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RESUMO ESTEREÓTIPOS JURÍDICOS

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PORTUGUÊS JURÍDICO 
O papel dos estereótipos jurídicos - Leonardo Mozdzenski 
 
- Aristóteles apontava a existência de três gêneros do discurso ou da oratória, em função das 
três instâncias de atuação do cidadão na pólis grega: o gênero judiciário, o gênero 
deliberativo e o gênero epidíctico. 
 
Categoria de ouvintes de gêneros oratórios segundo Aristóteles: 
Assim, de acordo com Aristóteles, haveria três categorias de ouvintes que operam: 
 
a) como espectador que olha o presente (discurso epidíctico ou demonstrativo); 
b) como assembléia que olha o futuro (discurso deliberativo); 
c) como juiz que julga sobre as coisas passadas (discurso judiciário) (cf. Marcuschi, 
2000). 
 
 
 
Aristóteles transforma a Retórica em uma disciplina com um corpo unifi cado de 
conhecimentos, conceitos e ideias. 
 
Análise sistemática da linguagem jurídica só inicia a partir das décadas de 1950/1960, com 
os trabalhos pioneiros: 
 
David Mellinkoff (1963). 
Genaro Carrió (1965 e 1971) 
J. R. Capella (1968) 
Sebastian Soler (1969) 
Luis Alberto Warat (1973) 
Jean-Louis Sourioux e Pierre Letrat (1975) 
No Brasil, de Sílvio de Macedo (1952) e Tércio Sampaio Ferraz Jr. (1978). 
 
O autor defende que a “Justiça é uma profissão de palavras e as palavras da lei são, de fato, 
a própria lei” (Mellinkoff , 1963 citado por Alves, 1999, p. 79). 
 
J. R. Capella (1968), cujo enfoque reside na análise de uma metalinguagem jurídica, assevera 
que a linguagem legal se caracteriza, na verdade, por “uma classe de linguagens”: 
- a normativa (texto legal ou “proposições normativas”). 
- a não-normativa ou metalingüística (definições de expressões que compõem as proposições 
normativas). 
- a dos juristas (definições elaboradas pelos operadores do Direito). 
 
Carrió (1965 e 1971) considera que a linguagem do Direito é necessariamente uma linguagem 
natural – e não uma linguagem técnica formalizada como a da matemática, com termos 
rigorosamente precisos –, estando, pois, sujeita às “defi ciências” de qualquer outra língua 
natural. 
 
As 3 deficiências segundo Carrió: 
 
a) a ambigüidade (“ambigüedad”): uma palavra pode ter diferentes“matizes de signifi 
cações”, conforme o contexto em que é usada, apresentando, assim, “extensões metafóricas 
ou figurativas”; 
b) a vaguidade (“vaguedad”): a linguagem natural possui uma série de “palavras vagas” que 
contêm uma “zona de penumbra semântica” (o autor cita como exemplos “jovem”, “alto”, 
“bom comportamento”, etc.); 
c) a vaguidade potencial (“vaguedad potencial”): as palavras da linguagem natural possuem 
uma espécie de “textura aberta”, uma vez que não é possível prever todos os aspectos de um 
fenômeno lingüístico ou de uma situação em que poderão ocorrer modificações semânticas 
relevantes. 
 
Carrió (1971) conclui sua proposta assumindo uma posição intermediária entre os 
“formalistas”, os quais acreditam que todos os casos autênticos poderão ser resolvidos pela 
letra da lei, e os “realistas”, obcecados pelos problemas da “penumbra”, recusando qualquer 
papel representativo do texto legal nos julgamentos concretos. 
 
Atualmente, o estudo da linguagem jurídica se dá através dos mais variados enfoques, 
abarcando vários campos do conhecimento: o Direito, a Lingüística, a Semiologia, a 
Terminologia, entre outros. 
 
1. DIREITO, CIDADANIA E A COMPREENSÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA 
 
A prática social jurídica encontra-se fundada sobre uma ideologia de consenso e de 
transparência, em que todos os cidadãos são obrigados a conhecer a lei; 
 
Goodrich (1987, p. 7) afirma que a prática legal e a linguagem jurídica encontram-se 
estruturadas de tal forma que inviabilizam a aquisição desse conhecimento por qualquer 
pessoa. 
 
Pereira (2001, p. 97) constata que “há uma verdadeira dificuldade de compreensão dos termos 
jurídicos pela população geral e esta limitação concerne, também, às normas fundamentais 
de exercício da cidadania”. 
 
Como resultado de sua investigação, o pesquisador aponta que cerca de 80% da amostra, 
entre homens e mulheres de faixas etárias e níveis de escolaridade diversos, apresentaram 
uma compreensão nula ou insatisfatória da terminologia jurídica. 
 
Apenas aferiu-se que menos de 10% do universo pesquisado respondeu adequadamente ao 
solicitado. 
 
Esse paradoxo da cultura legal contemporânea é ainda mais agravado se for considerado que 
o Direito, dentre os diversos campos do conhecimento especializado, é um dos que mais 
interessam à sociedade, uma vez que é a ordem jurídica que proíbe, obriga ou permite certas 
ações, penalizando aqueles que não se comportam conforme o estabelecido. Ademais, 
“ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece” (Decreto-Lei n.° 4.657/42, 
art. 3°). 
 
Democratização discursiva 
 
Fairclough (2001, p. 248) argumenta que o discurso vem sendo ‘democratizado’ na medida 
em que são retiradas as desigualdades e assimetrias dos direitos, das obrigações e do prestígio 
discursivo e lingüístico dos grupos de pessoas.

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