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Teoria da Imprevisão 2

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INTRODUÇÃO
 Os contratos são uma das mais importantes figuras do Direito Privado. Ele permite que o acordo de vontade dentre as partes, tenha força de lei. Essa prerrogativa é também conhecida como pacta sunt servanda. 
 Apesar de serem, os contratos, ainda resguardados por alguns princípios de Direito Público, em sua totalidade possuem a força do privado. Porém, com o decorrer do tempo, notou-se a necessidade de se regular alguns pontos falhos de tanta privacidade, pontos esses, tema do presente trabalho.
 A Teoria da Imprevisão e a Revisão Contratual são consideradas exceções dentro do Direito Contratual, pelo fato de dilatarem um poder ao Estado, para que este interfira numa relação entre particulares, que tem força de lei.
 A cláusula rebus ric standibus é de extrema importância para o ordenamento jurídico brasileiro e mundial, já que, possibilita em casos específicos de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, quando o pacto torna a uma das partes excesso de oneração, a probabilidade de revisão, total ou parcial.
TEORIA DA IMPREVISÃO E REVISÃO DOS CONTRATOS
 O contrato é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral, constituído com a vontade das partes, que tem por finalidade criar, modificar ou extinguir relações jurídicas de cunho econômico-patrimonial sendo que para sua validade requer agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei.
 Os contratos existem para serem cumpridos. Esse brocardo é conhecido como pacta sunt servanda. É o princípio da força obrigatória, segundo o qual o contrato faz lei entre as partes. A obrigatoriedade, todavia, não é absoluta. Há que se respeitar a lei e, sobretudo, outros princípios com os quais o da força obrigatória coexiste como o da Boa-fé, o da Legalidade, o da Igualdade, Função Social entre tantos outros que convivem harmonicamente. Contudo, o Direito Contemporâneo ante toda evolução no regime jurídico do contrato, cuidou de relativizar a obrigatoriedade contratual, aceitando a revisão do conteúdo do negócio, ou até mesmo a resolução da avença, em virtude de transformações imprevisíveis que onerassem sobremaneira a situação jurídica de um dos contratantes.
 A Teoria da Imprevisão é a admissão ou rescisão do contrato em certas circunstâncias especiais, como na ocorrência de acontecimentos extraordinários e imprevistos, que tornam a prestação de uma das partes sumamente onerosa. A rebus sic stantibu, é a abreviação da fórmula: “contractus qui habent tractum successivum et depentiam de futuro rebus sic standibus intelliguntur”, que em vernáculo significa: ‘ nos contratos de trato sucessivo ou a termo, o vínculo obrigatório entende-se subordinado à continuação daquele estado de fato vigente ao tempo de estipulação’. 
 A cláusula tem sua procedência no Código de Hamurábi, antevendo, que se, alguém com um débito, tivesse sua colheita devastada ou o campo destruído pela tempestade ou por falta d’água não crescesse o trigo, não estaria obrigado a dar o trigo ao credor naquele ano. 
 O Direito Romano por sua vez, não trazia nenhuma norma que previsse tal revisão. No entanto, no Direito Canônico, Santo Agostino e São Tomás de Aquino defendiam ferrenhamente a possibilidade da cláusula rebus sic standibus, solidificando-a definitivamente durante a Idade Média.
 A partir do momento em que o contrato preenche todos os requisitos, ele torna-se obrigatório entre as partes. Contudo, há possibilidade de ocorrência eventos alheios à vontade das partes, e, portanto, estranho á formação do contrato, que importará na exceção, ou seja, que importará a necessidade de revisão de algumas cláusulas.
No direito comparado, têm-se alguns países que regulamentaram a revisão dos contratos em leis próprias. 
 No Brasil, a necessidade da aplicação da Teoria da Imprevisibilidade nasceu da sequência de acontecimentos de instabilidade da política econômica, em que a perda do valor da moeda causou um forte clima de insegurança e crise. Assim como no Brasil, o mundo todo passou por situação semelhante durante as Grandes Guerras Mundiais, quando as economias mundiais estavam gravemente abaladas, provocando sobre as obrigações contratuais, a impossibilidade do seu cumprimento.
 O artigo 478 do Código Civil Brasileiro contextualiza a figura da onerosidade excessiva, com o seguinte texto: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença, que a decretar, retroagirão à data da sua citação.” Esse remédio é delineado somente a partir Código Civil a partir de 2002.
 Os aludidos artigos permitem a possibilidade de resolução do contrato, bem como a conversão a um reajuste equitativo da contraprestação, podendo ser requerida ao juiz que o devedor isente-se da obrigação, parcial ou totalmente.
É importante salientar, que para a possível aplicação da Teoria da Imprevisão e da Revisão Contratual é necessários sistematizar os seguintes pressupostos: 
a) a alteração radical no ambiente objetivo existente ao tempo da formação do contrato, decorrente de circunstâncias imprevistas e imprevisíveis; 
b) onerosidade excessiva para o devedor e não compensada por outras vantagens auferidas anteriormente, ou ainda esperáveis, diante dos termos do ajuste; 
c) enriquecimento inesperado e injusto para o credor, como consequência direta da superveniência imprevista.
 Para que se possa aplicar a revisão contratual, é preciso ainda, que a equivalência das prestações do contrato sofra uma destruição quase completa ou se aniquile, isto é, os fatos extraordinários e imprevisíveis destruam economicamente a equivalência das prestações e contraprestações por ocasião da formação do vínculo contratual.
 Faz-se mister, que o contrato a ser revisado seja de duração diferida e continuada e, para isso, excluem-se os seguintes contratos: 
a) os contratos unilaterais, por ausência e desequilíbrio das prestações; 
b) as promessas de contrato, por inexistência de acordo assente de vontades, passíveis que são de justo arrependimento; 
c) os contratos geradores de obrigação imediata, por incabível a imprevisão e inconfigurável a superveniência; 
d) os contratos aleatórios, por sua natureza incerta ou dependente de fato futuro; 
e) os contratos nos quais ambas as partes, por inequívoca e clara manifestação de vontade, reservam-se mutuamente a suportar os efeitos imprevisíveis e supervenientes abrindo mão de quaisquer garantias implícitas.
 Não é hipótese para o emprego da revisão contratual, a inflação, já que está não pode jamais ser considerada imprevisível, posto que a mais de duas décadas a sociedade brasileira vem convivendo com sucessivas intervenções governamentais na economia. Para tal situação, inserem-se nos contratos cláusulas de atualização, de modo a acompanharem as prestações, os índices de reajustes que representam a correção monetária. 
 Outro erro corriqueiro consiste em confundir a teoria da imprevisão com as hipóteses de caso fortuito ou força maior. Pressupõe a superveniência de fato inesperada que dificulta excessivamente a prestação de uma das partes, impondo, como regra, a revisão das cláusulas contratuais; ao passo que o caso fortuito e a força maior ocasionam a impossibilidade absoluta no cumprimento da avença, determinando a extinção do contrato, a teor do art. 1058 do CC.
 Vale ressaltar, que se o contratante que estiver em mora, não pode invocar a revisão contratual (se no instante que se manifestou onerosidade excessiva, por força de acontecimentos supervenientes e imprevisíveis se contra em inadimplemento com a prestação), seguindo o principio geral de que o devedor em mora suporta todos os riscos que se concretizaram no período da mora.
 No entanto, em algumas situações a própria lei abre caminho para a alteração das obrigações, como em alimentos – art. 1.699 do Código Civil ‘ permite a alteraçãose sobrevier mudança na fortuna de que supre alimentos, ou nas de quem os recebe’.
 Outro exemplo é o Código de Defesa do Consumidor, que consagra a possibilidade de modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas (art. 6º, V, do CDC).
 Acredita-se que o contrato passa a atender sua função social, cabendo ao Estado conciliar os interesses individuais, com os da coletividade. Assim, apesar do princípio da força obrigatória procurar resguardar a autonomia da vontade, a liberdade de contratar e a segurança jurídica nos contratos, a teoria da imprevisão vem proteger o bem comum, o equilíbrio contratual, a igualdade fática entre as partes, o não enriquecimento ilícito e principalmente assegurar que os interesses individuais não prevalecerão sobre o social.
 Incorpora-se o princípio da função social ao contrato, colocando à disposição dos contratantes a revisão, como forma de preservação dos pactos e restabelecimento da comutatividade das prestações contratuais. A nulidade de alguma cláusula contratual, não gera a invalidade do contrato, o que ocorrerá caso não seja restabelecida a comutatividade das prestações e persista desvantagem a uma das partes. O contrato só continuará valendo se for bom para ambas as partes.
CONCLUSÃO
 É irrefutável a extrema importância que tem a cláusula de revisão contratual e a teoria da imprevisão. Os contratos, insígnia do Direito Civil em se tratando de obrigações, devem buscar sempre o equilíbrio e a igualdade das prestações, independente da sua natureza. Isso porque, dentro dos princípios do Direito Contratual, temos o princípio da função social do contrato e da boa-fé, que devem ser respeitados fielmente, devido sua gama imensa de amparo legal e social.
 Outro importantíssimo princípio é o da obrigatoriedade, que resguarda a ideia de que os contratos fazem lei entre as partes, sendo também conhecido como pacta sunt servanda, devendo ser firmemente respeitada. No entanto, há a possibilidade de advir fatos imprevisíveis e extraordinários, que possam acarretar a onerosidade excessiva para uma das partes.
 Foi então, definitivamente instituída, no ordenamento jurídico brasileiro, com a advinda do Novo Código Civil Brasileiro de 2002, a cláusula de revisão dos contratos e a teoria da imprevisão, cuja finalidade e o escopo é proteger os indivíduos de possíveis excessos prestacionais. No direito comparado, têm-se diversos países que também instituíram e aderiram em seus ordenamentos jurídicos às cláusulas de revisão contratual, como por exemplo, a França e a Inglaterra, 
 A referida cláusula, prevista nos artigos 478 a 480 do Código Civil brasileiro, resguarda o direito de rever e até mesmo rescindir alguns dispositivos presentes no contrato, possibilitando à parte buscar o judiciário para resolver seu dissídio e garantir a justa contratação e devida prestação.
 O fim do direito, além de resguardar os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, é o de buscar sempre o equilíbrio da justiça, para que nenhum individuo saia lesado nas relações jurídicas, independentemente de serem públicas ou privadas.
REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, Alcio Manoel de Sousa. Revisão do Contrato. Curitiba: Editora Juruá, 2004. 398 p.
GAGLIANO, Pablo Stolze. Algumas considerações sobre a Teoria da Imprevisão. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 51, 1 out. 2001. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/2206>. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações: parte especial, tomo I, de acordo com o Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de Janeiro de 2002).Contratos. 7. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2004. 185 p.
MARTINS, Francisco Serrano. A teoria da imprevisão e a revisão contratual no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 327, 30 maio 2004. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/5240>. 
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos: Lei n° 10.406 de 10/01/2002. 9 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. 1046 p.
ZUNINO NETO, Nelson. Pacta sunt servanda x rebus sic stantibus: uma breve abordagem. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 31, 1 maio 1999. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/641>.

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