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ATUALIDADES NO BRASIL E NO MUNDO 1.1. EPIDEMIAS. Uma epidemia é a concentração de determinados casos de uma doença em um mesmo local e época, claramente em excesso em relação ao que seria teoricamente esperado. O termo tem origem no grego clássico: epi (sobre) + demos (povo). “Na história, sete epidemias foram decisivas para a raça humana. São elas: tuberculose, varíola, gripe espanhola, tifo, sarampo, malária e AIDS. Infelizmente, cepas de vírus mutantes, doenças recrudescentes e o descaso com a saúde preventiva demonstram fatores determinantes como causa de retorno das epidemias antes eliminadas, como, por exemplo, o sarampo”, explica o Dr. Kauê De Cezaro dos Santos, Clínico Geral e Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Albert Sabin (HAS). Devido à facilidade de disseminação e transmissão, doenças como a dengue, zika, chikungunya, febre amarela e sarampo, essa última tida como erradicada no Brasil, correm o risco de tornarem-se epidêmicas em 2020, alertam o Ministério da Saúde e a OMS. “Em comum, essas enfermidades seguem dois critérios: alta transmissibilidade e hospedeiros transmissores inseridos na sociedade (Aedes aegypti no caso da dengue e o próprio ser humano no caso do sarampo)”, observa o Dr. kauê. Citando o estado de São Paulo como exemplo, dados do Ministério da Saúde apontam que o número de casos prováveis de dengue aumentou mais de 1.000% em comparação com janeiro de 2018. Até o dia 02 de fevereiro, o estado notificou 17.004 casos da doença. No mesmo período de 2018, foram registrados 1.450 casos de dengue. Esse cenário torna a projeção para o ano que vem ainda mais preocupante e não só para o caso da dengue, mas também em relação a outras doenças infecciosas. Como causas, o descaso com a saúde preventiva, ou seja, a vacinação é uma das mais graves. Contudo, nos casos em que a doença não é previsível como ebola, por exemplo, o principal agente é a locomoção de infectados. Transmissores da doença por locais de grande aglomeração, como aeroportos, portos, rodoviárias e outras zonas de grandes aglomerações são o principal risco para a contaminação em larga escala. “Em 2019, já observamos o retorno do sarampo e, para 2020, é possível que doenças como outros subtipos da dengue, vírus da gripe, ebola, febre hemorrágica boliviana, febre de Lassa, febre hemorrágica de Marbug e outras sejam motivo de grande preocupação mundo afora”, conta o médico. Quanto aos esforços para a erradicação das doenças epidêmicas, o ideal é que se concentrem em duas frentes, o “ataque” e a “defesa”. A primeira consiste em evitar a propagação da doença o mais rápido possível, identificando o caso índice, ou seja, onde tudo começou. Deve-se evitar o contato de contaminados com pessoas saudáveis e vacinação em massa das pessoas vulneráveis e/ou expostas a doença. Já na segunda é indispensável que os serviços de saúde garantam o suporte adequado para todos os acometidos pela doença, a fim de desenvolver garantia do melhor tratamento possível à pessoa enferma e, assim, essa deixar de ser transmissora. Outro importante ponto que médicos e profissionais da área estão notando diz respeito às doenças sazonais. Um vírus de comportamento sazonal tem aumento no número de casos dependendo da estação do ano. Porém, por fatores como o fortalecimento do vírus e as mudanças climáticas, essa relação das doenças com as estações está mudando. Haja visto o crescente número nos casos de dengue, que ocorria com mais intensidade nas estações quentes, no último outono/inverno. A vacinação é a ação mais eficiente para erradicação de doenças. A oportunidade de realizar a chamado profilaxia primária, gera redução da transmissão da doença entre os vetores, isto é, entre as pessoas, visto que elas se encontram imunes e não transmitem mais a doença em questão. “Na ausência de vacina, medidas como lavar as mãos constantemente, uso de álcool para assepsia manual e evitar ambientes aglomerados são medidas sutis, porém, de grande impacto no controle e no desenvolvimento de barreiras para acontecimentos de epidemias”, finaliza o Dr. De Cezaro. Coronavírus Coronavírus são uma família de vírus, conhecida há muito tempo, responsável por desencadear desde resfriados comuns a síndromes respiratórias graves, como é o caso da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers). A transmissão desses vírus pode ocorrer de uma pessoa para outra por meio do contato próximo com o doente. Recentemente, um novo tipo de coronavírus foi descoberto, o 2019-nCoV, o qual tem causado mortes e também bastante preocupação. Vale salientar que os coronavírus são vírus zoonóticos, ou seja, podem ser transmitidos entre o ser humano e outros animais. Porém, isso não ocorre com todos os coronavírus, sendo conhecidos alguns tipos que circulam apenas entre os animais. Coronavírus é uma família de vírus que apresenta tipos capazes de desencadear infecções respiratórias graves. → Sintomas de doenças causadas pelos coronavírus Tosse; Dificuldade respiratória; Falta de ar; Febre. Em casos de síndromes respiratórias mais graves, podem ocorrer insuficiência renal e até mesmo morte. → Prevenção do coronavírus Para se prevenir de doenças causadas por coronavírus, as principais medidas são: Evitar contato próximo com pessoas que apresentam infecções respiratórias; Lavar bem as mãos; Evitar tocar os olhos, nariz e boca sem ter higienizado as mãos; Evitar compartilhamento de objetos de uso pessoal, tais como copos e talheres; Evitar contato com animais doentes; Cozinhar bem ovos e carne. → Síndromes respiratórias agudas graves causadas por coronavírus A Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) são duas ocorrências graves causadas pelo coronavírus. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) foi identificada pela primeira vez na China, em 2002. Essa doença espalhou-se rapidamente e causou a morte de mais de 800 pessoas. A epidemia global da doença foi controlada em 2003. Os sintomas da Sars são febre, tosse e dificuldade respiratória, evoluindo rapidamente para insuficiência respiratória. Não há casos da doença desde 2004. Hoje se sabe que a transmissão da doença apresentava relação com gatos selvagens que continham o vírus. A Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) foi identificada pela primeira vez na Arábia Saudita, no ano de 2012. Os sintomas são semelhantes aos de outras doenças causadas por coronavírus, ou seja, febre, tosse e falta de ar. Alguns pacientes também relataram sintomas gastrointestinais. Hoje se sabe que o vírus ligado à Mers tinha nos dromedários um importante reservatório. Esses animais eram, portanto, os transmissores da doença. → Coronavírus (2019-nCoV) O 2019-nCoV, identificado na China, é um novo tipo de coronavírus. O 2019-nCoV, identificado na China, é um novo tipo de coronavírus. O 2019-nCoV é o coronavírus mais recentemente descoberto. Ele foi isolado no dia 7 de janeiro de 2020 e detectado primeiramente na cidade chinesa de Wuhan. Antes dessa identificação, a China já havia informado a Organização Mundial de Saúde, no dia 31 de dezembro de 2019, da ocorrência de uma pneumonia de causa desconhecida. A primeira morte ocorrida em decorrência desse novo vírus aconteceu no dia 11 de janeiro de 2020 e, até o dia 25 de fevereiro de 2020, já haviam sido contabilizadas 2708 mortes e mais de 80 mil casos confirmados em todo o mundo. Inicialmente, acreditou-se que a doença era transmitida apenas de animais para humanos. Entretanto, após o aumento do número de casos, descobriu-se que a transmissão poderia ocorrer também de uma pessoa para outra. Os sintomas da infecção causada pelo novo coronavírus são: febre, dificuldade respiratória, tosse e falta de ar. Os casos mais graves podem evoluir para insuficiência renal e síndrome respiratória aguda grave. 1.2. MIGRAÇÕES.O governo dos EUA anunciou um novo processo de deportação rápida, que contornará a necessidade de os casos passarem pelos tribunais de imigração. Com as novas regras, qualquer imigrante que não consiga provar que esteve no país por dois anos ininterruptos pode ser deportado de forma imediata. A nova política entrará em vigor nesta terça-feira (23), após publicação no Diário Oficial. Que a imagem sirva para evitar novas mortes, diz fotógrafa que clicou pai e filha afogados em fronteira Os números e medidas que revelam o tamanho da crise na fronteira entre EUA e México Até agora, só poderiam ser deportados de forma rápida aqueles que fossem detidos a até 160 km da fronteira e que estivessem no país há menos de duas semanas. Imigrantes encontrados no resto do país ou que demonstrassem ter estado por mais de duas semanas nos Estados Unidos eram encaminhados a tribunais para julgar a deportação, com direito a um advogado para auxiliar no caso. Segundo o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês), a nova regra estabelece que uma pessoa pode ser deportada imediatamente, independentemente da distância da fronteira e sem a designação de um representante legal. A mudança tem potencial de atingir cerca de 300 mil pessoas, segundo estimativa do think tank Migration Policy Institute. Alvo de críticas de organizações não governamentais e ativistas, a medida deve se tornar alvo de disputa nos tribunais. Para analistas, Trump quer tornar a imigração o centro da campanha eleitoral para 2020 A ONG American Civil Liberties Union (ACLU, na sigla em inglês) disse que pretende levar o caso à Justiça. O grupo critica o endurecimento da política de migração do governo de Donald Trump, particularmente as condições nos centros de detenção na fronteira com o México. "Os imigrantes que moram no país há anos terão menos proteção do que em julgamentos de infrações de trânsito. O plano é ilegal, ponto final", afirmou a ONG. Vanita Gupta, presidente da Conferência de Liderança sobre Direitos Humanos e Direitos Civis, disse que "o governo Trump está avançando na conversão do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário dos EUA em um exército de 'mostre-me os documentos'". Jackie Stevens, professora de ciência política na Northwestern University, nos Estados Unidos, disse à Reuters que cerca de 1% das pessoas detidas pelo ICE e 0,5% das que foram deportadas eram, na verdade, cidadãos americanos. "Os pedidos de deportação expressa vão tornar isso muito pior", disse ela. Especialistas em legislação afirmam que a presença ilegal nos Estados Unidos não é um crime na maioria dos casos. No entanto, é uma infração administrativa que coloca a pessoa em risco de ser deportada, o que é um processo que leva muito tempo. Regras mais duras contra imigrantes Para analistas políticos, o presidente americano, Donald Trump, indica que transformará a política de imigração em um eixo central da campanha eleitoral de 2020. Membros do governo americano também falam que um dos principais objetivos dele é desencorajar outras famílias a migrar ilegalmente para os Estados Unidos. Estima-se que existam hoje cerca de 10,5 milhões deles nos Estados Unidos, a maioria oriunda de El Salvador, Guatemala e Honduras. Ao longo de seu mandato, Trump anunciou e implementou diversas medidas para endurecer o combate e as regras contra imigrantes ilegais, como a detenção das crianças que cruzaram a fronteira em centros afastados de seus pais ou responsáveis. Mas seu governo tem enfrentado uma série de dificuldades para dar seguimento ou tirá-las do papel, como a construção de um muro na fronteira com o México. Outra ação recém-divulgada foi uma grande operação para prender milhares de estrangeiros sem documentos com o objetivo de expulsá-los do país. Mas segundo o jornal The New York Times, a ação surtiu menos efeito do que o esperado. Dos 2.000 imigrantes ilegais que eram alvos das operações do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário dos EUA (ICE, na sigla em inglês), apenas 35 foram detidas. Ativistas prometem denunciar à Justiça o aumento dos poderes do ICE Neste ano, o país registrou um aumento recorde de detenções de imigrantes ilegais na fronteira, sobretudo de famílias com filhos. Como consequência, as instalações de detenção ao longo da fronteira estão operando acima da capacidade e foram alvo de denúncias de superlotação e negligência. O governo americano afirma que no mês passado foram detidos 104.344 imigrantes que cruzaram a fronteira sem documentos, número 28% menor do que o registrado em maio (144.728), mês com mais prisões dessa natureza em 13 anos e o terceiro consecutivo a passar de 100 mil detenções. Nos últimos dez anos, houve um recuo das pessoas detidas tentando entrar ilegalmente em território americano pelo México, mas durante o governo de Trump voltaram a subir. No ano fiscal de 2017 (1º de outubro a 30 de setembro), foram 303,9 mil, e no período seguinte, a partir de outubro de 2018, a Patrulha de Fronteira dos EUA disse ter feito 593.507 detenções na fronteira sul. Brexit Brexit, junção das palavras Britain (Bretanha) e exit (saída), é o nome usado para indicar a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). O processo teve início em junho de 2016, após o referendo que manifestou a vontade da maioria dos britânicos em abandonar o bloco econômico e político. O governo do Reino Unido anunciou nesta quarta-feira (19) que vai priorizar o ingresso de trabalhadores estrangeiros altamente qualificados e falantes do inglês no país e pôr um fim à dependência da "força de trabalho barata vinda da Europa". O novo sistema deverá começar a funcionar em 1º de janeiro de 2021, quando, se tudo correr como o planejado, estará concluída a chamada fase de transição da saída do Reino Unido da União Europeia (UE). O novo modelo de imigração prevê um sistema de pontos para os trabalhadores estrangeiros, não importa se vindos da União Europeia ou de outros locais. Somente aqueles que alcançarem a pontuação mínima receberão um visto de trabalho. Entre os critérios considerados no sistema de pontuação estão conhecimentos de inglês, qualificação profissional, garantia de salário e também qual a profissão do candidato. Crise dos Refugiados A perseguição e o terror vividos em situações de extrema intolerância levam o mundo a passar pela pior crise humanitária do século, segundo a ONU. Os refugiados vêm, principalmente, de países africanos e do Oriente Médio. A Guerra na Síria é das maiores situações que motivam a tentativa de ingresso em países europeus, a qual é feita por via marítima em condições precárias. Refugiados nadam a fim de chegar a Itália Apesar de muito se falar sobre a crise dos refugiados na Europa, a grande maioria dos refugiados sírios partiram para países mais próximos. São exemplos Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia. 1.3. GLOBALIZAÇÃO. A globalização é um fenômeno caracterizado pela intensificação das relações econômicas, comerciais e culturais entre os países, onde as constantes inovações tecnológicas nas áreas de transportes e telecomunicações são capazes de diminuir as distâncias e transcender as fronteiras nacionais. Se buscarmos um ponto de partida para o processo de globalização, podemos destacar o advento das Grandes Navegações, quando ocorreu um incremento do comércio entre as mais diferentes partes do globo. Esse marco histórico foi seguido por uma necessidade de aumentar a escala de produção, o que culminou com a Revolução Industrial durante os séculos XVIII e XIX. Nesse período, as modificações na estrutura de produção substituíram gradualmente o trabalho artesanal e a manufatura, principalmente com a introdução da máquina a vapor e posteriormente a utilização da energia elétrica. Já no século XX a expansão dos mercados financeiros e das empresas transnacionais correspondeu ao eventomais relevante no que diz respeito à ampliação dos fluxos de capitais e mercadorias no mundo globalizado. A partir da década de 1950 as empresas transnacionais começaram a direcionar suas filiais para os países subdesenvolvidos e, em pouco tempo, passaram a dominar o comércio internacional. Quanto mais essas empresas foram crescendo, expandindo seus mercados, necessitaram de mais investimentos tecnológicos e da aplicação de novos métodos de produção. Esses métodos estabeleceram uma maior flexibilidade nos sistemas de inovação e fabricação dos produtos, a fim de atender mercados consumidores de localidades distintas e aproveitar da melhor maneira possível a utilização do espaço, das matérias-primas e da mão de obra. O setor de transportes precisou se adaptar às novas demandas para garantir uma distribuição eficiente e segura das mercadorias. O conjunto de modificações tecnológicas que ocorreram a partir da década de 1970 ficou conhecido como Revolução Técnico-Científica. Além de alterar a estrutura de produção e comercialização, essas transformações introduziram descobertas que conduziram ao atual modelo de telecomunicações. Entre essas descobertas, podemos identificar a robótica, a microeletrônica e os satélites. A Revolução Técnico-Científica contribuiu para o desenvolvimento de produtos que utilizamos em nosso cotidiano como os microcomputadores, smartphones e tablets, responsáveis pelo acesso às redes sociais e pela transmissão de grande quantidade de informações em tempo real. Essas ferramentas também determinaram a integração das bolsas de valores ao redor do mundo e permitiram um fluxo dinâmico e constante de informações, capitais e mercadorias. Atualmente a globalização está em uma etapa de interações avançadas entre os países, o que está evidente nas crises cíclicas do sistema capitalista, que estão alcançando cada vez mais rapidamente as nações mais industrializadas. Outro fato marcante é que os países considerados emergentes estão começando a participar mais ativamente do sistema econômico-financeiro mundial, posto que a inserção desses países, até duas décadas atrás, estava limitada à periferia do capitalismo mundial e ao fornecimento de matérias-primas. Os maiores riscos para o mundo em 2020 Há quase uma década, o mundo vê uma escalada de riscos geopolíticos — sem, entretanto, nenhuma grande crise internacional. Afora isso, as tendências econômicas eram favoráveis. Isso mudou, pelo menos na visão da consultoria Eurasia, que faz anualmente um relatório com as principais ameaças globais que devem estar no radar de empresas e políticos nos próximos meses. Com as disputas entre Estados Unidos e China, o mundo se vê dividido em dois após décadas de crescente globalização. Países em todo o globo estão mais polarizados, diz o relatório. Na economia, a tendência é de desaceleração, com algumas previsões de recessão em 2020 e 2021. Enquanto isso, na esfera geopolítica, o mundo entra em crise, “com a falta de liderança global como resultado do unilateralismo americano, erosão das alianças lideradas pelos Estados Unidos, com a Rússia tentando minar a estabilidade dos Estados Unidos e de seus aliados e a consolidação do poder chinês”, aponta a Eurasia. Por fim, as mudanças climáticas começam a restringir o crescimento econômico e surgem como pauta das discussões políticas em todo o globo. Isso só vai aumentar com o tempo, diz o relatório, ao contrário das tendências econômicas e geopolíticas, que são cíclicas e devem se tornar mais favoráveis com o tempo. “Em 2020, temos uma combinação de tendências negativas como não experimentávamos em gerações”, aponta a Eurasia. Confira a lista das dez maiores ameaças: 1. Quem governa os Estados Unidos? “Nunca listamos a política doméstica dos Estados Unidos entre os maiores riscos, especialmente porque as instituições norte-americanas estão entre as mais fortes e resilientes. Neste ano, no entanto, essas instituições serão testadas como nunca antes. Enfrentamos os riscos de uma eleição que muitos verão como ilegítima, e o ambiente externo fica menos estável como resultado”, diz o relatório. Nos últimos anos, amarras institucionais impediram que Donald Trump acançasse importantes pontos de sua agenda política. Agora, o presidente enfrenta um processo de impeachment. 2. A grande divisão “A decisão de Estados Unidos e China de dissociarem suas esferas tecnológicas é o maior evento geopolítico desde o colapso da União Soviética”, diz o relatório. Em 2019, o governo chinês pediu que as empresas locais rompessem com a dependência tecnológica dos Estados Unidos. Agora, a China deve aumentar seus esforços de redesenhar a tecnologia, comércio e arquitetura financeira internacionais para melhor promover seus interesses em um mundo dividido. 3. Estados Unidos x China A cisão tecnológica deve vir acompanhada de uma escalada da tensão entre as duas potências nos campos de segurança nacional, influência e valores. “Os dois lados irão continuar a usar ferramentas econômicas nesse conflito, como sanções, controle de exportações e boicotes, com objetivos políticos explícitos”, aponta a consultoria. Nesse cenário, empresas e governos dificilmente ficarão de fora do fogo cruzado. 4. Multinacionais não irão preencher o vácuo de governança Com os governos se reorganizando geopoliticamente, as empresas terão um ambiente regulatório e político mais conflituoso. Muitos analistas acreditam que as multinacionais irão preencher o vácuo de governança global, imaginando que o setor privado poderia tomar a frente especialmente em temas como mudanças climáticas, redução da pobreza e comércio internacional. Entretanto, a Eurasia se diz cética quanto a essa possibilidade. 5. Mudanças na política indiana O primeiro-ministro indiano Narendra Modi passou boa parte de seu segundo mandato “realizando políticas sociais controversas às custas da agenda econômica”. Nos últimos meses, o governo removeu o status especial da região de Jammu e Caxemira e implementou um sistema para identificar imigrantes ilegais — o que deixou 1,9 milhão de pessoas sem cidadania. Além disso, o governo indiano aprovou uma lei que inclui religião como um dos critérios para que imigrantes dos países vizinhos peçam cidadania. Os impactos, diz a consultoria, serão sentidos em 2020, com aumento dos conflitos religiosos e sectários no país. 6. Europa Nos últimos anos, a Europa sempre esteve alinhada aos interesses de Washington, mas isso está prestes a mudar. “As novas lideranças da Comissão Europeia e da União Europeia (UE) são mais fortes, e o presidente francês Emmanuel Macron tem uma visão mais sóbria sobre assuntos internacionais. Macron e Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, pensam que a UE tem sido ingênua ao esperar que seus principais parceiros comerciais cumpram as regras e querem se preparar para reagir contra práticas unilaterais”, diz o relatório. 7. Política x economia nas mudanças climáticas A resposta política sobre as mudanças climáticas não está caminhando. Dezenas de países assinaram o tratado de Paris, comprometendo-se a limitar o aumento das temperaturas a 2°C até o fim do século, mas muitos não conseguiram implementar as políticas necessárias para isso. Nesse cenário, as empresas terão de escolher se priorizam os compromissos de reduzir as emissões ou os lucros. 8. Tensões no Oriente Médio A política norte-americana junto às nações xiitas no Oriente Médio está falhando. Com isso, a estabilidade da região está em risco. Há, inclusive, riscos de um conflito maior com o Irã. Isso eleva os preços do petróleo. O relatório cita o ataque norte-americano que matou o general iraniano Qasem Soleimani, mas diz que esse risco está em 8º lugar na lista por causa de “fortes pressões estruturais contra a guerra”. Vale lembrar que dias depois do ataque dos EUA, o Irã lançou mísseis a bases usadas pelo exército norte-americanono Iraque. 9. América Latina descontente O baixo crescimento econômico, os casos de corrupção e a má qualidade dos serviços públicos têm incentivado protestos em países latino-americanos. Isso aumenta os riscos para a região: “manifestações vão acontecer, as contas públicas vão se deteriorar, os resultados das eleições serão menos previsíveis e políticos populistas e antiestablishment devem se fortalecer”, diz o relatório. 10. Turquia O presidente Recep Tayyip Erdogan passa por um período de declínio político. Ele tem um grande histórico de tomar decisões provocativas em resposta a ameaças, criando confrontos internos e externos. A resposta de Erdogan a seu enfraquecimento pode prejudicar a já fraca economia turca. 1.4. DEMOCRACIA. A história da democracia no Brasil é conturbada e difícil. Vencida a Monarquia semi-autocrática e escravista, e após a fase democratizante mas turbulenta da República da Espada de 1889-1894, a República Velha conhece relativa estabilidade. É, porém, a estabilidade oligárquica dos coronéis e eleições a bico de pena, que após 22 entra em crise. Com frequência sofre o trauma dos estados de sitio, ante movimentos armados contestatórios ou disputas intra- oligárquicas que fogem ao controle, para não falar da repressão a movimentos populares. • A Revolução de 30 não efetiva sua plataforma de liberalização e moralização política. Vargas fica 15 anos à frente do Executivo, sem eleição. A ordem constitucional tardiamente instaurada com a Assembleia de 34 dura apenas 3 anos. Segue-se em 37-45 a ditadura do Estado Novo, com Parlamento fechado, partidos banidos, uma Constituição outorgada e ainda assim desobedecida, censura, cárceres cheios, tortura. • A democratização de 45 sofre o impulso externo da derrota do nazismo. Internamente não enfrenta maior resistência, até porque o antigo ditador adere a ela, decreta a anistia, convoca eleições gerais, legaliza os partidos. A seguir, o golpe de 29/10/45 e o empenho conservador do gen. Dutra impõem-lhe limites. O regime instituído pela Constituinte de 46 é uma democracia formal. As elites governantes da ditadura estadonovista reciclam-se, aglutinam-se no PSD e conservam sua hegemonia. O gov. Dutra é autoritário: intervém em sindicatos, devolve o PC à ilegalidade, atira a policia contra manifestações. • A instabilidade é a outra marca da democracia pós-45 Após o golpe militar de 29/10/45, vêm os ensaios de ago/54, nov/55, ago./61 e outros menores. A UDN contesta as posses de Getúlio, JK e Goulart com apelos à intervenção das Forças Armadas. Confirmase a imagem, criada na Constituinte pelo udenista João Mangabeira, que compara a democracia a "uma planta tenra, que exige todo cuidado para medrar e crescer". • O golpe de 64 trunca a fase democrática ao derrubar pela torça o pres. Goulart. Pela 1a vez no Brasil, as Forças Armadas não se limitam a uma intervenção pontual; assumem o poder político enquanto instituição, dando início a 2 décadas de ditadura. • A ditadura militar de 64-85 é a mais longa e tenebrosa fase de privação das liberdades e direitos em um século de República. Caracteriza-se pelo monopólio do Executivo pêlos generais, o arbítrio, a sujeição do Legislativo e do Judiciário, as cassações, a censura, a repressão militar-policial, a prisão, tortura, assassinato e "desaparecimento" de opositores. Sua 1a fase, até 68, conserva resquícios de ordem constitucional e impõe certos limites à ação repressiva; a 2a, de 68-78, à sombra do Al-5, leva ao extremo o arbítrio e a repressão; a 3a, crepuscular, é de paulatino recuo, sob os golpes de uma oposição que passa da resistência à contra-ofensiva. • A consciência democrática surgida na resistência à ditadura introduz um elemento novo na vida política. Pela 1a vez transborda de setores urbanos minoritários para as grandes massas, enraiza-se nos movimentos de trabalhadores das cidades e do campo, estudantes, moradores, intelectuais e artistas, ação pastoral da Igreja, órgãos de imprensa e outras áreas de uma sociedade civil que se organiza. Cria um vinculo em grande parte inédito entre direitos politicos e direitos econômico-sociais, um patamar novo de cidadania, mais abrangente e exigente. Sua expressão mais visível é a Campanha das Diretas-84. Depois dela, a ditadura negocia apenas as condições e prazos do seu desaparecimento. • A democratização de 85 é conduzida pêlos moderados do PMDB e a dissidência do oficialismo que forma o PFL. Após a derrota da Campanha das Diretas, adota a via de vencer o regime dentro do Colégio Eleitoral que ele próprio criou. Negociada com expoentes do Sistema de 64, traz o selo da conciliação, típico das elites brasileiras desde 1822. Mas traz também a marca da ebulição politico-social de massas que na mesma época rompe os diques erguidos desde 64. O resultado, expresso na Constituição de 88, é uma democracia mais ousada e socialmente incisiva, se comparada à de 45, embora sua regulamentação e aplicação permaneçam sempre aquém do texto constitucional. •O impeachment de Collor põe à prova as instituições da Nova República. Estas passam no teste sem quebra da ordem constitucional democrática, graças a intensa mobilização da opinião pública e a despeito do apego do presidente a seu cargo. Porém a emenda constitucional que institui a reeleição (28/1/97) e várias outras cogitadas pelo bloco de apoio ao gov. FHC (volta do voto distrital, fidelidade obrigatória, restrições à liberdade partidária) indicam que o regime político está longe de estabilizar-se. • O sistema de governo, presidencial ou parlamentarista. é submetido a plebiscito em 21/4/93, por determinação da Carta de 88. Embora as elites se apresentem às urnas divididas, o eleitorado reafirma o presidencialismo em todos os estados e por expressiva maioria (mais de 2/3). motivado em especial pela defesa da eleição direta para presidente. •O Brasil pós-30, visto em perspectiva, alterna longos períodos de ditadura e instabilidade e momentos, bem mais curtos e não menos conturbados, de certo revigoramento democrático (30-35, jan-out/45, 56-64). Em 7 décadas. apenas um presidente (Juscelino) consegue a proeza de eleger-se pelo voto, cumprir o mandato e empossar um sucessor também eleito, A democratização pós-85 ainda é apenas uma promessa de superação desse ciclo histórico. • As Forças Armadas intervêm pela violência na vida política da República, com frequência e desenvoltura crescentes, até estabelecerem seu monopólio sobre o poder com o regime de 64.0 jacobinismo republicano florianista desdobra-se no tenentismo dos anos 20 e desagua na Revolução de 30, já cindido em 2 vertentes opostas. Uma, nacionalista e com sua ala esquerda, engaja-se na campanha do Petróleo é Nosso, garante a posse de JK em 55 e Goulart em 61, forma o dispositivo militar do gov. Jango. Outra cria estreito vinculo com os EUA após a Campanha da Itália, assume a ideologia da Guerra Fria, empenha-se nos pronunciamentos militares de 45-61, protagoniza a conspiração anti-Jango e o golpe de 64. Entre outras coisas, 64 representa um ajuste de contas entre as 2 tendências, com a derrota estratégica embora não definitiva da 1a. • O regime militar degrada seriamente a imagem das Forças Armadas. Afora o desgaste inerente ao exercício de uma função alheia à sua natureza, o estamento militar arca com os revezes econômicosociais e, sobretudo, com o ónus da repressão, das torturas e assassinatos. Embora a maioria dos oficiais e praças não se envolva diretamente na ação repressiva, toda a corporação acaba afetada pela conduta dos órgãos de segurança e seu comando, que se confundem com ó regime. • A volta aos quartéis inicia longa e muda purgação. Porta-vozes militares opinam durante a Constituinte sobre o papel das Forças Armadas; mais tarde propõem o esquecimento do passado repressivo nos anos de chumbo; mas em geral silenciam, mesmo no delicado episódiodo impeachment. Entretanto, o fim da Guerra Fria e a globalização sob a égide dos EUA reabrem o debate sobre Forças Armadas e soberania nacional em países como o Brasil, ao proporem, por exemplo, a internacionalização do combate ao narcotráfico, da preservação ambiental e em especial da Amazónia. Os militares brasileiros enfrentam, ao lado do peso do passado, do corte de verbas e da rebaixa dos soldos, o desafio de formular um pensamento estratégico pós-Guerra Fria. • Uma humilhante derrota macula os 1" passos do parlamento brasileiro: a 12/11/1823 d. Pedro l dissolve pela força a 1a Assembleia Constituinte aberta 6 meses antes; o dep. António Carlos de Andrada, ao deixar o prédio cercado pela tropa, tira o chapéu com ironia para "Sua magestade, o canhão". Cria-se ai um padrão: a submissão do legislador ao canhão. • O parlamento é débil desde o Império, onde o monarca nomeia os senadores e dissolve a Câmara quando lhe convém. Vinda a República, o pres. Deodoro decreta em 3/11/1891 o fechamento do Congresso, não etetivado porque o governo cai em seguida. A República Velha mantém o legislativo aberto, mas degrada-o com as degolas que manipulam sua composição. Após a Revolução de 30 o Brasil fica 3 anos sem Congresso [3.2], volta a tê-lo por outros 4 e passa mais 8 sem ele. A República de 45 em certa medida fortalece o legislativo. Mas o regime de 64 submete-o aos piores vexames, do simulacro de eleição de Castelo ao Pacote de Abril, passando pelo Al-5. • Os partidos políticos refletem essa debilidade, a vida democrática precária, intermitente ou inexistente, e certo pragmatismo da elite governante, avesso a engajamentos ideológicos ou programáticos. O sistema partidário brasileiro é frágil e instável inclusive em confronto com outros países latino-americanos. •Os 1° partidos assim chamados, das vésperas do Grito do Ipiranga ao início das Regências, não são organizações. nem sequer agremiações, mas correntes de pensamento, fluidas e imprecisas. Só no debate do Ato Adicional de 1834 formam-se o Partido Liberal e o Conservador, a 1a geração de partidos propriamente ditos. •A República varre com as agremiações da Monarquia e produz a 2a geração partidária. Sua característica é a fragmentação em legendas estaduais, acompanhando o federalismo centrífugo da época. Predominam os Partidos Republicanos, alguns formados antes de 1889 (o de SP é de 1873), todos (exceto, em parte, o do RS) com precária nitidez programática e estruturas fluidas, descentralizadas, assemelhadas a confederações de coronéis. • O Partido Comunista foge a esta e outras regras. Fundado em 22. como seção da 3a Internacional, com bases no movimento operário, tem caráter nacional e perfil programático e ideológico incisivo (revolucionário, marxista). Mesmo proibido, clandestino, perseguido, às vezes selvagemente (35-42, 64-79). mesmo assim atravessa as sucessivas gerações partidárias da República. • Os revolucionários de 30 não conseguem estruturar um partido próprio, permanecendo no estágio mais rudimentar dos clubes (Legião Revolucionária, Clube 3 de Outubro). As siglas criadas em 31-37 chegam a centenas, mais uma vez com abrangência estadual (a Ação Integralista é a exceção mais notável). O golpe do Estado Novo dissolve a todas, sem maior resistência, e assume o discurso de que os partidos são uma ameaça à unidade nacional. •A democratização de 45 introduz novidades. Os partidos da 4a geração ]têm, na maioria, caráter nacional, um mínimo de consistência programática e identidade própria. No entanto, as tensões políticas que se agravam levam ao seu esgarçamento, acelerado nos anos 60. As principais legendas se dividem em questões decisivas, cristalizando alas que atuam e votam à revelia das deliberações partidárias. A vida política e polarizada por coligações e frentes informais, que não coincidem com as siglas existentes, que João Mangabeira considera "mais partidas e partilhas do que propriamente partidos". Uma reestruturação de vulto parece iminente quando sobrevêm o golpe de 64, preparado e desfechado à margem dos partidos; no ano seguinte, o Al-2 encerra a experiência pluripartidária. •O bipartidarismo imposto pelo Al-2 (27/10/65) realiza um antigo sonho conservador ao unificar na Arena o PSD e a UDN, sob a batuta do regime militar e com a tarefa de dar-lhe sustentação politico-parlamentar e eleitoral. No PMDB ficam os que se opuseram ao golpe, depurados pelas cassações. Seus defensores invocam o modelo dos EUA, e/ou a instabilidade derivada de um número excessivo (13) de siglas. Mas a experiência bipartidária acaba voltando- se contra seus autores, tendendo progressivamente a transformar cada eleição em um julgamento plebiscitário do regime de 64. A Arena, criada para ser governo, reflui, enquanto avança o MDB, a começar pêlos grandes centros urbanos. Antes de confrontar-se com uma derrota eleitoral decisiva que parece inelutável, o regime muda novamente as regras do jogo: encerra a 5a geração partidária, impõe a extinção compulsória da Arena e do MDB e a volta do pluripartidarismo. • O quadro partidário atual forma-se a partir da reforma de 22/11/79, em um quadro de ascenso dos movimentos politico-sociais de massas, fim do Al-5, anistia e retorno de certas franquias democráticas; o regime militar resiste, mas já em seu crepúsculo. Nesta 6a geração o corte não é tão abrupto: o PMDB é em essência continuação do MDB; o PDS-PPR-PPB dá sequência à Arena: o PDT recupera em parte a herança, o perfil e os quadros do PTB pré-65. O novo leque partidário sobrevive à democratização de 85, mas sofre deslocamentos de vulto: o PMDB, após as dissidências originadas pela reforma de 79. sofre em 88 outro cisma, que dá origem ao PSDB; o PSD divide-se na crise de 84, quando surge o PFL; em 85 o n° de siglas sobe bruscamente, para mais de 40, mas em geral sem maior expressão: os comunistas alcançam afinal uma legalidade relativamente estável; em 97 o PT, PDT e PCdoB formalizam na Câmara um bloco oposicionista. •As gerações partidárias brasileiras, em resumo, são; a fase preliminar dos partidos inorgânicos, somando 14 anos (1820-1834); a 1a geração, do Império, com 55 anos (1834-1889); a 2a, da República Velha, 41 anos (1889-1930); a 3a, pós-30, 7 anos (30-37); superado o interregno estadonovista, vem a 4a geração, com 20 anos (45-65); a 5a. pós- AI-2, dura 14 anos (65-79); e há a 6a, a partir da reforma de 79, ainda em curso. •O Congresso dos anos 90 funciona sem interrupções desde 15/4/77, um recorde não atingido desde 30. Forma o núcleo do Colégio Eleitoral que encerra em 15/1/85 o ciclo de 64. Atendendo a forte pressão da opinião pública, decide o impeachment de Collor (29/9-30/12/92). Entretanto, vive problemas estruturais e de imagem que permitem falar em uma crise do Legislativo. •A distorção nas bancadas estaduais na Câmara, acentuada pela ditadura e mantida pela Constituinte, dá ao eleitor de RR peso 18 vezes superior ao do de SP. Os estados menores são super-representados em detrimento dos maiores, também os mais urbanizados, com sociedade civil mais organizada e reivindicativa: SP conta 70 deps. federais (o teto permitido) quando a proporcionalidade indicaria uma bancada de 110. •A relação com o Executivo, vencida a coação ditatorial. não evolui para a independência e harmonia, O Executivo, na falta dos Decretos-Leis aprovados por decurso de prazo sob a ditadura, substitui-os pelas medidas provisórias, editadas e reeditadas com crescente semcerimônia pêlos presidentes da Nova República. Estes garantem maiorias parlamentares governistas em um balcão de negócios que vai do tisiologismo aético ao suborno ilegal; a gestão Sarney vale-se da outorga de 1.091 concessões de rádio e TV; em 16/4/97 vem à luz a denúncia, abafada mas não desmentida, da compra de votos de deputados do AC para votarem a emenda constitucional que permite a reeleição de FHC. A imagem do parlamento e dos parlamentares (malgradoas exceçòes) se degrada, associada à inoperância, oportunismo e corrupção, mas o descrédito, paradoxalmente, apenas reforça o status-quo. A revista britânica The Economist recentemente divulgou o Democracy Index, seu índice democrático, que recuou de 5,48 pontos em 2018 para 5,44 pontos em 2019. Essa diferença decimal parece pequena, em números, mas é o pior resultado em uma década e 2º pior desde sua criação, em 2006. No dia 29 de janeiro, a Universidade de Cambridge divulgou uma pesquisa com base em uma amostra de 4 milhões de pessoas em 154 países, que revelou um cenário também preocupante para a democracia. O percentual de pessoas insatisfeitas com o sistema democrático, que era de 48% em 1995, quando a pesquisa foi realizada pelo primeira vez, atingiu no ano passado a marca de 58% –um recorde. “A democracia sofre de mal estar em todo o mundo“, disse o coordenador da pesquisa do Centro para o Futuro da Democracia em Cambridge, Roberto Foa. Muitos países vêm perdendo pontos nos critérios pelos quais a The Economist mede o desempenho da democracia das nações: o processo eleitoral e o pluralismo, o funcionamento do governo, a participação política, a cultura política e as liberdades civis. Dos 76 países democráticos, onde está menos da metade da população mundial, somente 22 são considerados democracias plenas, com mais de 8 pontos na escala do Democracy Index. Os Estados Unidos estão com 7,96 pontos. O Brasil, que tinha 7,12 pontos em 2010, hoje é considerado uma democracia apenas moderada, com 6,86 pontos. A Rússia (3,11 pontos) e a China (2,26) são países autoritários. A pior ditadura do mundo, para os avaliadores da The Economist, é a Coreia do Norte, com 1,08 ponto. O estudo de Cambridge aponta nos países do chamado mundo livre um apoio cada vez mais forte a lideranças autoritaristas ou populistas, ao mesmo tempo em que cresce o descrédito no sistema democrático. Essa tendência autoritária segue mesmo nos Estados Unidos, onde o Senado americano acaba de bloquear o processo de impeachment contra o presidente Donald Trump por abuso de poder e obstrução do Congresso, contra todas as evidências. O próprio Trump confirmou as acusações, na semana passada, mas disse que as provas estão em seu poder, não do Congresso. “O material está comigo“, afirmou. Contudo, não são apenas os regimes democráticos que estão em crise. Os mesmos estudos mostram que há igualmente uma crise dos regimes autoritários, que não vão melhor nem são mais bem vistos pela população. Chama a atenção na pesquisa feita pela The Economist o salto na categoria “participação política” –leia-se, hoje, protesto– , que aumentou tanto em países democráticos quanto nos autoritários: o índice saltou de 4,59 pontos em 2018, na média, para 5,28 pontos em 2020. “Com exceção da América do Norte, todas as regiões registraram um aumento na categoria de participação política“, aponta o relatório. Em 2019, houve grandes protestos em países democráticos, como o Chile, e em países sob regimes autoritários, caso da Rússia, da Venezuela e da China. Na Índia, que o presidente Jair Bolsonaro visitou recentemente, 250 milhões de pessoas fizeram uma greve geral contra o governo de Narendra Modi no último dia 6 de janeiro, em protesto contra a estagnação econômica e as prisões político-religiosas, apesar do governo indiano ser o recordista de cortes da internet para evitar a organização de protestos. Em 2018, o serviço de internet foi cortado no país 134 vezes, de acordo com a SFLC.in, organização de defensoria pública de Nova Delhi, que realiza esse levantamento desde 2012, com base na informação de jornalistas, grupos de defesa do direito e cidadãos. O que há em comum entre as democracias e os regimes autoritários, explicando a pressão popular e escala mundial, é a dificuldade do setor público em responder aos desafios do capitalismo tecnológico, que aumentou a concentração de renda e a exclusão social. Ao mesmo tempo, o capitalismo tecnológico transnacional deu à população, com as redes sociais, mecanismos inéditos e amplos de expressão, organização e manifestação política. Diante desse cenário, só uma coisa é certa. Os países com o mais alto índice de democracia, como Noruega (9,97 pontos), Suécia (9,39) e Canadá (9,22) são também os que possuem os mais altos índices de desenvolvimento econômico, com baixa desigualdade e menos turbulência social. A democracia ainda é o regime que não apenas resolve melhor os conflitos, como o único que permite seu próprio questionamento. Somente a liberdade corrige os males da liberdade, dando à sociedade a capacidade de consertar seus erros. Contudo, também não resta dúvida de que o sistema democrático hoje precisa de um ajuste, para responder aos novos desafios do capitalismo transnacional, criando, também, novos instrumentos. 2. MUNDO DO TRABALHO NA ATUALIDADE. Após o sinal de esperança aceso no fim do ano passado, com a queda da taxa de desemprego de 11,8% para 11,2% entre o trimestre de junho a agosto e o seguinte, encerrado em novembro, o governo começa 2020 com o desafio de provar que a melhora não foi apenas um voo de galinha e conter o aumento da informalidade, responsável por 41,1% das ocupações atuais. O Brasil ainda conta com 11,9 milhões de pessoas procurando emprego e 38,8 milhões trabalhando por conta própria ou em empregos sem carteira assinada, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especialistas afirmam que a melhora percebida em novembro tem um componente sazonal, devido às festas de fim de ano e à Black Friday, e pode ter influência de medidas que injetaram dinheiro na economia, como a liberação de saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Só será possível avaliar se o mercado de trabalho realmente começou a reagir quando os efeitos de incentivos pontuais começarem a se dissipar, explica o economista Bruno Ottoni, da consultoria IDados. Também não será com base em medidas específicas, como criação de novos tipos de contrato ou reformas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que a situação vai se resolver. Ainda que melhorem o ambiente de contratação, essas iniciativas não são suficientes para impulsionar a geração de empregos, ressalta Ottoni. Ou seja, a queda sustentável na taxa de desemprego depende de o país conseguir crescer mais rápido e aumentar os investimentos.Continua depois da publicidade O diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, projeta crescimento de 2,3% da economia neste ano. Na avaliação dele, os resultados positivos recentes se devem à taxa básica de juros, que está no menor patamar histórico, de 4,5%, e a alguma recuperação de investimentos. “É um conjunto de fatores, principalmente da demanda interna, que ajudam a recuperar o emprego”, afirma. Professor da Universidade de São Paulo (USP) e economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Hélio Zylberstajn ressalta que a taxa de juros baixa é um indutor do investimento, porque gera uma migração de poupança: o dinheiro que antes era colocado em títulos do governo, que agora rendem muito menos, está sendo direcionado para o setor produtivo. “As pessoas estão investindo mais em ações, e já se anuncia na bolsa abertura de capital de muitas empresas. Quando elas abrem capital, as pessoas compram ações e isso gera investimentos”, explica. O aumento no número de vagas formais, no entanto, deve vir mais para o fim do ano, acredita Daniel Duque, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). Por enquanto, a recuperação ainda é convertida em empregos informais, os primeiros que reagem quando a atividade dá sinais de melhora, explica. “É o suficiente para gerar ocupação, mas não ao ponto de criar empregos em grande escala. O que as pessoas fazem é ir para a informalidade, porque conseguem manter pequenas atividades por conta própria, masnão encontram emprego formal ainda”, diz. Confiança O desemprego reage mais lentamente do que outros indicadores porque, no início da recuperação econômica, ainda falta confiança para que os empresários apostem em novas contratações. Ainda que a economia deslanche, é preciso manter um ambiente positivo de negócios, ressalta Zylberstajn. “O emprego depende da iniciativa privada, que precisa de confiança nas políticas do governo para, gradualmente, voltar a investir no país”, resume. Quando a ocupação é promovida pelo investimento, cai a informalidade, afirma o economista da USP. “Não dá para imaginar, por exemplo, uma obra de infraestrutura sem contratação”, diz. Segundo ele, não há outro caminho para atrair investimentos: é preciso ajuste fiscal e privatização. Ele diz que a reforma previdenciária, sancionada em novembro do ano passado, já melhorou o horizonte. Governo aposta em incentivos O governo conta com mudanças nas leis trabalhistas para aumentar o número de contratações em 2020. Com a informalidade batendo recorde, a preocupação é gerar vagas com carteira assinada. Uma das iniciativas mais recentes do Ministério da Economia veio pela Medida Provisória nº 905/2019, que concede incentivos fiscais para empresas que contratarem jovens entre 18 e 29 anos em busca do primeiro emprego.Continua depois da publicidade O governo pretende gerar até 1,8 milhão de postos pela nova modalidade, chamada de contratação Verde Amarela, até o fim de 2022, quando a medida perde a validade. As empresas que aderirem terão menos encargos trabalhistas. Na visão de do professor da Universidade de São Paulo (USP) e economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) Hélio Zylberstajn, a política é “acertada e veio em ótima hora”. “A parcela da população mais vulnerável ao desemprego é a dos mais jovens. As empresas preferem gente com experiência e acabam relegando jovens porque a contratação é cara”, avalia o professor. Ele lembra que a MP também pretende facilitar o acesso ao microcrédito, o que, nas estimativas dele, pode gerar até 4 milhões de empregos. “Ao estimular o crédito a quem é mais pobre, você dá condição de ele comprar uma máquina de costura, por exemplo, e começar a trabalhar”, explica. Vários pontos da MP, entretanto, têm sido questionados. Alguns analistas dizem que a geração de vagas deve ser irrisória. Outros atacam, principalmente, a contrapartida para a contratação. A proposta inicial era de que o seguro- desemprego passasse a recolher Imposto de Renda para compensar a redução de tributos às empresas. O governo deve voltar atrás nesse ponto, devido à repercussão negativa. Segundo o diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, não ficou claro como o programa vai ser financiado nem o efeito no mercado de trabalho. Ele lembra que o programa Primeiro Emprego, implantado em 2003, similar ao Verde Amarelo, gerou 30 mil vagas em três anos. “Pode ser que (a medida) ajude, mas não é daí que vem a solução do mercado de trabalho. Tem que ter recuperação continuada e fundamentada em aumento de investimentos e produtividade”, reforça. Daniel Duque, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), concorda que o efeito vai ser pequeno “e mais no sentido de deslocar emprego dos mais velhos para os mais jovens”. Mas, mesmo que esse seja o único efeito, ele pode ser positivo, avalia. “Atrasar muito a entrada de um jovem no mercado de trabalho é muito ruim e pode comprometer drasticamente o futuro dele”, pondera. Entendendo o conceito de uberização O próprio nome varia da empresa Uber, na qual os motoristas possuem essa liberdade e atuam de acordo com a demanda dos clientes, se aceitarem a corrida (ou o trabalho). O modelo é visto como uma forma mais eficiente de atuação, não se restringe a quem trabalha com aplicativos. É o caso do consultor internacional de segurança Leonardo Sant’Anna, que presta serviços e ministra treinamentos nas áreas empresarial e patrimonial. Ele acredita que o próximo passo do mercado é que cada pessoa se torne seu próprio empresário e gestor. “É melhor não só para mim, como para diversas outras pessoas. Hoje, o foco mundial está na gestão por resultados, em ter uma fonte de renda adicional, desburocratização para contratação, na efetividade do que você oferece, flexibilidade de jornada e horário e na melhoria da distribuição de renda. A uberização contribui com tudo isso”, defende. Contudo, a advogada Deborah ressalta que o modelo, de certa forma, também traz uma precarização do trabalho. “Quando a pessoa não tem uma relação de emprego formalizada, ela perde algumas garantias, não recebe por horas extras, pode trabalhar muito a mais do previsto em lei, em horários prejudiciais à saúde. Ela arca com todos os riscos da atividade profissional”, exemplifica. 3. DESASTRES AMBIENTAIS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO. Questão do Meio Ambiente no Brasil tem atravessado fronteiras, sendo, inclusive, tema de debate na cúpula do G7. A crise ambiental, principalmente devido ao número alarmante de queimadas na Amazônia, tem interferido nas relações diplomáticas do País. Aliado a esse cenário, especialistas alertam para os riscos do desmantelamento dos órgãos de proteção e fiscalização. Mas, para entender os desastres ambientais do Brasil, é preciso ficar atento, para além de fatos alarmantes - como o desmatamento e o rompimento de barragens -, aos “pequenos desastres” cotidianos, como a poluição aquática e climática, a falta de saneamento básico e a grande geração de lixo. O que é desastre ambiental? Um desastre ambiental pode ter causa: Natural - quando é resultado de eventos da natureza, como tempestades, furacões, seca, terremotos, tsunamis. Sabendo que determinadas regiões são mais suscetíveis, casos como deslizamentos e enchentes podem ser evitados pelo poder público com ações de prevenção; Atividade humana - é a causadora de desastres ambientais considerados criminosos, como as queimadas na Amazônia e o rompimento de barragens de rejeitos de minérios. Além disso, também merecem atenção os desastres que acontecem todos os dias, como a grande produção de lixo, descarte incorreto de resíduos e poluição de mares, rios e lagoas pela falta de saneamento. Florestas Queimadas Em 2019, as queimadas no Brasil aumentaram 82% em relação a 2018 entre janeiro e agosto. 2019: 71.497 2018: 39.194 Maior número de registros em 7 anos no Brasil, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Desmatamento Em julho de 2019 foi detectado um aumento de 66% em relação a julho de 2018, segundo levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Julho de 2019: 1.287 km² Julho de 2018: 777 km² O desmatamento é um processo de conversão da floresta para outros usos da terra, como pastagens, áreas de cultivos agrícolas, mineração ou fins de urbanização. Oceanos, mares e rios Plástico O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, com 11 milhões de toneladas por ano. O País recicla apenas 1,2% (145.043 toneladas) do plástico que gera. Você sabia? A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou a proibição de canudos de plástico no dia 11 de setembro de 2019. O projeto seguiu para redação final e sanção do prefeito Roberto Cláudio. “Além de proibir o plástico, precisamos diminuir a cultura do plástico descartável. A quantidade absurda de plástico que geramos é de descartável, garrafa pet, embalagens, sacolas. Precisamos pensar alternativas, como substituir por materiais biodegradáveis”, diz Adolfo Dalla Pria, professor de Agronegócio e Meio Ambiente da Universidade de Brasília (UnB) Saneamento Em 2017, o Brasil lançou o equivalente a cerca de 5.622 piscinas olímpicas de esgoto não tratado no solo e, principalmente, em córregos, rios e mares, conforme o Ranking do Saneamento 2019. O lançamento de esgoto sem tratamento é apontado pela Agência Nacional de Águas (ANA) comoa principal forma de poluição de água no País. Barragens Tragédias: Mariana, MG Em novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, localizada no distrito de Bento Rodrigues, deixou 19 mortos e causou uma enxurrada de lama. Brumadinho, MG Em janeiro deste ano, a barragem da mina Córrego do Feijão, da empresa Vale, rompeu. Foi um dos maiores desastres com rompimento de barragem de minério do mundo. Os corpos de 248 vítimas foram identificados. Vinte e dois seguem desaparecidos. Centenas de animais morreram. Aterros sanitários e lixões Resíduos sólidos 71,6 milhões de toneladas de resíduos são gerados por ano segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). País aumentou em 28% a produção de lixo entre 2010 e 2017. 55% dos municípios depositam seus resíduos em aterros sanitários. 45% dos municípios depositam de forma inadequada. A Política Nacional de Resíduos Sólidos completou nove anos e não cumpriu nenhuma meta. Uma delas era acabar com os lixões: são 3 mil lixões a céu aberto no Brasil. Legislação e fiscalização A principal legislação nacional sobre o tema é a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), estabelecida pela Lei 6938 no ano de 1981. Define mecanismos e instrumentos para a proteção do meio ambiente. “Não temos falta de legislação, mas há dificuldade de aplicação pela falta de estrutura adequada, como a quantidade de fiscais. Em Brumadinho, a fiscalização foi muito mal feita. Aprovam projetos com nível de problemas grande” Adolfo Dalla Pria, professor de Agronegócio e Meio Ambiente da Universidade de Brasília (UnB) “Um dos fatores para as tragédias é o desmonte dos órgãos de fiscalização e controle. Quando você tira autoridade dos fiscais, dá carta branca. Além do lobby que ruralistas exercem no Congresso Federal, para flexibilização leis. Com as impunidade, se abre oportunidade para que novos crimes aconteçam” Malu Ribeiro, coordenadora do SOS Mata Atlântica Desestruturação de órgãos Em maio, o Governo Federal anunciou corte de R$ 187,4 milhões nas políticas públicas de proteção ambiental. Ibama e ICMBio, principais órgãos de gestão, proteção e fiscalização ambiental, foram os mais atingidos. 96% da verba para Política Nacional sobre Mudança do Clima foi contingenciada. Relações diplomáticas Bolsonaro X Macron Queimadas na Amazônia foram alvo de debate da cúpula do G7 — grupo de países mais industrializados do mundo. Líderes do bloco concordaram em liberar US$ 20 milhões de ajuda emergencial. O Planalto planeja rejeitar a verba e o presidente Jair Bolsonaro acusa o presidente francês Emmanuel Macron de “colonialismo”. O francês acusou Bolsonaro de ter “mentido” sobre o clima e se opôs ao acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. Comércio A questão ambiental tem se refletido nas relações diplomáticas do Brasil. “O não cumprimento de acordos internacionais ambientais pode prejudicar acordos de comércio. Como é o caso do acordo União Europeia versus Mercosul”, explica a professora de Direito Internacional do Meio Ambiente da Universidade Federal do Ceará (UFC), Tarin Mont'Alverne. Inpe Após a divulgação de dados alarmantes sobre o desmatamento na Amazônia, em julho, o presidente Jair Bolsonaro questionou as informações do Inpe. Diretor à época, Ricardo Galvão, defendeu dados e refutou críticas. Ele foi exonerado no mês seguinte. Frente de ex-ministros Em maio, todos os oito ex-ministros do Meio Ambiente vivos desde que a pasta foi criada, em 1992, assinaram um comunicado acusando o atual Governo de promover uma “política sistemática, constante e deliberada de destruição das políticas meio ambientais”, além do desmantelamento institucional dos organismos de proteção e fiscalizadores, com o Ibama e o ICMbio. Incêndios na Austrália Em dezembro de 2019 e janeiro de 2020, a Austrália foi devastada por uma onda de incêndios de grandes dimensões. As queimadas são comuns na época do verão, mas estão cada vez mais violentas por conta das mudanças climáticas que sofre o planeta. Até 6 de janeiro de 2020, os incêndios já havia custado a vida de 25 pessoas e alcançaram mais de 800.000 hectares trazendo enormes prejuízos para o país. 4. MOBILIDADE URBANA. O tema mobilidade urbana esteve em discussão em 2018 e continua em 2019. Isso porque o aumento da população leva à crescente dificuldade de deslocamento nas grandes cidades brasileiras e, em consequência, resulta em um grande desafio de gestão pública. Dentre outros fatores, a qualidade do transporte coletivo leva ao uso preferencial dos transportes individuais. Essa atitude reverte em congestionamentos frequentes e aumenta a poluição no país. desafios da mobilidade urbana Ao passo que o índice populacional aumenta, o registro de veículos também aumenta, chegando a existir 1 carro por cada 1,8 habitante em Curitiba. Essa é a capital com mais carros do Brasil. Uma das soluções apresentadas é o rodízio, o qual é adotado em São Paulo. Nessa cidade, conforme o final das placas, há um dia da semana (em horários determinados) em que carros e caminhões não podem circular. Além do rodízio, a deslocação por meio de bicicletas ou por transportes públicos, são outras medidas que visam atenuar essa situação. 5. DIREITOS HUMANOS. Direitos humanos são direitos e liberdades fundamentais que pertencem a cada uma e cada um de nós, em todas as partes do mundo. Liberdade, vida e respeito são temas essenciais para entender o assunto. Como surgiram os direitos humanos? As noções e normas básicas para uma uma boa convivência entre os seres humanos permeia as sociedades desde muito tempo e de diversas maneiras. Mas diante de diferenças culturais, atrocidades e tragédias vivenciados em diversos períodos da nossa história, um acordo entre as nações que garantisse, de maneira igualitária, universal e sem distinções, direitos fundamentais para todas as pessoas era necessário. A Declaração Universal dos Direitos Humanos Foi após os horrores da Segunda Guerra Mundial que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi escrita para, então, delinear e proteger os direitos básicos de todo ser humano. A aprovação desse documento tão importante que formaliza tais direitos – independente de cor, gênero, orientação sexual, religião ou origem – aconteceu no dia 10 de dezembro de 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabeleceu, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Organização das Nações Unidas definiu 30 direitos e liberdades inalienáveis e indivisíveis – ou seja, direitos e liberdades que são seus, intransferíveis e que não podem dissociados de você. Entre eles estão o direito à liberdade de expressão, de manifestação, o direito à educação inclusiva e de qualidade, o direito a gozar do mais alto nível possível de saúde e o direito à vida. Segundo o artigo 19 da Declaração Universal de Direitos Humanos, todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão Ninguém pode tirar esses direitos e liberdades de nós. Eles pertencem a todas as pessoas que vivem sobre a Terra, e a violação dos direitos humanos constitui ato ilícito internacional. Por isso, lutamos para garantir que reparação, justiça e respeito para todos aqueles que veem seus direitos ameaçados ou violados. Conheça algumas ações e atue conosco. Direitos humanos são para… …todos os seres humanos! Os direitos humanos existem e são assegurados a todos e todas – não importa de onde você é, a cor da sua pele, no que você acredita, com quem se relaciona ou como escolhe viver sua vida. Todos, sem distinções, merecem ter seus direitos humanos respeitados, assim como respeitá-los tambémé um dever todos. Direitos humanos não podem ser negados; mas, por vezes, podem ser restringidos – por exemplo, se uma pessoa cometer um crime, ela pode ter seus direitos políticos e sua liberdade de ir e vir limitados. Ainda assim, executar uma pessoa que cometeu crimes, agredi-la, torturá-la ou submeter a mesma a condições degradantes também constitui uma violação grave de direitos humanos, e é ilegal na maior parte do mundo – assim como no Brasil. Um julgamento justo também é um direito humano. Estes direitos e liberdades baseiam-se em valores como dignidade, justiça, igualdade, respeito e independência. São direitos concretos e são definidos e protegidos pelas leis nacionais de todos os países que compõem a Organização das Nações Unidas – e o Brasil é um desses países. Para que servem direitos humanos? Direitos humanos não são apenas leis presentes em um documento. Eles refletem decisões que tomamos e situações que vivenciamos diariamente, sobre nosso cotidiano, nosso dia-a-dia. Por exemplo, se algo que um político faz nos incomoda, a maioria de nós não pensa duas vezes antes de falar sobre isso com nossa rede de amigos. Quando você faz isso, você está exercendo um direito humano – o seu direito à liberdade de expressão. Aí está uma ponto importante de ser lembrado sobre direitos humanos: quando estão sendo respeitados, eles passam quase despercebidos. A maioria das crianças não acorda de manhã comemorando a possibilidade de exercer seu direito à educação. Mas aqueles que fugiram de países em que lhes foi negado o direito de ir à escola podem muito bem apreciar isso um pouco mais. Questão Indígena A Questão Indígena voltou aos noticiários já no primeiro dia de governo. O presidente anunciou que a FUNAI, durante seu mandato, estaria submetida ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, e não mais dentro do Ministério da Justiça. Questão indígena A competência deste órgão foi esvaziada, pois ele perdeu a função de demarcar as terras indígenas. Agora, esta prerrogativa pertence ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Posteriormente, Jair Bolsonaro defendeu a exploração mineral e agrícola dentro das reservas indígenas. Onda conservadora no Brasil e no mundo Desde 2016 o Brasil vive o momento de maior instabilidade política e econômica da sua história recente. Tivemos, por exemplo, o impeachment de Dilma Rousseff e a Operação Lava-Jato (que denunciou um esquema de pagamentos de propinas bilionárias envolvendo grandes empresas e vários partidos políticos). A reação dos eleitores, em parte, apresentou-se na polarização da eleição de 2018. O país elegeu Jair Bolsonaro como presidente, demonstrando o fortalecimento de uma direita conservadora no Brasil. E não é só aqui: a direita vem se fortalecendo na América do Sul desde 2013, quando só o Chile estava mais à direita. Em 2018, Argentina, Peru, Colômbia e Paraguai se juntaram a ele; e em 2019, o Brasil. A vitória de Bolsonaro abre espaço para a consolidação de uma agenda contra pautas como aborto, legalização de drogas, união homoafetiva e imigração. Além, é claro, de uma política com apoio da polícia e das Forças Armadas, e o fortalecimento de uma cultura machista. O presidente simboliza no Executivo a tendência que desde 2014 o Brasil já mostrava no Congresso, então considerado o mais conservador desde a redemocratização. Isso porque aumentou no número de parlamentares ligados a segmentos mais conservadores, como ruralistas, militares, policiais e religiosos. Fake News “Fake News” é um termo cunhado para designar notícias falsas, inexatas ou incompletas sobre um determinado movimento civil, partido político ou pessoa. Ocorre em todos os lugares do mundo e se disseminaram velozmente através da internet. Num mundo hiperconectado, nem sempre temos tempo de refletir sobre o que lemos e assim, tendemos a acreditar em tudo que recebemos em nossas redes sociais. O maior exemplo foi descoberto em 2018. Um ano antes, os EUA elegiam seu novo presidente, Donald Trump, foi revelado que potenciais eleitores do candidato republicano receberam em suas redes sociais fake news sobre sua opositora Hillary Clinton. Desta maneira, essas pessoas mudaram seu voto e assim, deram a vitória a Trump. É preciso estar atento ao que se compartilha nas redes sociais. Uma tarefa simples é desconfiar se a matéria vem sem assinatura do jornalista. Vale também copiar alguns trechos e pesquisá-la no Google. O mesmo acontece com as imagens que nem sempre retratam a realidade.
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