Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RECURSO DE APELAÇÃO Proferida a sentença, fato é que qualquer das partes, ao não se conformar com o resultado ali constante pode recorrer da decisão. Surge então, a possibilidade de manejar o recurso de apelação no processo penal. Trata-se de recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para o segundo grau de jurisdição, com o fim de que se proceda com o reexame da matéria, com a consequente modificação parcial ou total da decisão. Ou seja, a parte que se julga “prejudicada” com a decisão judicial, interpõe este recurso buscando a reforma da mesma. Prazo: 5 dias para interpor (art. 593 do CPP) e 8 dias para arrazoar (art. 600 do CPP); ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do CPP (ainda que não tenha se habilitado como assistente de acusação) terá o prazo de 15 dias, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público. Juizado Especial Criminal: 10 dias (art. 81, §§1º e 2º da Lei 9.099/95) Legitimidade: as partes e o assistente de acusação (art. 598 do CPP) Competência: juízo a quo recebimento do recuso (juízo de admissibilidade; monocrático); juízo ad quem, (tribunal) análise do recurso em si, da argumentação jurídica e pedido de reforma da sentença. Verbo: interpor Hipóteses de Cabimento: art. 593 do CPP; ART. 416 do CPP; ART. 82 DA Lei nº 9.099/95 Pedido: na interposição: recebimento e processamento do recurso; razões: conhecimento e provimento do recurso (indicar o que se pretende, especifique o pedido) Nomenclatura: Apelante/Recorrente: é aquele que interpõe o recurso; Apelado/Recorrido: é a parte contrária que apresentará contrarrazões ao recurso interposto. Particularidades: não há juízo de retratação e há efeito devolutivo. MODELO/ ESTRUTURA DO RECURSO DE APELAÇÃO FOLHA DE ROSTO: (NÃO PRECISA ESCREVER ISTO NO RECURSO, É SÓ PARA VOCÊ ENTENDER): EXCELENTISSÍMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE CEILÂNDIA – DF Processo nº: NOME DO RECORRENTE, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado ao final assinado, mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 593, I do Código de Processo Penal, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO requerendo seja recebido nos termos das inclusas razões, e após o regular processamento do feito sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios com as homenagens de praxe. Nestes termos, pede deferimento. Local, data. ADVOGADO OAB ______________________________________________________________ RAZÕES: (NÃO PRECISA ESCREVER ISTO NO RECURSO, É SÓ PARA VOCÊ ENTENDER): EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS Processo: Apelante: Apelado: RAZÕES DE APELAÇÃO COLENDA TURMA, EMÉRITOS JULGADORES I – DOS FATOS 1. O apelante foi denunciado às fls. xx com incurso nas sanções do art. 158, § 1º do Código Penal. 2. Narra a exordial acusatória que no dia xx/xx/xxx, por volta das 10h30min, na Feira Permanente de Ceilândia o denunciado teria mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo e com a intenção de obter vantagem econômica indevida, constrangido às vítimas listadas na denúncia para que estas lhe entregassem 21 aparelhos de telefone celular, bens estes pertencentes àquelas vítimas. 3. A denúncia foi recebida sendo o acusado devidamente citado e apresentada resposta à acusação (fls. xx). Em juízo, foram ouvidas as testemunhas FULANA (fl. XX), SICRANO (fl. XX), BELTRANO (fls. XX), e realizado o interrogatório do acusado (fls. xx). 4. Encerrada a instrução processual, o Ministério Público apresentou suas alegações finais por memoriais, ocasião em que pugnou pela condenação do acusado (fls. xx). 5. Em sede de memoriais a defesa requereu o decote da majorante pelo uso da arma de fogo, uma vez que não houve a apreensão da mesma e não existe laudo pericial sobre a eficiência desta arma. 6. Em seguida, proferida sentença que ora se combate, o Recorrente fora condenado à pena de 5 (cinco) anos e 8 (oito) meses de reclusão e 17 (dezessete) dias-multa à razão de 1/30 do salário mínimo vigente á época do fato em regime inicialmente semiaberto. 7. É o relato do necessário. II – DO MÉRITO 8. Nobres Julgadores, não obstante ser a MM. Juíza a quo dotada de notável saber jurídico, a r. sentença guerreada que condenou o acusado não pode prosperar, uma vez que inexiste nos autos provas suficientes para sustentar a qualificadora do aumento da pena. 9. Ocorre, Ínclitos Desembargadores, a imputação constante na denúncia, mesmo colacionando entendimentos de que o ônus da prova é de atribuição do Parquet, e não ter sido encontrada a arma de fogo e nem mesmo houve perícia para demonstrar a eficiência da arma, a MM. Juíza a quo entendeu que houve o emprego de arma de fogo e condenou o apelante. 10. Do depoimento do apelante pode-se perceber que o mesmo negou com veemência a prática da conduta a ele imputada simplesmente porque não poderia assumir algo que não fez, vejamos (fls. 110/11xx): (...) que são parcialmente verdadeiros os fatos narrados na denúncia; que o interrogando não estava armado e nem com o distintivo da polícia; que o interrogando portava um distintivo da AGEFIS; que o interrogando chegou na loja da vítima e perguntou se ela tinha nota fiscal dos aparelhos celulares e ela disse que não; que o interrogando disse que era fiscal da AGEFIS e que ia apreender os telefones; que uma outra mulher colocou os celulares em uma sacola e entregou para o interrogando; que a vítima ficou chorando e disse que só tinha aquilo para vender; que o interrogando vendeu os celulares em Ceilândia (...) que o interrogando não ameaçou a vítima (...) (grifamos) 11. Imperioso consignar, ainda que parcial, há uma confissão do Apelante, sendo necessário que se reconheça a atenuante da confissão espontânea em seu favor quando da dosimetria da pena. 12. Além do interrogatório do apelante, foi colhido o depoimento da vítima fulana que disse não ter reconhecido o acusado, que ficou chorando, o que corrobora com as alegações do apelante, disse ainda que o apelante apontou uma arma para testemunha mas sequer declinou que tipo de arma era, senão vejamos, in verbis: (...) transcrever as declarações que se pretende trabalhar na tese ; (...) 13. Ainda, em que pese constar nos autos o uso de artefato bélico, a arma supostamente utilizada na empreitada criminosa não fora encontrada, tampouco apreendida já que conseguiram chegar até o Apelante tendo sido inclusive entrevistada sua esposa TAL, a apresentação da mesma aos autos não cabe à defesa, e sim ao Ministério Público que é quem acusa, cabe à polícia que em seu trabalho igualmente tinha obrigação de investigar e dar as devidas buscas no equipamento, obrigações as quais não são atribuídas à defesa. 14. Esta posição encontra respaldo em precedente da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, o Excelso Pretório, a Suprema Corte, senão vejamos: TRANSCREVER JULGADO 15. Impõe-se registrar que tais provas devem ser feitas por quem alega o fato, a causa ou a circunstância. O órgão acusador deve provar a realização do fato, ou seja, o ônus da prova é da acusação, que apresenta a imputação em juízo através da denúncia, o que não foi feito no presente caso, repita-se. 16. A saber, Nucci1 nessa esteira preleciona: O ônus do órgão acusatório, quando falho, jamais poderá gerar convencimento favorável à condenação, pois seria este fundamentado em livre convicção íntima, o que é inadmissível (excetuado o sistema do Tribunal do Júri). O ônus da defesa, quando falho, pode gerar convencimento favorável ao réu desde que calcado no princípio da presunção de inocência. (...)(grifamos) 17. A jurisprudência pátria inclusive caminha nesse sentido, veja-se: TRANSCREVER JURISPRUDÊNCIA 18. A mesma linha de raciocínio segue, ainda, Fernando Capez2: "cabe provar, a quem tem interesse em afirmar. A quem apresente uma pretensão, cumpre provar os fatos constitutivos; (...)" 19. Vale transcrever as valiosas observações do professor Paulo Rangel3, acerca da distribuição do ônus da prova no processo penal, apoiando-se no princípio da presunção de inocência: (...) Há que se interpretar a regra do ônus da prova à luz da Constituição, pois se é cediço que a regra é a liberdade (art. 5º, XV da CRFB) e que, para que se possa perdê-la, dever-se-á observar o devido processo legal e dentro deste encontra-se o sistema acusatório, onde o juiz é afastado da persecução penal, dando-se ao Ministério Público, para a defesa da ordem jurídica, a totalidade do ônus da prova do fato descrito na denúncia. (...). (grifamos e destacamos) 20. E disso não discorda Badaró4, asseverando que: Um aspecto relevante da presunção de inocência enquanto regra de julgamento é que, no processo penal, diversamente do que ocorre no campo civil, não há verdadeira repartição do ônus da prova. (...) No 1 NUCCI, Guilherme de Souza. op. cit., p. 27. 2 CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 273. 3 RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 12. ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 436-438. 4 BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 295-297. caso do processo penal o in dubio pro reo é uma regra de julgamento unidirecional. O ônus da prova incumbe inteiramente ao Ministério Público, que deverá provar a presença de todos os elementos necessários para o acolhimento da pretensão punitiva. (grifos e destaques nossos) 21. No mesmo sentido, Jardim5 aduz que: "o ônus da prova, na ação penal condenatória, é todo da acusação e relaciona-se com todos os fatos constitutivos do poder-dever de punir do Estado, afirmado na denúncia ou queixa." 22. Partindo do pressuposto de que a ratio da majorante é o maior potencial lesivo da conduta ante o poder de disparo da arma de fogo, a Sexta Turma do Colendo Superior Tribunal de Justiça entende que sem um laudo pericial que ateste sua lesividade, não é possível fazer incidir a majorante. Neste sentido são os julgados abaixo colacionados: Transcrever julgado 23. Desta feita, quanto à dosimetria da pena, Eminentes Julgadores, que o decisum encontra-se parcialmente equivocado. Compulsando a dosimetria da pena aplicada, verifica-se que na primeira fase, no que concerne à aplicação da pena base, não fora abordada conforme a lei, influindo de sobremaneira na condenação do apelante, assim como, prejudicando a reprimenda definitiva. Situação que desperta claramente o prejuízo da totalização penal aplicada ao apelante. 24. Vejamos o que dita o Código Penal, em comparação com a sentença retro: Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuante e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 25. Na primeira fase – circunstâncias judiciais: a) Grau de culpabilidade do acusado; b) Antecedentes criminais; c) Conduta social; d) Personalidade do agente; 5 JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 214. e) Motivos, circunstâncias e consequências do crime; f) Influência do comportamento da vítima na prática do delito. 26. Na segunda fase da dosimetria, o julgador deve valorar as agravantes e atenuantes. 27. Na terceira as causas de aumento e diminuição. 28. Acerca da Dosimetria da pena, leciona Cezar Roberto Bitencourt6: É verdade que o legislador abre um grande crédito aos juízes na hora de realizar o cálculo da pena, ampliando sua atividade discricionária. Contudo, como discricionariedade não se confunde com arbitrariedade, nosso Código Penal estabelece critérios a serem observados para a fixação da pena. Como afirmava Hungria, ‘o que se pretende é a individualização racional da pena, a adequação da pena ao crime e à personalidade do criminoso, e não a ditadura judicial, a justiça da cabra-cega [...]’. Assim, todas as operações realizadas na dosimetria da pena, que não se resumem a uma simples operação aritmética, devem ser devidamente fundamentadas, esclarecendo o magistrado como valorou cada circunstância analisada, desenvolvendo um raciocínio lógico e coerente que permita às partes acompanhar e entender os critérios utilizados nessa valoração. 29. A pena-base fixada ao Apelante, foi fixada em 5 (cinco) anos e 8 (oito) meses de reclusão, além de 17 (dezessete) dias multas, à razão de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente à época dos fatos. Assim, nesta fase da dosimetria, a MM. Juíza a quo fixou a pena-base acima do mínimo legal, ao entender que o apelante teve circunstâncias judiciais desfavoráveis, ou seja, sendo que relacionou apenas os maus antecedentes, fixando, assim, a pena base em 4 (quatro) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 15 (quinze) dias-multa, à razão de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente à época do fato. 30. Na segunda fase da aplicação da pena, a MM Juíza observou a atenuante da CONFISSÃO ESPONTÂNEA, parcial, de modo que reduziu a reprimenda em 3 (três) meses. 31. Na terceira fase da dosimetria da pena, foi reconhecida a existência da causa de aumento de pena relativa ao uso de arma, prevista no § 1º, do art. 158 do CP, onde a pena foi majorada em 1/3 (um terço), estabelecendo a pena definitiva em 5 (cinco) anos e 8 (oito) meses de reclusão, além da pena de multa supramencionada, a ser cumprida em regime SEMI-ABERTO. 6 BITENCOURT, Cezar Roberto. Dosimetria da pena: Tratado de Direito Penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 598. 32. Ocorre que se mostra desproporcional a pena aplicada uma vez que, dentre as circunstâncias judiciais analisadas, apenas uma fora considerada desfavorável ao Apelante, não se justificando o aumento da reprimenda na primeira fase em 6 (seis) meses. Ora, se ao menos mais circunstâncias fossem consideradas desfavoráveis se justificaria o aumento de pena na forma imposta, razão pela qual, deve haver o devido decote para fixar a pena base no mínimo legal. 33. Lado outro, ao reconhecer a atenuante da confissão espontânea, a Juíza Monocrática igualmente não agiu como de costume, pois ao reconhecer a atenuante de forma parcial, reduziu a pena fixada em apenas 3 (três) meses. 34. Como é sabido, a confissão deve ser considerada ainda que de forma parcial, sendo certo que, uma vez reconhecida, a dedução na dosimetria de pena deve ser feita de forma integral. Não é outro o entendimento da Suprema Corte: Transcrever julgado 35. Assim, deve haver maior decote na dosimetria da pena aplicada. III - DOS PEDIDOS 36. Ante o exposto e por tudo que dos autos consta, requer seja conhecido e provido o presente recurso de Apelação para reformar in totum a r. sentença combatida para reduzir a pena aplicada ao Apelante nos termos da fundamentação acima esposada. Termos em que pede e espera provimento. Local, data. ADVOGADO OAB CASO PARA RESOLUÇÃO Instruções: a peça deve ser redigida de forma manuscrita e enviada digitalizada através do SIA em arquivo pdf no prazo avençado para que seja computada como atividade válida. Carlinhos foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 121, §2º, II do Código Penal por supostamente no dia 08/05/2019 ao se envolver em uma briga de trânsito ter ceifado a vida de Amadeu. Transcorrida a instrução processual, Amanda, testemunha presencial, afirmou que um indivíduo desferiu disparos de arma de fogo contraAmadeu e que esse indivíduo era alto e magro. Clara, outra testemunha disse que ouviu os disparos mas não viu quem foi o atirador e Iolanda disse que viu o momento do fato iniciado com uma discussão por causa de uma pequena batida ocorrida entre o carro de Amadeu que abalroou a traseira do carro de Carlinhos, oportunidade em que desceram do veículo do acusado ele e seus quatro amigos com características semelhantes e alguém efetuou os disparos que ceifaram a vida de Amadeu, contudo não reconheceu Carlinhos como o atirador porque tudo ocorreu muito rápido. Finda a instrução processual o Ministério Público oficiou pela pronúncia de Carlinhos nos exatos termos da denúncia. A Defesa por sua vez pugnou por sua impronúncia sustentado a tese de insuficiência de provas, e eventual desclassificação para outro crime que não seja de competência do Tribunal do Júri. O magistrado entendeu por bem pronunciá-lo e deixar a decisão final para o Conselho de Sentença. Submetido a julgamento em sessão plenária o Promotor de Justiça sustentou integralmente a acusação fazendo o uso da palavra por exatos 1h30min. A Defesa por sua vez sustentou as mesmas teses que nas alegações finais o que fez em 20 minutos apenas. O Conselho de Sentença condenou Carlinhos tendo sido fixada pena em 16 anos de reclusão em regime fechado. Inconformado com a atuação de seu advogado em plenário, Carlinhos não se sentiu defendido, acha que foi condenado injustamente e que sua pena foi muito elevada. O julgamento ocorreu dia 05/11/2019 e as partes foram intimadas em sessão plenária da sentença. Você foi indicado por um amigo para assumir a defesa de Carlinhos a partir dessa data. Como advogado de Carlinhos, interponha medida judicial cabível em defesa de seus interesses argumentando as teses cabíveis ao caso com citações doutrinárias e jurisprudenciais. Processo em trâmite na Circunscrição Judiciária de Ceilândia-DF.
Compartilhar