Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE EDUCAMAIS CAROLINA SENA CARNEIRO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS – PGR: COMO ELABORAR O PROGRAMA DE ACORDO COM AS EXIGÊNCIAS E PARTICULARIDADES DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DA PORTARIA 3.214/78 Itabira 2020 FACULDADE EDUCAMAIS CAROLINA SENA CARNEIRO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS – PGR: COMO ELABORAR O PROGRAMA DE ACORDO COM AS EXIGÊNCIAS E PARTICULARIDADES DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DA PORTARIA 3.214/78 Artigo apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho apresentada à Banca Examinadora da Faculdade Educamais, sob a orientação do professor Roger Abdala. Itabira 2020 RESUMO Em 08 de junho de 1978 foram aprovadas as Normas Regulamentadoras – NR, do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho através da Portaria nº 3.214 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego. Desde meados do ano de 2019 a Portaria 3.214/78 que conta com 37 Normas Regulamentadoras, tem sido revisada e passa por diversas atualizações. Deste modo, é importante que profissionais de saúde e segurança do trabalho, assim como as organizações, se mantenham atualizados e comprometidos a fim de garantirem o bem estar dos trabalhadores e o sucesso da organização. Tendo em vista que o processo de avaliação e gerenciamento de riscos ocupacionais é fundamental devido a necessidade de as organizações garantirem melhores condições de trabalho, em ambientes mais seguros e adequado às atividades dos trabalhadores este artigo tem como objetivo apresentar e discutir a implementação do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, proposto pelas atualizações da NR-1 e da NR-18, e já existente na NR-22. Propõe também um modelo de análise e reconhecimento de riscos que busca auxiliar a elaboração e implantação do PGR de acordo com as especificações de cada Norma Regulamentadora, por meio de termos, conceitos, metodologias, exemplificações e modelos. Assim como as Normas Regulamentadoras, as metodologias de avaliação e gerenciamento de riscos estão sempre em processo de atualização e aprimoramento, sofrendo diversas alterações a fim de se adequarem da melhor forma as revoluções e evoluções das organizações e processos de trabalho. O papel dos profissionais de saúde e segurança e das organizações é acompanhar a evolução destas normas bem como a evolução de seus processos, identificando as necessidades de melhorias, pontos de atenção e riscos adicionais ou residuais presentes no ambiente de trabalho diariamente. Palavras-chave: Análise de Riscos. PGR. Risco. Inventário de Risco. Perigo. RESUME On June 8, 1978, Regulatory Norms - NR, of Chapter V, Title II, of the Consolidation of Labor Laws, relating to Occupational Safety and Medicine were approved through Ordinance No. 3,214 of the former Ministry of Labor and Employment. Since mid-2019, Ordinance 3.214 / 78, which has 37 Regulatory Norms, has been revised and undergoes several updates. Thus, it is important that occupational health and safety professionals, as well as organizations, remain up-to-date and committed in order to guarantee the well-being of workers and the success of the organization. Bearing in mind that the process of assessment and management of occupational risks is fundamental due to the need for organizations to ensure better working conditions, in safer environments and appropriate to the activities of workers, this article aims to present and discuss the implementation of the Occupational Health Program. Risk Management - PGR, proposed by the updates of NR-1 and NR-18, and already existing in NR- 22. It also proposes a risk analysis and recognition model that seeks to assist in the preparation and implementation of the PGR according to the specifications of each Regulatory Standard, through terms, concepts, methodologies, examples and models. As with the Regulatory Norms, risk assessment and management methodologies are always in the process of being updated and improved, undergoing several changes in order to better adapt to the revolutions and evolutions of organizations and work processes. The role of health and safety professionals and organizations is to monitor the evolution of these standards as well as the evolution of their processes, identifying the needs for improvements, points of attention and additional or residual risks present in the work environment on a daily basis. Keywords: Risk Analysis. PGR. Risk. Risk Inventory. Danger. 4 1 INTRODUÇÃO No início do século XX, o Brasil era um país em que a economia se baseava, acima de tudo, nas atividades agrárias. A industrialização ainda estava iniciando em nossa economia. Durante o período da Primeira República (1889-1930), os direitos trabalhistas eram praticamente inexistentes e os trabalhadores se submetiam a jornadas diárias exaustivas e extensas, sem direito a férias e descanso semanal. Na maioria das vezes, trabalhava-se em troca de moradia e alimento e não havia idade mínima para contatação, o que contribuía para a adoção de mão de obra infantil. Diante deste cenário, via-se a necessidade da criação de regras e leis que balanceassem a posição inferior dos trabalhadores perante a superioridade econômica do empregador. (BRASIL,2017). Ante a situação vivida pelo país, ainda no início do século XX, foram criadas algumas leis visando a proteção dos trabalhadores no exercício de suas atividades. Podemos citar como exemplo as primeiras legislações referentes ao acidente de trabalho (Decretos nos 3.724, 13.493 e 13.498, todos de 1919), o Código de Menores (Decreto nº 5.083/1926), lei de férias (Decreto nº 4.982/1925), lei de criação das caixas de aposentadorias e pensões (Decreto nº 4.682/19232 ), e da lei de criação das Juntas de Conciliação e Julgamento (Decreto nº 22.132/1932), entre outras. Com o objetivo de estruturar e consolidar as legislações existentes, foi sancionado, pelo presidente Getúlio Vargas, em 1º de maio de 1943, o Decreto-Lei nº 5.452, que criou a Consolidação das Leis do Trabalho, conhecida como CLT. O resultado foi a compilação de diversas leis até então existentes, porém, esparsas, que regularizavam questões sobre o direito coletivo e o direito individual do trabalho, direito processual do trabalho, fiscalização do trabalho, além de outras legislações que tratavam especificamente de determinadas profissões e atividades. (BRASIL,2017). Em 08 de junho de 1978, em período de expansão industrial do país, foram aprovadas as Normas Regulamentadoras – NR, do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho através da Portaria nº 3.214 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego. (BRASIL,2017). Desde o último ano, 2019, a Portaria 3.214/78 que conta com 37 Normas Regulamentadoras, tem sido revisada e passa por diversas atualizações, dentre essas atualizações podemos destacar a NR-1 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, NR-9 - Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos e NR-18 - Condições de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção. Segundo o auditor-fiscal do Trabalho do Ministério da Economia e também 5 Representante da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Fernando Gallego Dias, a revisão das normas busca uma atualização das regras sobre saúde e segurança tornando-as mais objetivas, simplificadas, desburocratizadas e alinhadas às atividades industriais brasileira, sem deixar de preservar a integridade dos trabalhadores. Todas as alterações estão sendorealizadas mediante o consenso por equipe tripartite formada por representantes dos trabalhadores, governo e empregadores, baseados em práticas internacionais. O objetivo principal destas atualizações é garantir a saúde e segurança dos trabalhadores, reduzindo os índices de doenças e acidentes ocupacionais. (BRASIL, 2019). Em especial, o novo texto da NR-01 contribui para a redução de custos, uma vez que padronizado a implementação do PGR para todas as organizações, independente do segmento, evitando a duplicidade de programas. Além disso, não será necessário realizar a revisão do PGR anualmente como acontecia anteriormente como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, previsto na NR-09, sendo definido pela NR-01 as situações em que o programa deverá ser revisto e prevendo um prazo de dois ou três anos para organizações que possuam certificação em sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional. (SESI, 2020). Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é apresentar e discutir a implementação do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, proposto pelas atualizações da NR-1 e da NR- 18, e já existente na NR-22, além de propor um modelo de análise e reconhecimento de riscos. Neste contexto, o artigo busca apresentar metodologias, técnicas, termos e conceitos prevencionistas utilizados para elaboração de antecipação e análise de riscos, metodologia para classificação de riscos, elaboração de inventário de riscos, a fim de descrever os itens mínimos exigidos para elaboração do PGR, seu objetivo, campo de aplicação, periodicidade de revisão e profissional responsável por sua elaboração de acordo com cada Norma citada. Assim, esse artigo mostra-se importante para a sociedade, uma vez que trata da elaboração e implementação de um Programa de Gerenciamento de Riscos que deverá ser adotado por empresas e indústrias de diversos ramos e porte, a fim de reconhecer os fatores de risco e agentes ambientais aos quais os trabalhadores estão expostos e propor medidas de controle e ações de eliminação ou minimização de possíveis acidentes e danos à saúde dos empregados. Este trabalho também pode contribuir para o meio científico, uma vez que é de responsabilidade do engenheiro de segurança do trabalho propor e implementar medidas de controle, e ações de eliminação e ou minimização dos fatores de riscos e agentes ambientais através de novas tecnologias e metodologias de análise de riscos. 6 Além disso, esta pesquisa permitiu colocar em prática o conhecimento adquirido durante o curso, principalmente no que se refere às disciplinas de Gerenciamento de Riscos, Legislação e Normatização Aplicada, Higiene Laboral e Ergonomia. Assim, considerando os assuntos abordados e discutidos neste artigo, este trabalho pode ser utilizado para a auxiliar diversos profissionais na elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR. 2 RECONHECIMENTO DE RISCOS – ANTECIPAÇÃO E ANÁLISE De acordo com a Norma Regulamentadora Nº 01 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais - As organizações devem identificar os perigos e possíveis lesões ou danos à saúde, avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco e classificando-os para que seja possível determinar a necessidade de adoção de medidas de prevenção, adotar medidas de prevenção quando necessário, além de acompanhar o controle dos riscos ocupacionais. As condições de trabalho também devem ser verificadas levando em consideração os fatores ergonômicos dispostos na Norma Regulamentadora Nº17 – Ergonomia. Este reconhecimento de perigos nada mais é do que o gerenciamento de riscos, que consiste na identificação e avaliação dos riscos já existentes no ambiente de trabalho e processo da empresa e dos riscos possíveis de ocorrerem no futuro. (BRASIL, 2020a). A Norma Regulamentadora Nº1 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais - da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego cita em seu item 1.5.4.4.2.1 que “a organização deve selecionar as ferramentas e técnicas de avaliação de riscos que sejam adequadas ao risco ou circunstância em avaliação”. Existem várias metodologias para a realização do reconhecimento dos riscos ocupacionais, que inicialmente, é feita de forma qualitativa, conforme apresentado no Quadro 1. Cabe às organizações definirem, de acordo com as características de seu processo produtivo, a melhor ferramenta para aplicação e realização da análise preliminar e reconhecimento dos riscos. É necessário também que se defina se o reconhecimento de riscos será realizado por processo, por tarefa ou por função. (BRASIL, 2018b) 7 Quadro 1 - Técnicas e Metodologias de Análise De Riscos TÉCNICA/METODOLOGIA DESCRIÇÃO/APLICABILIDADE Análise Preliminar de Riscos – APR Modelo de investigação onde as fontes de perigo, as consequências e medidas corretivas simples são identificadas, sem aprofundamento técnico. Os resultados são apresentados em tabelas de fácil leitura e entendimento. (BISTROT, 2019). Análise de Modos de Falha e Efeito – AMFE Técnica detalhada que pode ser empregada de forma qualitativa ou quantitativa. Possibilita a verificação de possíveis falhas em componentes de um equipamento ou sistema; permite realizar a estimativa de taxas de falha e determinar os possíveis efeitos. Estabelece medidas e alternativas que podem possibilitar aumento da probabilidade de o equipamento ou sistema funcionar de maneira apropriada. (BISTROT, 2019). Técnica de Incidentes Críticos – TIC Análise qualitativa aplicada na fase operacional com objetivo de identificar falhas e condições inseguras que possam promover a ocorrência de acidentes com lesão. (BISTROT, 2019). Análise de Árvore de Falhas – AAF Técnica dedutiva indicada para a definição de causas potenciais de acidentes e de falhas de sistemas. Busca o problema raiz que pode dar origem a algum evento. Avalia possíveis falhas e suas consequências e indica a adoção de medidas corretivas ou preventivas. (BISTROT, 2019). Análise de Operabilidade de Perigos – HAZOP Técnica de identificação e análise de risco que objetiva a detecção de desvios de variáveis em processos industriais. Promove a análise qualitativa de perigos e problemas operacionais ligados a utilização de novas tecnologias, podendo ser utilizado também em outros estágios dos processos e instalações industriais. (BISTROT, 2019). Fonte: Autoria própria, 2020. 2.2 Termos e Conceitos Prevencionistas Para que possamos aplicar de forma correta e eficaz qualquer técnica ou metodologia de análise de riscos, primeiramente devemos estar familiarizados com os principais conceitos e termos utilizados na metodologia prevencionista. O Quadro 2 apresenta os principais termos e conceitos utilizados em análises e reconhecimento de riscos. 8 Quadro 2 - Termos e conceitos utilizados na análise e reconhecimento de riscos TERMO CONCEITO Perigo ou Fator de Risco Ocupacional Fonte com a capacidade de gerar danos ou agravar à saúde. Substância, matéria ou partícula que em combinação com outros elementos ou por si mesma é capaz de originar lesões ou agravos à saúde. (BRASIL, 2020a). Risco ocupacional Arranjo entre a probabilidade de ocorrer dano ou agravo à saúde motivado por um fato perigoso, exposição a agente nocivo ou condição do ambiente de trabalho e a severidade desse dano ou agravo à saúde. (BRASIL, 2020a). Risco Residual É o risco sem consideração de nenhuma medida de controle ou prevenção no qual uma organização está exposta. (BRASIL, 2018b). Fonte Geradora Aquilo que tem o potencial real e natural de causar danos. (BRASIL, 2018). Nível de Risco Ocupacional É indicado por parâmetros pré-definidos avaliados de acordo com a severidade dos possíveis danos em relação a probabilidade desses danos ou agravos à saúde ocorrerem. (BRASIL, 2020a). Medidasde Prevenção e Controle É o conjunto das obrigações ou medidas adotadas ou previstas nas atividades da organização, com objetivo de impedir, eliminar, minimizar ou controlar os riscos ocupacionais. (BRASIL, 2020a). Agentes Físicos Qualquer tipo de energia que, por sua natureza, exposição e intensidade, possa causar danos ou agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: ruído, radiações não ionizantes, pressões anormais, temperaturas extremas, vibrações, radiações ionizantes. (BRASIL, 2020a). Agentes Químicos Substância química, pura ou em misturas, em seu estado natural ou produzida, aplicada ou gerada no processo de trabalho, que por sua natureza, exposição e concentração, pode causar danos ou agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: fumos de cádmio, vapores orgânicos, fumos metálicos, poeira mineral contendo sílica cristalina, névoas de ácido sulfúrico. (BRASIL, 2020a). Agentes Biológicos Microrganismos, materiais originados de organismos ou parasitas que, por sua natureza e tipo de exposição a qual o trabalhador é submetido, são capazes de causar danos ou agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: Vírus, fungos, bactérias, protozoários. (BRASIL, 2020a). Agentes Ergonômicos São fatores decorrentes das condições e organização do trabalho, mobiliário. Estão ligados ao conforto no ambiente de trabalho. Exemplos: iluminamento; postura inadequada; transporte manual de cargas; equipamentos. (BRISTOT, 2019). Agentes Mecânicos/Acidentes Agentes mecânicos ou de acidentes são fatores existentes no ambiente de trabalho, fatores externos ou gerados por comportamento humano inadequado capazes de causar danos ou agravo à saúde dos trabalhadores. Exemplos: máquinas e equipamentos sem proteção; arranjo físico inadequado; manuseio de ferramentas manuais perfuro cortantes. (BRISTOT, 2019). Fonte: Autoria própria, 2020. Considerando os termos relacionados à análise e reconhecimento de riscos e as técnicas e metodologias apresentadas anteriormente, utilizaremos como base para a discussão dos próximos tópicos a metodologia de Análise Preliminar de Riscos – APR e os resultados gerados pelo emprego desta técnica. 9 2.3 Classificação dos riscos e da exposição dos trabalhadores De acordo com a Norma Regulamentadora Nº1 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais - da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego, na avaliação de riscos deve ser estabelecido o nível de risco ocupacional, definido pela combinação da severidade dos possíveis danos ou agravos à saúde com a probabilidade de sua ocorrência. A NR-01 ainda determina que escala da severidade dos danos ou agravos à saúde deve considerar a amplitude da consequência e o número de trabalhadores que podem ser impactados. Já a intensidade ou nível do risco deve considerar as possíveis consequências da ocorrência de incidentes ou acidentes de maior potencial. Enquanto isso, a escala de probabilidade de ocorrência de danos ou agravos à saúde deve ponderar as determinações estabelecidas em Normas Regulamentadoras; as medidas de prevenção existentes e implementadas; as condições do ambiente de trabalho; e a comparação entre o perfil de exposição ocupacional e os valores de referência estabelecidos na Norma Regulamentadora Nº09 da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego. (BRASIL, 2020a). Na literatura prevencionista podemos encontrar diversos modelos de tabelas comparativas para a classificação dos riscos e determinação do nível de exposição dos trabalhadores a eles. Os Quadros 3 a 6, foram elaborados com base nos modelos dos Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho - OSHAS 18001/2007 apresentados por BRISTOT (2019, p.152). Quadro 3 – Severidade SEVERIDADE LEVEMENTE PREJUDICIAL Lesão superficial, como corte, arranhões menores, irritação nos olhos, pequenas queimaduras localizadas. PREJUDICIAL Lacerações, queimaduras maiores embora localizadas, fraturas menores, picada por animais peçonhentos, torções sérias, contusões. EXTREMAMENTE PREJUDICIAL Amputações, fraturas maiores, contaminação com produtos químicos, injúrias múltiplas, queimaduras maiores e generalizadas. Fonte: Adaptado de BRISTOT, 2019 Quadro 4 – Probabilidade PROBABILIDADE ALTAMENTE IMPROVÁVEL Os meios de controle existentes são eficazes, sistematicamente praticados, assegurando a prevenção das ocorrências indesejáveis no futuro. Os registros de ocorrências dessa natureza são indesejáveis. IMPROVÁVEL Há controles sistematizados em prática que podem ser aprimorados ou há registros ocasionais de ocorrência dessa natureza. PROVÁVEL Ocorrências indesejáveis podem voltar a ocorrer mesmo frente aos controles adotados em relação a elas. Fonte: Adaptado de BRISTOT, 2019 10 Quadro 5 – Nível do Risco NÍVEL DO RISCO TRIVIAL Nenhuma ação é necessária. TOLERÁVEL Nenhum controle adicional é necessário. MODERADO Esforços devem ser feitos para reduzir o risco. SUBSTANCIAL O trabalho não deve ser iniciado até que o risco tenha sido reduzido ou eliminado. INTOLERÁVEL O trabalho não deve ser iniciado ou continuado até que o risco tenha sido reduzido ou eliminado. Fonte: Adaptado de BRISTOT, 2019 Quadro 6 – Tabela de Classificação do Risco TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DO RISCO SEVERIDADE LEVEMENTE PREJUDICIAL PREJUDICIAL EXTREMAMENTE PREJUDICIAL NÍVEL DO RISCO P R O B A B IL ID A D E ALTAMENTE IMPROVÁVEL TRIVIAL TOLERÁVEL MODERADO IMPROVÁVEL TOLERÁVEL MODERADO MODERADO PROVÁVEL MODERADO SUBSTANCIAL INTOLERÁVEL Fonte: Adaptado de BRISTOT, 2019 2.4 Inventário de Riscos A Norma Regulamentadora Nº1 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais - da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego estabelece no item 1.5.7.3 que as organizações devem elaborar um Inventário de Riscos Ocupacionais com objetivo de consolidar os dados da identificação dos perigos e das avaliações dos riscos ocupacionais. De acordo com a NR-01, o Inventário de Riscos Ocupacionais deve conter, no mínimo, a caracterização dos processos, ambientes de trabalho e das atividades; descrição de perigos e dos possíveis danos ou agravos à saúde dos trabalhadores, identificando suas fontes geradoras, descrevendo os riscos gerados pelos perigos, indicando os grupos de trabalhadores expostos a 11 esses riscos, e descrevendo as medidas de controle e prevenção existentes; além de apresentar os dados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições aos agentes ambientais, sendo eles, físicos, químicos e biológicos e os resultados da avaliação ergonômica de acordo com os parâmetros estabelecidos pela NR-17 - Ergonomia. Deve contemplar também a classificação dos riscos, identificando o nível de cada risco para que seja elaborado um plano de ação; e por fim, apresentar os critérios utilizados para avaliação dos riscos e determinação das ações. O inventário de riscos ocupacionais deve permanecer atualizado e o histórico de suas atualizações deve ser arquivado pelo período mínimo de 20 anos ou por período estabelecido em normatização específica. O período mínimo de revisão da avaliação de riscos é de dois anos ou quando ocorrer qualquer intervenção ou modificação no ambiente de trabalho ou processo de acordo com as situações descritas nas alíneas a) a e) do item 1.5.4.4.6 da NR-01. Para organizações que possuam sistema de gestão certificado de Saúde e Segurança do Trabalho, este período pode ser de até três anos. (BRASIL, 2020a). A NR-01 não especifica o modelo do Inventário de Riscos Ocupacionais, apenas define os parâmetros mínimos que devem ser considerados na elaboração do documento. Neste sentido, A Tabela1 mostra um modelo proposto para descrição dos riscos ocupacionais, elaborado com base nos critérios estabelecidos pela própria NR-01, nos termos e conceitos descritos no Quadro 2 e na metodologia de classificação de riscos apresentados nos Quadros 3 a 6. A organização deve definir se sua aplicação será por processo, por atividade ou por função. Lembrando que a antecipação e reconhecimento de riscos ocupacionais é apenas um item do Inventário de Riscos Ocupacionais, devendo a organização atender a todos os itens estabelecidos pela legislação. 12 Tabela 1 – Planilha de Antecipação e Reconhecimento de Riscos Ocupacionais Fonte: Autoria própria, 2020. Número de empregados expostos GHE Exposto COLETIVA ADMINISTRATIVA INDIVIDUAL PROBABILIDADE SEVERIDADE NÍVEL DO RISCO Provável Prejudicial Substancial Provável Levemente Prejudicial Moderado Provável Prejudicial Substancial Provável Levemente Prejudicial Moderado Provável Prejudicial Substancial Improvável Levemente Prejudicial Tolerável Provável Prejudicial Substancial Improvável Levemente Prejudicial Tolerável Provável Extremamente Prejudicial Intolerável Improvável Prejudicial Moderado Descrição do Ambiente de Trabalho - incluindo agentes ambientais Logo da empresa PLANILHA DE ANTECIPAÇÃO E RECONHECIMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS Nome da Empresa RISCO RESIDUAL COM MEDIDA DE CONTROLE / PREVENÇÃO Descrição do Processo/Tarefa /Função Funções expostas (quando realizado por atividade ou processo) Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho e das atividades Quebra de algum membro (mão, braço, perna...); corte; morte; danos à coluna Instalção de guarda corpo e linha de vida Treinamento específico na função e treinamento periódico de acordo com a NR 35 Cinto de segurança tipo paraquedista com duplo talabarte Mecânico / Acidente Habitual/Permanete Queda de diferença de nível Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho e das atividades Atividades realizadas em altura igual ou superior a 1,80m Treinamento espcífico na função Máscara de proteção respiratória PFF2; luva de PVC; óculos de segurança; Botina de PVC RISCO RESIDUAL COM MEDIDA DE CONTROLE / PREVENÇÃO Ergonômico Eventual Transporte manual de cargas Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho e das atividades Transporte de equipamentos e peças manualmente; sem auxilio de carrinho ou outro dispositivo Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho e das atividades Dores lombares; lesão na coluna Implementar equipamento e ou dispositivo para auxílio no trasnporte de cargas. Realizar Análise Ergonômica do posto de trabalho Pausas periódicas; revezamento de turno; treinamento específico na função Treinamento sobre ergonomia RISCO RESIDUAL COM MEDIDA DE CONTROLE / PREVENÇÃO Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho Atividades de limpeza de banheiro químico Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho Infecções; tuberculose; doenças contagiosas NA Habitual/PermaneteQuímico Biológico Habitual/Intermitente Fungos, bactérias, vírus Máscara de proteção respiratória (informar qual o tipo de máscara será fornecida) RISCO RESIDUAL COM MEDIDA DE CONTROLE / PREVENÇÃO 0,0032 mg/m3 LT: 4,00 mg/m3 Poeira Mineral Exposição ao processo produtivo em área operacional a céu aberto Quantitativa (NR 15 - Anexo 8; NHO 03, 08) Silicose; pneumoconiose; irritação das vias respiratórias Umidificação de vias Revesamento de turno Físico CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A MATRIZ DE RISCO TIPO DE RISCO/AGENTE (Físico; Químico; Biológico; Ergonômico; Mecânico/Acidente) MEDIDAS DE CONTROLE RECOMENDADASCONCENTRAÇÃO DO AGENTE AMBIENTAL/LIMITE DE TOLERÂNCIA POSSÍVEIS DANOS À SAÚDE CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO FONTE GERADORA /PERIGO RISCO TIPO DE EXPOSIÇÃO (Habitual/Permanente; Habitual/Intermitente; Eventual) Habitual/Permanete Ruído 72dB(A) LT: 85dB(A) Exposição à máquinas e equipamentos; processo produtivo em área operacional Quantitativa (NR 15 - Anexo 1; NHO 01) Perda auditiva; iritabilidade; estresse Enclausuramento; substituição de equipamentos Revesamento de turno Protetor auricular tipo concha RISCO RESIDUAL COM MEDIDA DE CONTROLE / PREVENÇÃO 13 3 METODOLOGIA Foi utilizada no estudo como estratégia de pesquisa a pesquisa documental. Para Marconi e Lakatos (2011), neste tipo de pesquisa a fonte de dados fica restrita a documentos, sejam eles escritos ou não, compondo o que se determina como fonte primária. Assim, a pesquisa documental envolveu a análise de livros, manual e Normas Regulamentadoras para fundamentação das ideias aqui expostas e discutidas. Os documentos são classificados, segundo Kleina e Rodrigues (2014, p.45), como fonte de dados primários ou secundários, sendo os dados primários, aqueles documentos considerados como base para originar análises, como por exemplo, artigos, decretos oficiais. Dados secundários são obras, documentos nos quais as informações já foram elaboradas, como apostilas, monografias, livros. Neste caso, as Normas Regulamentadoras são uma fonte de dados primários e os livros e manuais são uma fonte de dados secundários. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR A Norma Regulamentadora Nº01 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais - da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego é de cumprimento obrigatório de todas as organizações e tem o objetivo de: Estabelecer as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras - NR relativas à segurança e saúde no trabalho e as diretrizes e os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho - SST. (NORMA REGULAMENTADORA Nº01, 2020). A última atualização da NR-01, publicada em 12 de março de 2020 traz às organizações a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, que objetiva realizar o gerenciamento dos riscos ocupacionais. De acordo com a NR-01 o programa deve ser implementado por estabelecimento, considerando a unidade operacional, setor ou atividade. As organizações podem também, optar por implementar o programa através de seu sistema de gestão desde que todas as exigências estabelecidas na NR-01 e em instrumentos legais de saúde e segurança ocupacional. 14 Além disso, o PGR deve considerar ou estar incorporado aos programas, planos e demais documentos estabelecidos pela legislação de saúde e segurança ocupacional. Contemplando, no mínimo, o inventário de riscos citado no item 2.4 deste artigo e o plano de ação que tem o objetivo de propor as medidas de controle e preventivas de acordo com os riscos identificados no ambiente de trabalho. (BRASIL, 2020a). Ainda segundo a NR-01, os demais documentos constituintes do PGR devem ser elaborados observando o estabelecido nas demais Normas Regulamentadoras, assinados e datados, sob a responsabilidade da organização e devem estar sempre á disposição dos trabalhadores envolvidos ou de seus representantes e também à Inspeção do Trabalho. (BRASIL, 2020a). O PGR passa, portanto, a ser o documento base estabelecido pela NR-01 em substituição ao Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, anteriormente exigido pela Norma Regulamentadora Nº09, de mesmo nome do programa e mesma Portaria. De acordo com a última atualização da NR-09, publicada em 12 de março de 2020, o PPRA, que contemplava apenas os fatores de riscos ambientais (agentes físicos, químicos e biológicos), deixa de existir e a NR-09 se torna uma legislação voltada exclusivamente à Higiene Ocupacional sob título de “Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos”.(BRASIL, 2020a). (BRASIL, 2020b). A NR-01 não especifica qual o profissional responsável pela elaboração do PGR, cita apenas que o programa deve ser elaborado sob a responsabilidade da organização, portanto, fica a critério da organização definir o profissional ou equipe multidisciplinar competente para elaboração do mesmo. (BRASIL, 2020a). Em caso de a organização possuir empresas terceirizadas, as medidas de controle e prevenção destas empresas que operem nas dependências da contratante ou em local antecedentemente acordado em contrato, poderão ser incluídos no PGR da empresa contratante ou o PGR da empresa contratada deverá ser referenciado no programa da organização contratante. (BRASIL, 2020a). As organizações contratantes deverão ainda, proporcionar às empresas contratadas as informações sobre os riscos ocupacionais de seu ambiente de trabalho e que possam ter impacto nas atividades dos terceirizados. Em contra partida, as empresas contratadas deverão fornecer seu Inventário de Riscos Ocupacionais específicos, contemplando as atividades que serão 15 desenvolvidas nas dependências da contratante ou em local antecipadamente acordado em contrato, à organização contratante. (BRASIL, 2020a). A NR-01 não estabelece o período de atualização do PGR apenas o período de arquivamento que é de pelo menos 20 anos, mas podemos compreender o período de atualização como o mesmo estabelecido para o Inventário de Riscos Ocupacionais, citado no item 2.4 deste artigo (de dois a três anos), uma vez que o mesmo é parte, obrigatoriamente, integrante do Programa de Gerenciamento de Riscos. 4.2 Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR – atendimento a Norma Regulamentadora Nº18 - Condições de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção A Norma Regulamentadora Nº18 - Condições de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego dispoe sobre as “diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que visam à implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção” (BRASIL, 2020c). Ainda segundo a própria NR-18, se aplica “às atividades da indústria da construção constantes da seção “F” do Código Nacional de Atividades Econômicas - CNAE e às atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral e de manutenção de obras de urbanização” (BRASIL, 2020c). A última atualização desta Norma foi publicada em 11 de fevereiro de 2020. Antes desta atualização, a NR-18 que até então era denominada como Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, estabelecia a elaboração e implementação do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT, por estabelecimentos com mais de 19 trabalhadores. O PCMAT deveria atender aos requisitos mínimos estabelecidos pela NR-09 vigente à época, que como citado anteriormente, preconizava elaboração do PPRA. Além dos itens mínimos exigidos na elaboração do PPRA, o PCMAT deveria contemplar também os aspectos referentes à NR-18 descritos no item 18.3.4 nas alíneas a) a f) da refereida Norma. (BRASIL, 2020c). Com a atualização da NR-18 publicada em fevereiro de 2020, o PCMAT deixou de ser exigido e as organizações que executam atividades da indústria da construção descritas na seção 16 “F” do Código Nacional de Atividades Econômicas - CNAE e às atividades e serviços de limpeza e manutenção de edifícios em geral, demolição, manutenção de obras de urbanização, reparo e pintura. A presente Norma estabelece agora a elaboração e implementação do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR. (BRASIL, 2020c). A NR-18 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e a implementação do PGR nos canteiros de obras, contendo os riscos ocupacionais assim como suas respectivas medidas de controle e prevenção. O programa deve ser elaborado, segundo a NR-18, por “profissional legalmente habilitado em segurança do trabalho e implementado sob responsabilidade da organização” (BRASIL, 2020c). A Norma define como profissional legalmente habilitatdo o “trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe” (BRASIL, 2020c), neste caso, o Engenheiro em Segurança do Trabalho. Porém, a NR-18 especifica que “em canteiros de obras com até 7 m (sete metros) de altura e com, no máximo, 10 (dez) trabalhadores, o PGR pode ser elaborado por profissional qualificado em segurança do trabalho e implementado sob responsabilidade da organização”. Neste caso, a Norma define como profissional qualificado o “trabalhador que comprove conclusão de curso específico na sua área de atuação, reconhecido pelo sistema oficial de ensino”, ou seja, o Técnico em Segurança do Trabalho. (BRASIL, 2020c). O PGR elaborado para atendimento a NR-18, deve contemplar os requisistos previstos na NR-01, ou seja, o Inventário de Riscos Ocupacionais e o Plano de Ação, além dos requisitos específicos da NR-18 descritos no item 18.4.3, alíneas a) a e) da referida Norma Regulamentadora. O programa deve estar sempre atualizado conforme cada etapa em que figura o canteiro de obras e as frentes de trabalho também devem ser contempladas em sua elaboração e implementação. (BRASIL, 2020c). Assim como citado na NR-01, as empresas terceirizadas devem diponibilizar ao contratante o seu Inventário de Riscos Ocupacionais com os dados específicos de suas atividades, devendo este ser considerado no PGR do canteiro de obras da organização contratante. (BRASIL, 2020c). No caso do PGR elaborado em atendimento a NR-18, a documentação referente à implantação de soluções alternativas faz parte do PGR do canteiro de obras, e deve estar 17 disponível no local de trabalho acompanhado dos procedimento de trabalho, especificações técnicas e respectivas memórias de cálculo. (BRASIL, 2020c). Outras particularidades das atividades da indústria da construçaõ também deverão ser consideradas no PGR. Segundo a NR-18 o Sistema de Proteção Individual contra Quedas – SPIQ, assim como os meios de acessos dos trabalhadores à estrutura utilizados na montagem de estruturas metálicas, devem ser previstos no PGR da obra. Também devem ser contemplados no PGR os equipamentos de guindar com seu respectivo plano de carga devidamente elaborado por profissional legalmente habilitado. (BRASIL, 2020c). A NR-18 não estabelece o período de atualização nem o período de arquivamento do PGR, mas considerando que o documento deve seguir as premissas da NR-01 além das particularidades da NR-18, podemos compreender o período de atualização como o mesmo estabelecido para o Inventário de Riscos Ocupacionais, citado no item 2.4 deste artigo (de dois a três anos), período de arquivamento de pelo menos 20 anos, além das atualizações de acordo com cada fase da obra. 4.3 O Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR – atendimento a Norma Regulamentadora Nº22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração A Norma Regulamentadora Nº22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego dispoe sobre as atividades mineiras e tem o objetivo de “disciplinar os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores” Aplica-se a minerações subterrâneas, garimpos, mineração a céu aberto, beneficiamento e pesquisas minerais. (BRASIL, 2018a). A NR-22 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e a implementação do PGR à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira contendo os aspectos mínimos relacionados abaixo no Quadro 7. 18Quadro 7– Aspectos Mínimos para elaboração do PGR segundo a NR-22 ASPECTOS MÍNIMOS PARA ELABORAÇÃO DO PGR SEGUNDO A NR-22 Riscos físicos, químicos e biológicos Atmosferas explosivas Deficiências de oxigênio Ventilação Proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n.º 1, de 11/04/94, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho Investigação e análise de acidentes do trabalho Ergonomia e organização do trabalho Riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados Riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos e trabalhos manuais Equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se no mínimo o constante na Norma Regulamentadora n.º 6 Estabilidade do maciço Plano de emergência Outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias Fonte: NR-22, 2018a. Considerando o disposto no item 1.5.3.1.3 da NR-01 que estabelece que o “PGR deve contemplar ou estar integrado com planos, programas e outros documentos previstos na legislação de segurança e saúde no trabalho” (BRASIL, 2020a), entende-se que a avaliação dos fatores de risco que compoe o PGR específico para atendimento a NR-22 deve compreender também os itens estabelecidos pela NR-01 para elaboração do Inventário de Riscos Ocupacionais. A NR-22 determina as etapas a serem consideradas na elaboração do PGR, as quais estão descritas no Quadro 8. Quadro 8 – Etapas que constituem a elaboração do PGR ETAPAS QUE CONSTITUIEM A ELABORAÇÃO DO PGR Antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta, inclusive, as informações do Mapa de Risco elaborado pela CIPAMIN, quando houver Avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores Estabelecimento de prioridades, metas e cronograma Acompanhamento das medidas de controle implementadas Monitorizarão da exposição aos fatores de riscos Registro e manutenção dos dados por, no mínimo, vinte anos Análise crítica do programa, pelo menos, uma vez ao ano, contemplando a evolução do cronograma, com registro das medidas de controle implantadas e programadas. (Inserido pela Portaria MTE n.º 732, de 22 de maio de 2014) Fonte: NR-22, 2018a. 19 Quanto ao plano de ação, também estabelecido pela NR-01, contemplando as medidas de controle e prevenção, a NR-22 preconiza algumas aprticularidades, sendo necessário considerar no PGR os níveis de ação que indicam necessidade de desenvolvimento de ações preventivas, objetivando a minimização da probabilidade dos limites de exposição ocupacional serem ultrapassados, medidas de acompanhamento periódico da exposição, dados dos trabalhadores e o controle médico. Além disso, o PGR, assim como suas alterações e seus adendos deverão ser apresentados e discutidos junto à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração - CIPAMIN, para acompanhamento das medidas de controle. (BRASIL, 2018a). A NR-22 não especifica qual profissional deve elaborar o PGR, porém, seguindo as diretrizes da NR-01 que comprende as disposições gerais, assim como o campo de aplicação e os termos e definições relativos a saúde e segurança no trabalho, comuns a todas Normas Regulamentadoras, podemos entender então que o PGR deve ser elaborado sob a responsabilidade da organização, ficando a critério da mesma a definição do profissional ou equipe multidisciplinar competente para elaboração do programa. (BRASIL, 2018a). O item 22.7.3.1 da NR-22 determina em sua alínea g) que a organização deve realizar uma análise crítica do PGR, no mínimo, uma vez ao ano, considerando o desenvolvimento do cronograma, e apresentando o registro das medidas de controle implementadas e programadas. Além disso, deve-se considerar o disposto na NR-01 quanto a atualização do Inventário de Riscos Ocupacionais, que deve ser atualizado no prazo máximo de dois anos ou quando ocorrer qualquer intervenção ou modificação no ambiente de trabalho ou processo de acordo com as situações descritas nas alíneas a) a e) do item 1.5.4.4.6 da NR-01. Como já citado anteriormente, para organizações que possuam sistema de gestão certificado de Saúde e Segurança do Trabalho, este período pode ser de até três anos. (BRASIL, 2018a). O PGR deve ser arquivado pelo período mínimo de 20 anos conforme item 22.3.7.1 alínea f) da NR-22. (BRASIL, 2018a). CONSIDERAÇÕES FINAIS As obrigações em saúde e segurança do trabalho, no Brasil, estão estabelecidas na Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978 do antigo Ministério do Trabalho e Emprego, constituída pelas Normas Regulamentadoras – NR, onde constam as diretrizes e parâmetros a serem seguidos por organizações, profissionais e a própria fiscalização. Estas normas foram elaboradas de forma específica, por segmento, ramo de atividade, mas interligadas, e tem por 20 objetivo a fundamentação legal para elaboração e implementação de programas que gerenciem os riscos ocupacionais e proporcionem, através de seu plano de ação melhorias contínuas no ambiente de trabalho. A identificação e o gerenciamento adequado dos riscos ocupacionais podem contribuir para que as organizações melhorem sua eficácia, eficiência e efetividade. Além de contribuir para a existência de um ambiente de trabalho mais seguro, confortável e adequado às atividades dos trabalhadores. A avaliação e o gerenciamento dos riscos ocupacionais, assim como o plano de ação das medidas de prevenção e controle devem ser elaborados de forma simples, clara e objetiva, para que possam abranger toda a classe de trabalhadores. Por meio do entendimento das Normas Regulamentadoras, principalmente de suas atualizações recentes, este artigo procurou evidenciar as principais alterações das normas relacionadas à saúde e segurança dos trabalhadores, trazendo de forma detalhada as obrigações das organizações, as diretrizes por estas normas estabelecidas e propondo modelo de avaliação de riscos ocupacionais que atenda aos preceitos das mesmas. O propósito deste trabalho foi auxiliar a elaboração e implantação do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR de acordo com as especificações de cada Norma Regulamentadora aqui citada, por meio de termos, conceitos, metodologias, exemplificações e modelos. Portanto, podemos considerar que através das discussões referentes as metodologias, técnicas, termos e conceitos apresentados sobre a antecipação e reconhecimento de riscos, parâmetros para classificação de riscos, modelo de planilha de reconhecimento de riscos proposto, detalhamento do objetivo, campo de aplicação, periodicidade de revisão e profissional responsável pela elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos de acordo com cada Norma Regulamentadora, foi possível alcançar os objetivos geral e específicos conforme esperado. Ressalta-se que os resultados obtidos neste trabalho podem contribuir para a melhoria nos processos de identificação e gerenciamento de riscos das organizações, proporcionando um ambiente de trabalho saudável e agradável aos empregados, assim como a redução de doenças e acidentes ocupacionais. Dentre as limitações desta pesquisa, destaca-se que o levantamento de dados ficou restrito a análise documental, uma vez que as atualizações das Normas Regulamentadoras são recentes e ainda não há material acadêmico suficiente para discussão. Devemos considerar ainda que, as revisões entram em vigor a partir de março de 2021, prazo que as organizações tem para se adequarem às novas exigências legais. Assim, sugere-se a realização de pesquisas futuras, incluindo a análise de artigos, para verificar a eficiência e eficácia das atualizações das 21 Normas, assim como as dificuldades encontradas pelas organizações para implementação das mesmas. É importante salientar que, assim como as Normas Regulamentadoras, as metodologias de avaliação e gerenciamento de riscos estãoem constante processo de atualização e aprimoramento, sofrendo diversas alterações a fim de se adequarem da melhor forma as revoluções das organizações e processos de trabalho. Cabe aos profissionais de saúde e segurança do trabalho, assim como os líderes das organizações, se manterem atualizados e comprometidos com o bem estar dos trabalhadores. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria Geral. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário Oficial da União. Brasília, 14 de jul. de 2017. Disponível em: < http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=14/07/2017&jornal=1&pagina=1&t otalArquivos=96>. Acesso em: 18 de mar. de 2020. BRASIL. Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria Nº 6.730 de 09 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora nº 01 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. Diário Oficial da União. Brasília, 12 de mar. de 2020a. Disponível em: < http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n- 6.730-de-9-de-marco-de-2020-247538988>. Acesso em: 18 de mar. de 2020. BRASIL. Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria Nº 6.735 de 10 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora nº 09 - Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos. Diário Oficial da União. Brasília, 12 de mar. de 2020b. Disponível em: <http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-6.735-de-10-de-marco-de-2020-247539132>. Acesso em: 18 de mar. de 2020. BRASIL. Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria Nº 3.733 de 10 de fevereiro de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora nº 18 - Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção. Diário Oficial da União. Brasília, 11 de fev. de 2020c. Disponível em: < http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-3.733-de- 10-de-fevereiro-de-2020-242575828>. Acesso em: 18 de mar. de 2020. BRASIL. Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria Nº 1.085 de 18 de dezembro de 2018. Altera a Norma Regulamentadora n.º 22 (NR-22) - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração. Diário Oficial da União. Brasília, 19 de dez. de 2018a. Disponível em: < http://www.in.gov.br/materia/- http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=14/07/2017&jornal=1&pagina=1&totalArquivos=96 http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=14/07/2017&jornal=1&pagina=1&totalArquivos=96 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-6.730-de-9-de-marco-de-2020-247538988 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-6.730-de-9-de-marco-de-2020-247538988 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-6.735-de-10-de-marco-de-2020-247539132 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-3.733-de-10-de-fevereiro-de-2020-242575828 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-3.733-de-10-de-fevereiro-de-2020-242575828 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/55880309/do1-2018-12-19-portaria-n-1-085-de-18-de-dezembro-de-2018-55880129 22 /asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/55880309/do1-2018-12-19-portaria-n-1-085-de-18-de- dezembro-de-2018-55880129>. Acesso em: 18 de mar. de 2020. BRASIL. Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria n. 3.214, de 08 de julho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília. 13 de nov. de 2017. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariamte3214_1978.htm>. Acesso em: 18 mar. 2020. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria de Trabalho. Notícias. Nota (Auditor destaca importância da modernização das NRs para empresas e trabalhadores) Brasília. 15 de ago. de 2019. Disponível em: <http://www.trabalho.gov.br/noticias/7196-auditor-destaca-importancia- da-modernizacao-das-nrs-para-empresas-e-trabalhadores-brasileiros>. Acesso em: 31 de mar. 2020. BRASIL. Ministério da Justiça. Assessoria Especial de Controle Interno. MANUAL DE GERENCIAMENTO DE RISCOS E CONTROLES INTERNOS. 1ª edição. Ministério da Justiça Assessoria. Especial de Controle Interno. Assessoria de Comunicação Social. Brasília 2018b. Disponível em: <https://www.justica.gov.br/Acesso/governanca/gestao-de- riscos/biblioteca/Manual/ManualdeGestodeRiscosMJverso1.pdf>. Acesso em: 18 de mar. 2020. BRISTOT, Vilson Menegon. Introdução à engenharia de segurança do trabalho. Santa Catarina: UNESC, 2019. KLEINA, C; RODRIGUES, K. S. B. Metodologia da pesquisa e do trabalho científico. 1ª ed. Curitiba, PR: IESDE BRASIL S/A, 2014. MARCONI, M. de A. LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. OHSAS 18001. Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho - Requisitos. 2007. Disponível em: < http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm>. Acesso em: 18 mar. 2020. SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA (SESI). Nota (Novas redações das NRs 1, 7 e 9 foram assinadas pelo governo). 2020. Disponível em: <https://www.sesipr.org.br/informacoes- sst/novas-redacoes-das-nrs-1-7-e-9-foram-assinadas-pelo-governo-1-33630-433513.shtml>. Acesso em: 31 mar. 2020. http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/55880309/do1-2018-12-19-portaria-n-1-085-de-18-de-dezembro-de-2018-55880129 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/55880309/do1-2018-12-19-portaria-n-1-085-de-18-de-dezembro-de-2018-55880129 http://www.trabalho.gov.br/noticias/7196-auditor-destaca-importancia-da-modernizacao-das-nrs-para-empresas-e-trabalhadores-brasileiros http://www.trabalho.gov.br/noticias/7196-auditor-destaca-importancia-da-modernizacao-das-nrs-para-empresas-e-trabalhadores-brasileiros https://www.justica.gov.br/Acesso/governanca/gestao-de-riscos/biblioteca/Manual/ManualdeGestodeRiscosMJverso1.pdf https://www.justica.gov.br/Acesso/governanca/gestao-de-riscos/biblioteca/Manual/ManualdeGestodeRiscosMJverso1.pdf https://www.sesipr.org.br/informacoes-sst/novas-redacoes-das-nrs-1-7-e-9-foram-assinadas-pelo-governo-1-33630-433513.shtml https://www.sesipr.org.br/informacoes-sst/novas-redacoes-das-nrs-1-7-e-9-foram-assinadas-pelo-governo-1-33630-433513.shtml
Compartilhar