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2ª Fase Civil – Laboratório de Peças Professora: Bárbara Fleury Pavan Roriz dos Santos ABERTURA DE INVENTÁRIO INVENTÁRIO Art. 610 e seguintes do CPC. O Direito hereditário, surge no instante da morte ou no instante presumido da morte de alguém, sendo então aberta a sucessão patrimonial. O patrimônio do de cujus é o espólio, a herança, composta pelos bens, direitos e obrigações do de cujus, e adquire caráter indivisível. No processo de sucessão, a diferença entre espólio e herança é que o espólio são os bens deixados, enquanto a herança não são apenas os bens, mas também os direitos e deveres. O termo inventário significa ato ou efeito de inventariar e é utilizada como selecionar, catalogar, registrar, enumerar coisas, descrever, arrolar. Provém do latim inventarium, de invenire, isto é, encontrar, achar. INVENTÁRIO Características: Ação destinada a “fracionar” o patrimônio do de cujus. É a formalização da transmissão dos bens do falecido aos seus sucessores. Tem como objetivo relacionar os bens do de cujus, pagar eventuais credores e dividir o saldo remanescente entre os sucessores. É um procedimento obrigatório para que haja a atribuição legal dos bens aos sucessores do falecido (legítimos ou testamentários). Pode ser judicial ou extrajudicial. Deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão , ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. TIPOS DE INVENTÁRIO: Inventário Judicial Inventário comum ou tradicional Inventário pelo rito ou procedimento do arrolamento sumário Inventário judicial pelo rito ou procedimento do arrolamento comum Extrajudicial INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL §1° e § 2°, do art. 610, CPC Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. §1° Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. §2° O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL Peculiaridades: Modalidade introduzida pela Lei 11.441/07. Feito pela via administrativa ou extrajudicial – Cartório de Notas. Só poderá ser feito quando não há menores ou divergência entre herdeiros/testamento. Viúva grávida: inventário judicial. Livre escolha do tabelião. Não há competência territorial. É facultativo. Pode ser suspenso até 30 dias. Pode ser requerida a suspensão da via judicial para a promoção da via extrajudicial. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL Pressupostos: O art. 610, § 1°, do CPC, exige expressamente a plena capacidade civil do cônjuge ou companheiro, bem como dos herdeiros e respectivos cônjuges, que também deverão participar do ato notarial concordando e assinando quando houver algum tipo de partilha que importe em transmissão de bens. Pode ser feito, se houver herdeiro emancipado (parágrafo único, do art. 5°, do CC) - se tornaram capazes para a prática do ato. A inexistência de testamento é pressuposto, pois submete o inventário ao crivo judicial, sendo obrigatória a apresentação de certidão de inexistência de testamentos. Na escritura publica, deve constar a presença de um advogado. INVENTÁRIO JUDICIAL Regras Gerais: O foro competente é, em regra, o último domicílio do autor da herança, ou da situação dos bens imóveis (na falta de domicílio certo). Será aberto por meio de petição inicial por quem estiver na posse e administração do espólio, nos termos do art. 615, do CPC e nas pessoas legitimadas conforme prevê o art. 616, do CPC. “Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na administração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611. Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da herança.” Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: I - o cônjuge ou companheiro supérstite; II - o herdeiro; III - o legatário; IV - o testamenteiro; V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite. O rol do art. 616, do CPC, não é taxativo e a nomeação de inventariante deve ocorrer, preferencialmente, na ordem das pessoas previstas no art. 617, acrescentando-se o herdeiro menor, devidamente representado e o cessionário de herdeiro ou legatário. Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII - o inventariante judicial, se houver; VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função. Após a nomeação, o inventariante deve prestar compromisso em 5 (cinco) dias, podendo ser assinado por seu advogado. A pessoa jurídica não pode ser inventariante. Da decisão que nomeia inventariante pode ser interposto Agravo de Instrumento (art. 1.015, parágrafo único). Etapas: 1. A abertura do inventário, juntando-se os documentos indispensáveis e com a comunicação do falecimento do autor da herança; 2. A nomeação do inventariante, com devido compromisso; 3. O oferecimento das primeiras declarações, com a descrição dos bens, obrigações do espólio, créditos, nomeação dos sucessores e atribuição de valores; 4. A citação dos interessados (o Ministério Público (se houver incapazes ou ausentes, testamento por cumprir, ou fundação por velar) e da Fazenda Pública); 5. A avaliação dos bens (poderá ser dispensada a avaliação dos bens, que quando se tratar de bens imóveis, caso os valores sejam comprovados com lançamentos fiscais, e desde que não haja impugnação); 6. O cálculo e pagamento de impostos devidos (de inventário, transmissão causa mortis ITCD, homologação pelo juiz e recolhimento); 7. As últimas declarações; e 8. A partilha e sua homologação. Tipos de Inventário Judicial: I) INVENTÁRIO NEGATIVO: É o comparecimento em juízo para declarar a inexistência de bens do de cujus. A grande finalidade de se obter uma certidão judicial ou extrajudicial de inexistência de bens do de cujus é ter respaldo para futuros embaraços. De posse da declaração evita-se: • Responsabilidade além das forças da herança (art. 1.792, do CC): quando o de cujus tiver deixado credores. • Viúvo (a) que deseja contrair novas núpcias, nos termos do art. 1.523, do CC. II) INVENTÁRIO TRADICIONAL: Está previsto nos artigos 610 a 658. O inventário tradicional tem caráter residual porque é cabível quando se enquadrar em nenhuma das modalidades mais simples, como o inventário comum ou arrolamento sumário. Essa forma envolve maior burocracia e tempo para seu término. III) ARROLAMENTO COMUM: Está previsto nos arts. 664 e seguintes, do CPC. É um procedimento simplificado de inventário e partilha Os herdeiros podem ou não ser capazes, mas há a exigência de que o valor da herança esteja igual ou inferior aR$ 1.000 (mil) salários mínimos vigentes no ano; não é levado em conta o eventual acordo entre as partes interessados, e sim, o valor dos bens inventariados. Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos, o inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha. 1º Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz nomeará avaliador, que oferecerá laudo em 10 (dez) dias. 2º Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas. 3º Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo inventariante e pelas partes presentes ou por seus advogados. 4º Aplicam-se a essa espécie de arrolamento, no que couber, as disposições do art. 672, relativamente ao lançamento, ao pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio. 5º Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julgará a partilha. Uma inovação é trazida ao artigo 665, do CPC, em que permite que tal inventário também possa ser processado ainda que haja interessado incapaz. Art. 665. O inventário processar-se-á também na forma do art. 664, ainda que haja interessado incapaz, desde que concordem todas as partes e o Ministério Público. A legitimidade para requerer sua abertura é a mesma do inventário, ou seja, de quem estiver na posse e administração do espólio. O inventariante será nomeado pelo Juiz dentre as pessoas indicadas no art. 617 do CPC. Diferente do que ocorre no inventário tradicional, no arrolamento comum, o inventariante não precisará prestar compromisso. Ele apresentará suas declarações, as quais consistirão na atribuição de valor aos bens do espólio e na apresentação do plano de partilha. IV) ARROLAMENTO SUMÁRIO: Art. 659, CPC. É a forma de inventário simplificada, com o fornecimento do rol de bens do autor da herança e enumeração dos herdeiros. Essa modalidade é marcada pela supressão de algumas fases ou atos do inventário tradicional, como a lavratura de quaisquer termos e a avaliação dos bens inventariados, que acontecerá no caso de algum credor duvide da avaliação feita pelos herdeiros. Os herdeiros devem estar de acordo, serem maiores e capazes, não importando o valor dos bens nem a sua natureza. A petição inicial é apresentada por todos os herdeiros informando o inventariante. Acompanha a exordial, a declaração de bens, sua descrição, documentos comprobatório de propriedade e estimativa de valores de cada um. Os herdeiros já têm decidido sobre a partilha e confeccionado um plano de divisão dos bens. Recebendo a inicial o juiz nomeia o inventariante e homologa a partilha. Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação tributária. Em regra, o arrolamento sumário não comporta a avaliação de bens do espólio para qualquer finalidade (art. 661 do CPC). A única ressalva feita pelos dispositivos refere-se à avaliação da reserva de bens (art. 663 do CPC/2015). Art. 663. A existência de credores do espólio não impedirá a homologação da partilha ou da adjudicação, se forem reservados bens suficientes para o pagamento da dívida. Parágrafo único. A reserva de bens será realizada pelo valor estimado pelas partes, salvo se o credor, regularmente notificado, impugnar a estimativa, caso em que se promoverá a avaliação dos bens a serem reservados. Modelo de Abertura de Inventário: Luiz adorava jogar futebol com seus ex-colegas de faculdade aos sábados. No dia 30/03/2019, Luiz estava jogando bola como de costume, quando sentiu fortes dores no peito e acabou falecendo devido a um infarto fulminante. Luiz tinha dois filhos: Sérgio, de 24 anos e João, de 22 anos, fruto de seu casamento com Beth. Um mês após o falecimento do marido, Beth te procura para que possam requerer a abertura do inventário de Luiz. A viúva conta que o falecido deixou um imóvel no valor de R$ 800.000,00, que comprou com Beth, sendo que se casaram pelo regime de comunhão parcial de bens. Luiz não deixou testamento e nem dívidas. Como advogado e Beth, Sérgio e João e levando em consideração as informações acima, elabore a petição cabível. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA ... DA COMARCA DE ... Beth (qualificação completa); João (qualificação completa) e Sérgio (qualificação completa), por seu advogado devidamente instruído (procuração anexa), vêm, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 610 e seguintes do CPC, e nos artigos 1.784 e seguintes do CC, requerer a ABERTURA DO INVENTÁRIO de bens deixados por Luiz (qualificação completa), que deverá ser processado na forma de ARROLAMENTO SUMÁRIO, falecido em 30/03/2019, na cidade de ..., conforme certidão de óbito anexa, deixando bens e herdeiros, sem deixar testamento ou qualquer disposição de última vontade. Outrossim, requerem seja nomeado para o cargo de inventariante, Beth, que, em cumprimento ao dispositivo do art. 659, do CPC, declara a título dos herdeiros, qualificando o inventariado, bem como os bens do espólio, sua avaliação, e o plano de partilha com pedido de quinhões nos seguintes termos: INVENTARIADO Luiz (qualificação completa), casado pelo regime da comunhão parcial de bens com Beth (qualificação completa). HERDEIROS São herdeiros necessários do falecido todos os filhos legítimos, maiores e capazes: João (qualificação completa). Sérgio (qualificação completa). CÔNJUGE SOBREVIVENTE O de cujus era casado pelo regime da comunhão parcial de bens com Beth (qualificação completa). BENS A PARTILHAR 1) Direito sobre imóvel: apartamento, localizado no (descrição de acordo com o registro de imóveis). O referido imóvel foi adquirido a título oneroso na constância do matrimônio e acha-se incorporado em terreno caracterizado na matrícula n° ..., devidamente registrado no ... Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de ..., sob matrícula n°..., ficha ..., livro... de Registro Geral (doc...), inscrito no Cadastro dos Contribuintes da Prefeitura Municipal sob o n° ... MONTE- MOR PARTILHÁVEL Valor total do monte-mor: R$ 800.000,00. PLANO DE PARTILHA Os pagamentos deverão ser efetuados nos seguintes termos: Pagamento à cônjuge sobrevivente BETH, de sua parte, a título de meação, no valor de R$ 400.000,00 da seguinte maneira: (especificar meação de 50% sobre o imóvel). Pagamento ao herdeiro JOÃO, de sua parte, a título de herança, no valor de R$ 200.000,00, da seguinte maneira: (especificar meação de 25% sobre o imóvel). Pagamento ao herdeiro SÉRGIO, de sua parte, a título de herança, no valor de R$ 200.000,00, da seguinte maneira: (especificar meação de 25% sobre o imóvel). Nessas condições, requerem os herdeiros do falecido, bem como a cônjuge sobrevivente, digne-se Vossa Excelência, nomear Beth para cargo de Inventariante, bem como homologar a presente partilha, para os devidos fins e efeitos de direito. Requerem, ainda, a juntada das inclusas certidões de quitação dos tributos federais, estaduais e municipais. Informa que as intimações deverão ser encaminhadas ao subscritor da presente, o qual possui escritório no endereço... Por oportuno, requer a juntada da anexa guia de custas iniciais, devidamente quitada. Dá-se à causa o valor de R$ 800.000,00. Termos em que, Pede deferimento. Local/data Advogado/OAB OBS.: Não inventar dados para local/data/advogado/OAB!
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