Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Este arquivo contém todo o conteúdo da Unidade 5 desta disciplina. O material final - com a formatação da Unigranrio - estará disponível em breve. NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (NEAD) LIVRO DIDÁTICO Equipe de produção NEAD Curso: Física Coordenador: Elvio Machado Martins Junior Disciplina: Mecânica dos Sólidos Prof. Conteudista: Reniene Maria dos Santos Bandeira Designer Instrucional: Roberta Prevedello APRESENTAÇÃO Capítulo 5. Momento de Inércia Para início de conversa… Neste capítulo discutiremos o conceito de momento de inércia de uma área, bem como determinaremos sua intensidade dentro de uma área geométrica qualquer. Poderemos elaborar alguns passos nesse estudo, como: desenvolver o método para determinar o momento de inércia e mostrar como determinar os momentos de inércia de uma área em relação aos eixos e o momento polar; identificar o momento de inércia de uma área composta, levando em conta que o cálculo do momento de inércia de uma área pode ser realizado como sendo a adição e/ou a subtração dos momentos de inércia de suas subáreas; e, por fim, introduzir um teorema de eixos paralelos trabalhando com eixos de referências a fim de definir o momento de inércia. Com base nesse conteúdo, você poderá avançar em trabalhos futuros, como a determinação da tensão normal a partir de flexão em vigas que apresentam área de seção composta, assunto relevante para o estudo de estruturas. Então, vamos começar? Objetivos de Aprendizagem Assimilar o conceito de Momento de Inércia. 1. Formulação Geral O nível de dificuldade ou a resistência em se alterar o estado de um corpo denomina- se de momento de inércia. Esta relação da resistência à rotação com o momento de inércia é diretamente proporcional, ou seja, quanto maior o momento de inércia de determinado corpo, maior será a dificuldade para girá-lo ou alterar a rotação desse corpo. O momento de inércia de massa depende da distribuição de massa em torno de um eixo de rotação escolhido de forma arbitrária, assim a parcela de massa em que está mais afastada do eixo de rotação colabora efetivamente para o valor do momento de inércia. Vejamos um exemplo: se uma pessoa lança uma bola pequena e uma bola grande com um estilingue, com mesma intensidade de força para cada uma, a bola pequena lançada terá uma aceleração muito maior do que a bola grande lançada. Assim, o momento de inércia de massa é dito como uma resistência oposta por um corpo em rotação a uma mudança em sua velocidade de giro, recebendo uma descrição de inércia rotacional. O momento de inércia de área será detalhado mais à frente neste capítulo. É válido aqui ressaltar que, embora a formulação seja semelhante para os dois tipos de momento de inércia, os mesmos não podem ser confundidos, uma vez que o momento de inércia de massa é utilizado no ensino da rotação de corpos rígidos e o momento de inércia de área é utilizado no ensino de resistência à deformação. Por descrição, os momentos de inércia de uma área diferencial dA em relação aos eixos x e y são dIx=y2 e dIy=x2, respectivamente, em que os mesmos são definidos por integração para a área inteira A (Figura 1). Ix = � A y2dA Iy = � A x2dA Figura 1: Área qualquer pertencente ao plano x-y. Fonte: Elaborado pela autora. Quando se formula essa quantidade para dA em relação ao ‘polo’ O ou eixo z estabelece-se o momento de inércia polar, o qual é matematicamente definido como dJo = r2dA. Denomina-se r como a distância perpendicular do polo até o elemento dA. Dessa maneira, o momento de inércia polar é: Jo = � A r2dA = Ix + Iy É válido salientar que há uma relação entre Jo e Ix, e Iy sendo admissível porque r2=x2+y2 (Figura1). As unidades para o momento de inércia serão sempre o comprimento elevado à quarta potência. É importante destacar que Jo e Ix, e Iy serão sempre positivos, uma vez que envolvem o produto da distância ao quadrado e área. 2. Momento de Inércia de Áreas É uma propriedade de uma superfície plana de um corpo, também denominado de Momento de Segunda Ordem de Área. Matematicamente, o momento de inércia de uma superfície plana em relação a um eixo de referência é definido como a integral de área dos produtos dos elementos de área que compõem a superfície pelas suas respectivas distâncias ao eixo de referência elevadas ao quadrado. Vamos compreender melhor? Veja o exemplo a seguir. Exemplo 1: Dada área do retângulo, determine o momento de inércia em relação ao eixo x que passa pela sua base. Figura 2: Identificando o Ix do retângulo a partir de integrais. Fonte: Elaborado pela autora. Solução: Baseando-se no elemento diferencial mostrado na Figura 2, temos dA = bdy. Ix = � A y2dA = � h 0 y2bdy Ix = b� h 0 y2dy = b y3 3 |h 0 Ix = bh3 3 Exemplo 2: Dada área do retângulo, determine o momento de inércia em relação ao eixo y que passa pela sua base. Figura 3: Identificando o Iy do retângulo a partir de integrais. Fonte: Elaborado pela autora. Solução: Baseando-se no elemento diferencial mostrado na Figura 3, temos dA = b dx. Iy = � A x2dA = � b 0 x2bdx Iy = b� b 0 x2dx = h x3 3 |b 0 Iy = hb3 3 Exemplo 3: Dada a área do triângulo, determine o momento de inércia em relação ao eixo x que passa pela sua base. Figura 4: Identificando o Ix do retângulo a partir de integrais. Fonte: Elaborado pela autora. Solução: Observação: h b = h − y x xh = (h − y)b x = (h − y) ∙ b h Figura 5: Semelhança de triângulos para cálculo da base. Fonte: autora. Baseando-se no elemento diferencial mostrado na Figura 4, temos dA = x dy. Ix = � A y2dA = � h 0 y2xdy Ix = � h 0 y2 � (h − y) ∙ b h �dy = � b ∙ y3 3 − b ∙ y4 4h � |h 0 Ix = bh3 12 Exemplo 4: Dada a área do triângulo, determine o momento de inércia em relação ao eixo y que passa pela sua base. Figura 6: Identificando o Iy do retângulo a partir de integrais. Fonte: Elaborado pela autora. Solução: Observação: h b = h − y x xh = (h − y)b y = h − h b ∙ x Figura 7: Semelhança de triângulos para cálculo da altura. Fonte: Elaborado pela autora. Baseando-se no elemento diferencial mostrado na Figura 6, temos dA = y dx. Iy = � A x2dA = � b 0 x2ydx Iy = � b 0 x2 �h − h b ∙ x� dx = � h ∙ x3 3 − h ∙ x4 4b � |b 0 Iy = hb3 12 Exemplo 5: Dada a área circular, determine o momento de inércia em relação ao eixo x. Figura 8: Identificando o Ix do círculo a partir de integrais. Fonte: Hibbeler, 2017. Solução: Na Figura 8 temos uma área circular e para determinar o momento de inércia analisa- se o elemento diferencial (em cinza). A partir do mesmo encontra-se a área da esquerda um dA = 2x dy. Ix = � A y2dA = � h 0 y22xdy Ix = � a −a y2 �2�a2 − y2� dy Ix = πa4 4 O momento de inércia em relação ao eixo y, para essa área circular, pode ser resolvido de maneira análoga e tem como resultado: Iy = πa4 4 3. Teorema dos Eixos Paralelos O teorema dos eixos paralelos pode ser aplicado para estabelecer o momento de inércia de uma área com referência a qualquer eixo de rotação que necessariamente precisa ser paralelo ao eixo que passa pelo centroide. Para compreender esse teorema, considere a Figura 9, que ilustra uma determinada área e o objetivo é determinar o momento de inércia em relação ao eixo x. Figura 9: Teorema dos eixos paralelos. Fonte: Elaborado pela autora. Para iniciar a compreensão, escolhe-se um elemento diferencial dA que está a uma distância qualquer y’ do eixo que passa pelo centroide desta área. De acordo com a ilustração, dy representa a distância entre os eixos x’ e x, dessa forma, o momento de inércia dedA em relação ao eixo x é definido como dIx=(y’+dy)2dA. Ix = � A (y′ + dy)2dA Ix = � A y′2dA + 2dy� A y′dA + (dy)2 � A dA ∫A y ′2dA → representa o momento de inércia da área em relação ao eixo que passa pelo centroide �Ix�. ∫A y ′dA → é uma integral nula pois o eixo x’ passa pelo centroide C da área. d2y∫A dA → representa a área total, logo, Ix = Ix + A(dy) 2. O momento de inércia para o eixo y, de forma semelhante, é dado como, Iy = Iy + A(dx)2. E o momento de inércia polar é representado matematicamente como Jo = Jc + A(d)2 sendo (d)2 = (dx)2 + (dy)2. Exemplo 6: Determine o momento de inércia para a área retangular mostrada na Figura 9 em relação (Hibbeler, 2011): a) Ao eixo centroidal x’. b) Ao eixo xb passando pela base do retângulo. c) O momento polar que passa pelo centroide C. Figura 10: Momento de Inércia de uma área retangular. Fonte: Hibbeler, 2017. Solução: a) Temos um elemento diferencial na Figura 10 escolhido para aplicar a integração. Este elemento está a uma distância y’ do eixo x’, neste caso é preciso integrar a partir de y’=-h/2 para y’=h/2. Como dA=bdy’, temos: Ix′ = � A y′2dA = � h/2 −h/2 y2bdy′ Ix′ = b� h/2 −h/2 y2bdy′ Ix′ = bh3 12 b) Para determinar o momento de inércia em relação ao eixo passando pela base do retângulo podemos utilizar o resultado encontrado em (a) e, assim, aplicar o teorema dos eixos paralelos. (Obs: Ix′ = Ix′, porque passa pelo centroide da figura geométrica). Ix = Ix′ + A(dy)2 Ix = bh3 12 + bh � h 2 � 2 Ix = 1 3 bh3 c) Para determinar o momento de inércia polar em relação ao centroide, é preciso primeiramente determinar o Iy′ que, como compreendemos no Exemplo 2, é apenas alternar as dimensões b e h no resultado encontrado em Ix′. Assim: Iy′ = 1 12 hb3 Logo, o momento de inércia polar em relação ao centroide é: Jc = Ix′ + Iy′ = 1 12 bh(h2 + b2) Os momentos de inércia das Figuras 2, 3, 4, 6 e 8 podem ser encontrados em tabelas, uma vez que representam figuras geométricas simples e, muitas das vezes, a área que se deseja determinar o momento de inércia é uma área composta. Para calcular o momento de inércia de áreas compostas é necessário trabalhar com o teorema dos eixos paralelos definido. Tabela 1: Momento de inércia de áreas (Hibbeler, 2017). Uma área composta fundamenta-se em um conjunto de formas “mais simples” ligadas, como retângulos, triângulos e círculos, por exemplo. Assim, se é possível determinar o momento de inércia de cada uma dessas formas ou puder determinar o mesmo em relação a um eixo comum, então, o momento de inércia da área composta em relação a esse mesmo eixo será igual à soma algébrica dos momentos de inércias de todas as suas formas. O procedimento a seguir pode ser determinado para a determinação do momento de inércia de uma área composta em relação a um eixo de referência. Primeiro: divida a área composta em subáreas e identifique a distância perpendicular do centroide de cada subárea até o eixo de referência. Segundo: verifique se o eixo de cada parte coincide com o eixo de referência. Caso contrário é preciso utilizar o teorema dos eixos paralelos para cada subárea. Terceiro: para calcular o momento de inércia de toda a área, basta somar os resultados de cada subárea em relação ao eixo de referência. Observação: Caso exista dentro da área composta um vazio, então o momento de inércia deve ser subtraído no somatório dos momentos. Exemplo 7: Analise a área composta e demonstre o momento de inércia em relação aos eixos x e y que passa pela sua base. Figura 11: O momento de inércia da figura composta. Fonte: Ribeiro (2016). Solução: Aplicando o teorema dos eixos paralelos, temos a Figura 11 e 12, que ilustram a posição do centroide de cada subfigura, a posição do centroide da figura composta (total) e as distâncias de cada centroide de subfigura até o centroide da figura composta (dx e dy) em relação ao eixo x-y de referência. Figura 12: Identificando o momento de inércia da figura composta em relação ao eixo x’. Fonte: Ribeiro (2016). O momento de inércia da figura composta total, em relação ao eixo x, é assim calculado: Ix′ = Ix′1 + Ix′2 − Ix′3 Ix′1 = b1 h1 3 12 + (b1 ∙ h1 ) ∙ dy1 2 Ix′2 = b2 h2 3 12 + (b2 ∙ h2 ) ∙ dy2 2 Ix′3 = πr34 4 + (πr32) ∙ dy3 2 O cálculo das distâncias entre os centroides de cada subfigura e o centroide da figura composta total na direção vertical é: dy1 = yc1 − yc dy2 = yc − yc2 dy3 = yc − yc3 Figura 13: Identificando o momento de inércia da figura composta em relação ao eixo y’. Fonte: Ribeiro (2016). O momento de inércia da figura composta total, em relação ao eixo y, é assim calculado: Iy′ = Iy′1 + Iy′2 − Iy′3 Iy′1 = h1 b1 3 12 + (b1 ∙ h1 ) ∙ dx1 2 Iy′2 = h2 b2 3 12 + (b2 ∙ h2 ) ∙ dx2 2 Iy′3 = πr34 4 + (πr32) ∙ dx3 2 O cálculo das distâncias entre os centroides de cada subfigura e o centroide da figura composta total na direção vertical é: dx1 = xc1 − xc dx2 = xc − xc2 dx3 = xc − xc3 Exemplo 8: Determine o momento de inércia da área mostrada na Figura 14 em relação ao eixo x. Figura 14: Momento de Inércia de uma figura composta (Hibbeler, 2017). Solução: Para iniciar este exercício é preciso dividir a área composta em duas áreas simples (retângulo e círculo). Para formar a área, toma-se um retângulo e subtrai-se o círculo do mesmo e, para calcular o momento de inércia aplica-se o teorema dos eixos paralelos. Cálculo para o círculo: Ix = Ix′ + A(dy)2 Ix = πr4 4 + (πr32) ∙ dy2 Ix = π254 4 + (π252) ∙ 752 Ix = 11,4(106)mm4 Cálculo para o retângulo: Ix = Ix′ + A(dy)2 Ix = hb3 12 + (b ∙ h) ∙ dx2 Ix = 100 ∙ 1503 12 + (100 ∙ 150) ∙ 752 Ix = 112,5(106)mm4 O momento de inércia é: Ix = 112,5(106)mm4 − 11,4(106)mm4 Ix = 111(106)mm4 Neste capítulo vimos que o momento de inércia está relacionado com a distribuição da massa de um corpo em torno de um eixo de rotação pré-determinado. Então, se temos dois eixos x e y, por exemplo, teremos dois momentos de inércia correspondente. Esse será determinado pela integral de uma área inteira. Trabalhamos, também, com o conceito de Teorema dos Eixos Paralelos para nos auxiliar no cálculo do momento de inércia de uma área em relação a qualquer eixo de forma que esse eixo seja paralelo a um eixo passando pelo centroide da área. Assim, a equação matemática diz que o momento de inércia para uma determinada área em relação a um eixo é igual ao seu momento de inércia em relação a um eixo paralelo, passando pelo centroide da área, mais o produto realizado pela área e o quadrado da distância. Lembrando que essa distância deve ser perpendicular entre os eixos. Esse Teorema pode ser aplicado também quando se tem áreas compostas. Referências BEER, F.P.; JOHNSTON, R.E.; MAZUREK, D. F.; EISENBERG, E.R. Mecânica vetorial para engenheiros: Estática. Porto Alegre: Bookman, 1994-2012. v.1. (Minha Biblioteca) HIBBELER, R. C. Estática – Mecânica para Engenharia. 12°edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2011. (Minha Biblioteca) HIBBELER, R. C. Estática – Mecânica para Engenharia; tradução Daniel Vieira. 14°edição. São Paulo: Pearson Education do Brasil. 2017. (Biblioteca Virtual) RIBEIRO, M. A. A. Flexões (Seções Compostas). Resistência dos Materiais. Professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Grande Rio, 2016.
Compartilhar