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em dois bastões paralelos unidos por um ponto comum (Figura 2.28). Cada bastão é uma cópia idêntica do cro- mossomo criado durante um processo de duplicação que precede a condensação, e o ponto comum, denomina- do centrômero, está associado a um fuso que move os cro- mossomos durante a divisão celular. Nós analisaremos as estruturas dos cromossomos eucarióticos observadas por microscopia óptica no Capítulo 6. A descoberta de que os genes estão localizados em cromossomos foi feita na primeira década do século 20. No Capítulo 5, examinaremos os dados experimentais A 1 µm B 10 µm • FIGURA 2.2 A. Micrografia eletrônica mostrando um cromossomo bacteriano retirado de uma célula. B. Micrografia óptica de cromosso- mos humanos durante a divisão celular.A constrição em cada cromos- somo duplicado é o centrômero, o ponto em que as fibras do fuso se fixam para deslocar o cromossomo durante a divisão celular. Capítulo 2 1 Reprodução Celular 21 para essa descoberta, e nos Capítulos 7 e 8 estudaremos algumas das técnicas de localização dos genes nos cro- mossomos. -DIVISAO CELULAR Entre as muitas atividades realizadas por células vivas, a divisão é a mais surpreendente. Uma célula pode dividir-se em duas, que também podem dividir-se em duas e assim por diante até criar uma população de células, denomi- nada clone. Com exceção dos erros, todas as células de um clone são geneticamente idênticas. A divisão celular faz parte do crescimento de organismos multicelulares e também é a base da reprodução. Uma célula prestes a se dividir é denominada célu- la-mãe, e os produtos da divisão são as células-filhas. Quan- do as células procarióticas se dividem, o conteúdo da célula-mãe é dividido mais ou menos igualmente entre as duas células-filhas. Esse processo é denominado fissão. O cromossomo da célula-mãe é duplicado antes da fis- são, e as cópias são transferidas para as células-filhas. Em condições ideais, um procarionte como a bactéria intes- tinal Escherichia coli divide-se a cada 20 a 30 min. Nessa frequência, uma só E. coli poderia dar origem a um clone de aproximadamente 25º células - mais de um quatrilhão - em apenas um dia. Na realidade, é claro, as células de ' E. coli não mantêm essa alta frequência de divisão. A me- dida que as células se acumulam, a frequência de divisão cai em virtude da exaustão de nutrientes e do acúmulo de resíduos. Todavia, uma única E. coli pode multiplicar-se o suficiente em um só dia para formar uma massa visível a olho nu. Essa massa de células é denominada colônia. A divisão das células eucarióticas é um processo mais elaborado que a divisão das células procarióticas. Em re- gra, é preciso que muitos cromossomos sejam duplicados e distribuídos igual e exatamente entre as células-filhas. As organelas - mitocôndrias, cloroplastos, retículo endo- plasmático, complexo de Golgi e assim por diante - tam- bém precisam ser distribuídas entre as células-filhas. No entanto, a distribuição dessas estruturas não é igual nem exata. As mitocôndrias e os cloroplastos são distribuídos aleatoriamente entre as células-filhas. O retículo endo- plasmático e o complexo de Golgi são fragmentados por ocasião de divisão e, mais tarde, reconstituídos nas célu- las-filhas. Toda vez que uma célula eucariótica se divide, passa por uma série de fases que, juntas, constituem o ciclo ce- lular (Figura 2.3 ). A sequência das fases é G 1 ~ S ~ G 2 ~ M. Nessa sequência, Sé o período em que há duplicação dos cromossomos, processo que requer síntese de DNA, à qual se refere à letra "S". A fase M do ciclo celular é o período em que há, de fato, divisão da célula-mãe. Essa fase geralmente tem dois componentes: (1) mitose, que é o processo de distribuição igual e exata dos cromossomos duplicados entre as células-filhas, e (2) citocinese, que é o processo de separação fisica das células-filhas. A letra "M" refere-se a mitose, palavra de origem grega que signi- fica filamento; durante a mitose, os cromossomos apre- 22 Fundamentos de Genética Crescimento e metabolismo 10 h ( Preparo para mitose 9h Síntese de DNA e duplicação A o cromossom1ca • FIGURA 2.3 O ciclo de uma célula animal. Este ciclo tem 24 h.A duração do ciclo varia em diferentes tipos de células eucarióticas. sen tam-se como corpos filiformes dentro das células. As fases G 1 e G 2 são "intervalos" (gaps) entre as fases S e M. A duração do ciclo celular varia em diferentes tipos de células. Em embriões, cujo crescimento é rápido, o ciclo pode durar apenas 30 min . Nos tecidos de crescimento lento de adultos, pode durar vários meses. Algumas cé- lulas, como as dos tecidos nervosos e musculares, não se dividem mais depois que adquirem suas funções especiali- zadas. A progressão das células eucarióticas no ciclo é rigo- rosamente controlada por diferentes tipos de proteínas. A perturbação da atividade dessas proteínas acarreta a perda do controle da divisão celu lar. Esse descontrole pode cau- sar câncer, importante causa de morte nos dias atuais. No Capítulo 21, investigaremos a base genética do câncer. PONTOS ESSENCIAIS • As células, unidades básicas de todos os seres vivos, são delimitadas por membranas Mitose • Os cromossomos, estruturas celulares que contêm os genes, são constituídos de DNA e proteína • Nos eucariontes, os cromossomos estão contidos em um núcl,eo delimitado por membrana; nos procariontes, não • As células eucarióticas têm sistemas compkxos de membranas internas, bem como organelas membranosas como mitocôndrias, cloroplastos e retículo endoplasmático • As células eucarióticas haploides têm uma cópia de cada cromossomo; as células diploides têm duas cópias • As células procarióticas dividem-se por fissão; as células eucarióticas dividem-se por mitose e citocinese • Os cromossomos eucarióticos duplicam-se quando o DNA de uma célula é sintetizado; esse evento, que precede a mitose, é característico da fase S do ciclo celular. Ao se dividirem, as células eucarióticas distribuem seu ma- terial genético igual e exatamente entre as células-filhas. antes do início da mitose, especificamente durante a fase S. Nesse momento, não é possível iden tificar indi- vidualmente os cromossomos porque estão muito esten- didos e finos. A rede de filamentos finos formada por to- dos os cromossom os no núcleo é denominada cromatina. Duran te a mitose, há encurtamento e espessamen to dos A distribuição organizada de cromossomos duplica- dos na célula-mãe para as células-filhas é a essência da mitose. Cada cromossomo da célula-mãe é duplicado cromossomos - isto é, "condensação" da rede de cro- matina - e torna-se possível reconhecer cromossomos individuais. Depois da mitose, os cromossomos "descon- densam-se" e a rede de cromatina é reconstituída. Os biólogos costumam denominar interfase o período em que não é possível ver os cromossomos individuais. Esse período, que pode ser muito longo, é o tempo decorri- do entre mitoses sucessivas. Quando a mitose começa, já houve duplicação de to- dos os cromossomos. Os filamentos duplos, denomina- dos cromátides-irmãs, permanecem intimamente associa- dos uns aos outros e estão unidos pelo centrômero pelo cromossomo. O termo irmã é um tanto errado porque essas cromátides são cópias do cromossomo original e, portanto, têm uma relação mais próxima que a de irmãs. Talvez a palavra "gêmea" descreva melhor a situação. No entanto, o termo "irmã" é comum, e nós o usaremos aqui. A distribuição de cromossomos duplicados entre as cé- lulas-filhas é organizada e executada por microtúbulos, que são componentes do citoesqueleto. Essas fibras, constituí- das de proteínas denominadas tubulinas, fixam-se nos cromossomos e os deslocam dentro da célula-mãe em divisão. Durante a mitose os microtúbulos reúnem-se em um arranjo complexo denominado fuso (Figura 2.4A). A formação do fuso está associada aos centros organizadores de microtúbulos (MTOC), presentes no citoplasma de célulaseucarióticas, geralmente perto do núcleo. Em células ani- mais, os MTOC são diferenciados em pequenas organe- las denominadas centrossomos; essas organelas não estão presentes nas células vegetais. Cada centrossomo contém dois centríolos em forma de barril, perpendiculares um ao outro (Figura 2.4B). Os centríolos são circundados por uma matriz difusa denominada material pericentriolar, que inicia a formação dos microtúbulos constituintes do fuso mitótico. O centrossomo único existente em uma célula animal é duplicado durante a interfase. Quando se inicia a mitose, microtúbulos radiais surgem em torno de cada um desses centrossomos e formam um padrão deno- A 20 µm Capítulo 2 1 Reprodução Celular 23 minado áster. Esses centrossomos movem-se ao redor do núcleo até posições opostas na célula, onde estabelecem o eixo da divisão mitótica iminente. As posições finais dos centrossomos definem os polos da célula-mãe em divisão. Em células vegetais, os MTOC que não têm centrossomos distintos definem esses polos e criam o fuso mitótico. O início da formação do fuso e a condensação de cromossomos duplicados a partir da rede difusa de cro- matina são características marcantes do primeiro estágio da mitose, a prófase (Figura 2.5). A formação do fuso é acompanhada de fragmentação de muitas organelas in- tracelulares, por exemplo, o retículo endoplasmático e o complexo de Golgi. O nucléolo, um corpo denso que par- ticipa da síntese de RNA no núcleo, também desaparece; no entanto, outros tipos de organelas, como as mitocôn- drias e os cloroplastos, continuam intactos. Concomitan- temente à fragmentação do retículo endoplasmático, a membrana nuclear (também conhecida como envoltório nuclear) divide-se em muitas vesículas pequenas, e mi- crotúbulos formados no citoplasma invadem o espaço nuclear. Alguns desses microtúbulos fixam-se nos cinetó- coros, estruturas proteicas associadas aos centrômeros dos cromossomos duplicados. A fixação dos microtúbulos do fuso nos cinetócoros indica o início da metáfase da mitose. Durante a metáfase, os cromossomos duplicados deslocam-se até posições a meio caminho entre os po- los do fuso. Esse movimento é influenciado por altera- ções no comprimento dos microtúbulos do fuso e pela ação de proteínas motoras geradoras de energia que atuam perto dos cinetócoros. O fuso mitótico também contém microtúbulos que não estão fixados aos cine- tócoros. Esses microtúbulos adicionais parecem estabi- lizar o fuso. A operação do fuso leva ao deslocamento dos cromossomos duplicados para um plano único no meio da célula. Esse plano equatorial é denominado placa metafásica. Nesse estágio, cada cromátide-irmã de um cromossomo duplicado é conectada a um polo di- ferente por microtúbulos fixados em seu cinetócoro. B 0,3 µm • FIGURA 2.4 A. Fuso mitótico em uma célula an imal em cultura, corada para mostrar os microtúbulos (verdes) que saem dos dois ásteres. B. Micrografia eletrônica mostrando dois pares de centríolos. 24 Fundamentos de Genética <yÍÁ/>f O Formação de membrana entre as células-filhas (citocinese) lnterfase <yíAPf O Duplicação dos cromossomos e produção de cromátides-irmãs Núcleo <yÍ ÁPf ~ Descondensação dos cromossomos e formação de novas membranas nucleares Telófase Anáfase <yÍÁ/>f O Deslocamento das cromátides-irmãs de cada cromossomo duplicado até polos opostos da célula Metáfase Prótase <yÍÁPf O Condensação dos cromossomos duplicados <yíAPf O Migração dos cromossomos duplicados até o plano equatorial da célula e desintegração da membrana nuclear • FIGURA 2.5 Mitose no lírio Haemanthus. O alinhamen to polar das cromátides-irmãs é crucial para a distribuição igual e exata do material genético entre as células-filhas. As cromátides-irmãs de cromossomos duplicados sepa- ram-se durante a anáfase da mitose. A separação ocorre por encurtamento dos microtúbulos fixados nos cine- tócoros e por degradação das substâncias que mantêm unidas as cromátides-irmãs. Quando os microtúbulos se encurtam, as cromátides-irmãs são puxadas em d ireção a polos opostos da célula. As cromátides-irmãs separa- das passam a ser denominadas cromossomos. Ao mesmo tempo que os cromossomos se deslocam para os polos, os próprios polos começam a se afastar. Esse movimento duplo separa claramente os dois grupos de cromossomos em espaços distin tos na célula em divisão. Uma vez sepa- rados, os cromossomos descondensam-se em uma rede de fibras de cromatina, e as organelas perdidas no in ício da mitose se reconstituem. Cada conjunto de cromosso- mos é envolvido por uma membrana nuclear. A descon- densação dos cromossomos e a restauração das organelas internas são características da telófase da mitose. Quando a mitose termina, as duas células-filhas são separadas pela formação de membranas en tre elas. Em vegetais, tam- bém há deposição de uma parede en tre as células-filhas. A separação física das células-filhas é denominada citoci- nese (Figura 2.6) . As células-filhas produzidas pela divisão de uma cé- lula-mãe são geneticamente idênticas. Cada célula-filha tem um conjunto completo de cromossomos produzidos por duplicação dos cromossomos originais da célula-mãe. Portanto, a transmissão do material genético da célu-, la-mãe para as células-filhas é completa e fiel. As vezes, porém, ocorrem erros durante a mitose. Uma cromátide pode separar-se do fuso mitótico e não ser incorporada a uma das células-filhas, ou as cromátides podem entre- laçar-se, levando à quebra e subsequente perda de partes da cromátide. Esses tipos de even tos causam d iferenças genéticas entre as células-filhas. Nós abordaremos algu- mas de suas consequências no Capítulo 6 e, mais uma vez, no Capítulo 21. A (aumento 30x) B Capítulo 2 1 Reprodução Celular 25 e; e uma placa celular 4µm • FIGURA 2.6 Citocinese em células animal (A) e vegetal (B). A célula animal é um ovócito fertilizado, que está se dividindo pela primeira vez. A citocinese é realizada por constrição no meio da célula em divisão. Essa constrição cria um sulco de clivagem, observado aqui em um lado da célula em divisão. Nas células vegetais, a citocinese ocorre pela formação de uma placa celular membranácea entre as células-filhas; por fim, formam-se paredes de celulose de cada lado da placa celular. PONTOS ESSENCIAIS • Quando uma célula entra em mitose, os cromossomos duplicados condensam-se em corpos cilíndricos (próf ase) ' • A medida que a mitose avança, os cromossomos migram para o plano equatorial da célula (metáfase) • Em uma fase adiantada da mitose, há divisão do centrômero que une as cromátides-irmãs de um cromossomo duplicado e separação (ou disjunção) das cromátides-irmãs ( anáf ase) • Quando a mitose chega ao fim, há descondensação dos cromossomos e reconstituição da mem- brana nuclear ao seu redor (telófase) • As células-filhas produzidas por mitose e citocinese têm conjuntos iguais de cromossomos e, portanto, são geneticamente idênticas. Meiose A reprodução sexuada está associada a um mecanismo que reduz pela metade o número de cromossomos. Se designarmos o número de cromossomos em um ga- meta pela letra n, o zigoto produzido pela união de dois gametas tem 2n cromossomos. Referimo-nos aos n cro- mossomos de um gameta como o estado haploide, e aos 2n cromossomos do zigoto como o estado diploide. A meiose- palavra derivada do grego que significa "diminui- ção" - é o p rocesso que reduz o estado diploide para o estado haploide, isto é, reduz pela metade o número de cromossomos de uma célula. As células haploides resul- tan tes podem tornar-se gametas diretamente ou se divi- dir e produzir células que mais tarde se tornam gametas. Portanto, a meiose tem papel fundamental em eucarion- tes. Sem ela, o número de cromossomos dos organismos seria duplicado a cada geração, situação que logo se tor- naria insustentável em face das óbvias limitações de tama- nho e capacidade metabólica das células. Se analisarmosos cromossomos de uma célula diploi- de, constatamos que se apresentam em pares (Figura 2.7). Por exemplo, as células somáticas humanas têm 23 pa- res de cromossomos. Cada par é diferente do outro e diferentes pares de cromossomos têm diferentes conjun- tos de genes. Os membros de um par são denominados cromossomos homólogos, palavra de origem grega que significa "em acordo com". Os cromossomos homólogos têm conjuntos iguais de genes, embora, como veremos no Capítulo 5, possam ter diferentes alelos desses genes. Os cromossomos de pares diferen tes são denominados heterólogos. Durante a meiose, os cromossomos homólo- gos associam-se. Essa associação é a base de um processo organizado que acaba por reduzir o número de cromos- somos ao estado haploide. A diminuição do número de cromossomos ocorre de maneira que cada uma das célu- las haploides formadas recebe exatamente um membro de cada par de cromossomos. O processo de meiose con ta com duas divisões celu- lares (Figura 2.8). A duplicação cromossômica, associa- da à síntese de DNA, ocorre an tes da primeira divisão. Não ocorre entre as duas divisões. Assim, a sequência de eventos é: duplicação cromossômica ~ divisão meiótica I ~divisão meiótica II. Se representarmos a quantidade haploide de DNA pela letra e, esses even tos duplicam a 26 Fundamentos de Genética Cromossomos homólogos ~ ' I ft • ~ 1 • • • Cromossomos heterólogos ' ' , ~ R • • . 3 l ~ ' t# ""(" G !) > 7 8 9 et . ~ à1 iCI " ' ~· .. > 13 14 15 li . , • • • 19 20 21 ••• t ~ ,, f . "' 6 (· • '" tl ' " .. '· . . ,\ • 1 ' 5 6 ... ,. • • • . t '- v; ' " \1 10 11 12 ,, ii rr • 16 17 18 • 11 .... 22 X 10 µm • FIGURA 2.7 Os 23 pares de cromossomos homólogos presentes nas células humanas. quantidade de DNA (de 2c para 4c), reduzem pela meta- de (de 4cpara 2c) e, por fim, dividem ao meio mais uma vez (de 2cpara e). O efeito geral é a redução do número diploide de cromossomos (2n) para o número haploide ( n). Verifique se ente11deu esse processo geral solucio- nando o problema do boxe Resol,ra!: Qual é a quantida- de de DNA nas células meióticas humanas? MEIOSE 1 Os processos nas duas divisões meióticas são ilustrados na Figura 2.9 . A primeira divisão meiótica é complexa e demorada. Quando começa, os cromossomos já foram Célula· -mae diploide (2n) Mitose Divisão Células-filhas diploides (2n) idênticas Meiose (":;:\ Meiócito \J diploide (2n) Síntese de DNA Divisão 1 Divisão li o 00 © Células haploides (n) não idênticas • FIGURA 2.8 Comparação entre mitose e meiose; e é a quantidade haploide de DNA no genoma. Qual é a quantidade de DNA nas células meióticas humanas? Se um espermatozoide humano contém 3,2 bilhões de pares de bases de DNA, quantos pares de bases há em (a) uma célula diploide que duplicou seu DNA ao se preparar para entrar em meiose, (b) uma célula que termina a primeira divisão meiótica e (c) uma célula que termina a segunda divisão meiótica? ~ Leia a resposta do problema no site http://gen-io.grupogen.com.br. duplicados; conseque11temente, cada um deles tem duas cromátides-irmãs. A prófase da meiose I - ou prófase 1 - é dividida em cinco estágios, cada um deles designado por um termo grego. Esses termos indicam as principais ca- racterísticas relativas à aparência ou ao comportamento dos cromossomos. Leptóte no, palavra derivada do grego que significa "filame11tos delgados'', é o primeiro estágio da prófase I. Durante o leptóteno (também denominado leptone- ma), há condensação dos cromossomos duplicados fora da rede de cromatina difusa. Ao microscópio óptico, é difícil ' 'er os cromossomos i11dividuais, mas ao exame com microscópio eletrô11ico, percebe-se que cada cro-, mossomo é co11stituído de duas cromátides-irmãs. A me- dida que continua a condensação cromossômica, a célula passa ao zigót eno (do grego, "filamentos emparelhados"). Durante o zigóteno (também cl1amado de zigonema), os cromossomos homólogos aproximam-se muito. Esse processo de pareamento entre homólogos é denomi11a- do sinapse. Em algumas espécies, a si11apse começa nas extremidades dos cromossomos e estende-se em direção às regiões médias. Em geral, a sinapse é acompanhada da formação de uma estrutura proteica e11tre os cromos- somos pareados (Figura 2.10). Essa estrutura, o complexo sinaptonêmico, é formada por três cili11dros paralelos - um associado a cada cromossomo (os elementos laterais) e um a meio caminho entre eles (o elemento central) - e numerosos elementos trans,rersais, semelhantes a de- graus, que unem os elementos laterais ao elemento cen- tral. Não se conhece totalmente o papel do complexo sinaptonêmico no pareame11to dos cromossomos e nos eve11tos meióticos subseque11tes. Ele sequer aparece em algu11s tipos de células meióticas. Assim, ele pode não ser absolutamente esse11cial para o pareamento durante a prófase I. O processo pelo qual os 11omólogos se en- contram na prófase I também não é bem compreendido. Estudos recentes sugerem que os homólogos podem, na verdade, começar a formar pares i10 i11ício da meiose I, durante o leptóteno. Esse pareame11to pode ser facili- tado por uma tendência dos cromossomos homólogos a permanecerem na mesma região do núcleo durante a interfase. Assim, os homólogos podem não ter que se deslocar muito até se encontrarem. MEIOSE 1 Prótase 1: Leptóteno • , . • • Os cromossomos, cada um deles formado por duas cromátides~rmãs, começam a se condensar. Prótase 1: Diacinese ---=-:---~ 1 (~ - ~ ~\ --_.. ---- t - ~)\'\:-~ Os cromossomos pareados condensam-se ainda mais e se fixam nas fibras do fuso. ....._ ..... ...... ..... Prótase 1: Zigóteno Os cromossomos homólogos começam a formar pares. Metáfase 1 ~\(rJv - - - ::--.. /1111\\_ ~--'---- Os cromossomos pareados alinham-se no plano equatorial da célula. .... ..... Prótase 1: Paquíteno ....._ ..... Os cromossomos homólogos estão totalmente pareados. Anáfase 1 ~'"'0 - -- ....... \-...: ~ Os cromossomos homólogos separam-se e seguem até polos opostos da célula. & .... ..... • FIGURA 2.9 Meiose na planta Ulium longiflorum. ....._ ..... Prótase 1: Diplóteno ~\I ~ - -~Ir~ '.::.-- ~ ~ - ~1\\:;;~ Os cromossomos homólogos separam-se, exceto nos quiasmas. Telófase 1 .. . • • • ,,.--- .... , I 1 1 I :,w :I ,_,,, O deslocamento dos cromossomos termina e novos núcleos começam a se formar. .... ..... ....._ ..... () Ili -o ;:::;.• e: õ N ~ -o o a.. e: .n Ili• o Q -e: -Ili -... N ....... MEIOSE li Prótase li ....._ ,,... Os cromossomos, cada um deles formado por duas cromátides~rmãs, condensam-se e fixam-se nas fibras do fuso. Metáfase li ~1,t;Ç:-: A ~'''~ ~J\~/1(1 Os cromossomos alinham-se no plano equatorial de cada célula. ..._ .,,.,.. Anáfase li ... As cromátides~rmãs separam-se e seguem até polos opostos de cada célula. ....._ ,.... • FIGURA 2.9 (continuação). Telófase li • -- " - "' ---, ~ {9r1 ', ..._ ,.... " - "' I ' .:.... "' Os cromossomos descondensam-se e novos núcleos começam a se formar. Citocinese ~ ~ ~ :;:::::::.-- J ~ As células-filhas haploides são separadas por membranas citoplasmáticas. N 00 "TI e: ~ a.. Ili 3 11> ~ g "' a.. 11> () 11> ~ 11).. ... -· hl Complexo sinaptonêmico A Elementos laterais Fibras de cromatina do homólogo 1 B Elementos laterais Elemento central Fibras de cromatina do homólogo 2 Fibras transversais • FIGURA 2.10 Micrografia eletrônica (A) e o diagrama (B) mostrando a estrutura do complexo sinaptonêmico que se forma entre cromos- somos homólogos durante a prófase 1 da meiose. ~ A medida que a sinapse avança, os cromossomos du- plicados continuam a se condensar em volumes meno- res. Os cromossomos espessos resultantes desse processo são característicos do paquíteno (do grego, "filamentos es- pessos"). No paquíteno(também chamado paquinema), é fácil ver os cromossomos pareados ao microscópio óp- tico. Cada par é constituído de dois homólogos duplica- dos, cada um deles formado por duas cromátides-irmãs. Se contarmos os homólogos, o par é denominado um bi- valente de cromossomos, mas se contarmos os filamentos, é chamado de tétrade de cromátides. Durante o paquí- teno, ou talvez um pouco antes ou depois, os cromosso- mos pareados podem trocar material (Figura 2.11). Nós analisaremos esse fenômeno, denominado crossing over, e suas consequências no Capítulo 7. Aqui é suficiente dizer que cada cromátide-irmã pode ser quebrada durante o paquíteno, e os fragmentos podem ser trocados entre as cromátides de uma tétrade. Portanto, a quebra e a reu- nião ocorridas durante o crossing over podem levar à re- combinação de material genético entre os cromossomos pareados. A ocorrência desses tipos de troca pode ser observada quando a célula passa para o próximo estágio da meiose I, o diplóteno (do grego, "dois filamentos"). Du- rante o diplóteno (também chamado de diplonema), os cromossomos pareados separam-se um pouco. No entan- to, a região onde houve crossing over continua em estrei- Capítulo 2 1 Reprodução Celular 29 to contato. Esses pontos de contato são os quiasmas (do grego, "cruz"). O exame atento dos quiasmas indica que cada um deles inclui apenas duas das quatro cromátides da tétrade. O diplóteno pode ser muito longo. Nas mu- lheres, por exemplo, pode persistir por mais de 40 anos. Perto do fim da prófase I, os cromossomos conden- sam-se ainda mais, a membrana nuclear se rompe e um fuso se forma. Os microtúbulos do fuso penetram no espaço nuclear e se fixam nos cinetócoros dos cromos- somos. Os cromossomos, ainda unidos pelos quiasmas, então seguem até o plano central da célula, perpendicu- lar ao eixo do fuso. Esse movimento é característico do último estágio da prófase I, a diacinese (do grego, "movi- mento através de"). Durante a metáfase 1, os cromossomos pareados se- guem em direção a polos opostos do fuso. Essa orienta- ção garante que, por ocasião da divisão celular, cada polo receba um membro de cada par. No fim da prófase I e Par de cromossomos homólogos Homólogo 1 Homólogo 2 / Centrômeros ~ ----~ Uma cromátide Quiasma Dois . qu1asmas Sinapse e crossing over Tétrade \/ Cromátides recombinantes • FIGURA 2.11 Quiasmas em um bivalente de cromossomos homólo- gos durante o estágio diplóteno da prófase 1 da meiose. 30 Fundamentos de Genética durante a metáfase I, os quiasmas que unem os bivalentes deslizam dos cen trômeros em direção às extremidades dos cromossomos. Esse fenômeno, chamado de termina- lização, refle te a crescen te repulsão entre os membros de cada par de cromossomos. Durante a anáfase 1, os cro- mossomos pareados separam-se defi11itivamente. Essa se- paração, denomi11ada disjunçcio cro11iossômica, é mediada pela ação do fuso em cada bivalente da célula. Quando os cromossomos separados reúnem-se em polos opostos, a primeira d ivisão meiótica termina. No próximo estágio, a telófase 1, o fuso se desfaz, as células-filhas são separadas por membranas, os cromossomos são descondensados e um núcleo se forma ao redor dos cromossomos de cada célt1la-filha. Em algt1mas espécies, a descondensação dos cromossomos é incompleta, os 11úcleos-filhos não se for- mam e as células-filhas ava11çam imediatamente para a se- gunda divisão meiótica. As células produzidas por meiose I contêm o número haploide de cromossomos; no entan- to, cada cromossomo ainda tem duas cromátides-irmãs, que podem não ser geneticamente idênticas porque po- dem ter trocado material com seus pares dt1rante a pró- fase I. MEIOSE li E OS RESULTADOS DA MEIOSE Duran te a meiose II , os cromossomos se condensam e se fixam em um novo ft1so (prótase li ). Então, eles se deslo- cam até o plano eqt1atorial da célula (metáfase li ) e seus centrômeros dividem-se para que as cromátides-irmãs possam seguir até polos opostos (anáfase li ) , fenôme110 denomi11ado disjunção das cromátides. Durante a telófase 11, as cromátides separadas - agora denominadas cromos- somos - reúnem-se nos polos e st1rgem núcleos-filhos ao seu redo r. Cada núcleo-filho con tém um conjunto haploide de cromossomos. Portanto, do ponto de vista mecânico, a meiose II é muito semelhante à mitose. No entanto, seus prodt1tos são haploides e, ao contrário dos prodt1tos da mitose, as células produzidas na meiose II não são gene ticamente idênticas. Uma expl icação para a diferença entre essas células é o pareamento e a separação dos cromossomos homólo- gos durante a meiose I. Em cada par de cromossomos, um homólogo foi herdado da mãe e o outro, do pai. Quantas combinações de cromossomos são possíveis no espermatozoide? A mosca-das-frutas, Drosophila melanogaster, tem quatro pares de cromossomos nas células somáticas. Na fêmea, há crossing over ent re homólogos de origem materna e pater- na du rante a prófase 1 da meiose. No macho, não há cros- sing over. Ante esse fato, quantos ti pos de espermatozoides com cromossomos dife rentes podem produzir um macho da mosca-das-frutas? ~ Leia a resposta do problema no site http://gen-io.grupogen.com.br. Dt1rante a meiose I, os homólogos de origem materna e paterna aproximam-se e unem-se por sinapse. Eles são posicionados no fuso meió tico e orie11tados aleatoria- mente em relação aos polos do ft1so. Em segt1ida, eles se separam. Para. ca.da par de cromossomos, metade das células-filhas resultantes da primeira divisão meiótica re- cebe o homólogo de origem materna, e a outra metade recebe o homólogo de origem paterna. Assim, ao fim da primeira divisão meiótica, os produtos da meiose estão d estinados a ser diferentes. Essas diferenças são definidas pelo número de pares de cromossomos que se separam dt1rante a meiose I. A separação ou d isjunção de cada par é independente. Assim, se houver 23 pares de cro- mossomos, como nos seres humanos, a meiose I é capaz de produzir 223 célt1las-filhas cromossom icamente dife- re11tes - isto é, mais de 8 milhões de possibilidades. Teste seu conhecimento sobre esse conceito no boxe Resolva!: Quantas combinações de cromossomos são possíveis no espermatozoide? Ot1tra razão da. diferença entre as células produzidas por meiose é que dura11te a meiose I, cromossomos ho- mólogos trocam material por crossing over. Esse processo é capaz de criar incontáveis combinações diferentes de ge nes. Quando superpomos a variabilidade criada por crossing over e a ' 'ariabilidade criada pela disjt1nção aleató- ria de homólogos, é fácil constatar que é improvável que haja dois prodt1tos iguais da meiose. PONTOS ESSENCIAIS • As células eucarióticas diploides produzem célitlas haploides porrneiose, processo qite inclui um ciclo de duplicação cromossômica seguido de duas divisões celulares (meiose I e meiose II) • Durante a meiose I, os cro1nossomos homówgos formam pares (sinapse), trocarn material ( cros- sing over) e se separam (disjunção) • Durante a 1neiose II, fiá disjunção das cro1nátides.
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