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Introdução à Didática: Origem e Conceitos

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Unidade 1 - Introdução ao estudo da didática - Introdução 
Nesta unidade, nosso foco estará voltado ao surgimento da didática. Isso porque será central que você possa 
compreender a trajetória dos estudos neste campo do conhecimento e perceber futuramente o que é um professor com ou 
sem didática. Para isto, vamos analisar a etimologia da palavra que nomeia o conceito, bem como a trajetória histórica de 
seu surgimento, verificando sua concepção de conhecimento e as relações que se estabelecem entre escola e sociedade 
durante seu desenvolvimento. Vamos conhecer a importante obra de Comenius, Didática Magna, para que você perceba sua 
influência na prática docente até os dias atuais. Prepara-se então para a aprendizagem que propomos a seguir. 
 
Bons estudos! 
1. Iniciando os estudos em Didática 
 Começamos nossa trajetória nesta disciplina em busca da compreensão do conceito geral em Didática e do 
conhecimento que embasa esta área do conhecimento. Existem algumas definições que situam este campo do saber, mas 
para começarmos, vamos nos ater à definição de Libâneo (1994): 
Didática é a disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e ascondições do processo de ensino, tendo em 
vista finalidades educacionaisque são sempre sociais; se fundamenta na Pedagogia, sendo assim umadisciplina pedagógica. 
Sendo assim, você deve estar se perguntando, de que forma podemos ajustar a definição de Libâneo à sua prática 
cotidiana em sala de aula, como futuro professor? Vamos elucidar esta definição para facilitar o entendimento: Didática é 
uma disciplina, uma área do saber que está diretamente ligada ao que você faz em sala de aula. 
O que você fará em sua atuação cotidiana está definido previamente em diversos documentos que são trabalhados 
durante o planejamento escolar, a saber: planejamento anual, semestral, bimestral, mensal, plano de ensino e plano de 
aulas. Ou seja, toda e qualquer atividade praticada em sala de aula pelo professor está prevista em seu planejamento macro 
(amplo, ligado aos objetivos gerais) e micro (restrito, ligado aos objetivos específicos). 
Agora, vamos esclarecer como acontece o planejamento de maneira geral nas escolas: são realizadas reuniões de 
planejamento antes do início do ano letivo, neste momento, os professores planejam de maneira ampla e específica o que 
será feito no decorrer do ano. São elaborados documentos que são necessários a este planejamento, sendo um dos mais 
importantes, sem dúvida, o plano de ensino. Neste documento você estipula seus objetivos (gerais e específicos), quais 
conteúdos serão trabalhados, qual metodologia será utilizada, como será feita a avaliação. 
Além disto, Libâneo nos afirma que todo este macroprocesso deve estar ligado às finalidades educacionais que são 
sempre sociais. O que isto quer dizer? Libâneo reforça o caráter social da escola, como veremos nos próximos momentos da 
disciplina. A título de antecipação é importante que você saiba que, em Didática, nos atemos sempre à função social da 
escola. Ou seja, será que a escola serve somente para “transmitir conteúdos” ou há algo além disso? 
Há muito mais além de “transmissão de conteúdos”, a escola é um local de convívio, trocas e socialização. É um local 
onde os educadores também trabalham questões sociais tais como ética, responsabilidade social, cidadania, respeito ao 
próximo, respeito à opção cultural, religiosa, social, sexual dos outros, etc. O professor trabalha esses temas de forma 
transversal, para que possamos além de trabalhar conteúdos, formar cidadãos. 
Posteriormente, quando nosso foco estiver voltado às tendências pedagógicas verificadas na escola, trataremos caso a 
caso como se dá a função social da escola de acordo com educadores tais como: Rosseau, Paulo Freire, Vygotsky, Piaget, 
dentre outros. 
Neste momento, acreditamos que você tenha compreendido a citação de Libâneo que iniciou esta unidade, certo? 
Portanto, vamos em frente com nosso conteúdo. 
Figura 1 – Na escola aprendemos a conviver com o outro e suas diferenças. Fonte: Pixabay. 
A pergunta norteadora agora é: como os conhecimentos de Didática influenciam na formação dos professores? 
1.1. A Didática em Comenius 
De onde vem a Didática? Antes, para iniciarmos este resgate, devemos saber que tal palavra pode ser traduzida 
livremente como a Arte de Ensinar. E quando as pessoas começaram a se preocupar com o que é Didática e como ensinar? 
Se verificarmos a linha histórica do tempo na área da educação, começamos a verificar uma intencionalidade pedagógica 
voltada ao ensino por volta do século XVII. O primeiro educador a se preocupar formalmente com a Didática foi sem dúvida, 
Comenius (1592-1670). Sua obra mais conhecida é Didática Magna onde, através de ideias consideradas inovadoras, opôs-se 
às ideias conservadoras da nobreza e do clero. 
No Brasil, por exemplo, o ensino formal começa justamente com a chegada dos jesuítas e a catequização indígena. 
Portanto, o ensino e, consequentemente, a Didática, caminharam sempre seguindo as normas e regras da Igreja Católica. 
Opor-se a esta metodologia era, sem dúvida, um ato de rebeldia na época. Você já deve ter visto, quando estudou História da 
Educação, que, estivemos (e, em alguns casos, ainda estamos) submetidos ao ensino tradicional baseado na transmissão de 
conteúdos de maneira passiva. Nesta modalidade o professor é o detentor único do conhecimento que transmite ao seu 
aluno. 
O aluno, por sua vez, é um receptor passivo de todo o conhecimento transmitido, sem direito a manifestar dúvidas, 
perguntas e quiçá divergências neste processo. 
Pois bem, Comenius foi um dos principais educadores a questionarem o método de ensino tradicional, explicado no 
parágrafo anterior. Comenius, inicia sua obra Didática Magna com os seguintes dizeres: 
Nós ousamos prometer uma Didática Magna, isto é, um método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal 
certeza, que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado e sem 
nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. E de 
ensinar solidamente, não superficialmente e apenas com palavras, mas encaminhando os alunos para uma verdadeira 
instrução, para os bons costumes e para a piedade sincera. (COMENIUS, 1621, versão para Ebook 2001, págs. 13 e 14). 
Podemos perceber nesta citação que Comenius busca uma forma de fazer com que o aluno realmente aprenda, 
ultrapassando a lógica mecânica até então dominante nas escolas do mundo. Aprendizado este sem significado para o aluno, 
cansativo, mecânico e que, não apresentava resultados para o futuro do estudante. Percebemos também que Comenius 
traduz uma situação vivenciada na escola na qual o professor não sabe porque ensina e como deve ensinar e o aluno 
somente reproduz o conteúdo transmitido pelo professor. Comenius vai se preocupar em como ensinar, quais as 
metodologias o professor pode utilizar para que o conteúdo realmente faça sentido no processo de ensino-aprendizagem. 
Quando falamos que Comenius vai contra o que estava sendo propagado até então pela Igreja Católica, isto não quer 
dizer absolutamente que ele é contra as “coisas de Deus”. Em sua obra, por diversos momentos, percebemos um viés 
religioso, como, por exemplo, na abertura do capítulo intitulado Utilidade da Arte Didática, na qual o autor informa que a 
Didática se baseia em retos princípios que interessam: aos pais, aos professores, aos estudantes, às escolas, aos Estados, à 
Igreja e ao Céu. Veja: 
Finalmente interessa ao Céu que as escolas sejam reformadas de modo a ministrarem aos espíritos uma cultura exata e 
universal, não sendo assim de admirar que, com o fulgor da luz divina, mas facilmente sejam libertados das trevas aqueles a 
quem o som da trombeta divina não consegue acordar (...). (COMENIUS, 1621, versão para Ebook 2001, págs. 48 e 49). 
É importante que fique claro para você, estudante e futuro professor, que há um viés religiosona obra de Comenius, o 
que não invalida o viés metodológico de sua proposta como veremos a seguir. E qual seria a proposta Didática de Comenius?, 
de acordo com Garcia (2014): 
Na abordagem comeniana havia uma constante preocupação com o aprender fazendo, ou seja, era necessário que o 
aluno tivesse um contato direto com a natureza. Daí a organização de visitas ao campo para que as crianças e jovens 
pudessem, através dos sentidos aprender de maneira diferente do que constava nos livros apenas (...) (GARCIA, 2014, p. 317). 
Na prática, podemos elencar os princípios da Didática comeniana da seguinte maneira: 
1. O aluno deve ver e tocar no objeto do conhecimento, ou seja, o professor deve sair da teoria e demonstrar na prática, 
por meio do “aprender fazendo” citado acima. 
2. O professor deve trabalhar com exemplos curtos para facilitar a compreensão do estudante. 
3. Parte-se na maioria das vezes, do conhecimento obtido através da natureza ou do cotidiano dos estudantes para a 
compreensão dos fenômenos estudados. 
4. O professor não ensina novo conteúdo sem que os estudantes tenham compreendido e consolidado o conteúdo 
anterior. 
 
Figura 2 – Comenius, o pai da Didática. Fonte: Pixabay, 2019. 
Então, estudante, qual a sua opinião sobre esta proposta Didática de Comenius? Fantástico, não é mesmo? Por este e 
outros motivos que estudamos esta obra até os dias de hoje e por isso mesmo é que este pensador é considerado até a 
atualidade como sendo o pai da Didática. 
1.2. Características de práticas que promovem aprendizagens significativas: professores que têm ou não têm Didática 
A formação docente é o primeiro passo na sua carreira de professor, trata-se do curso de licenciatura propriamente dita. 
Neste momento, em Didática, você compreenderá dúvidas que surgem na mente dos futuros educadores, a saber: Como 
meu aluno aprende? Como deve ser feita a atividade do docente em sala? Como motivar meus alunos e os direcionar de 
maneira segura ao aprendizado significado? Como avaliar a aprendizagem? 
Paralelo à sua formação inicial, é importante que você saiba que existem cursos que fortalecem sua atuação, tais como os 
de extensão, direcionados à sua área de interesse, seja ela: Educação Infantil, Alfabetização, Educação Especial, Gestão 
Escolar, dentre outras. E, claro, posteriormente, você poderá se especializar em uma destas áreas com um curso de Pós-
Graduação Lato Sensu. Este processo é denominado Formação Continuada Docente. 
Por meio do estudo da Didática, você conseguirá obter direcionamentos que o levarão às respostas a estas dúvidas. 
Posteriormente, você terá em seu curso disciplinas específicas que auxiliarão na Metodologia de disciplinas, tais como: 
Português, Matemática, Ciências, História e Geografia. Agora, é o momento de compreender que em Didática, nos 
preocupamos em como nosso aluno aprende e como deve acontecer nossa atuação em sala de aula no sentido de favorecer 
este aprendizado. 
Além disso, você deve estar se perguntando: como saber se serei um professor que terá ou não terá Didática em sala de 
aula? E a resposta é simples, esta competência virá com o tempo e por meio dos seus esforços e dedicação. O professor que 
tem Didática é aquele que se empenha, que estuda e planeja previamente, que se preocupa com o processo de 
aprendizagem de seus alunos, que têm interesse em tornar as aulas dinâmicas e atrativas a fim de favorecer o aprendizado 
significativo. Se você atender a estes itens mencionados e se aprofundar na compreensão da história da Didática a seguir, 
podemos concluir que se tornará um docente com uma Didática excepcional! E quem ganha com isso? Você e seus alunos, 
com certeza! 
2. Trajetória Histórica da Didática 
Já vimos que a preocupação com este campo pedagógico se iniciou com a obra Didática Magna de Comenius, datada do 
século XVII. É recomendado fortemente que você acesse através do link disponível na Bibliografia desta unidade e leia, 
mesmo que por partes, esta obra-prima da Educação. É fundamental que você compreenda que, apesar do caráter inovador 
de Didática Magna, Comenius não conseguiu “um milagre” nas escolas mundiais. Vemos até os dias atuais, escolas 
tradicionais que não valorizam o processo de ensino-aprendizagem, continuando mecânico e sem sentido para o aluno. Pois 
bem, sem dúvida a obra de Comenius foi inovadora para a sua época e abriu caminhos para outros pensadores/educadores 
que viriam posteriormente democratizar a forma de ensinar e de aprender. 
2.1. Didática difusa e o surgimento da Didática no Século XVII 
Por didática difusa entende-se o longo período que antecedeu a publicação da obra Didática Magna, de Comenius. Este 
termo foi categorizado por Amélia Domingues de Castro (1991) e é definido segundo a autora: 
Na longa fase que se poderia chamar de didática difusa, ensinava-se intuitivamente e/ou seguindo-se a prática vigente. 
De alguns professores conhecemos os procedimentos, podendo-se dizer que havia uma didática implícita em Sócrates quando 
perguntava aos discípulos: “pode-se ensinar a virtude?” ou na lectio e na disputatio medievais (CASTRO, 1991, p. 15-16). 
A partir do Século XVII percebe-se uma maior preocupação em como ensinar, conforme informamos anteriormente 
quando nos referimos à obra de Comenius, Didática Magna. Trata-se efetivamente de um marco histórico na Educação. É 
claro que alguns outros filósofos e educadores já haviam se questionado sobre os métodos de ensino mas, ainda segundo 
Castro: “(...) é aos reformadores do século XVII que como disse H. NOHL, deve-se a “autoconsciência” do proceder educativo, 
retirando as cogitações didático-pedagógicas da Filosofia, da Teologia ou da Literatura, onde, até essa época, encontravam 
abrigo” (1991, p. 17). 
Portanto percebe-se um novo direcionamento para os métodos de ensinar e a sociedade de uma forma geral começa a 
pensar se efetivamente o que acontece na escola, favorece o desenvolvimento do aluno. 
 
2.2. De Rosseau à Escola Nova e desafios do Séc. XXI 
Rosseau (1712–1778) segundo Castro (1991, p. 17) é: “o autor da segunda grande revolução didática” e, por este motivo, 
será nosso segundo autor estudado na linha histórica que estamos traçando para compreendermos de onde surgiu a ideia de 
Didática, que autores constituem sua base teórica e porque atualmente ensinamos da forma que ensinamos. Rosseau fala 
em sua trajetória de vida sobre a importância de nos preocuparmos com os interesses da criança. Agora, pense comigo, 
estamos no ano de 1700 aproximadamente. As grande Revoluções acontecem a partir desse século (XVIII) e, por 
consequência a inserção da mulher nos contextos fabris, bem como o surgimento da Escola de Educação Infantil. Pare e 
pense, o quão inovador Rosseau foi ao se preocupar com as necessidades e os interesses da criança, concorda? 
Para falarmos de sua obra, é importante conhecermos um pouco a respeito de sua biografia. Sabe-se que Rosseau 
enfrentou diversos problemas durante a sua infância e adolescência pela ausência de sua mãe que faleceu poucos dias após 
o seu nascimento, e seu pai que teve que deixar Genebra após uma confusão com uma pessoa de influência à época. Sua 
biografia é famosa também por ter tido cinco filhos com Thérèse Levasseur e direcioná-los à orfanatos por acreditar que sua 
pobreza e doença o impediam de criar adequadamente seus filhos. Em 1762, escreve a obra: Emílio ou da Educação e Do 
Contrato Social, na qual busca ensinar como a família e a escola devem educar suas crianças. Imagine a confusão que esta 
obra gera na sociedade, vindo justamente de uma pessoa que não educou seus próprios filhos. Após a publicação desta e da 
obra A Nova Heloísa, Rosseau passa a sofrer perseguições políticas. Apesar da vida conturbada, seus pensamentos são 
importantes até os dias atuais, em pleno século XXI. É sua a famosa frase: “o homem é bom por natureza, a sociedade que o 
corrompe”. São também pressupostos de Rosseau: 
1. A criança precisa despertar o interesse pelos estudos, sendoque seus verdadeiros professores são a natureza, a 
experiência e o sentimento. 
2. Para o aprendizado, é fundamental o contato com a natureza, denominada por ele de Educação Natural. 
3. Para ele, a educação da criança deve ser voltada aos interesses da criança e não aos interesses do adulto, conforme era 
praticado até então. 
Podemos afirmar, segundo Castro (1991), que Rosseau dá origem a um novo conceito de infância, contribuindo para que 
sobre esta faixa etária houvesse uma proposta de inserção diferenciada em relação aos adultos na dinâmica da vida social e, 
portanto, da educação. 
Outra curiosidade ao seu respeito, é que Rosseau não colocou suas ideias em prática, isto somente aconteceu a partir da 
ação de Pestalozzi, outro educador importante para a história da Educação. 
A prática das ideias de Rosseau foi empreendida, entre outros, por Pestalozzi, que em seus escritos e atuação dá 
dimensões sociais à problemática educacional. O aspecto metodológico da Didática encontra-se, sobretudo, em princípios, e 
não em regras, transportando-se o foco de atenção às condições para o desenvolvimento harmônico do aluno. (CASTRO, 
1991, p. 17). 
Vamos falar rapidamente a respeito de Pestalozzi, para que você compreenda sua importância dentro da educação. 
Pestalozzi (1746-1827) preocupava-se com a educação como instrumento de reforma social e acreditava que todos deveriam 
ter acesso à escola, independente da condição social. Pense que, nesta época, somente os ricos tinham vagas nas escolas 
(públicas em sua maioria e de muita qualidade). Alguns de seus preceitos podem ser aqui explicitados. Para Pestalozzi, é 
importante a relação de amor e respeito estabelecida entre professor e aluno, o respeito à individualidade dos sujeitos; o 
desenvolvimento das capacidades cognitivas e intelectuais do aluno, bem como o seu desenvolvimento físico e moral. 
Pestalozzi acreditava ser importante a observação e o início das aulas ou conteúdos sempre partindo da forma simples 
para a complexa, pois, para ele, a aquisição do conhecimento acontece de forma gradativa, além, da importância ao respeito 
do desenvolvimento infantil. Ou seja, a criança não era mais considerada um mini-adulto como antigamente, e sim um ser 
que se desenvolve e possui desejos e necessidades. 
Outro educador fundamental para a nossa compreensão a respeito da importância da Didática é John Dewey (1859-
1952). Dewey foi o principal representante do movimento da Escola Nova, que você já deve ter ouvido falar nas disciplinas de 
História da Educação ou Educação Infantil. 
Para Dewey, é fundamental que o professor trabalhe com seu aluno a partir da sua experiência, ou seja, a educação 
acontece pela ação. O homem é um ser social e as necessidades sociais guiam a vida e a educação. Para isto, segundo Dewey, 
o professor deve partir de situações que despertem a curiosidade do aluno, partindo dos chamados Centros de Interesse que 
de acordo com ele, possuem práticas com significação para a vida do aluno. Novamente, perceba o quão inovador este 
pensamento era para sua época (início do século passado). 
A filosofia de Dewey tem sido fundamental para a compreensão do sistema educativo. 
O movimento da escola nova se contrapôs ao modelo tradicional de ensino, mas não chegou a representar uma ruptura 
com o modelo de educação, em termos da relação política entre educação e sociedade. O teórico inovou, no entanto, em 
termos de método, na forma de trabalhar com o Conhecimento (PEREIRA et all., 2009, p. 157). 
Dewey acreditava que seria importante o professor trabalhar a partir das dúvidas dos alunos, ou seja, da problematização 
de temas importantes e recorrentes na escola. Ainda de acordo com Pereira (2009): 
O método "dos problemas" valoriza experiências concretas e problematizadoras, com forte motivação prática e estímulo 
cognitivo para possibilitar escolhas e soluções criativas. Que neste caso leva o aluno a uma aprendizagem significativa, pois o 
mesmo utiliza diferentes processos mentais (capacidade de levantar hipóteses, comparar, analisar, interpretar, avaliar), de 
desenvolver a capacidade de assumir responsabilidade por sua formação. (PEREIRA et all., 2009, p. 158). 
Perceba novamente, a evolução da proposta de Dewey, se compararmos sempre ao ensino tradicional praticado até 
então. Para trabalhar a partir das dúvidas dos alunos, ou a partir de situações-problema, o professor deve, primordialmente, 
ser um pesquisador. Não é mais o centro do processo educativo nem tão pouco o detentor do saber. O saber está no 
docente, no discente e na troca que se estabelece entre eles. Isto quer dizer que o professor deve considerar também o 
conhecimento prévio de seu aluno, todo mundo sabe alguma coisa, e este “saber algo” influencia na dinâmica do processo 
de ensino-aprendizagem na escola 
Em suma, Dewey foi um dos principais educadores que traçaram um “norte” para o movimento escolanovista. No Brasil, 
os principais representantes deste movimento foram Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo. Um dos 
principais pilares defendido pelos escolanovistas é o “aprender a aprender”. Questiona-se como o aluno aprende e chega-se 
à conclusão de que ele o faz observando, pesquisando, realizando trabalhos em grupo, resolvendo situações- problema, 
dentre outras atividades. Curiosamente, em 2010, este seria um dos quatro pilares da Educação categorizados pela UNESCO, 
a saber: aprender a conhecer (ou aprender a aprender), aprender a ser, aprender a fazer e aprender a conviver. 
Mas Lourenço Filho, quando trata do aprender a aprender, referia-se à Escola Ativa, aqui entendida como: 
(…) a aprendizagem do aluno ocorreria num movimento, resultando de impulsos emotivos naturais em que aspectos 
biológicos são respeitados. E as atividades devem ser organizadas de acordo com as etapas do desenvolvimento de cada 
criança. A escola passa a preocupar-se em entender como o aluno aprende (LOURENÇO FILHO, 1978, p. 19). 
Por fim, podemos afirmar que o movimento da Escola Nova pretende preparar o aluno para a vida em sociedade. 
3. Tendências Pedagógicas e a Didática 
É evidente que o movimento da Escola Nova foi revolucionário e apresenta consequências até os dias atuais. Porém, esta 
não é a única tendência pedagógica utilizada atualmente nas escolas brasileiras, existem diversas tendências pedagógicas e, a 
partir da explicação detalhada de cada uma delas, poderemos nos atentar aos seus princípios, metodologias, ideais e 
representantes. Autores como o próprio Libâneo (1994), já citado aqui anteriormente, e Mizukami (1986) elaboraram uma 
análise das abordagens do processo de ensino aprendizagem que acontecem nas escolas e sua trajetória histórica para que 
possamos compreender a sua linha histórica evolutiva. 
Para efeitos didáticos, é importante você saber que existem duas grandes correntes pedagógicas: a liberal e a 
progressista, de acordo com Libâneo (1994). Dentro da corrente liberal encontram-se: a pedagogia tradicional, pedagogia 
renovadora, ou da Escola Nova, e a pedagogia tecnicista. Na corrente progressista, encontram-se: pedagogia libertadora e 
pedagogia crítico-social de conteúdos. Vamos conhecer um pouco de cada uma delas. A corrente liberal entende que a 
função social da escola está direcionada justamente à preparação para a atuação do indivíduo na sociedade, 
desempenhando papéis sociais de acordo com as suas capacidades individuais. Embora discrepantes em alguns momentos 
como, por exemplo, na função social da escola, é curioso observar como Libâneo agrupa as tendências pedagógicas nestas 
duas correntes. 
3.1. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos e sua relação com as tendências Pedagógicas 
De acordo com Fernando Becker (s/d) existem três formas de representar a relação que acontece na sala de aula, são os 
modelos pedagógicos: pedagogia diretiva, pedagogia não diretiva e pedagogia relacional. 
Com relação à pedagogia diretiva e sua sustentação epistemológica, Becker afirma que se trata de uma aula ondeprevalece o ensino tradicional em que o professor fala, e o aluno escuta. O professor atua desta forma porque acredita 
verdadeiramente que o conhecimento pode ser “transmitido” de um para outro, de uma pessoa que “sabe mais” para outra 
que “sabe menos”, de acordo com Becker (s/d): 
Ele (o professor) acredita no mito da transmissão do conhecimento – do conhecimento enquanto forma ou estrutura; não 
só enquanto conteúdo. O professor acredita, portanto, numa determinada epistemologia. Isto é, numa "explicação" - ou, 
melhor, crença - da gênese e do desenvolvimento do conhecimento, “explicação” da qual ele não tomou consciência e que, 
nem por isso, é menos eficaz. (BECKER, s/d, p. 2). 
Portanto, esta pedagogia diretiva está sustentada na crença que o aluno nada sabe, inclusive não possui conhecimentos 
prévios, e o professor é a única forma de se obter o conhecimento e inclusive, a sua redenção. E, para aprender, o aluno tem 
que se submeter à fala do professor, apenas escutando-o e repetindo diversas vezes o mesmo conteúdo, já será suficiente 
para o seu aprendizado. E veja, o quão edificante para a sociedade é este modelo pedagógico: 
O aluno, egresso dessa escola, será bem recebido no mercado de trabalho, pois aprendeu a silenciar, mesmo discordando, 
perante a autoridade do professor, a não reivindicar coisa alguma, a submeter-se e a fazer um mundo de coisas sem sentido, 
sem reclamar. O produto pedagógico acabado dessa escola é alguém que renunciou ao direito de pensar e que, portanto, 
desistiu de sua cidadania e do seu direito ao exercício da política no seu mais pleno significado: qualquer projeto que vise a 
alguma transformação social escapa a seu horizonte, pois ele deixou de acreditar que sua ação seja capaz de qualquer 
mudança. (BECKER, s/d, p. 3). 
Entende-se a partir daí que o professor determina o aluno. Ou seja, este aluno somente se formará, se e somente se, o 
professor estiver guiando-o. Nesta concepção, pode esquecer-se de Paulo Freire caro estudante, não está prescrita a 
máxima: o aluno aprende com o professor e o professor aprende com o aluno. Aqui, o professor ensina e o aluno (através da 
repetição e memorização), aprende. E, portanto, está inserida na lógica da educação tradicional. 
Agora, vamos tratar um pouco a respeito da pedagogia não-diretiva. Este modelo entende que o professor é um 
facilitador do processo de ensino-aprendizagem. O professor não deve interferir na aprendizagem, deve, literalmente, deixar 
o aluno fazer para que este possa encontrar suas respostas. A bagagem hereditária é fortemente marcada nesta pedagogia, 
ou seja, o aluno já sabe, já possui o conhecimento, só precisa de uma forma para aflorá-lo. E qual seria então o papel do 
professor, visto que aprendemos desde sempre que é necessária a mediação no processo de ensino aprendizagem? Ele tem 
dois caminhos, segundo Becker (s/d): ou ele exerce o poder de maneira que ninguém o perceba, ou ele desiste deste 
tradicional papel mediador. Aqui, falando de maneira epistemológica, o aluno já possui suas características hereditárias e 
determina a ação (ou falta dela) do professor. 
E por fim, falaremos sobre a pedagogia relacional. Neste modelo, o professor age a partir da experimentação, ou seja, o 
aluno tem que tocar o conhecimento, senti-lo para só então compreendê-lo: 
Em outras palavras, ele (o professor) sabe que há duas condições necessárias para que algum conhecimento novo seja 
construído: a) que o aluno aja (assimilação) sobre o material que o professor presume que tenha sigo de cognitivamente 
interessante, ou melhor, significativo para o aluno; b) que o aluno responda para si mesmo às perturbações (acomodação) 
provocadas pela assimilação deste material, ou, que o aluno se aproprie, neste segundo momento, não mais do material, 
mas dos mecanismos íntimos de suas ações sobre este material (...) (BECKER, s/d, p. 7-8). 
Em suma, o docente acredita que há o conhecimento prévio, que há a herança genética, mas que é fundamental a 
interação na sala de aula, o convívio e as trocas com os colegas de turma, bem como a mediação docente. Professor e aluno 
interagem mutuamente. 
Falamos de maneira breve anteriormente que a pedagogia histórico-crítica dos conteúdos (ou também denominada 
pedagogia crítico-social dos conteúdos) está dentro da Corrente Pedagógica Progressista. Agora, você vai conhecer um pouco 
mais a este respeito. 
Esta tendência surgiu no final da ditadura militar, início dos anos de 1980. Busca uma educação crítica e a superação das 
desigualdades em nossa sociedade. Para esta pedagogia, a escola deve socializar e difundir o saber, atendo-se às realidades 
sociais vigentes dos seus participantes (sejam eles estudantes, profissionais ou outros membros da comunidade). O 
professor faz a mediação do processo de ensino-aprendizagem, porém, preocupa-se fortemente com a realidade de seu 
aluno e suas experiências de vida. Para isto, os conteúdos ensinados devem ser analisados criticamente de acordo com as 
realidades sociais vivenciadas. 
O método de ensino visa estimular a atividade e a iniciativa do professor; favorecer o diálogo dos alunos entre si e com o 
professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levar em conta os interesses dos 
alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos 
conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos. 
Esse método deve fazer a vinculação entre educação e sociedade, onde professores e alunos são tomados como agentes 
sociais (SAVIANI, 2007). 
Ainda de acordo com Demerval Saviani, um dos principais estudiosos desta Pedagogia, existem cinco passos para o 
desenvolvimento da atividade mediadora da Pedagogia Histórico–Crítica dos Conteúdo, a saber: 
Prática Social: trata-se do posicionamento social de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, em 
especial de professor e aluno; 
 
Problematização: verifica-se qual conhecimento é necessário para a resolução dos problemas oriundos da prática 
social; 
 
Instrumentalização: neste momento, os envolvidos no processo devem se apropriar dos instrumentos necessários à 
resolução dos problemas observados na prática social; 
 
Catarse: é a elaboração de uma nova forma de expressão de compreensão da teoria e prática social e acontece através 
de uma síntese mental elaborada pelo educando que pode ser exposta de maneira oral ou escrita; 
 
Prática Social – culminância: trata-se de assumir um posicionamento a partir de todo o conhecimento trabalhado nas 
etapas anteriores. 
Em suma, de acordo com Petenucci: 
A implementação dessa didática está vinculada a uma nova forma dos educadores pensarem a educação, sendo 
necessário muito esforço, estudo, experimentações, coragem para inovar, de divergir, de arriscar, de assumir desafios. 
Portanto, sua aplicabilidade com êxito, depende indubitavelmente do compromisso desses educadores, em aprofundar seus 
conhecimentos teóricos e criarem condições necessárias como, nova forma de planejar e aplicar os conteúdos e as atividades 
escolares, almejando um ensino significativo, crítico e transformador. (PETENUCCI, 2008, p. 14). 
 
Você quer ler? 
É importante você se aprofundar nesta tendência Pedagógica e verificar sua viabilidade na prática. Para isto, indicamos 
fortemente a leitura do livro Uma Didática para Pedagogia Histórico-Crítica, Campinas: Autores Associados, 2005. 
 
4. A função social da educação: o pleno desenvolvimento da pessoa 
Em diversos momentos durante a sua formação enquanto educador, você com certeza terá contato com a expressão: 
função social da escola ou da educação. Já mencionamos aqui anteriormente a importância desta expressão e como ela foi 
abordada em algumas tendências pedagógicas vigentes na sala de aula. Agora, é importante você entender esta ideia por 
completo. 
Quando falamos em função social da escola ou da educação, isto querdizer que a escola não é meramente uma 
instituição que tem como função a transmissão dos conteúdos, consequente memorização por parte dos estudantes e 
reprodução na sociedade. A escola é muito mais do que isso. Orientamos que acesse o site do Ministério da Educação e 
verifique que, uma das premissas do Ensino Fundamental é formar um cidadão, no sentido pleno da palavra. Pois educar é, 
segundo Celina Alves Arêas: 
Processo e prática social constituída e constituinte das relações sociais mais amplas; Processo contínuo de formação; 
Direito inalienável do cidadão. A prática social da Educação deve ocorrer em espaços e tempos pedagógicos diferentes, para 
atender às diferenciadas demandas. Como prática social, a educação tem como lócus privilegiado a escola, entendida como 
espaço de garantia de direitos. (ARÊAS, 2008, p. 4). 
Portanto, quando falamos em prática social, está subentendido que uma de suas premissas é o respeito aos espaços e 
tempos pedagógicos de cada um, bem como suas experiências prévias e a forma como se constrói dentro e fora da sala de 
aula. 
4.1. Sistema educacional e sistema escolar: educação escolar, formal e não formal 
Sistema educacional brasileiro é a maneira como está estruturada a educação regular em nosso país, por educação 
regular entende-se a educação institucionalizada e suas etapas, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino 
Médio, Ensino Superior. Sendo que somente o Ensino Superior não é obrigatório. Com relação aos demais, é dever da escola 
e da família seu provimento, por ser direito de todo o cidadão. Dever da escola de oferecer a vaga (acesso) e condições de 
sucesso escolar (permanência) e, dever da família em matricular a criança e oferecer condições para o seu pleno 
desenvolvimento em todas as etapas da Educação. Estes dizeres encontram-se em nossa Constituição Federal no artigo nº 
205. 
De acordo com Menezes (1998), entende-se por sistema escolar: 
Em 1954, Querino Ribeiro apresentou a seguinte definição de sistema escolar: “Por sistema escolar se entende um 
conjunto de escolas que, tomando o indivíduo desde quando, ainda na infância, pode ou precisa distanciar-se da família, leva-
o até que, alcançando o fim da adolescência ou a plena maturidade, tenha adquirido as condições necessárias para definir-se 
e colocar-se socialmente, com responsabilidade econômica, civil e política”. O que esta definição tem de mais notável é o fato 
de não se deter no exame da estrutura do sistema escolar, para focalizar, de preferência, os resultados do processo de 
escolarização. (MENEZES, 1998, p. 127). 
Agora, vamos nos ater aos itens: educação formal, não formal e informal. Para que você possa compreender o nível de 
abrangência do nosso sistema educacional brasileiro. 
A Educação Formal, como o próprio nome sugere, acontece em ambientes e com práticas pedagógicas Institucionalizadas 
de maneira intencional. Traduzindo: acontece na escola regular, onde há professores e planejamento para as ações 
cotidianas da sala de aula. Podemos aproximar esta definição do conceito de intencionalidade pedagógica, que se traduz pela 
intenção e planejamento prévio de educadores no ato de ensinar. O professor se prepara para lecionar, estuda, realiza um 
planejamento, verifica quais serão seus objetivos, metodologia e formas de avaliar e o aluno, é acompanhado diariamente, é 
exigido em diversos momentos e avaliado ao final do processo em que obterá aprovação ou reprovação. 
A Educação Não-Formal acontece fora da sala de aula ou dos espaços formais de educação, não há planejamento 
pedagógico por trás desta ação. São desenvolvidas diversas atividades para diversos grupos e, portanto, não há um conteúdo 
único a ser seguido, bem como não há uma única forma de avaliar e determinar um conceito de aprovação. 
Já a Educação Informal é resultado de tudo que acontece no cotidiano do estudante, dentro e fora do ambiente formal de 
estudos. Ocorre em cada experiência realizada, seja ela planejada ou não, em cada contato com o outro, em cada evolução 
cognitiva e social. 
4.2. Responsabilidades da escola e da família na educação para a vida 
Neste momento, para finalizarmos esta primeira unidade, é importante que você, futuro educador, saiba das 
responsabilidades que são destinadas tanto à família quanto à escola, para o pleno desenvolvimento de nossos alunos, 
futuros cidadãos. Você já viu quais são as obrigações previstas em lei por estas duas Instituições (família e escola), mas é 
importante que você saiba que não basta apenas oferecer uma vaga e matricular a criança na escola. Educar, é muito mais do 
que isto. Tanto a família quanto escola tem o dever de acompanhar e oferecer plenas condições para o desenvolvimento do 
estudante. Isto quer dizer que o professor tem que ministrar sua aula, verificar se os estudantes estão acompanhando e 
conseguindo compreender o conteúdo e, se não estiverem, este professor deve traçar uma nova rota metodológica. Esta é 
uma atividade de um professor reflexivo. 
E agora você deve estar se perguntando, o que é um professor reflexivo? Trata-se de um profissional que analisa suas 
práticas, o seu cotidiano, o desenvolvimento de seus estudantes, seu planejamento, seus instrumentos de avaliação e assim 
por diante. É aquele professor que, mediante uma turma que tem um fraco desempenho em uma avaliação, questiona a sua 
metodologia e até mesmo a sua avaliação. E, a partir desta reflexão, traça novos caminhos. 
Este é o professor que queremos, um profissional sério, comprometido, questionador, pesquisador, reflexivo. E não 
aquele profissional de antigamente, que acreditava já saber tudo e não precisar alterar sua metodologia em nada, mesmo 
diante de uma turma que não aprende. Este é o perfil de profissional que você, futuro educador, deverá buscar, sempre! 
Unidade 2 - Competências Didáticas 
Introdução 
Nesta unidade, você conhecerá as competências específicas para ensinar, discutindo autores modernos como Philippe 
Perrenoud e autores clássicos como John Dewey para que você possa chegar às suas próprias conclusões. Mais do que 
falarmos dos novos pressupostos implícitos nas tendências pedagógicas utilizadas, atualmente, nas escolas, você terá o 
embasamento teórico necessário para tornar-se, ao final da Licenciatura, um conceptor dirigente de situações de 
aprendizagem. 
Posteriormente, serão apresentadas a você novas metodologias de ensino-aprendizagem que favorecem, fortemente, seu 
desenvolvimento enquanto professor e, consequentemente, de seus alunos. Além disso, estimulam o desenvolvimento 
cognitivo, social, motor e educacional de todos os envolvidos no processo. 
O trabalho com projetos representa uma das metodologias utilizadas desde a Educação Infantil até o Ensino Superior. 
Falaremos também à respeito dos temas transversais, e do conhecimento em rede, ambos temas urgentes e vigentes em 
grande parte das escolas brasileiras. 
Bom estudos! 
1. Competências específicas na organização e gerenciamento de situações de aprendizagem 
Esta disciplina intitula-se: Didática, e, a todo momento, você é questionado sobre o que é ter ou não didática. Será que é 
possível um professor atuar e não ter didática? Sim, é possível. Então, provavelmente agora você está se perguntando: 
“como adquirir a tão famosa didática? 
Nós podemos responder esse questionamento com uma frase de Paulo Freire: 
“Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado 
para ser educador. A gente se faz educador, na prática e na reflexão sobre a prática” (FREIRE, 1991, p. 58). 
Com a expressão Educador, fica subentendido que educar é ter didática, ou, ao menos, preocupar-se em aperfeiçoar sua 
didática, bem como seu cotidiano na sala de aula, tendo como objetivo final o processo de ensino- aprendizagem. 
Agora, traremos a você, futuro educador, os principais pensadores/educadores que se preocuparam com esta temática, 
de modo que possamos ter o embasamento necessário pararefletir sobre a prática docente. Vamos lá? 
O primeiro autor a ser abordado aqui é Philippe Perrenoud, em sua famosa obra: “10 Novas Competências para Ensinar”. 
Neste livro, Perrenoud questiona a formação e especialização docente em diversos momentos; trata da nossa graduação em 
Licenciatura e de como, em muitos casos, tal formação é deficitária; questiona também como conseguiremos formar alunos 
críticos e conscientes do seu papel, sem que tenhamos, enquanto professores, esta “capacidade formativa”. 
Neste momento, nos interessa em específico, estudar o primeiro capítulo de seu trabalho, intitulado: “Organizar e dirigir 
situações de aprendizagem”. 
1.1. Como ser um conceptor dirigente de situações de aprendizagem 
Perceber-se como um conceptor-dirigente de situações de aprendizagens, segundo Perrenoud, é, minimamente, refletir 
sobre a sua prática, conhecer metodologias ativas e, a partir delas, questionar a metodologia utilizada, em relação à 
pertinência e eficácia. 
O autor questiona em diversos momentos o modo de ensinar e como os estudantes aprendem, ou seja, “será que a forma 
como ensino é eficaz para o aprendizado de meus estudantes? ” E “se não for, como saberei?” 
Obviamente, este é um dilema enfrentado pelos docentes desde que os educadores tomaram consciência de que o 
ensino tradicional ou educação bancária estava fadado ao fracasso. Desde o movimento da Escola Nova, na década de 30 do 
século passado, nos conscientizamos de que o centro do processo educacional é o estudante e não o professor. A partir daí, 
surgiram inúmeras tendências pedagógicas que perseguem a “fórmula mágica” de ensinar e aprender. 
 
Figura 1 - Para trabalharmos didaticamente não existe fórmula mágica, é necessário empenho e dedicação. 
Fonte: Pixabay, 2019 
Obviamente, não encontramos essa “fórmula mágica”. Caso tivéssemos encontrado, o debate em torno das 
competências docentes estaria encerrado e o que vemos é que estamos muito longe do término destas discussões. E você 
pode se perguntar porque estamos longe de findar este debate? 
As respostas podem ser múltiplas e, com certeza, não são simples. Em primeiro lugar, lidamos com seres humanos, que 
evoluem com o passar dos tempos, tanto professores quanto alunos estão em constante mutação. Hoje em dia, inclusive, 
mediados pela tecnologia que será abordada ao final desta unidade. 
Você com certeza já escutou a expressão que afirma que nossos alunos estão muito mais avançados que seus professores 
e suas escolas não é mesmo? E quando será que estes elementos conseguirão caminhar juntos? Esta resposta não é tão 
complexa, basta analisarmos os elementos envolvidos, como a formação dos professores, sua didática e formas de avaliar, 
constituição dos estudantes e, é claro, da própria escola. 
Voltando a Perrenoud, quando ele afirma que o professor deve organizar e dirigir situações de aprendizagem, o autor 
quer nos dizer que “acentua a vontade de conceber situações didáticas ótimas” (PERRENOUD, 2000, p. 25). E o que seria 
organizar situações didáticas ótimas? Veja a justificativa do autor para esta expressão: 
“Organizar e dirigir situações de aprendizagem é manter um espaço justo para tais procedimentos. É, sobretudo, 
despender energia e tempo e dispor das competências profissionais necessárias para imaginar e criar outros tipos de 
situações de aprendizagem, que as didáticas contemporâneas encaram como situações amplas, abertas, carregadas de 
sentido e de regulação, as quais requerem um método de pesquisa, de identificação e de resolução de 
problemas (PERRENOUD, 2000, p. 25-26).” 
Isto quer dizer, na prática que, o professor deve partir do geral para o específico, atentando-se: a qual conteúdo será 
ministrado e dentro de qual sequência; quais são os conhecimentos prévios dos alunos a respeito deste conteúdo; quais 
serão os possíveis obstáculos de aprendizagem (e, ainda, corrigir a rota, a partir dos obstáculos vivenciados no percurso); 
planejar sequências didáticas, planos de aulas, experiências, vivências; envolver os alunos em atividades de pesquisa, 
tornando-os elementos centrais do processo educacional. 
Todos estes itens são fundamentais para Perrenoud e entendemos que para você, futuro educador, também. No entanto, 
vamos nos ater ao item Construir e Planejar Dispositivos e Sequências Didáticas por entendermos que, este elemento está 
diretamente ligado ao escopo desta disciplina. 
 
Você quer ler? 
Para os demais itens, orientamos fortemente a leitura do livro de Perrenoud. 
Disponível no Link: http://abenfisio.com.br/wp-content/uploads/2016/06/10-novas-competencias-para-ensinar.pdf 
 
Neste subitem, Perrenoud afirma que uma situação de aprendizagem não acontece ao acaso e que o educador deve 
colocar os estudantes frente à desafios que necessitem de uma resolução. Isto significa expor o aluno, por exemplo, à um 
projeto, trabalho com situações-problema ou outras possibilidades. 
O que é fundamental nesse caso, segundo o autor: 
“(...)retenho aqui o essencial, transponível a outros conhecimentos, em outras disciplinas: a construção do conhecimento é 
uma trajetória coletiva que o professor orienta, criando situações e dando auxílio, sem ser o especialista que transmite o 
saber, nem o guia que propõe a solução para o problema (PERRENOUD, 2000, p. 35).” 
Neste momento, é importante frisar que o trabalho com experiências em sala de aula traduz-se em uma potente 
ferramenta didática. É primordial que você, enquanto educador, estude e conheça as experiências que serão realizadas em 
sala, por exemplo, em uma aula de Ciências no Ensino Fundamental I. Assim, você saberá, previamente, quais os possíveis 
resultados alcançados pelos seus alunos. Entretanto, é preciso sempre manter-se aberto, pois podem surgir produtos finais 
inéditos. 
Para isto, Perrenoud afirma ser essencial nos basearmos nas teorias construtivistas, nas quais o aluno é protagonista do 
processo e que a construção do conhecimento se dá por meio do conflito cognitivo criado pela inserção de novos 
conhecimentos. 
1.2.Quais são as competências do novo professor? 
Vimos na unidade anterior que, a formação inicial, ou seja, sua Licenciatura é a base para o ingresso no ramo da 
Educação, certo? Saiba que, além da formação inicial, o professor deve sempre buscar a formação continuada, isto é, realizar 
cursos após a conclusão da Licenciatura, sejam eles: Pós-Graduação, Extensão ou cursos de Aperfeiçoamento. 
Além disso, o professor é um agente reflexivo a respeito de suas práticas. Isto quer dizer que, se em uma turma de 40 
alunos, 30 deles obtém péssimas notas em minhas provas, o problema pode estar na minha prática pedagógica ou, mais 
ainda, na redação ou formulação de minhas questões. 
Se o professor não se dá conta desta situação, não reflete sobre sua prática e, com isso, fica estacionado no tempo, sem 
acompanhar a evolução de seus alunos e da escola, como mencionamos no início da unidade. 
Para se tornar um professor reflexivo, aqui vão algumas dicas retiradas do livro 10 novas competências para ensinar de 
Philippe Perrenoud (2000). As dez competências segundo o autor, são: 
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem; 
http://abenfisio.com.br/wp-content/uploads/2016/06/10-novas-competencias-para-ensinar.pdf
2. Administrar a progressão das aprendizagens; 
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; 
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e trabalhos; 
5. Trabalhar em equipe; 
6. Participar da administração da escola; 
7. Informar e envolver os pais; 
8. Utilizar novas tecnologias; 
9. Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão; 
10. Administrar sua própria formação contínua. 
Tratam-se, obviamente, de indicações do autor e não um guia a ser seguido à risca. É fundamental conhecer as 
possibilidades, ainda que os objetivos estejam distantes, o direcionamento é sempre válido para atingir eficácia no processo 
de ensino-aprendizagem e de construção do educador. 
Percebe-se, no entanto, nas dez competênciaslistadas por Perrenoud, que este novo profissional é ativo e proativo, que 
busca conhecer e administrar a progressão das aprendizagens de seus alunos. A partir desta competência, entende-se que 
cada aluno é único e que, por isto mesmo, os ritmos de aprendizagem são diferenciados. 
O educador precisa valorizar o trabalho em equipe para o crescimento individual e coletivo; entende-se como 
participante da escola e atuante no desenvolvimento e não, meramente, um elemento passivo, receptor de informações e 
tarefas; envolve a família de seus alunos por entender que estes constituem um extensão do resultado apresentado pelo 
aluno em sala de aula; é atualizado e busca utilizar as novas tecnologias a favor do desenvolvimento estudantil; conhece e 
enfrenta os dilemas de sua profissão, provavelmente, a partir da sua percepção de ser inacabado e que, por isso, aprende 
sempre. 
2. Os Temas Transversais na Educação 
Neste momento, vamos apresentar a você, os temas transversais trabalhados em Educação, atualmente, além de 
descrever sua importância para o desempenho docente em sala de aula. De acordo com a Introdução do PCN – Parâmetros 
Curriculares Nacionais dos Temas Transversais: 
“Nosso objetivo é auxiliá-lo na execução de seu trabalho, compartilhando seu esforço diário de fazer com que as crianças 
dominem os conhecimentos de que necessitam para crescerem como cidadãos plenamente reconhecidos e conscientes de seu 
papel em nossa sociedade. Sabemos que isto só será alcançado se oferecermos à criança brasileira pleno acesso aos recursos 
culturais relevantes para a conquista de sua cidadania. Tais recursos incluem, tanto os domínios do saber tradicionalmente 
presentes no trabalho escolar, quanto às preocupações contemporâneas com o meio ambiente, a saúde, a sexualidade e com 
as questões éticas relativas à igualdade de direitos, à dignidade do ser humano e à solidariedade” (BRASIL, 1997, p.4). 
Os Temas Transversais existem, justamente, porque se tratam de temas atuais não contemplados na devida proporção 
em outras disciplinas da Educação Básica. Foram elaborados juntamente com os demais PCN´s na década de 90, após a 
promulgação da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 
Vamos conhecer um pouco a respeito das áreas que constituem os temas transversais: ética, cidadania, meio ambiente, 
pluralidade cultural, saúde e orientação sexual. Antes, porém, é importante observar os critérios adotados para a escolha 
destes 6 temas, são eles: 
Urgência Social 
 
Trata-se da escolha de temas urgentes que impedem a formação do cidadão, ferindo a dignidade humana. 
Abrangência Nacional 
 
Buscou-se abarcar temas que necessitam de discussão e direcionamento em todo o país. 
Possibilidade de ensino-aprendizagem no ensino fundamental 
 
A prioridade foi a escolha de temas que pudessem ser trabalhados na faixa etária de 6 a 10 anos de idade, muitos deles, 
inclusive, já trabalhados na disciplina de Ciências. 
Favorecer a compreensão da realidade e a participação social 
O conteúdo trabalhado em sala de aula deve extrapolar os muros da escola em busca da formação de uma sociedade, 
composta por cidadãos de direito, conscientes da escolha de todos e de cada um e da necessidade de respeito ao próximo. 
Agora, vamos conhecer um pouco a respeito de cada tema transversal, de acordo, com as definições que constam no PCN 
citado acima. 
Ética: de acordo com o PCN dos Temas Transversais: 
“A Ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas. A pergunta ética por excelência é: “Como agir perante os 
outros?”. Verifica-se que tal pergunta é ampla, complexa e sua resposta implica tomadas de posição valorativas. A questão 
central das preocupações éticas é a da justiça entendida como inspirada pelos valores de igualdade e equidade.” (BRASIL, 
1997, p. 26) 
A ética está presente em todas as situações da nossa vida cotidiana, inclusive, permeando todas as relações escolares: 
entre alunos, aluno-professor, professor-professor, coordenadores, diretores, funcionários administrativos, comunidade e 
família. A ética encontra-se, portanto, no dia a dia na sala de aula, nas escolhas de conteúdos, objetivos, metodologias, 
formas de avaliar e, ainda, nas preferências dos alunos e alunas. 
Pluralidade Cultural: Trata-se do respeito mínimo e necessário aos grupos e identidades culturais que constituem nossa 
sociedade, vindas das diferentes etnias que as compõem, bem como refugiados, migrantes e imigrantes presentes em todo o 
território nacional. Segundo o PCN: 
“O grande desafio da escola é investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada pela 
diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que 
compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria 
cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural” (BRASIL, 1997, p. 27). 
Agora, imagine-se numa situação em sala de aula, sem as habilidades adequadas para lidar com alunos imigrantes ou 
refugiados, contribuindo com eventual preconceito que possa surgir na convivência entre as crianças. Por este e outros 
motivos, é fundamental que o professor seja um profissional reflexivo, que se observa, analisa seus pontos fortes e tenta 
superar os pontos fracos, por meio do estudo e aperfeiçoamento constante enquanto educador. 
Meio Ambiente: Este tema, também trabalhado na disciplina de Ciências Naturais no Ensino Fundamental, é urgente, 
pois trata-se, não somente do desenvolvimento da natureza e dos animais, mas de como a ação do homem interfere neste 
processo: 
“(...)é preciso refletir sobre como devem ser as relações socioeconômicas e ambientais, para se tomar decisões adequadas 
a cada passo, na direção das metas desejadas por todos: o crescimento cultural, a qualidade de vida e o equilíbrio 
ambiental” (BRASIL, 1997, p. 27). 
Saúde: Quando falamos em saúde, são múltiplos os fatores que podem garantir boa saúde ou não; muitos deles passam 
por informação e conhecimento. Informação é uma mensagem, um dado, um número; conhecimento é o que se faz com esta 
informação. A forma como educamos nossas crianças pode garantir uma sociedade saudável e sustentável e esta educação, 
sem dúvida, começa na sua sala de aula: 
“A escola cumpre papel destacado na formação dos cidadãos para uma vida saudável, na medida em que o grau de 
escolaridade em si tem associação comprovada com o nível de saúde dos indivíduos e grupos populacionais” (BRASIL, 1997, 
p. 27). 
Orientação Sexual: De acordo com o PCN: 
“A Orientação Sexual na escola deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica que tem como objetivo 
transmitir informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a 
ela associados” (BRASIL, 1997, p. 28). 
É importante salientar que não se trata de incentivo ao sexo de forma desenfreada, mas sim, de esclarecimento junto às 
crianças sobre questões que as atingem no cotidiano de suas casas e que muitas vezes podem se transformar em: abuso 
sexual, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, dentre outros problemas de saúde pública. 
Trabalho e Consumo: É importante você saber que, de acordo com o Ministério da Educação, este tema é indicado no 
trabalho com Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano), no entanto, é fundamental que o conheçamos. Uma vez que é possível 
trabalhar esse tema já durante o Ensino Fundamental I, o que torna os conceitos familiares e pode auxiliar o estudante em 
sua entrada para o mercado de trabalho. 
“Na discussão sobre a relação entre escola e trabalho o que se afirma, é que garantir aos alunos sólida formação cultural, 
favorecendo o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes de cooperação, solidariedade e justiça contribui 
significativamente tanto para a inserção no mercado de trabalho quanto para a formação de uma consciência individual e 
coletiva dos significadose contradições presentes no mundo do trabalho e do consumo, das possibilidades de 
transformação” (BRASIL, 1997, p. 344). 
Para finalizar o tópico sobre Temas Transversais, salientamos que dentro do documento introdutório consta um tópico 
denominado Temas Locais, que se refere: 
“(...) embora os temas tenham sido escolhidos em função das urgências que a sociedade brasileira apresenta, dadas as 
grandes dimensões do Brasil e as diversas realidades que o compõem, é inevitável que determinadas questões ganhem 
importância maior em uma região. Sob a denominação de Temas Locais, os Parâmetros Curriculares Nacionais pretendem 
contemplar os temas de interesse específico de uma determinada realidade a serem definidos no âmbito do Estado, da cidade 
e/ou da escola. Uma vez reconhecida a urgência social de um problema local, este poderá receber o mesmo tratamento dado 
aos outros Temas Transversais” (BRASIL, 1997, p. 28). 
2.1. Origem das disciplinas e os caminhos da transversalidade 
Neste item, vamos conhecer um pouco a respeito da origem das disciplinas escolares e os caminhos que as levam para a 
transversalidade. 
Diversos autores tratam da questão da história das disciplinas escolares, e muitos convergem para a ideia de que, na 
escola, trabalhamos a produção das disciplinas a partir de suas relações com a cultura escolar, de acordo com Pinto (2014): 
(busca-se) “produzir uma história comprometida com a circulação de objetos culturais, com o estabelecimento de relações 
entre os saberes escolares e com representações construídas pelos sujeitos, em diferentes tempos e espaços escolares” 
(PINTO, 2014, p. 127). 
Entende-se ser fundamental nesta discussão o estabelecimento de relações entre os saberes escolares, por meio da 
atuação dos sujeitos nos diferentes tempos e espaços escolares. Ainda, a busca maior é em oferecer sentido à uma disciplina 
escolar. 
Agora, é importante você, enquanto futuro educador, lembrar-se do tempo que passou na Educação Básica para analisar 
se o que você produzia fazia algum sentido e contribuiu de alguma forma para o seu desenvolvimento, ou não. 
Veja o que nos diz Pinto (2014) a este respeito: 
“Contudo, buscar finalidades do ensino não é algo simples, elas nunca se apresentam diretamente acessíveis e facilmente 
explícitas. No caso de uma disciplina ministrada em um curso, em determinado período histórico, a partir de um determinado 
projeto educativo, as finalidades nunca estão bem definidas: são sempre complexas, e a busca de seus indícios requer uma 
análise mais refinada, envolvendo várias aproximações às fontes constituídas” (PINTO, 2014, p. 135). 
O que queremos dizer com isto é que, muitas vezes, enquanto docentes, não acreditamos na finalidade de determinada 
disciplina ou conteúdo, ainda que sua abordagem seja obrigatória. Por isso, é fundamental analisar como se desassociar do 
livro didático e de práticas pré-estabelecidas e tornar o ensino significativo ao aluno, dentro do processo de construção de 
senso crítico e cidadania. Nesse contexto, a utilização da transversalidade na Escola é primordial. 
Você já viu no início deste conteúdo quais os temas transversais trabalhados na escola, atualmente. Agora nos resta saber 
como trabalhar com estes temas em sala de aula. 
A transversalidade é, portanto, o caminho que se espera para a construção do conhecimento significativo: 
“(...) na concepção de transversalidade que adotamos, os conteúdos tradicionais da escola deixam de ser a finalidade da 
educação e passam a ser concebidos como meio, como instrumentos para trabalhar os temas que constituem o centro das 
preocupações sociais. Entendemos que se esses conteúdos (tradicionais) estruturam-se em torno de eixos que exprimem a 
problemática cotidiana atual e que, inclusive, podem constituir finalidades em si mesmos, convertem-se em instrumentos cujo 
valor e utilidade são evidenciados pelos alunos e pelas alunas” (ARAÚJO, 2008, p. 195). 
2.2. Pedagogia de Projetos e Transversalidade na Escola 
De certa forma, entendemos que os temas transversais fazem parte do cotidiano das pessoas e que os conteúdos 
tradicionais, elencados dentro das disciplinas oficiais da Educação Básica, devem apropriar-se destes temas para contribuir 
para o desenvolvimento de nossos alunos, de modo que sejam autores do conhecimento, e não meros reprodutores de 
conteúdos. De acordo com Araújo (2008): 
“De maneira específica, o construtivismo, ao reconhecer o papel ativo e autoral de alunos e alunas na construção e na 
constituição de suas identidades e de seus conhecimentos, coloca os sujeitos da educação no centro do processo de ensino-
aprendizagem. Se quisermos, de fato, promover a formação ética e para a cidadania, a partir da introdução de temáticas que 
objetivem a educação em valores, que tentem responder aos problemas sociais, e conectar a escola com a vida das pessoas, 
podemos assumir a epistemologia construtivista como referencial para a construção das práticas da transversalidade 
(ARAÚJO, 2008, p. 194-195). 
Entendemos que, quando trabalhamos a partir dos temas transversais, colocamos a ética e cidadania no eixo do processo 
educacional, aliando conhecimentos científicos (curriculares) e cotidianos, dando novo sentido à escola. E de que forma isto 
pode ser feito? 
Principalmente, por meio da solução de problemas vivenciados dentro e fora da escola. Vamos trabalhar em um exemplo, 
para facilitar a compreensão. 
No início do ano de 2019, o país foi assolado pela tragédia de Brumadinho (Minas Gerais), que foi invadida por uma 
barragem de rejeitos, sob a responsabilidade de uma empresa mineradora que atua em grande parte das barragens no Brasil. 
 Este assunto foi o primeiro a ser tratado na maioria das escolas do país e, muitas vezes, não estava previsto no conteúdo 
oficial das disciplinas ou do ano letivo. 
Trata-se, efetivamente, de um tema transversal (Meio Ambiente) que foi discutido na prática pelos alunos, por conta da 
comoção que o assunto causou aos brasileiros. Diversos alunos, certamente, levaram o tema para suas famílias e foram 
multiplicadores do saber, constituindo-se, desta forma, em um tema de grande contribuição para a construção do 
conhecimento. 
E de que forma o professor pode trabalhar temas transversais? Em primeiro lugar, deve partir do interesse dos alunos e 
de seus conhecimentos prévios a respeito do tema, depois, pode elaborar situações didáticas que favoreçam a interação e o 
trabalho em grupo. 
A título de sugestão, seria indicado também finalizar com a elaboração de um produto final (cartaz, encenação teatral, 
vídeo, dentre outras possibilidades). Veremos mais detalhadamente estas possibilidades a seguir, quando adentrarmos na 
temática relativa à Pedagogia de Projetos. 
3. Os Projetos e outras formas globalizadas de organizar a ação didática 
O trabalho com projetos é comum nas escolas e pode ser utilizado desde a Educação Infantil até o Ensino Médio e, 
também, no Ensino Superior. Parte-se, à princípio, de temas de interesse dos alunos. O professor pode descobrí-los a partir 
de levantamentos prévios em uma roda de conversa, por exemplo. 
A partir da escolha do tema, o docente irá trabalhar o que chamamos de Sequência Didática. Este termo é muito 
importante em sua formação docente e será utilizado em diversas disciplinas no decorrer do curso de graduação. Sequência 
didática nada mais é do que o planejamento de suas aulas em função de um determinado tema. 
Voltemos ao exemplo anterior de Brumadinho (MG), se você optasse por trabalhar este tema, teria que partir dos 
conhecimentos prévios de seus alunos, apresentar e construir novos dados até que chegassem à um produto final, podendo 
ser, neste caso, uma proposta ambiental para as mineradoras ou até para o próprio governo federal. 
Então, dentro da sequência didática, o educador constrói planos de aula. Plano de aula é a ferramenta que auxilia no 
planejamento didático das aulas. Na próxima unidade, trataremos com maior ênfase nesse tema. 
Aqui, é necessárioque você compreenda que a sequência didática representa o nível macro e é composta de planos de 
aula, caracterizando o nível micro da organização pedagógica. 
3.1. Quais são os passos norteadores da planificação de um projeto e seus princípios, segundo Dewey 
Os principais representantes do pensamento da Pedagogia de Projetos são John Dewey e William Kilpatrick. Dewey 
acreditava que o aprendizado dos alunos dá-se por meio da ação e experiência e que, para isto, as temáticas deveriam ir ao 
encontro de situações vivenciadas na escola, família e sociedade. Segundo BARBOSA e HORN (2008): 
“O foco é a vida em comunidade e a resolução de problemas emergentes da mesma. Nesse contexto, a sala de aula 
funciona como uma comunidade em miniatura, preparando seus participantes para a vida adulta”. (BARBOSA e HORN, 
2008) 
Dewey estabeleceu quatro passos para o planejamento de um projeto, a saber: 
“Quatro passos eram considerados norteadores da planificação de um projeto: decidir o propósito do projeto, realizar um 
plano de trabalho para sua resolução, executar o plano projetado e julgar o trabalho realizado” (BARBOSA e HORN, 2008, 
p.18). 
Em outras palavras, decidir o tema, como explicitamos anteriormente, planejar, executar e avaliar. A seguir, listamos os 
princípios fundamentais para a elaboração do projeto na escola, de acordo com Dewey (o texto foi extraído do livro 
Pedagogia de Projetos na Educação Infantil de Barbosa e Horn (2008): 
a) princípio da intenção – toda ação, para ser significativa, precisa ser compreendida e desejada pelos sujeitos, deve ter 
um significado vital, isto é, corresponder a um fim, ser intencional, proposital; 
b) princípio da situação-problema – o pensamento surge de uma situação problemática que exige analisar a dificuldade, 
formular soluções e estabelecer conexões, constituindo um ato de pensamento completo; 
c) princípio da ação – a aprendizagem é realizada singularmente e implica à razão, emoção e sensibilidade, propondo 
transformações no perceber, sentir, agir, pensar; 
d) princípio da real experiência anterior – as experiências passadas formam a base na qual se assentam as novas; 
e) princípio da investigação científica – a ciência constrói-se a partir da pesquisa e a aprendizagem escolar também deve 
constituir-se desse princípio; 
f) princípio da integração – apesar de a diferenciação ser uma constante nos projetos, é preciso partir de situações 
fragmentadas e construir relações, explicitar generalizações; 
g) princípio da prova final – verificar se, ao final do projeto, houve aprendizagem e se algo se modificou; 
h) princípio da eficácia social – a escola deve oportunizar experiências de aprendizagem que fortaleçam o 
comportamento solidário e democrático. 
3.2 Como se dá a organização da ação pedagógica por Tema Gerador, Unidade Didática, Centros de Interesses e 
Projetos 
Dewey enfrentou alguns problemas na implementação da Pedagogia de Projetos nas escolas americanas, isto porque, o 
currículo estava previamente elaborado, contendo conteúdos fragmentados que não dialogavam entre si. Dessa forma, não 
havia integração, conceito fundamental na metodologia de Dewey. A necessidade de previsão de tempo e duração das 
atividades também prejudicou de certa forma a execução de grande parte dos projetos de Dewey, já que essa era uma 
prática nova dentro do contexto das escolas americanas. 
Sabemos, atualmente, que o trabalho com projetos é uma realidade em grande parte das escolas, permite um 
planejamento do aprendizado, bem como a construção significativa do conhecimento. Segundo Barbosa e Horn (2008), 
podemos agregar a Pedagogia de Projetos aos Temas Geradores, metodologia elaborada por Paulo Freire, que trabalha na 
escolarização de adultos que não concluíram seus estudos na época correta, a partir de temas que possuem relação com o 
contexto socioeconômico e cultural no qual se insere o indivíduo” (BARBOSA e HORN, 2008, p.19). 
Para se ter uma ideia, quando alfabetizamos adultos a partir dos temas geradores, não será utilizada a Cartilha 
Alfabetizadora. O educador parte de temas do cotidiano de seus alunos e, para isto, é preciso conhecê-los. Saber que, na 
minha turma temos alunos que trabalham com construção civil ou em serviços domésticos facilita a forma de alfabetizar, 
pois, ao invés de partirmos de frases sem contextos como “a babá lava o bebê”, o professor alfabetizador ensinará palavras 
presentes no cotidiano das pessoas, tais como, de acordo com o exemplo: materiais utilizados na construção civil, 
procedimentos que estes trabalhadores devem realizar a partir de instruções de Engenheiros e Arquitetos, e assim por 
diante. 
Existem outros modelos metodológicos como os centros de interesse e unidade didática. Resumidamente, as unidades 
didáticas partem da aprendizagem por meio da assimilação de conteúdos; o professor tem o papel de transmiti-los e o aluno 
trabalha a partir da execução e repetição de tarefas. Já os centros de interesse, trabalham por meio da pesquisa, 
experimentação e descoberta; o professor planeja as tarefas, previamente, e o aluno será o executor das atividades. 
A seguir, trazemos para você um quadro baseado no livro Projetos Pedagógicos na Educação Infantil, que traz a 
comparação destas metodologias citadas aqui: Tema Gerador, Unidade Didática, Centros de Interesses e Projetos. 
Quadro 1 - Comparação com base em Hernández e Ventura (1998) 
 
Fonte: BARBOSA, M.; HORN, M. Projetos 
Pedagógicos na Educação Infantil. 
Porto Alegre: Artmed, 2008. 
4. O Conhecimento como Rede 
É importante que fique claro para você, 
futuro educador, que a proposta de trabalho 
com temas transversais, bem como com a 
Pedagogia de Projetos só terá sentido se 
pudermos interligar os conteúdos, do 
contrário, permanecerão como estão: 
conteúdos fragmentados, trabalhados, 
isoladamente, dentro de cada currículo ou 
disciplina; sem estabelecer relação de 
sentido para aqueles que atuam nesses 
projetos. 
Essa metáfora de rede é discutida por Araújo (2008) em seu artigo intitulado Pedagogia de Projetos e direitos humanos: 
caminhos para uma educação em valores, que nos diz: 
(...) a ideia de rede é entendida como metáfora para a representação do conhecimento e possui, como material 
constitutivo de sua teia de relações, as significações que Machado (1995, p.138), de forma resumida, afirma: 
 
§ compreender é aprender o significado; 
 
§ aprender o significado de um objeto ou de um acontecimento é vê-lo em suas relações com outros objetos ou 
acontecimentos; 
 
§ os significados constituem, pois, feixes de relações; 
 
§ as relações entretecem-se, articulam-se em teias, em redes, construídas social e individualmente, e em permanente estado 
de atualização; 
 
§ em ambos os níveis - individual e social - a ideia de conhecer assemelha-se à de enredar (ARAÚJO, 2008, p.199). 
Veremos um pouco mais a este respeito, no item a seguir. 
4.1 A rede e o projeto como estratégia pedagógica 
A ideia da construção do conhecimento, feita no modelo pedagógico de rede, vai em sentido contrário às ideias de 
encadeamento e linearidade e está mais próxima da ideia de hipertexto. Essa concepção está diretamente ligada à internet, 
em que o usuário pode construir seu conhecimento da forma como desejar, sem necessariamente partir da unidade 1 até a 
4, por exemplo, permeando os conteúdos pré-estabelecidos, da maneira que considerar mais adequada. Araújo (2008) utiliza 
os pressupostos de Pierre Levy para tratar desta noção do conhecimento por meio do conceito de rede. 
É importante que você perceba aqui como estes princípios estão ligados à ideia de projeto que mencionamos 
anteriormente. Vamos a eles, segundo Araújo (2008, p. 199-200): 
Princípio de metamorfose A rede está em constante construção e transformação e, a cada instante, podem alterar-se os 
feixes que compõem os nós, atualizando o desenho da rede. 
Princípio de heterogeneidade 
Os nós e as conexões de uma rede são heterogêneos, significando que existe uma multiplicidade depossibilidades de 
interligação entre eles. Apenas como exemplo, nessas ligações, que podem ser lógicas, afetivas, analógicas, sensoriais, 
multimodais, multimídias, podem ser utilizados sons, imagens, palavras e muitas outras linguagens. 
Princípio de multiplicidade e de encaixe das escalas A rede organiza-se de modo “fractal”, ou seja, qualquer nó ou conexão, 
quando analisado, pode revelar-se como sendo composto por toda uma rede e, assim por diante, indefinidamente (Levy, 
1993, p.25). 
Princípio de exterioridade A rede é permanentemente aberta ao exterior, à adição de novos elementos e conexões com 
outras redes. 
https://anhembi.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/EDU_DIDATI_19/unidade_2/ebook/index.html
Princípio de topologia Na rede, o curso dos acontecimentos é uma questão de topologia, de caminhos. 
Princípio de mobilidade dos centros A rede não tem centro, ou pode ter vários centros que trazem ao redor de si pequenas 
ramificações. 
Agora, vamos transpor alguns destes princípios para a ideia de trabalharmos com Projetos. 
Veja, o princípio da metamorfose, em cada instante, o conteúdo estará em construção e transformação. Este princípio 
acontece constantemente na elaboração de projetos quando, por exemplo, por meio de uma descoberta ou o conhecimento 
prévio dos alunos, a rota pode ser desenhada novamente. O princípio da mobilidade dos centros é latente no trabalho com 
projetos, visto que, o centro do processo educativo sai do professor e vai para os alunos, participantes ativos no processo de 
ensino-aprendizagem. 
4.2 Como elaborar colaborativamente um projeto de trabalho e a construção de sua rede 
O projeto na escola deve ser feito coletivamente e colaborativamente, seguindo as conclusões a que Araújo (2008) chega 
em seu artigo, abordado anteriormente. O primeiro momento deve ser, portanto, a decisão da temática de maneira coletiva, 
feita a partir de temas pré-estabelecidos ou de sugestões feitas pelos alunos. 
Outra forma de trabalhar colaborativamente um projeto e construir a sua rede de conhecimentos é por meio de 
situações-problema, em que o docente pode apresentar situações hipotéticas ou reais. 
Nesse caso, o educador pode fazer uma contextualização antes da apresentação da situação problema ou pode deixar 
que surjam as respostas a partir do repertório dos alunos. Essas respostas podem estar contextualizadas (socialmente, 
economicamente, politicamente) ou serem “mágicas” (no sentido figurativo), por exemplo: “porque Deus quis assim”. Desta 
forma, o professor compreende o nível de evolução científica e social de seus estudantes, desde as primeiras séries da 
Educação Básica. A partir desta situação, e das propostas de soluções é que se encaminha o projeto. 
Tenha em mente que não se trata de uma rota fixa pré-estabelecida, mas sim de um planejamento que pode e deve ser 
alterado, a partir das trocas e evoluções observadas em seus alunos. Lembre-se também de que todo projeto requer um 
produto final com possibilidades diversas (desenhos, murais, encenações, jornais, vídeos ou até mesmo ações sociais). 
De acordo com Damiani (2008, p. 222), podemos observar alguns benefícios nos estudantes a partir da realização de 
projetos colaborativos e em rede, são eles: 
socialização (o que inclui aprendizagem de modalidades comunicacionais e de convivência), controle dos impulsos 
agressivos, adaptação às normas estabelecidas (incluindo a aprendizagem relativa ao desempenho de papéis sociais) e 
superação do egocentrismo (por meio da relativização progressiva do ponto de vista próprio); aquisição de aptidões e 
habilidades (incluindo melhoras no rendimento escolar) e aumento do nível de aspiração escolar. (Damiani, 2008, p. 222), 
Perceba que são inúmeros os benefícios deste tipo de atividade didática, tanto para seus alunos como para você, futuro 
professor. Ficou convencido da importância deste trabalho? Então, mãos à obra! 
Unidade 3 - Intencionalidade da Ação Educativa 
Introdução 
Um dos principais tópicos estudados nesta disciplina é, sem dúvida, o que veremos a seguir: o Planejamento Pedagógico. 
Você vai perceber que toda e qualquer ação pedagógica é embasada através do que chamamos de intencionalidade 
pedagógica, ou seja: o que se pretende com determinada atividade, como será feita e de que forma será avaliada. Para isto, 
todo educador dispõe de uma ferramenta denominada: Plano de Aula. Trata-se do documento que efetiva as atividades 
propostas pelo professor, que irá detalhar como acontecerão suas práticas, mediações e a avaliação formativa. Além disso, 
vamos conhecer quais são os 4 Pilares da Educação propostos pela UNESCO bem como as nossas atividades de campo, como 
problematizamos e investigamos a realidade no cotidiano da sala de aula. Portanto, daqui para frente você já sabe, tudo o 
que acontece na sala de aula demanda planejamento e reflexão. Pronto para navegar neste conteúdo? Vamos juntos! 
1. Plano de Aula 
O Plano de Aula é uma ferramenta essencial ao trabalho do educador. Nela, o professor estabelece quais serão seus 
os objetivos (geral e específicos), conteúdos, metodologias, avaliação e a partir de quais referências aquela atividade 
foi estruturada. Vamos detalhar um pouco melhor para que você conheça o Plano de Aula em sua totalidade. 
Sabemos que a Educação é um processo complexo, que demanda conhecimento e planejamento, mas, não é somente 
isto. Dentro deste macroprocesso existem algumas unidades que a constituem, a saber: conhecimento, análise, 
compreensão, aplicação, síntese e avaliação. Estas unidades foram delimitadas na Taxonomia de Bloom, que você conhecerá 
mais profundamente na próxima Unidade. Agora, vamos conhecer minimamente cada uma delas para favorecer o 
entendimento da sua necessidade no trabalho com o planejamento: 
 Conhecimento: Agora é hora do professor se perguntar: como meu aluno constrói seu conhecimento? E a resposta 
é: a partir dos seus conhecimentos prévios, aliado à mediação docente e aos conhecimentos que serão construídos na escola 
e na vida 
 Análise: A análise acontece a partir dos conhecimentos que se recebe do meio externo e da mediação interna, 
mobilizando as estruturas cognitivas que compõe a inteligência humana. 
 Compreensão: A compreensão decorre da inter-relação que se estabelece entre os dois processos anteriores: 
conhecimento e análise. Portanto, só posso afirmar que o conteúdo foi efetivamente compreendido por meu aluno quando 
este conteúdo “faz sentido”. Se o conhecimento é apenas memorizado e reproduzido, a compreensão não aconteceu. 
 Aplicação: é a experimentação do conhecimento. Seja um conteúdo de Matemática, Língua Portuguesa, Ciências… 
Ou seja, a aplicação decorre da compreensão do conhecimento, é o momento onde a teoria é aplicada na prática. 
 Síntese: A síntese é estabelecida cognitivamente para que possamos organizar o processo educativo de maneira 
intencional e partirmos para um novo conhecimento. 
 Avaliação: Quando falamos em avaliação não estamos nos referindo necessariamente às provas escritas 
tradicionais. A avaliação deve acontecer ao longo do processo para a aprendizagem do aluno e também pelos professores, e 
serve para mensurar a efetividade do processo de ensino aprendizagem, ou seja, indicar em que medida a aprendizagem está 
de fato ocorrendo. 
Pois bem, estes elementos estão envolvidos no seu cotidiano enquanto professor, e o planejamento de suas aulas 
necessita da articulação destes componentes. O planejamento é macro quando nos referimos ao ato de planejar um 
semestre ou ano letivo, e é micro quando nos referimos à um plano de aula. O plano de aula pode fazer parte de uma 
sequência didática, ou pode acontecer de maneira isolada. Vamos conhecer um pouco mais a respeito dessa ferramenta 
pedagógica. Haydt (2001) afirma que: “(...) o planejamento é um processo mental que envolve análise, reflexão e previsão”. 
Para elaborar um plano de aula, é necessário estudar, refletir, prever o que pode acontecer e em qual medida

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