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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO-UEMA
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS-CESC
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA – DHG
LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
Diego da Paz Lima
Jofre Lopes de Almeida
Uiara kelma de Assis Sousa
IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS DO 7º AO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA PRÁTICA DA AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA: ASSENTAMENTO MULATAS- CAXIAS-MA
CAXIAS-MA
JANEIRO-2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO-UEMA
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS-CESC
IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS DA GEOGRAFIA ESCOLAR DO 7º AO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA PRÁTICA DA AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA: ASSENTAMENTO MULATAS- CAXIAS-MA
Proposta metodológica apresentada ao Centro de Estudos Superiores de Caxias – CESC da Universidade estadual do Maranhão – UEMA, como requisito para obtenção do grau de Licenciatura Plena em Geografia __________________________
Orientador: Prof.Ms. Josafá Ribeiro do Santos
CAXIAS-MA
JANEIRO-2014
 L732i
 Lima, Diego da Paz
Importância dos conhecimentos geográficos do 7° ao 9º ano do ensino fundamental na prática da agricultura familiar camponesa: assentamento mulatas-Caxias-MA / Diego da Paz Lima, Jofre Lopes de Almeida, Uiara Kelma de Assis Sousa.__Caxias-MA: CESC/UEMA, 2014.
 84f.
Orientador: Prof. Esp. Josafá Ribeiro dos Santos.
Monografia (Graduação) – Centro de Estudos Superiores de Caxias-MA, Curso de Licenciatura em Geografia.
1. Geografia – Ensino. 2. Agricultura familiar camponesa. 3. Educação do campo I. Título.
CDU 633”321:324”:91
.
DIEGO DA PAZ LIMA
JOFRE LOPES DE ALMEIDA
UIARA KELMA DE ASSIS SOUSA
IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS DO 7º AO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA PRÁTICA DA AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA: ASSENTAMENTO MULATAS- CAXIAS-MA
Proposta metodológica apresentada ao curso de Licenciatura em Geografia, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, Centro de Estudos Superiores de Caxias – CESC como requisito para a conclusão da graduação.
Aprovada em: _____/______/______.
BANCA EXAMINADORA
Prof°:Ms.Josafá Ribeiro dos Santos (Orientador)
Desenvolvimento e Meio Ambiente-TROPEN/UFPI
Prof°: Eduardo de Almeida Cunha 
Especialista em Metodologia do Ensino de Geografia-UEMA
Prof°. Ms. Jorge Martins Filho 
Mestre em Educação- UESPI/IPLAC
A Deus, por ter nos guiado nesta longa jornada. Aos nossos familiares pelo total apoio e incentivo. A nosso orientador e nosso co-orientador pela contribuição para a realização deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela sua infinita bondade, estando comigo em todos os momentos, me fortalecendo diante de todas as dificuldades enfrentadas no decorrer trabalho.
Aos meus familiares, em especial aos meus pais Conceição de Maria da Paz Lima e José de Ribamar de Souza Lima, pela força, incentivo e apoio diante das decisões tomadas por mim, e diante de todas as dificuldades enfrentadas no decorrer da minha graduação, pois sem esteseu não teria alcançado mais esta vitória.
Aos meus irmãos Luis Rafael Lima e Thiago Lima pelo apoio e força.
A minha namorada e companheira Edtânia Fraga, por sempre ta do meu lado me apoiando e me incentivando nos momentos mais difíceis.
Aos meus companheiros de proposta, Jofre Lopes e Uiara Kelma pelo apoio, dedicação, e por estarmos juntos durante todo esse período de dificuldades, trocando conhecimentos e vivências, partilhando de momentos bons e ruins.
Aos professores do curso de Geografia, que estimularam meu aprendizado através de seus conhecimentos, e em especial a professor Josafá Ribeiro dos Santos por sua orientação e contribuição para a realização deste trabalho.
Ao professor Eduardo de Almeida cunha, nosso co-orientador, pelo apoio quando precisamos, pelo incentivo e pela transmissão de conhecimentos e orientações.
Ao professor Assis Araújo, por nos ajudar com seus conhecimentos cartográficos e suas habilidades nos mesmos.
E a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização dessa proposta.
Diego da Paz Lima
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela sua infinita bondade, estando comigo em todos os momentos, me fortalecendo diante das dificuldades enfrentadas no decorrer deste curso de graduação.
 Aos meus familiares, em especial aos meus pais Josélia Lopes de Almeida e Joacy Veloso de Almeida pela paciência, incentivo e apoio diante das decisões tomadas por mim, pois estes são à base de minha vida, e sem os quais não teria alcançado mais esta vitória. Agradeço minhas irmãs Juliana Lopes e Joyce Lopes e minha Joseane Coutinho pelo o apoio.
Aos meus amigos, Diego Lima e Uiara Kelma pelo apoio, confiança e por estarmos juntos durante todo esse período de dificuldades, trocando conhecimentos e vivências.
Aos professores do curso de Geografia, que estimularam meu aprendizado através de seus conhecimentos, e em especial a professor Josafá Ribeiro (orientador) e professor Eduardo Almeida (co-orientador) pelas suas orientações e contribuições para a realização deste trabalho como também pelos conhecimentos transmitidos por ele no decorrer de todo o curso.
E a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização dessa proposta.
Jofre Lopes de Almeida
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por dar-me força e perseverança para a realização deste trabalho. Agradeço a minha família, por todo o apoio que recebi desde o início do meu curso, e por nunca terem me deixado desistir no meio do caminho. 
Agradeço em especial a minha avó Francisca machado, minha mãe Rosangela machado, que apesar de não estar mais entre nós sempre torceu pelo meu sucesso, e a meu pai José cruz, mesmo morando longe estar sempre me apoiando, e aos meus irmãos YureVinicius,Kiara Assis e Francisco neto, que sempre me deram muita força.
 Agradeço também ao meu tio padrinho Walter machado que sempre me apoio bastante, e filha dele que é minha prima Walna machado que nos cedeu à entrevista do professor e também me deu muita força, e também a todos aos meus tios. 
Queria agradecer também a todos os meus amigos de proposta Diego Lima e Jofre Lopes pele dedicação que tiveram na preparação deste trabalho, e também a todos os meus amigos colegas de sala em especial Andiária Ingrid e Marcos Vinicius, que me apoiaram e sempre estiveram junto comigo, queria também agradecer aos professores Josafá Ribeiro e Eduardo Almeida que nos ajudaram na preparação dessa proposta, e todos os professores de geografia desta instituição que me passaram todo o conhecimento que eu preciso para seguir a minha carreira profissional.
Uiara kelma de Assis Sousa 
“Educação não transforma o mundo. 
Educação muda pessoas. “Pessoas transformam o mundo”. 
Paulo Freire
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:Palmeira do Babaçu no assentamento mulatas	41
Figura 2:Casa de alvenaria do assentamento mulatas, Caxias-MA	42
Figura 3: Casa de taipa do assentamento mulatas, Caxias-MA	42
Figura 4: Plantação de Abóbora no assentamento mulatas, Caxias-MA	43
Figura 5: Acesso a área de estudo	66
Figura 6: Orientações para os alunos antes da pratica aplicada no campo	67
Figura 7: Repassando os conteúdos serem trabalhados no campo	67
Figura 8: Aluno fazendo a limpeza da área para plantio	68
Figura 9: Aluno fazendo o plantio de Mandioca	68
Figura 10: Aluna praticando os conhecimentos apreendidos em sala	69
Figura 11: Mandioca colhida	69
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Estado civil	44
Tabela 2: Etnia	44
Tabela 3: Escolaridade	45
Tabela 4: Meio de transporte	45
Tabela 5: Contribuição na renda familiar	46
Tabela 6: Moradia	46
Tabela7: Onde moravam antes	47
Tabela 8: Trabalha ou trabalhou	48
Tabela 9: Eletroeletrônicos	49
Tabela 10: Alternativa de sustento	49
Tabela 11: Conhecimentos geográficos utilizados no campo	50
Tabela 12: Projeto do governo dentro do assentamento	51
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Práticas de preservação ambiental no dia-a-dia	58
Quadro 2: Tipos de alimentos produzidos no campo	59
Quadro 3: Formas com que o professor repassa os conteúdos de Geografia	60
Quadro 4: Contribuiçãoda agricultura familiar para o progresso do assentamento	61
Quadro 5: Contribuições dos conteúdos de geografia apreendidos na escola 
parao desenvolvimento da agricultura familiar no assentamento	63
LISTA DE MAPAS
Mapa 1: Localização.................................................................................................................43
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A:Questionário/entrevista com moradores do assentamento	82
APÊNDICE B: Questionário aplicado com o professor (a)	84
APÊNDICE C: Questionário com aluno	85
LISTA DE SIGLAS
FAO-Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
PRONAF- Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
MDA- Ministério do desenvolvimento agrário.
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SNCR- Sistema Nacional de Crédito Rural
PIB- Produto interno bruto
PEA- População economicamente ativa
PCN´s – Parâmetros curriculares nacionais
U.I.M – Unidade Integrada Municipal.
RESUMO
Devemos partir da realidade sócio-espacial de nossos educandos se quisermos produzir um ensino de geografia contextualizando e comprometido com a construção de um processo emancipatório, onde a educação tem papel decisório sendo, portanto, uma prática a ser estudada no Ensino Fundamental. Nessa proposta, buscamos contribuir na construção de um ensino de Geografia adequado a realidade dos moradores do campo e a produção de um debate a respeito da agricultura familiar camponesa no Ensino Fundamental. Para alcançar nossos objetivos a pesquisa foi feita a partir de atividades desenvolvidas no assentamento Mulatas com alunos das series do Ensino Fundamental da Unidade Integrada Municipal Edson Lobão. Com base nos resultados observou-se que ficar restrito a sala de aula, impossibilita o aluno de conhecer a realidade de perto, de sentir na prática as ações no campo. É fundamental que o educando possa vivenciar na prática tudo aquilo ensinado em sala, e que possa ser aplicado no campo todos os conhecimentos de Geografia relacionados a agricultura familiar camponesa. Neste sentido, objetivamos demonstrar a relação intrínseca que deve existir entre: Teoria- Pratica em sala de aula (práxis) e de que forma a Geografia pode contribuir para essa prática. 
Palavras chaves: Ensino de Geografia, Agricultura familiar camponesa, Ensino Fundamental, Educação do Campo.
ABSTRACT
We from the socio-spatial reality of our students if we are to produce a teaching geography contextualizing and committed to building an emancipatory process, where education has decision-making role is therefore a practice to be studied in elementary school. In this proposal, we seek to contribute to building a Geography teaching proper reality of the camp residents and the production of a debate about the peasant family agriculture in Elementary Education. To achieve our research goals was taken from Mulatas settlement activities in series with students from the Elementary School of Municipal Integrated Unit Edson Lobao. Based on the results it was observed that be restricted to classroom, prevents the student to know the reality closely, to feel in practice the actions on the field. It is essential that the student can experience in practice everything taught in class, and can be applied in every field of knowledge related to family Geography peasant agriculture. In this sense, we aimed to demonstrate the intrinsic relationship that should exist between: Theory-Practice in the classroom (praxis) and how geography can contribute to this practice.
Key words: Teaching Geography, Agriculture peasant family, Elementary Education, Rural Education
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURA	10
LISTA DE TABELA	11
LISTA DE QUADRO	12
LISTA DE MAPAS	13
LISTA DE APÊNDICES	14
LISTA DE SIGLAS	15
RESUMO	16
1.0 INTRODUÇÃO	18
2.0 ENSINO DA GEOGRAFIA NO CAMPO	20
2.1 O que é Agricultura familiar?	22
2.1.1Caracterização	26
2.2 Histórico da Agricultura familiar no Brasil	29
2.3 Ensino da geografia na perspectiva da agricultura familiar	30
2.4 A modernização da agricultura brasileira e seus impactos	32
2.4.1 Legado da modernização agrícola: a situação nos anos 90	36
3.0 ASSENTAMENTO MULATAS- CAXIAS-MA	.40
3.1 Localização	40
3.2 Origem	40
3.3 Caracterização	41
3.4 Na concepção dos moradores do Assentamento Mulatas (questionário- entrevista)	43
4.0 A IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS NA PRÁTICA DA AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA NO ASSENTAMENTO MULATAS, CAXIAS-MA	52
4.1 Na concepção do professor	53
4.2 Na concepção dos alunos	57
5.0 PROPOSTA METODOLÓGICA: OS CONHECIMENTOS DA GEOGRAFIA ESCOLAR DO 7° AO 9° ANO PARA AGRICULTURA FAMILIAR NO ASSENTAMENTO MULATAS	65
5.1 Recomendações após a aplicação da proposta metodológica no Assentamento Mulatas, Caxias-Ma	66
6.0 CONCLUSÃO	73
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS	75
APÊNDICES	77
1.0 INTRODUÇÃO
Essa pesquisa irá analisar a Importância dos conhecimentos geográficos dentro do campo, de forma que iremos observar como as famílias põem em prática a questão da agricultura familiar, tendo como base o ensino da Geografia. Os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental irão dá um suporte para que as famílias possam praticar uma agricultura de forma sustentável. Nessa perspectiva, queremos buscar e apontar soluções que venham a ser de fundamental importância para os moradores do Assentamento Mulatas, Caxias-Ma.
Segundo o dicionário Aurélio, a geografia está definida como a ciência que tem por objeto a descrição da superfície da Terra, o estudo dos seus acidentes físicos, climas, solos e vegetações, e das relações entre o meio natural e os grupos.
Devemos analisar de que forma o ensino da geografia poderá contribuir com informações e técnicas de melhorias para a produção do campo nesse assentamento, tendo relevância que os conhecimentos devem ser adquiridos e praticados como suporte na produção do mês.
Nesse mesmo contexto, iremos analisar como os alunos do ensino fundamental (7° ao 9° ano) poderão contribuir de forma positiva na produção do campo. Deve-se saber reconhecer e partir das concepções que os alunos têm sobre esses conhecimentos para elaborar, desenvolver e avaliar suas práticas pedagógicas, e sua atuação no meio rural no sentido de refletir sobre suas técnicas, e o uso desses ensinamentos na prática da agricultura familiar camponesa. 
 A partir dessa ideia, a Geografia poderá se constituir como uma disciplina fundamental para a construção e reprodução de uma política em que o objeto principal seja a aplicação dos conhecimentos na prática. Neste trabalho, vamos nos apropriar e, tentar, aprofundar um pouco mais da relação do homem com o meio ambiente, enfatizando os conteúdos de geografia com as praticas na agricultura.
O tema é: Importância dos conhecimentos geográficos do 7° ao 9° ano do ensino fundamental na pratica da agricultura familiar camponesa: Assentamento Mulatas. E terá o seguinte problema: como os conhecimentos geográficos aplicados nos 7° ao 9° ano poderão influenciar na prática da agricultura familiar camponesa?
A pesquisa tem como objetivo geral analisar de que forma os conhecimentos geográficos podem ajudar na preservação do campo.
A metodologia procura mostrar através de levantamentos bibliográficos, questionários e entrevistas, a influência dos conhecimentos geográficos na pratica da agricultura familiar camponesa.
A pesquisa no campo é uma fase que é realizada após o estudo bibliográfico, para que o pesquisador tenha um bom conhecimento sobre o assunto, pois é nesta etapa que ele vai definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, definir qual é o meio de coleta de dados, tamanho da amostra e como os dados serão tabulados e analisados (MARCONI & LAKATOS, 1996).
A pesquisa foi realizada no Assentamento Mulatas 1° Distrito de Caxias-MA, localizada nas proximidades da Rodovia BR-316, e na Unidade Integrada Municipal Edson Lobão, foi aplicado um questionário com 13 (treze) perguntas para 25 alunos que de cada série do 7° ao 9° ano do ensino fundamental que residem no assentamentomulatas, no qual foram retiradas 5(cinco) perguntas para compor os quadros dessa proposta. Foi realizada outra entrevista composta por 9 (nove) perguntas com a professora de Geografia da referida escola. E aindafoi aplicado outro questionário com quatorze perguntas para 59 moradores do assentamento.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: O ensino da geografia no campo que vai ressaltar a contribuição que essa ciência oferece aos docentes enfatizando a relação de teoria e prática com base nos conhecimentos de agricultura familiar. Em seguida, apontam-se característicasdo assentamento mulatas, Caxias-ma. Adiante, a importância dos conhecimentos geográficos na prática da agricultura familiar camponesa no assentamento mulatas, Caxias-ma. 
Por fim, tem-se a proposta metodológica: os conhecimentos da geografia escolar do 7° ao 9° ano para agricultura familiar no assentamento mulatas- caxias-ma na qual estão inseridas algumas sugestões de ensino.
2.0 ENSINO DA GEOGRAFIA NO CAMPO
O ensino é a construção de conhecimentos pelo aluno, ele é o sujeito de seu processo de formação e de desenvolvimento intelectual, afetivo e social, o professor tem um papel de mediador desse processo. E um dos desafios, é o de desenvolver em sala de aula, atividades considerando a escola um lugar de constante aprendizagem.
Com este trabalho pretendemos estar colaborando para auxiliar os professores do ensino fundamental no exercício de seu papel político em sala de aula. Permitindo que percebam a possibilidade e a necessidade de se fazer na prática um ensino de geografia a partir da realidade sócio espacial de seus educandos. Tendo em vista que no ensino fundamental é essencial partimos da realidade local para construirmos o conceito de espaço com nossos alunos. Pensando esse local como sendo um produto interligado/indissociável da lógica desigual/contraditória e desigual/combinada capitalista da globalização.
 E se estes educandos forem oriundos do espaço rural, se faz necessário incorporar em sua prática docente a Pedagogia do Movimento da Educação do Campo. Pois, esta entende que a realidade é contraditória e mutável, e, por isso, devemos educar para a emancipação/humanização/libertação das camadas oprimidas, assim como, já havia proclamado Paulo Freire. E acrescenta que devemos relacionar na educação formal as experiências educativas dos movimentos sociais do campo. 
[...] Cabe à geografia levar a compreender o espaço produzido pela sociedade em que vivemos hoje, suas desigualdades e contradições, as relações de produção que nela se desenvolvem e a apropriação que essa sociedade faz da natureza. (OLIVEIRA, 1994, p.142).
Posto dessa forma, a compreensão da experiência dos alunos em sua relação com as paisagens próximas pode fornecer importantes elementos de entendimento da construção da realidade. A relevância do estudo de Geografia introduz-se nesse âmbito, no anseio de concretizar a leitura do mundo, ou seja, esclarecer as relações que ocorrem entre a sociedade de acordo com determinado tempo e espaço. Entretanto, diante da tarefa de ensinar sobre essa leitura de mundo e do lugar de vivência, precisamos ter claro que o espaço escolar é um local onde a formação de alunos adolescentes e adultos pode resultar em uma construção prática e teórica. Considerando esses aspectos, a geografia escolar, segundo Cavalcanti (2002), tem procurado pensar o seu papel nessa sociedade em mudança, indicando novos conteúdos, reafirmando outros, questionando os métodos convencionais, postulando novos. Diante das mudanças no ensino, é necessário se pensar que o ensino de geografia comprometido com a cidadania; pensar o lugar de vivência do aluno e a vivência desse lugar no processo de ensino-aprendizagem.
[...] a Geografia constitue-se em um campo fértil de oportunidades para experimentar de maneira muito rica e estimulante várias habilidades e, desta forma, possibilitar ao aluno desenvolver competências criativas de percepção e cognição a serem incorporadas ao seu crescimento. (KIMURA, 2001, p.26).
Nesse sentido de diversidade e de singularidade, a cidade e o campo, considerados como conteúdo escolar, devem ser concebidos para além das suas formas físicas, considerando a materialização dos modos de vida, o espaço simbólico, o fato de serem formadores de sentidos de pertencimento e de identidade. Esses elementos são fundamentais na formação da cidadania. O aluno precisa compreender o modo de vida da sociedade contemporânea e o seu cotidiano em particular, considerando a diversidade presente nesses espaços. 
O saber popular tradicional está fundamentado na experiência pessoal, nos seus próprios conhecimentos individuais, aqueles que partilham com outros da mesma geração e que herda da bagagem cultural acumulada, historicamente, por sua coletividade. Segundo Oliveira, o ensino de geografia tem como papel resgatar identidades, fomentar criatividades, colaborar na construção de personalidades equilibradas, capazes de atuar-nos diversos espaços da sociedade com o diferencial da ética e da cidadania planetária. Devemos fazer com que o aluno perceba qual a importância do espaço, na constituição de sua individualidade e da sociedade deque ele faz parte (escola, família, cidade, país etc.). Um dos maiores objetivos da escola, e também da Geografia, é formar valores de respeito ao outro, respeito às diferenças (culturais, políticas, religiosas), combate às desigualdades e às injustiças sociais (OLIVEIRA, 2007).
Por isso, com a intencionalidade de produzir uma ciência e uma educação viva, nos propusemos a estudar a questão agrária dentro da sala de aula. Visto que esta é uma questão que está presente, sobretudo, na vivência do aluno oriundo das áreas rurais, bem como daqueles que mesmo distante da área rural, está em contato com seus colegas de sala que vivenciam essa realidade, ou acompanham pela televisão. Devido à crescente democratização do acesso dos alunos à Educação Básica, a escola pública conta hoje com uma clientela extremamente diversificada, com alunos que provém de diferentes realidades. Por isso, na perspectiva de construção da cidadania na educação, o professor deve saber como construir o projeto de ensino-aprendizagem respeitando as diferenças socioculturais, a fim de superar ideologias e preconceitos estabelecidos em nossa sociedade e que, muitas vezes, são reproduzidos na escola. Dito de outra maneira: 
A construção da cidadania como grande meta é extremamente difícil de ser realizada, pois na escola pública temos uma população numerosa, heterogênea do ponto de vista escolar e sociocultural - diferença de idade, de valores, de hábitos, de origens sociais e culturais, em que os preconceitos e as ideologias somente são superados com muito trabalho por parte do conjunto dos professores. (PONTUSCHKA, 1999, p. 112). 
Por isso, devemos estar sempre atentos à realidade dos nossos educandos, visto que para a construção de um ensino crítico de geografia devemos partir da realidade de nossos alunos. Neste sentido, essa realidade pode variar dependendo o local onde o aluno mora, pois este local pode ser um bairro violento da periferia de uma grande cidade, ou um assentamento há muitos quilômetros da área urbana, no interior do país, muito distante da capital.
O professor crítico estabelece um diálogo entre o conhecimento científico acadêmico e o conhecimento trazido pelo aluno à sala de aula. Nessa perspectiva, uma das funções do educador é fazer o aluno refletir sobre sua realidade, permitindo que sua curiosidade seja parte integrante do processo educativo. Por isso, a memorização de conceitos fragmentados, não permite que o educando reflita acerca de sua realidade. Comprometendo deste modo a aprendizagem da geografia de maneira crítica. A respeito deste assunto Paulo Freire 1999, p.63 afirma: 
Educador que, ensinando geografia, “castra” a curiosidade do educando em nome da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos tolhe a liberdade do educando, a sua capacidade de aventurar-se. Tal qual quem assume a ideologiafatalista embutida no discurso neoliberal. 
Dessa maneira, o ensino de Geografia no ensino fundamental, tanto no campo, quanto na cidade precisa ir além da troca de materiais e manuais didático-pedagógicos. É preciso obter informações que permitam compreender os alunos nos aspectos relativos à educação na cidade e no campo e, principalmente, sobre o seu desenvolvimento cognitivo, psicológico, percepção do espaço e padrão de linguagem.
2.1 O que é agricultura familiar?
Segundo GONÇALVES e SOUZA (2005), na legislação brasileira, a definição de propriedade familiar consta no inciso II do artigo 4º do Estatuto da Terra, estabelecido pela Lei nº 4.504 de 30 de novembro de 1964, com a seguinte redação: “propriedade familiar: o imóvel que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros” e na definição da área máxima, a lei nº 8629, de 25 de fevereiro de 1993, estabelece como pequena os imóveis rurais com até 4 módulos fiscais e, como média propriedade, aqueles entre 4 e 15 módulos fiscais.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) define a agricultura familiar a partir de três características levando em consideração que a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados devem ser feitas por indivíduos que mantenham entre si laços de sangue ou casamento onde a maior parte do trabalho é igual fornecida por estes membros e a propriedade dos meios de produção pertença à família e é em seu interior que se realize sua transmissão em caso de falecimento ou de aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva enquanto que para o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) os agricultores beneficiados em seu programa devem ser proprietários, assentados, posseiros, arrendatários ou parceiros de área com ate quatro módulos fiscais, onde estes utilizem predominantemente trabalho familiar, podendo ate dois empregados permanentes onde no mínimo, 80 % da renda familiar sejam provenientes de exploração. 
Porém, a agricultura brasileira tem sido costumeiramente subdividida dicotomicamente de acordo com características socioeconômicas e tecnológicas. Ao longo do tempo tem-se distinguido a agricultura de subsistência, ou a pequena agricultura, ou agricultura de baixa renda da agricultura comercial ou empresarial. Mais recentemente a dicotomia passou a caracterizar-se em termos de agricultura familiar e patronal. Para ABRAMOVAY (2000) a agricultura familiar não emprega trabalhadores permanentes, podendo, porém, contar com até cinco empregados temporários. Agricultura patronal pode contar com empregados permanentes e ou temporários.
CARMO (1999), abordando o perfil da agricultura brasileira, se refere à agricultura familiar como forma de organização produtiva em que os critérios adotados para orientar as decisões relativas à exploração agrícola não se subordinam unicamente pelo ângulo da produção / rentabilidade econômica, mas levam em consideração também as necessidades e objetivos da família. Contrariando o modelo patronal, no qual há completa separação entre gestão e trabalho, no modelo familiar estes fatores estão intimamente relacionados. GUANZIROLI e CARDIM (2000) definem como agricultores familiares àqueles que atendem às seguintes condições: a direção dos trabalhos no estabelecimento é exercida pelo produtor e família; a mão de obra familiar é superior ao trabalho contratado, à área da propriedade está dentro de um limite estabelecido para cada região do país. Assim, a maioria das definições de agricultura familiar adotadas em trabalhos recentes sobre o tema, baseia-se na mão de obra utilizada, no tamanho da propriedade, na direção dos trabalhos e na renda gerada pela atividade agrícola. Em todas há um ponto em comum: ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, a família assume o trabalho no estabelecimento.
De acordo com Duarte, 2004, surge ai também a necessidade do estabelecimento de um novo padrão produtivo que não agrida o meio ambiente e que mantenha as características dos agros ecossistemas por longos períodos levou às várias definições de agricultura sustentável que, mesmo cercadas de imprecisões, exprimem uma idéia em potencial e um processo de transição, cuja duração é ainda incerta. Todas as concepções incorporam a manutenção em longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola; o mínimo de impactos adversos ao ambiente; retornos adequados aos produtores, otimização da produção com um mínimo de insumos externos, satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda e acima de tudo o atendimento às necessidades das famílias e das comunidades rurais.
Atualmente, ouvimos falar mais das discussões sobre a agricultura familiar nos campos televisivos, políticos e acadêmicos (textos literais/discussões) no Brasil. Os discursos passaram a ser mais frequentes nos movimentos sociais rurais pelos órgãos governamentais e por instituições acadêmicas, em especial por estudiosos das ciências sociais que conhecem a realidade da agricultura e do mundo rural. A agricultura familiar é orientada por uma lógica familiar que, alimentada por um patrimônio sociocultural, define a especificidade da relação entre o trabalho, à família e a propriedade. De acordo com LAMARCHE, (1997, p. 15):
“O estabelecimento familiar, tal como a percebemos, corresponde a uma unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalhos estão intimamente ligados à família”. “A interdependência destes três fatores no funcionamento do estabelecimento engendra necessariamente noções mais abstratas e complexas, tais como a transmissão do patrimônio e a reprodução do trabalho” (Lamarche, 1997, p.15).
Segundo Abramovay, a agricultura familiar pode ser definida como sendo “aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento”. Complementa afirmando que esta definição embora não seja unânime e muitas vezes tampouco operacional é perfeitamente compreensível, já que os diferentes setores sociais e suas representações constroem categorias científicas que servirão a certas finalidades práticas como a definição de agricultura familiar, para fins de atribuição de crédito, pode não ser exatamente a mesma daquela estabelecida com finalidades de quantificação estatística num estudo acadêmico. O importante é que estes três atributos básicos (gestão, propriedade e trabalho familiares) estão presentes em todas elas.
 Seis características básicas que definem a agricultura familiar: a gestão é feita pelos proprietários; os responsáveis pelo empreendimento estão ligados entre si por laços de parentesco; o trabalho é fundamentalmente familiar; o capital pertence à família; o patrimônio e os ativos são objeto de transferência intergeracional no interior da família; os membros da família vivem na unidade produtiva GASSON e ERRINGTON (1993).
Na caracterização da agricultura familiar deve-se constatar que a mesma reproduziu-se, historicamente, pelo emprego de sistemas produtivos tradicionais cujas produtividades por cultura sempre foram baixas. Esse sistema viu-se ameaçado pela tendência à diminuição da área média das propriedades resultante da fragmentação destas últimas devido aos processos sucessórios ocorridos a cada geração.
Estas características nem sempre representam realmente a definição da agricultura familiar, pois nem todos os responsáveis pelo estabelecimento estão ligados por laços de famílias, ou estão envolvidos com o trabalho agrícola e os membros da família não necessariamente vivem nas unidades produtivas.
A família não é um bloco homogêneo, ela é um núcleo de concentrações de diferenças de idade, sexo, de habilidades e de aspirações e em geral classificam-na como uma unidade homogênea sob o ponto de vista econômico, social ou cultural.
As mudançasna base técnica da agricultura no período posterior às décadas de 1960 e 1970 desencadearam importantes alterações nas relações entre o campo e a cidade. Com a intensificação desse processo, evidenciamos o surgimento de um novo espaço não tipicamente urbano e rural. Dentre as principais características presentes neste espaço, destacar-se-iam: a plurifuncionalidade do uso do solo, a coexistência de atividades urbanas e rurais, a superação da monofuncionalidade do uso do solo com atividades exclusivamente agropecuárias e o crescimento da pluriatividade entre as famílias, SCHENEIDER (1999).
O mesmo autor reforça afirmando que, a complementaridade entre o trabalho agrícola e não agrícolas exercidos por membros da família que residam na propriedade estão “relacionada a pouca disponibilidade de terra e às dificuldades de modernização tecnológica, o que restringe sua capacidade concorrencial e reduz a sua renda a níveis que obrigam essas pequenas unidades a buscar uma alternativa complementar”.
Graziano da Silva observa que o espaço rural ganhou outras funções e características, nas quais um novo ator social se configura, as famílias pluriativas, que tem como principal característica à diversificação e a combinação de atividades agrícolas e não agrícolas realizadas dentro ou fora do estabelecimento familiar. Já para Kageyama, a pluriatividade, é a combinação de atividades agrícolas com atividades em outros setores da economia. 
Baseados neste processo podem destacar como estratégias familiares a busca de rendas não agrícolas como o emprego urbano ou rural e a pluriatividade. Entretanto ao adotar esta estratégia a estrutura produtiva familiar é afetada, visto que grande parte das pessoas que adotam esta atividade como formas complementares de renda em geral são os filhos dos produtores rurais que em geral abandonam a propriedade rural para trabalhar nos centros urbanos.
2.1.1 Caracterização
BUAINAIM e ROMEIRO (2000), afirmam que a agricultura familiar desenvolve, em geral, sistemas complexos de produção, combinando várias culturas, criações animais e transformações primárias, tanto para o consumo da família como para o mercado. Baseados em amplo estudo sobre sistemas de produção familiares no Brasil, afirmam que os produtores familiares apresentam frequentemente as seguintes características:
· “Diversificação”: Quanto maior a diversificação dos sistemas, menores os riscos a que os produtores se expõem, sendo que os autores verificaram essa diversificação na maior parte dos estabelecimentos familiares estudados.
· “A Estratégia de Investimento Progressivo”: A maior parte das estratégias de “acumulação” e de aumento de produtividade dos agricultores familiares está baseada em pequenos volumes de capital, que podem ser acumulados de forma progressiva (cabeças de gado acumulados ao longo dos anos, equipamentos de irrigação adquiridos progressivamente, máquinas e implementos usados, etc). 
· “A Combinação de Subsistemas Intensivos e Extensivos”: Os produtores familiares adotam em geral sistemas que conjugam atividades intensivas em trabalho e terra, com atividades mais extensivas. Quanto maior a disponibilidade de área, maior a participação de sistemas extensivos (cana, pecuária de corte, citricultura). Nestes casos, a prioridade do produtor é introduzir sistemas que garantam uma boa produtividade do trabalho, mesmo que com baixa rentabilidade por unidade de área. Ao contrário, quanto menor a disponibilidade de área, maior a importância relativa dos cultivos altamente exigentes em mão de obra e altamente intensivos no uso do solo (horticultura irrigada e fruticultura). Nessa situação, a estratégia é gerar a maior renda possível por ha, mesmo que a produtividade do trabalho das produções não seja das mais elevadas.
· “Uma Grande Capacidade de Adaptação” Os agricultores familiares têm grande capacidade de adaptação à ambientes em rápida transformação, seja devido à crise de produtos tradicionais, emergência de novos mercados e ou mudanças mais gerais da situação econômica do país. Outra característica cada vez mais presente na agricultura familiar brasileira é a ”pluriatividade”. 
SCHNEIDER (2003) cita a seguinte definição do termo, feita por FULLER (1990): “A pluriatividade permite reconceituar a propriedade como uma unidade de produção e reprodução, não exclusivamente baseada em atividades agrícolas. As propriedades pluriativas são unidades que alocam o trabalho em diferentes atividades, além da agricultura familiar. [....] . A pluriatividade, portanto, refere-se a uma unidade produtiva multidimensional, onde se pratica a agricultura e outras atividades, tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos diferentes tipos de remuneração e receitas ( rendimentos, rendas em espécies e transferências)”. O autor afirma que na agricultura familiar, a combinação entre a mão de obra familiar agrícola e não agrícola está relacionada à manutenção do estabelecimento agrícola assegurando sua reprodução socioeconômica. O trabalho agrícola e não agrícola exercidos de forma complementar pelos membros da família que residem na propriedade, frequentemente se deve a pouca disponibilidade de terra e às dificuldades de modernização tecnológica, o que compromete sua renda, obrigando essas pequenas unidades a buscar uma alternativa complementar de renda. 
Mas não se trata somente da reprodução da família, pois segundo WANDERLEY (1995), o trabalho externo se torna, na maioria dos casos, uma necessidade estrutural, isto é, a renda obtida nesse tipo de trabalho vem a ser indispensável para a reprodução não só da família como do próprio estabelecimento familiar. Assim, o trabalho extra-agrícola, realizado por membros residentes no estabelecimento agrícola familiar, tem duas funções sociais: a primeira função é de complementar a renda da família e a segunda diz respeito à permanência dessas famílias no meio rural, ou seja, garantir a propriedade do bem rural.
Segundo SCHNEIDER (1999), além das estratégias de ocupar a mão de obra familiar em atividades agrícolas e não agrícolas, os agricultores familiares frequentemente conciliam a mão de obra familiar com a contratada (temporária ou permanente) nas atividades produtivas dentro das propriedades, quando há carência de mão de obra familiar, sendo que isso geralmente ocorre em casos como quando os filhos não estão em idade de participar das atividades agrícolas, a mão de obra familiar já perdeu seu potencial produtivo (predominância de idosos) e quando a propriedade pratica atividade produtiva altamente intensiva em mão de obra. 
O mesmo autor afirma que a composição das estratégias da Agricultura Familiar depende de aspectos importantes que compõem o meio no qual os agricultores familiares estão inseridos. Assim, ao se definir a agricultura familiar contemporânea, devem-se levar em conta todas as formas que essa categoria social apresenta, seja ela baseada no trabalho familiar não agrícola (pluriatividade) ou com a participação do trabalho assalariado, mas que a essência da mão de obra familiar (agrícola ou não agrícola) seja preservada. 
VEIGA et al. (2001) ressaltam a importância da presença da agricultura familiar no meio rural brasileiro, visto que uma região rural terá um futuro tanto mais dinâmico quanto maior for a capacidade de diversificação da economia local impulsionada pelas características de sua agricultura. 
Ainda segundo os autores, as economias rurais mais dinâmicas são as que simultaneamente conseguem atrair consumidores de seus atributos territoriais e vender suas produções em mercados diferenciados. Já as economias especializadas em commodities agrícolas, podem até dar a impressão de grande dinamismo em sua fase inicial, quando sugam a renda diferencial propiciada pela exploração da fertilidade natural; só que depois dessa acumulação primitiva tudo passa a depender do grau de diversificação dos negócios criados no entorno dessa fonte primária. 
VEIGA et al. (2001), informam que nos sete censos agropecuários realizados no Brasil desde 1950, a participaçãodos agricultores que têm menos de 100 hectares nunca se distanciou de 90% do total de estabelecimentos, e sempre lhes coube 20% da área, o que indica uma permanência extremamente duradoura desses produtores de pequeno porte por toda a segunda metade do século. Essa permanência no cenário agrícola, apesar dos constantes desafios, mostra que esse segmento está em constante mudança, compondo estratégias de sobrevivência e reprodução, as quais dependem do meio no qual os agricultores familiares estão inseridos. 
2.2 Histórico da agricultura familiar no Brasil
Os primeiros indícios da agricultura familiar no Brasil data-se do Período Colonial, no século XVI no Nordeste brasileiro. Nessa fase que se iniciam os primeiros núcleos de ocupação do território. 
A colonização brasileira finalizou-se na segunda metade do século XIX, quando as políticas migratórias e a abolição da escravatura começam a fazer parte do cenário político, aliado a isso, o clima de instabilidade sócio-econômico que caracteriza essa fase da história política nacional faz desencadear outros modelos. 
 É importante salientar que a agricultura camponesa surge coberta de grande precariedade, tanto no plano econômico, político, judiciário e social, contribuindo para o seu controle dos meios de trabalho e de produção, ao referir-se à problemática no Brasil. 
Segundo LAMACHE, (1993 p. 180): 
Pode-se afirmar desde então, de maneira geral, que a agricultura camponesa nasceu no Brasil sob o signo da precariedade jurídica, econômica e social do controle dos meios de produção e especialmente, da terra; caráter extremamente rudimentar dos sistemas de cultura e das técnicas de produção; pobreza da população engajada nestas atividades, como demonstra a grande mobilidade espacial e a dependência ante a grande propriedade. 
 A agricultura familiar no Brasil apresenta caráter regional desde a sua formação no Nordeste. Caráter expresso pela extrema pobreza dos grupos que viviam ao lado da grande propriedade monocultora completamente isolada. Construíam suas casas às margens dos rios e cultivavam os produtos alimentícios, ou de subsistência, em épocas de crise da grande propriedade, estes “sitiantes”, em alguns casos, cultivavam as terras do grande proprietário e eram “protegidos” por seus senhores, tal situação era modificada quando o crescimento da atividade canavieira atingia bons resultados. 
Os pequenos agricultores tinham suas terras tomadas e cada vez mais instalavam-se ás margens, do sistema produtor, não participando do mercado, quanto em termos de ocupação, servindo-se das piores terras. 
A agricultura familiar ocupa-se em produzir os alimentos que a grande propriedade de cultura voltada para exportação não interessa, como observa-se na afirmação de STEDILE (1994: 119): A produção de alimentos, ocupa áreas residenciais não ocupadas pela agricultura de exportação (seja no interior no interior da grande propriedade ou na sua periferia) ou áreas ainda não ambicionadas por interesses mais poderosos (fronteira agrícola)” . 
Apesar das restrições ao funcionamento da agricultura familiar no Brasil, dentre as quais se pode destacar o próprio acesso à terra, ou ainda, a fragilidade no acesso a recursos financeiros, além do modelo de modernização conservadora a que foi submetida (WANDERLEY, 1999), esta vem sendo considerada um setor de grande importância social e econômica para o país. 
Desde os anos 1990, tem-se observado um crescente interesse por esse tipo de produção. Tal interesse se materializou em políticas públicas, como a criação do MDA e do PRONAF, além do revigoramento da Reforma Agrária. A formulação das políticas favoráveis à agricultura familiar e à Reforma Agrária obedeceu, em boa medida, às reivindicações das organizações de trabalhadores rurais e à pressão dos movimentos sociais organizados. 
 A agricultura familiar é hoje, de grande importância para essa revalorização do meio rural, uma vez que tem demonstrado ser possível unir a eficiência econômica com a “eficiência social” (GUANZIROLI, [ET AL], 2001), contribuindo para construção de melhores condições de vida, pois incorpora em sua gênese, atributos, cuja natureza envolve a adesão a valores éticos e morais. Ela também está associada à dimensão espacial do desenvolvimento, por permitir uma distribuição populacional mais equilibrada no território, em relação à agricultura patronal, normalmente vinculada à monocultura, que gera grandes espaços vazios populacionais.
2.3 Ensino da Geografia na perspectiva da agricultura familiar
Parece, pois, ser inquestionável a importância da agricultura familiar no processo de desenvolvimento rural. Seu potencial na atualidade vai além da produção de alimentos. Discute-se hoje o seu papel na oportunização de ocupação e renda nos espaços rurais, assim como a responsabilidade pela utilização sustentável dos recursos naturais. Dentro dessa perspectiva, devem ser ressaltados os recentes fenômenos que vêm acontecendo no meio rural brasileiro. “Novos espaços surgiram, permitindo que houvesse inúmeras manifestações sobre o papel da agricultura familiar e do próprio desenvolvimento rural” 
 Ainda nessa perspectiva, “[...] fortalecer a agricultura familiar como expressão social, econômica e política, significa rediscutir o modelo de desenvolvimento do mundo rural, com todos os seus impactos sobre a área urbana” (FLORES, 2002, p.347).
 Cabe ressaltar que o mesmo processo que gerou a exclusão e o abandono do campo por famílias de agricultores, também foi responsável pelo surgimento de outra dinâmica no campo que vem apontando caminhos que podem ser considerados como a solução para uma permanência digna de homens e mulheres nesses espaços. 
 Nesse sentido, Schneider (2005) afirma que desde a primeira metade dos anos 90, está surgindo uma legitimação e proeminência da agricultura familiar, que busca nos espaços políticos firmar-se como categoria social estratégica no processo de desenvolvimento rural sustentável.
O surgimento de políticas públicas e o fortalecimento de estratégias antigas, a partir da pressão exercida pelos movimentos sociais, tem possibilitado a conquista de novos espaços. Este autor cita como exemplo o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, oficializado em 1996 e o fortalecimento das ações de reforma agrária, acontecimentos que marcaram a conquista de espaços para a agricultura familiar (FLORES, 2002, p.22). 
O mesmo autor reforça que “[...] progressos foram feitos na política de crédito rural e de investimentos em infra-estrutura de apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar, apesar de não terem sido suficientes para determinar um novo modelo de desenvolvimento rural não excludente” .
O ensino de Geografia pode contribuir enormemente para resgatar a análise e a reflexão do rural com o lugar onde se desenrolam as atividades socioeconômicas e as manifestações culturais de seus habitantes. Dessa forma, ocorre uma grande necessidade de direcionar o conteúdo de ensino valorizando o meio rural, visto que este tem larga tradição de presença na educação e, na relação com o urbano, constitui-se como um elemento necessário para a compreensão das transformações sociais. A educação não pode ser desconectada à realidade, mas interligada aos processos de produção e reprodução material e simbólica da classe camponesa.
Nesta perspectiva, e enquanto professor compromissado com um ensino crítico é necessário sempre discutir como, e o que ensinar aos alunos. Levá-los a aprender, a observar, descrever, comparar, estabelecer relações, representar espaços vividos são estratégias importantes de (re) valorização do espaço.
González (2006) propõe um questionamento, que pode ser fundamental para a pesquisa proposta nesse contexto; 
Que práticas formativas desenvolver no contexto das instituições escolares, capazes de enfrentar, tencionar e superar as práticas atualmente dominantes de internalização fomentadas na educação para o mundo do trabalho e da cidadania? (GONZÁLEZ, 2006, p. 136).
Nesse sentido, destacamosa importância de se desvendar como o ensino de geografia está estruturado nas escolas da zona rural, e, como ele trata das peculiaridades dos alunos que vivem na zona rural, suas tradições e cultura, seu lugar de vivência. É fundamental investigar os elementos que, associados ao ensino de geografia, valorizem as matrizes formadoras dos sujeitos na perspectiva de uma educação emancipatória, articulando o cotidiano pedagógico com a intervenção social na realidade posta.
Pesquisar sobre a educação e sobre o ensino de geografia, particularmente, é extremamente relevante no âmbito da contribuição epistemológica da ciência geográfica. Entendendo que a geografia escolar contribui junto às outras matérias de ensino, com a formação de indivíduos conscientes da sua realidade e capazes de exercer plenamente sua cidadania.
2.4 A modernização da agricultura brasileira e seus impactos
 Para Santos, O crescimento da produção agrícola no Brasil se dava, basicamente, até a década de 50, por conta da expansão da área cultivada. A partir da década de 60, o uso de máquinas, adubos e defensivos químicos, passaram a ter, também, importância no aumento da produção agrícola. De acordo com os parâmetros da “Revolução Verde”, incorporou-se um pacote tecnológico à agricultura, tendo a mudança da base técnica resultante passada a ser conhecida como modernização da agricultura brasileira. (SANTOS 1986),
O processo de modernização intensificou-se a partir dos anos 70, quando houve, de acordo com dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, um aumento demais de 1.000% no número de tratores utilizados, em relação à década de 50, chegando este incremento a 6.512% na década de 80, e um aumento de 254% e 165%, respectivamente, n ouso de arados a tração animal e nas colheitadeiras, nos anos 80, também em relação à década de 50. A utilização de adubos químicos também se intensificou no Brasil, na década de 70,atingindo um incremento de 1.380%, entre 1965 e 1980, o mesmo ocorrendo com o uso de defensivos, que aumentou 377% neste mesmo período, com destaque para a utilização de herbicidas, que cresceu mais de 8.000%, segundo informações colhidas no Sindicato das Indústrias de Adubos e Corretivos de Estado de São Paulo.
Além da mudança na base técnica no campo surge, nos anos 70, como produto da modernização agrícola, os complexos agroindustriais representando a integração técnica entre a indústria que produz para a agricultura, a agricultura e a agroindústria.
Segundo Aguiar, Entender, portanto, a modernização da agricultura brasileira como uma simples mudança da base técnica é simplificar, em muito, o seu significado. É importante levar em consideração que a agricultura brasileira sempre se apresentou, ao longo da sua história, subordinada à lógica do capital, sendo um setor de transferência de riquezas. Assim sendo, dentro do seu processo de modernização deve-se dar significado maior à sua transnacionalização e à sua inserção na divisão internacional do trabalho ou, ainda, à penetração do modo de produção capitalista no campo brasileiro. (AGUIAR, 1986).
De acordo com Martine, o processo de modernização da agricultura brasileira está intimamente ligado à fase conclusiva do processo de substituição de importações – a internalização de indústrias produtoras de bens de capital e de insumos modernos- ou seja, a entrada no país de multinacionais produtoras de tratores, fertilizantes, herbicidas etc. O maior incremento no seu uso coincide justamente com a entrada dessas empresas no país. A partir de então, o desenvolvimento da agricultura não pode mais ser visto como autônomo. A dinâmica industrial passou a comandar, definitivamente, o desenvolvimento da agricultura, convertendo-a num ramo industrial, que compra insumos e vende matérias-primas para outros ramos industriais (MARTINE, 1990).
É por ter sido um processo integrado ao movimento mais amplo do capital, que se deu à modernização da agricultura, um caráter imediatista, voltado para o aumento da produtividade no curto-prazo, buscando-se minimizar os riscos e maximizar o controle do homem sobre a natureza aumentando, cada vez mais, a capacidade de reproduzir, artificialmente, as condições da natureza. Além disso, o processo de modernização foi orientado para a modernização do latifúndio, para os grandes proprietários, potenciais compradores dos produtos industriais, cuja produção se instalara no Brasil tendo, como base, os complexos agroindustriais, que tinham como função maior o direcionamento da produção para o mercado externo.
Diante do exposto e tendo em vista as leis excludentes do capitalismo, não se pode pensar em um processo homogêneo de modernização da agricultura. O capital, ao ser introduzido no campo, reproduziu suas diferenças, gerando um processo de modernização heterogêneo, excludente e parcial.
A modernização agrícola concentrou-se nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e na monocultura de produtos exportáveis, como soja e cana-de-açúcar, deixando à margem regiões mais pobres, Norte e Nordeste, onde predominam os pequenos produtores e a policultura alimentar. 
No bojo da desigualdade da modernização da agricultura brasileira encontra-se o Estado, utilizado como principal agente indutor desse processo que, através do Sistema Nacional de Crédito Rural - SNCR, dos subsídios e das políticas de maxidesvalorização cambial, atuou em benefício dos grandes proprietários e das multinacionais, assumindo seus custos e riscos de produção e repassando-os à sociedade.
Pode-se, então, afirmar que a eficiência econômica dos grandes produtores nada mais é que a expressão do seu poder em obter auxílio do Estado. É muito mais uma eficiência política do que econômica, deixando claro que a modernização só foi possível mediante a intervenção do Estado, sendo um processo totalmente induzido pelas políticas públicas concentradoras (Martine, 1990). Ao se utilizar o Estado para promover a modernização agrícola desigual, não se usaram em contrapartida, mecanismos que atenuassem os impactos negativos da política gerando, assim, o que Cordeiro (1996) denomina de um modelo agrícola bimodal, isto é, convivência de sistemas produtivos intensivos e extensivos, modernos e tradicionais, de ricos e de pobres.
Para que novas terras, em antigas ou novas regiões produtivas, passassem a ser usadas com utilização de novas tecnologias, foi necessário o desmatamento de áreas de cobertura natural, levando à devastação de florestas e de campos nativos, ao empobrecimento da biodiversidade da perda de recursos genéticos amplamente encontrados nas florestas.
A adoção dos “pacotes” da Revolução Verde – elaborados para uso em áreas de clima temperado, com solos homogêneos – causou erosão, antropização, salinização, compactação e perda de produtividade de muitos solos brasileiros.
O uso excessivo de agrotóxicos levou à contaminação dos recursos hídricos do país e, principalmente, à contaminação do homem, que aplica os agrotóxicos e que ingere os alimentos contaminados. O uso intensivo e inadequado de agrotóxicos ainda trouxe um processo de resistência de pragas, ervas infestantes e doenças (até 1958, eram conhecidas 193 pragas no Brasil; em 1976, o número total de pragas conhecidas na agricultura era 593). Apesar de serem grandes as distorções ambientais advindas da modernização da agricultura, inadequada aos padrões brasileiros, o caráter mais doloroso dessa modernização diz respeito aos impactos sociais no campo brasileiro.
O caráter seletivo dos benefícios governamentais concedidos tornou a terra um ativo econômico de grande rentabilidade, visto que esta era a condição primordial de acesso ao crédito - quanto mais terra maior facilidade de crédito e maiores ganhos especulativos, maiores, também, a concentração e a centralização de capitais no campo.
No período de 1970 a 1980, foi reduzida a participação dos estabelecimentos com até 10 há no total da área do país, de 52,2% para 50,4%, enquanto foi aumentada a dos estabelecimentos com mais de 1.000 ha, de 0,7 para 0.9%. Alémda redução de quantidade, ocorreu redução de área dos pequenos estabelecimentos em relação aos grandes. Terras antes ocupadas por pequenos produtores familiares foram incorporadas por grandes proprietários. Esses pequenos produtores e suas famílias perderam o lugar que tinham para morar e para trabalhar, perderam suas lavouras de autoconsumo e, principalmente, foram deslocados do seu principal meio de produção – a terra (Martine, 1990).
Com a mecanização promoveu-se uma verdadeira expulsão do homem do campo. No período de auge do processo, entre 1970 e 1980, foram 30 milhões de pequenos produtores expulsos de suas terras. Sem terra e sem emprego suficiente para todo o contingente que perdia suas terras, vender a força de trabalho nas áreas metropolitanas era a única saída, aumentando consideravelmente o êxodo rural.
Com a modernização agrícola segui-se a modernização das relações de trabalho e o assalariamento parcial e precário, ou seja, o aumento da sazonalidade do trabalho. Segundo Silva (1996:4) “o trabalhador passa de papel ativo e integral do artesão para o de um trabalhador parcial na manufatura, até atingir a passividade do operário, que apenas vigia a máquina”.
Essas transformações não foram nada mais do que resposta às necessidades do capitalismo, uma vez que o trabalhador parcial permite ao capital maior valorização, pela intensidade do trabalho e pelo prolongamento da jornada de trabalho.
“O trabalhador volante tem o máximo interesse pessoal em executar as tarefas, o mais rápido possível, para receber o valor correspondente, o que permite ao empresário uma elevação da intensidade do trabalho acima do normal. Além do mais, é conveniente e necessário que o trabalhador prolongue a jornada de trabalho, a fim de aumentar o salário, mesmo que, para isto, multiplique seus próprios braços com os da mulher e filhos menores” (Gonzáles e Bastos, 1975:04, apud Aguiar, 1986:111).
Outro impacto negativo da modernização da agricultura é no que diz respeito à produção de alimentos. À medida que o agricultor capitalista toma espaço no campo, incorporando mais e mais terras nas monoculturas de exportação, são reduzidas as áreas ocupadas com o cultivo de alimentos.
Já na década de 70, período áureo da modernização, as taxas de crescimento das principais culturas que compõem a cesta básica dos brasileiros foram inferiores à do crescimento populacional. O arroz cresceu 1,5%, o milho 1,7%, a mandioca 2,1% e o feijão tiveram crescimento negativo de –1,9%, enquanto a população cresceu 2,5%; já as lavouras de exportação apresentaram significativas taxas de crescimento: soja 22,5%; laranja 12,6%;cana-de-açúcar 6,3%. Em decorrência, verificou-se aumento do preço dos alimentos nas cidades, redução do consumo alimentar, agravamento dos índices de subnutrição crônica e de doenças causadas pela fome. “Gasta-se mais para comer menos e pior” (Aguiar, 1986).
Diante do exposto até aqui, pode-se afirmar que o modelo de modernização da agricultura implantado no Brasil, inadequado à realidade brasileira, sem se considerar as condições ambientais e sociais, alcançou bom desempenho econômico quando são consideradas as perspectivas de lucro; no entanto, modificou e deixaram marcas nas relações socioeconômicas do campo brasileiro, marcas essas que serão apresentadas na análise da situação do meio rural brasileiro na década de 90, no item seguinte.
2.4.1 Legado da modernização agrícola: a situação nos anos 90
O setor agrícola brasileiro foi marcado, nos anos 90, a exemplo de toda a economia, pelo processo de globalização, tido aqui como mais uma saída do capital frente às diversas crises enfrentadas ao longo da sua história, que consolidou a transnacionalização da agricultura e sua inserção definitiva da divisão internacional do trabalho. Nesse sentido, se nos anos 60 e70, durante a fase áurea da modernização, ocorreu à formação dos complexos agroindustriais, em tempos de economia globalizada tem-se o fortalecimento e a internacionalização dos complexos, especialmente os de carne e grãos.
Com a internacionalização dos complexos agroindustriais, ocorre a padronização dos seus sistemas produtivos, no sentido de que são múltiplas as fontes de matéria-prima, a origem e o destino dos produtos, mas único o padrão produtivo por todo mundo. É assim que, por exemplo, o Brasil e a China produzem trigo ou soja, da mesma maneira que são produzidos esses produtos em todas as outras partes do mundo.
“Assim, por exemplo, da mesma maneira que se fala no carro mundial, fala-se no frango mundial, no novilho mundial. Se pegarmos, por exemplo, um suíno que é engordado na Holanda, na ração dele tem soja brasileira e trigo canadense, a gaiola é de aço indiano e os medicamentos alemães ou são feitos em outro lugar qualquer” (Silva, 1999:01).
Somado à padronização dos padrões de produção, o padrão de consumo internacional também se vem generalizando, principalmente as comidas rápidas e fora do domicílio, o que tem levado à queda de importância de uma série de produtos antes tradicionais na mesa dos brasileiros.
No atual contexto surgem novos agentes ligados à produção e ao consumo, o “consumidor-saúde” e o “produtor-verde”. O primeiro, aquele que rejeita as tecnologias oriundas na Revolução Verde, como o uso de agrotóxicos e de fertilizantes, optando por uma dieta mais natural e disposta a pagar mais por isso; o segundo, atendendo às exigências do primeiro, produz produtos ecológicos e começa a trabalhar com modelos alternativos de agricultura, fora dos padrões estabelecidos na Revolução Verde.
Outro fato novo é a redistribuição dos excedentes produtivos dos países desenvolvidos, resultando no aumento dos excedentes comercializados no mercado internacional. O interessante a se destacar nesse fato é que tal distribuição se torna uma questão de relações comerciais entre as empresas transnacionais e suas matrizes, sem nenhuma ligação com os custos de produção do produto agrícola. É, na realidade, o comércio de produtos entre os departamentos de uma mesma empresa, o que explica o fato do Brasil, país tropical, exportar coco da Suíça, ou seja, a matriz da empresa Nestlé vende coco à sua filial brasileira, exercendo uma concorrência desleal, que leva à desestruturação produtiva do país.
Aparecem, ainda, indícios de uma nova divisão internacional do trabalho, com a reestruturação de plataformas exportadoras de produtos agrícolas nos países periféricos.
Essa nova divisão internacional do trabalho ainda não está clara, mas aponta para que a produção de grãos e alimentos duráveis seja repassada à periferia, ficando os países centrais com o acabamento dos produtos, que agrega mais valor. Silva (1999).
De acordo com o mesmo autor, na atual situação, destaca-se ainda o que vem sendo chamado de “novo rural brasileiro”. O mundo rural brasileiro não é mais caracterizado apenas como o local das atividades agrícolas, ao contrário, a agricultura vem perdendo participação relativa no valor final dos produtos, no PIB setorial e, o que é mais alarmante, na População Economicamente Ativa – PEA – do país. Esta situação pode ser demonstrada através da evolução do PEA agrícola e não agrícola. OPEA rural vem crescendo mais que o PEA agrícola: em 1990, o PEA agrícola apresenta uma taxa de crescimento de 0,7%, tomando como base o ano de 1981, enquanto o PEA rural cresce três vezes mais, 2,1%.
A menor taxa de crescimento do PEA agrícola em relação ao rural deve-se às novas atividades que vêm sendo desenvolvidas no meio rural, como resultado da entrada do capitalismo no campo, a saber: moradia, sítios de recreio, turismo, lazer, atividades relacionadas à preservação ambiental, atividades intensivas: olericultura, floricultura, piscicultura, atividades provenientes dos complexos agroindustriais: serviços de distribuição técnicos, administrativos, públicos – a urbanização do espaço rural brasileiro. Ocorre, assim, uma tendência ao encurtamento das atividades “porteira para dentro” e o alargamento do conjunto de atividades “porteira para fora”.
Acompanhando as tendências da economiamundial, aflexibilização das relações de trabalho, característica da chamada sociedade pós-industrial, atinge o mundo rural, refletida com o aumento do número de trabalhadores subocupados, aqueles que trabalham menos de 15horas por semana, geralmente trabalhadores sem qualificação. Segundo os números apresentados por este autor eram, em 1990, quatro milhões de pessoas ocupadas em atividades não agrícolas, que trabalhavam menos de 15 horas por semana e, se somadas às pessoas ocupadas com o auto-consumo atinge-se 23,9 milhões.
 Do total de pessoas ocupadas no meio rural brasileiro, 30% (sete milhões de pessoas) estavam sub-ocupadas ou dedicadas à própria subsistência. Esses subempregados são aqueles trabalhadores que vêm perdendo seus postos na agricultura com a mecanização e, agora, estão sendo afastados das terras, que passam a ser ocupadas por novas atividades. Ficam cada vez mais sem perspectivas; dês qualificados, não são mais absorvidos pelo mercado de trabalho das grandes cidades.
Com a modernização da agricultura, os ricos ficaram mais ricos, mas os pobres não ficaram mais pobres. Porém, em tempos de globalização, com os interesses voltados apenas para aquilo que é atrativo, no sentido de favorecer o lucro, os ricos continuam ficando mais ricos e os pobres, por sua vez, estão ficando mais pobres.
Tomando-se o indicador de insuficiência de renda, que é a porcentagem da renda total necessária para se atingir a linha de pobreza, definida por Silva (1996) como um salário-mínimo de 1980, tem-se o seguinte exemplo:
“Se tomarmos, por exemplo, o indicador de insuficiência de renda, podemos dizer que os pobres do campo necessitavam de um aumento de 45% na renda que recebiam em 1981 para deixarem de ser considerados pobres; em 1990, esse aumento tinha que ser de 78%” (Silva,1996:..). 
Segundo o referido autor, utilizando-se o critério da renda total, pode-se observar que os pobres do campo nos anos 90 são, na sua grande maioria, os trabalhadores temporários sem vínculo empregatício e pequenos produtores não modernizados, que vivem no meio rural e ocupam, principalmente, a região Nordeste do país. Do total de 11,5% dos pobres – com renda inferior a um salário-mínimo – 21,7% estão ocupados nas atividades agrícolas e apenas 9,3% em atividades não agrícolas. A proporção de famílias pobres é muito maior quando o local de residência é o meio rural: 24,7% das famílias muito pobres – com renda mensal de até meio salário-mínimo– também é maior nas famílias cujo chefe tem ocupação agrícola e residem na zona rural.
Introduzindo-se a questão regional, percebe-se que as diferenciações persistem: do total das famílias com ocupação agrícola no país, 44,3% estão localizadas na região Nordeste, 24,8%no Sudeste, 20,8% no Sul e apenas 8,8% no Centro-Oeste, região de agricultura moderna. O Nordeste também tem a maior parcela da população agrícola que vive na zona rural – 47,1%,com apenas 18,4% delas com domicílio nas zonas urbanas.
Assim, tudo leva a crer que no “novo rural brasileiro”, o homem do campo fica cada vez mais sem espaço, marginalizado, excluído do atual quadro que se desenrola nesse início desse século. Excluídas também continuam as regiões Norte e Nordeste, bem como as culturas alimentares típicas da mesa dos brasileiros.
Não é, então, toda agricultura que está globalizada, mas, ao contrário, só uma parte dela está integrada. E qual é essa parte? Justamente aquelas regiões mais ricas, que foram beneficiadas pelos incentivos oferecidos via Estado nas décadas de 60 e 70, que estão voltadas para as monoculturas de exportação, onde se encontram os complexos agroindustriais e as grandes propriedades. Se a modernização concretizou as diferenças estruturais do país, a globalização, ao se deparar com essas diferenças, tende a agravá-las.
3.0 ASSENTAMENTO MULATAS- CAXIAS-MA
3.1 Localização.
Fonte: Assis Araujo, Jan. 2014
O Assentamento mulatas está localizado ao Norte da cidade de Caxias, Estado do Maranhão, do qual faz fronteira com as seguintes localidades: a Norte faz fronteira com o Assentamento Jaqueira, ao Sul faz fronteira com Bairro Capão, já a Oeste faz fronteira com o Balneário Maria do Rosário, e a Leste com o Assentamento Usina Velha. 
3.2 Origem
A questão do surgimento do assentamento mulatas começou em 1979, quando a terra pertencia ao ex prefeito Aluisio Lobo que naquela época era tenente e tomava conta do assentamento.O governo do estado do Maranhão comprou as terras dois anos depois,onde começou uma a disputa por aquelas terras, essa disputa se deu porque o estado estava querendo impor regime autoritário dentro do assentamento. 
O conflito se estendeu durante vários anos, até que em 1996 os moradores conseguiram na justiça o direito de serem donos da terra e poder partilhar e empregar suas atividades cotidianas. Dentre os moradores dessas lutas, estavam os moradores mais antigos do assentamento José Francisco da Costa (Zé mole), Antonio Rodrigues dos santos, Raimundo Trindade. Em 5 julho de 1997 foi fundada a Associação Quilombola dos produtores agrícolas, tendo como primeiro presidente, Joaquim Nascimento de Oliveira.
Com a fundação da Associação os moradores, passaram a reivindicar os direitos de trabalhadores dos donos da terra. A associação foi composta por três presidentes, onde o atual presidente é Francisco Alves dos Santos (Chico do rádio).
A conquista foi de fundamental importância os moradores do assentamento, porque assim eles passaram a reivindicar os direitos como verdadeiros donos da terra, e passaram a usufruir das terras, onde fixaram residência sem correr risco de despejo, e puderam enfim, exercer sua moradia e trabalhar na terra, pondo em prática todas suas atividades de agricultura de forma legal.
3.3 Caracterização
O assentamento Mulatas está localizado numa área na qual a vegetação predominante é o Cerrado, onde dentre algumas características destacam-se presença marcante de árvores de galhos tortuosos e de pequeno porte, porém em boa parte do assentamento há a presença de algumas manchas de cocais, caracterizadas pela presença da palmeira do babaçu, como mostra a figura 1.
Figura 1.Palmeira do Babaçu no assentamento mulatas
É uma das plantas que mais representa as palmeiras brasileiras, dotada de beleza em seu porte altivo e na utilidade que oferta às comunidades. É possível encontrar muitos babaçuais no decorrer do sul da bacia amazônica, onde ocorre uma transição entre a vegetação da floresta úmida com a vegetação do cerrado, principalmente no Maranhão. Há presença marcante de babaçuais no assentamento mulatas.
No que diz respeito às estruturas das residências, observa-se que existem duas características distintas: casas de taipa e casas de alvenaria (tijolos), como mostram as figuras 2 e 3:
figura 3. Casa de taipa do assentamento mulatas, Caxias-ma
figura 2. Casa de alvenaria do asentamento mulatas, Caxias-ma
84
As residências do assentamento são em sua grande maioria feitas de alvenaria (tijolos), porém existem ainda casas de taipas, algumas feitas de argila (barro), nas quais umas são cobertas por palhas do babaçu e outras por telhas.
No assentamento são produzidos alguns alimentos, nos quais se destacam o cultivo de vegetais de pequeno porte nas hortas e nos canteiros dos moradores. E ainda existem as “roças” nos quais são cultivados alimentos como: arroz, feijão, mandioca, abóbora, maxixe, quiabo e etc. O plantio de abóbora é feito por boa parte dosmoradores do assentamento. A figura 4 mostra uma plantação desse tipo de alimento.
Figura 4. Plantação de Abóbora no assentamento mulatas, Caxias-ma
O assentamento conta com muitas pessoas que vieram da zona urbana e se instalaram nessa localidade. Existem aproximadamente cerca de 35familias residentes no assentamento, nas quais, na sua grande maioria existem algum grau de parentesco, o que ajuda no convívio dentre eles, de modo que facilitou para estes adquirissem uma identidade cultural e afetiva com essas terras e com os moradores que as residem.
3.4 Na concepção dos moradores do assentamentomulatas (questionário-entrevista)
Para obtenção dos dados foram entrevistados 59 (cinqüenta e nove) moradores do assentamento Mulatas. O assentamento tem aproximadamente 30 (trinta) anos de existência, e cerca de 40 residências, e para conhecermos os problemas e os anseios dos moradores fomos até o assentamento colher algumas informações poderiam servir como base para fazer a análise do cotidiano desses moradores.
De acordo com o questionário/entrevista, onde perguntamos como era a situação conjugal dos moradores, 47,4% dos moradores responderam que são casados, 40,6% responderam que são solteiros 6,7% disseram que são separados ou divorciados, e 5% afirmaram que são viúvos, como podemos observar na tabela 1.
Tabela 1. Estado civil dos moradores do assentamento Mulatas, Caxias-Ma
	RESPOSTAS
	FREQUÊNCIA
	%
	SOLTEIRO
	24
	40,06%
	CASADO
	28
	47,4%
	SEP./DIVORC.
	04
	6,7%
	VIÚVO
	03
	5,0%
	TOTAL
	59
	100%
Fonte: LIMA; ALMEIDA; SOUSA, Outubro 2012.
Segundo Nogueira e Fermentão, o estado civil é um conjunto de qualidades constitutivas da individualidade jurídica de uma pessoa, por constituir a soma das qualidades particulares ou fundamentais determinantes da sua capacidade, fazendo-a pertencer a certa categoria no Estado, na família ou como indivíduo. 
Na tabela 2, foi perguntado sobre a raça/cor dos moradores e percebeu-se que existe uma grande diversidade de etnias, onde 45,7% dos moradores responderam que são pardos 27,1% disseram que são negros 20,3% afirmaram que são brancos, e 6,7% afirmaram que são indígenas.
Tabela 2. Tipos de etnia dos moradores do assentamento Mulatas, Caxias-Ma
	RESPOSTAS
	FREQUÊNCIA
	%
	BRANCO
	12
	20,3%
	NEGRO
	16
	27,1%
	PARDO
	27
	45,7%
	INDIGENA
	04
	6,7%
	TOTAL
	59
	100%
Fonte: LIMA; ALMEIDA; SOUSA, Outubro 2012.
Segundo Gomes “[...] podemos compreender que raça é na realidade um misto de construções sociais, políticas e culturais nas relações sociais e de poder ao longo do processo histórico. Não significa, de forma alguma, um dado da natureza. É no contexto da cultura que nós aprendemos a enxergar as raças” (GOMES, 2005, p. 49).
Na tabela 3, foi perguntado aos moradores do assentamento qual seu nível de escolaridade que os mesmos possuíam. Percebeu-se que a maioria ainda está estudando. Onde 67,7%% estudam e 32,2% não estudaram.
Tabela 3. Nível de escolaridade dos moradores do assentamento Mulatas, Caxias-Ma
	RESPOSTAS
	FREQUÊNCIA
	%
	NÃO ESTUDOU
	19
	32,2%
	
	
	
	ESTUDANDO
	40
	67,7%
	TOTAL
	59
	100%
Fonte: LIMA; ALMEIDA; SOUSA, Outubro 2012.
Segundo França, a importância da educação tem sido amplamente reconhecida e enfatizada como fator de crescimento econômico de um país por sua associação com a produtividade do fator trabalho, dentro da teoria do capital humano. Este autor destaca a importância da alfabetização como forma de crescimento intelectual, social e econômico.
Os meios de transporte são responsáveis pelo deslocamento e locomoção de pessoas, animais, matérias-primas e mercadorias, sendo de fundamental importância para a infraestrutura e a economia de um determinado local, isso pode ser observado na tabela 4.
Dos moradores 37,2% afirmaram que usam transporte próprio: carro ou moto como meio de locomoção, 32,2% disseram que utilizam carona ou bicicleta como meio de transporte, e 30,5% utilizam o transporte escolar.
Tabela 4. Meio de transporte utilizados por moradores do assentamento Mulatas, Caxias-Ma
	RESPOSTAS
	FREQUÊNCIA
	%
	CARONA, BICICLETA
	19
	32,2%
	TRANSP. ESCOLAR
	18
	30,5%
	PROPRIO: CARRO/MOTO
	22
	37,2%
	TOTAL
	59
	100%
Fonte: LIMA; ALMEIDA; SOUSA, Outubro 2012.
Segundo Ferrandiz (1990), que relaciona mobilidade à facilidade de deslocamento e, quando ocorre no âmbito urbano, fala-se de ‘mobilidade urbana’. O conceito de mobilidade também envolve fatores como segurança, freqüência, regularidade, conforto entre outras. 
Citado por Henrique (2004), Tagore e Skidar (1995) diz que a mobilidade depende do desempenhodo sistema de transporte, da hora e da direção na qual se pretende viajar e de características individuais como renda, sexo, idade, etc.Este ultimo destaca aalguns fatores que facilitem o deslocamento de pessoas de um lugar para outro, no qual pode-se destacar a eficiência de uma política de transporte e a estrutura financeira de um individuo.
No questionário/entrevista foi também perguntado quem mais contribui com a renda mensal da família, e verificou-se que pai e mãe com 59,3% encabeçam o topo dessa lista, seguidos por outro membro da família com 25,4%, e por ultimo com 15,2% companheiro (a) fecham essa tabela. A tabela 5 a seguir mostra esses dados:
Tabela 5. Contribuição na renda familiar dos moradores do assentamento Mulatas, Caxias-Ma
	RESPOSTAS
	 QUANTIDADE
	%
	PAI/MÃE
	35
	59,3%
	COMPANHEIRO (A)
	09
	15,2%
	OUTRO FAMILIAR
	15
	25,4%
	TOTAL
	59
	100%
Fonte: LIMA; ALMEIDA; SOUSA, Outubro 2012.
Para Barrett, Reardon e Webb (2001), poucas pessoas coletam todas suasrendas de uma única fonte, tendo sua riqueza na forma de bens únicos, ou usando seus bens em apenas uma atividade. São vários os motivos que fazem com que as famílias ruraisouindivíduos diversifiquem seus bens, rendimentos e atividades. Os autores classificam estes motivos como primários e secundários. 
O direito à moradia adequada é essencial para a efetivação dos direitos humanos. Contudo, só foi reconhecido como tal na Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948. Antes disso, nenhum outro mecanismo internacional havia abordado o assunto. A tabela 6 mostra como está dividida as formas de moradia no assentamento Mulatas.
Tabela 6. Tipos de moradia dos moradores do assentamento Mulatas, Caxias-Ma
	RESPOSTAS
	 QUANTIDADE
	%
	PROPRIA
	47
	79,6%
	EMPRESTADA
	12
	20,3%
	TOTAL
	59
	100%
Fonte: LIMA; ALMEIDA; SOUSA, Outubro 2012.
No contexto brasileiro a moradia é “uma mercadoria especial: ela demanda terra urbanizada, financiamento para a produção e para a venda”. Nesse sentido, vincula-se com a macroeconomia ao disputar investimentos com outros ativos financeiros, em um mercado depende de regulação pública e subsídios ao financiamento.
Todos têm o direito a um lugar adequado para viver. Isto significa que todas as pessoas têm o direito humano a uma moradia segura e confortável, localizada em um ambiente saudável que promova a qualidade de vida dos moradores e da comunidade. (Maricato 2001).
O êxodo de moradores de um assentamento para outro é quase que constante. Esse fenômeno já foi muito mais intenso ha alguns anos atrás, nos dias atuais em decorrência do grande crescimento urbano o numero de pessoas que migram de um assentamento para outro de certa forma diminuiu.Esses números serão vistos na tabela abaixo, aonde 51 (cinqüenta e um), de um total de 59 (cinqüenta e nove) moradores, vieram da zona urbana e zona rural do município de Caxias-MA, e 5 (cinco) pessoas moravam em outra cidade do Maranhão, e por ultimo 3 (três) pessoas vieram de outro estado, como mostra a tabela 7.
Tabela7. Onde moravam antes de se instalarem no assentamento Mulatas, Caxias-ma
	RESPOSTAS	 N° DE VEZES CITADOS
	CAXIAS-MA: URBANO OU RURAL 51
OUTRO ESTADO	 03
 INTERIOR DO MARANHÃO		05
TOTAL	 59
Fonte: LIMA; ALMEIDA; SOUSA, Outubro 2012.
Muitas são as razões que podem explicar o ato migratório e as forças de atração podem ser as mais diversas, traz como o crescimento econômico e a possibilidades de enriquecimento. De acordo Guterres (2007) o século XXI fica cada vez mais marcado pelo movimento de pessoas, e diversas são as razões para o crescimento dramático das migrações, entre elas a pobreza e a busca por melhores condições de vida.
Podemos definir trabalho como qualquer atividade física ou intelectual, realizada pelo ser humano, cujo objetivo é fazer, transformar ou obter algo.
Na tabela 8 abaixo podemos perceber as diferentes áreas em que os moradores do assentamento trabalham, onde 24 membros trabalham na roça, 14 são quebradeiras de coco, 11 pessoas

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