade: Ainda que o processo administrativo tenha se iniciado por iniciativa do particular, 
não depende da manifestação deste para seu impulso, ou seja, a movimentação do processo incumbe ao 
poder público que deve atuar independente de provocação do interessado. 
 
 Princípio do Devido Processo Legal: O texto constitucional, em seu art. 5º, LIV estabelece que “ninguém 
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Atualmente, é consenso entre os 
estudiosos da matéria que a norma constitucional posta é de eficácia plena e norteia a condução de todos 
os procedimentos a serem realizados, inclusive na esfera administrativa. 
 
 Princípio da Instrumentalidade das Formas: A forma é o instrumento para alcance dos objetivos do ato. Por 
isso, o vício de forma é sanável quando não gerar prejuízo, desde que mantido o interesse público face à 
aplicação do referido princípio. 
 
 Princípio do Informalismo ou Formalismo Necessário: Parte da doutrina trata da forma do processo admi-
nistrativo através da aplicação do princípio do “formalismo necessário” ao estabelecer que, em matéria 
processual, são obrigatórias as formalidades indispensáveis à segurança jurídica do cidadão que devem ser 
observadas pela Administração Pública na condução do feito, a despeito de não se poder exigir formalidades 
ao particular interessado no procedimento. 
 
 Princípio da Verdade Real: Os processos administrativos admitem todos os tipos lícitos de provas, apresen-
tados em qualquer fase do processo, ainda que após o encerramento da instrução, bem como admite a 
produção de provas realizadas, de ofício, pela própria Administração Pública condutora do feito. Isso tudo 
ocorre em respeito à busca pelo conhecimento do fato efetivamente ocorrido, a verdade absoluta. Frise-se, 
ainda, que a busca pela verdade terá que se adequar aos limites que são impostos pela limitada estrutura 
administrativa, bem como deve respeitar a razoável duração do processo em conformidade com o art. 5°, 
LXXVIII, da CF/88. 
 
 Princípio da Gratuidade: Os processos administrativos são gratuitos, não havendo cobrança de custas, emo-
lumentos ou ônus sucumbenciais aos particulares envolvidos. Nesse sentido dispõe o art. 2º, parágrafo único, 
XI, da lei 9.784/99, que é vedada à Administração Pública a cobrança de despesas processuais, ressalvadas 
as previstas em lei. 
 
 Princípio da Legalidade: Diferentemente do direito privado em que vigora o princípio de não contradição à 
lei, estipulando que o cidadão pode fazer tudo desde que não contrarie o texto legal, no Direito Administrativo 
vigora o princípio da subordinação à lei, ou seja, o administrador público só pode atuar quando a lei autorizar 
essa atuação. Não havendo previsão legal, está proibida a atuação do ente público. 
 
 Princípio da Motivação: É o dever imposto ao ente estatal de indicar os pressupostos defato e de direito que 
determinaram a prática dos atos administrativos. Dessa forma, a validade da atuação administrativa depende 
da apresentação formal dos fundamentos fáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada. Ademais, é 
importante ressaltar que de princípio implícito na Carta Magna, cujo fundamento, no âmbito federal, encontra-
se no art. 50 da Lei 9784/99 e que não se confunde com os motivos dos atos administrativos que são os 
elementos formadores da atuação. 
 
 Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa: Em síntese, é o direito conferido ao particular de saber o que 
acontece no processo administrativo ou judicial de seu interesse, bem como o direito de se manifestar na 
relação processual, requerendo a produção de provas e provocando sua tramitação (art. 5°, LV, CF/88). 
Importante informar que para que o contraditório seja exercido de forma regular, é indispensável o respeito 
ao princípio da igualdade na relação processual. 
Importante realizar algumas observações sobre este último princípio do contraditório e da ampla defesa. São elas: 
 
 
 
 
 
 
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1. Defesa Técnica: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a 
Constituição” (Súmula Vinculante n. 5). Resta aos particulares acusados em processos administrativos dis-
ciplinares a faculdade de se fazerem representar por advogado. 
 
2. Defesa Prévia: Somente em situações emergenciais, nas quais o interesse público esteja em perigo, se ad-
mite que a atuação administrativa anteceda a manifestação do particular. Imagine-se, por exemplo, que um 
prédio privado está em ruínas e prestes a desabar em frente a um mercado municipal, com o perigo de 
destruir toda a estrutura do mercado e causar a morte de centenas de pessoas. Nesse caso, é permitido ao 
poder público que tome as providências necessárias à demolição do prédio, sendo oportunizada, posterior-
mente, a defesa do proprietário (contraditório diferido). 
 
3. Duplo Grau de Julgamento ou direito ao recurso administrativo: Prerrogativa que possibilita a reanálise 
dos atos praticados pela Administração, por provocação do particular, com a finalidade de evitar que se 
perpetuem injustiças ou decisões ilegais. Neste sentido, é primordial trazer a baila o comando da Súmula 
Vinculante 21 do STF: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens 
para admissibilidade de recurso administrativo.” 
 
4. Direito de Informação: Configura-se corolário da garantia do contraditório o direito de todos os interessados 
de conhecer o conteúdo das decisões do processo, bem como de seus atos e das provas produzidas. Neste 
sentido, a Súmula Vinculante 3 informa que, no momento em que o Tribunal de Contas se manifesta contrário 
à aposentadoria pretendida pelo autor, ele não está desconstituindo garantia já consolidada em ato perfeito, 
estando, de fato, evitando a perfeição do ato, o que enseja a desnecessidade de garantia ao contraditório 
(ato complexo). 
 
PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL 
 
 No âmbito da União é a lei 9784/99 que estabelece todas as normas atinentes aos processos administrativos, 
sendo aplicável aos Estados ou Municípios em que não tenham legislação sobre a matéria conforme entendimento 
do STJ. 
 No entanto, toda vez que houver uma legislação específica tratando de determinado processo administrativo, 
a Lei 9784/99 será aplicada somente de forma subsidiária a este regramento. A aplicabilidade integral da lei ocorrerá 
nas situações em que não haja lei específica a regular o processo administrativo em curso. 
 Ademais, para aplicação de penalidades a servidores públicos, é imposta a aplicação da Lei 8112/90 que é a 
específica a regular tais procedimentos. Neste caso, a lei 9784/99 será utilizada subsidiariamente, para sanar as 
eventuais omissões da lei específica. 
 Por fim, além dos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, 
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência, o art. 2° da lei dispõe que serão obser-
vados, entre outros, os critérios de: I – atuação conforme a lei e o Direito; II – atendimento a fins de interesse geral, 
vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; III – objetividade no aten-
dimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV – atuação segundo padrões 
éticos de probidade, decoro e boa-fé; V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de 
sigilo previstas na Constituição; VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e 
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII – indicação 
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à 
garantia dos direitos dos administrados; IX – adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de 
certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X – garantia dos direitos à comunicação, à apresenta-
ção de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar 
sanções e nas situações de litígio; XI – proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas 
em lei; XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII – inter-
pretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada 
aplicação retroativa de nova interpretação. 
 
DIREITOS E DEVERES DOS PARTICULARES 
 
 O artigo 3º e seguintes da lei 9.784/1999 estabelecem os direitos e deveres dos administrados a serem defini-
dos no bojo de um processo administrativo, são eles: 
 
 
 
 
 
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 O inciso IV dispõe que a defesa por advogado é facultativa e garantida, se houver interesse do particular. 
 
 Os incisos II e III retratam os princípios do contraditório e ampla defesa ao garantir ciência ao particular dos 
atos do processo, bem como a obtenção de cópias de documentos neles contidos, além do conhecimento 
das decisões proferidas. No mesmo sentido, se garante o direito ao particular interessado de formular per-
guntas e produzir provas, e também apresentar documentos antes da decisão para serem analisados pelo 
órgão julgador. 
 
 O inciso I estampa o princípio da urbanidade, como garantia do cidadão interessado no procedimento, dis-
pondo que o particular deve ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o 
exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações. 
 
 Desta, observa-se este rol exemplificativo dos deveres do particular de expor os fatos conforme a verdade, 
proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé. 
 Importante informar, ainda, que terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedi-
mentos administrativos em que figure como parte ou interessado: idosos, assim considerada, para fins da lei, a pes-
soa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; pessoa portadora de deficiência, física ou mental; pessoa 
portadora de algumas doenças consideradas graves pela lei, quais sejam, tuberculose ativa, esclerose múltipla, ne-
oplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondi-
loartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte defor-
mante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em 
conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo. 
 
DA LEGITIMIDADE PROCESSUAL 
 
 São legitimadas como interessadas no processo administrativo quaisquer pessoas físicas ou jurídicas que o 
iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercíciodo direito de representação, bem como 
aquelas que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser 
adotada. 
 Ressalte-se ainda que podem apresentar-se como interessadas as organizações e associações representati-
vas, no tocante aos direitos e interesses coletivos, e as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto 
a direitos ou interesses difusos. 
 Por fim, deve também ficar demonstrada a capacidade processual, ou seja, ser maior de dezoito anos, ressal-
vada previsão especial em ato normativo próprio. 
 
INÍCIO DO PROCESSO 
 
 O processo administrativo será instaurado mediante portaria do órgão responsável, por provocação do inte-
ressado ou ex officio, por interesse da Administração Pública, em decorrência do princípio da autotutela. 
 Quando decorrer de iniciativa do particular, a provocação deverá ser feita por escrito e deve conter alguns 
dados obrigatórios, quais sejam, o órgão ou autoridade administrativa a que se dirige, a identificação do interessado 
ou de quem o represente, o domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações, a formulação do 
pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos e a data e assinatura do requerente ou de seu representante. 
Em situações excepcionais, a lei prevê que a provocação pode ser feita verbalmente. 
 O art. 6°, da Lei 9.784/99 assim dispõe: “É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de 
documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas”. 
 Ademais, admite-se que mais de um interessado formule pedidos idênticos, em um único documento formal, 
salvo disposição em contrário em leis específicas. 
 Por fim, a legislação dispõe que os órgãos e entidades da Administração Pública deverão elaborar modelos ou 
formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes. 
 
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA 
 
 A competência para prática dos atos administrativos deve ser definida em lei ou em ato administrativo geral, 
sendo tratada pela lei e doutrina como irrenunciável, imprescritível e insuscetível de prorrogação. Observe-se: 
 
 Imprescritível: Fica demonstrada pelo fato de não se extinguir com a inércia. 
 
 
 
 
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 Irrenunciável: Por estar definida em lei e não ser uma faculdade do agente, mas sim uma imposição legal, 
em respeito ao Princípio da Indisponibilidade do interesse público. 
 
 Improrrogável: Pelo fato de que o exercício de uma atividade pelo agente incompetente sem que haja qual-
quer requerimento de declaração de nulidade por interessados, não enseja a prorrogação desta competência, 
ou seja, a competência não se adquire pelo fato de estar sendo exercida sem oposição. 
 
Delegação e Avocação 
 
 Ademais, é admitida por lei a delegação e avocação da competência, desde que de forma temporária e excep-
cional, devendo ser justificadas. Frise-se que, a delegação de competência é ato discricionário representada pela 
extensão da competência efetivada de um agente competente para um outro de mesma hierarquia ou de hierarquia 
inferior, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Importante frisar que, 
em um ato de delegação, deve-se definir o tempo e a matéria a ser transferida de forma expressa e restrita. 
 A partir da leitura do art. 14, §3°, da Lei 9.784/99 e da Súmula n. 510 do STF fica claro que o agente delegado 
é a autoridade coatora em casos de impetração de mandados de segurança em face do ato praticado por delegação. 
Importante ressaltar que não podem ser objeto de delegação, conforme art. 13, da Lei 9.874/99: I – a edição de atos 
de caráter normativo; II – a decisão de recursos administrativos; III – as matérias de competência exclusiva do órgão 
ou autoridade. 
 De outro giro, avocação é a possibilidade conferida ao agente público de, em situações excepcionais, devida-
mente justificadas, tomar para si, temporariamente, a competência de agente subordinado. Saliente-se que o poder 
de avocação se sujeita às mesmas vedações da delegação. 
 
Do Impedimento e Suspeição 
 
 Estão impedidos de proferir decisão no processo aqueles agentes que tenham interesse direto ou indireto na 
causa, por qualquer motivo, ainda que tenha competência legalmente atribuída. Também estão impedidos de atuar 
no feito a autoridade que tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se 
tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau e por fim o agente que 
esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado no processo ou seu respectivo cônjuge ou compa-
nheiro. 
 A suspeição, por sua vez, diz respeito à possibilidade de haver favorecimento ou desfavorecimento deliberado 
de particulares por amizades ou inimizades com o agente público. 
 Frise-se que a omissão do dever de comunicar o seu impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplina-
res e o indeferimento da alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. 
 
DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
 O processo administrativo nada mais é senão uma série concatenada de atos dispostos por lei, com a finali-
dade de alcançar um resultado de interesse coletivo. 
 
 Forma, tempo e lugar dos atos processuais 
 Inicialmente, a lei, em observância ao princípio do informalismo, define que os atos do processo administrativo 
não dependem de forma determinada, salvo disposição legal em contrário, bem como define que tais atos serão 
realizados em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramita o feito e, preferencial-
mente, na sede do órgão, não obstante possam ser realizados em outro local, mediante prévio aviso ao particular 
interessado e possam ser concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento cause prejuízo à 
administração pública ou ao particular. 
 Ademais, o prazo genérico para a prática, pela administração ou pelo particular, de atos processuais, salvo 
disposição expressa em contrário, é de 5 (cinco) dias, ressalvadas razões de força maior. Mediante comprovada 
necessidade, é possível a prorrogação deste prazo por igual período. 
 
 Comunicação dos Atos Processuais 
 Como garantia dos princípios do contraditório e da ampla defesa, o interessado deve ser informado de todos 
os atos que sejam praticados no processo e intimado para realização de qualquer providência a ser adotada. 
 Nos moldes do artigo 26 da lei 9784/99, a intimação, para garantia dos interesses do cidadão deverá conter 
 
 
 
 
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necessariamente alguns requisitos, quais sejam, identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administra-
tiva, finalidade da intimação, data, hora e local em que deve comparecer, se o intimado deve comparecer pessoal-
mente, ou fazer-se representar, informação da continuidade do processo independentemente do seu compareci-
mento e indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. 
 É possível que a intimação seja feita por edital (publicação oficial) se os interessados forem indeterminados, 
desconhecidos ou com domicílio indefinido. 
 Ademais, por causa do princípio da verdade real dos fatos, o desatendimento da intimação não importa o 
reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. 
 Por fim, são objetos de intimação todos os atos do processo que resultem para o particular interessado em 
imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, 
desde que sejam de seu interesse. 
 
FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO 
 
 Desde que não haja regulamentação diversa em lei específica, o procedimento segue o trâmite que será ana-
lisado doravante: 
 
 Instauração: Mediante portaria do órgão responsável, por provocação do interessado ou ex officio, por inte-
resse da Administração Pública, em decorrência do princípio da autotutela. 
 
 Instrução Processual, Defesae Relatório: A fase instrutória é a fase de dilação probatória nos procedimen-
tos administrativos, em busca da verdade dos fatos, com vistas a obter uma decisão justa e devidamente 
fundamentada. Em decorrência do princípio da oficialidade, a produção de provas em processo administrativo 
pode ser feita pelo interessado ou pela própria administração pública, de ofício, independentemente de pro-
vocação do particular. 
 
o Cumpre ressaltar que não se admitem as provas obtidas por meios ilícitos, conforme explicitado na 
lei e no próprio texto constitucional. Ademais, os atos de instrução que exijam a atuação dos interes-
sados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. 
o Não obstante a possibilidade de produção de provas, sem provocação, o ônus da prova é distribuído 
entre as partes no processo, cabendo ao interessado provar todos os fatos por ele alegados, exceto 
em situações em que tais fatos se encontrem em poder da administração pública, que deverá garan-
tir, de ofício a apresentação dos documentos ou das respectivas cópias, mediante declaração e re-
querimento do particular. 
o Ainda, é possível a realização de consulta pública, aberta mediante despacho devidamente funda-
mentado do órgão, para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver pre-
juízo para a parte interessada, quando a matéria do processo for de interesse geral e também a 
realização de audiência pública se houver relevância na questão discutida. 
o A abertura de consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas 
físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações 
escritas. 
o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do processo, 
no entanto, confere o direito de obter da Administração Pública resposta fundamentada. 
o Em determinadas situações, pode ser necessária a prestação de informações ou a apresentação de 
provas, não somente pelos interessados, mas também por terceiros. Em tais casos, serão expedidas 
intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. A lei 
9784/99, em seu artigo 39, parágrafo único, estabelece que “Não sendo atendida a intimação, poderá 
o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo 
de proferir a decisão.” 
o Nos casos em que o interessado não apresentar documentos solicitados pelo ente estatal e estes 
forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento, no prazo fixado pela Ad-
ministração, para a respectiva apresentação, implicará arquivamento do processo, mediante decisão 
fundamentada com notificação dos interessados. 
o Nesta fase o interessado pode, antes de proferida a decisão do processo, juntar documentos e pa-
receres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do 
processo. 
o Em algumas situações, será necessária por força de lei, ou ato normativo, a obtenção prévia de 
 
 
 
 
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laudos técnicos de órgãos administrativos para as decisões administrativas. 
 O prazo para emissão do parecer será de 15 (quinze) dias, salvo norma específica ou ne-
cessidade devidamente justificada e comprovada de maior prazo, conforme art. 42, da Lei 
9.784/99. Ocorre que se não for respeitado o prazo e o parecer for obrigatório e vinculante, 
o processo será paralisado até a apresentação do parecer. No entanto, não sendo o parecer 
vinculante mas obrigatório, o processo poderá seguir sem este, inclusive com decisão final. 
Em ambos os casos, poderá ocorrer a responsabilização penal, civil e administrativa do 
agente que deu causa à não emissão do parecer devido, no prazo fixado por lei. 
o Com o fim da fase instrutória os interessados terão o prazo máximo de 10 (dez) dias, para manifes-
tações, salvo se outro prazo for fixado por disposição legal específica. 
 Decisão: Após a instrução, o poder público terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis, desde que 
justificadamente, por igual período, para proferir a decisão final no processo. No entanto, caso o órgão 
de instrução não seja competente para emitir a decisão final, encaminhará o processo autoridade com-
petente. 
 
MOTIVAÇÃO DO ATOS PROCESSUAIS 
 
 A Lei 9.784/99 determina o dever de motivar os atos administrativos, todas as vezes que neguem, limitem ou 
afetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; decidam processos administra-
tivos de concurso ou seleção pública; dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; decidam re-
cursos administrativos; decorram de reexame de ofício; deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou 
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais ou importem anulação, revogação, suspensão ou 
convalidação de ato administrativo. 
 Ademais, a norma, ainda, estipula que a motivação de atos orais deverá ser reduzida a termo e constar em 
ata, para garantir seu formalismo mínimo. 
 Por fim, todas as vezes que a motivação de um determinado ato remete à motivação de ato anterior que 
embasa sua edição, ou seja, ao invés de o administrador público justificar a razão do seu ato, ele justifica com base 
em motivos expostos em ato prévio, conforme art. 50, §1°, Lei 9.784/99. A este instituto dá-se o nome de motivação 
alliunde. 
 
EXTINÇÃO DO PROCESSO 
 
 Faz-se por ato administrativo, devidamente fundamentado quando exaurida sua finalidade ou o objeto da de-
cisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. Nestas situações, não há necessidade de 
provocação do particular interessado, podendo a extinção ocorrer de ofício. 
 Importante ressaltar que a manifestação de desistência do processo pelo interessado não gera, necessaria-
mente, extinção do feito, podendo a administração pública dar continuidade ao processo, se exigido pelo interesse 
público, conforme art. 51, da Lei 9.784/99. 
 
ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO DE ATOS NO PROCESSO 
 
 A Lei 9784/99, em seus artigos 53 a 55, regulamenta as hipóteses de retirada dos atos administrativas por 
motivo de vícios de ilegalidade (anulação) e por motivo de interesse público superveniente (revogação). 
 Prevê, ainda, a possibilidade de conserto dos vícios sanáveis, pela própria administração pública, gerando a 
convalidação dos atos anuláveis, todas as vezes que essa convalidação não ensejar prejuízos à Administração Pú-
blica ou a terceiros. 
 
RECURSOS ADMINISTRATIVOS 
 
 O prazo para interposição de recursos administrativos, salvo lei específica dispondo em contrário, é de 10 (dez) 
dias. Interessante é que, nos moldes da lei, tal recurso será encaminhado, como pedido de reconsideração, à auto-
ridade que proferiu a decisão impugnada e somente será encaminhado à autoridade superior se, dentro do prazo de 
5 (cinco) dias, não houver reconsideração, por parte da autoridade julgadora. 
 Conforme disposição legal, são legitimados à interposição de recursos os titulares de direitos e interesses que 
forem parte no processo; aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida; 
as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos e também todos os cida-
 
 
 
 
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dãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos. Ademais, o recurso será interposto por meio de reque-
rimento no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo ainda juntar os docu-
mentos que julgar convenientes. 
 Recebido o recurso, a outra parte interessada será intimada para apresentação de contra razões, em um prazo 
de 5 (cinco) dias. A autoridade julgadora do recurso deverá julgá-lo no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis por igual 
período, mediante ato devidamente justificado. Importante realçar que o prazo de julgamento de recurso pela autori-
dade administrativa é impróprio, ou seja, o seu desrespeito nãogera nulidade do processo, configurando mera irre-
gularidade e podendo gerar responsabilização do agente que ensejou o atraso. 
 Importante frisar que, via de rega, os recursos não são recebidos com efeito suspensivo. No entanto, a autori-
dade recorrida ou a superior poderá, havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da 
execução, de ofício ou a pedido, conceder este efeito suspensivo. 
 Ademais, o limite de tramitação de um processo na esfera administrativa, nos moldes da lei é de 3 (três) ins-
tâncias. Após estas três instâncias ocorre o que a doutrina denomina coisa julgada administrativa. 
 Ocorre que, se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante, 
caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso 
à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. A mesma regra 
se aplica a autoridade julgadora do recurso. 
 Caso o Supremo Tribunal Federal acolha, em sede de Reclamação Constitucional, a alegação de violação à 
sumula, tal decisão vincula a autoridade administrativa que julgará casos semelhantes em favor dos recorrentes, sob 
pena de responsabilidade pessoal, conforme art. 64-A da Lei 9.784/99. 
 
NÃO RECEBIMENTO DO RECURSO E SEUS EFEITOS 
 
 A lei define que a administração pública não admitirá o recurso administrativo quando o recurso for interposto 
fora do prazo, se for apresentado após exaurida a esfera administrativa ou interposto por quem não seja legitimado 
para tanto. A lei prevê ainda o não recebimento de recursos interpostos perante órgão incompetente. Nesses casos, 
entretanto, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. 
 Em virtude do princípio da autotutela, estampado na Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, o não conhe-
cimento do recurso não impede a Administração de rever, de ofício, o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão 
administrativa. Poderá ainda o órgão competente, para decidir o recurso, confirmar, modificar, anular ou revogar, total 
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. 
 
DA REFORMATIO IN PEJUS 
 
 Não há vedação da reformatio in pejus e uma decisão de recurso administrativo poderá piorar a situação do 
recorrente, em respeito ao princípio da verdade material e da legalidade estrita da atuação administrativa. 
 
DA REVISÃO 
 
 A revisão não se trata de recuso, mas sim de novo processo no qual a administração proferirá outra decisão 
sobre a mesma matéria. 
 Não há prazo para pedido de revisão que depende, entretanto, da alegação de fatos novos a serem analisados 
pela autoridade julgadora que justifiquem o entendimento de inadequação da penalidade aplicada. 
 Neste situação, é vedada a reformatio in pejus. 
 
CONTAGEM DE PRAZOS 
 
 A lei 9784/99 se preocupa, ainda, em definir a forma de contagem dos prazos nos procedimentos sujeitos às 
suas normas. Assim, os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem 
o dia do seu início e incluindo-se o do vencimento. No mesmo sentido, considera-se prorrogado o prazo até o primeiro 
dia útil seguinte, se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora 
normal. 
 É importante lembrar que alguns procedimentos regulamentados por leis específicas preveem prazos de recursos 
contados em dias úteis, a exemplo dos recursos da Lei 8666/93. 
 Ademais, salvo situações de força maior, devidamente comprovada, os prazos processuais não se suspendem 
ou interrompem. 
 
 
 
 
 
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PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR 
 
 É cediço que os agentes públicos que praticam atos infracionais se sujeitam, pelos atos praticados, a sanções 
de natureza penal, civil e administrativa, sendo que as instâncias são independentes entre si e, desta forma, a decisão 
proferida em uma dessas instâncias não interfere nas demais conforme art. 143 e seguintes da Lei nº 8.112/90. 
 Muitas vezes, antes da instauração do processo, se faz necessária a realização de procedimento de investi-
gação, denominado de sindicância, com a intenção de apurar fatos e verificar a ocorrência de eventuais infrações. 
Este procedimento é designado pela doutrina como sindicância investigativa. 
 Neste procedimento, não se exige a garantia de contraditório e jamais ensejará aplicação direta de penalidade, 
mas pode ensejar a instauração do processo administrativo disciplinar, para aplicação de sanção ao servidor faltoso 
ou a instauração de uma sindicância contraditória, em casos de infrações mais leves, puníveis com advertência ou 
suspensão por até 30 dias. 
 Frise-se que tem previsão expressa em lei e decorre de uma leitura sistemática da Lei 9.784/99. 
 De outro giro, a sindicância contraditória ou acusatória, está prevista, para servidores federais, nos art. 143 
e 145 da lei 8.112/90 e se trata de processo administrativo simplificado, suficiente e adequado para aplicação das 
penalidades de advertência ou suspensão por até 30 dias. Com efeito, nesse caso, a sindicância se configura um 
processo disciplinar simplificado para aplicação de penalidades mais leves aos agentes públicos que praticam infra-
ções mais brandas. 
 Este procedimento deve respeitar o contraditório e a ampla defesa, sob pena de ser declarada ilegal, sendo 
que seu prazo máximo de duração são de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, a critério da autoridade superior. 
Ocorre que trata-se o prazo acima de espécie de prazo impróprio, ou seja, a sua inobservância não causa 
nulidade do processo, ensejando no máximo na responsabilização do agente que gerou o atraso. 
 
 A lei, em seu art. 145, estipula que, da sindicância contraditória, podem decorrer três situações, a saber: 
 
1. Arquivamento do processo: ocorrerá quando não for apurada nenhuma infração ou se o servidor não foi o autor 
da irregularidade. 
2. Aplicação de penalidade: havendo a infração e sendo o servidor o seu causador. Frise-se que somente podem 
ser aplicadas, in casu, as penalidades disciplinares de advertência ou de suspensão por até 30 dias. 
3. Instauração do PAD: no caso de se apurar, no bojo da sindicância, infração mais grave, praticada pelo servidor 
público, e sendo necessária a aplicação de penalidade mais severa do que as mencionadas. 
 
 A sindicância não é indispensável para instauração do Processo Administrativo Disciplinar (PAD), bem como 
a instauração deste não é necessária, se na sindicância for apurada infração penalizada com advertência ou suspen-
são de até 30 dias. 
 No caso de a sindicância resultar na instauração do processo administrativo disciplinar, os autos da sindicância 
integrarão esse processo , como peça informativa da instrução. Ademais, na hipótese de o relatório da sindicância 
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao 
Ministério Público, independentemente da imediata instauração do processo disciplinar. 
 
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR PROPRIAMENTE DITO (PAD) 
 
 Inicialmente, saliente-se que, antes da instauração do PAD, é possível que seja determinado o afastamento 
preventivo do servidor público, como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da 
irregularidade. 
 Desta forma, conforme art. 147 da Lei 8.112/90, o afastamento preventivo é medida acautelatória utilizada pela 
autoridade administrativa se a permanência do servidor no cargo puder atrapalhar o andamento do processo, pelo 
prazo máximo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 (prazo peremptório), mantida obrigatoriamente sua remuneração 
integral/ 
 Ressalte-se que a instauração do PAD interrompe o prazo prescricional para aplicação da penalidade 
administrativa. O Superior Tribunal de Justiça entende que o prazo fica interrompido pelo período de 140 (cento e 
quarenta) dias, depois desse prazo reinicia-se normalmentea sua contagem. 
 Ademais, o servidor que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar não pode ser exonerado a 
pedido e nem ser aposentado voluntariamente, antes de terminado o procedimento. 
 Por fim, o processo administrativo é indispensável para aplicação de quaisquer penalidades administrativas. 
Isso é relevante porque, antes da CF/88, existia, no ordenamento jurídico, a figura da “verdade sabida”, na qual se 
aplicavam penalidades sem processo; no entanto, modernamente, isso não é mais possível. 
 
 
 
 
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Fases do Processo Administrativo Disciplinar 
 
 Instauração: Designa-se uma comissão composta por três servidores estáveis que não sejam cônjuges 
ou parentes até o terceiro grau civil do acusado, cujo presidente, será indicado pela autoridade compe-
tente, e deverá ser detentor de cargo ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do acusado. 
o A instauração para apuração de infrações é ato administrativo vinculado, não podendo ser dis-
pensado pela autoridade. 
o O STJ entende que a portaria que designa a comissão e instaura o PAD não precisa trazer uma 
descrição minuciosa dos fatos, inclusive como forma de se evitar uma presunção de culpabili-
dade do servidor. 
o Há a possibilidade da apuração de fatos conexos ao principal, inclusive com a investigação de 
condutas de outros servidores, deve constar na portaria, desde que isso não prejudique a cele-
ridade e eficiência do processo. 
o A jurisprudência do STJ vem admitindo a apuração de denúncias anônimas, desde que narrem 
fatos objetivamente e de forma plausível. 
 
 Inquérito Administrativo: O inquérito se divide em três momentos diferentes, quais sejam, a instrução 
probatória, a defesa e a elaboração do relatório pela comissão do processo. 
 
 Provas: A instrução probatória é ampla, uma vez que a lei admite, no bojo do processo administrativo, 
todos os meios de prova admitidos em direito; ou seja, todas as provas produzidas licitamente serão 
admitidas, sem restrições indevidas. 
o Um servidor que estava respondendo a processo judicial e, ao mesmo tempo, a um processo 
administrativo disciplinar. No bojo do processo judicial, foi determinada a licitamente a intercep-
tação telefônica. É possível que esta prova seja emprestada ao processo administrativo, levando-
se em consideração que foi regularmente realizada na esfera judicial? Em processo administra-
tivo não se admite interceptação telefônica, mas não há óbice para a prova emprestada, desde 
que tenha sido produzida regularmente no processo judicial. 
o As testemunhas serão intimadas mediante mandado expedido pelo presidente da comissão, de-
vendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos, ressalvada a hipótese 
de a testemunha ser servidora pública, quando, então, a expedição do mandado será imediata-
mente comunicada ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados 
para inquirição. 
o Produzidas as provas, o réu terá o prazo de 10 dias para apresentação de defesa, sendo-lhe 
assegurada a vista do processo na repartição pública. No entanto, se o acusado não for encon-
trado e a citação ocorrer por edital, publicado no Diário Oficial da União e em jornal de grande 
circulação na localidade do último domicílio conhecido, o prazo para apresentação de defesa 
será de 15 dias. Ademais, havendo dois ou mais acusados no mesmo processo, o prazo de 
defesa será de 20 dias (prazo comum). 
o Em todas as hipóteses, o prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências 
reputadas indispensáveis e caso o indiciado se recuse em apor o ciente na cópia da citação. 
Esse prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da co-
missão que fez a citação, com a assinatura de duas testemunhas. 
 
 Prazos: O prazo de duração do PAD é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60, até elaboração do relatório, 
após o que a autoridade terá mais 20 dias para julgamento (+ 20 dias). Tais prazos são impróprios e, por 
isso, a lei dispõe que o desrespeito a esse prazo não enseja a nulidade do processo administrativo. 
 
 Julgamento: A autoridade julgadora proferirá o julgamento, no processo administrativo, em um prazo má-
ximo de 20 dias e, quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será remetido 
ao Ministério Público para instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição. 
o A competência para julgamento varia de acordo com a penalidade a ser aplicada, em conformi-
dade com o art. 141 da lei 8.112/90, bem como sempre que houver mais de um indiciado e diver-
sidade de sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da pena mais 
grave. 
 
 
 
 
 
 
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IMPUGNAÇÕES ADMINISTRATIVAS DO JULGAMENTO 
 
 As espécies de impugnações administrativas do julgamento são: 
 Pedido de Reconsideração: É julgado pela própria autoridade que efetivou o julgamento do processo e 
não pode ser feito novamente após o seu julgamento. 
 Recurso: Dirigido à autoridade superior àquela que proferiu a decisão impugnada. 
 
 Obs.: O recurso e o pedido de reconsideração são impugnações diferentes, que não se excluem, tendo seu 
prazo para interposição de 30 dias. Ademais, o recurso e o pedido de reconsideração deverão ser despachados no 
prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias, sendo que quando cabíveis, interrompem a prescrição. 
 
 Revisão: Não tem prazo para interposição, sendo que o requisito para sua interposição está na alegação 
de fatos novos ou inadequação da penalidade. 
o Se falecido, ausente ou desaparecido o servidor, a lei permite expressamente que a revisão do 
processo seja requerida por qualquer pessoa da família e, em casos de incapacidade, o respec-
tivo curador será responsável por fazer o requerimento de revisão. 
o O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equi-
valente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade 
onde se originou o processo disciplinar. 
o Fato novo é aquele que não foi analisado no processo. 
o O prazo prescricional é de cinco anos para a demissão, cassação de aposentadoria e disponibi-
lidade e 120 dias nos demais casos (art. 110, da Lei nº 8.112/90). 
o A lei veda a reformatio in pejus nas revisões. 
o Se procedente restabelecem-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do 
cargo em comissão, que será convertida em exoneração. 
 
PROCESSO SUMÁRIO 
 
 Em determinadas situações, a legislação prevê a realização de procedimento mais célere, com prazos menos 
dilatados para aplicação de sanções aos servidores públicos. Verifica-se que a Lei 8.112/90 prevê o processo sumário 
nos casos de aplicação de penalidades por abandono de cargo, inassiduidade habitual (art. 140) e também de acu-
mulação ilegal de cargos (art. 133) – hipóteses que ensejam a aplicação da penalidade de demissão – por conta da 
facilidade de comprovação da materialidade das irregularidades. Apesar das discussões doutrinárias acerca da cons-
titucionalidade deste processo, para fins de provas, ele tem sido aceito pelas bancas de concursos em geral. 
 Ademais, o prazo máximo de duração é de 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias. 
 
 Importante explicitar os três tipos de situações ensejadoras deste processo sumário: 
 Abandono de cargo: Ausência intencional do servidor por mais de trinta dias consecutivos. A materiali-
dade aqui se dá pela indicação precisa do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior 
a trinta dias. 
 Inassiduidade habitual: Falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, du-
rante o período de doze meses. A materialidade aqui é indicação dos dias de falta ao serviço sem causa 
justificada, por período igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze 
meses. 
 Acumulação ilegal de cargos: É vedada a acumulação remunerada de cargose empregos públicos, ex-
ceto aquelas previstas na CF/88: dois cargos de professor, dois de profissionais de saúde com profissão 
regulamentada; a acumulação de um cargo técnico ou científico mais um cargo de professor, devendo 
sempre haver compatibilidade de horários. 
o Antes da instauração do processo, o servidor será notificado para fazer a opção entre os cargos 
ocupados, dentro do prazo legal de dez dias, ou até o último dia do prazo para defesa, sendo 
exonerado automaticamente do outro cargo. 
o Se comprovada a má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposen-
tadoria ou disponibilidade em relação a todos os cargos, empregos ou funções públicas em re-
gime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão comu-
nicados. 
 
 
 
 
 
 
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13 
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 
 
 Inicialmente, cumpre ressaltar que não existe um diploma legal específico que discipline o controle da atuação 
administrativa. A matéria tem origem na Constituição da República e é regulamentada por diversas leis infraconstitu-
cionais que visam a garantir que o Estado não atuará livremente, diante do ordenamento jurídico posto. 
 Com efeito, a sujeição da atividade administrativa do Poder Público ao amplo controle decorre da formação do 
Estado democrático de Direito, no qual todas as pessoas da sociedade, incluindo o próprio Poder Público, se subme-
tem às normas estipuladas mediante lei. Neste sentido, somente a lei deve pautar a atividade do ente estatal, ativi-
dade cujo fim imediato deve ser sempre a satisfação das necessidades públicas. 
 Não se pode esquecer que a noção de República, no latim res publica, transmite a ideia de que o titular do 
patrimônio público é o povo e não a Administração Pública, sendo submissa, esta entidade, ao princípio da indispo-
nibilidade do interesse público. 
 Dessa forma, o decreto lei n. 200/1967, em seu art. 6º, V, dispõe que as atividades da Administração Federal 
obedecerão como princípio fundamental ao controle exercido pelos cidadãos e pelos próprios órgãos internos desta 
entidade, abrangendo, inclusive, aqueles que integram a estrutura dos Poderes Legislativo e Judiciário. 
 Inclusive, neste ínterim, a Constituição Federal, mediante alteração sofrida pela Emenda Constitucional n. 
45/2004, definiu a criação de dois órgãos com a atribuição de controle da atuação do Estado, quais sejam, o Conselho 
Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público, em seus artigos 103-B e 130-A, respectivamente. 
Quanto ao seu conceito, o controle administrativo representa um conjunto de instrumentos definidos pelo 
ordenamento jurídico a fim de permitir a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da própria Adminis-
tração Pública, dos Poderes legislativo e Judiciário, assim como pelo povo diretamente, compreendendo ainda a 
possibilidade de orientação e revisão da atuação administrativa de todas as entidades e agentes públicos em todas 
as esferas de poder. 
José dos Santos Carvalho Filho dispõe que “podemos denominar de controle da Administração Pública o 
conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder de fiscalização e de 
revisão da atividade administrativa em qualquer das esferas de Poder”. 
 Com efeito, pode-se verificar que o controle da atuação estatal deve-se dividir em dois aspectos distintos. 
Primeiramente, deve-se controlar a atuação estatal em relação à sua adequação com o ordenamento jurí-
dico. Nestes casos, trata-se de controle de legalidade dos atos, que decorre do fato de que toda atuação adminis-
trativa deve estar previamente estipulada em lei. Não se pode esquecer ser ilícita qualquer conduta praticada, ainda 
que para satisfação do interesse público, se não estiver previamente delineada por normas jurídicas anteriores. 
Por sua vez, também se verifica a possibilidade de controle do mérito da atuação estatal, situações em que 
não se discute a legalidade da conduta – que será lícita – mas sim a oportunidade e conveniência de sua manuten-
ção, diante de situações supervenientes que alterem o cenário no qual se deu o exercício da atividade. 
ATENÇÃO! Não confundir com controle da atividade política de Estado, que só se efetiva nas hipóteses 
previstas na CF/88 e visa adequar as políticas estatais à legislação aplicável. Este controle é exercido sobre os atos 
políticos (declaração de guerra, a concessão de anistia, a declaração de estado de defesa ou estado de sítio). 
 
CLASSIFICAÇÕES 
 
Vejamos no quadro abaixo as principais classificações definidas pela doutrina majoritária. 
 
Quanto à natureza do 
órgão controlador 
Controle 
legislativo 
Executado pelo Poder Legislativo direta-
mente ou mediante auxílio do Tribunal de 
Contas. 
Controle 
Administrativo 
Decorre do poder de autotutela conferido 
à Administração Pública 
Controle Judicial 
Realizado pelo Poder Judiciário, mediante 
provocação de qualquer interessado que 
esteja sofrendo lesão ou ameaça de lesão 
em virtude de conduta ou omissão admi-
nistrativa que o atinja direta ou indireta-
mente. 
 
 
 
 
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Quanto à extensão do 
controle 
Controle Interno 
Exercido dentro de um mesmo Poder, por 
meio de órgãos especializados (art. 74, da 
CF/88). 
Controle Externo 
Entre entidades diversas. Como também 
exercido por um poder em relação aos 
atos administrativos praticados por outro 
poder do estado. 
Também aquele exercido diretamente pe-
los cidadãos, o chamado, controle popu-
lar (art. 31, §3°, da CF/88). 
ATENÇÃO! Somente pode ser exercido 
se tiver base constitucional (mitigação ao 
princípio da tripartição de poderes). 
Quanto ao âmbito de 
atuação 
Controle por 
subordinação 
Realizado por autoridade hierarquica-
mente superior a quem praticou o ato, ou 
seja, entre órgãos e agentes de uma 
mesma pessoa jurídica da Administração 
Pública. 
Controle por 
vinculação 
Exercido pela administração direta sobre 
as entidades descentralizadas, não se ca-
racterizando como subordinação hierár-
quica, mas tão somente uma espécie de 
supervisão (controle finalístico, art. 19, 
Decreto lei n. 200/1967). 
Quanto à natureza 
Controle de 
legalidade 
Analisa se o ato administrativo foi prati-
cado em conformidade com o ordena-
mento jurídico. 
Controle de 
mérito 
Verifica a oportunidade e conveniência 
administrativas do ato controlado. 
ATENÇÃO! De regra, compete exclusiva-
mente ao próprio Poder que, atuando na 
função de Administração Pública, praticou 
a conduta. 
Excepcionalmente o Poder Legislativo 
tem competência para exercer o controle 
de mérito sobre atos praticados pela Ad-
ministração. 
O controle exercido pelo Judiciário é sem-
pre vinculado à legalidade da conduta es-
tatal. 
Quanto ao momento de 
exercício 
Controle Prévio 
Pode ser feito quando o ato administrativo 
está na iminência de ser praticado ou 
quando ainda se encontra em formação. 
 
 
 
 
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Controle 
Concomitante 
Exercido durante a execução da atividade 
controlada. 
Controle 
Posterior 
Verifica a regularidade e conveniência di-
ante de atos administrativos já praticados 
em sua inteireza. 
Quanto à iniciativa 
Controle de 
ofício 
Realizado sem a provocação da parte in-
teressada (o exercido pela própria Admi-
nistração Pública e pelo Poder Legislativo 
pode ser de ofício). 
Controle 
provocado 
Aquele que depende da iniciativa da parte 
interessada (o controle jurisdicional de-
pende de provocação). 
 
CONTROLE ADMINISTRATIVO 
 
Controle exercido pela própria Administração Pública em relação a suas condutas, em decorrência do poder 
da autotutela. Visa a confirmação, correção ou alteração de comportamentos administrativos. 
O controle administrativo pode ser realizado de forma prévia, concomitante ou posterior ao ato controlado e 
deve pautar-se na análise de legalidade dos atos controlados, assim como nos aspectos de oportunidade e conve-
niência destas condutas. 
Ademais, trata-sede controle que pode ser exercido mediante provocação, ou de ofício por iniciativa do 
órgão controlador, uma vez que essa prerrogativa configura poder-dever atribuído à Administração Pública. 
É exercido pelo Poder Legislativo e Judiciário, quando exercem a função administrativa atipicamente. 
 O texto da Carta Magna define que o controle administrativo deve ser exercido, visando algumas finalidades 
específicas, quais sejam: a) Avaliar o cumprimento das metas e projeções definidas na lei do plano plurianual, assim 
como a execução dos programas definidos pelo governo e dos orçamentos da União Federal; b) Comprovar a lega-
lidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos 
órgãos públicos e nas entidades da administração pública federal, bem como da aplicação de recursos públicos por 
entidades de direito privado; c) Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos 
e haveres da União; d) Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. 
ATENÇÃO! Os agentes responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregu-
laridade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. 
 
Meios de controle. 
 Os meios de controle administrativo são a supervisão ministerial sobre as entidades personalizadas que inte-
gram a Administração Indireta e o controle hierárquico típico dos órgãos da administração direta. 
 Com efeito, a fiscalização hierárquica é exercida, no âmbito de uma mesma pessoa jurídica administrativa, 
entre seus órgãos e agentes, com o intuito de ordenar e coordenar atividades, além de atuar na orientação e revisão 
de atos administrativos viciados ou inoportunos e inconvenientes ao interesse público. É importante ressaltar que a 
organização hierárquica dispõe os órgãos públicos em níveis de subordinação, concedendo aos órgãos de hierarquia 
mais elevada a possibilidade de rever as condutas daqueles que lhe são inferiores. 
 Ademais, a supervisão ministerial se manifesta entre entidades diferentes, sendo também designado como 
controle finalístico, ou tutela administrativa. Em razão da autonomia administrativa existente nos entes da Adminis-
tração descentralizada, este controle é diverso daquele apresentado em decorrência da hierarquia. 
 Dessa forma, o controle finalístico depende de norma legal que o estabeleça, delimitando os limites e forma 
de exercício desta atividade controladora, definindo os aspectos a serem controlados e as hipóteses em que se 
admite a realização de controle. Deve ainda ser indicada a autoridade controladora e as finalidades desta ingerência. 
 
Provocação da Administração Pública. 
O controle administrativo pode ser exercido por iniciativa direta do órgão controlador, sem a necessidade 
de provocação de qualquer interessado. Inclusive, o controle da Administração Pública não substitui ou impede o 
 
 
 
 
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exercício do controle pelo Poder Judiciário posteriormente. Saliente-se, ainda, que não se faz necessário o esgota-
mento da via administrativa para que se possa recorrer ao Poder Judiciário, salvo nos casos definidos na CF, mais 
especificamente em relação à Justiça Desportiva. 
A possibilidade de provocação da Administração Pública para efetivação do controle decorre do direito de 
petição (art. 5º, XXXIV, da CF), que é uma garantia de obter resposta aos pedidos efetivados, não produzindo 
qualquer efeito o silêncio administrativo, salvo disposição legal em contrário. 
A provocação aos entes da Administração pode-se dar por meio de: a) representação: ato por meio do qual 
o particular requer a anulação de ato lesivo ao interesse público. Neste caso, o peticionante não é diretamente 
prejudicado pela conduta impugnada; b) reclamação: ato de impugnação que visa à retirada de conduta adminis-
trativa que viola direito preexistente do peticionante; c) pedido de reconsideração: ato por meio do qual se petici-
ona requerendo a retratação da autoridade pública de uma conduta previamente praticada. 
 
Recursos administrativos. 
 Inicialmente, cumpre ressaltar que o Supremo Tribunal Federal, acompanhando a tendência doutrinária, en-
tende ser inerente à garantia da ampla defesa, constitucionalmente definida, o direito ao duplo grau de julgamento 
na esfera administrativa. Tal entendimento é decorrência lógica da leitura da Súmula Vinculante n. 21 da Suprema 
Corte, que considera inconstitucional qualquer lei que exija depósito prévio ou caução para interposição de recursos 
administrativos. 
Além disso, o art. 56, da lei 9784/99, garante o direito à interposição de recursos administrativos, seja para 
combater uma decisão por motivo de ilegalidade, seja por motivo de mérito. 
 Por disposição legal, se entende que são legitimados à interposição de recursos os titulares de direitos e inte-
resses que forem parte no processo; aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão 
recorrida; as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos e também todos 
os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos. Ademais, o recurso será interposto por meio de 
requerimento no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo ainda juntar os 
documentos que julgar convenientes, sendo imprescindível salientar que os recursos interpostos, salvo disposição 
legal em contrário, terão efeito meramente devolutivo, não suspendendo a eficácia da decisão impugnada. 
Na seara administrativa, não há vedação da reformatio in pejus. Nestes casos, se, do julgamento do recurso, 
puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações 
antes da decisão, em obediência à garantia do contraditório e da ampla defesa. 
Após a tramitação do processo em todas as instâncias, legalmente permitidas, estará formada a coisa jul-
gada administrativa, não podendo mais ser objeto de discussão na esfera administrativa. 
 Ao tratar de recursos hierárquicos, a doutrina identifica o recurso próprio e o impróprio. Analisemos as expres-
sões. 
Recurso hierárquico próprio é endereçado à autoridade hierárquica superior à que praticou o ato recor-
rido, dentro da estrutura orgânica de uma mesma pessoa jurídica. Pode ser interposto sem necessidade de previsão 
legal. 
Recurso hierárquico impróprio é dirigido à autoridade que não possui posição de superioridade hierár-
quica em relação a quem praticou o ato recorrido, mas tão somente a possibilidade de controle em decorrência de 
vinculação (depende de expressa previsão legal). 
 
CONTROLE LEGISLATIVO 
 
 É realizado no âmbito do parlamento e dos órgãos auxiliares do poder Legislativo, sobre os atos praticados 
pela Administração Pública, nos limites definidos pela Constituição. Em verdade, sua abrangência inclui o controle 
político sobre o próprio exercício da função administrativa e o controle financeiro sobre a gestão dos gastos públicos 
dos três poderes. 
 A doutrina costuma explicitar que o controle legislativo poderá ser exercido de ofício ou mediante provocação 
de particulares interessados que terão o poder de representar aos órgãos controladores com denúncias de irregula-
ridades. Ademais, este controle poderá ser prévio, concomitante ou posterior à prática do ato controlado e pode ser 
exercido no que tange aos aspectos de legalidade e de mérito. Neste sentido, aponta-se que a aprovação efetivada 
pelo senado para a nomeação de um Ministro do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, configura ato discricionário, 
extrapolando a simples análise de legalidade. 
 Outrossim, divide-se o controle legislativo em controle parlamentar direto e controle exercido com o auxílio do 
Tribunal de Contas. 
 
 
 
 
 
 
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 Controle Parlamentar Direto – É o controle efetivado pelo próprio parlamento diretamente, mediante mani-
festaçãodo Congresso Nacional, ou por meio de uma de suas casas. As hipóteses estão espraiadas no texto cons-
titucional e podem ser exemplificadas, a saber. 
 Compete ao Congresso Nacional autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a 
permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, 
ressalvados os casos previstos em lei complementar. 
 Somente o Congresso poderá autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do 
País, quando a ausência exceder a quinze dias. 
 É competência do Congresso sustar os atos normativos do Chefe do Executivo que extrapolem o poder 
regulamentar, invadindo seara de lei. 
 
 Convém relembrar que o controle legislativo sobre as atividades da administração somente pode ser realizado 
nas hipóteses taxativamente previstas na Constituição da República, sob pena de violação ao princípio da Tripartição 
dos Poderes. 
 
 Controle exercido pelos Tribunais de Contas – O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do Poder legislativo 
no controle externo. Tem competência para fiscalização de quaisquer entidades públicas, incluindo as contas do 
Ministério Público, Legislativo e Judiciário, assim como para efetivar seu controle sobre entidades privadas que utili-
zem dinheiro público para execução de suas atividades. 
Há a previsão de Tribunal de Contas no âmbito estadual e federal, assim como a possibilidade de criação 
de Tribunal de Contas dos Municípios. 
O TCU é integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição 
em todo o território nacional, sendo os seus membros nomeados dentre brasileiros que tenham mais de trinta e 
cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, idoneidade moral e reputação ilibada, notórios conhecimentos 
jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública, além de possuir mais de dez anos de 
exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija estes conhecimentos. 
 
Atribuições do Tribunal de Contas da União – O texto constitucional define as atribuições do TCU. Vejamos 
abaixo algumas destas atribuições: 
 Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que de-
verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento (não julga as contas). 
 Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da 
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Pú-
blico Federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte 
prejuízo ao erário (o TCU poderá declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade de leis e normas, Sú-
mula n. 347, do STF). 
 Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na adminis-
tração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as 
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, re-
formas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato con-
cessório. 
 Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de 
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, 
nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades privadas 
que atuem na prestação de serviços por meio da transferência de verbas públicas. 
 
CONTROLE JUDICIAL 
 
 Inicialmente, vale esclarecer que o direito brasileiro adotou o sistema de jurisdição única ou sistema inglês que 
estabelece que todos os litígios, sejam eles administrativos ou privados, podem ser levados à justiça comum, ou seja, 
ao Poder Judiciário, único com competência para dizer o direito aplicável aos casos litigiosos, de forma definitiva, 
com força de coisa julgada material. 
É possível a provocação do judiciário para análise de controvérsias ainda que já se tenham esgotado as 
instâncias administrativas e independentemente disso. Contudo, “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à 
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei” (art. 
217, §1°, da CF/88). 
 
 
 
 
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Esse controle só pode se realizar mediante provocação do interessado e somente no que tange aos aspec-
tos de legalidade. 
A atividade política de Estado não se submete a controle judicial in abstratum, dada a ampla discricionarie-
dade atribuída a esta função estatal e os atos interna corporis. 
 
Prescrição administrativa 
O art. 1°, do Decreto n. 20.910/32, define que todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, 
estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescreve em cinco anos contados da data do ato ou fato do 
qual se originarem 
Por sua vez, o art. 1º-C, da lei 9.494/97, dispõe que “Prescreverá em cinco anos o direito de obter indeniza-
ção dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado 
prestadoras de serviços públicos”. 
 A matéria foi alvo de algumas controvérsias após a edição do Código Civil de 2002, não obstante o prazo 
prescricional previsto neste diploma para ações de reparação civil seja de três anos, somente. 
Contudo, a jurisprudência majoritária aponta no sentido de que o Código Civil, dada sua qualidade de norma 
geral, não tem o poder de revogar as disposições de lei especial, mantendo-se a aplicação da lei 9.494/97, com a 
prescrição quinquenal destas ações. 
 
 Coisa julgada administrativa 
 É comum encontrar na doutrina e na jurisprudência referências à denominada coisa julgada administrativa, 
característica inerente à decisão tida como imutável após o esgotamento de todos os prazos para a interposição de 
recursos administrativos. 
 Contudo, vale destacar que o impedimento de que uma matéria volte a ser discutida administrativamente não 
afasta o Poder Judiciário da controvérsia, mesmo porque, no ordenamento jurídico brasileiro, o exercício da jurisdição 
é inafastável, nos moldes do art. 5º, XXXV, da CF/88. 
 
Ações judiciais 
 Consoante explicitado, a atuação judicial depende de provocação do particular interessado no sentido de re-
querer a manifestação deste poder, anulando ato administrativo viciado ou impedindo a prática de ato a ser realizado, 
ou ainda, determinando a atuação do ente público em determinadas situações nas quais a omissão configura ilicitude. 
 Atualmente, existem vários instrumentos para efetivação do controle jurisdicional. As mais importantes ações 
judiciais de controle da administração pública são: a) mandado de segurança; b) habeas data, c) mandado de injun-
ção; d) ação popular; e) ação civil pública; f) ação de improbidade e g) ações ordinárias que visam a anulação de 
atos administrativos ou a imposição de obrigação de fazer. 
 
 Analisemos sucintamente cada uma destas ações. 
a) Mandado de Segurança; 
Ação mandamental de rito especial, previsto no art. 5º, LXIX e LXX da Carta Magna e regulamentada pela lei 
12.016/09, para proteção de direitos individuais ou coletivos, violados ou ameaçados por ato administrativo ilegal, 
aplicando-se também em casos de atos omissivos. 
O preventivo admitido sempre que o particular estiver se sentindo ameaçado da prática de ato administrativo 
ilícito que lhe causa danos, que pode ser convertido em repressivo se o ato se efetivar. 
 
Mandado de Segurança Coletivo e Individual 
O individual será proposto por qualquer particular que se sinta lesado por ato administrativo ilícito que viole seu 
direito líquido e certo. 
O coletivo é remédio especial utilizado para a proteção de direitos coletivos (transindividuais de natureza indivi-
sível; individuais homogêneos). 
 
Legitimidade passiva e autoridade coatoraO Réu é a entidade pública em cujos quadros esteja lotado o agente que praticou o ato lesivo ao interesse do 
particular. 
A autoridade coatora atua como informante no processo (Lei n. 12.016/09). 
Nas hipóteses de ato praticado por delegação, a autoridade coatora do Mandado de Segurança será a autori-
dade delegada, que praticou o ato impugnado, conforme a Súmula 510 do STF. 
 
 
 
 
 
 
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Direito líquido e certo 
Entende-se por direito líquido e certo o direito cuja prova está pré-constituída, não se admitindo a produção de 
provas durante o processo. 
Súmula 625, do STF. 
Se os documentos estiverem em poder da Administração, que se negou a fornecê-los, o impetrante pode narrar 
essa situação, determinando o magistrado que a autoridade coatora apresente os documentos em prazo estipulado 
de dez dias (§1°, do art. 6°, da lei 12.016/09). 
ATENÇÃO! O Mandado de Segurança impetrado para defesa de direitos individuais não pode ser manejado 
para anulação de atos normativos. 
 
Hipóteses de cabimento 
Deve ser proposta em, no máximo 120 (cento e vinte) dias, contados da data do ato impugnado, sob pena de 
decadência do direito. 
“O Mandado de Segurança não é substitutivo de ação de cobrança” (súmula 269, do STF). 
Não cabe contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de soci-
edade de economia mista e de concessionárias de serviço público. 
ATENÇÃO! Cabe Mandado de Segurança dos atos praticados pelas empresas estatais, na execução de 
atividades de interesse público, só não sendo possível quando se tratar de ato praticado na exploração de ativi-
dade econômica, de cunho comercial, de acordo com a Súmula 333 do STJ. 
Não cabe quando se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo ou judicial com efeito suspensivo e de 
decisão judicial transitada em julgado (art. 5º da Lei 12.016/09) 
 
Competência para julgamento 
 A competência varia de acordo com a autoridade coatora, havendo prerrogativa de foro, determinada pela 
Carta Magna, sempre que se tratar de agente de alto escalão. Neste sentido, pode-se definir as seguintes regras de 
competência para julgamento originário do mandamus. 
 
Supremo Tribunal Federal (art. 
102 da CF) 
Contra atos do Presidente da República, das Me-
sas da Câmara dos Deputados e do Senado Fe-
deral, do Tribunal de Contas da União, do Procu-
rador-Geral da República e do próprio Supremo 
Tribunal Federal. 
Superior Tribunal de Justiça (art. 
105 da CF) 
Contra ato de Ministro de Estado, dos Comandan-
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou 
do próprio Tribunal 
Tribunal Regional Federal (art. 
108 da CF) 
Contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal 
Tribunal de Justiça 
Definido nas Constituições estaduais, normal-
mente para julgamento de governador, secretário 
estadual e prefeitos 
Justiça federal (art. 109 da CF) Outras autoridades federais 
Justiça estadual Outras autoridades estaduais ou municipais 
 
b) Ação Popular. 
Remédio constitucional, regulamentado no art. 5º, LXXIII da Constituição Federal proposta por qualquer cidadão 
que, embora não tenha sido diretamente lesado pelo ato que ele pretende anular, considere o ato lesivo ao interesse 
coletivo. 
 
 
 
 
 
 
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Legitimidade ativa e passiva 
É sempre de um cidadão e a comprovação da cidadania é sempre realizada pela juntada do título de eleitor (art. 
1º, §3º da lei 4.717/65). 
Os réus são o agente público, o ente estatal que esse agente representa e o beneficiado (ou os beneficiados) 
pelo ato impugnado. 
 
Competência e julgamento 
A ação tramitará, necessariamente, perante juiz singular, competindo à justiça federal a análise do feito, nas 
hipóteses previstas no art. 109 da Constituição Federal, caso contrário, a ação será proposta perante juiz estadual. 
“Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado” (art. 5°, §4°, da lei 
4.717/65). 
 O autor pode requerer a anulação do ato lesivo. Caso haja antecipação de tutela, requer primeiramente a 
suspensão do ato em sede de liminar, para que se determine a sua anulação em julgamento final. 
Por fim, pode-se requerer, ainda, o ressarcimento ao erário por qualquer prejuízo causado. 
O autor não pleiteia indenização para si, requer ressarcimento ao erário. 
O MP atua como fiscal da lei. 
“A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos” (art. 21 da Lei 4.717/65). 
 
c) Habeas Data 
Ação constitucional, prevista no art. 5º, LXXII, da Carta Magna que visa à garantia do direito fundamental à 
informação acerca da pessoa do impetrante. 
 
Cabível 
Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou 
banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público. 
Para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo 
Para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas 
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. 
ATENÇÃO! A jurisprudência e doutrina vêm firmando a ideia no sentido de admitir a impetração por sucessores, 
em defesa do direito do de cujus. 
Não é vedado a impetração do habeas data por uma pessoa jurídica que pretenda ver satisfeita a pretensão de 
obter informações constantes em registro público em relação a si. 
A petição deve conter prova de que o agente público se recusou a prestar as informações, ou não o fez no prazo 
de dez dias (recusa tácita). Em casos de acréscimo e retificação de informações, a recusa tácita ocorre após quinze 
dias sem manifestação do poder público. Tal prova é considerada requisito específico, sem o qual, considera-se 
que não há legitimidade de agir do impetrante. 
A Lei 9.507/97 prevê, em seu art. 18, que “o pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão denega-
tória não lhe houver apreciado o mérito”. 
O quadro utilizado para definição da competência jurisdicional do Mandado de Segurança poderá ser utilizado 
pelo leitor, haja vista a similaridade com o habeas data. 
O MP também atua aqui como fiscal da lei. 
 
d) Ação civil pública. 
Sempre que o legitimado tiver a intenção de garantir a proteção a interesses difusos e coletivos, assim como de 
direitos individuais homogêneos, com regulamentação na lei 7.347/85. 
É vedada a sua propositura para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o 
FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determi - 
nados. 
É possível o ajuizamento de ação cautelar para defesa dos direitos coletivos. 
 
Legitimidade ativa e passiva 
Autor: o Ministério Público, sendo que, caso não seja o Autor da ação, o parquet deverá atuar como fiscal da 
lei; a Defensoria Pública; a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia, inclusive a associação 
pública, empresa pública, fundação pública ou sociedade de economia mista; a associação que esteja constituída 
há pelo menos 1 ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambi-
ente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico 
e paisagístico. 
 
 
 
 
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ATENÇÃO! Poder Público e a outras associações legitimadas podem habilitar-se como litisconsortes de qual-
quer das partes. 
Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou 
outro legitimado assumirá a titularidade ativa. 
 
Réu: aquele que, sendo pessoa física ou jurídica, deu causa a qualquer conduta que ensejar prejuízos ao meio 
ambiente, ao direito do consumidor, à ordem econômica ou urbanística, a bens e direitos de valor estético, histórico, 
turístico e paisagístico ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. 
“A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de

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