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DIDÁTICA
Definição do Tema
Este tema é referente ao Conceito de Didática e sua Origem. Abordaremos a construção histórica de Didática e sua efetivação como um campo de conhecimento da Educação.
Propósito
Compreender o conceito e a origem da Didática é importante para pensar sobre as teorias de ensino e os métodos no processo de ensino e aprendizagem.
Objetivos
DESCREVER
CONCEITOS GERAIS
DE DIDÁTICA E SUAS
CARACTERÍSTICAS
CARACTERIZAR
OS DESAFIOS
DO OFÍCIO
PEDAGÓGICO
RELACIONAR
FUNDAMENTOS
COMENIANOS ÀS
PRÁTICAS ATUAIS
Vamos fazer uma reflexão:
Pense em você quando criança e em uma aula da sua matéria favorita.
Agora, pense no professor ou professora que conseguiu cativar a sua atenção, fazendo com que você tivesse mais simpatia pela matéria lecionada.
Por último, pense em todos os atributos que esse profissional tinha que conseguiam prender a sua atenção.
Já passou pela sua cabeça a quantidade de planejamento, treinamento e reflexão que esse mesmo professor (ou professora) teve de percorrer para estar naquela sala de aula?
Para que esse profissional estivesse na sua frente, foi trilhado um caminho que chamamos de Formação de Professores. E a Didática é uma parte primordial desse caminho.
Ela é, de maneira geral, um conjunto de conteúdos, métodos e técnicas para a instrução do ensino. Esse conjunto é fundamentalmente alinhado à aplicação do Processo de Ensino e Aprendizagem (falaremos mais sobre esse processo a seguir).
A Didática é um elemento pedagógico imprescindível para a docência, seja ela em qualquer nível (ensino básico ou superior) ou modalidade (presencial ou a distancia).
Didática também pode ser entendida tanto como ciência quanto como arte do ensino (HAIDT, 2011). Você deve estar se perguntando “como assim também?”. Afinal, o conceito de Didática já foi explicado.
Mas, veja bem, levando em consideração o fato de ela abranger todos os procedimentos instrucionais, pode ser definida de várias formas. Esse módulo explica isso de maneira mais objetiva. Então, não se assuste se, durante esse conteúdo, surgirem mais definições de Didática. Os múltiplos significados apresentados não se invalidam, mas se complementam.
A pedagoga Vera Candau conseguiu sintetizar muito bem a essência da Didática:
“[...] a didática, em uma perspectiva instrumental, é concebida como um conjunto de conhecimentos técnicos sobre o “como fazer” pedagógico, conhecimentos estes apresentados de forma universal e, consequentemente, desvinculados dos problemas relativos ao sentido e aos fins da educação, dos conteúdos específicos, assim como do contexto sociocultural concreto em que foram gerados.”(CANDAU, 1997)
Processo de Ensino e Aprendizagem
Concluímos até aqui que existe um processo de ensino e aprendizagem em questão, e a Didática entra nesse processo como ferramenta para auxiliar a escolha de estratégias adequadas. Esse processo pode ser dividido em dois grandes momentos distintos, que estão continuamente interligados:
Participar do processo de ensino e aprendizagem não é uma tarefa fácil e exige um olhar atento aos processos pedagógicos e às discussões contemporâneas sobre Educação. É preciso pensar novas imagens sobre esse processo e levar experiências interessantes para o educando.
Estudamos que a Didática é a articulação de conteúdos, métodos e técnicas. Esses elementos têm participação fundamental na construção de estratégias facilitadoras para que o processo de ensino e aprendizagem aconteça de forma eficaz.
Podemos então relacionar da seguinte forma:
Papel do pedagogo
Atualmente, há um discurso, às vezes mal-entendido, que o profissional de ensino precisa ser o mediador do conhecimento ou não será mais necessário no futuro (LIBÂNEO, 2010).
Não apenas mediador: o professor, para atuar em sala de aula precisa, além de fazer a diferença na vida de seus alunos, utilizar fundamentos didáticos clássicos. E alinhar às estratégias uma prática didático-pedagógica que considere os novos tempos e as tecnologias disponíveis.
As principais discussões no campo da Didática apontam que o professor continuará atuando e orientando o processo de aprendizagem em qualquer nível ou modalidade.
O primeiro passo para a sua atuação, como vimos, é definir estratégias pensando em conteúdos, métodos e técnicas.
O passo seguinte, é adaptar essas estratégias à realidade do aluno – e isso é um desafio que inclui considerar:
Bases filosóficas
É preciso estudar as novas tendências pedagógicas. Por exemplo, como o professor pode se posicionar diante das discussões sobre ensino militarizado e escolas que desejam abolir a sala de aula.
Bases histórico-sociais
É necessário que o profissional esteja atento às mudanças da sociedade. Por exemplo, pensando na evolução tecnológica, é necessário considerar os atributos específicos das gerações mais novas: os nativos digitais (pessoas que nasceram em meio às últimas tecnologias e não tiveram que passar pela mesma adaptação que gerações anteriores).
Bases políticas
É de extrema importância que se esteja atento às mudanças legislativas que envolvam a política da educação. Por exemplo, como implementar a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) em ambientes diversos de educação.
Realidade do aluno
É importante observar o meio em que o aluno vive. Por exemplo, o mesmo professor pode atuar tanto em escolas de periferia quanto em escolas particulares localizadas em bairros nobres. É preciso formular estratégias personalizadas com base nas variáveis demográficas e geográficas.
Importante
Um bom exemplo da influência da evolução da tecnologia no ofício é pensar nas possibilidades de atuação dos professores em ambientes online.
Falando em tecnologia, é importante dizer que, com o avanço dela e com as variadas mudanças nas normas educacionais no Brasil, a atualização constante se faz necessária na vida de qualquer profissional. É preciso não só desenvolver competências adequadas e coerentes ao ensino, como prestar atenção nesses pontos – estudando, pesquisando e adaptando seus métodos à realidade na qual os educandos vivem.
Ou seja, é essencial saber aprender para ensinar.
Aplicação da Didática
Para aplicar as estratégias é preciso que estejam alinhados: informações pertinentes ao ensino e a inteligência emocional do docente.
Assim, utilizando saberes didáticos-pedagógicos em sala de aula, o professor demonstra capacidade de adaptação necessária para lidar com as situações comuns e incomuns que podem ocorrer em sala de aula e no contexto escolar.
Para finalizarmos o módulo, ficaremos com uma afirmativa de Beda, o Venerável: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora.” Beda, o Venerável
Recomendação
A partir da leitura integral do conteúdo desse módulo, reflita sobre a questão: é possível ensinar sem aprender?
Sugerimos a criação de um texto que consolide suas ideias. Esse tipo de registro será importante para que, no futuro, você possa mensurar o desenvolvimento de seu aprendizado.
Ensinar e aprender sempre foram processos inerentes às práticas humanas.
Desde os primórdios da humanidade, podemos constatar através da evolução as famílias e comunidades primitivas ensinando seus filhos e membros as atividades da tribo, rituais e práticas sociais.
Certamente, com o passar dos anos, essas práticas foram ganhando uma estrutura de Didática e finalmente se tornaram uma ação didático-pedagógica. Essa evolução estrutural dos processos didáticos contribuiu para a formação do conceito de Didática
Existia uma ideia limitada sobre o significado de cidadania, que só seria ampliada muito mais tarde (JAEGER, 2010).
Embora os ideais gregos de Ensino tenham permanecido por séculos, foi necessário que uma nova obra trouxesse um novo foco sobre a arte de educar ou sobre o processo de educar..
No século XVII, a tal “sistematização do processo de ensinar” foi finalmente consolidada pelo filósofo tcheco Johannes Amos Comenius..
Em 1657, Comenius escreveu um livro para divulgar essas ideias, chamado Didática Magna, um livro cuja importânciairemos salientar no próximo tópico.
As ideias de Comenius certificam o pensamento do professor atual, baseadas nos pilares da Educação e descrito no documento Educação: um tesouro a descobrir, de Jacques Delors.
Esse documento estabelece, entre outros assuntos, que a Didática precisa ser centrada no desenvolvimento das quatro aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Base teórica
Lembra de dois livros que o Rodrigo Rainha segurava no vídeo que inicia esse módulo? Embora eles não possam resumir toda a história da Didática, são materiais fundamentais na compreensão desse processo.
Comenius é considerado um grande inovador em relação aos processos de ensino e aprendizagem, porque já naquela época, ele defendia a universalidade da educação, com o lema:
“ENSINAR TUDO A TODOS”.
Assim, iniciou um método mais ativo e efetivo que partia dos conhecimentos mais simples aos mais complexos.
Os principais fundamentos do pensamento pedagógico de Comenius baseiam-se em 4 pilares:
Ou seja, um documento orientado para professores e alunos do século XXI (Educação: um tesouro a descobrir, de Jacques Delors) tem semelhanças com as ideias de Comenius, que viveu lá no século XVII. Com isso, vemos o quão inovador ele foi.
A seguir, sintetizamos as principais ideias publicadas em Didática Magna:
Realidade do aluno
Comenius entendia que a Educação precisa utilizar a experiência pessoal do aprendente como parte do processo. Para isso, o aluno precisava observar sua realidade para depois agir sobre ela. Ele também instituiu o diálogo como forma de aproximação e afeição do aluno com o conteúdo estudado.
Universalização da Educação
Outro ponto muito importante é sobre a ideia de universalização da Educação, porque ele determina que a educação deve ser para todos. É importante salientar que essa visão representava uma quebra de paradigma, pois até o século XVII poucos grupos sociais tinham acesso à educação formal.
Ética e valores
Para Comenius, o processo da educação não é apenas o conteúdo a ser estudado, mas a aprendizagem de valores e de atitudes que ajudarão a pessoa a ser melhor no presente e no futuro. Os propósitos educativos precisam estar baseados no raciocínio lógico, na investigação científica e na formação do conceito de ser humano enquanto um sujeito moral, social, político, racional e afetivo. Um objetivo fundamental da educação de Comenius era formar um sujeito bom e virtuoso, dotado de fé, a ponto de praticar boas ações mediante às capacidades subjetivas do aluno.
Construção do saber
A construção do saber não é um processo isolado, mas possui relação com outras ciências, conteúdos e significados. Afinal, aprender é estabelecer inter-relações entre os conteúdos e temas estudados.
Esses são os principais pontos que podemos destacar de Comenius e sua contribuição para a área da Educação e, especificamente, para o campo da Didática.
Considerações finais
Conceitos atuais como educação interdisciplinar, afetiva, colaborativa e baseada em pesquisas e projetos foram levantados por Comenius em seu tempo. Ele entendia que a escola não poderia ser um local de intranquilidade e desgosto para as crianças, mas um lugar que despertasse a curiosidade e a capacidade de pensar e imaginar.
Introdução
A Escola da Ponte é um bom exemplo de instituição com uma nova visão de ensino e metodologia. Sua característica é levar em consideração a promoção da autonomia e da liberdade dos estudantes, pensando-os como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem.
Como podemos perceber, a visão de ensino semelhante a uma linha de montagem – na qual professor e aluno desempenham apenas um papel, tendo o mesmo tempo e a mesma forma de aprender – está sendo repensada; por conta disso, novas abordagens didáticas na área têm sido estudadas.
Com as mudanças nesses paradigmas da educação, o estudo das abordagens didáticas passa a analisar como a prática docente – compreendida pela dinâmica de ensino-aprendizagem – pode ser executada de maneira mais eficiente.
Para obter essa eficiência, no entanto, não existe uma única linha de abordagem. A maneira como os educandos aprendem é um assunto amplamente debatido, influenciando tais abordagens. Para compreendermos essas linhas, seguiremos os passos de um professor que se depara com o desafio de escolher um caminho para tornar a sua atuação mais eficiente.
Desse modo, como primeiro passo, serão apresentadas as principais teorias da aprendizagem: elas são muito utilizadas e conhecidas no campo da Educação, pois este espaço mostra-se necessariamente complexo, com um conjunto de teorias que sustenta o processo de ensino e de aprendizagem. Podemos, assim, dizer que o professor precisa conhecer as teorias que vão subsidiar sua abordagem didática. de e
Conhecer as principais teorias da aprendizagem deve representar um constante exercício de estudos, possibilitando que os professores se aprofundem e escolham aquelas com as quais mais se identifiquem. Portanto, estamos falando de escolhas.
Essas escolhas têm se tornado cada vez mais difíceis quando levamos em consideração o mundo contemporâneo com os inúmeros desafios à vida cotidiana e ao exercício da docência. Afinal, tais mudanças têm impactado fortemente a prática do professor em sala de aula nos dias de hoje.
Neste momento, você deve estar se perguntando:
Como construir uma prática pedagógica competente para atuar na docência?
Como ajustar a prática pedagógica para alinhá-la a essas mudanças?
Essas (e outras) questões fazem parte da profissão docente, embora seu raio de influência dependa da prática desenvolvida por cada professor. Tais perguntas sempre lhe acompanharão em sua atividade profissional.
O foco sobre as teorias da aprendizagem se concentra em sua perspectiva de desenvolvimento, considerada por muitos como uma das mais emblemáticas do século passado por meio da intensa relação com a Psicologia da Educação. Vamos ver a seguir alguns de seus conceitos.
ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA OU BEHAVIORISMO
Nossos estudos sobre as teorias da aprendizagem começam com o destaque a uma das correntes teóricas mais importantes da área: o behaviorismo. Originada em estudos feitos no campo da Psicologia, esta corrente de pensamento compreende e define o comportamento humano como o resultado de influências sociais. Segundo a teoria behavorista, o sujeito pode ser moldado de acordo com estímulos e respostas.
Podemos destacar John B. Watson como o principal criador dessa teoria e, logo em seguida, outros estudiosos também se juntaram ao behaviorismo, como Ivan Pavlov e B.F. Skinner .
Assim, podemos entender que o behaviorismo é parte de um sistema educacional tradicional, pois está amparado em estímulos, respostas e reforços. Talvez você ainda esteja se perguntando:
Mas ainda resta uma dúvida: quando uma criança recebe uma nota “baixa” na escola, o que é reforçado com isso?
Se já recebeu nota baixa alguma vez na vida, isso certamente reforçou alguma ideia em você. É isso que o behaviorismo analisa.
À medida que somos elogiados, o nosso comportamento muda.
Nesta abordagem, o principal instrumento da modelagem é o reforço. Este pode ser entendido como qualquer ocorrência que aumente a intensidade de um determinado comportamento. Pode ser positivo (recompensa) ou negativo (remoção de algo adverso).
Nessa perspectiva, a educação está fortemente ligada à transmissão cultural, devendo imprimir no sujeito conhecimentos e padrões de comportamentos éticos e sociais, além de competências consideradas fundamentais para o controle do ambiente e da realidade. O processo de ensino-aprendizagem é uma mudança comportamental do sujeito resultante das práticas vividas e reforçadas pelo professor. Por isso:
Saiba mais
Você conhece o teste dos macacos?
Em um experimento, foram colocados eletrodos na cabeça de dez macacos e um cacho de bananas no alto de uma estante. Cada vez que um deles tentava subir e pegar uma fruta, os outros tomavam um choque. Após um tempo – primeiramente, em ações individuais; depois,coletivamente –, os demais passaram a punir aquele que subia. A partir daí, uma patrulha foi estabelecida: mesmo com fome, os macacos não subiam mais para pegar a banana.
Em determinado momento, todos os eletrodos foram tirados, mas o comportamento deles não mudou. Qualquer macaco que tentasse subir para comer uma banana era evitado e apanhava dos outros. Em seguida, pouco a pouco, os animais foram sendo substituídos; ainda assim, mesmo com todos eles trocados, a regra ainda valia.
Vamos entender como a teoria cognitivista funciona:
O cognitivismo não concebe modelos prontos de mundo, aluno ou sala de aula. Tudo está em um contínuo processo de vir a ser, pois seu objetivo didático é a autorrealização e o uso pleno das potencialidades do sujeito. Desse modo, de acordo com a abordagem cognitivista, o mundo e o homem não estão prontos e acabados (como ocorre no behaviorismo).
A educação centra-se no aluno. Devem emanar dele os motivos para a aprendizagem, pois a sua finalidade é a criação de condições que facilitem o aprendizado integral do sujeito. Por isso, a autodescoberta e a autodeterminação constituem atributos da abordagem cognitivista.
A abordagem cognitivista leva em consideração o cotidiano, a vivência, a realidade e as experiências do aluno. No entanto, muitas vezes, é difícil estabelecer a relação entre a teoria ensinada e a prática.
O processo de ensino cognitivista ocorre a partir de uma metodologia criada pelo professor na qual a aprendizagem do aluno se desenvolve em um contexto que privilegia a liberdade para aprender. Notemos que várias correntes e diversos representantes desta teoria podem ser agrupados da seguinte maneira:
Cognitivista
Segundo as teorias cognitivistas, o processo do conhecimento é construído pela relação entre sujeito e sujeito ou sujeito e objeto, ou seja, cada sujeito constrói o seu conhecimento a partir do contato com o meio e da relação que ele faz.
O sujeito constrói o seu conhecimento não a partir de uma estrutura fixa, mas sempre em uma relação de troca. Por isso, tais teorias designam a existência de uma variedade de elementos responsável por possibilitar o aprendizado.
Vamos conhecê-las mais profundamente a partir de agora.
Teoria cognitivista construtivista
O Construtivismo é uma linha de pensamento que gerou um grande impacto na Pedagogia, principalmente pelas ideias de Jean Piaget.
Sua principal indagação diz respeito à forma como o sujeito conhece o mundo. Uma das principais preocupações de Piaget era compreender como e quais são os mecanismos utilizados pelo homem para o conhecer e se adaptar a ele.
Leitura
Para Piaget, as interações sociais são muito importantes, pois elas transmitem as informações características do meio e contribuem, de uma maneira ativa, para a assimilação do conhecimento pelo sujeito.
Se você quiser aprofundar ainda mais os seus conhecimentos sobre este autor e sua teoria, leia esta obra que aborda o trabalho de Jean Piaget.
Cada informação do meio social é processada na mente do sujeito a partir dos elementos que lhe são oferecidos. Assim, cada um reestrutura de maneira única esse conhecimento e o integra ao corpo de um saber já construído. Dessa maneira, Piaget avalia o contato social como o principal meio de aprendizado.
Para Jean Piaget, a interação social não está relacionada apenas a uma transferência verbal, e sim ao uso do pensamento e da cooperação.
Essa afirmação propicia a compreensão de que a abordagem construtivista estabelece diferenças entre ensino e aprendizagem. Afinal, o que cada estudante aprende não constitui exatamente aquilo que o docente explica em sala de aula, tampouco o que era planejado previamente por ele. A aprendizagem, portanto, depende diretamente de conhecimentos anteriores àqueles evocados por nossas experiências.
Então, talvez apareça a seguinte questão:
Se cada um deles aprende e percebe o mundo de uma maneira diferente, como alcançar todos os alunos?
O professor precisa estabelecer situações que desestabilizem os conhecimentos anteriores de seus alunos. No entanto, é fundamental haver a compreensão de que isso, concomitantemente, requer a presença de:
Teoria cognitivista sociointeracionista
Lev Vygotsky é seu maior representante. Para este autor, a mediação é um fato fundamental para o processo cognitivo do sujeito, sendo realizada por meio da relação interpessoal e dos sistemas de signos (linguagem, escrita, símbolos e objetos).
A linguagem é um instrumento de mediação da aprendizagem para criar situações concretas de produção, reflexão, colaboração e construção de conhecimento. Ela abandona, dessa forma, o esquema linear de reprodução ou consumo.
Leitura
A teoria sociointeracionista impeliu os docentes a uma reflexão sobre a prática pedagógica devido aos apontamentos feitos por Vygotsky sobre as relações existentes entre a aprendizagem, o desenvolvimento e a interação nos processos educativos.
Se você quiser aprofundar ainda mais os seus conhecimentos sobre este autor e sua teoria, acesse este artigo: Lev Semionovich Vygotsky.
Podemos reconhecer a interação entre os alunos como uma estratégia pedagógica. Para que haja um conhecimento, o sujeito deve ser entendido como um ser social que constrói sua individualidade a partir das interações mediadas pela cultura. Dessa maneira, a relação que a pessoa estabelece com o meio social é condição fundamental para ela se constituir como indivíduo.
Teoria cognitivista significativa
Os estudos sobre esta teoria têm como base o autor David Paul Ausubel, responsável pela elaboração do conceito de aprendizagem significativa. Na abordagem cognitiva, ele observa o que ocorre dentro da mente humana durante a construção do conhecimento.
Para Ausubel, a estrutura cognitiva refere-se ao conteúdo total das informações, aos fatos, aos conceitos e aos princípios organizados pela pessoa. A aprendizagem é vista como o processo em que o novo conteúdo se organiza e se integra à estrutura cognitiva já existente. Dessa maneira, o professor precisa fazer a relação significativa entre o conteúdo acadêmico e o social para que o aluno perceba o significado do que aprende.
Leitura
As ideias de Ausubel também se caracterizam por uma reflexão específica sobre a aprendizagem escolar e o ensino em vez de tentar somente generalizar e transferir-lhes conceitos ou princípios explicativos extraídos de outras situações ou contextos de aprendizagem.
Aprofunde ainda mais os seus conhecimentos sobre este autor e sua teoria com a leitura do artigo Teorias de ensino: a contribuição de David Ausubel.
Para haver aprendizagem significativa, são necessárias duas condições:
Primeira condição
O aluno precisa ter uma disposição para aprender. Se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, a aprendizagem será mecânica.
Segunda condição
O conteúdo escolar a ser aprendido deve ser potencialmente significativo, ou seja, ele precisa se mostrar lógica e psicologicamente significativo.
O significado lógico depende somente da natureza do conteúdo; o psicológico, por sua vez, significa a experiência de cada indivíduo. Todo aprendiz faz uma filtragem própria do significado dos conteúdos.
Com esse duplo marco de referência, as proposições de Ausubel partem da consideração de que os indivíduos apresentam uma organização cognitiva interna baseada em conhecimentos de caráter conceitual, sendo que a sua complexidade depende muito mais das relações que eles estabelecem entre si que do número de conceitos presentes.
Essas relações têm um caráter hierárquico; dessa forma, a estrutura cognitiva é compreendida fundamentalmente como uma rede de conceitos organizados hierarquicamente de acordo com o grau de abstração e de generalização.
Agora que você já foi apresentado às teorias contempladas na abordagem cognitivista, demonstraremos como elas influenciam na atuação do professor e na sua prática em espaços escolares.
No módulo anterior, buscamos perceber como os sujeitos aprendem e como esse aprendizado pode ser visto de formas diferentes. Diante desse desafio, passamos a refletir sobreo professor e seu papel na construção dessa abordagem didática.
Quanto à investigação de seus processos na prática docente, talvez você esteja com os seguintes questionamentos:
Dessa maneira, cabe ao professor acompanhar o processo de ensino-aprendizagem ao fomentar novas descobertas, possibilitar a ampliação desses conhecimentos e adaptar as suas práticas de acordo com a turma.
Afinal, o que seria a didática? Por que professores precisam dela?
A didática serve para indicar os processos de ensino-aprendizagem. Com eles, você vai poder pensar tecnicamente e acompanhar a evolução dos alunos.
Não basta, porém, compreender um conteúdo do ponto de vista técnico. O processo de compreensão é do aluno, e não do professor, pois será o estudante que vai descobrir os seus caminhos e construir as pontes necessárias para seu desenvolvimento. Ser didático, além de se preparar, é estar disposto a compreender que seu aluno precisa de acompanhamento no processo de aprendizado.
A didática não deve ser entendida como uma prática, mas como um processo no qual cada aluno desenvolve seus aspectos cognitivos. O professor, por sua vez, acompanha esse processo e fomenta novas descobertas, possibilitando a ampliação desses conhecimentos.
Todo aquele que se coloca na condição de educando espera que quem o conduzirá esteja preparado. Independentemente de nosso tempo de convivência, nós, enquanto professores, devemos estar dispostos e sermos capaz de acompanhá-lo para provocar e permitir processos de aprendizagem, cada um com seu ritmo e dentro de suas necessidades. Desse modo, atuar didaticamente é:
O uso da didática, aliás, possui uma funcionalidade muito mais ampla: fundamental para todo sujeito no ato de educar, ela impacta diretamente o processo de ensino-aprendizagem.
A abordagem didática deve ser entendida como um “fazer reflexivo” que leva o professor a ampliar sua visão sobre as formas de ensinar e de aprender, facilitando a escolha das metodologias que dão sentido à sua prática.
Ela provoca reflexões sobre a forma de atuação dela no processo de aprendizagem dos alunos e a maneira de melhorar sua prática a partir do seu cotidiano.
A abordagem didática também ultrapassa a dimensão técnica, pois exige compromisso do mestre com o aprendiz, fazendo com que o professor adote uma postura reflexiva, na qual a construção de conhecimentos ganha nova dimensão, provocando a entrada de aprendizagens significativas que façam sentido para o público a que se destina. 
O papel da abordagem didática é fazer a diferença em qualquer campo com demanda educativa (instituições públicas, privadas ou do terceiro setor), pois ela auxilia na construção de cenários de ambientação para que a aprendizagem aconteça e se consolide.
Na abordagem didática, o professor deve:
Dar sentido ao que é apresentado
Podemos dizer que ela é a proposta de reflexão sobre a prática. O professor utiliza variadas teorias da aprendizagem para observar o andamento do processo de ensino.
Ter o cuidado de buscar novos caminhos
O professor deve desenvolver e adaptar métodos e técnicas que possam ser utilizados na construção de determinados conhecimentos, sabendo contextualizá-los a cada realidade e respeitando os procedimentos mentais desenvolvidos nessa construção.
Quem é didático, atua como um mediador que considera e respeita a cultura e a história do seu aluno, associando, a partir dessas singularidades, os saberes da vida aos que precisam ser construídos. Portanto, no universo da abordagem didática, diversas teorias podem ser utilizadas para a obtenção da melhor proposta com o objetivo de atender à necessidade dos alunos. Ou seja, você precisa compreender que todo professor tem uma abordagem didática para pensar, fazer sua aula e instruir seu aluno.
ABORDAGEM DIDÁTICA PARA AS FUTURAS GERAÇÕES
Você sabia que a nossa sociedade passa por grandes transformações e que cada geração é classificada de uma maneira diferente? Para a reflexão apropriada de uma abordagem didática atual, o professor deve ter algum conhecimento sobre as gerações e seus processos históricos.
Pensar a abordagem didática atualmente é compreendê-la de uma forma diferente, pois é preciso considerar os avanços tecnológicos, a popularização da internet e a mistura geracional.
Como você pôde observar, cada uma dessas gerações (X, Y, Z e Alpha) apresenta características diferentes. A definição de uma abordagem didática que não leve em conta tais elementos pode interferir profundamente no processo de ensino e aprendizagem. As diferenças geracionais direcionam a construção do seu processo docente, mas sem haver a criação de uma “camisa de força”. Portanto, sempre deve existir espaço para a criatividade.
Precisamos, enquanto professores, reconhecer as diferenças geracionais e nos comportar como um orientador de caminhos. Nosso objetivo é propor desafios e, principalmente, direcionar os alunos para o trabalho cooperativo e colaborativo mediante a potencialização do diálogo, da troca de conhecimentos e da produção coletiva dos discentes.
Atualmente, o professor na sala de aula da educação básica trabalha principalmente com crianças das gerações Z e Alpha. Dessa forma, ele terá de repensar sua prática pedagógica e seus caminhos didáticos, pois precisará lidar com perfis geracionais diferentes do seu.
Essas medidas são importantes. Nossos alunos têm um perfil geracional diferente, já que cresceram utilizando ambientes colaborativos, como Instagram, Facebook, Pinterest e Snapchat. Além disso, eles estão acostumados aos games, que são jogados em grupos, embora seus jogadores estejam distantes geograficamente.
Por essa razão, a abordagem didática atual deve enfatizar o enfoque social em detrimento do individual, privilegiando atividades e trabalhos realizados em mesas agrupadas fisicamente nas quais sejam utilizadas ações de pesquisa, análise de situações e resolução de problemas.
O melhor procedimento didático é aquele acompanhado de uma significação para cada geração. A didática está presente de forma imperativa em todos os espaços de aprendizagem: na construção de instrumentos de apoio ao ensino, como conteúdos digitais, assim como em materiais, livros e projetos didáticos. Afinal, ela mesma é um instrumento qualificador do trabalho educativo.
RECAPITULANDO
Como vimos no módulo anterior, a abordagem didática se separa em dois grandes blocos. Amparada por uma teoria e concepção de mundo, de sujeito e de sociedade, ela propõe um:,
Você, enquanto professor, deve refletir sobre qual abordagem irá auxiliar no seu processo como educador. Seu objetivo é facilitar o aprendizado do aluno, levando em consideração seu cotidiano, sua vivência e seu saber. Para isso, é importante, antes de tudo, planejar suas aulas tendo em vista os blocos da abordagem didática e os currículos que atuam dentro dos espaços educacionais.
PLANO DE AULA
Durante a elaboração do plano de aula, o professor deve articular as competências e habilidades solicitadas pelo seu demandante com as estratégias que serão utilizadas. Portanto, ele corresponde ao nível de maior detalhamento e objetividade do processo de planejamento didático, tendo como finalidade a previsão dos conteúdos e atividades de cada aula.
Todo plano de aula deve ser composto por conteúdo e tema, competências, estratégias didático-metodológicas e avaliação (com possíveis intervenções didáticas). Durante a elaboração do planejamento e deste plano, é preciso ter em mente as seguintes perguntas:
1. O QUE ENSINAR? - OBJETIVOS
 Indicam os propósitos de nossa ação didática, devendo estar expressos por verbos no infinitivo que contemplem comportamentos, habilidades, atitudes e competências esperados dos alunos. Dividem-se em geral (amplo e de longo prazo) e específicos (ações observadas mais rapidamente pelo professor).
2. PARA QUE ENSINAR? - FINALIDADE
 Representa o propósito de nossa ação didática, abrangendo os conceitos e temas que serão trabalhados durante a disciplina. Recomenda-se que a finalidade esteja articulada com os objetivos para atingi-los de maneira interdisciplinar.3. COMO ENSINAR? - ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-METODOLÓGICAS
 Correspondem aos processos subjacentes à prática e aos objetos concretos, como as abordagens psicológicas da aprendizagem que utilizaremos, as atividades e os exercícios empregados para a consecução dos dois primeiros itens do planejamento.
4. COM O QUE ENSINAR? - RECURSOS
 Os recursos didáticos podem ser classificados em:
4.1. Naturais - elementos da natureza: água, plantas etc.;
4.2. Pedagógicos: quadro, slide, maquetes etc.;
4.3. Tecnológicos: computador, internet, rádio etc.;
4.4. Culturais: biblioteca pública, museus, exposições, visitas técnicas etc.
O planejamento didático deve ser uma ferramenta teórico-metodológica usada pelo professor para intervir na realidade. Celso Vasconcelos (2000) define que o planejamento,
Citação
enquanto construção-transformação de representações, é uma mediação teórico-metodológica para a ação, que, em função de tal mediação, passa a ser consciente e intencional.
Nessa discussão, são estabelecidas três dimensões: a realidade (onde estamos), os fins (aonde queremos chegar ou o que desejamos alcançar) e a mediação (como alcançar o que planejamos).
Quando planejamos e aplicamos nosso plano em sala de aula, temos uma intenção subjacente à ação didática. Para que as competências se concretizem mais facilmente, é necessário que este plano tenha as seguintes características:
Agora que você já possui uma ideia sobre o plano de aula, que tal elaborarmos um utilizando as duas teorias aprendidas (cognitivista sociointeracionista e behaviorismo)? Para isso, lembre-se de que todo plano deve conter:
1
Conteúdo: assunto central sobre o qual será tratado o plano.
2
Tema da aula: tópicos relacionados ao conteúdo da aula.
3
Segmento: para o qual ano este plano foi pensado.
4
Duração: tempo estimado da aula.
5
Objetivos: aquilo que se pretende alcançar com ela.
6
Metodologia: que caminhos são realizados nela e o que é feito.
7
Recursos: que materiais são necessários para que haja a aula.
8
Avaliação: como ocorre a mensuração da aprendizagem.
Behaviorismo
Imagine que você precisa ministrar uma aula para uma turma do quarto ano do Ensino Fundamental sobre a superfície terrestre brasileira. Levando em consideração a abordagem behaviorista, monte um plano de aula com características behavoristas.
Sociointeracionista
Imagine-se agora ministrando, para a mesma turma, uma aula sobre produção e interpretação de texto. Levando em consideração a abordagem comportamentalista sociointeracionista, monte um plano de aula que possua as características do sociointeracionismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, ao longo dos anos, o processo educativo foi se tornando o foco de investigação e criação de diferentes teorias. Entender como ocorre o aprendizado e a melhor forma de potencializá-lo possibilitou que os professores aprofundassem suas escolhas e suas ações dentro dos diversos espaços educacionais. Nesse âmbito, aprendemos sobre duas importantes teorias: a abordagem comportamentalista ou behaviorismo, que busca compreender e definir o comportamento humano como o resultado de influências sociais de acordo com estímulos e respostas; e as abordagens cognitivistas, cujo objetivo é saber como o ser humano conhece o mundo. O propósito deste tema é instrumentalizar o professor para que ele seja capaz de perceber a importância do direcionamento de sua abordagem.
A abordagem didática é um processo que busca dar significado ao trabalho do professor, já que lhe permite perceber o fim de sua ação, construindo propostas fundamentadas. Por isso, a didática docente deve ser atrelada ao fazer reflexivo e ao ensino-aprendizagem, levando em consideração as multiplicidades de cotidianos que permeiam a escola. Já seu planejamento, seja ele behaviorista ou cognitivista, deve conter os seguintes itens: objetivo, finalidade do conteúdo, estratégias didático-metodológicas e recursos. Além disso, é fundamental que a construção do plano de aula possua coerência, unidade, continuidade, sequência, objetividade, funcionalidade, precisão e clareza nas informações detalhadas.
INTRODUÇÃO
Quando falamos em aprendizagem, logo pensamos na sala de aula. A figura do aprender ficou marcada por muito tempo em um modelo tradicional de ensino, no qual o professor era o centro e o detentor do conhecimento, tendo como objetivo do processo apenas o ato de instruir. Posteriormente, por meio de estudos e reflexões sobre este tema, a ação, as práticas do professor e a concepção de ensino e de educar tiveram novas perspectivas e abordagens.
A partir desses pontos, passamos a entender que a educação não acontece somente na escola. Embora essa afirmação possa ser considerada óbvia, é necessário que percebamos o quanto ela está relacionada à educação escolar e, consequentemente, com a prática docente.
Se por um lado a educação é um processo que não se restringe apenas à escola, mas à sociedade, por outro a escola é um espaço privilegiado de ensino-aprendizagem legitimamente estabelecido. Quando a escola se constitui enquanto espaço social de ensino, aquilo que será ensinado passa a ter mais legitimidade que outros tipos de saber que não passam por esse mesmo lugar. E, se precisamos selecionar, também indicamos que tipo de saberes receberá ou não tal legitimidade. Estamos entrando no espaço da intencionalidade e da relação de poder, portanto, começamos a falar de Ação Pedagógica.
O espaço escolar é um local historicamente marcado pela relação entre saber e poder.
Como vimos no vídeo, a Esfinge devorou todos aqueles que não conseguiam decifrar seu enigma. Considerando sua própria atitude, após ter o enigma decifrado por Édipo, chegamos à conclusão de que toda a sua identidade, a condição de sua existência, estava centrada no fato de apenas ela possuir o saber, o que lhe garantia determinado poder. Essa relação também está presente no cotidiano escolar.
Michel Foucault levanta em seu livro, Microfísica do poder, uma discussão sobre saber e poder. Ele explica que precisamos notar que o poder não se encontra nos polos ou nas pontas de onde ele é exercido e para onde ele exerce, ou seja, que a única forma de percebermos relações de poder é pelas relações. Ou seja, as nossas relações sociais são marcadas por disputas, e essa teia de relações de poder toca e modifica constantemente o cotidiano.
O professor se encontra em uma conjuntura complexa e necessita traçar estratégias, construir práticas que permitam que o processo de ensino-aprendizagem seja efetivo, apesar das disputas.
As pressões das relações escolares podem tornar a dinâmica da escola um espaço de tensão e enfrentamento. Por isso, o professor deve ultrapassar o modelo tradicional de ensino e propor um processo de ensino-aprendizagem repleto de intencionalidade.
Diante dos enfrentamentos escolares, o aluno tende a tomar uma posição de resistência. Ele questiona o significado do aprendizado, o valor do conhecimento curricular e o motivo dos seus saberes de vida serem depreciados em relação aos saberes escolares. Por isso, as ações que ocorrem na escola devem estar alinhadas às dinâmicas sociais e de pensamento. O sujeito que atua na educação precisa se preparar, desenhar estratégias, perceber objetivos, entender as forças que influem em seu trabalho.
Considerando todos esses aspectos, a Ação Pedagógica pode ser pensada em três passos fundamentais:
PERCEBER O PROFESSOR COMO UM AGENTE EDUCADOR
É fundamental que aquele que ensina se reconheça como agente educador, devendo entender que há a necessidade de uma série de procedimentos, escolhas, preparo e posturas. Esse elemento fundamental da ação docente é, muitas vezes, mal compreendido, pois o docente é apresentado como detentor absoluto do conhecimento e, portanto, não permitiria interferência ou contribuição no ato de ensinar. Vamos entender na prática:
Em meu primeiro emprego como professora, meus alunos, além de não prestarem atenção na aula, debochavam e até pareciam ter raiva de mim. Tentando mudar aquele cenário, levei um encarte de jornal de um mercado dobairro e propus que eles simulassem uma ida às compras.
Ao destacar a importância de se fazer contas corretamente para não faltar dinheiro, demonstrei a importância da matemática. Percebi que, para alcançar os meus objetivos com a turma, seria necessário assumir meu papel de agente educador, planejando a aula antecipadamente, analisando os interesses dos meus alunos e aproximando minha realidade da deles.
IDENTIFICAR AS NECESSIDADES DO EDUCANDO
Como terceiro passo, é preciso planejar. Talvez esse pareça ser um elemento menos importante que os anteriores pelo caráter meramente técnico que possa aparentar. Se por um lado o planejamento e a escolha do processo de ensino-aprendizagem exigem determinados conhecimentos didáticos, por outro, o professor não pode acreditar que essa opção técnica seja totalmente independente das percepções anteriores.
Se o professor não tiver plena consciência das necessidades de seu educando, poderá estipular que determinado encadeamento de conteúdo será apreendido pela turma toda, ao mesmo tempo, sem se preocupar, assim, com as dificuldades (ou habilidades) específicas de grupos ou alunos. Por isso, cabe ao docente identificar quais saberes são fundamentais e farão diferença na vida e no cotidiano deles, escolhendo estratégias de ensino que tenham significado para as suas vidas. Vamos entender na prática:
Fui convidado para ministrar um treinamento em uma empresa sobre um assunto que eu dominava bastante. No primeiro dia, falei por horas e horas. Tinha a certeza de ter me saído muito bem. Pedi para a turma fazer uma prova e me assustei com o resultado: ninguém tinha entendido nada. Ao refletir sobre tal processo, decidi mudar minha abordagem.
No dia seguinte, perguntei se sabiam por que estavam ali e o que gostariam de aprender. Eles relataram seus medos e expectativas quanto à formação. Em seguida, eu disse como poderia ajudá-los – e todo o processo mudou. Tentando despertar sua curiosidade, trouxe para a realidade deles o conhecimento abordado. Ali eu aprendi uma lição: minha ação como docente não deve estar centrada no que eu preciso passar, mas na relação entre o meu conhecimento e o que o aluno precisa aprender.
DEFINIR O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Para que a proposta educacional faça sentido e tenha utilidade, devemos adequar as escolhas metodológicas à contextualização da realidade do aluno. Para isso, precisamos introduzir o aluno no processo educativo e permitir que ele traga elementos conhecidos e corriqueiros para a sala de aula, alcançando, a partir desses elementos, novos saberes e sentidos para conhecimentos anteriormente adquiridos. Vamos entender na prática:
Oriundo de uma ótima faculdade e com muitas especializações, entrei na escola desejando revolucionar o ensino; assim, preparei uma aula que me agradaria se eu fosse aluno. Para minha surpresa, as crianças mostravam desinteresse e questionavam a necessidade de aprender aquilo.
Ao observar o trabalho de uma colega extremamente tradicional, vi uma turma participativa e interessada. Foi uma grande decepção, pois eu estava preparado, conhecendo as teorias mais modernas. Quando lhe pedi o seu segredo, ela me questionou se eu conhecia os interesses e a realidade dos alunos. Entendi que eu deveria levar em consideração o cotidiano deles, mostrando que me importava com as suas opiniões e buscando estratégias adequadas à realidade deles – e não à minha.
Acredito que você já percebeu que não é tão fácil ser professor. Esse profissional deve pensar no cotidiano, no dia após dia da função e, ao mesmo tempo, não perder o ímpeto e o ânimo de criar e recriar. Para que isso seja possível, é importante que o professor nunca se esqueça que é um agente educador, que deve sempre levar a sério a sua responsabilidade em conduzir e dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, respeitando o conhecimento do aluno como forma de valorizar e redimensionar essa troca.
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
Você já teve um professor memorável? Aquele que sempre tinha novas abordagens para sua matéria, trazia materiais diferentes para exemplificar o aprendizado ou até fazia músicas com o conteúdo das disciplinas? Apesar da passagem dos anos, você ainda se lembra daquela aula e dos ensinamentos aprendidos naquele dia.
Quando transformamos os conceitos científicos necessários para o aprendizado escolar e trabalhamos de forma que eles passem a ter significado para o aluno, chamamos esse processo de Transposição Didática. Através dela, é possível realizarmos uma identificação dos conteúdos e conceitos científicos que necessitam ser trabalhados para que façam sentido na escola. Mas, antes de falarmos da Transposição Didática, é importante que conheçamos a diferença entre os tipos de conhecimento que transitam pelo espaço escolar.
Agora que você entendeu a diferença entre o saber científico e o saber escolar, vamos pensar na prática. Imagine a seguinte situação:
Fique Atento!
Quando apenas a sua voz e o seu conhecimento, enquanto professor, são os protagonistas no processo de ensino-aprendizagem, a chance de os alunos perderem o interesse e não entenderem a importância ou usabilidade desse conhecimento é grande. Além disso, não podemos julgar que um aluno não está preparado para aprender certo conteúdo. Pelo contrário, o desafio da complexibilidade do assunto pode aguçar o desejo de aprender mais, enquanto a falta de profundidade pode gerar um desestímulo.
Para que haja equilíbrio entre transmissão e aquisição do conhecimento, o professor deve apresentar o conteúdo não só com qualidade conceitual e científica, mas coerente com a realidade dos alunos, de modo que faça sentido para eles e que desperte o desejo de aprender.
Para isso, é importante que entendamos que o aluno está no centro do processo e cabe a você mediar esses conhecimentos de forma que ele se envolva com o tema e tenha interesse em querer saber cada vez mais, sendo:
A junção da informação com a emoção para formar o conhecimento é chamada de Transposição Didática.
Então, agora que você aprendeu esses conceitos, vamos repensar o caso da sala de aula visto anteriormente?
Com a Transposição Didática compreendemos a importância de o professor identificar que o seu trabalho é produzir um novo caminho para o desenvolvimento do aluno, proporcionando novas formas de aprender e levando em consideração o cotidiano escolar sem impedir o acesso dos alunos a essas informações. Vamos, a seguir, entender mais profundamente esse conceito.
SURGIMENTO DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
O conceito de Transposição Didática surgiu em 1975 com Michel Verret e foi aprofundado por Yves Chevallard  em 1985. Chevallard desenvolveu a ideia de transposição em que o saber científico se modifica quando é passado para o campo escolar, ou seja: não basta apenas transmitir as informações aos alunos, desconsiderando o contexto necessário para sua compreensão. Em nossa sociedade, os conhecimentos geralmente estão pautados em duas grandes áreas: saber científico e saber escolar.
Em outras palavras, a Transposição Didática trabalha com a adaptação do conhecimento científico para transmiti-lo ao aluno com base em estratégias pedagógicas de ensino.
O processo de contextualizar o conhecimento é importante para a realização de significados para os sujeitos aprendizes, ou seja, é fundamental que esse processo seja significante para o aluno.
 	O processo de passagem do saber científico para o saber escolar ocorre de forma mais eficaz quando o conteúdo apresentado faz sentido e se adapta à realidade do aluno.
A Transposição Didática não auxiliará apenas a pensar nos conhecimentos que os alunos podem trazer a partir das suas experiências. Mais que isso, ela permite identificar como os conhecimentos formarão esse sujeito para o futuro.
Talvez você esteja pensando:
Qual o significado do conteúdo para a realidade do aprendiz?
Qual é o objetivo desse conhecimento para o futuro do aluno?
E são justamente essas duas questões que vão sustentar e contextualizar a concepção da Transposição Didática.
CONTEXTUALIZANDO A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICAO processo de contextualização da Transposição Didática permite que tornemos o conhecimento científico ou de referências mais próximo à realidade e às experiências dos alunos. Assim, o conhecimento se torna mais concreto e menos abstrato.
Esse processo permite a diversificação da metodologia, possibilitando o aprimoramento da aula com conhecimentos vinculados aos cotidianos dos alunos. Sob essa perspectiva, elaborar o conhecimento com a Transposição Didática faz com que possamos construir um saber com significado e sentido, refletindo sempre sobre as questões apresentadas dentro da escola.
O processo de troca de conhecimentos é interligado pela transposição em três momentos:
Para que o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz, estes três saberes (sábio, ensinar e ensinado) devem estar conectados e trabalhando simultaneamente como a engrenagem de uma bicicleta: para que as rodas se movam, é necessário que haja a corrente de engrenagem ligando-as. Mas de nada adianta ter uma corrente sem as rodas para locomoção. O mesmo ocorre com os saberes. Entenda:
1. O saber sábio vem do meio acadêmico para a escola através dos livros e do conhecimento do professor.
2. Através do planejamento, o saber sábio se transforma em saber ensinar, pensando e refletindo sobre as ações que ocorrerão dentro da sala de aula.
3. No saber ensinado, a ciência e o planejamento são colocados em prática e o conhecimento é construído conjuntamente com o aluno, aquele para quem é pensado todo esse processo.
A intenção não é simplificar ou exemplificar os conteúdos, mas demonstrar como podemos transformá-los para que o conhecimento seja mais acessível para quem está aprendendo. É preciso trazer o conhecimento para uma linguagem cotidiana, que afete o aluno, fazendo com que ele possa estabelecer o conhecimento.
O conceito de Transposição Didática é fundamental para se pensar sobre a produção do conhecimento escolar. Sendo assim, quando nos debruçamos sobre o conceito, podemos perceber que alguns professores estão acostumados a pegar o conhecimento de forma bruta e transmiti-lo da mesma forma ao aluno e, por isso, algumas matérias podem ser consideradas incompreensíveis e até desestimulantes.
Quando pegamos o conhecimento científico, planejamos levando em consideração a realidade e as experiências empíricas e escolares dos alunos; respeitando os seus saberes e seu cotidiano, o processo de ensino-aprendizado se torna prazeroso, relevante e dotado de sentido.
Mas não se engane, adaptar o conhecimento acadêmico para fins didáticos não é um processo simples. Dois movimentos são centrais para essa Transposição Didática: 
A professora Juliana teve dificuldades com a sua turma por realizar apenas a transposição externa, ou seja, pensou apenas nos materiais que permitam que o aluno aprenda. O problema ocorre quando a transposição externa é confrontada com o cotidiano e, por isso, é fundamental que estejamos atentos aos movimentos que ocorrem na transposição interna, ou seja, na instituição escolar, mais especificamente na sala de aula.
Fique Atento!
As dimensões de transposição, de transformação, não são neutras. Pelo contrário, elas são sempre atravessadas pelos interesses e pelas intenções dos atores sociais (políticos, especialistas, professores etc.). Além disso, não podemos desconsiderar os contextos em que essas transposições ocorrem, pois eles também interferem naquilo que é possível ou não fazer.
Essas questões contextuais postas por Chevallard como esfera marcada pelas lutas, disputas e negociações de grupos políticos, sociais e didáticos na escolha, seleção e transposição dos saberes, são denominados de noosfera. Ela correspondente à dimensão social que conduz, permite e indica como a Transposição Didática ocorre. Por isso, os professores devem estar atentos aos caminhos tomados na construção da noosfera, às escolhas curriculares feitas e como entram neste jogo. Como Chevallard nos aponta:
Quando consideramos as mudanças didáticas com mais cuidado, percebemos que muitas vezes elas ocorrem apenas em nível superficial, alterando pouco as estruturas mais profundas do fazer docente.
Por isso, o ato de refletir nossas práticas, dialogando com a realidade, o cotidiano do aluno, é fundamental no compartilhamento e na troca do conhecimento.
Como podemos ver na situação do professor, quando utilizamos o saber da transposição externa com a realidade da transposição interna, os alunos demonstram não só o aprendizado pontual, mas toda a bagagem de conhecimento que os formam.
TRANSPOSIÇÃO DIGITAL
A Transposição Didática pode ocorrer não só no ambiente presencial, mas também à distância. Quando falamos na adequação do conhecimento em meios digitais, temos a Transposição Didática digital.
Esse tipo de abordagem busca dialogar sempre com quem está do outro lado da tela, seja através de computadores, tablets ou até celulares, valendo-se de recursos e técnicas que estimulam o aluno a interagir com diversos objetos de aprendizagem.
Fique Atento!
Devemos lembrar que, devido ao professor não estar disponível no mesmo tempo e espaço do aluno, o conteúdo deve permitir uma autonomia em relação ao processo de aprendizagem. Assim, a transposição digital deve se preocupar com atividades nas quais o aluno tenha liberdade e acessibilidade para acessar esses conteúdos.
Além disso, na transposição digital, devemos ter atenção em relação à linguagem utilizada para que ela seja acessível a diferentes públicos. Este tipo de linguagem é chamada de hipermidiática.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
A linguagem hipermidiática na transposição digital exige a integração de diferentes linguagens (verbais e não verbais) em busca de um sentido ou objetivo. No nosso caso, fazer com que o aluno adquira conhecimento de forma autônoma. Essa integração entre várias linguagens tem como objetivo promover o interesse pelo assunto e oportunizar o melhor entendimento do conteúdo.
Assim, a linguagem hipermidiática realiza a combinação de diversos recursos e objetos de aprendizagem em prol do aprendizado. Vamos entender isso na prática:
Pense que você é um professor tutor de um curso EAD. O que você vai escrever será lido por um aluno que deseja aprender. Seu conteúdo é extenso e com termos específicos do conteúdo. Você precisa de uma ponte para transpor esse conhecimento, que em um primeiro momento é inacessível a ele. Mas como fazer isso?
Este é o nosso principal desafio como professor:
Transformar o conteúdo considerado puramente acadêmico de modo que ele se torne acessível e agradável ao entendimento do aluno.
Quando um professor consegue fazer a Transposição Didática de um conteúdo é porque ele trouxe aquele assunto complexo para um nível de fácil compreensão, ou seja, para o inteligível, de modo a democratizar o conhecimento. E é através da linguagem hipermidiática que será possível realizar uma Transposição Didática digital eficaz, recursos esses que ilustrarão ou simplificarão os conceitos sem reduzi-los.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Ação Pedagógica não deve ser confundida com a prática docente. Embora ambas estejam intimamente ligadas ao cotidiano do professor, a prática docente está conectada diretamente a uma preocupação metodológica (portanto, didática), já a Ação Pedagógica parte de pressupostos políticos de que toda ação é atravessada por escolhas que podem ou não ser explícitas e conscientes. E é nesse âmbito que entra a Transposição Didática, como ação de transformar o conhecimento científico em um conteúdo adequado às necessidades e à potencialidade dos alunos.
Essa Transposição Didática pode ocorrer não só no ambiente presencial, mas também à distância, através de elementos hipermidiáticos que minimizam a distância entre quem ensina e quem aprende.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI
A idade contemporânea se refere ao tempo presente, ou seja, aquele em que vivemos. É esse o contexto que nos interessa e com base no qual vamos estudar os processos didáticos que podem ser aplicados na Educação como forma de responder às suas demandas.
Uma vez que o nosso foco é aEducação, podemos citar alguns aspectos do mundo contemporâneo que influenciam diretamente o contexto escolar e que se apresentam como desafios na contemporaneidade. São eles:
Sobre isso, vejamos o que Delors (2001, p. 11) afirma:
Ante os múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um trunfo indispensável à humanidade na sua construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social. (DELORS, 2001)
A citação acima faz parte do prefácio do relatório organizado por Delors, elaborado entre 1993 e 1996 por inúmeros especialistas do mundo todo, cujo objetivo era trazer de volta à Educação sua principal característica: ser ferramenta indispensável à convivência humana. Esse documento faz, então, uma retrospectiva do século XX, apresentando os cenários de uma Educação voltada ao século XXI. Para isso, o relatório organizado por Delors (2001) busca identificar o que denomina de tensões a ultrapassar, que constituem a base do que se apresentaria no século XXI. Podemos resumir essas tensões provenientes do século XX da seguinte forma:
Perceba que a simples articulação entre as palavras conhecer-fazer-conviver-ser já aponta para as características essenciais da Educação: contribuir para que o aluno construa conhecimentos, de modo que ele possa agir sobre a sua realidade social e transformá-la.
REFLEXÕES PEDAGÓGICAS PARA O SÉCULO XXI
Alinhados à percepção do relatório organizado por Delors sobre a educação contemporânea, três autores merecem destaque por suas reflexões pedagógicas. São eles: Edgar Morin, Philippe Perrenoud e Ken Robinson. Vamos conhecê-los!
Esta citação faz parte do famoso livro de Edgar Morin, Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. A proposta de Morin é apresentar esses saberes como condição reflexiva para se pensar a Educação na forma como vinha se apresentando ao longo do século XX. A ideia é, a partir disso, projetar os avanços necessários para assumir seu papel de protagonista na formação do cidadão do século XXI. Morin, então, aborda sete problemas específicos da Educação, que chama de “buracos negros”.
Vejamos:
Perceba que os sete problemas apontados por Morin como buracos negros são a base para construção de sete saberes a serem explorados, uma vez que conduzem a uma reflexão complexa acerca dos reais impactos que tais saberes trazem à realidade escolar. No entanto, é importante ressaltar que a proposta desse autor não é modificar os programas educacionais, anulando a estrutura de disciplinas. Antes, Morin propõe uma integração dos sete saberes com as disciplinas já estabelecidas. Então, reveja o gráfico anterior e observe que, para o desenvolvimento de cada saber escolar de maneira encadeada, devemos levar em consideração esses saberes.
Esta citação faz parte da obra de Perrenoud (2000), Dez novas competências para ensinar, e mostra uma preocupação específica desse autor acerca da formação docente e, consequentemente, da aprendizagem. Perrenoud, nessa obra, elenca as 10 competências necessárias para o professor:
Apesar da complexidade de definir o papel do professor e, portanto, sua formação, nesse livro, Perrenoud (2000) procurou apresentar algumas competências possíveis e explorá-las de forma a oferecer um suporte ao docente que desejasse assumir um papel mais comprometido com a Educação do século XXI. A principal contribuição de Perrenoud para a educação contemporânea foi a valorização do conceito de competências. Esse conceito parece não só ter sobrevivido às duas décadas do século XXI, como tem fundamentado grande parte da legislação educacional, especialmente no Brasil.
Esta citação expressa um dos questionamentos de Robinson feito em 2006 enquanto ele se apresentava em uma importante conferência nos Estados Unidos:
As escolas matam a criatividade?
Nessa mesma conferência, Robinson buscou responder a esse questionamento criticando o que ele chama de “modelo técnico-industrial da educação”, disfarçado de “modelo acadêmico”. Esse modelo, presente no mundo todo, valoriza apenas um aspecto da formação humana – geralmente a lógico-matemática – e não permite que outras perspectivas tenham relevância na formação do indivíduo. A partir disso, pode-se responder à pergunta de Robinson: Sim! As escolas estão matando a criatividade!
Como resposta a esse contexto, Robinson propõe um processo educacional que valorize as aptidões individuais, permitindo que cada estudante trace caminhos para seu aprendizado e, consequentemente, realize-se pessoal e profissionalmente. Dessa forma, o estudante poderá contribuir efetivamente para a sociedade em que vive. Embora com teor bastante utópico, as ideias de Robinson continuam presentes em muitas conferências e projetos educacionais além de seus livros.
METODOLOGIAS ATIVAS
Como vimos, os pilares da Educação para o século XXI, conhecer-fazer-conviver-ser, influenciam significativamente na aprendizagem dos alunos. Um fator importante nesse processo é a motivação para a aprendizagem. Por isso, no contexto contemporâneo, torna-se necessário identificar os aspectos que motivam e encantam os mais jovens. Sobre isso, vejamos o que Martha Gabriel afirma:
Essa autora identifica as tecnologias digitais como um fator que tem transformado a sociedade. Uma vez que vem ocupando um lugar central na vida das pessoas, a tecnologia tem sido identificada como um fator de motivação dos alunos. Por isso, torna-se necessário integrar essas tecnologias às metodologias de ensino, de modo que sejam importantes aliadas da aprendizagem.
Uma estratégia pedagógica bastante centrada no aluno e que é potencializada pelo uso das tecnologias digitais é a metodologia ativa. Vejamos como José Moran (2015) define essa metodologia:
Portanto, as metodologias ativas buscam colocar o aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem, permitindo que crie soluções e busque os conhecimentos de que necessita. Nesse contexto, o professor atua muito mais como um orientador do processo de construção da aprendizagem, estimulando, também, a interação entre os alunos. Perceba que o professor deixa de ser o detentor do conhecimento, pois, atualmente, o aluno tem acesso a uma quantidade enorme de informações proporcionadas pelas tecnologias digitais. Ao professor, cabe, então, orientar os alunos nessa busca pelo conhecimento.
Podemos citar alguns dos métodos utilizados nas metodologias ativas:
O sucesso de qualquer uma dessas metodologias depende da mudança decisiva na atuação do professor em sala de aula. Com o uso de metodologias ativas, o professor precisa enxergar o aluno sob a perspectiva da ação e da parceria, ou seja, o trabalho pedagógico deve estar fundamentado no diálogo.
O que caracteriza um meio que se propõe ativo é o posicionamento da inteligência em contraposição à passividade característica dos métodos tradicionais de ensino. Além de pensar, o aluno precisa sentir o que está fazendo para não ficar entediado com o conteúdo. Para incluir os sentimentos na construção de conhecimento, é necessário dar significado ao que se aprende, a partir do bom humor, da disposição e da alegria no processo de aprendizado. Portanto, as tecnologias digitais são muito importantes para oferecer ferramentas para a realização dessa proposta.
Percebeu que, nas metodologias ativas, como o foco do ensino está no aluno, ele pode traçar o seu próprio caminho para chegar ao conhecimento?
Isso acontece porque, nessas metodologias, os meios para se buscar o conhecimento não são determinados. O aluno pode, de acordo com suas características, utilizar diferentes ferramentas e métodos para buscar uma informação e construir o conhecimento, de acordo com seu perfil de aprendizagem. O autor Howard Gardner desenvolveu uma teoria que nos ajuda a identificar diferentes perfis de aprendizagem - a Teoria das Inteligências Múltiplas –, segundo a qual existem nove perfis de inteligência que determinam a forma de aprender. São eles:
O conhecimento dos diferentes tipos de inteligência permite ao professor selecionar os métodos que mais se adéquam aos perfis de aprendizagem dosseus alunos. Esse autoconhecimento possibilita ao aluno escolher as ferramentas e os métodos que facilitarão não só a busca, como também a manifestação do conhecimento.
TEORIAS QUE EMBASAM O USO DE METODOLOGIAS ATIVAS
A concepção teórica que embasa as metodologias ativas é o interacionismo. Essa concepção entende o sujeito como um ser ativo, que constrói e se apropria de seus conhecimentos particulares a partir dos elementos e estímulos fornecidos por outras pessoas e pelo meio em que vive.
De acordo com essa teoria, cabe ao professor estimular e oferecer várias opções de aprendizado e caminhos, a fim de que o aluno construa seus conhecimentos por meio de um planejamento didático e pedagógico que facilite a aprendizagem.
Os principais teóricos que embasam a perspectiva interacionista são Jean Piaget, Lev Vygotsky e John Dewey. Em suas concepções, esses teóricos concebem o aprendizado sempre relacionado ao contexto social no qual o aluno está inserido.
Para Piaget (apud MUNARI, 2010), as interações sociais possuem grande importância, pois é por meio delas que novas informações e características do meio são transmitidas, contribuindo para a assimilação do conhecimento de maneira ativa, de acordo com o estágio de desenvolvimento cognitivo do sujeito. Vejamos como ocorre esse processo:
Perceba que, para Piaget (apud MUNARI, 2010), as interações sociais são o principal meio de aprendizado, pois à medida que interage com pessoas e objetos, o indivíduo está progredindo em suas formas de pensamento e em suas ações. Nesse processo interacional, o sujeito compreende que sua ação deve contribuir para a cooperação do grupo, desenvolvendo, assim, uma vida afetiva. 
Para Vygotsky (apud IVIC, 2010), os processos sociais são importantes para a construção do conhecimento. Dessa forma, o desenvolvimento do indivíduo acontece a partir das interações que estabelece desde sua infância com o meio social no qual está inserido. Vejamos como ocorre esse processo:
Dewey (apud WESTBROOK; TEIXEIRA, 2010, p. 16-17) defende que a aprendizagem ocorre pela experiência. Para ele, quando os alunos frequentam um espaço de aprendizado, estão vivendo a vida e aprendendo a partir dela. Por isso, o autor considera errada o pensamento cujo princípio afirma que a escola forma o aluno para a vida. De acordo com a perspectiva desse teórico, a vivência na escola faz parte da vida. Essa instituição precisa proporcionar momentos de aprendizagem com significado para o estudante, propiciando experiências motivadoras.
Para Dewey (apud WESTBROOK; TEIXEIRA, 2010, p. 16-17), ao chegar na escola, a criança já traz conhecimentos e experiências que devem ser considerados no processo de ensino e aprendizagem. Vamos entender um pouco mais a visão do autor:
Quando a criança inicia sua escolaridade, leva consigo quatro impulsos inatos:
Esses impulsos são os recursos naturais, que devem ser utilizados como pontos de partida para se investir no desenvolvimento ativo da criança.
Nesse processo, cabe ao professor buscar os interesses e o contexto social da criança e utilizá-los como insumo para elaborar atividades que motivem o seu desenvolvimento, atuando como um orientador no processo de construção do conhecimento.
Considerações finais
Neste tema, você identificou alguns dos principais desafios para a Educação do século XXI e perceber as metodologias ativas como a principal estratégia pedagógica a ser utilizada como resposta a esse contexto cada vez mais permeado pelas tecnologias digitais. Sabendo da complexidade do processo de ensino e aprendizagem, torna-se essencial reconheceu as individualidades dos alunos, envolvendo-os nas tomadas de decisão, a fim de torná-los ativos e participativos na construção do conhecimento.
Impactos das tecnologias digitais na sociedade
Esse contexto mostra o quanto as tecnologias digitais estão se tornando importantes para a vida das pessoas.
Vamos pensar um pouco mais sobre esse assunto?
A animação de Steve Cutts nos serve de alerta, especialmente para o tempo em que vivemos. A inserção e o uso de meios e ferramentas digitais transformaram e transformarão cada vez mais nosso comportamento social, nossas relações de trabalho e de ensino. As gerações nascidas após os anos 1990 – geralmente chamadas de Geração Z – cresceram imersas no mundo das mídias digitais e são criadas na virtualização das relações sociais com pessoas e objetos. Por isso, também são chamados de nativos digitais.
Vamos entender um pouco melhor essa geração?
Leia a reportagem a seguir que descreve o estilo de vida da Geração Z.
A reportagem mostra como o cotidiano das pessoas foi transformado pelo uso das mídias digitais. Mesmo aqueles nascidos em décadas anteriores se viram obrigados a se adaptar, de certa forma, a tais tecnologias. Independentemente de idade, a quase totalidade das pessoas utiliza soluções tecnológicas diversas diariamente (como caixas eletrônicos, por exemplo) e tem seus celulares como principal interface desse mundo digital.
Como esse cenário afeta a Educação?
Atualmente, os alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental têm contato com vídeos, jogos e aplicativos digitais. Essa dinâmica muda a relação da criança com o conhecimento e a forma como aprendem, além de alterar as relações entre as pessoas nos processos escolares. É exatamente por isso que a educação contemporânea deve pensar nas atividades didáticas desenvolvidas em sala de aula a partir da tecnologia digital. Sobre isso, cabem algumas reflexões:
Espera-se que o professor tenha uma preocupação permanente com os processos que facilitam a aprendizagem de seus alunos. Por isso, ele deve adequar o seu planejamento didático às inovações tecnológicas utilizadas pelos alunos. Nesse exercício de adaptação, vemos que muitas ferramentas digitais possuem o potencial, inclusive, de mudar a forma como ensinamos e aprendemos.
Conectando a sala de aula
A tecnologia faz parte do cotidiano das pessoas e, consequentemente, da maioria dos nossos alunos. Eles estão imersos nas mídias digitais, valorizam as interações por meio de redes sociais e não são apenas consumidores de informações, mas também são produtores. Esse contexto traz um novo desafio à Educação: pensar em métodos de ensino e avaliação capazes de auxiliar o aprendizado dos alunos com o uso das tecnologias digitais.
Atenção
Já passou a época em que os eletrônicos eram vistos como inimigos do aprendizado. Com a popularização do digital, é impossível fingir que esse mundo e suas possibilidades não existem ou acreditar que elas não devem fazer parte da vida das pessoas. Difícil não ver alguém, mesmo crianças pequenas, mexendo habilidosamente em seus celulares, tablets e outros dispositivos.
Quando falamos em recursos tecnológicos, logo nos vem à mente cenários e ferramentas incríveis, como se estivéssemos vislumbrando um futuro ao estilo Minority Report. Ainda não é como naquele filme, mas as instituições de ensino e os alunos e professores fazem uso de aplicações, dispositivos e programas de computador para as tarefas educacionais.
Veja algumas ferramentas usadas atualmente nos processos de ensino e aprendizagem:
O que vem por aí?
A cada ano, novas tecnologias avançam em diferentes esferas e a Educação segue o mesmo ritmo. Estamos vendo diariamente uma revolução tecnológica, que potencializa uma revolução na Educação. Isso quer dizer que a tecnologia deixou de ser algo relacionado ao laboratório de informática ou à sala de multimídia. Hoje, é pauta de gestores, professores, alunos, pais e responsáveis.
Separamos algumas tendências de uso de tecnologia no contexto educacional para que você conheça suas características e possibilidades de aplicação para a Educação Básica e Ensino Superior. Veja a seguir:
Como aplicar as tecnologias digitais
em sala de aula
A partir de agora, você conhecerá algumas ferramentas digitais que poderão ser aplicadas em sala de aula, com o objetivo de tornar o processo ensino e aprendizagem maisdinâmico, divertido e motivador. Enquanto você conhece os diferentes tipos de ferramentas, aproveite as dicas e tutorais para criar os seus próprios recursos educativos. Vamos lá!
E quais são os benefícios dos AVA?
Com base em Schelemmer (2005), elencamos os principais benefícios para o professor e para o aluno.
Professor
· Permite que a informação alcance um número elevado de pessoas, uma vez que não há limites de tempo ou espaço;
· Possibilita a disponibilização, atualização e compartilhamento de informações em tempo real;
· Atua como suporte para práticas educacionais interdisciplinares e transdisciplinares;
· Permite a adequação da abordagem de ensino aos diferentes estilos de aprendizagem e às características da comunidade para a qual o curso será direcionado.
Aluno
· Possibilita acesso fácil à informação, uma vez que o aluno pode acessar de qualquer lugar e em qualquer horário;
· Permite o compartilhamento de informações e a criação de conteúdos de forma coletiva;
· Permite que a ação educacional seja mais adequada às necessidades do aluno, uma vez que o tempo e os métodos podem ser correspondentes ao seu perfil.
Hoje, muitos AVA estão disponíveis gratuitamente, possibilitando que professores de diferentes áreas de conhecimento criem espaços de aprendizagem virtual voltados para o seu contexto educacional. Por isso, a seguir, vamos apresentar alguns AVA que poderão servir como suporte para a construção desses ambientes.
Mas como criar conteúdos digitais educativos?
Trouxemos algumas dicas para lhe ajudar nesse processo de criação.
Como exemplos de Objetos de Aprendizagem, temos:
Veja algumas dicas para elaborar avaliações online:
Considerações Finais
Como vimos, o uso das tecnologias digitais em sala de aula permite aproximar os métodos de ensino à realidade do aluno. Essas tecnologias também são ferramentas capazes de potencializar o aprendizado. Uma vez que as tecnologias evoluem continuamente, é importante que o professor esteja atento a essas mudanças, pois elas trazem novas possibilidades ao processo de ensino e aprendizagem, bem como novas competências a serem alcançadas pelo professor e pelos alunos.

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