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AV1 FISIOLOGIA AVANÇADA
Discentes: 
Bruna de Carvalho Figueiredo (04046473)
Emmanuelle G. O. Andrade (04030317)
Luiza Faria de Nunes Rodrigues (04054337)
Priscila de Araujo Lima (04054281)
Importância da alotriofagia na rotina clínica de cães e gatos: presença de corpos estranhos no lúmen gástrico.
A alotriofagia (ou síndrome de PICA) é caracterizada pela ingestão de outros materiais que não são alimentos normais, variando do hábito de lambedura, mordedura até a ingestão dos objetos diferenciados, utensílios domésticos, entre outros. Outra conceituação seria a ingestão persistente de substâncias não nutritivas, por longo período de tempo, e aumentando gradativamente as quantidades ingeridas.
O distúrbio é comumente encontrado na rotina clínica de pequenos animais, e muitas vezes passando despercebidos por seus tutores. Alguns objetos mais comumente ingeridos podem ser: plástico, tecido, lã, elásticos de cabelo, fios. 
A alteração do hábito alimentar é um enigma para seus estudiosos, uma vez que não existe consenso a respeito de sua etiologia. Porém, pode estar associado a deficiências nutricionais, ou de fibras, além da falta de atividade física, stress, seja ele por desmame precoce, mudanças na rotina, ambiente restritivo, introdução de um novo animal, perda do tutor, grandes períodos de solidão, pouca interação com o tutor, entre outros. Os caninos e felinos, além dos transtornos comportamentais, têm como fatores para o desenvolvimento do quadro a presença de doença predisponente à anemia, má digestão e má absorção. Essa condição comportamental não é prazerosa para o animal, a seu comportamento compulsivo serve apenas para reduzir a ansiedade e pode se relacionar a liberação de serotonina que influenciará no alivio da dor e de algum comportamento.
Na maioria dos casos, a alotriofagia, deve-se a deficiências nutritivas, ou de fibras, além da falta de atividade física, stress, seja ele por desmame precoce, mudanças na rotina, ambiente restritivo, introdução de um novo animal, perda do tutor, grandes períodos de solidão, pouca interação com o tutor, entre outros. Os caninos e felinos, além dos transtornos comportamentais, têm como fatores para o desenvolvimento do quadro a presença de doença predisponente à anemia, má digestão e má absorção.
Nos gatos, eles começam a lamber objetos, e em seguida evoluem pra ingestão destes ou alimentos piores, correndo um grande risco de intoxicação, asfixia ou até mesmo os famosos corpos estranhos. Obstruções intestinais e gástricas por corpo estranho são comuns em pequenos animais. Em cães, existem algumas predisposição raciais como Bull Terrier, Labrador e Golden Retriever, embora se observe com frequência cães de pequeno porte com corpos estranhos no lúmen gástrico e intestinal (o que pode ser devido ao menor diâmetro dos órgãos tubulares, impedindo a eliminação e facilitando o acúmulo interno). O distúrbio é bastante nocivo para a saúde animal, podendo encontrar grande quantidade de utensílios domésticos compartimentalizados no estômago, principalmente na região pilórica, sendo na maioria das vezes necessária cirurgia de emergência, pois o animal pode vir a óbito. Algumas das consequências mais sérias em cães e gatos, são as intoxicações, botulismo, corpos estranhos alojados nas vias digestivas (por acúmulos de lã/pêlos, fibras ou areia) que acarretam obstruções, e perfuração esofágica, gástrica ou entérica (por ingestão de objetos pontiagudos).
Muitos animais permanecem assintomáticos por um longo período de tempo, vindo apresentar sintomatologia clínica apenas quando da obstrução pilórica. Quando os sinais aparecem, são sinais clínicos provenientes da irritação mecânica ou por obstrução de trânsito. Para auxiliar no diagnóstico de corpo estranho, são utilizadas radiografias simples convencionais e ultrassonografia, podendo ainda ser utilizada, quando disponível, tomografia computadorizada e ressonância magnética. O corpo estranho independente da natureza ou conformação permanece principalmente na porção gástrica do trato digestório, ora pela impossibilidade do estômago em promover a passagem do material, ora por hipertrofia da musculatura lisa do intestino.
A radiografia simples é um método empregado para o diagnóstico de corpo estranho, permite observar corpos estranhos radiopacos e os radioluscentes (quando há presença de gás ao redor do corpo estranho ou com a utilização de contraste). A ultrassonografia é o método não invasivo mais indicado para situações de obstruções por corpo estranho, na qual é possível identificar a maioria dos objetos, além de fornecer informações não disponíveis nas radiografias simples ou contrastadas, como avaliação da motilidade intestinal e presença de líquidos. Exames de sangue e parasitológicos, além de ecografia são indispensáveis quando o animal tende a ter comportamento diferenciado e ingere algum objeto que possa fazer mal. A endoscopia também pode ser usada como instrumento de identificação de corpo estranho, e, além de localizá-lo, ainda pode removê-lo de forma não invasiva.
O estômago trata-se de um segmento dilatado do trato digestivo, cuja principal função é transformar o bolo alimentar em uma massa viscosa por meio de atividades muscular e química. O estômago é responsável pela digestão parcial dos alimentos, secreção de enzimas e hormônios (funções exócrinas e endócrinas). Os corpos estranhos são encontrados em maior número no estômago e intestinos, podendo causar obstrução, perfuração e toxicidade por chumbo, zinco, entre outros, em várias porções do trato digestório. O volume estomacal, conteúdo energético da dieta, viscosidade do alimento, temperatura, densidade, tamanho das partículas, peso corporal conteúdo ácido do duodeno, ingestão de água, tamanho da refeição e tipo de dieta, são fatores essências para determinar como o estômago vai reagir naquele animal.
Os corpos estranhos quando obstruem o fluxo alimentar ou quando irritam a mucosa, frequentemente causam distensão gástrica e levam ao vômito. Ocasionalmente podem estar obstruindo (ou irritando) mas também terem efeitos assintomáticos. A seção proximal distende durante a refeição, armazenado o alimento e produzindo muco, e a musculatura circular mistura e macera o alimento. A seção distal tem função enzimática e produz ácido clorídrico regulando a saída de alimento para o intestino, sendo a secreção gástrica influenciada pela ingestão protéica e a quantidade ingerida de alimentos, gatos tem pH mais ácido (pH 2,5) que os cães. O pH estomacal varia de acordo com a dieta (composição e capacidade tamponante do alimento), e com a população bacteriana. 
No estômago são identificadas 4 regiões: cárdia (região de transição entre o esôfago e inferior e o estômago), fundo (curvatura superior do estômago), corpo (entre o antro pilórico e o fundo), e o piloro (porção inferior do estômago e mais acometida pelos corpos estranhos). Em felinos, os corpos estranhos lineares costumam se prender sob a língua ou no piloro e causam frequentemente pregueamento intestinal. Se estiverem no fundo gástrico e não obstruírem o piloro, o vômito não será frequente e pode até vir a ser ausente.
Os achados anamnésicos mais comuns incluem tentativas de vomitar, engasgo, letargia, anorexia, ptialismo, regurgitação, inquietação, disfagia e tentativa persistente de deglutição. Em exames laboratoriais, em uma obstrução do fluxo gástrico, pode-se observar a hipocalemia, hipocloremia e alcalose metabólica. As obstruções proximais e completas causam sinais clínicos mais graves e agudos que as obstruções parciais e distais, que ainda permitem a passagem de certa quantidade de conteúdo, pois há maior risco de comprometimento vascular da alça intestinal, pela distensão com gás e liquido causando isquemia do local afetado. O vômito persistente é o sinal clínico mais comum, além de dor abdominal, anorexia e perda de secreção gástrica. Conforme o passar do tempo o quadro pode se agravar, evoluindo para desequilíbrios eletrolíticos,desidratação e consequente choque hipovolêmico, que se não for tratado poderá levar o animal ao óbito em dias.
Como podemos ver, é comum em casos de corpos estranhos no lúmen gastrointestinal, quadros de alcalose metabólica decorrente do vômito gástrico rico em íons de potássio, sódio, hidrogênio e cloreto. E a acidose metabólica por vômito de conteúdo intestinal contendo ácido clorídrico e secreções pancreáticas ricas em bicarbonato, e secundária à desidratação. 
Entretanto, essas alterações podem variar, sendo ausentes em animais com obstrução gástrica e presentes em animais sem tais obstruções. Portanto, embora sejam sugestivas, estas alterações eletrolíticas não são especificas comuns na obstrução do fluxo gástrico. Exames de imagens são os mais confiáveis para o diagnóstico, podendo ser dificultado se o estômago estiver repleto de alimentos. Algumas doenças mimetizam muito a obstrução por corpos estranhos, como por exemplo a “parvovirose” canina que pode inicialmente causar vômito intenso. As alterações podem ocorrer principalmente no estômago e nos intestinos, por isso, se possível, deve-se investigar todo o trato intestinal na ocorrência ou suspeita de corpos estranhos. 
Vários fatores devem ser considerados e corrigidos quando preciso. Estimular outros comportamentos alimentares, com variedades de texturas de alimentos, verticalizar o ambiente, momentos de interação e brincadeiras, são essenciais. E associado a tudo isso, a terapia medicamentosa se faz necessária em muitos casos. Cada caso, deve ser tratado individualmente, com acompanhamento veterinário, pois é um tratamento longo, e exige muito comprometimento de todas as partes.
As causas nutricionais e patológicas devem ser eliminadas da suspeita, para assim poder se identificar o que desencadeia realmente o comportamento naquele animal. Considerando-se a situação de stress, muitas vezes não conseguimos identificar o gatilho, mas existem algumas maneiras de enriquecimento que podem ajudar muito. Não só o enriquecimento ambiental, mas também, o cognitivo, alimentar, além da interação do tutor com o gatinho, e mesmo assim, na maioria dos casos, a terapia medicamentosa é necessária.
Qualquer animal está propenso a esta prática, os sinais clínicos dependem do grau e localização da obstrução, da duração, e comprometimento vascular causado pelo corpo estranho. Nas obstruções completas, nas quais não há passagem natural do objeto pelo trato gastrointestinal, podem se desenvolver complicações severas como choque hipovolêmico ou peritonite séptica, e nessas condições a estabilização prévia à intervenção cirúrgica são necessárias. 
A fluoxetina é um fármaco seletivo que inibe a recaptação de serotonina aumentando a concentração desse neurotransmissor central, sendo uma das drogas antidepressivas indicadas para o tratamento do transtorno compulsivo em cães. A terapia farmacológica deve ser encarada como coadjuvante no processo de cura do transtorno compulsivo, sendo de responsabilidade do médico veterinário a conscientização do proprietário acerca da importância da terapia comportamental e como o distúrbio pode causar diversas alterações fisiológicas no animal. 
Os hormônios desempenham um papel crítico no desenvolvimento e expressão de vários tipos de comportamentos. De todos os eixos endócrinos, o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HPA) é o mais correlacionado ao bem-estar e aos distúrbios psiquiátricos, sendo o cortisol intitulado de hormônio do estresse. Ele está presente nos cães e nos gatos e é muito importante, pois tem atividade catabólica, proteolítica e lipolítica em tecidos periféricos e atividade anabólica no fígado. Além disso, reduz a entrada de glicose na célula, aumentando a glicemia e a liberação de insulina, e também estimula o apetite.
O eixo HPA é ativado durante a exposição a situações adversas tais como a realização de procedimentos dolorosos, separação/solidão, lesão física, mudanças no ambiente físico ou social, frustração, entre outros. Esta ativação pode levar ao aumento do cortisol plasmático, e o aumento do cortisol sugere estresse, que pode levar a um comportamento compulsivo como a alotriofagia.
Dois neurotransmissores estão intimamentes ligados ao estresse: serotonina e dopamina. Quando o animal ingere e/ou mastiga os materiais não alimentícios, ele induz a produção dos hormônios que vão aliviar seu estresse, sendo a serotonina e a dopamina causadores de um bem-estar psicoemocional ao animal. Há um grande número de fármacos que agem nos neurotransmissores do sistema nervoso central, alguns apresentam efeitos sedativos, antidepressivos ou ansiolíticos pode ser benéfico nesses casos. Os fármacos de modificação comportamental podem ser necessários apenas por um curto tempo, até que o hábito seja rompido ou que a solidão ou o estresse sejam eliminados. Em outros casos, o tratamento a longo prazo pode ser necessário. 
Cada caso deve ser particularmente analisado por um profissional da área, e nesses casos, a atuação do tutor, tanto no diagnóstico do problema como no tratamento do animal, é fundamental. Os distúrbios comportamentais, em principal o compulsivo, vem sendo cada vez mais recorrente na rotina clínica. 
A maioria dos comportamentos compulsivos pode ser diminuída com manejo comportamental, mas muitas vezes é necessário o uso de medicamentos. É importante que haja a compreensão para que seja possível oferecer uma melhor qualidade de vida aos animais e assim, diminuir os vários transtornos causados por problemas comportamentais em cães, gatos e consequentemente diminuir os abandonos, agressões e eutanásia que são gerados por esses problemas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CONCEIÇÃO, I. R. et al. Alotriofagia-Manifestação de transtorno obsessivo-compulsivo em um cão: Relato de caso. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária)-Escola de Medicina Veterinária. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2011.
2. CUNNINGHAN, J. G. Movimentos das vias gastrintestinais. Tratado de Fisiologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara, 1993.
3. DIAS, T.A. et al. Tricobezoar gástrico decorrente de transtorno compulsivo em um cão - Relato de caso. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 4, Ed. 109, Art. 735, 2010.
4. FARROW, C. S. Lesões do Estômago. In: Diagnóstico por imagem do cão e do gato. Roca: São Paulo, 2005.
5. FEITOSA, F. L. F. (Ed.). Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico. São Paulo: Roca, 2004. 
6. FOSSUM, T.W. et al. Cirurgia do Sistema Digestório. In: Cirurgia de Pequenos Animais. 3ed. Elsevier: Rio de Janeiro, 2008. 
7. TILLEY, L.P.; SMITH JR, F.W.K. Doenças – Pica. In: Consulta Veterinária em Cinco Minutos. 2 ed. Barueri: Manole, 2003. 
8. WILLARD, M. D. Distúrbios do estômago. In: COUTO, R.W.; NELSON, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 
9. TELHADO, J. et al. Dois casos de Transtorno Compulsivo em cão. Revista da FZVA. Uruguaiana, v. 11, n. 1, p. 146-152, 2004.

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