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FINANÇAS INTERNACIONAIS E CÂMBIO

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Curso: Finanças Internacionais e Câmbio
Autor: Vanessa Alessandra Silva Braga
Unidade de Educação a Distância
FINANÇAS INTERNACIONAIS E CÂMBIO
Autor: Vanessa Alessandra Silva Braga 
Belo Horizonte / 2012
ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Sumário
5Unidade 1: Sistema de Comércio Internacional
19Unidade 2: Sistemas Financeiros Internacionais
35Unidade 3: Comércio exterior e desenvolvimento
47Unidade 4: Economia Internacional Contemporânea
63Unidade 5: Mecanismos de Financiamentos Internacionais
77Unidade 6: Política comercial – Formas de proteção
Ícones
	Comentários
	
	Reflexão
	
	Dica
	
	Lembrete
	
Unidade 1: Sistema de Comércio Internacional
1. Nosso Tema 
Nesta unidade, estudaremos alguns conceitos básicos a respeito do sistema de comércio Internacional e seu novo desenho na atualidade. Veremos uma breve introdução, depois entenderemos a teoria das vantagens competitivas e a regionalização do comércio internacional dentro da globalização.
Conheceremos os conceitos do GATT e OMC, bem como suas regras e seu funcionamento. Logo após, veremos os fatores históricos do Sistema Internacional Financeiro sua evolução até os dias atuais com os mercados financeiros globais. 
Para Refletir
Esta primeira unidade será de suma importância para a compreensão do restante dos assuntos estudados. Para iniciarmos nossos estudos, proponho-lhe alguns questionamentos:
· Você entende a origem do comércio internacional, bem como suas particularidades? Imagina a história que existe por trás do que vemos de comércio internacional hoje em dia?
· Vamos refletir... O que você já ouviu falar de comércio internacional? Qual a primeira imagem que vem à sua cabeça quando se fala em comércio Internacional?
· Compreende como o comércio internacional causa impactos nas nossas vidas, nos nossos negócios, no nosso país? Sabe como esses impactos acontecem desde o passado até hoje no mundo globalizado?
É de suma importância adquirir embasamento para construirmos opiniões criticas a respeito da disciplina, o que nos trará condições de tratarmos o assunto, seja no campo acadêmico ou profissional.
Ficou curioso? Então, vamos em frente!!
2. Conteúdo Didático
2.1. Introdução
O comércio é considerado a mola propulsora para que haja finanças, isso tanto no mercado doméstico (mercado interno, mercado nacional), quanto no mercado internacional (externo). Esses conceitos são bastante importantes para o desenvolvimento da nossa disciplina e precisam estar bem claros.
Com esses conceitos definidos, estudaremos, nesta unidade, o novo desenho do comércio internacional, que, além de ter o fluxo de mercadorias e serviços, incorporou também os fluxos de capitais e da tecnologia.
Alguns blocos econômicos (que são reuniões de países que têm como objetivo a integração econômica e/ou social) apresentam um perfil de regionalização do comércio devido à força da globalização. Veremos também uma visão inicial das organizações que regulam o comércio internacional, que são: o GATT - Acordo Geral de Tarifas e Comércio - e a OMC - Organização Mundial do Comércio, esta é sucessora do GATT. Veremos, resumidamente, os fundamentos econômicos do GATT e os principais tratados da Rodada do Uruguai, rodada de negociações que transformou o GATT na OMC.
2.2. O comércio internacional – um novo desenho
A globalização impulsionou o comércio internacional trazendo novos paradigmas advindos da revisão da teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, teoria originada antes do marxismo, e sendo a base da constituição do comércio internacional. David Ricardo “demonstrou que duas nações podem beneficiar-se do comércio livre, mesmo que uma nação seja menos eficiente na produção de todos os tipos de bens do que o seu parceiro comercial” (CARVALHO, 2000, p.9-19). 
Nessa teoria, era defendido que nem a quantidade de dinheiro em um país e nem o valor monetário desse dinheiro era o maior determinante para a riqueza de uma nação, ou seja, o quanto de dinheiro que um país tinha e o quanto ele dinheiro valia não era fator de determinação de riqueza do país. A teoria das vantagens comparativas não levava em conta a movimentação do capital, do trabalho e nem da tecnologia para o desenvolvimento do comércio internacional (CARVALHO, 2000, p.9-19).
A teoria de David Ricardo considerava a economia como ciência, e explicava o comércio entre as nações sem vantagem absoluta na produção de bens, ou seja, nações que não tinham diferenças nos custos de produção, conforme já falamos no parágrafo acima. Assim, um determinado país poderia competir no comércio internacional com outro, mesmo quando este fosse melhor na produção de bens e mercadorias. 
Mas, por quê? Como isso poderia acontecer? 
Segundo David Ricardo, o mais importante no comércio entre eles não seria a vantagem absoluta de um país sobre o outro, mas sim os custos relativos de produção de cada um. 
Para um melhor entendimento, imaginemos, por exemplo, que o BRASIL gasta duas horas para produzir uma unidade de BICICLETA e uma unidade de TELEVISÃO, enquanto o segundo país, a ARGENTINA, gasta cinco horas para produzir uma unidade de BICICLETA e dez horas para produzir uma unidade de TELEVISÃO. Segundo o modelo de David, o preço de cada mercadoria no BRASIL, antes da troca com a ARGENTINA, é de uma unidade, mercadoria a mercadoria, ou seja, é de 1 para 1, porque as duas usam os mesmos recursos ao serem fabricadas. Já na ARGENTINA, a TELEVISÃO teria o custo duas vezes maior do que o da BICICLETA, porque ela gastaria o dobro de mão-de-obra para ser produzida. 
O BRASIL tem vantagem absoluta na produção de ambas as mercadorias, contudo as vantagens comparativas ainda fortalecem uma condição de troca entre o BRASIL e ARGENTINA. Mas, como seria isso?
Bom, nesse caso, a ARGENTINA poderia ganhar na importação de TELEVISÃO, que custa a metade no BRASIL (o preço de apenas uma unidade de BICICLETA). A ARGENTINA pagaria pelas importações da TELEVISÃO, exportando sua BICICLETA para o BRASIL. 
Da mesma maneira, o BRASIL importaria a BICICLETA (que nos custos seria a metade de uma unidade da TELEVISÃO), pagando suas importações à ARGENTINA, com exportações de TELEVISÃO. Esse modelo conduziria a um aumento de produção de ambos os países. 
Para maiores detalhes sobre a teoria das vantagens comparativas, veja uma sugestão de leitura indicado na Seção Amplie seus Conhecimentos da sua aula online.
As críticas ao modelo de David Ricardo surgiram com a globalização, que considera o fluxo de capitais, mesmo que o trabalho permaneça fixo geograficamente, e a teoria de David Ricardo não havia a possibilidade do fluxo de dinheiro (capitais). 
A globalização assumiu, como uma das suas principais características, a integração econômica entre países e grupos de países, ampliando o escopo do comércio internacional de bens e serviços através do emprego de novos canais de ligação, que passaram a somar os fluxos de capitaisaos fluxos de comércio, assim como fluxos de tecnologia a até de mão-de-obra.
A integração econômica pode ocorrer também pelo fluxo de pessoas, através da migração de um país para outro em busca de melhores condições de trabalho, porém o fluxo de pessoas é consideravelmente menor que o fluxo de bens, serviços e capitais. 
Neste tópico, estudamos a origem do comércio internacional, seus aspectos e seu novo desenho com a globalização. Já, no próximo tópico, analisaremos, de forma mais profunda, a globalização e a regionalização e seus aspectos no comércio internacional.
2.3. Globalização e regionalização
A integração econômica internacional tem sido marcada mais pelas regionalizações do que pela globalização propriamente dita. Observa-se uma ligação mais sólida entre as economias mais avançadas, dentro dos grupos geográficos a que essas nações fazem parte, do que entre regiões propriamente ditas. Outro detalhe é que o comércio internacional é mais intenso entre nações mais próximas geograficamente.
Os três blocos econômicos dominantes são:
· NAFTA – North American Free Trade Agreement – composto pelos países da América do Norte;
· União Européia e Ásia ampliada – composto pelos países da Europa e Ásia;
· Japão e países emergentes da Ásia. 
Eles são responsáveis por aproximadamente 80% do PIB mundial. Dentro desses blocos, o comércio intraregional tem uma parcela de 50% de participação das exportações dos países. 
Outro fator de força para a tese da regionalização e que fortalece o novo desenho do comércio internacional é o crescimento do investimento estrangeiro direto nas regiões fronteiriças, operadas pelas empresas transnacionais, que hoje se engajam no estabelecimento de unidades afiliadas para produzir e vender nos mercados externos.
Essa tendência à regionalização do comércio internacional é muito influenciada pela proximidade geográfica entre os países envolvidos. Com isso, pode-se dizer que: o comércio entre duas áreas geográficas é diretamente proporcional aos seus tamanhos relativos e inversamente proporcionais às suas distâncias, ou seja, quanto maior os países, maior será o comércio entre eles; e quanto menor a distâncias entre eles, maior também o comércio.
Neste tópico, estudamos como a globalização e a regionalização são importantes e influentes no comércio internacional, o que nos leva a ter a certeza de que cada vez mais a complexidade aumenta para as negociações internacionais. 
Isso exige cada vez maior capacidade critica e de tomada de decisão na nossa vida profissional. No próximo tópico, estudaremos mais a fundo o GATT e a OMC, que são de extrema importância para o comércio internacional, desde o seu surgimento até os dias atuais.
2.4. GATT e OMC
O GATT - Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade) - foi estabelecido no ano de 1947, com o intuito de harmonizar as políticas aduaneiras dos Estados signatários, ou seja, tornar as políticas cambiais mais harmônicas, mais regulares, coerentes entre os países que faziam parte do acordo. O GATT foi a base da criação da OMC (Organização Mundial de Comércio).
O GATT é um conjunto de normas e permissões tarifárias, criado para facilitar a liberalização comercial e combater práticas protecionistas, regulando, provisoriamente, as relações comerciais internacionais (CARVALHO, 2000, p.86-87).
Já a Organização Mundial do Comércio - OMC, segundo Carvalho (2000, p.87-89), é:
Uma organização internacional que trata das regras sobre o comércio entre as nações. Os membros da OMC negociam e assinam acordos que depois são ratificados pelo parlamento de cada nação e passam a regular o comércio internacional. Em inglês é denominada World Trade Organization (WTO) e possui 153 membros. A sede da OMC é em Genebra na Suíça. 
Enquanto o GATT ainda estava em vigor, aconteciam as Rodadas de negociações, que nada mais eram que reuniões entre os países que faziam parte do acordo para discutirem determinados assuntos. Essas rodadas funcionaram como encontros entre todas as partes contratantes em que se negociavam reduções tarifárias, diminuição de barreiras comerciais e outros assuntos relativos ao comércio internacional (CARVALHO, 2000, p.86-87).
Carvalho (2000, p.86-87) diz ainda que o principal objetivo do GATT era a diminuição das barreiras comerciais e a garantia de acesso mais justo aos mercados por parte de seus participantes - o que é bem diferente de uma promoção do livre comércio. 
Vejamos, segundo a autora, como se deu a criação da OMC:
Entre todas as Rodadas Genebra (1947), Annecy (1951), Genebra (1956) e Dillon (1960), Kennedy (1964), Tóquio (1973) sem dúvida a mais importante, foi a Rodada Uruguai (1986), a qual contou com a participação de 123 países, e que acabou constituindo a OMC em 1995. O principal objetivo da Rodada do Uruguai era negociar áreas comerciais que não faziam parte do GATT, a inclusão de novos temas, como: o aumento da importância dos setores de serviços, tecnologia, investimentos e propriedade intelectual, a forte tendência à constituição de blocos comerciais, a preocupação crescente com a sanidade de alimentos e padrões técnicos de bens, o que passou a demandar uma regulamentação própria para cada um desses temas. Por esses temas possuírem alto grau de complexidade, a sua regulamentação, só poderia se dar no âmbito de uma Organização Internacional, e por isto então foi criada assim a Organização Mundial do Comércio (OMC), com sede em Genebra, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1995. (CARVALHO, 2008, p.90-93). 
Durante a Rodada Uruguai, que durou quase sete anos e meio, o dobro do tempo previsto, foram estabelecidos novos tratados, o que provocou a maior mudança no sistema de comércio internacional, desde o estabelecimento do GATT (CARVALHO, 2000, p.91-92).
Assim, a OMC incorporou o GATT e teve sua agenda ampliada, passando a incluir o tratamento e a regulação de temas, tais como: leis do trabalho, padrões ambientais, regulação dos serviços, do investimento estrangeiro. 
Temos três abordagens, segundo Bagwell e Staiger (2002), que justificam a formulação de acordos do comércio para solucionar conflitos e disputas no comércio internacional: as abordagens econômicas; econômico-políticas; e do compromisso.
A abordagem econômica se justifica pela definição de que os acordos existem para solucionar problemas de decisões sobre políticas públicas de comércio tomadas por um país e que afetam o bem estar de um outro país.
Um exemplo é quando um país estabelece suas tarifas de importação com objetivos de maximizar seu bem estar social, mesmo que tais tarifas possam afetar fornecedores estrangeiros que apresentarem preços mais baixos. Esse tipo de situação abre a possibilidade de acordos comerciais para a solução dos conflitos surgidos, que serão tratados através de rodadas de negociação.
Já a abordagem político-econômica vem da motivação dos governos. Nessa abordagem, existe a incorporação das conseqüências para o mundo real, ou seja, distribuição social dos custos e dos benefícios dos mecanismos de fixação das tarifas, em que o governo repassa os custos ou benefícios e a população sente isso bem de perto.
A última abordagem, a de compromisso, é quando o governo enfrenta dificuldades no atendimento a compromissos firmados pelo setor privado do país com as regras do comércio internacional. É quando começam a surgir conflitos de leis, ou regras ou outros fatores que sejam de interesse interno de um país, interesse “nacional”.
Neste tópico, estudamos o GATT e a OMC de forma mais específica, vimos a origem de cada um, e seus aspectos e impactos no comércio internacional. No próximo tópico, vamos ver algumas especificidades do GATT e da OMC, que são importantes para nossa disciplina, pois poderemos entender de forma mais completa esse tema.
Preparado? Vamos lá, então!!!
2.4.1. As regras do GATT
Quando um país se filia ao GATT, ele é obrigado a aceitar um conjunto de regras sobre o modo como as futuras negociações serão feitas e construídas e como sua conduta poderá serjulgada. Os princípios do GATT incluem a reciprocidade e a não discriminação, que é descrita por Carvalho (2008): 
Na não discriminação, o país contratante deve tratar igualmente todos os outros, ou seja, ao fazer um acordo de concessão a um determinado parceiro comercial, esse deve se estender a todos os parceiros membros do GATT. A não discriminação também se refere à impossibilidade de impor tratamento diferente entre produtos nacionais e estrangeiros, isto é, o chamado “tratamento nacional”. (CARVALHO, 2008, p.92-93).
De forma resumida, as regras dele podem ser apresentadas como se segue:
· Obrigações substantivas;
· Exceções permissíveis às obrigações assumidas; e
· Procedimentos para o acerto de disputas e controvérsias.
As obrigações substantivas podem ser classificadas em três categorias (CARVALHO, 2008, p.92-93):
· Compromissos tarifários estabelecidos sob forma de compromissos obrigatórios, de maneira que a tarifa real não exceda o teto tarifário.
· O tratamento para o conceito de nação mais favorecida, ou seja, qualquer tarifa de importação aplicada a um país exportador dos países não membros não pode ser menor que a tarifa aplicada aos países membros. Países não membros não podem ter tarifas menores, pois isso os beneficiaria.
· Ações dos governos dos países membros na gestão e na execução das obrigações e deveres assumidos em seus compromissos tarifários em acordos comerciais, que possam, no seu conjunto, representar um “código de conduta” no cenário do comércio internacional. Ou seja, os governos devem honrar os compromissos acertados para fazerem acordos comerciais.
As execuções permissíveis ocorrem nas seguintes circunstâncias (CARVALHO, 2008, p.93):
· Renegociação e modificação do cronograma de implementação de tarifas;
· Suspensão de concessões tarifárias sobre a cláusula de escape, que é uma cláusula do artigo XIX do GATT; 
· Proteção de pessoas, animais e flora vegetal e saúde pública; e
· Exceções à execução do conceito de NMF (Nação mais favorecida) que podem ocorrer na negociação de acordos comerciais de preferências, imposições de medidas antidumping ou medidas compensatórias. 
Os procedimentos do GATT para o acerto de disputas e controvérsias observam uma metodologia única e seguem uma cronologia em 3 estágios envolvendo: (CARVALHO, 2008, p.93):
· Consulta aos países envolvidos na disputa comercial;
· Análise, avaliação e investigação da disputa comercial travada, com regulação e discussão por um painel do GATT; 
· O último procedimento é a autorização aos países membros para suspenderem seus compromissos tarifários para com um país originador da disputa.
2.4.2. OMC e objetivos
A OMC foi criada em 1º. de janeiro de 1995. Suas funções são, segundo Carvalho (2008, p.93-95),:
· gerenciar os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio; 
· servir de fórum para comércio internacional (firmar acordos internacionais); 
· supervisionar a adoção dos acordos e da implementação deles pelos membros da organização (verificar as políticas comerciais nacionais).
Ainda segundo o autor:
Outra função muito importante na OMC é o Sistema de resolução de Controvérsias da OMC o que a destaca entre outras instituições internacionais. Este mecanismo foi criado para solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre os membros da OMC. As negociações na OMC são feitas em Rodadas, hoje, ocorre a Rodada de Doha (Agenda de Desenvolvimento de Doha - Doha Development Agenda) iniciada em 2001 (CARVALHO, 2008, p.95-97).
Complementando:
Além disso, a OMC realiza Conferências Ministeriais a cada dois anos. Existe um Conselho Geral que implementa as decisões alcançadas na Conferência e é responsável pela administração diária (CARVALHO, 2008, p.90-92).
Resumidamente, os objetivos da OMC são:
· Administração dos acordos de comércio;
· Atuação como fórum multilateral para as negociações e disputas do comércio internacional;
· Análise e avaliação das políticas nacionais de comércio internacional, assistência e assessoria aos países em desenvolvimento na implementação das políticas de comércio internacional;
· Cooperação com outras instituições multilaterais (FMI, Banco Mundial, ONU).
Sobre os princípios da atuação da OMC, Carvalho (2008, p.93-95) destaca:
A atuação da OMC pauta-se por alguns princípios na busca do livre comércio e também da igualdade entre os países. 
· Princípio da Não-Discriminação: este princípio envolve duas considerações. O Art. I do GATT 1994, na parte referente a bens, estabelece o princípio da nação mais favorecida. Isto significa que se um país conceder a outro país um benefício terá obrigatoriamente que estender aos demais membros da OMC a mesma vantagem ou privilégio. O Art. III do GATT 1994, na parte referente a bens, estabelece o princípio do tratamento nacional. Este impede o tratamento diferenciado aos produtos internacionais para evitar desfavorecê-los na competição com os produtos nacionais. 
· Princípio da Previsibilidade: para impedir a restrição ao comércio internacional este princípio garante a previsibilidade sobre as regras e sobre o acesso ao comércio internacional por meio da consolidação dos compromissos tarifários para bens e das listas de ofertas em serviços. 
· Princípio da Concorrência Leal: este princípio visa garantir um comércio internacional justo, sem práticas desleais, como os subsídios (alguns Estados dão dinheiro aos agricultores de seus países, permitindo a produção de itens mais baratos e mais competitivos perante os itens/produtos dos outros países). Previsto nos Arts. VI e XVI. No entanto, só foram efetivados após os Acordos Antidumping e de Subsídios que além de regularem estas práticas, também previram medidas para combater os danos delas provenientes. 
· Princípio da Proibição de Restrições Quantitativas: estabelecido no Art. XI do GATT 1994 impede que os países façam restrições quantitativas, ou seja, imponham quotas ou proibições a certos produtos internacionais como forma de proteger a produção nacional. A OMC aceita apenas o uso das tarifas como forma de proteção, desde que a lista de compromissos dos países preveja o uso de quotas tarifárias.
· Princípio do Tratamento Especial e Diferenciado para Países em Desenvolvimento: estabelecido no Art. XXVIII e na Parte IV do GATT 1994. Por este princípio os países em desenvolvimento terão vantagens tarifárias, além de medidas mais favoráveis que deverão ser realizadas pelos países desenvolvidos.
Neste tópico, tivemos a oportunidade de estudar mais a fundo as regras e os objetivos do GATT e da OMC, que são a base para o comércio internacional, já que eles o regulam e o normatizam. Nos próximos tópicos, estudaremos algumas particularidades que são da OMC, mas também primordiais ao comércio internacional.
2.4.3. Ajustes da metodologia OMC
Abordaremos agora os ajustes à metodologia para que um país se filie, ou seja, se torne membro da OMC. Ela continuamente ajusta a metodologia usada para a adesão de países à organização.
A aprovação da filiação de um país à OMC, definida pelo termo accession (acesso, entrada, em francês), segue uma metodologia cujos principais objetivos são harmonizar as práticas do livre comércio decorrentes da integração do novo país membro à economia global e promover a adesão deste ao conceito de nação mais favorecida (NMF) nos acordos de comércio. Igualmente poderá ser exigido do novo país membro que adote políticas de baixas tarifas e de liberalização do investimento estrangeiro direto (IED). Normalmente, a aplicação dessas novas políticas exige a adoção de mecanismos de transição, para harmonizar subsídios, acordos de mercadorias, serviços e direitos autorais. 
2.4.4. Subsídios e Comércio Internacional
Alguns fatores que influenciam bastante no comércio internacional são geralmente posturas, ou regras adotadas pelos países para proteção interna do próprio país contra outros países que possam oferecer ameaças comerciais.
Os subsídios podem ser vistos como uma contribuição financeira do governo,ou outra instituição pública, dentro do território de um país membro, seja na forma de transferência direta de fundos, seja em formas indiretas, disponibilidade de bens e serviços, serviço, infraestrutura ou compra de mercadorias em condições especiais estabelecidas pelo governo. Os governos afirmam que os subsídios podem corrigir imperfeições do mercado.
Vamos analisar um exemplo: suponhamos que um governo decida proteger uma indústria em particular, atuando numa área em que haja a oportunidade de “aprender fazendo”. Essa ação governamental prevê que a economia como um todo poderá ser beneficiada e que esses benefícios não estejam propriamente refletidos no mercado. 
O governo poderá, nesse caso, optar entre impor uma tarifa às importações dos concorrentes externos ou subsidiar diretamente a indústria nacional escolhida. Se preferir a tarifação da importação, isso aumentará o preço interno, permitindo ao produto nacional concorrer acompanhando o aumento de preços. No entanto, se preferir a aplicação de um subsídio direto à indústria nacional, o preço do produto nacional estará livre de impostos e o subsidio recebido pela indústria lhe permitirá concorrer com as importações a preços internacionais.
Os governos podem também conceder subsídios às exportações ou à produção. 
Os subsídios podem apoiar as indústrias que necessitam alcançar economias de escala ou setores de alto custo de implantação, por exemplo, indústrias farmacêuticas e aeronáuticas. 
A ausência de uma aceitação universal dos subsídios é explicada por três fatores:
1. Processo político envolvido neste tipo de intervenção;
2. Complexidade na sua implementação eficaz; e
3. Repercussões internacionais dos subsídios domésticos.
Análises e avaliações são feitas constantemente acerca do que subsidiar, como subsidiar e até quando subsidiar. Mas, as questões técnicas e políticas envolvidas são bastante complexas e freqüentemente os governos não dispõem de respostas ou mecanismos de gestão efetivos para dirimi-las. Dessa maneira, a OMC tem trazido para si a missão de orientar os governos nesse sentido.
Os subsídios causam impactos aos países que o recebem e para os outros também. Isso causa conseqüências sobre o comércio internacional, que nos lança questões-chave como: o que subsidiar, quanto e por quanto tempo subsidiar?
Assim, o GATT/OMC estabelece regras multilaterais para disciplinar tais questões. Os estudos e as análises sobre subsídios desenvolvidos pelo GATT/ OMC podem ser depreendidos do conteúdo de três acordos:
1. Acordo sobre subsídios e medidas compensatórias.
2. Acordo sobre a agricultura.
3. Acordo geral sobre comércio de serviços.
Vejamos a seguir um pouco mais sobre cada um deles:
Acordo sobre subsídios e medidas compensatórias:
Em 1955, foram adicionadas cláusulas no GATT sobre subsídios às exportações, estabelecendo regras quanto a subsídios para produtos primários e não primários e concitando os países membros a evitar subsídios (CARVALHO, 2008, p.100).
Porém, essas novas regras não foram cumpridas, sendo que, somente na Rodada de Uruguai (1993), o sistema de medidas compensatórias foi efetivamente atualizado para o que se diz respeito a subsídios.
Os subsídios proibidos são os subsídios à exportação e os subsídios de conteúdo para o mercado interno. Contudo, as proibições não tinham aplicação imediata. 
Acordo sobre a agricultura:
O acordo da agricultura, produzido a partir da Rodada do Uruguai, pode ser considerado um dos mais completos documentos com regras explícitas para orientar o comércio de produtos agrícolas. Nesse acordo, são delineados três pilares do acordo que são: acesso ao mercado, apoio ao mercado interno e subsídios à exportação (CARVALHO, 2008, p.101).
Acordo geral sobre comércio de serviços:
O Acordo Geral sobre Comércio de Serviços, AGCS, (do inglês General Agreement on Trade in Services, GATS) é um acordo da OMC que entrou em funcionamento em janeiro de 1995 como um resultado das negociações da Rodada do Uruguai. O acordo foi criado para estender o sistema multilateral de comércio para os serviços da mesma maneira que o GATT fornece um sistema para o comércio de mercadorias. 
“Todos os membros da OMC são membros do GATS. O princípio básico da OMC das nações mais favorecidas (NMF) se aplica ao GATS da mesma forma.” (CARVALHO, 2008, p.101).
Nesta primeira unidade, vimos a origem do comércio internacional, desde a teoria das vantagens competitivas de David Ricardo, até a globalização, o GATT e a OMC nos dias atuais. Passamos por todos os aspectos relevantes que causam impacto na realização do comércio internacional. . Vimos o funcionamento desse comércio baseado nos seus agentes e atores. Espero que tenha sido bastante proveitosa esta primeira unidade, porque ela nos embasará para todas as próximas.
A gente se vê na próxima unidade, que será mais interessante ainda que esta primeira.
3. Teoria na Prática
O case China
Um exemplo para mostrar sobre a atuação de um país no comércio internacional é o case da China. Mostraremos um caso ilustrativo da filiação de um país a OMC, (CARVALHO, 2008, p.97-98): 
A China se filiou à OMC em 2001. Foi exigido do governo chinês que se comprometesse a fazer concessões quanto ao acesso a mercados internos e à redução e liberação de tarifas, exigidas pelas normas da OMC. Esse compromisso deveria estender-se inclusive à revisão, pela China, de seu sistema jurídico-institucional. O protocolo de filiação da China à OMC requereu um Mecanismo de revisão da transição TRM (Transitional Review Mechanism) cuja execução ainda se encontra em elaboração, após quase seis anos da filiação, devido ao tamanho, à dimensão geopolítica da China e a problemas políticos internos do país.
O TRM chinês, solicitado por Estados Unidos e União Européia, prescreve transparência nas práticas de comércio da China, bem como reformas jurídicas que atendam às regras da OMC. Tais compromissos implicam a aceitação da responsabilização do novo país membro perante a comunidade da OMC, na hipótese de não cumprimento das obrigações assumidas.
No caso da China, o cumprimento da TRM tem sido um problema na prática, dadas: as barreiras internas interpostas por diversos agentes econômicos chineses; as raízes históricas do país e, sobretudo as dificuldades que o próprio país encontra para conciliar regras estáveis impostas pelo governo central com poderosas forças políticas locais.
A OMC tem monitorado continuamente o TRM chinês, constatando que, por meio de acordos bilaterais assinados com Estados Unidos, União européia e Canadá, aquele país tem adotado práticas de cooperação técnica, visando a superar barreiras internas à modernização de seu sistema jurídico-institucional. 
Então pessoal, neste caso acima, podemos identificar parte do conteúdo estudado que é a questão da filiação dos países à OMC. O case da China é bem interessante, já que a China se abriu para o mercado internacional pouco tempo faz, lembram que a China era de economia fechada? E faz pouco tempo se tornou uma nação globalizada? E neste estudo de caso é o que podemos ver, logo quando abriu seu mercado ela se filiou à OMC, se prestando a obedecer regras impostas pelo comércio internacional. Para um país que era bastante fechado igual a China, foram colocadas algumas restrições, foram encontradas algumas resistências internas dentro do País, o que tornou o processo de filiação da China um pouco mais demorado. Vale a pena ler este case... Não deixem de lê-lo!!! Bons estudos
4. Recapitulando
Olá!
Estudamos, nesta unidade, o comércio internacional, e vimos que ele é o mecanismo propulsor para as finanças internacionais. Sem comércio não há finanças.
Estudamos seu novo desenho, analisado em comparação com a teoria das vantagens absolutas de David Ricardo. Vimos que temos que considerar os fluxos de capitais e tecnologia, o que David Ricardo não considerava na sua teoria. Porém, sabemos que capital e tecnologia é arte totalmente integrante da nossa vida comercial e financeira atualmente. Vimos também, nesta unidade, acriação do GATT e posteriormente a criação da OMC, organizações com o objetivo de regulamentar e equalizar o comércio internacional, evitando que algumas nações tenham vantagens absurdas sobre outras. Vimos também a questão da globalização e da regionalização que é bastante forte nesse mercado. 
Destacamos que o comércio internacional tende a ser mais intenso entre nações mais próximas geograficamente e conhecer seus agentes intervenientes, bem como suas particularidades mais importantes.
Espero que tenha absorvido bem o conteúdo.
Vemo-nos na próxima unidade. Até lá!!
Unidade 2: Sistemas Financeiros Internacionais
1. Nosso Tema 
Nesta unidade, estudaremos alguns conceitos básicos a respeito dos esquemas monetários internacionais, veremos o funcionamento do SFI (Sistema Financeiro Internacional), bem como seus mecanismos de ajuste, sua liquidez e confiança. Estudaremos os fatores históricos das finanças internacionais e compreenderemos sua importância. Veremos, também, os sistemas cambiais, sendo sistemas de taxas automáticas que podem ser de taxa fixa e taxa flutuante, e ainda os sistemas, como taxa de cambio, administração multilateral de taxa de cambio e união monetária.
Seguiremos analisando os mercados financeiros globais. Citaremos as crises que existiram no sistema financeiro internacional, e daremos maiores detalhes delas com cases a respeito do tema disponíveis em links de internet e bibliografias sugeridas para um maior aprofundamento do assunto.
Ufa!! Quanta coisa!!! 
Ficou curioso? Então, siga em frente!!
Para Refletir
Os fatos históricos do sistema financeiro internacional nos darão embasamento para a compreensão de como o sistema internacional de comércio causa impactos nas nossas vidas, nos nossos negócios, no nosso país, e isso desde quando surgiu o primeiro sistema financeiro internacional até os dias de hoje. 
Na primeira unidade, vimos o comércio internacional com suas origens e seus aspectos. Agora vamos dar continuidade aos nossos estudos... Porém, será que vamos ver algo mais da primeira unidade? Será que conseguiremos linkar uma unidade com a outra? Quais as semelhanças? E quais as diferenças?
Dá para ficar curioso, não?
Após estudarmos esta unidade, teremos embasamento para criarmos opiniões criticas a respeito do conteúdo - o que nos dará capacidade de tratarmos o assunto seja no campo acadêmico ou no profissional.
2. Conteúdo Didático
2.1. Introdução
O sistema financeiro internacional (SFI) pode ser definido como um conjunto de regras, acordos, convenções e instituições que permitem com que a economia funcione, ou seja, relações de troca ou negócios entre atividades, moedas, fluxos financeiros, fluxos monetários, empréstimos, pagamentos, aplicações financeiras internacionais entre empresas, bancos, bancos centrais, governos e/ou organismos internacionais, com o intuito de facilitar o comércio e os investimentos internacionais. Sendo assim, podemos verificar que o SFI é uma tentativa de conciliar três objetivos contraditórios:
Conversibilidade das moedas a uma taxa fixa: Durante a vigência do padrão ouro (pré-1914), o significado de moeda conversível era o significado de troca por ouro a uma taxa fixa oficial. A moeda doméstica era emitida com base nas reservas em ouro, fazendo com que o meio de pagamento doméstico e internacional fosse o mesmo para os países mais importantes do comércio mundial. (ROBERTS, 2000, p.11-13).
Mobilidade dos capitais: que é possibilidade de transacionar com a moeda, ou seja, facilidade de trocar a moeda por outra moeda. (ROBERTS, 2000, p.11-13). 
E ainda, os interesses nacionais e regras internacionais, em que se tentou conciliar interesses nacionais de cada nação às regras internacionais, porém, gerou-se muito conflito, já que as regras internacionais sempre atendiam aos interesses de todas as nações.
O sistema financeiro internacional passou por três fases evolutivas na sua história: O padrão ouro, o sistema Bretton Woods e as taxas de câmbio flutuantes. 
Com a globalização, o SFI teve uma nova configuração, com maior participação dos países emergentes. 
Veremos, a seguir todo o contexto histórico do sistema financeiro e suas particularidades, para entendermos melhor como se dá o funcionamento dele. Vamos começar estudando as origens e as funções da moeda.
2.2. Origens e funções da moeda
Neste tópico, veremos as origens, as funções e como surgiu a movimentação financeira da moeda. Primeiro, uma explicação, segundo Ratti (2001, p.23-25), da origem da moeda:
Depois da criação da moeda, outros problemas foram surgindo, porque, de tempos em tempos, o produto que seria a moeda mudava, sendo sal, pele, conchas, gado etc. Alguns desses produtos apresentavam inconveniências em relação à durabilidade ou ao transporte (caso do gado).
Devido a esses problemas, foi criada a moeda metálica, pois era mais fácil de transportar, não estragava facilmente, e podia ser dividida em pedaços para pequenos pagamentos. O autor ainda explica que:
Porém, com o objetivo de se proteger de possíveis roubos, passou-se a depositar essas moedas, bem como as barras de ouro e de prata, junto aos ourives, em troca de um recibo comprobatório desse deposito. Ao efetuar um pagamento, em vez de se dirigir ao ourives e retirar o deposito em metal, passou a utilizar o recibo para saldar seus compromissos. E assim surgiram as notas bancárias.
Ainda segundo Ratti (2001, p.23-25), a moeda foi sofrendo um processo contínuo de transformação e conseqüente desmaterialização: passou de moeda-mercadoria, para moeda metálica e depois para moeda papel. Sendo assim, moeda é definida como um bem instrumental que facilita as trocas e permite a medida ou a comparação dos valores. 
Criada e determinada a moeda monetária de cada nação, as transações foram se desenvolvendo e atingindo altas negociações dentro das próprias nações e entre elas. Então, viu-se a necessidade de instituir uma organização segura e confiável. Foi assim que surgiu o Sistema Financeiro Internacional, assunto que veremos a seguir.
Curioso?? Então, vamos lá!!!
2.3. Funcionamento do sistema financeiro internacional
O Sistema Financeiro Internacional contribui para o desenvolvimento mundial, visando garantir e proteger as trocas financeiras entre as nações. Este sistema desempenha, principalmente, três funções, segundo Roberts (2000, p.11):
· Realizar os pagamentos correspondentes às transações efetuadas: Numa transação comercial internacional, quem compra precisar realizar pagamento e quem vende, obviamente precisa receber.
· Prover unidade estável de valor: Determinar um preço pelo qual as moedas são trocadas, tentar estabelecer a taxa de conversão de forma mais estável possível.
· Estabelecer normas para pagamentos diferidos: os pagamentos são transfronteiriços, ou seja, pagamentos que ultrapassam fronteiras, feitos entre diferentes nações, diferentes países, envolvendo, usualmente, transações em diferentes divisas (diferentes moedas, diferentes dinheiros), e, para que isso ocorra de forma harmônica, são necessárias algumas normas. 
Assim, dentro do sistema financeiro internacional, os pagamentos são transfronteiriços (entre fronteiras, ou seja, entre nações), envolvendo, quase sempre, transações em diferentes moedas. Elas são chamadas transações com divisas, que são toda e qualquer troca (compra e venda) de moedas estrangeiras, ou seja, não-nacionais, de qualquer forma, moeda em espécie, dinheiro vivo, títulos, cheques, etc. Essas transações são realizadas nos mercados cambiais, que são uma parte importante do sistema financeiro internacional. Podemos assim dizer que o negócio do mercado cambial é a compra e venda de divisas. (RATTI, 2001, p.23-25).
As transações cambiais são geradas pelo comércio internacional e pelos movimentos de capital transfronteiriços, já que os participantes, em geral, exigem pagamento em suas próprias moedas. 
Segundo Roberts (2000, p.11), a determinação do preço das moedas no mercado cambial – a taxa de cambio – depende do funcionamento do sistema financeiro internacional,e, para que ele possa funcionar sem percalços, são necessárias três condições:
· Um mecanismo de ajuste;
· Liquidez adequada;
· Confiança no sistema.
Agora que já vimos como funciona o sistema financeiro internacional e suas principais funções, veremos, a seguir, as condições necessárias para que o funcionamento do SFI aconteça:
Mecanismos de ajuste
Os mecanismos de ajuste são meios de correção dos desequilíbrios de balanços de pagamentos entre países. Com esses mecanismos, o balanço global de pagamentos deve ser sempre nulo, embora os países individualmente possam apresentar superávit ou déficit. Um exemplo dos mecanismos possíveis de ajuste é o realinhamento da taxa de câmbio de um país em relação aos demais. Alternativamente, os governos também podem tomar políticas econômicas internas que ajustem unilateralmente o balanço de pagamentos, porém elas podem ser impopulares e politicamente problemáticas. Outro meio é fazer uma administração cambial coordenada com outros países (ROBERTS, 2000, p.12).
Liquidez
Liquidez significa ter disponibilidade adequada de moeda estrangeira. A falta de moeda estrangeira restringe o comércio e as transferências de capital (ROBERTS, 2000, p.11). 
Confiança
É necessário ter confiança na estabilidade do sistema como um todo e em seus principais componentes, pois, assim, favorece a participação de transações comerciais. A falta de confiança leva à cautela excessiva, reduzindo as transações internacionais e a prosperidade global (ROBERTS, 2000, p.11).
Podemos concluir que, para que o sistema financeiro internacional possa acontecer, é necessário que os desequilíbrios das balanças comerciais entre os países sejam sempre nulos, mesmo que dentro de cada um dos países, de forma individual, haja o superávit ou déficit na sua balança comercial. Além desse ajuste, os países precisam ter moeda estrangeira em reserva, porque fica inviável e impossível a transação de comércio internacional. 
Por ultimo, é preciso ter confiança no sistema financeiro, pois, se não houver, haverá redução das transações internacionais, prejudicando o funcionamento financeiro mundial.
2.4. Sistema Monetário Internacional em Perspectiva Histórica
Veremos, agora, nos próximos tópicos, a evolução do sistema financeiro ou também, usualmente chamado, de Sistema Monetário Internacional. Teremos a visão de como aconteceu e as mudanças no decorrer evolutivo do SFI.
2.4.1. O Padrão Ouro: 1816 – 1933
Segundo (CARVALHO, 2008, p.61-62; ROBERTS, 2000, p.14-15; RATTI, 2001, p.289), o Padrão ouro (também chamado de clássico), primeiro Sistema Monetário Internacional, foi um sistema de câmbio fixo com mercadoria-padrão, sendo, o ouro tal mercadoria. O padrão ouro clássico, como qualquer Sistema Monetário Internacional, tinha como objetivo básico o equilíbrio interno e externo da economia. Ele vigorou até a primeira guerra mundial (1914 a 1918). 
Os países participantes fixavam certa quantidade de ouro pela qual sua moeda nacional podia ser convertida. Por exemplo, 1 onça de ouro poderia ser trocada por 4 libras na Inglaterra e 40 dólares nos EUA, sendo, então, a cotação de 1 libra igual a 10 dólares (ROBERTS, 2000, p.14-15; RATTI, 2001, p.289).
A Inglaterra adotou o padrão ouro em 1816, com uma paridade definida de 123,27 grãos (antiga unidade de medida de peso, que equivalia a ¼ do quilate, ou seja, 49,8 mg) de ouro por libra esterlina. A libra esterlina teve importante papel no sistema financeiro internacional até o início da I Guerra Mundial. (ROBERTS, 2000, p.15).
Londres era o centro bancário internacional, cotado e financiado em libras esterlinas, que era a principal moeda de reserva. A confiança no estado britânico, bem como o prestígio e a competência do banco da Inglaterra fizeram com que a libra fosse “tão boa quanto o ouro”, disseminando confiança em todo o sistema. (CARVALHO, 2008, p.61-62; ROBERTS, 2000, p.14-15; RATTI, 2001, p.289).
Mais países adotaram o padrão ouro nos últimos anos do século XIX. A Inglaterra e mais outros países da Europa abandonaram o padrão ouro na I Guerra Mundial e o dólar americano tornou-se a base do padrão ouro. As moedas européias voltaram ao padrão ouro nos anos 20 e a libra tornou-se conversível de novo em 1925, mas com uma paridade sobrevalorizada. Com a crise de 1929, a Inglaterra e a Alemanha foram forçadas a abandonar o padrão ouro e os EUA, dois anos mais tarde, também o abandonou. A libra esterlina e o dólar passaram a flutuar, embora suas taxas de cambio fossem administradas por seus bancos centrais (ROBERTS, 2000, p.15).
O padrão ouro possui mecanismos automáticos (mecanismos de mercado para os liberais) para alcançar o equilíbrio do balanço de pagamento por todos os países ao mesmo tempo. Através dos seus mecanismos automáticos, o padrão ouro-clássico funcionou de forma “boa”. O que se pode verificar é que, através do padrão ouro, a Inglaterra fez do controle "quase" monopolístico dos meios de pagamento universal (a libra como moeda mundial) (ROBERTS, 2000, p.15).
2.4.2. Período Interguerras
Segundo (CARVALHO, 2008, p.62-63; RATTI, 2001, p.292), “O período compreendido entre as duas guerras mundiais caracterizou-se por uma total desorganização do sistema monetário mundial”. Países adotavam taxas fixas ou flutuantes, conforme o que fosse conveniente no momento. 
Pelo acordo de Genova, em 1922, tentou-se estabelecer um sistema de certo modo semelhante ao do padrão-ouro vigente até a I Guerra Mundial. Os países signatários, ou seja, os países que faziam parte desse acordo manteriam como reservas monetárias não apenas o ouro, mas também moedas que fossem conversíveis em ouro, surgindo, então, um novo sistema, que foi o sistema de câmbio-ouro (CARVALHO, 2008, p.62-63; RATTI, 2001, p.292).
A Inglaterra foi quem deu o passo principal para a aplicação deste sistema, em 1925, com o seu retorno ao padrão ouro, adotando para a libra esterlina a mesma paridade que possuía anteriormente à I Guerra Mundial. Dada a importância da libra esterlina na época e aliada à sua conversibilidade em ouro, os países passaram a usá-la amplamente como moeda reserva.
No final das décadas de 20 e 30, as principais nações já haviam restabelecido taxas cambiais fixas e, algumas delas, a conversibilidade de suas moedas em ouro. Porém, as paridades estabelecidas estavam fora da realidade, pois algumas eram super valorizadas enquanto outras desvalorizadas.
A grande depressão da década de 30 complicou o retorno a um sistema monetário estável, visto que vários países recusavam-se a aceitar a deflação de preços para obter a correção de seus balanços de pagamentos. Além disto, passaram a adotar desvalorizações competitivas de suas moedas, numa tentativa de estimular o nível de emprego por meio de exportações. 
2.4.3. O Sistema Bretton Woods
Segundo (CARVALHO, 2008, p.63-65; ROBERTS, 2000, p.15-16; RATTI, 2001, p.293-295), o sistema de Bretton Woods é assim chamado em decorrência de uma reunião em julho de 1944, de representantes de 44 países no Hotel Mount Washington, em Bretton Woods, estado de New Hampshire, EUA, com a proposta de desenhar uma nova ordem financeira internacional, que viria a substituir o já fracassado sistema do padrão ouro. “O objetivo do encontro era formar um novo padrão financeiro internacional que pudesse evitar a ocorrência de uma depressão como a dos anos 30 e promover o crescimento econômico e a prosperidade no pós-guerra.” (ROBERTS, 2000, p.15-16).
Esse novo regime teria de exercer efetivo controle sobre as taxas de cambio, colocando limites às políticas inflacionárias dos países, além de apresentar algum mecanismo para apoiar as reservas dos países que apresentassem déficits em seus balanços de pagamentos. 
Foram apresentados dois planos aos participantes da conferência de Bretton Woods: O plano inglês, proposto por Lorde John Maynard Keynes; e o plano americano, proposto por Harry Dexter White. Os dois planos coincidiam no ponto de ser adotado um regime de câmbio com taxa fixa ajustável, que fosse coordenada por uma agência internacional.O plano inglês, porém, propunha que esta agência fosse a União Monetária Internacional e o plano americano propunha que esta agência fosse o Fundo de Estabilização das Nações Unidas. Ambos propunham ter o controle sobre a política financeira interna dos países membros (CARVALHO, 2008, p.63-65; ROBERTS, 2000, p.15-16; RATTI, 2001, p.293-295). 
As discussões da reunião criaram o acordo de Bretton Woods, que consistiu num novo sistema de taxas câmbio que, em linhas gerais, apresentava os seguintes pontos:
· O padrão ouro seria abandonado;
· As moedas não seriam mais conversíveis em ouro;
· Os países estabeleceriam uma paridade para suas moedas, em termos de ouro; e os bancos centrais passariam a ser obrigados a entrar no mercado de cambio para comprar e vender suas moedas, mantendo-as até 2% acima ou abaixo de seu valor de paridade;
· Para gerir as reservas necessárias à operacionalização do acordo de Bretton Woods, foi criado o FMI.
· O ouro passaria a ser utilizado apenas nas transações entre bancos centrais e entre estes e o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Contudo, o sistema criado apresentava ainda duas questões a serem equacionadas:
· Onde os bancos centrais obteriam recursos para intervir nos mercados cambiais?
· Como seriam estabelecidos e alterados os valores de paridade das taxas fixas?
Com a criação do sistema Bretton Woods, foram definidos alguns traços, objetivos fundamentais do sistema, que eram, segundo Roberts (2000, p.11-12):
1 - Papel fundamental do dólar americano como moeda-pivô: 
Ao término da II Guerra Mundial, os EUA eram incontestavelmente, a economia predominante no mundo, detendo por volta de 70% das reservas mundiais de ouro. O dólar americano tinha papel pivô nos novos arranjos, ou seja, o dólar foi ancorado ao ouro e as autoridades dos EUA incumbiram-se de sustentar a conversibilidade do dólar em ouro. O preço do dólar foi fixado em US$35 por onça de ouro 
2 - Taxas de cambio fixas, mas ajustáveis:
O sistema Bretton Woods é um sistema de taxas de cambio fixas, porem com mecanismos de flexibilidade e ajustamento. Às demais moedas atribuiu-se uma paridade central em relação ao dólar em torno da qual poderiam flutuar +/- 1%. Como recurso de última instância, em caso de desequilíbrio fundamental, os países poderiam valorizar (aumentar) ou desvalorizar (diminuir) o valor de suas moedas em relação ao dólar. Com tal flexibilidade, pretendia-se permitir aos governos corrigir problemas persistentes no balanço de pagamentos por meio da taxa de cambio em vez de controles de importação ou deflação doméstica.
3 - Fundo Monetário Internacional:
O FMI foi criado para a supervisão da operação do novo sistema financeiro internacional. O FMI existe para suprir instrumentos de crédito destinados a aliviar dificuldades temporárias no balanço de pagamentos e problemas decorrentes do endividamento externo. Esses créditos provêm das cotas de cada um dos membros do FMI. Quanto maior for o recurso a esses fundos, tanto mais severas as condições exigidas para a correção do problema subjacente..
4 - Banco mundial
O Banco Mundial, Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD é uma agência do sistema das Nações Unidas, que foi fundada a 1 de Julho de 1944 por uma conferência de representantes de 44 governos em Bretton Woods, New Hampshire, EUA, e que tinha como objetivo inicial financiar a reconstrução dos países devastados durante a Segunda Guerra Mundial. Atualmente, seu objetivo é a luta contra a pobreza através de financiamento e empréstimos aos países em desenvolvimento. É composto por 184 países membros. A Sede é em Washington DC, EUA. O autor ainda afirma que:
Atualmente, em conjunto com sua instituição-gêmea, a Associação para o Desenvolvimento Internacional (AID), auxilia aos países em desenvolvimento outorgando-lhes financiamentos de longo prazo para projetos e programas.
Até aqui estudamos os primeiros sistemas financeiros, Padrão Ouro, passamos pelo período interguerras e vimos o Sistema Bretton Woods. Compreendemos suas funções, seus objetivos e seus respectivos declínios. Veremos, a seguir, mais especificamente o declínio do Sistema Bretton Woods.
2.4.4. Razões do fracasso do Sistema Bretton Woods
Dentre os vários problemas para o fracasso do sistema, destacam-se o problema de liquidez e o problema de ajustamento. O fracasso do Sistema Bretton Woods decorreu do fato de os bancos centrais reterem dólares enquanto tinham a confiança de que poderiam convertê-los em ouro à paridade de US$35,00 por onça, porém a desvalorização abalou a confiança no sistema. A desvalorização do dólar com relação ao ouro não melhoraria a posição dos EUA se os países superavitários, não valorizassem suas moedas (ROBERTS, 2000, p.19).
· O problema da liquidez 
A expansão do comércio internacional gerou necessidade de reservas em dólares por parte dos bancos centrais e isto exigia um déficit no balanço de pagamentos dos EUA. A taxa de expansão das reservas de ouro dos EUA não acompanhou a taxa de acumulação de dólares pelo exterior, o que tornou posteriormente impossível a conversibilidade da moeda. Então a crescente desvalorização da moeda americana afetou a confiança no sistema (ROBERTS, 2000, p.20).
· O problema de ajustamento
Embora o Sistema de Bretton Woods propusesse realinhamentos parciais, estes foram raros. Países com superávits queriam a valorização das suas moedas, por razões econômicas e os países com déficits, queriam desvalorizar suas moedas por questões políticas. Já os EUA, tinham a desvalorização da moeda como uma “bomba”, que diminuiria a confiança em todo o sistema (ROBERTS, 2000, p.20).
Depois do seu fracasso, em 1971, devido a vários motivos, o sistema será substituído por uma nova ordem financeira internacional. Veremos, a seguir, o período pós Bretton Woods. 
Vamos lá!
2.5. O Sistema Pós-Bretton Woods 
Em Dezembro de 1971, no acordo Smithsonian Agreement, o dólar americano foi desvalorizado em relação ao ouro e as outras moedas foram valorizadas em relação ao dólar. Tentou-se manter as taxas fixas durante um período, porém em 1973 o preço do ouro se elevou novamente. Então, adotaram-se taxas flexíveis de cambio e a partir de 73 o mundo convive com taxas flutuantes, determinadas pelo mercado e sujeitas a intervenções dos Bancos Centrais e dos acordos multilaterais entre nações (CARVALHO, 2008, p.65).
Em 1976, em uma reunião realizada na Jamaica, o FMI alterou seu estatuto da seguinte forma, segundo Roberts (2000, p.21):
· O preço oficial do dólar foi abolido.
· Maior liberdade aos países-membros do FMI para administrarem suas taxas de cambio.
· Moedas fortes como iene, libra e dólar, flutuavam, porém com intervenção de seus bancos centrais.
Este sistema ficou conhecido como sistema Serpente e, posteriormente, foi substituído pelo Sistema Monetário Europeu, em 1979.
Alguns fatos históricos foram muito importantes na determinação e no desdobramento do Sistema Financeiro Internacional:
· 1º choque do petróleo (1973-1974);
· Crise do dólar americano (1977-1978);
· Reaganomics como política (1980-1985);
· O dólar descendente (1985-1987);
· O acordo do Plaza (1985);
· O acordo do Louvre (1987);
Vá até Seção Amplie seus Conhecimentos, na sua aula online. Lá, você encontrará dicas interessantes de bibliografia e links, para saber mais informações e estudar a fundo sobre o conteúdo visto nesta unidade.
2.6. Outros Sistemas Financeiros 
A dolarização e a união monetária também são consideradas sistemas financeiros. Elas foram criadas após o Sistema do Padrão-Ouro e após Bretton Woods. Por isso, não foram citadas no histórico dos sistemas financeiros internacionais. São sistemas recentes e usados em alguns países, ou até mesmo em blocos, como veremos a seguir.
Dolarização
Dolarização é quando um governo adota o dólar americano como unidade básica do sistema monetário de seu país. Podemos usar, como exemplo, o Panamá, que adotou este sistema em 1904. O dólar americano possui circulação legal e convive com a moeda nacional, o balboa, o qualé livremente conversível ao par (1:1) com o dólar. (RATTI, 2001, p.312).
Contudo, o balboa é representado somente por moedas metálicas de pequeno valor. O papel moeda do país é constituído apenas pelo dólar. 
Os países que adotarem uma moeda estrangeira (dólar ou outra qualquer) como moeda nacional perderão também a receita da Seigniorage, que é o lucro que o governo tem quando emite moeda com valor facial maior do que seu custo (RATTI, 2001, p.312). Por exemplo: supondo que o custo para emissão de uma nota de R$100,00 seja de R$0,50, o governo brasileiro terá, então, um lucro de R$99,50, que utilizará para atender às suas despesas.
União Monetária
A união monetária é a situação em que mais de um país concordam em compartilhar uma moeda única (RATTI, 2001, p.312).
Um exemplo de união monetária é a União Monetária Européia, que é formada pelos países que utilizam o Euro, também comumente chamada de zona do euro ou em inglês Eurozone. 
A sua formação inicial começou com o próprio desenvolvimento da União Européia, na época ainda, Comunidade Econômica Européia, onde havia uma cesta de moedas de países da comunidade, chamada ECU (European Currency Unity). Essa cesta de moedas teve várias oscilações e chegou a ser motivo de problemas na comunidade, quando durante um período de crise houve a saída da Grã-Bretanha (RATTI, 2001, p.312).
2.7. Mercados Financeiros Globais
Nos anos 80 e 90, surgiu o mercado financeiro global, com várias dimensões, como o mercado cambial, os empréstimos bancários internacionais, os títulos de longo prazo e a negociação internacional de ações e derivativos. 
“O desenvolvimento do mercado financeiro global é o resultado da expansão das negociações bancárias internacionais e de alguns outros fatores”, como (ROBERTS, 2000, p.34-35):
· Liberalização dos fluxos internacionais de capital;
· Desregulamentação dos mercados financeiros;
· Revolução na tecnologia das comunicações;
· Inovações financeiras.
A integração das economias está produzindo mudanças nos preços de mão-de-obra, capital, commodities e das mercadorias, e essas mudanças geram, conseqüentemente, redistribuição de renda no mercado global.
Alguns fatos importantes têm acontecido nas economias emergentes, o que tem gerado alterações significativas no equilíbrio do comércio mundial, por exemplo, a maior participação do Terceiro Mundo, que tem sido responsável por mais da metade do produto mundial, quando medido pela paridade do poder de compra. Além disso, as economias em desenvolvimento são responsáveis por mais da metade do aumento no PIB global. As economias emergentes detêm dois terços das reservas de câmbio e consomem 47% da produção mundial de petróleo. Toda essa influência acabou por aumentar as economias mundiais. 
Com a globalização, surgiu a remoção das barreiras aos fluxos internacionais. Segundo Roberts (2000, p.34), “A tecnologia na forma de computadores e telecomunicações aumentou o fluxo internacional de informação e de finanças, ampliando o escopo de investimentos e negócios mundiais.” 
 
EXPORTADOR
 
BANCO NO 
EXTERIOR
 
IMPORTADOR
 
FINANCIADO
R
R
 
FINANCIADO
 
PGTO À VISTA
 
Ainda segundo o autor, o fato é que o mundo atual está cheio de propostas de novos mecanismos de combate às crises. O debate a respeito da nova arquitetura financeira global está cheio de vagos esquemas grandiosos. Fala-se de “um novo Bretton Woods para o novo milênio”, fala-se em “zonas alvo” para as principais moedas do mundo, fala-se em “dotar as instituições internacionais de genuína legitimidade política”. O resultado de tudo isso tem sido uma “cacofonia” de sugestões (ROBERTS, 2000, p.34).
De acordo com Roberts (2000, p.40), o desenvolvimento dos acontecimentos é bem menos espetacular. “O grupo dos Vinte e Dois (grupo informal Ad Hoc de 22 países ricos e emergentes) assumiu uma nova importância como local para a discussão de questões financeiras internacionais.” 
E ainda completa, “Em 1998, foi criado um instituto para a estabilidade financeira, patrocinado pelo Banco para compensações Internacionais. Em 1999, o grupo dos Sete (o clube dos países ricos) aprovaram uma proposta para a formação de um novo “foro para a estabilidade financeira” (ROBERTS, 2000, p.40). 
Nesta Unidade 2, vimos o funcionamento do sistema financeiro internacional, bem como seus objetivos. Vimos também sua história, como surgiu e como foi evoluindo até os dias atuais. Estudados os principais sistemas evolutivos do SFI, seus objetivos, suas características e os motivos para seus fracassos. Temos que ter compreendido todo o aspecto histórico, seus impactos no mercado internacional e os aspectos atuais do sistema financeiro internacional, com o qual temos que lidar todos os dias. Espero que tenham compreendido o conteúdo estudado e também que possam trazer esses estudos para sua vida profissional. 
3. Teoria na Prática
Hoje, temos vários exemplos que podemos usar para complementar o entendimento de nossa disciplina. Abordaremos um sobre a condição mundial atual, que é o assunto do mundo, que são as finanças internacionais, seus impactos, e a crise. Chegam até a dizer que talvez passaremos por uma nova depressão de 1929. O fato é que existe muita verdade, porém muita especulação também.
Vamos ver um esquema prático da crise dos EUA que antecedeu a crise européia, e se tornou uma crise mundial, pois afeta todos os países do mundo. E por que isso? Por causa da globalização. Hoje, os países são interdependentes, e uma ação em um determinado país causa efeitos em vários outros. 
Fonte: Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u453003.shtml>. Acesso em: 15/01/2009.
Nesse exemplo, podemos perceber bem o Sistema Financeiro Internacional, um pouco de seu funcionamento e os impactos que uma atitude num determinado país pode causar impactos em diversos outros. 
A globalização coloca os países de maneira interdependente, e, nesse caso, uma atitude nos EUA de liberar crédito interno aos norte-americanos criou uma bolha e que, junto com a crise Européia, afetou todo o sistema financeiro internacional. 
Os EUA liberou de forma fácil, muito barata e sem critério, dinheiro para as pessoas. Assim, qualquer pessoa podia pegar um empréstimo e colocar sua casa como garantia no banco, e, ainda por cima, cada uma podia pegar finaciamento em mais de um banco. Como muitos não conseguiam quitar suas dívidas, a inadiplência foi crescendo, juros crescendo também e os preços dos imóveis foram caindo, gerando a crise dentro dos EUA tão falada ultimamente. Logicamente, por ser uma potência e um país de extrema importância para o funcionamento do sistrema finaceiro mundial, ela acabou afentando em forma de cadeia (efeito dominó) os outros países, inclusive afetou a economia Européia, o que contribuiu para que ela também entrasse em crise.
4. Recapitulando
O Sistema Financeiro Internacional (SFI) é uma estrutura de acordos, normas, convenções e instituições, em que mercados e empresas internacionais operam. O SFI apresentou três fases evolutivas: O Padrão Ouro até os anos 30; o Sistema Bretton Woods, de 1944 a 1973 e, daí para frente, o Sistema de Taxas Flutuantes.
O Sistema Padrão Ouro foi o primeiro sistema financeiro internacional, porém durou muito pouco. O Sistema Bretton Woods foi um sistema de taxas fixas entre as principais moedas do mundo. Nos anos 70, a taxa de câmbio passa a flutuar, mas suas variações passam a ser aliviadas por órgãos intervenientes, como, por exemplo, pelo Sistema Monetário Europeu.
Os anos 70 foram de muita instabilidade para o SFI, com altos níveis de inflação e instabilidade cambial. Os anos 80 viram a emergência de mercados financeiros no Ocidente e na Ásia. As décadas de 80 e 90 viram surgir um grande mercado financeiro global, com crescimento gigantesco dos fluxos financeiros na atualidade.
Para facilitar ainda mais o entendimento da unidade estudada e os principais conceitos, temos as Notas de Aula, que é um apanhado geral sobre tudo que vimos na unidade e que torna a compreensão bem maisfácil, didática, rápida e objetiva. Para acessá-las, vá até a sua aula online.
Unidade 3: Comércio exterior e desenvolvimento
1. Nosso Tema 
O comércio exterior, logicamente, é originário do comércio, e este é bastante antigo, existe desde quando as negociações eram ainda feitas através do escambo. À medida que as técnicas de transporte e armazenagem foram sendo desenvolvidas, o comércio também foi se desenvolvendo cada vez mais, tendo um salto com a criação da moeda, que tornou muito mais fácil a comercialização de bens e serviços.
Nesta unidade, vamos estudar o comércio exterior e o desenvolvimento. Veremos também como os conteúdos das duas unidades anteriores são entrelaçados com nosso assunto atual, semelhante a uma corrente, em que cada unidade é um elo e todas juntas funcionam para formar uma cadeia interdependente, ou seja, um assunto é originado do outro e são dependentes entre si para funcionarem.
Para Refletir
Vamos pensar um pouco!
Você já parou para pensar como o comércio exterior é presente nas nossas vidas? Como ele influencia nossa vida profissional e consequentemente nossa vida pessoal? O que vem à cabeça quando você ouve a palavra comércio exterior? E a palavra desenvolvimento? Nesta unidade, estudaremos alguns conceitos do comércio exterior, veremos seus mecanismos de funcionamento, sua relação com o desenvolvimento e o reflexo dele nas nossas vidas. Depois de estudar esta unidade, poderemos fazer análises críticas de acontecimentos da nossa vida profissional, da situação financeira do nosso país e da situação mundial. Seremos, então, capazes de ver de forma diferente o comércio exterior (além de importação e exportação) e sua importância no desenvolvimento. 
Curioso??? Então se prepare e vamos lá!!!!
2. Conteúdo Didático
2.1. Introdução
O comércio surgiu com o desenvolvimento do transporte e da comunicação e se intensificou com a criação da moeda. 
Antigamente, o comércio a distância era praticado por caminhos nos desertos, por meio de caravanas que eram formadas pelos comerciantes. O comércio, no seu início, era realizado por escambo, trocas, o que era muito comum com mercadorias como tecidos, tintas, alimentos e artigos de metais. Essa troca era feita entre povos de regiões diferentes. Eles trocavam entre si mercadorias que tinham na sua região de forma abundante por mercadorias que eram escassas.
Após o comércio feito por caravanas terrestres (via desertos), foi desenvolvido o comércio marítimo. Os primeiros mercantilistas foram os fenícios (povo da antiga Ásia menor), que saíam da Síria com mercadorias para várias regiões do mediterrâneo. Essas mercadorias, naquela época, eram trocadas por metais como prata, cobre e estanho, uma vez que ainda não existiam as moedas. Os mercantilistas ainda praticavam o escambo.
A moeda foi inserida nas relações de troca somente no século VII a.C., quando ampliou e facilitou a circulação de bens, intensificando cada vez mais o comércio entre os povos na antiguidade.
Com o declínio de Roma e a invasão bárbara, o volume do comércio na península diminuiu, sendo transferido o comércio para a região mediterrânea oriental, para Constantinopla. 
Lembra-se de Constantinopla? Já ouviu falar? Constantinopla é a atual Istambul (Turquia). Na época da invasão bárbara em Roma, essa cidade se tornou capital do império romano. 
Os bizantinos (oriundos de Constantinopla) dominaram o comércio até as cruzadas, quando os centros comerciais de Veneza e Gênova passaram a comercializar com a Inglaterra e com os países baixos pimenta, marfim e outros produtos orientais. Na volta, traziam lã, couro e metais que seriam usados em manufaturas de produtos para posterior exportação.
Com a revolução industrial, no século XVIII, o comércio tomou um novo rumo, totalmente diferente do que até então era naquela época. O desenvolvimento do transporte ajudou bastante no desenvolvimento do comércio. Estradas de ferro foram construídas, navios a vapor passaram a operar, entre outras alterações. 
Dessa forma, o comércio foi evoluindo e países também foram crescendo cada vez mais. Vimos que a evolução do comércio está intimamente ligada ao desenvolvimento e globalização do mundo. Quanto mais evoluído um sistema de comércio de um determinado país, mais desenvolvido e globalizado essa nação é.
2.2. Comércio e a globalização
Neste tópico, estudaremos o comércio e a globalização e como é a interação entre os dois e seu funcionamento. O foco maior será dado à globalização e vamos perceber a importância dela no comércio nos dias atuais.
Nos dias atuais, o comércio é marcado pela globalização e pela regionalização das economias. As empresas hoje em dia buscam negociação além das suas fronteiras. Muitos países resolveram se unir em blocos, ou seja, os países se juntam e formam blocos econômicos, por exemplo, o MERCOSUL. Os países que fazem partes desses blocos são denominados países membros. Isso ocorre a fim de facilitar os negócios entre nações. A globalização é derivada de quatro fatores básicos:
1º fator - A queda dos EUA como unanimidade em potência econômica e política, juntamente com a queda da união soviética, diluiu a bipolaridade do mundo.
2º fator - A falta de regulamentação dos mercados financeiros e o “boom” das tecnologias de informação foram alguns dos determinantes para o crescimento dos mercados financeiros.
3º fator - A falta de regulamentação por parte dos governos e as tecnologias de informação colocadas no mercado mundial foram também determinantes para o crescimento da atividade industrial e de serviços no mundo globalizado. Outro determinante é o fato de o Japão e a Europa conseguirem hoje atingir um mesmo nível de tecnologia que o dos EUA. Isso aumenta a competitividade mundial e torna visível como a globalização afeta a economia mundial. A globalização gera um sentimento de incerteza e instabilidade, uma vez que a competição fica mais acirrada, e isso, consequentemente, cria um ambiente para a integração regional dos países, que tendem a formar blocos para se preservarem e conservarem o fluxo de comércio entre eles.
4º fator - A crescente preocupação mundial com relação ao ambiente, à preservação ambiental, tendo maior ênfase no buraco da camada de ozônio e aquecimento global aumentou a sensibilidade das pessoas com relação ao fato de que forças de mercado não controladas podem gerar efeitos externos que não são desejados ou esperados, além de prejudiciais em nível mundial. 
Esses quatro fatores nos dão a percepção do efeito da globalização, da incerteza e da instabilidade que ela gera no mundo inteiro.
Bastante interessante, não acha? Já conseguiu ligar as duas unidades anteriores a esta? Vamos em frente!!!!!
2.3. Comércio Internacional x Comércio Exterior
Com certeza você já ouviu falar de comércio internacional e comércio exterior. Já passou pela sua cabeça qual seria a diferença entre esses dois conceitos? Será que existe realmente diferença? Será que são conceitos idênticos? Então?? O que você acha???
2.3.1. Comércio Internacional
O comércio internacional é a comercialização de bens e serviços entre diferentes países, amparado pela legislação internacional. Sendo assim, podemos dizer que o comércio internacional está estritamente ligado à capacidade de países fazerem comércio entre si e a capacidade de realizarem pagamentos financeiros entre eles. Tendo capacidade financeira, os países poderão obter bens e serviços que serão importantes para o desenvolvimento dos fluxos comerciais.
O comércio internacional é feito por empresas e entidades governamentais. Quando falamos de comércio internacional, estamos nos referindo a compras, ou seja, importações, que é o ato de adquirir bens e serviços de um país estrangeiro para utilização no seu mercado interno. Mas o comércio internacional também se relaciona à venda, ou seja, a exportações, que são envios de bens nacionais para países estrangeiros utilizarem nos seus mercados domésticos.
Luna (2000) conceitua o comércio internacional como o fluxo do intercâmbio de bens e serviços entrepaíses ou empresas. Esse comércio resulta, em grande proporção, da divisão internacional do trabalho, das leis que regem o comércio internacional, das relações que integram as entidades econômicas internacionais e da harmonização dos interesses dos países entre si no campo do comércio.
2.3.2. Comércio Exterior
A diferença entre comércio exterior e comércio internacional é muito sutil. O comércio exterior nada mais é que a troca de bens e serviços entre diferentes países, mas sob a legislação nacional. Sendo assim, podemos dizer que cada país tem seu comércio exterior, uma vez que cada país tem sua regulamentação nacional com relação a mercadorias que saem e entram do país. 
Para Maluf (2000, p.23), o comércio exterior é a relação direta do comércio entre dois países ou blocos. São as normatizações com que cada país administra seu comércio com os demais, regulando as formas, métodos e deliberações para viabilizar esse comércio.
Sendo assim, comércio exterior são políticas, leis, normas e regulamentos que disciplinam a importação e a exportação de mercadorias e serviços de um país.
2.4. Integração econômica e desenvolvimento
A Integração econômica e o desenvolvimento andam de “mãos” dadas, sempre caminham juntos. A Integração econômica junto com a globalização e a regionalização são agentes importantes no desenvolvimento econômico mundial. A integração de mercados favorece a abolição de barreiras que podem desfavorecer o comércio e consequentemente o desenvolvimento dos países. 
Quando falamos em integração econômica, podemos citar o surgimento de instituições criadas com o intuito de proteger, zelar, coordenar e legislar políticas econômicas de interesse global das nações. São os famosos blocos econômicos dos quais ouvimos constantemente em televisão, rádio ou sobre os quais lemos em jornais. Hoje o maior exemplo de uma integração econômica é a União Europeia. Mas temos outros blocos, como a ALCA, Nafta e o MERCOSUL. Claro que sempre algumas são mais favorecidas e outras menos, mas o intuito é a planificação das regras, para que o benefício seja global.
Uma integração econômica passa pelas seguintes fases:
1. Área de livre comércio
2. União aduaneira
3. Mercado comum
4. União econômica e monetária
5. União política
Na integração econômica, existem pontos considerados bons e pontos considerados ruins. Um ponto positivo é, por exemplo, é a criação de instituições que selam pela união dos mercados e tentam conservar seu bom funcionamento. Um aspecto negativo é a queda de barreiras, que protegiam o mercado nacional de um determinado país, deixando-o aberto aos concorrentes internacionais, ou seja, liberdade comercial.
A integração econômica se origina de duas teorias diferentes. Uma teoria refere-se às vantagens comparativas e de especialização, ou seja, os países tendem a se especializar na produção de bens que produzem de forma rápida e barata, criando uma vantagem comparativa na produção desse bem em relação a outro país que também o produza.
Lembra-se das duas unidades anteriores? Lembra que estudamos as vantagens comparativas? Pois é, veja como os assuntos são ligados.... Vamos continuar....
A outra teoria sustenta que a integração econômica é baseada em conceitos de desenvolvimento, ou seja, conceitos de economias de escalas e externalidade. Empresas produzem usando o máximo dos fatores produtivos e comercializam esses produtos em mercados estrangeiros. Podemos usar como exemplo a China, que produz usando o máximo de sua capacidade tanto de mão-de-obra como de matéria prima, produz em massa e vende para mercados estrangeiros.
Em geral, quando falamos em integração econômica, estamos falando da proposta de aumentar as negociações comerciais entre países membros de determinado bloco da integração. Na maior parte das vezes, esse processo de aumento de negociações acontece no início de uma integração econômica, por meio da unificação de preços e devido às quedas das barreiras tarifárias. 
Se falamos de aumentar o comércio entre os países membros de um determinado bloco, referimo-nos obviamente à diminuição da comercialização entre países do bloco e países que não fazem parte do bloco econômico, por exemplo, EUA e CANADÁ fazem parte da ALCA e o intuito é aumentar a comercialização entre eles, porém a comercialização entre CANADÁ e BRASIL, por exemplo, tende a diminuir, uma vez que o BRASIL não faz parte da ALCA, ou seja, isso significa dar preferência em comprar produtos de um país que faça parte do bloco econômico onde esteja seu país. Exemplo: o Brasil prefere comprar um produto da Argentina (ambos do MERCOSUL) a comprar um produto da França (União Europeia).
No entanto, como sabemos, na prática o funcionamento é bastante diferente. Mesmo fazendo parte de blocos e com legislação internacional e entidades reguladoras, os países ainda tendem a comercializar de forma a atender interesses nacionais, visando apenas ao lucro próprio e desenvolvimento individual.
2.5. Economia Global
Uma das principais características nas relações econômicas modernas é a interdependência entre os mercados e as nações, ou seja, os países se tornam dependentes uns dos outros. Neste tópico, veremos mais a fundo a globalização como agente gerador de riscos e incertezas, principalmente para os países subdesenvolvidos, que se tornam mais vulneráveis.
2.5.1. A globalização e seu histórico
A globalização tem suas raízes nas rodadas de negociações do GATT, que negociavam redução de barreiras para o comércio internacional. 
Lembra-se da unidade em que estudamos GATT e OMC? Olha só, de novo estamos fazendo ligação entre as unidades já estudadas, viu como se torna uma corrente e um assunto não caminha de forma independente... Legal não?? Então vamos em frente!!!
No Sistema Bretton Woods, que também já estudamos nas unidades anteriores, foi criado o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o dólar americano tornou-se moeda de referência de paridade para os demais países participantes do Sistema Bretton Woods. Como o dólar era uma moeda muito bem aceita, de referência e forte no mercado internacional, os países começaram a fazer reserva de dólares. 
Inicialmente, os países depositavam esses dólares no próprio EUA, mas a Rússia, que também era detentora de dólares, tinha receio de deixar os dólares nos EUA. O governo soviético tinha medo de que seu dinheiro fosse “desapropriado” devido à Guerra Fria... Com isso, a solução encontrada pela União Soviética foi passar os dólares para um banco inglês, que fazia o depósito do dinheiro nos EUA. Funcionava como uma triangulação: a Rússia passava dinheiro para a Inglaterra, que depositava esse dinheiro nos EUA, como se fosse dinheiro próprio da Inglaterra. 
Iniciou-se também o mercado de eurodólares, assunto bastante importante para a globalização e interdependência financeira nos dias atuais. O eurodólar nada mais é que moeda estrangeira, contabilizada fora do país onde ela foi emitida. Por exemplo, pode ser Franco Suíço contabilizado no Brasil, ou Real contabilizado na França. Pode ser qualquer moeda contabilizada num país estrangeiro que pode ser aplicada para transações em qualquer moeda. O nome eurodólar justifica-se pelo fato de que os primeiro bancos a aceitarem esse tipo de transação localizavam-se na Europa. 
Na década de 60, os EUA registravam déficit na balança comercial, e o país começou a emitir moeda para financiar tais déficits. O país passou a ter muita oferta de moeda, e a procura começou a aumentar juntamente com a queda do valor do dólar, o que levou a um excesso de liquidez dentro dos EUA, provocando turbulência nos mercados internacionais. 
Vamos pensar juntos: quando queremos comprar um tênis novo, mas o tênis que queremos é um modelo raro, não há muitas unidades no mercado, ou seja, a oferta daquele modelo raro de tênis é pequena, qual a tendência do valor deste tênis??? É ser mais caro que os outros modelos, correto?? Porque, nesse caso, existe uma demanda para o modelo raro e existe pouca oferta, pois existem poucas unidades para venda, então o valor

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