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Unidade 1 - Introdução ao estudo da didática - Introdução Nesta unidade, nosso foco estará voltado ao surgimento da didática. Isso porque será central que você possa compreender a trajetória dos estudos neste campo do conhecimento e perceber futuramente o que é um professor com ou sem didática. Para isto, vamos analisar a etimologia da palavra que nomeia o conceito, bem como a trajetória histórica de seu surgimento, verificando sua concepção de conhecimento e as relações que se estabelecem entre escola e sociedade durante seu desenvolvimento. Vamos conhecer a importante obra de Comenius, Didática Magna, para que você perceba sua influência na prática docente até os dias atuais. Prepara-se então para a aprendizagem que propomos a seguir. Bons estudos! 1. Iniciando os estudos em Didática Começamos nossa trajetória nesta disciplina em busca da compreensão do conceito geral em Didática e do conhecimento que embasa esta área do conhecimento. Existem algumas definições que situam este campo do saber, mas para começarmos, vamos nos ater à definição de Libâneo (1994): Didática é a disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e ascondições do processo de ensino, tendo em vista finalidades educacionaisque são sempre sociais; se fundamenta na Pedagogia, sendo assim umadisciplina pedagógica. Sendo assim, você deve estar se perguntando, de que forma podemos ajustar a definição de Libâneo à sua prática cotidiana em sala de aula, como futuro professor? Vamos elucidar esta definição para facilitar o entendimento: Didática é uma disciplina, uma área do saber que está diretamente ligada ao que você faz em sala de aula. O que você fará em sua atuação cotidiana está definido previamente em diversos documentos que são trabalhados durante o planejamento escolar, a saber: planejamento anual, semestral, bimestral, mensal, plano de ensino e plano de aulas. Ou seja, toda e qualquer atividade praticada em sala de aula pelo professor está prevista em seu planejamento macro (amplo, ligado aos objetivos gerais) e micro (restrito, ligado aos objetivos específicos). Agora, vamos esclarecer como acontece o planejamento de maneira geral nas escolas: são realizadas reuniões de planejamento antes do início do ano letivo, neste momento, os professores planejam de maneira ampla e específica o que será feito no decorrer do ano. São elaborados documentos que são necessários a este planejamento, sendo um dos mais importantes, sem dúvida, o plano de ensino. Neste documento você estipula seus objetivos (gerais e específicos), quais conteúdos serão trabalhados, qual metodologia será utilizada, como será feita a avaliação. Além disto, Libâneo nos afirma que todo este macroprocesso deve estar ligado às finalidades educacionais que são sempre sociais. O que isto quer dizer? Libâneo reforça o caráter social da escola, como veremos nos próximos momentos da disciplina. A título de antecipação é importante que você saiba que, em Didática, nos atemos sempre à função social da escola. Ou seja, será que a escola serve somente para “transmitir conteúdos” ou há algo além disso? Há muito mais além de “transmissão de conteúdos”, a escola é um local de convívio, trocas e socialização. É um local onde os educadores também trabalham questões sociais tais como ética, responsabilidade social, cidadania, respeito ao próximo, respeito à opção cultural, religiosa, social, sexual dos outros, etc. O professor trabalha esses temas de forma transversal, para que possamos além de trabalhar conteúdos, formar cidadãos. Posteriormente, quando nosso foco estiver voltado às tendências pedagógicas verificadas na escola, trataremos caso a caso como se dá a função social da escola de acordo com educadores tais como: Rosseau, Paulo Freire, Vygotsky, Piaget, dentre outros. Neste momento, acreditamos que você tenha compreendido a citação de Libâneo que iniciou esta unidade, certo? Portanto, vamos em frente com nosso conteúdo. Figura 1 – Na escola aprendemos a conviver com o outro e suas diferenças. Fonte: Pixabay. A pergunta norteadora agora é: como os conhecimentos de Didática influenciam na formação dos professores? 1.1. A Didática em Comenius De onde vem a Didática? Antes, para iniciarmos este resgate, devemos saber que tal palavra pode ser traduzida livremente como a Arte de Ensinar. E quando as pessoas começaram a se preocupar com o que é Didática e como ensinar? Se verificarmos a linha histórica do tempo na área da educação, começamos a verificar uma intencionalidade pedagógica voltada ao ensino por volta do século XVII. O primeiro educador a se preocupar formalmente com a Didática foi sem dúvida, Comenius (1592-1670). Sua obra mais conhecida é Didática Magna onde, através de ideias consideradas inovadoras, opôs-se às ideias conservadoras da nobreza e do clero. No Brasil, por exemplo, o ensino formal começa justamente com a chegada dos jesuítas e a catequização indígena. Portanto, o ensino e, consequentemente, a Didática, caminharam sempre seguindo as normas e regras da Igreja Católica. Opor-se a esta metodologia era, sem dúvida, um ato de rebeldia na época. Você já deve ter visto, quando estudou História da Educação, que, estivemos (e, em alguns casos, ainda estamos) submetidos ao ensino tradicional baseado na transmissão de conteúdos de maneira passiva. Nesta modalidade o professor é o detentor único do conhecimento que transmite ao seu aluno. O aluno, por sua vez, é um receptor passivo de todo o conhecimento transmitido, sem direito a manifestar dúvidas, perguntas e quiçá divergências neste processo. Pois bem, Comenius foi um dos principais educadores a questionarem o método de ensino tradicional, explicado no parágrafo anterior. Comenius, inicia sua obra Didática Magna com os seguintes dizeres: Nós ousamos prometer uma Didática Magna, isto é, um método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. E de ensinar solidamente, não superficialmente e apenas com palavras, mas encaminhando os alunos para uma verdadeira instrução, para os bons costumes e para a piedade sincera. (COMENIUS, 1621, versão para Ebook 2001, págs. 13 e 14). Podemos perceber nesta citação que Comenius busca uma forma de fazer com que o aluno realmente aprenda, ultrapassando a lógica mecânica até então dominante nas escolas do mundo. Aprendizado este sem significado para o aluno, cansativo, mecânico e que, não apresentava resultados para o futuro do estudante. Percebemos também que Comenius traduz uma situação vivenciada na escola na qual o professor não sabe porque ensina e como deve ensinar e o aluno somente reproduz o conteúdo transmitido pelo professor. Comenius vai se preocupar em como ensinar, quais as metodologias o professor pode utilizar para que o conteúdo realmente faça sentido no processo de ensino-aprendizagem. Quando falamos que Comenius vai contra o que estava sendo propagado até então pela Igreja Católica, isto não quer dizer absolutamente que ele é contra as “coisas de Deus”. Em sua obra, por diversos momentos, percebemos um viés religioso, como, por exemplo, na abertura do capítulo intitulado Utilidade da Arte Didática, na qual o autor informa que a Didática se baseia em retos princípios que interessam: aos pais, aos professores, aos estudantes, às escolas, aos Estados, à Igreja e ao Céu. Veja: Finalmente interessa ao Céu que as escolas sejam reformadas de modo a ministrarem aos espíritos uma cultura exata e universal, não sendo assim de admirar que, com o fulgor da luz divina, mas facilmente sejam libertados das trevas aqueles a quem o som da trombeta divina não consegue acordar (...). (COMENIUS, 1621, versão para Ebook 2001, págs. 48 e 49). É importante que fique claro para você, estudante e futuro professor, que há um viés religiosona obra de Comenius, o que não invalida o viés metodológico de sua proposta como veremos a seguir. E qual seria a proposta Didática de Comenius?, de acordo com Garcia (2014): Na abordagem comeniana havia uma constante preocupação com o aprender fazendo, ou seja, era necessário que o aluno tivesse um contato direto com a natureza. Daí a organização de visitas ao campo para que as crianças e jovens pudessem, através dos sentidos aprender de maneira diferente do que constava nos livros apenas (...) (GARCIA, 2014, p. 317). Na prática, podemos elencar os princípios da Didática comeniana da seguinte maneira: 1. O aluno deve ver e tocar no objeto do conhecimento, ou seja, o professor deve sair da teoria e demonstrar na prática, por meio do “aprender fazendo” citado acima. 2. O professor deve trabalhar com exemplos curtos para facilitar a compreensão do estudante. 3. Parte-se na maioria das vezes, do conhecimento obtido através da natureza ou do cotidiano dos estudantes para a compreensão dos fenômenos estudados. 4. O professor não ensina novo conteúdo sem que os estudantes tenham compreendido e consolidado o conteúdo anterior. Figura 2 – Comenius, o pai da Didática. Fonte: Pixabay, 2019. Então, estudante, qual a sua opinião sobre esta proposta Didática de Comenius? Fantástico, não é mesmo? Por este e outros motivos que estudamos esta obra até os dias de hoje e por isso mesmo é que este pensador é considerado até a atualidade como sendo o pai da Didática. 1.2. Características de práticas que promovem aprendizagens significativas: professores que têm ou não têm Didática A formação docente é o primeiro passo na sua carreira de professor, trata-se do curso de licenciatura propriamente dita. Neste momento, em Didática, você compreenderá dúvidas que surgem na mente dos futuros educadores, a saber: Como meu aluno aprende? Como deve ser feita a atividade do docente em sala? Como motivar meus alunos e os direcionar de maneira segura ao aprendizado significado? Como avaliar a aprendizagem? Paralelo à sua formação inicial, é importante que você saiba que existem cursos que fortalecem sua atuação, tais como os de extensão, direcionados à sua área de interesse, seja ela: Educação Infantil, Alfabetização, Educação Especial, Gestão Escolar, dentre outras. E, claro, posteriormente, você poderá se especializar em uma destas áreas com um curso de Pós- Graduação Lato Sensu. Este processo é denominado Formação Continuada Docente. Por meio do estudo da Didática, você conseguirá obter direcionamentos que o levarão às respostas a estas dúvidas. Posteriormente, você terá em seu curso disciplinas específicas que auxiliarão na Metodologia de disciplinas, tais como: Português, Matemática, Ciências, História e Geografia. Agora, é o momento de compreender que em Didática, nos preocupamos em como nosso aluno aprende e como deve acontecer nossa atuação em sala de aula no sentido de favorecer este aprendizado. Além disso, você deve estar se perguntando: como saber se serei um professor que terá ou não terá Didática em sala de aula? E a resposta é simples, esta competência virá com o tempo e por meio dos seus esforços e dedicação. O professor que tem Didática é aquele que se empenha, que estuda e planeja previamente, que se preocupa com o processo de aprendizagem de seus alunos, que têm interesse em tornar as aulas dinâmicas e atrativas a fim de favorecer o aprendizado significativo. Se você atender a estes itens mencionados e se aprofundar na compreensão da história da Didática a seguir, podemos concluir que se tornará um docente com uma Didática excepcional! E quem ganha com isso? Você e seus alunos, com certeza! 2. Trajetória Histórica da Didática Já vimos que a preocupação com este campo pedagógico se iniciou com a obra Didática Magna de Comenius, datada do século XVII. É recomendado fortemente que você acesse através do link disponível na Bibliografia desta unidade e leia, mesmo que por partes, esta obra-prima da Educação. É fundamental que você compreenda que, apesar do caráter inovador de Didática Magna, Comenius não conseguiu “um milagre” nas escolas mundiais. Vemos até os dias atuais, escolas tradicionais que não valorizam o processo de ensino-aprendizagem, continuando mecânico e sem sentido para o aluno. Pois bem, sem dúvida a obra de Comenius foi inovadora para a sua época e abriu caminhos para outros pensadores/educadores que viriam posteriormente democratizar a forma de ensinar e de aprender. 2.1. Didática difusa e o surgimento da Didática no Século XVII Por didática difusa entende-se o longo período que antecedeu a publicação da obra Didática Magna, de Comenius. Este termo foi categorizado por Amélia Domingues de Castro (1991) e é definido segundo a autora: Na longa fase que se poderia chamar de didática difusa, ensinava-se intuitivamente e/ou seguindo-se a prática vigente. De alguns professores conhecemos os procedimentos, podendo-se dizer que havia uma didática implícita em Sócrates quando perguntava aos discípulos: “pode-se ensinar a virtude?” ou na lectio e na disputatio medievais (CASTRO, 1991, p. 15-16). A partir do Século XVII percebe-se uma maior preocupação em como ensinar, conforme informamos anteriormente quando nos referimos à obra de Comenius, Didática Magna. Trata-se efetivamente de um marco histórico na Educação. É claro que alguns outros filósofos e educadores já haviam se questionado sobre os métodos de ensino mas, ainda segundo Castro: “(...) é aos reformadores do século XVII que como disse H. NOHL, deve-se a “autoconsciência” do proceder educativo, retirando as cogitações didático-pedagógicas da Filosofia, da Teologia ou da Literatura, onde, até essa época, encontravam abrigo” (1991, p. 17). Portanto percebe-se um novo direcionamento para os métodos de ensinar e a sociedade de uma forma geral começa a pensar se efetivamente o que acontece na escola, favorece o desenvolvimento do aluno. 2.2. De Rosseau à Escola Nova e desafios do Séc. XXI Rosseau (1712–1778) segundo Castro (1991, p. 17) é: “o autor da segunda grande revolução didática” e, por este motivo, será nosso segundo autor estudado na linha histórica que estamos traçando para compreendermos de onde surgiu a ideia de Didática, que autores constituem sua base teórica e porque atualmente ensinamos da forma que ensinamos. Rosseau fala em sua trajetória de vida sobre a importância de nos preocuparmos com os interesses da criança. Agora, pense comigo, estamos no ano de 1700 aproximadamente. As grande Revoluções acontecem a partir desse século (XVIII) e, por consequência a inserção da mulher nos contextos fabris, bem como o surgimento da Escola de Educação Infantil. Pare e pense, o quão inovador Rosseau foi ao se preocupar com as necessidades e os interesses da criança, concorda? Para falarmos de sua obra, é importante conhecermos um pouco a respeito de sua biografia. Sabe-se que Rosseau enfrentou diversos problemas durante a sua infância e adolescência pela ausência de sua mãe que faleceu poucos dias após o seu nascimento, e seu pai que teve que deixar Genebra após uma confusão com uma pessoa de influência à época. Sua biografia é famosa também por ter tido cinco filhos com Thérèse Levasseur e direcioná-los à orfanatos por acreditar que sua pobreza e doença o impediam de criar adequadamente seus filhos. Em 1762, escreve a obra: Emílio ou da Educação e Do Contrato Social, na qual busca ensinar como a família e a escola devem educar suas crianças. Imagine a confusão que esta obra gera na sociedade, vindo justamente de uma pessoa que não educou seus próprios filhos. Após a publicação desta e da obra A Nova Heloísa, Rosseau passa a sofrer perseguições políticas. Apesar da vida conturbada, seus pensamentos são importantes até os dias atuais, em pleno século XXI. É sua a famosa frase: “o homem é bom por natureza, a sociedade que o corrompe”. São também pressupostos de Rosseau: 1. A criança precisa despertar o interesse pelos estudos, sendoque seus verdadeiros professores são a natureza, a experiência e o sentimento. 2. Para o aprendizado, é fundamental o contato com a natureza, denominada por ele de Educação Natural. 3. Para ele, a educação da criança deve ser voltada aos interesses da criança e não aos interesses do adulto, conforme era praticado até então. Podemos afirmar, segundo Castro (1991), que Rosseau dá origem a um novo conceito de infância, contribuindo para que sobre esta faixa etária houvesse uma proposta de inserção diferenciada em relação aos adultos na dinâmica da vida social e, portanto, da educação. Outra curiosidade ao seu respeito, é que Rosseau não colocou suas ideias em prática, isto somente aconteceu a partir da ação de Pestalozzi, outro educador importante para a história da Educação. A prática das ideias de Rosseau foi empreendida, entre outros, por Pestalozzi, que em seus escritos e atuação dá dimensões sociais à problemática educacional. O aspecto metodológico da Didática encontra-se, sobretudo, em princípios, e não em regras, transportando-se o foco de atenção às condições para o desenvolvimento harmônico do aluno. (CASTRO, 1991, p. 17). Vamos falar rapidamente a respeito de Pestalozzi, para que você compreenda sua importância dentro da educação. Pestalozzi (1746-1827) preocupava-se com a educação como instrumento de reforma social e acreditava que todos deveriam ter acesso à escola, independente da condição social. Pense que, nesta época, somente os ricos tinham vagas nas escolas (públicas em sua maioria e de muita qualidade). Alguns de seus preceitos podem ser aqui explicitados. Para Pestalozzi, é importante a relação de amor e respeito estabelecida entre professor e aluno, o respeito à individualidade dos sujeitos; o desenvolvimento das capacidades cognitivas e intelectuais do aluno, bem como o seu desenvolvimento físico e moral. Pestalozzi acreditava ser importante a observação e o início das aulas ou conteúdos sempre partindo da forma simples para a complexa, pois, para ele, a aquisição do conhecimento acontece de forma gradativa, além, da importância ao respeito do desenvolvimento infantil. Ou seja, a criança não era mais considerada um mini-adulto como antigamente, e sim um ser que se desenvolve e possui desejos e necessidades. Outro educador fundamental para a nossa compreensão a respeito da importância da Didática é John Dewey (1859- 1952). Dewey foi o principal representante do movimento da Escola Nova, que você já deve ter ouvido falar nas disciplinas de História da Educação ou Educação Infantil. Para Dewey, é fundamental que o professor trabalhe com seu aluno a partir da sua experiência, ou seja, a educação acontece pela ação. O homem é um ser social e as necessidades sociais guiam a vida e a educação. Para isto, segundo Dewey, o professor deve partir de situações que despertem a curiosidade do aluno, partindo dos chamados Centros de Interesse que de acordo com ele, possuem práticas com significação para a vida do aluno. Novamente, perceba o quão inovador este pensamento era para sua época (início do século passado). A filosofia de Dewey tem sido fundamental para a compreensão do sistema educativo. O movimento da escola nova se contrapôs ao modelo tradicional de ensino, mas não chegou a representar uma ruptura com o modelo de educação, em termos da relação política entre educação e sociedade. O teórico inovou, no entanto, em termos de método, na forma de trabalhar com o Conhecimento (PEREIRA et all., 2009, p. 157). Dewey acreditava que seria importante o professor trabalhar a partir das dúvidas dos alunos, ou seja, da problematização de temas importantes e recorrentes na escola. Ainda de acordo com Pereira (2009): O método "dos problemas" valoriza experiências concretas e problematizadoras, com forte motivação prática e estímulo cognitivo para possibilitar escolhas e soluções criativas. Que neste caso leva o aluno a uma aprendizagem significativa, pois o mesmo utiliza diferentes processos mentais (capacidade de levantar hipóteses, comparar, analisar, interpretar, avaliar), de desenvolver a capacidade de assumir responsabilidade por sua formação. (PEREIRA et all., 2009, p. 158). Perceba novamente, a evolução da proposta de Dewey, se compararmos sempre ao ensino tradicional praticado até então. Para trabalhar a partir das dúvidas dos alunos, ou a partir de situações-problema, o professor deve, primordialmente, ser um pesquisador. Não é mais o centro do processo educativo nem tão pouco o detentor do saber. O saber está no docente, no discente e na troca que se estabelece entre eles. Isto quer dizer que o professor deve considerar também o conhecimento prévio de seu aluno, todo mundo sabe alguma coisa, e este “saber algo” influencia na dinâmica do processo de ensino-aprendizagem na escola Em suma, Dewey foi um dos principais educadores que traçaram um “norte” para o movimento escolanovista. No Brasil, os principais representantes deste movimento foram Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo. Um dos principais pilares defendido pelos escolanovistas é o “aprender a aprender”. Questiona-se como o aluno aprende e chega-se à conclusão de que ele o faz observando, pesquisando, realizando trabalhos em grupo, resolvendo situações- problema, dentre outras atividades. Curiosamente, em 2010, este seria um dos quatro pilares da Educação categorizados pela UNESCO, a saber: aprender a conhecer (ou aprender a aprender), aprender a ser, aprender a fazer e aprender a conviver. Mas Lourenço Filho, quando trata do aprender a aprender, referia-se à Escola Ativa, aqui entendida como: (…) a aprendizagem do aluno ocorreria num movimento, resultando de impulsos emotivos naturais em que aspectos biológicos são respeitados. E as atividades devem ser organizadas de acordo com as etapas do desenvolvimento de cada criança. A escola passa a preocupar-se em entender como o aluno aprende (LOURENÇO FILHO, 1978, p. 19). Por fim, podemos afirmar que o movimento da Escola Nova pretende preparar o aluno para a vida em sociedade. 3. Tendências Pedagógicas e a Didática É evidente que o movimento da Escola Nova foi revolucionário e apresenta consequências até os dias atuais. Porém, esta não é a única tendência pedagógica utilizada atualmente nas escolas brasileiras, existem diversas tendências pedagógicas e, a partir da explicação detalhada de cada uma delas, poderemos nos atentar aos seus princípios, metodologias, ideais e representantes. Autores como o próprio Libâneo (1994), já citado aqui anteriormente, e Mizukami (1986) elaboraram uma análise das abordagens do processo de ensino aprendizagem que acontecem nas escolas e sua trajetória histórica para que possamos compreender a sua linha histórica evolutiva. Para efeitos didáticos, é importante você saber que existem duas grandes correntes pedagógicas: a liberal e a progressista, de acordo com Libâneo (1994). Dentro da corrente liberal encontram-se: a pedagogia tradicional, pedagogia renovadora, ou da Escola Nova, e a pedagogia tecnicista. Na corrente progressista, encontram-se: pedagogia libertadora e pedagogia crítico-social de conteúdos. Vamos conhecer um pouco de cada uma delas. A corrente liberal entende que a função social da escola está direcionada justamente à preparação para a atuação do indivíduo na sociedade, desempenhando papéis sociais de acordo com as suas capacidades individuais. Embora discrepantes em alguns momentos como, por exemplo, na função social da escola, é curioso observar como Libâneo agrupa as tendências pedagógicas nestas duas correntes. 3.1. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos e sua relação com as tendências Pedagógicas De acordo com Fernando Becker (s/d) existem três formas de representar a relação que acontece na sala de aula, são os modelos pedagógicos: pedagogia diretiva, pedagogia não diretiva e pedagogia relacional. Com relação à pedagogia diretiva e sua sustentação epistemológica, Becker afirma que se trata de uma aula ondeprevalece o ensino tradicional em que o professor fala, e o aluno escuta. O professor atua desta forma porque acredita verdadeiramente que o conhecimento pode ser “transmitido” de um para outro, de uma pessoa que “sabe mais” para outra que “sabe menos”, de acordo com Becker (s/d): Ele (o professor) acredita no mito da transmissão do conhecimento – do conhecimento enquanto forma ou estrutura; não só enquanto conteúdo. O professor acredita, portanto, numa determinada epistemologia. Isto é, numa "explicação" - ou, melhor, crença - da gênese e do desenvolvimento do conhecimento, “explicação” da qual ele não tomou consciência e que, nem por isso, é menos eficaz. (BECKER, s/d, p. 2). Portanto, esta pedagogia diretiva está sustentada na crença que o aluno nada sabe, inclusive não possui conhecimentos prévios, e o professor é a única forma de se obter o conhecimento e inclusive, a sua redenção. E, para aprender, o aluno tem que se submeter à fala do professor, apenas escutando-o e repetindo diversas vezes o mesmo conteúdo, já será suficiente para o seu aprendizado. E veja, o quão edificante para a sociedade é este modelo pedagógico: O aluno, egresso dessa escola, será bem recebido no mercado de trabalho, pois aprendeu a silenciar, mesmo discordando, perante a autoridade do professor, a não reivindicar coisa alguma, a submeter-se e a fazer um mundo de coisas sem sentido, sem reclamar. O produto pedagógico acabado dessa escola é alguém que renunciou ao direito de pensar e que, portanto, desistiu de sua cidadania e do seu direito ao exercício da política no seu mais pleno significado: qualquer projeto que vise a alguma transformação social escapa a seu horizonte, pois ele deixou de acreditar que sua ação seja capaz de qualquer mudança. (BECKER, s/d, p. 3). Entende-se a partir daí que o professor determina o aluno. Ou seja, este aluno somente se formará, se e somente se, o professor estiver guiando-o. Nesta concepção, pode esquecer-se de Paulo Freire caro estudante, não está prescrita a máxima: o aluno aprende com o professor e o professor aprende com o aluno. Aqui, o professor ensina e o aluno (através da repetição e memorização), aprende. E, portanto, está inserida na lógica da educação tradicional. Agora, vamos tratar um pouco a respeito da pedagogia não-diretiva. Este modelo entende que o professor é um facilitador do processo de ensino-aprendizagem. O professor não deve interferir na aprendizagem, deve, literalmente, deixar o aluno fazer para que este possa encontrar suas respostas. A bagagem hereditária é fortemente marcada nesta pedagogia, ou seja, o aluno já sabe, já possui o conhecimento, só precisa de uma forma para aflorá-lo. E qual seria então o papel do professor, visto que aprendemos desde sempre que é necessária a mediação no processo de ensino aprendizagem? Ele tem dois caminhos, segundo Becker (s/d): ou ele exerce o poder de maneira que ninguém o perceba, ou ele desiste deste tradicional papel mediador. Aqui, falando de maneira epistemológica, o aluno já possui suas características hereditárias e determina a ação (ou falta dela) do professor. E por fim, falaremos sobre a pedagogia relacional. Neste modelo, o professor age a partir da experimentação, ou seja, o aluno tem que tocar o conhecimento, senti-lo para só então compreendê-lo: Em outras palavras, ele (o professor) sabe que há duas condições necessárias para que algum conhecimento novo seja construído: a) que o aluno aja (assimilação) sobre o material que o professor presume que tenha sigo de cognitivamente interessante, ou melhor, significativo para o aluno; b) que o aluno responda para si mesmo às perturbações (acomodação) provocadas pela assimilação deste material, ou, que o aluno se aproprie, neste segundo momento, não mais do material, mas dos mecanismos íntimos de suas ações sobre este material (...) (BECKER, s/d, p. 7-8). Em suma, o docente acredita que há o conhecimento prévio, que há a herança genética, mas que é fundamental a interação na sala de aula, o convívio e as trocas com os colegas de turma, bem como a mediação docente. Professor e aluno interagem mutuamente. Falamos de maneira breve anteriormente que a pedagogia histórico-crítica dos conteúdos (ou também denominada pedagogia crítico-social dos conteúdos) está dentro da Corrente Pedagógica Progressista. Agora, você vai conhecer um pouco mais a este respeito. Esta tendência surgiu no final da ditadura militar, início dos anos de 1980. Busca uma educação crítica e a superação das desigualdades em nossa sociedade. Para esta pedagogia, a escola deve socializar e difundir o saber, atendo-se às realidades sociais vigentes dos seus participantes (sejam eles estudantes, profissionais ou outros membros da comunidade). O professor faz a mediação do processo de ensino-aprendizagem, porém, preocupa-se fortemente com a realidade de seu aluno e suas experiências de vida. Para isto, os conteúdos ensinados devem ser analisados criticamente de acordo com as realidades sociais vivenciadas. O método de ensino visa estimular a atividade e a iniciativa do professor; favorecer o diálogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levar em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos. Esse método deve fazer a vinculação entre educação e sociedade, onde professores e alunos são tomados como agentes sociais (SAVIANI, 2007). Ainda de acordo com Demerval Saviani, um dos principais estudiosos desta Pedagogia, existem cinco passos para o desenvolvimento da atividade mediadora da Pedagogia Histórico–Crítica dos Conteúdo, a saber: Prática Social: trata-se do posicionamento social de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, em especial de professor e aluno; Problematização: verifica-se qual conhecimento é necessário para a resolução dos problemas oriundos da prática social; Instrumentalização: neste momento, os envolvidos no processo devem se apropriar dos instrumentos necessários à resolução dos problemas observados na prática social; Catarse: é a elaboração de uma nova forma de expressão de compreensão da teoria e prática social e acontece através de uma síntese mental elaborada pelo educando que pode ser exposta de maneira oral ou escrita; Prática Social – culminância: trata-se de assumir um posicionamento a partir de todo o conhecimento trabalhado nas etapas anteriores. Em suma, de acordo com Petenucci: A implementação dessa didática está vinculada a uma nova forma dos educadores pensarem a educação, sendo necessário muito esforço, estudo, experimentações, coragem para inovar, de divergir, de arriscar, de assumir desafios. Portanto, sua aplicabilidade com êxito, depende indubitavelmente do compromisso desses educadores, em aprofundar seus conhecimentos teóricos e criarem condições necessárias como, nova forma de planejar e aplicar os conteúdos e as atividades escolares, almejando um ensino significativo, crítico e transformador. (PETENUCCI, 2008, p. 14). Você quer ler? É importante você se aprofundar nesta tendência Pedagógica e verificar sua viabilidade na prática. Para isto, indicamos fortemente a leitura do livro Uma Didática para Pedagogia Histórico-Crítica, Campinas: Autores Associados, 2005. 4. A função social da educação: o pleno desenvolvimento da pessoa Em diversos momentos durante a sua formação enquanto educador, você com certeza terá contato com a expressão: função social da escola ou da educação. Já mencionamos aqui anteriormente a importância desta expressão e como ela foi abordada em algumas tendências pedagógicas vigentes na sala de aula. Agora, é importante você entender esta ideia por completo. Quando falamos em função social da escola ou da educação, isto querdizer que a escola não é meramente uma instituição que tem como função a transmissão dos conteúdos, consequente memorização por parte dos estudantes e reprodução na sociedade. A escola é muito mais do que isso. Orientamos que acesse o site do Ministério da Educação e verifique que, uma das premissas do Ensino Fundamental é formar um cidadão, no sentido pleno da palavra. Pois educar é, segundo Celina Alves Arêas: Processo e prática social constituída e constituinte das relações sociais mais amplas; Processo contínuo de formação; Direito inalienável do cidadão. A prática social da Educação deve ocorrer em espaços e tempos pedagógicos diferentes, para atender às diferenciadas demandas. Como prática social, a educação tem como lócus privilegiado a escola, entendida como espaço de garantia de direitos. (ARÊAS, 2008, p. 4). Portanto, quando falamos em prática social, está subentendido que uma de suas premissas é o respeito aos espaços e tempos pedagógicos de cada um, bem como suas experiências prévias e a forma como se constrói dentro e fora da sala de aula. 4.1. Sistema educacional e sistema escolar: educação escolar, formal e não formal Sistema educacional brasileiro é a maneira como está estruturada a educação regular em nosso país, por educação regular entende-se a educação institucionalizada e suas etapas, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio, Ensino Superior. Sendo que somente o Ensino Superior não é obrigatório. Com relação aos demais, é dever da escola e da família seu provimento, por ser direito de todo o cidadão. Dever da escola de oferecer a vaga (acesso) e condições de sucesso escolar (permanência) e, dever da família em matricular a criança e oferecer condições para o seu pleno desenvolvimento em todas as etapas da Educação. Estes dizeres encontram-se em nossa Constituição Federal no artigo nº 205. De acordo com Menezes (1998), entende-se por sistema escolar: Em 1954, Querino Ribeiro apresentou a seguinte definição de sistema escolar: “Por sistema escolar se entende um conjunto de escolas que, tomando o indivíduo desde quando, ainda na infância, pode ou precisa distanciar-se da família, leva- o até que, alcançando o fim da adolescência ou a plena maturidade, tenha adquirido as condições necessárias para definir-se e colocar-se socialmente, com responsabilidade econômica, civil e política”. O que esta definição tem de mais notável é o fato de não se deter no exame da estrutura do sistema escolar, para focalizar, de preferência, os resultados do processo de escolarização. (MENEZES, 1998, p. 127). Agora, vamos nos ater aos itens: educação formal, não formal e informal. Para que você possa compreender o nível de abrangência do nosso sistema educacional brasileiro. A Educação Formal, como o próprio nome sugere, acontece em ambientes e com práticas pedagógicas Institucionalizadas de maneira intencional. Traduzindo: acontece na escola regular, onde há professores e planejamento para as ações cotidianas da sala de aula. Podemos aproximar esta definição do conceito de intencionalidade pedagógica, que se traduz pela intenção e planejamento prévio de educadores no ato de ensinar. O professor se prepara para lecionar, estuda, realiza um planejamento, verifica quais serão seus objetivos, metodologia e formas de avaliar e o aluno, é acompanhado diariamente, é exigido em diversos momentos e avaliado ao final do processo em que obterá aprovação ou reprovação. A Educação Não-Formal acontece fora da sala de aula ou dos espaços formais de educação, não há planejamento pedagógico por trás desta ação. São desenvolvidas diversas atividades para diversos grupos e, portanto, não há um conteúdo único a ser seguido, bem como não há uma única forma de avaliar e determinar um conceito de aprovação. Já a Educação Informal é resultado de tudo que acontece no cotidiano do estudante, dentro e fora do ambiente formal de estudos. Ocorre em cada experiência realizada, seja ela planejada ou não, em cada contato com o outro, em cada evolução cognitiva e social. 4.2. Responsabilidades da escola e da família na educação para a vida Neste momento, para finalizarmos esta primeira unidade, é importante que você, futuro educador, saiba das responsabilidades que são destinadas tanto à família quanto à escola, para o pleno desenvolvimento de nossos alunos, futuros cidadãos. Você já viu quais são as obrigações previstas em lei por estas duas Instituições (família e escola), mas é importante que você saiba que não basta apenas oferecer uma vaga e matricular a criança na escola. Educar, é muito mais do que isto. Tanto a família quanto escola tem o dever de acompanhar e oferecer plenas condições para o desenvolvimento do estudante. Isto quer dizer que o professor tem que ministrar sua aula, verificar se os estudantes estão acompanhando e conseguindo compreender o conteúdo e, se não estiverem, este professor deve traçar uma nova rota metodológica. Esta é uma atividade de um professor reflexivo. E agora você deve estar se perguntando, o que é um professor reflexivo? Trata-se de um profissional que analisa suas práticas, o seu cotidiano, o desenvolvimento de seus estudantes, seu planejamento, seus instrumentos de avaliação e assim por diante. É aquele professor que, mediante uma turma que tem um fraco desempenho em uma avaliação, questiona a sua metodologia e até mesmo a sua avaliação. E, a partir desta reflexão, traça novos caminhos. Este é o professor que queremos, um profissional sério, comprometido, questionador, pesquisador, reflexivo. E não aquele profissional de antigamente, que acreditava já saber tudo e não precisar alterar sua metodologia em nada, mesmo diante de uma turma que não aprende. Este é o perfil de profissional que você, futuro educador, deverá buscar, sempre! Unidade 2 - Competências Didáticas Introdução Nesta unidade, você conhecerá as competências específicas para ensinar, discutindo autores modernos como Philippe Perrenoud e autores clássicos como John Dewey para que você possa chegar às suas próprias conclusões. Mais do que falarmos dos novos pressupostos implícitos nas tendências pedagógicas utilizadas, atualmente, nas escolas, você terá o embasamento teórico necessário para tornar-se, ao final da Licenciatura, um conceptor dirigente de situações de aprendizagem. Posteriormente, serão apresentadas a você novas metodologias de ensino-aprendizagem que favorecem, fortemente, seu desenvolvimento enquanto professor e, consequentemente, de seus alunos. Além disso, estimulam o desenvolvimento cognitivo, social, motor e educacional de todos os envolvidos no processo. O trabalho com projetos representa uma das metodologias utilizadas desde a Educação Infantil até o Ensino Superior. Falaremos também à respeito dos temas transversais, e do conhecimento em rede, ambos temas urgentes e vigentes em grande parte das escolas brasileiras. Bom estudos! 1. Competências específicas na organização e gerenciamento de situações de aprendizagem Esta disciplina intitula-se: Didática, e, a todo momento, você é questionado sobre o que é ter ou não didática. Será que é possível um professor atuar e não ter didática? Sim, é possível. Então, provavelmente agora você está se perguntando: “como adquirir a tão famosa didática? Nós podemos responder esse questionamento com uma frase de Paulo Freire: “Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, na prática e na reflexão sobre a prática” (FREIRE, 1991, p. 58). Com a expressão Educador, fica subentendido que educar é ter didática, ou, ao menos, preocupar-se em aperfeiçoar sua didática, bem como seu cotidiano na sala de aula, tendo como objetivo final o processo de ensino- aprendizagem. Agora, traremos a você, futuro educador, os principais pensadores/educadores que se preocuparam com esta temática, de modo que possamos ter o embasamento necessário pararefletir sobre a prática docente. Vamos lá? O primeiro autor a ser abordado aqui é Philippe Perrenoud, em sua famosa obra: “10 Novas Competências para Ensinar”. Neste livro, Perrenoud questiona a formação e especialização docente em diversos momentos; trata da nossa graduação em Licenciatura e de como, em muitos casos, tal formação é deficitária; questiona também como conseguiremos formar alunos críticos e conscientes do seu papel, sem que tenhamos, enquanto professores, esta “capacidade formativa”. Neste momento, nos interessa em específico, estudar o primeiro capítulo de seu trabalho, intitulado: “Organizar e dirigir situações de aprendizagem”. 1.1. Como ser um conceptor dirigente de situações de aprendizagem Perceber-se como um conceptor-dirigente de situações de aprendizagens, segundo Perrenoud, é, minimamente, refletir sobre a sua prática, conhecer metodologias ativas e, a partir delas, questionar a metodologia utilizada, em relação à pertinência e eficácia. O autor questiona em diversos momentos o modo de ensinar e como os estudantes aprendem, ou seja, “será que a forma como ensino é eficaz para o aprendizado de meus estudantes? ” E “se não for, como saberei?” Obviamente, este é um dilema enfrentado pelos docentes desde que os educadores tomaram consciência de que o ensino tradicional ou educação bancária estava fadado ao fracasso. Desde o movimento da Escola Nova, na década de 30 do século passado, nos conscientizamos de que o centro do processo educacional é o estudante e não o professor. A partir daí, surgiram inúmeras tendências pedagógicas que perseguem a “fórmula mágica” de ensinar e aprender. Figura 1 - Para trabalharmos didaticamente não existe fórmula mágica, é necessário empenho e dedicação. Fonte: Pixabay, 2019 Obviamente, não encontramos essa “fórmula mágica”. Caso tivéssemos encontrado, o debate em torno das competências docentes estaria encerrado e o que vemos é que estamos muito longe do término destas discussões. E você pode se perguntar porque estamos longe de findar este debate? As respostas podem ser múltiplas e, com certeza, não são simples. Em primeiro lugar, lidamos com seres humanos, que evoluem com o passar dos tempos, tanto professores quanto alunos estão em constante mutação. Hoje em dia, inclusive, mediados pela tecnologia que será abordada ao final desta unidade. Você com certeza já escutou a expressão que afirma que nossos alunos estão muito mais avançados que seus professores e suas escolas não é mesmo? E quando será que estes elementos conseguirão caminhar juntos? Esta resposta não é tão complexa, basta analisarmos os elementos envolvidos, como a formação dos professores, sua didática e formas de avaliar, constituição dos estudantes e, é claro, da própria escola. Voltando a Perrenoud, quando ele afirma que o professor deve organizar e dirigir situações de aprendizagem, o autor quer nos dizer que “acentua a vontade de conceber situações didáticas ótimas” (PERRENOUD, 2000, p. 25). E o que seria organizar situações didáticas ótimas? Veja a justificativa do autor para esta expressão: “Organizar e dirigir situações de aprendizagem é manter um espaço justo para tais procedimentos. É, sobretudo, despender energia e tempo e dispor das competências profissionais necessárias para imaginar e criar outros tipos de situações de aprendizagem, que as didáticas contemporâneas encaram como situações amplas, abertas, carregadas de sentido e de regulação, as quais requerem um método de pesquisa, de identificação e de resolução de problemas (PERRENOUD, 2000, p. 25-26).” Isto quer dizer, na prática que, o professor deve partir do geral para o específico, atentando-se: a qual conteúdo será ministrado e dentro de qual sequência; quais são os conhecimentos prévios dos alunos a respeito deste conteúdo; quais serão os possíveis obstáculos de aprendizagem (e, ainda, corrigir a rota, a partir dos obstáculos vivenciados no percurso); planejar sequências didáticas, planos de aulas, experiências, vivências; envolver os alunos em atividades de pesquisa, tornando-os elementos centrais do processo educacional. Todos estes itens são fundamentais para Perrenoud e entendemos que para você, futuro educador, também. No entanto, vamos nos ater ao item Construir e Planejar Dispositivos e Sequências Didáticas por entendermos que, este elemento está diretamente ligado ao escopo desta disciplina. Você quer ler? Para os demais itens, orientamos fortemente a leitura do livro de Perrenoud. Disponível no Link: http://abenfisio.com.br/wp-content/uploads/2016/06/10-novas-competencias-para-ensinar.pdf Neste subitem, Perrenoud afirma que uma situação de aprendizagem não acontece ao acaso e que o educador deve colocar os estudantes frente à desafios que necessitem de uma resolução. Isto significa expor o aluno, por exemplo, à um projeto, trabalho com situações-problema ou outras possibilidades. O que é fundamental nesse caso, segundo o autor: “(...)retenho aqui o essencial, transponível a outros conhecimentos, em outras disciplinas: a construção do conhecimento é uma trajetória coletiva que o professor orienta, criando situações e dando auxílio, sem ser o especialista que transmite o saber, nem o guia que propõe a solução para o problema (PERRENOUD, 2000, p. 35).” Neste momento, é importante frisar que o trabalho com experiências em sala de aula traduz-se em uma potente ferramenta didática. É primordial que você, enquanto educador, estude e conheça as experiências que serão realizadas em sala, por exemplo, em uma aula de Ciências no Ensino Fundamental I. Assim, você saberá, previamente, quais os possíveis resultados alcançados pelos seus alunos. Entretanto, é preciso sempre manter-se aberto, pois podem surgir produtos finais inéditos. Para isto, Perrenoud afirma ser essencial nos basearmos nas teorias construtivistas, nas quais o aluno é protagonista do processo e que a construção do conhecimento se dá por meio do conflito cognitivo criado pela inserção de novos conhecimentos. 1.2.Quais são as competências do novo professor? Vimos na unidade anterior que, a formação inicial, ou seja, sua Licenciatura é a base para o ingresso no ramo da Educação, certo? Saiba que, além da formação inicial, o professor deve sempre buscar a formação continuada, isto é, realizar cursos após a conclusão da Licenciatura, sejam eles: Pós-Graduação, Extensão ou cursos de Aperfeiçoamento. Além disso, o professor é um agente reflexivo a respeito de suas práticas. Isto quer dizer que, se em uma turma de 40 alunos, 30 deles obtém péssimas notas em minhas provas, o problema pode estar na minha prática pedagógica ou, mais ainda, na redação ou formulação de minhas questões. Se o professor não se dá conta desta situação, não reflete sobre sua prática e, com isso, fica estacionado no tempo, sem acompanhar a evolução de seus alunos e da escola, como mencionamos no início da unidade. Para se tornar um professor reflexivo, aqui vão algumas dicas retiradas do livro 10 novas competências para ensinar de Philippe Perrenoud (2000). As dez competências segundo o autor, são: 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem; http://abenfisio.com.br/wp-content/uploads/2016/06/10-novas-competencias-para-ensinar.pdf 2. Administrar a progressão das aprendizagens; 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e trabalhos; 5. Trabalhar em equipe; 6. Participar da administração da escola; 7. Informar e envolver os pais; 8. Utilizar novas tecnologias; 9. Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão; 10. Administrar sua própria formação contínua. Tratam-se, obviamente, de indicações do autor e não um guia a ser seguido à risca. É fundamental conhecer as possibilidades, ainda que os objetivos estejam distantes, o direcionamento é sempre válido para atingir eficácia no processo de ensino-aprendizagem e de construção do educador. Percebe-se, no entanto, nas dez competênciaslistadas por Perrenoud, que este novo profissional é ativo e proativo, que busca conhecer e administrar a progressão das aprendizagens de seus alunos. A partir desta competência, entende-se que cada aluno é único e que, por isto mesmo, os ritmos de aprendizagem são diferenciados. O educador precisa valorizar o trabalho em equipe para o crescimento individual e coletivo; entende-se como participante da escola e atuante no desenvolvimento e não, meramente, um elemento passivo, receptor de informações e tarefas; envolve a família de seus alunos por entender que estes constituem um extensão do resultado apresentado pelo aluno em sala de aula; é atualizado e busca utilizar as novas tecnologias a favor do desenvolvimento estudantil; conhece e enfrenta os dilemas de sua profissão, provavelmente, a partir da sua percepção de ser inacabado e que, por isso, aprende sempre. 2. Os Temas Transversais na Educação Neste momento, vamos apresentar a você, os temas transversais trabalhados em Educação, atualmente, além de descrever sua importância para o desempenho docente em sala de aula. De acordo com a Introdução do PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais dos Temas Transversais: “Nosso objetivo é auxiliá-lo na execução de seu trabalho, compartilhando seu esforço diário de fazer com que as crianças dominem os conhecimentos de que necessitam para crescerem como cidadãos plenamente reconhecidos e conscientes de seu papel em nossa sociedade. Sabemos que isto só será alcançado se oferecermos à criança brasileira pleno acesso aos recursos culturais relevantes para a conquista de sua cidadania. Tais recursos incluem, tanto os domínios do saber tradicionalmente presentes no trabalho escolar, quanto às preocupações contemporâneas com o meio ambiente, a saúde, a sexualidade e com as questões éticas relativas à igualdade de direitos, à dignidade do ser humano e à solidariedade” (BRASIL, 1997, p.4). Os Temas Transversais existem, justamente, porque se tratam de temas atuais não contemplados na devida proporção em outras disciplinas da Educação Básica. Foram elaborados juntamente com os demais PCN´s na década de 90, após a promulgação da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Vamos conhecer um pouco a respeito das áreas que constituem os temas transversais: ética, cidadania, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde e orientação sexual. Antes, porém, é importante observar os critérios adotados para a escolha destes 6 temas, são eles: Urgência Social Trata-se da escolha de temas urgentes que impedem a formação do cidadão, ferindo a dignidade humana. Abrangência Nacional Buscou-se abarcar temas que necessitam de discussão e direcionamento em todo o país. Possibilidade de ensino-aprendizagem no ensino fundamental A prioridade foi a escolha de temas que pudessem ser trabalhados na faixa etária de 6 a 10 anos de idade, muitos deles, inclusive, já trabalhados na disciplina de Ciências. Favorecer a compreensão da realidade e a participação social O conteúdo trabalhado em sala de aula deve extrapolar os muros da escola em busca da formação de uma sociedade, composta por cidadãos de direito, conscientes da escolha de todos e de cada um e da necessidade de respeito ao próximo. Agora, vamos conhecer um pouco a respeito de cada tema transversal, de acordo, com as definições que constam no PCN citado acima. Ética: de acordo com o PCN dos Temas Transversais: “A Ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas. A pergunta ética por excelência é: “Como agir perante os outros?”. Verifica-se que tal pergunta é ampla, complexa e sua resposta implica tomadas de posição valorativas. A questão central das preocupações éticas é a da justiça entendida como inspirada pelos valores de igualdade e equidade.” (BRASIL, 1997, p. 26) A ética está presente em todas as situações da nossa vida cotidiana, inclusive, permeando todas as relações escolares: entre alunos, aluno-professor, professor-professor, coordenadores, diretores, funcionários administrativos, comunidade e família. A ética encontra-se, portanto, no dia a dia na sala de aula, nas escolhas de conteúdos, objetivos, metodologias, formas de avaliar e, ainda, nas preferências dos alunos e alunas. Pluralidade Cultural: Trata-se do respeito mínimo e necessário aos grupos e identidades culturais que constituem nossa sociedade, vindas das diferentes etnias que as compõem, bem como refugiados, migrantes e imigrantes presentes em todo o território nacional. Segundo o PCN: “O grande desafio da escola é investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada pela diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural” (BRASIL, 1997, p. 27). Agora, imagine-se numa situação em sala de aula, sem as habilidades adequadas para lidar com alunos imigrantes ou refugiados, contribuindo com eventual preconceito que possa surgir na convivência entre as crianças. Por este e outros motivos, é fundamental que o professor seja um profissional reflexivo, que se observa, analisa seus pontos fortes e tenta superar os pontos fracos, por meio do estudo e aperfeiçoamento constante enquanto educador. Meio Ambiente: Este tema, também trabalhado na disciplina de Ciências Naturais no Ensino Fundamental, é urgente, pois trata-se, não somente do desenvolvimento da natureza e dos animais, mas de como a ação do homem interfere neste processo: “(...)é preciso refletir sobre como devem ser as relações socioeconômicas e ambientais, para se tomar decisões adequadas a cada passo, na direção das metas desejadas por todos: o crescimento cultural, a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental” (BRASIL, 1997, p. 27). Saúde: Quando falamos em saúde, são múltiplos os fatores que podem garantir boa saúde ou não; muitos deles passam por informação e conhecimento. Informação é uma mensagem, um dado, um número; conhecimento é o que se faz com esta informação. A forma como educamos nossas crianças pode garantir uma sociedade saudável e sustentável e esta educação, sem dúvida, começa na sua sala de aula: “A escola cumpre papel destacado na formação dos cidadãos para uma vida saudável, na medida em que o grau de escolaridade em si tem associação comprovada com o nível de saúde dos indivíduos e grupos populacionais” (BRASIL, 1997, p. 27). Orientação Sexual: De acordo com o PCN: “A Orientação Sexual na escola deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a ela associados” (BRASIL, 1997, p. 28). É importante salientar que não se trata de incentivo ao sexo de forma desenfreada, mas sim, de esclarecimento junto às crianças sobre questões que as atingem no cotidiano de suas casas e que muitas vezes podem se transformar em: abuso sexual, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, dentre outros problemas de saúde pública. Trabalho e Consumo: É importante você saber que, de acordo com o Ministério da Educação, este tema é indicado no trabalho com Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano), no entanto, é fundamental que o conheçamos. Uma vez que é possível trabalhar esse tema já durante o Ensino Fundamental I, o que torna os conceitos familiares e pode auxiliar o estudante em sua entrada para o mercado de trabalho. “Na discussão sobre a relação entre escola e trabalho o que se afirma, é que garantir aos alunos sólida formação cultural, favorecendo o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes de cooperação, solidariedade e justiça contribui significativamente tanto para a inserção no mercado de trabalho quanto para a formação de uma consciência individual e coletiva dos significadose contradições presentes no mundo do trabalho e do consumo, das possibilidades de transformação” (BRASIL, 1997, p. 344). Para finalizar o tópico sobre Temas Transversais, salientamos que dentro do documento introdutório consta um tópico denominado Temas Locais, que se refere: “(...) embora os temas tenham sido escolhidos em função das urgências que a sociedade brasileira apresenta, dadas as grandes dimensões do Brasil e as diversas realidades que o compõem, é inevitável que determinadas questões ganhem importância maior em uma região. Sob a denominação de Temas Locais, os Parâmetros Curriculares Nacionais pretendem contemplar os temas de interesse específico de uma determinada realidade a serem definidos no âmbito do Estado, da cidade e/ou da escola. Uma vez reconhecida a urgência social de um problema local, este poderá receber o mesmo tratamento dado aos outros Temas Transversais” (BRASIL, 1997, p. 28). 2.1. Origem das disciplinas e os caminhos da transversalidade Neste item, vamos conhecer um pouco a respeito da origem das disciplinas escolares e os caminhos que as levam para a transversalidade. Diversos autores tratam da questão da história das disciplinas escolares, e muitos convergem para a ideia de que, na escola, trabalhamos a produção das disciplinas a partir de suas relações com a cultura escolar, de acordo com Pinto (2014): (busca-se) “produzir uma história comprometida com a circulação de objetos culturais, com o estabelecimento de relações entre os saberes escolares e com representações construídas pelos sujeitos, em diferentes tempos e espaços escolares” (PINTO, 2014, p. 127). Entende-se ser fundamental nesta discussão o estabelecimento de relações entre os saberes escolares, por meio da atuação dos sujeitos nos diferentes tempos e espaços escolares. Ainda, a busca maior é em oferecer sentido à uma disciplina escolar. Agora, é importante você, enquanto futuro educador, lembrar-se do tempo que passou na Educação Básica para analisar se o que você produzia fazia algum sentido e contribuiu de alguma forma para o seu desenvolvimento, ou não. Veja o que nos diz Pinto (2014) a este respeito: “Contudo, buscar finalidades do ensino não é algo simples, elas nunca se apresentam diretamente acessíveis e facilmente explícitas. No caso de uma disciplina ministrada em um curso, em determinado período histórico, a partir de um determinado projeto educativo, as finalidades nunca estão bem definidas: são sempre complexas, e a busca de seus indícios requer uma análise mais refinada, envolvendo várias aproximações às fontes constituídas” (PINTO, 2014, p. 135). O que queremos dizer com isto é que, muitas vezes, enquanto docentes, não acreditamos na finalidade de determinada disciplina ou conteúdo, ainda que sua abordagem seja obrigatória. Por isso, é fundamental analisar como se desassociar do livro didático e de práticas pré-estabelecidas e tornar o ensino significativo ao aluno, dentro do processo de construção de senso crítico e cidadania. Nesse contexto, a utilização da transversalidade na Escola é primordial. Você já viu no início deste conteúdo quais os temas transversais trabalhados na escola, atualmente. Agora nos resta saber como trabalhar com estes temas em sala de aula. A transversalidade é, portanto, o caminho que se espera para a construção do conhecimento significativo: “(...) na concepção de transversalidade que adotamos, os conteúdos tradicionais da escola deixam de ser a finalidade da educação e passam a ser concebidos como meio, como instrumentos para trabalhar os temas que constituem o centro das preocupações sociais. Entendemos que se esses conteúdos (tradicionais) estruturam-se em torno de eixos que exprimem a problemática cotidiana atual e que, inclusive, podem constituir finalidades em si mesmos, convertem-se em instrumentos cujo valor e utilidade são evidenciados pelos alunos e pelas alunas” (ARAÚJO, 2008, p. 195). 2.2. Pedagogia de Projetos e Transversalidade na Escola De certa forma, entendemos que os temas transversais fazem parte do cotidiano das pessoas e que os conteúdos tradicionais, elencados dentro das disciplinas oficiais da Educação Básica, devem apropriar-se destes temas para contribuir para o desenvolvimento de nossos alunos, de modo que sejam autores do conhecimento, e não meros reprodutores de conteúdos. De acordo com Araújo (2008): “De maneira específica, o construtivismo, ao reconhecer o papel ativo e autoral de alunos e alunas na construção e na constituição de suas identidades e de seus conhecimentos, coloca os sujeitos da educação no centro do processo de ensino- aprendizagem. Se quisermos, de fato, promover a formação ética e para a cidadania, a partir da introdução de temáticas que objetivem a educação em valores, que tentem responder aos problemas sociais, e conectar a escola com a vida das pessoas, podemos assumir a epistemologia construtivista como referencial para a construção das práticas da transversalidade (ARAÚJO, 2008, p. 194-195). Entendemos que, quando trabalhamos a partir dos temas transversais, colocamos a ética e cidadania no eixo do processo educacional, aliando conhecimentos científicos (curriculares) e cotidianos, dando novo sentido à escola. E de que forma isto pode ser feito? Principalmente, por meio da solução de problemas vivenciados dentro e fora da escola. Vamos trabalhar em um exemplo, para facilitar a compreensão. No início do ano de 2019, o país foi assolado pela tragédia de Brumadinho (Minas Gerais), que foi invadida por uma barragem de rejeitos, sob a responsabilidade de uma empresa mineradora que atua em grande parte das barragens no Brasil. Este assunto foi o primeiro a ser tratado na maioria das escolas do país e, muitas vezes, não estava previsto no conteúdo oficial das disciplinas ou do ano letivo. Trata-se, efetivamente, de um tema transversal (Meio Ambiente) que foi discutido na prática pelos alunos, por conta da comoção que o assunto causou aos brasileiros. Diversos alunos, certamente, levaram o tema para suas famílias e foram multiplicadores do saber, constituindo-se, desta forma, em um tema de grande contribuição para a construção do conhecimento. E de que forma o professor pode trabalhar temas transversais? Em primeiro lugar, deve partir do interesse dos alunos e de seus conhecimentos prévios a respeito do tema, depois, pode elaborar situações didáticas que favoreçam a interação e o trabalho em grupo. A título de sugestão, seria indicado também finalizar com a elaboração de um produto final (cartaz, encenação teatral, vídeo, dentre outras possibilidades). Veremos mais detalhadamente estas possibilidades a seguir, quando adentrarmos na temática relativa à Pedagogia de Projetos. 3. Os Projetos e outras formas globalizadas de organizar a ação didática O trabalho com projetos é comum nas escolas e pode ser utilizado desde a Educação Infantil até o Ensino Médio e, também, no Ensino Superior. Parte-se, à princípio, de temas de interesse dos alunos. O professor pode descobrí-los a partir de levantamentos prévios em uma roda de conversa, por exemplo. A partir da escolha do tema, o docente irá trabalhar o que chamamos de Sequência Didática. Este termo é muito importante em sua formação docente e será utilizado em diversas disciplinas no decorrer do curso de graduação. Sequência didática nada mais é do que o planejamento de suas aulas em função de um determinado tema. Voltemos ao exemplo anterior de Brumadinho (MG), se você optasse por trabalhar este tema, teria que partir dos conhecimentos prévios de seus alunos, apresentar e construir novos dados até que chegassem à um produto final, podendo ser, neste caso, uma proposta ambiental para as mineradoras ou até para o próprio governo federal. Então, dentro da sequência didática, o educador constrói planos de aula. Plano de aula é a ferramenta que auxilia no planejamento didático das aulas. Na próxima unidade, trataremos com maior ênfase nesse tema. Aqui, é necessárioque você compreenda que a sequência didática representa o nível macro e é composta de planos de aula, caracterizando o nível micro da organização pedagógica. 3.1. Quais são os passos norteadores da planificação de um projeto e seus princípios, segundo Dewey Os principais representantes do pensamento da Pedagogia de Projetos são John Dewey e William Kilpatrick. Dewey acreditava que o aprendizado dos alunos dá-se por meio da ação e experiência e que, para isto, as temáticas deveriam ir ao encontro de situações vivenciadas na escola, família e sociedade. Segundo BARBOSA e HORN (2008): “O foco é a vida em comunidade e a resolução de problemas emergentes da mesma. Nesse contexto, a sala de aula funciona como uma comunidade em miniatura, preparando seus participantes para a vida adulta”. (BARBOSA e HORN, 2008) Dewey estabeleceu quatro passos para o planejamento de um projeto, a saber: “Quatro passos eram considerados norteadores da planificação de um projeto: decidir o propósito do projeto, realizar um plano de trabalho para sua resolução, executar o plano projetado e julgar o trabalho realizado” (BARBOSA e HORN, 2008, p.18). Em outras palavras, decidir o tema, como explicitamos anteriormente, planejar, executar e avaliar. A seguir, listamos os princípios fundamentais para a elaboração do projeto na escola, de acordo com Dewey (o texto foi extraído do livro Pedagogia de Projetos na Educação Infantil de Barbosa e Horn (2008): a) princípio da intenção – toda ação, para ser significativa, precisa ser compreendida e desejada pelos sujeitos, deve ter um significado vital, isto é, corresponder a um fim, ser intencional, proposital; b) princípio da situação-problema – o pensamento surge de uma situação problemática que exige analisar a dificuldade, formular soluções e estabelecer conexões, constituindo um ato de pensamento completo; c) princípio da ação – a aprendizagem é realizada singularmente e implica à razão, emoção e sensibilidade, propondo transformações no perceber, sentir, agir, pensar; d) princípio da real experiência anterior – as experiências passadas formam a base na qual se assentam as novas; e) princípio da investigação científica – a ciência constrói-se a partir da pesquisa e a aprendizagem escolar também deve constituir-se desse princípio; f) princípio da integração – apesar de a diferenciação ser uma constante nos projetos, é preciso partir de situações fragmentadas e construir relações, explicitar generalizações; g) princípio da prova final – verificar se, ao final do projeto, houve aprendizagem e se algo se modificou; h) princípio da eficácia social – a escola deve oportunizar experiências de aprendizagem que fortaleçam o comportamento solidário e democrático. 3.2 Como se dá a organização da ação pedagógica por Tema Gerador, Unidade Didática, Centros de Interesses e Projetos Dewey enfrentou alguns problemas na implementação da Pedagogia de Projetos nas escolas americanas, isto porque, o currículo estava previamente elaborado, contendo conteúdos fragmentados que não dialogavam entre si. Dessa forma, não havia integração, conceito fundamental na metodologia de Dewey. A necessidade de previsão de tempo e duração das atividades também prejudicou de certa forma a execução de grande parte dos projetos de Dewey, já que essa era uma prática nova dentro do contexto das escolas americanas. Sabemos, atualmente, que o trabalho com projetos é uma realidade em grande parte das escolas, permite um planejamento do aprendizado, bem como a construção significativa do conhecimento. Segundo Barbosa e Horn (2008), podemos agregar a Pedagogia de Projetos aos Temas Geradores, metodologia elaborada por Paulo Freire, que trabalha na escolarização de adultos que não concluíram seus estudos na época correta, a partir de temas que possuem relação com o contexto socioeconômico e cultural no qual se insere o indivíduo” (BARBOSA e HORN, 2008, p.19). Para se ter uma ideia, quando alfabetizamos adultos a partir dos temas geradores, não será utilizada a Cartilha Alfabetizadora. O educador parte de temas do cotidiano de seus alunos e, para isto, é preciso conhecê-los. Saber que, na minha turma temos alunos que trabalham com construção civil ou em serviços domésticos facilita a forma de alfabetizar, pois, ao invés de partirmos de frases sem contextos como “a babá lava o bebê”, o professor alfabetizador ensinará palavras presentes no cotidiano das pessoas, tais como, de acordo com o exemplo: materiais utilizados na construção civil, procedimentos que estes trabalhadores devem realizar a partir de instruções de Engenheiros e Arquitetos, e assim por diante. Existem outros modelos metodológicos como os centros de interesse e unidade didática. Resumidamente, as unidades didáticas partem da aprendizagem por meio da assimilação de conteúdos; o professor tem o papel de transmiti-los e o aluno trabalha a partir da execução e repetição de tarefas. Já os centros de interesse, trabalham por meio da pesquisa, experimentação e descoberta; o professor planeja as tarefas, previamente, e o aluno será o executor das atividades. A seguir, trazemos para você um quadro baseado no livro Projetos Pedagógicos na Educação Infantil, que traz a comparação destas metodologias citadas aqui: Tema Gerador, Unidade Didática, Centros de Interesses e Projetos. Quadro 1 - Comparação com base em Hernández e Ventura (1998) Fonte: BARBOSA, M.; HORN, M. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008. 4. O Conhecimento como Rede É importante que fique claro para você, futuro educador, que a proposta de trabalho com temas transversais, bem como com a Pedagogia de Projetos só terá sentido se pudermos interligar os conteúdos, do contrário, permanecerão como estão: conteúdos fragmentados, trabalhados, isoladamente, dentro de cada currículo ou disciplina; sem estabelecer relação de sentido para aqueles que atuam nesses projetos. Essa metáfora de rede é discutida por Araújo (2008) em seu artigo intitulado Pedagogia de Projetos e direitos humanos: caminhos para uma educação em valores, que nos diz: (...) a ideia de rede é entendida como metáfora para a representação do conhecimento e possui, como material constitutivo de sua teia de relações, as significações que Machado (1995, p.138), de forma resumida, afirma: § compreender é aprender o significado; § aprender o significado de um objeto ou de um acontecimento é vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimentos; § os significados constituem, pois, feixes de relações; § as relações entretecem-se, articulam-se em teias, em redes, construídas social e individualmente, e em permanente estado de atualização; § em ambos os níveis - individual e social - a ideia de conhecer assemelha-se à de enredar (ARAÚJO, 2008, p.199). Veremos um pouco mais a este respeito, no item a seguir. 4.1 A rede e o projeto como estratégia pedagógica A ideia da construção do conhecimento, feita no modelo pedagógico de rede, vai em sentido contrário às ideias de encadeamento e linearidade e está mais próxima da ideia de hipertexto. Essa concepção está diretamente ligada à internet, em que o usuário pode construir seu conhecimento da forma como desejar, sem necessariamente partir da unidade 1 até a 4, por exemplo, permeando os conteúdos pré-estabelecidos, da maneira que considerar mais adequada. Araújo (2008) utiliza os pressupostos de Pierre Levy para tratar desta noção do conhecimento por meio do conceito de rede. É importante que você perceba aqui como estes princípios estão ligados à ideia de projeto que mencionamos anteriormente. Vamos a eles, segundo Araújo (2008, p. 199-200): Princípio de metamorfose A rede está em constante construção e transformação e, a cada instante, podem alterar-se os feixes que compõem os nós, atualizando o desenho da rede. Princípio de heterogeneidade Os nós e as conexões de uma rede são heterogêneos, significando que existe uma multiplicidade depossibilidades de interligação entre eles. Apenas como exemplo, nessas ligações, que podem ser lógicas, afetivas, analógicas, sensoriais, multimodais, multimídias, podem ser utilizados sons, imagens, palavras e muitas outras linguagens. Princípio de multiplicidade e de encaixe das escalas A rede organiza-se de modo “fractal”, ou seja, qualquer nó ou conexão, quando analisado, pode revelar-se como sendo composto por toda uma rede e, assim por diante, indefinidamente (Levy, 1993, p.25). Princípio de exterioridade A rede é permanentemente aberta ao exterior, à adição de novos elementos e conexões com outras redes. https://anhembi.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/EDU_DIDATI_19/unidade_2/ebook/index.html Princípio de topologia Na rede, o curso dos acontecimentos é uma questão de topologia, de caminhos. Princípio de mobilidade dos centros A rede não tem centro, ou pode ter vários centros que trazem ao redor de si pequenas ramificações. Agora, vamos transpor alguns destes princípios para a ideia de trabalharmos com Projetos. Veja, o princípio da metamorfose, em cada instante, o conteúdo estará em construção e transformação. Este princípio acontece constantemente na elaboração de projetos quando, por exemplo, por meio de uma descoberta ou o conhecimento prévio dos alunos, a rota pode ser desenhada novamente. O princípio da mobilidade dos centros é latente no trabalho com projetos, visto que, o centro do processo educativo sai do professor e vai para os alunos, participantes ativos no processo de ensino-aprendizagem. 4.2 Como elaborar colaborativamente um projeto de trabalho e a construção de sua rede O projeto na escola deve ser feito coletivamente e colaborativamente, seguindo as conclusões a que Araújo (2008) chega em seu artigo, abordado anteriormente. O primeiro momento deve ser, portanto, a decisão da temática de maneira coletiva, feita a partir de temas pré-estabelecidos ou de sugestões feitas pelos alunos. Outra forma de trabalhar colaborativamente um projeto e construir a sua rede de conhecimentos é por meio de situações-problema, em que o docente pode apresentar situações hipotéticas ou reais. Nesse caso, o educador pode fazer uma contextualização antes da apresentação da situação problema ou pode deixar que surjam as respostas a partir do repertório dos alunos. Essas respostas podem estar contextualizadas (socialmente, economicamente, politicamente) ou serem “mágicas” (no sentido figurativo), por exemplo: “porque Deus quis assim”. Desta forma, o professor compreende o nível de evolução científica e social de seus estudantes, desde as primeiras séries da Educação Básica. A partir desta situação, e das propostas de soluções é que se encaminha o projeto. Tenha em mente que não se trata de uma rota fixa pré-estabelecida, mas sim de um planejamento que pode e deve ser alterado, a partir das trocas e evoluções observadas em seus alunos. Lembre-se também de que todo projeto requer um produto final com possibilidades diversas (desenhos, murais, encenações, jornais, vídeos ou até mesmo ações sociais). De acordo com Damiani (2008, p. 222), podemos observar alguns benefícios nos estudantes a partir da realização de projetos colaborativos e em rede, são eles: socialização (o que inclui aprendizagem de modalidades comunicacionais e de convivência), controle dos impulsos agressivos, adaptação às normas estabelecidas (incluindo a aprendizagem relativa ao desempenho de papéis sociais) e superação do egocentrismo (por meio da relativização progressiva do ponto de vista próprio); aquisição de aptidões e habilidades (incluindo melhoras no rendimento escolar) e aumento do nível de aspiração escolar. (Damiani, 2008, p. 222), Perceba que são inúmeros os benefícios deste tipo de atividade didática, tanto para seus alunos como para você, futuro professor. Ficou convencido da importância deste trabalho? Então, mãos à obra! Unidade 3 - Intencionalidade da Ação Educativa Introdução Um dos principais tópicos estudados nesta disciplina é, sem dúvida, o que veremos a seguir: o Planejamento Pedagógico. Você vai perceber que toda e qualquer ação pedagógica é embasada através do que chamamos de intencionalidade pedagógica, ou seja: o que se pretende com determinada atividade, como será feita e de que forma será avaliada. Para isto, todo educador dispõe de uma ferramenta denominada: Plano de Aula. Trata-se do documento que efetiva as atividades propostas pelo professor, que irá detalhar como acontecerão suas práticas, mediações e a avaliação formativa. Além disso, vamos conhecer quais são os 4 Pilares da Educação propostos pela UNESCO bem como as nossas atividades de campo, como problematizamos e investigamos a realidade no cotidiano da sala de aula. Portanto, daqui para frente você já sabe, tudo o que acontece na sala de aula demanda planejamento e reflexão. Pronto para navegar neste conteúdo? Vamos juntos! 1. Plano de Aula O Plano de Aula é uma ferramenta essencial ao trabalho do educador. Nela, o professor estabelece quais serão seus os objetivos (geral e específicos), conteúdos, metodologias, avaliação e a partir de quais referências aquela atividade foi estruturada. Vamos detalhar um pouco melhor para que você conheça o Plano de Aula em sua totalidade. Sabemos que a Educação é um processo complexo, que demanda conhecimento e planejamento, mas, não é somente isto. Dentro deste macroprocesso existem algumas unidades que a constituem, a saber: conhecimento, análise, compreensão, aplicação, síntese e avaliação. Estas unidades foram delimitadas na Taxonomia de Bloom, que você conhecerá mais profundamente na próxima Unidade. Agora, vamos conhecer minimamente cada uma delas para favorecer o entendimento da sua necessidade no trabalho com o planejamento: Conhecimento: Agora é hora do professor se perguntar: como meu aluno constrói seu conhecimento? E a resposta é: a partir dos seus conhecimentos prévios, aliado à mediação docente e aos conhecimentos que serão construídos na escola e na vida Análise: A análise acontece a partir dos conhecimentos que se recebe do meio externo e da mediação interna, mobilizando as estruturas cognitivas que compõe a inteligência humana. Compreensão: A compreensão decorre da inter-relação que se estabelece entre os dois processos anteriores: conhecimento e análise. Portanto, só posso afirmar que o conteúdo foi efetivamente compreendido por meu aluno quando este conteúdo “faz sentido”. Se o conhecimento é apenas memorizado e reproduzido, a compreensão não aconteceu. Aplicação: é a experimentação do conhecimento. Seja um conteúdo de Matemática, Língua Portuguesa, Ciências… Ou seja, a aplicação decorre da compreensão do conhecimento, é o momento onde a teoria é aplicada na prática. Síntese: A síntese é estabelecida cognitivamente para que possamos organizar o processo educativo de maneira intencional e partirmos para um novo conhecimento. Avaliação: Quando falamos em avaliação não estamos nos referindo necessariamente às provas escritas tradicionais. A avaliação deve acontecer ao longo do processo para a aprendizagem do aluno e também pelos professores, e serve para mensurar a efetividade do processo de ensino aprendizagem, ou seja, indicar em que medida a aprendizagem está de fato ocorrendo. Pois bem, estes elementos estão envolvidos no seu cotidiano enquanto professor, e o planejamento de suas aulas necessita da articulação destes componentes. O planejamento é macro quando nos referimos ao ato de planejar um semestre ou ano letivo, e é micro quando nos referimos à um plano de aula. O plano de aula pode fazer parte de uma sequência didática, ou pode acontecer de maneira isolada. Vamos conhecer um pouco mais a respeito dessa ferramenta pedagógica. Haydt (2001) afirma que: “(...) o planejamento é um processo mental que envolve análise, reflexão e previsão”. Para elaborar um plano de aula, é necessário estudar, refletir, prever o que pode acontecer e em qual medida
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