LITISCONSÓRCIOS

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23/03/2020
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LITISCONSÓRCIO
(CPC, ARTIGOS 113 A 118)
CONCEITO:
• Não há muita discussão sobre o conceito de litisconsórcio: trata-se da
reunião de duas ou mais pessoas assumindo, simultaneamente, a
posição de autor ou de réu. (pluralidade de demandantes em um
mesmo processo, portanto trata-se de cumulação de ações no
aspecto subjetivo)
• É o que expõe o art. 113 do CPC: “duas ou mais pessoas podem
litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente”.
• Para Cássio Scarpinella Bueno “litisconsórcio é a existência de mais
de uma parte em pelo menos um dos polos do mesmo processo.
Mais de um autor, mais de um réu, ou, ainda, mais de um autor ou
mais de um réu concomitantemente”.
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FATOS QUE ENSEJAM O LITISCONSÓRCIO:
O litisconsórcio poderá ser formado por três razões diferentes:
(a) Comunhão de direitos e obrigações, ou seja, titulares do mesmo direito
ou devedores da mesma obrigação.
(b) Conexão de causas, portanto, quando houver conexão entre o pedido ou
a causa de pedir.
(c) Afinidade de questões, isto é, houver ponto comum de fato ou de direito.
Neste sentido, os incisos I, II e III do artigo 113 do CPC.
Cumpre registrar que é possível cogitar em litisconsórcio sem haver cumulação
de ações existindo somente um aglomerado de sujeitos, não obstante o direito
material controvertido seja exatamente o mesmo.
Portanto:
Com relação a fonte ou fatos que ensejam o litisconsórcio podemos destacar que:
(a) Comunhão de direitos: o direito material estabelece situações que criam interesse a mais
de uma pessoa. Exemplo: Cônjuges; Devedor e Fiador.
(b) Conexão: o que motiva a reunião de processos é uma solução harmônica e simultânea
dada a existência de ligação entre as causas pelo pedido ou causa de pedir. Exemplo:
Acionistas pedindo nulidade de um deliberação; danos causados a mais de uma pessoa em
razão de acidente.
(c) Afinidade de questões: quando houver ponte comum de fato e de direito entre as partes.
Para Marinoni a hipótese diz respeito a situação em que os pedidos ou as defesas se
estabeleçam com base em fatos idênticos, mas não o mesmo fato, o que ensejaria o
litisconsórcio por conexão das causas. Ex. Inconstitucionalidade de um tributo
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Importante:
Para Luiz Guilherme Marinoni as três figuras que ensejam o litisconsórcio
estão ligadas ao direito material e apresenta um grau decrescente de
intensidade na ligação entre as esferas jurídicas dos litisconsortes.
Fredie Didier Júnior explica que existem entre as causas que podem
formar o litisconsórcio uma escala de intensidade do vínculo que une os
litisconsortes, desde um vínculo fortíssimo, representado pela comunhão
de direitos e obrigações até um vínculo muito tênue, ou seja, a mera
afinidade de questões”. Por outro lado, entende que o litisconsórcio por
afinidade de questões está fundado numa conexidade.
OBJETIVOS DO LITISCONSÓRCIO:
Os principais objetivos do litisconsórcio é garantir a economia processual e a
uniformidade das decisões.
Cássio Scarpinella Bueno destaca que “A pluralidade de partes em um mesmo
processo quer realizar a eficiência processual prevista no art. 5º, LXXVIII, da CF
(replicado no art. 4º do CPC de 2015) e é também forma de viabilizar o
atingimento da isonomia, princípio fundante do Estado brasileiro (arts. 3º, IV, e
5º, caput e I, da CF). Sim, porque o litígio conjunto favorece a prática de atos
processuais tendentes a afetar um maior número de sujeitos com maior
eficiência e viabilizar, até mesmo, o proferimento de decisão desejavelmente
uniformes (se não igual) para todos os envolvidos. Há casos, como o prezado
leitor verá abaixo, em que a decisão deverá ser igual para todos os
litisconsortes.
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Classificação do litisconsórcio 
O litisconsórcio poderá ser classificado por diversos critérios 
distintos, vejamos:
1. Quanto a posição em que se forma:
• Em relação ao referido critério o litisconsórcio poderá ser ativo ou
passivo a depender do polo da relação jurídica processual em que se
forma. Por outro lado, será considerado misto se a pluralidade de
pessoas ocorrer em ambos os polos da relação.
ATIVO PASSIVO MISTO
Quando houver mais de um
autor (mais de um demandante).
Quando houver mais de um réu
(mais de um demandado).
Quando houver mais de um
autor e mais de um réu.
(Pluralidade de demandantes e
demandados)
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2. Quanto a força aglutinadora da causa de sua
formação ou obrigatoriedade de sua formação:
Nesse caso, o critério de classificação leva em conta a obrigatoriedade
ou não de formação do litisconsórcio. Em suma, considera a
disponibilidade da parte formar ou não o litisconsórcio.
É que, de acordo com Alexandre Freitas Câmara em algumas situações
a causa de formação do litisconsórcio tem uma força aglutinadora
muito intensa a ponto de ser inevitável, portanto, obrigatório.
Por outro lado, em outro casos essa força aglutinadora pode ser menos
intensa tornando o litisconsórcio facultativo, ou seja, dispensável.
Portanto, o litisconsórcio pode ser necessário ou facultativo, vejamos:
NECESSÁRIO FACULTATIVO
É aquele no qual a formação do
litisconsórcio é obrigatória ou compulsória,
sendo irrelevante a vontade das partes na
sua formação.
Está ligado diretamente a necessidade de
integração do polo passivo por todos os
sujeitos por vontade da lei ou pela
indivisibilidade ou unitarieadade da relação
jurídica discutida no processo (art. 114,
CPC)
É indispensável a integração do processo
por por todos os sujeitos.
É utilizado o critério da exclusão, portanto,
o que não se tratar de litisconsórcio
necessário será considerado facultativo.
Ao contrário do necessário, o litisconsórcio
facultativo pode ou não se formar à medida
que a integração dos sujeitos ao processo
fica a critério dos litigantes.
Será facultativo quando não existir
obrigação legal ou relação jurídica unitária.
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Nos termos do art. 114 do CPC será necessário quando, por disposição
de lei ou pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da
sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes:
(a) Por disposição de lei: o que torna o litisconsórcio necessário é a
existência de uma disposição legal. Exemplo: Ação de usucapião,
Ações reais imobiliárias.
(b) Relação jurídica una: trata de uma legitimidade plúrima, ou seja, o
direito pertence a um grupo de pessoas que deve estar presente no
processo. Exemplo: Anulação de casamento, Dissolução de sociedade
Empresária.
Então quando será necessário?
Interessante!!!
Em síntese, para Cássio Scarpinella Bueno:
(a) As hipóteses do inciso I do art. 113 é, em rigor, hipóteses de
litisconsórcio necessário, pois, existe entre duas ou mais pessoas
comunhão de direitos ou obrigações.
(b) Por outro lado, as hipóteses do inciso II e III do art. 113 são
significativas de litisconsórcio facultativo.
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E quando será facultativo?
Segundo o art. 113, o litisconsórcio será facultativo quando a lei não
exigir sua formação ou a relação jurídica não for unitária, ou seja,
incindível.
Aqui a formação do litisconsórcio depende da vontade de quem
demanda a exemplo do acidente de trânsito que envolve vítimas
diferentes, sendo que, em razão do ponto comum poderá haver
litisconsórcio, porém, é facultativo.
Importante:
O litisconsórcio necessário é sempre passivo!!!
Não existe litisconsórcio necessário ativo, pois, ninguém é obrigado a demandar e a
parte contrária não poderá ter o livre acesso ao judiciário prejudicado por quem
não tem interesse em propor a ação.
Em síntese, para não atentar contra a lógica do sistema processual, assentada no
direito de acesso ao judiciário e na garantia da liberdade de demandar o
litisconsórcio ativo será sempre facultativo. É que, o autor não pode obrigar outro
a participar do processo, porém, não pode ser impedido de litigar caso o
litisconsorte discorde.
O fundamento dessa conclusão é apenas um: o direito fundamental de acesso a
justiça (art. 5º, XXXV, CF), pois, o direito de ir a juízo não pode depender da
vontade deoutrem. Se houvesse litisconsórcio necessário ativo, seria possível
imaginar a situação de um dos possíveis litisconsortes se negar a demanda,
impedido o exercício do direito de ação do outro.
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Litisconsórcio multitudinário: 
O legislador não estabeleceu limite numérico para a formação do
litisconsórcio, seja no polo ativo como no polo passivo, portanto,
quando o litisconsórcio for formado por uma grande quantidade de
pessoas teremos um litisconsórcio multitudinário.
Ocorre que, o número excessivo de litisconsortes pode comprometer a
duração razoável do processo e dificultar o exercício do contraditório e
da ampla defesa, portanto, o magistrado poderá limitar o numero de
litisconsortes.
Nesse sentido, §1º do art. 113 do CPC: 
O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na
execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar
a defesa ou o cumprimento da sentença.
Existem, todavia, algumas questões a serem analisadas:
(a) A limitação só poderá incidir, ou seja, ser efetivada no litisconsórcio
facultativo;
(b) Poderá ser alegada pelo réu ou reconhecido de ofício pelo magistrado
por se tratar de norma cogente;
(c) O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou
resposta (CPC, art. 113, §2º) e, ainda, interrompe a prescrição à data da
propositura da demanda original (Enunciado 10 FPPC);
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(d) A limitação do litisconsórcio acarreta o desmembramento do
processo em pequenas frações e o mantém no mesmo juízo, conforme
Enunciado 386 do FPPC, ao destacar que: “a limitação do
litisconsórcio facultativo multitudinário acarreta o desmembramento
do processo”.
(e) Quando a formação do litisconsórcio multitudinário for prejudicial
à defesa, o juiz poderá substituir a sua limitação pela ampliação de
prazos, sem prejuízo da possibilidade de desmembramento na fase de
cumprimento de sentença. (Enunciado 116 do FPPC).
3. Quanto ao regime de tratamento dos
litisconsortes ou uniformidade da decisão:
Esse critério considera a possibilidade de se decidir o processo de
maneira igual ou não aos litisconsortes. Esta análise é feita a partir do
objeto litigioso do processo.
No caso, será simples o litisconsórcio quando a decisão, embora
proferida no mesmo processo, puder ser diferente para cada um dos
litisconsortes. Por outro lado, será unitário quando a demanda tiver de
ser decidida de forma idêntica para todos os litisconsortes.
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Portanto, o litisconsórcio pode ser unitário e simples, vejamos:
UNITÁRIO SIMPLES
Ocorre litisconsórcio unitário (e essa é a regra
no sistema) quando o juiz tiver o dever de
julgar de maneira uniforme todos os
litisconsortes.
Está previsto no art. 116 do CPC: O
litisconsórcio será unitário quando, pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de
decidir o mérito de modo uniforme para todos
os litisconsortes.
É a unidade da pluralidade, pois, cuida de
relações jurídicas unas e indivisíveis. Como as
alegações comunicam-se por tratar de unidade
beneficiam a todos (art. 117 do CPC)
ocorre o litisconsórcio simples quando o juiz
não tiver o dever de julgar de maneira
uniforme para todos os litisconsortes.
Cuida de relações jurídicas cindíveis ou
divisíveis. No litisconsórcio simples cada um
dos litisconsortes é tratado como parte
autônoma.
Cada parte e distinta e autônoma. Atos e
omissões não beneficiam e nem prejudicam.
Importante: 
No litisconsórcio unitário todos obtém, obrigatoriamente, o mesmo resultado, ou seja,
ou todos ganham ou todos perdem. Neste caso embora os litisconsortes sejam
diversos são tratados como se fossem uma só parte. Exemplo: Invalidade de um
casamento pelo MP.
A Unitariedade do litisconsórcio deriva, sempre, da natureza incindível da relação
jurídica substancial deduzida no processo. A incindibilidade, então é causa de dois
fenômenos distintos: faz o litisconsórcio ser unitário e, também, necessário.
Há estreita relação entre litisconsórcio unitário e colegitimação. Marinoni entende que
existe uma relação jurídica de direito material incindível sendo precisamente esse
incindibilidade aliada à pluralidade subjetiva em um dos polos da relação jurídica
material deduzida em juízo que determina o litisconsórcio unitário. Em suma, no
litisconsórcio unitário há mais de um sujeito discutindo a mesma relação jurídica,
portanto, há legitimidade concorrente ou colegitimação.
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4. Quanto ao momento de sua formação ou
cronológico:
Considerando o aspecto cronológico do ingresso do litisconsórcio no feito temos:
1. Litisconsórcio inicial ou originário: é aquele que se forma
contemporaneamente à formação do processo (art. 312 do CPC), quer porque
mais de uma pessoa postulou, quer porque em face de mais de uma pessoa foi
oferecida a demanda. É aquele que se forma na fase inicial, sendo indicado na
petição inicial, portanto, existe desde a formação do processo.
2. Litisconsórcio ulterior ou superveniente: é aquele que surge após o processo
ter-se formado. Portanto, ocorre no curso do processo em razão de um fato
ulterior, a exemplo de uma ação de investigação ser proposta e, no curso do
processo, o réu falece sendo sucedido pelos herdeiros (art. 1.601, §único, do
CC).
Cuidado:
O litisconsórcio ulterior ou superveniente é uma exceção em razão da
estabilidade da demanda, porém, pode surgir de três maneiras
autorizadas em lei:
• Intervenção de terceiro.
• Sucessão processual.
• Conexão.
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Consequências processuais da ausência de
formação do litisconsórcio:
É preciso destacar que, a ausência de formação do litisconsórcio no
processo poderá acarretar consequências processuais a depender do
litisconsórcio, vejamos:
(a) Nulidade da sentença: quando o litisconsórcio for necessário e
unitário a sentença proferida pelo magistrado será nula (CPC, art.
115, inciso I).
(b) Ineficácia da sentença: quando o litisconsórcio for necessário e
simples, pois, a decisão produzirá efeitos apenas para quem
participou do processo (CPC, art. 115, inciso II).
É preciso destacar que, não ocorrendo a formação do litisconsórcio
necessário, o magistrado deverá requerer que o autor efetive a citação
de todos os litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de
extinção do processo sem resolução do mérito (CPC, art. 115, parágrafo
único).
Por fim, se o litisconsórcio for facultativo sua ausência não acarretará
nenhum problema, pois, inexiste qualquer sanção processual.
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Peculiaridades entre as classificações:
• Todo litisconsórcio necessário é unitário?
O litisconsórcio necessário por força da relação jurídica una e indivisível será
necessário. Por outro lado, o litisconsórcio necessário decorrente de lei
tende a ser simples, visto que o legislador não impõe, em regra, a
necessariedade de ser unitário.
Portanto, nem todo litisconsórcio necessário será unitário. O ponto
fundamental é verificar o que torna o litisconsórcio necessário para saber se
será unitário ou não!
Por fim, podemos resumir a relação entre as classificações do litisconsórcio
no quadro seguinte:
Quadro resumo de relação dos litisconsórcios:
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO FACULTATIVO
UNITÁRIO
Entre cônjuges em ação
promovida pelo MP buscando
anulação de casamento (CC,
art. 1549)
Entre acionista buscando a
anulação de um assembleia.
SIMPLES
Entre confinantes na ação de
usucapião de bem imóvel (CPC,
art. 246, §3º)
Entre passageiros em uma
demanda indenizatória contra
empresa de ônibus.
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Efeitos do litisconsórcio no processo: 
É preciso ressaltar que, a formação do litisconsórcio no processo acarreta
os seguintes consequências processuais:
• contagem dos prazos em dobro em favor dos litisconsortes: quando
estiverem representados nos autos por diferentes procuradores, desde
que integrem escritórios de advocacia distintos (CPC, art. 229);
• não produção do principal efeito da revelia: (presunção de veracidade
dos fatos afirmados pelo autor), quando houver pluralidadede réus, se
algum deles contestar a ação (inciso I do art. 345);
• aproveitamento do recurso interposto por um dos litisconsortes:
quando os demais quedarem silentes diante da decisão judicial, salvo se
distintos ou opostos os interesses dos litisconsortes (art. 1.005).