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MMXVI Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas - ICET Transmissão de Calor - TMC Módulo 1 - Escoamento Externo - Placa Plana Sumário 1 Breve Revisão 1 2 Escoamento Paralelo sobre Placas Planas 2 2.1 Coeficiente de Atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 3 Bibliografia 3 1 Breve Revisão O escoamento de um fluido sobre uma superf́ıcie sólida apresenta alguns fenômenos f́ısicos, tais como: forças de arrasto, sustentação, deslocamento ascendente e resfriamento. Assim, em projetos mecânicos existe um grande interesse em utilizar o melhor conhecimento dispońıvel sobre o escoamento externo e a convecção externa forçada. Uma importante variável para determinar o escoamento é a velocidade. Em relação a um sólido imerso, a velocidade fora da camada limite (longe do sólido) é denominada velocidade de escoamento livre e, é praticamente igual à velocidade de aproximação do sólido (velocidade a jusante). Tal idealização será quase exata para objetos muito finos, como placas planas, e apenas uma aproximação para um objeto rombudo, como um grande cilindro. Quando uma pessoa caminha dentro de uma piscina com a lâmina de água na altura de seus joelhos, é comum perceber a resistência gerada devido ao deslocamento. Lembre-se, a força exercida pelo fluido sobre um objeto é denominada arrasto. A força de arrasto (FD ou FA) depende da massa espećıfica do fluido (ρ), da velocidade a jusante (v), da geometria e orientação do objeto. Matematicamente, a força de arrasto depende do coeficiente adimensional de arrasto (CD ou CA), FD = 1 2 · ρ · v2 ·A · CD, onde A representa a área projetada à direção do escoamento. Para um cilindro de diâmetro d e comprimento `, a área frontal é definida por, A = d · L. Se o escoamento for paralelo à superf́ıcie, a área considerada será a área superficial. Se os dois lados de uma superf́ıcie estão expostos ao escoamento, a área total assumida é igual a área da superf́ıcie superior mais a área da superf́ıcie inferior. Um dos fenômenos que afetam a força de arrasto e, consequentemente a transferência de calor, pode ser expresso no número de Nusselt, Nu = f1(x,Rex, P r) e Nu = f2(ReL, P r). Experimentalmente, a lei da potência é uma boa aproximação para a transferência de calor, Nu = C ·RemL · Prn, onde m e n são expoentes constantes e o valor da constante C depende da geometria e do escoamento. Como durante um escoamento as propriedades do fluido variam com a temperatura, torna-se necessário avaliar a temperatura peĺıcula, ou filme, (Tf ), 1 Tf = Ts + T∞ 2 onde Ts é a temperatura do fluido na superf́ıcie e T∞ é a temperatura na extremidade da camada limite (escoamento livre). A partir desta avaliação, considera-se constantes as propriedades dos fluidos ao longo do escoamento. Para o desenvolvimento dos cálculos, é interessante obter os valores do coeficiente de arrasto e a taxa de transferência de calor para toda uma superf́ıcie. A partir dos coeficientes locais (apresentam o subscrito x) é posśıvel determinar os coeficientes médios para toda uma superf́ıcie através de, Cf = 1 ` ∫ ` 0 Cf,xdx e h = 1 ` ∫ ` 0 hxdx. Finalmente, a taxa de transferência de calor pode ser determinada por, Q̇ = h ·AS · (Ts − T∞). 2 Escoamento Paralelo sobre Placas Planas Considere uma placa plana de comprimento ` disposta paralelamente na direção de um fluido em escoamento, conforme a figura 1. A coordenada x é medida a partir do bordo de ataque1 da placa na direção do escoamento; ao se aproximar, o fluido apresenta uma velocidade uniforme com um escoamento laminar sobre a placa, mas, devido a dimensão da placa (placa longa), o escoamento torna-se turbulento a uma distância cŕıtica (xcr), onde o número de Reynolds atinge um valor cŕıtico para transição 2. Figura 1: Região de escoamento laminar e turbulento na camada limite. A equação do número de Reynolds para uma distância x do bordo de ataque de uma placa plana pode ser determinada por, Rex = ρ · v · x µ ⇒ Re = v · x ν , onde este número pode variar ao longo do escoamento para a placa até atingir o seu final (x = `). Para uma placa plana, a transição do laminar para o turbulento ocorre para Re ≈ 1 ·105, se tornando plenamente turbulento para o número de Reynolds próximo de 3 · 106. Porém, em análises de engenharia, um valor aceito para o número de Reynolds cŕıtico em placas planas é, Recr = ρ · v · xcr µ = 5 · 105. 1Primeiro ponto onde o fluido atinge a placa; geralmente, o ińıcio da placa. 2A transição do escoamento depende da geometria, rugosidade da superf́ıcie, velocidade a montante, temperatura e tipo de fluido 2 2.1 Coeficiente de Atrito As relações obtidas, analisando a espessura da camada limite e o coeficiente de atrito local (x) para um escoamento laminar, foram descritas por, δ = 4, 91 · x√ Rex e Cf,x = 0, 664√ Rex Rex < 5 · 105. Laminar Para um escoamento turbulento, tais relações foram expressos por, δ = 0, 38 · x 5 √ Rex e Cf,x = 0, 059 5 √ Rex 5 · 105 ≤ Rex ≤ 107 Turbulento Lembre-se, x é a distância à partir do bordo de ataque. Observe que os coeficiente locais de atrito são maiores em escoamentos turbulentos, consequência da intensa mistura que ocorre na camada limite turbulenta. Dessa forma, Cf,x é infinito no bordo de ataque (x = 0) e diminui por um fator 1√ x ao longo do escoamento. Quando o escoamento torna-se completamente turbulento, Cf,x apresenta o seu maior valor, decrescendo ao longo por ecoamento por um fator 1 5 √ x . Considerando toda a placa (e não apenas uma fração local), o coeficiente médio de atrito, a partir da integração apresentada na revisão, será Cf = 1, 33√ ReL Rex < 5 · 105 Laminar ao longo de toda a placa Cf = 0, 074 5 √ ReL 5 · 105 ≤ Rex ≤ 107 Turbulento ao longo de toda a placa A relação do coeficiente de atrito turbulento também deve ser utilizada quando a região do escoamento laminar for muito pequena, se comparada com a região de escoamento turbulento (xcr � `). O que ocorreria com o coeficiente de atrito se a placa fosse longa o bastante para tornar o escoamento turbulento, mas não tão longa para se ignorar a região de escoamento laminar? Deve-se considerar a integração para representar os coeficientes médio de atrito ao longo de toda a placa: Cf = 1 ` (∫ xcr 0 Cf,xlaminardx+ ∫ ` xcr Cf,xturbulentodx ) . Observe que a região de transição está inclusa na região turbulenta. Portanto, o coeficiente médio de atrito ao longo da placa será, Cf = 0, 074 5 √ ReL − 1742 ReL 5 · 105 ≤ Rex ≤ 107. Considerando uma camada limite completamente turbulenta (Recr = 0) ou para xcr muito pequena (`� xcr ou ReL � Recr), a expressão anterior torna-se uma simplificação para a equação do escoamento turbulento. Entretanto, as hipóteses utilizadas consideram as superf́ıcies lisas e o escoamento livre sem turbulência. Em relação ao escoamento laminar, a rugosidade da superf́ıcie não altera a condição do coeficiente de atrito afinal, o número de Reynolds é o fator mais impactante. No escoamento turbulento, a rugosidade superficial gera um grande aumento no coeficiente de atrito, inde- pendente do número de Reynolds (caso clássico de escoamento em tubos). Assim, é necessário determinar o coeficiente de atrito médio através de uma curva de ajuste experimental (definida por Schlichting), Cf = ( 1, 89− 1, 62 · log ε ` )−2,5 , onde ε representa a rugosidade superficial e ` o comprimento da placa na direção do escoamento. Se não houver relação melhor, esta curva de ajuste pode ser utilizada para escoamento turbulentos em superf́ıcies rugosas (Re > 106), especialmente quando ε ` > 10−4. 3 Tabela 1: Rugosidade superficial para escoamento turbulento; os dados são válidos para superf́ıcie lisa (Re = 107). Outros valores poderão ser determinados pela equação de Schlichting. Rugosidade relativa (ε/`)Coeficiente de atrito (Cf ) 0, 0 0, 0029 1 · 10−5 0, 0032 1 · 10−4 0, 0049 1 · 10−3 0, 0084 3 Bibliografia 1. Çengel, Y.A., “Transferência de Calor e Massa”, 4a Ed., Editora McGraw-Hill, 2012. 2. Incropera, F.P.; Dewitt, D.P.; Bergman, T.L. e Lavine, A.S., “Fundamentos de Transferência de Calor”, 6a Ed., Editora LTC, 2008. 3. Kreith, F. e Bohn, M.S., “Prinćıpios de Transferência de Calor”, 1a Ed., Editora Thomson Learning, 2003. 4
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