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DIREITO EMPRESARIAL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM GESTÃO FISCAL E TRIBUTÁRIA
Fichamento de Estudo de Caso
QUEILA JANEFANE VIEIRA SERPA
Trabalho da disciplina Direito Empresarial,
 Tutor (a): Profª. GEORGE WILTON TOLEDO
Serra/ES 
2019
CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL
1– TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO (FRANCESA)
Antes do novo Código Civil, tínhamos o Código Comercial de 1850, que adotou uma teoria, chamada Teoria dos Atos de Comércio, que é uma teoria francesa. É importante que se saiba que o Código Comercial foi subdividido em três partes:
· Parte I – “Do Comércio em Geral”
· Parte II – “Do Comércio Marítimo”
· Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de falência, de concordata.
Para a Parte I, que tratava do Comércio em Geral, o Código Comercial de 1850 adotou a Teoria dos Atos de Comércio, que é uma teoria francesa. E com base nessa teoria foram criadas duas figuras interessantes:
· Pessoa Física: Comerciante 
· Pessoa Jurídica: Sociedade comercial.
#Mas para que uma pessoa física fosse considerada comerciante ou para que uma pessoa jurídica fosse considerada uma sociedade comercial, o que era mais importante? 
Verificar qual era o tipo de atividade desenvolvida por eles. Se a pessoa física explorasse ou desenvolvesse atividade que era considerada por legislação como ato de comércio, então ele seria comerciante. Se a pessoa jurídica explorasse atividade considerada atividade mercantil, então ela seria uma sociedade comercial. 
Então, tínhamos que analisar o tipo de atividade explorada. Se a atividade fosse um ato de comércio, a pessoa jurídica seria uma sociedade comercial e a pessoa física seria um comerciante. A ANÁLISE era OBJETIVA! Tinha que analisar a atividade. Só se poderia chamar alguém de comerciante ou de sociedade comercial se tivesse a presença dos seguintes elementos:
· Habitualidade, 
· Finalidade lucrativa 
· O mais importante: teria que praticar atos de comércio.
Então, só era comerciante quem praticasse atos de comércio. Só era sociedade comercial pessoa jurídica que praticasse atos de comércio. O problema é que os atos de comércio não estavam no Código Comercial, estavam todos elencados em um regulamento, que era o Regulamento 737/1850. Se não estivesse no regulamento, não era ato de comércio e se não era ato de comércio, não poderia ser nem comerciante e nem sociedade comercial. E esse regulamento trazia poucas situações. O Regulamento 737/1850, no seu art. 19, trazia os seguintes itens que elencava como atos de comércio:
a) Compra e venda de bens móveis – então, se você tinha uma loja de carros, era uma atividade considerada ato de comércio (comerciante ou sociedade comercial).
b) Atividade de câmbio – troca de moeda estrangeira
c) Atividade bancária
d) Atividade de transporte de mercadorias – qualquer um que praticasse atividade de transporte era, ou comerciante ou sociedade comercial.
e) Fabricação e depósito de mercadorias – indústria em geral (considerada atividade mercantil)
f) Espetáculos públicos
g) Contratos marítimos
h) Fretamento de navios
i) Títulos de crédito em geral
Isso era um grande problema. Dá até para entender esse número pequeno de atividades em 1850, mas na nossa sociedade atual, não dá para admitir só essas atividades como mercantis. Será que imobiliária é atividade comercial? Ela tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, só que a atividade que ela pratica é a compra e venda de bens imóveis. E essa atividade não estava no regulamento. Portanto, a imobiliária não poderia ser sociedade comercial.
Então, o Código Civil veio e tratou esse assunto de forma muito melhor, mais abrangente. Adotou uma nova teoria. Agora não se fala mais em Teoria dos Atos de Comércio. 
IMPORTANTE!!! “O Código Civil revogou totalmente o Código Comercial de 1850?” O art. 2.045 responde isso:
Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850.
O CC revogou apenas a Parte I, do Código Comercial!! Significa que o Código Civil não revogou totalmente o Código Comercial.
A Parte III já havia sido revogada pelo Decreto-Lei 7.661/45. Portanto, antes do Código Civil, o que tínhamos em vigor, era a Parte I e a Parte II. Importante ressaltar que esse Decreto-Lei já foi revogado também pela Lei 11.101/05 (Nova Lei de Falência).
Obs. O Código Civil revogou tão-somente a Parte I do Código Comercial, significando que a Parte II do Código Comercial, que trata do comércio marítimo, ainda está em vigor. Então, ficou:
· Parte I – “Do Comércio em Geral”
· Parte II – “Do Comércio Marítimo”
· Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de forma específica, do instituto da falência.
Em vigor, hoje, portanto, apenas a parte II, que trata do Comércio Marítimo. 
Obs. O Código Comercial de 1850, quando trata do comércio marítimo, traz um instituto interessante, que é a chamada arribada forçada. O que vem a ser isso, lembrando que estamos tratando de comércio marítimo?
Arribada forçada: Quando um navio faz uma parada que não esteja previamente definida, nesse caso, chamamos essa parada de arribada forçada. Mas isso só é possível ante a presença de justa causa. E qual é a justa causa prevista no Código Comercial de 1850, que cai na prova? É a do art. 741, que trata do receio ou temor fundado de ataque de pirata. 
Art. 741 – são causas justas para a arribada forçada:
1 – falta de víveres ou aguada;
2 – qualquer acidente acontecido á equipagem, cargo ou navio, que impossibilite este de continuar a navegar;
3 – temor fundado de inimigo ou pirata.
Quando o Código Civil revoga a Parte I do Código Comercial, ele adota uma nova teoria. Cai por terra a Teoria dos Atos de Comércio (francesa) e adota a TEORIA DA EMPRESA (italiana).
2- TEORIA DA EMPRESA (ITALIANA)
Quando adotamos uma nova teoria, nossa nomenclatura também vai ter que modificar. Não chamaremos mais de comerciante a pessoa física e não mais de sociedade comercial a pessoa jurídica. A partir de agora, fica assim:
· Pessoa Física: Comerciante corresponde a EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
· Pessoa Jurídica: Sociedade comercial corresponde a EMPRESÁRIO COLETIVO ou então, e é o caso mais comum nos manuais, SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
A análise não é mais objetiva. Não se fica mais só analisando o tipo de atividade. Vai se fazer também uma análise subjetiva (analisa-se a estrutura de quem está praticando a atividade). Ter-se-á que analisar quem está exercendo a atividade e qual é o tipo de atividade. 
CAPÍTULO II
REGRAS GERAIS DO DIREITO DE EMPRESA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
1- CONCEITO DE EMPRESÁRIO
Art. 966. Considera-se EMPRESÁRIO quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. NÃO SE CONSIDERA EMPRESÁRIO quem exerce PROFISSÃO INTELECTUAL, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Deste conceito, podemos extrair as seguintes expressões que nos indicam os principais elementos para a caracterização do empresário: a) profissionalmente, b) atividade econômica, c) organizada, d) produção ou circulação de bens ou serviços. 
a) Profissionalmente: só será empresário aquele que exercer determinada atividade econômica de forma profissional, ou seja, que fizer do exercício daquela atividade a sua profissão habitual. Quem exerce determinada atividade de forma esporádica, não será empresário. 
b) Atividade econômica: empresa é uma atividade exercida com intuito lucrativo. O empresário é aquele que assume os riscos técnicos e econômicos de sua atividade. 
c) Organizada: empresário é aquele que articula os fatores de produção (capital, mão de obra, insumos e tecnologia). Na ausência de um deles, não há mais que se falar em organização. O exercício de empresa pressupõe, necessariamente, a organização de pessoas e meios para o alcance da finalidade almejada. Sem os quatro fatores, não se tem organizaçãoe não pode ser nem empresário individual e nem sociedade empresária.
d) Produção ou circulação de bens e serviços: para a teoria da empresa, qualquer atividade econômica poderá, em principio, submeter-se ao regime jurídico empresarial, bastando que seja exercida profissionalmente, de forma organizada e com intuito lucrativo. A expressão produção ou circulação de bens ou de serviços deixa claro que nenhuma atividade está excluída, a priori, do âmbito de incidência do direito empresarial. Só restará caracterizada a empresa quando a produção ou circulação de bens ou serviços destinar-se ao mercado, e não ao consumo próprio. 
1.1 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL X ATIVIDADE EMPRESÁRIA
O art. 966 CC ao conceituar empresário, não esta se referindo apenas a pessoa física (pessoa natural) que explora atividade econômica, mas também a pessoa jurídica. O empresário pode ser um empresário individual (pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada) ou uma sociedade empresária (pessoa jurídica constituída sob forma de sociedade cujo objeto social é a exploração de uma atividade econômica organizada). 
Na sociedade empresária, seus sócios não são empresários, o empresário nesse caso é a própria sociedade, ente o qual o ordenamento jurídico confere personalidade. A expressão empresário constitui um gênero, do qual são espécies o empresário individual e a sociedade empresaria. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! A grande DIFERENÇA entre o empresário individual (pessoa física) e a sociedade empresária, é que esta, por ser uma pessoa jurídica, tem patrimônio próprio, distinto do patrimônio dos sócios que a integram. 
1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL, por sua vez, NÃO GOZA DESSA SEPARAÇÃO PATRIMONIAL, respondendo com todos os seus bens, inclusive os pessoais, pelo risco do empreendimento. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! A responsabilidade dos sócios de uma sociedade empresária é subsidiária. A responsabilidade do empresário individual é direta. 
Resumindo!!! Enquanto a responsabilidade do empresário individual é DIRETA e ILIMITADA, a responsabilidade do sócio de uma sociedade empresária é subsidiária (seus bens só podem ser executados após a execução dos bens sociais) e pode ser limitada, a depender do tipo societário utilizado (sociedades limitadas e SA).
1.1.1 A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI)
O legislador brasileiro criou a figura da empresa individual de responsabilidade limitada (Lei 12.441/2011).
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei acrescenta inciso VI ao art. 44, acrescenta art. 980-A ao Livro II da Parte Especial e altera o parágrafo único do art. 1.033, todos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), de modo a instituir a EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, nas condições que especifica.
Art. 2º A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 44. ...................................................................................
..........................................................................................................
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
..............................................................................................." (NR)
"LIVRO II
..........................................................................................................
TÍTULO I-A
DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma ÚNICA PESSOA titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que NÃO SERÁ INFERIOR A 100 (CEM) VEZES O MAIOR SALÁRIO-MÍNIMO vigente no País.
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a FIRMA ou a DENOMINAÇÃO SOCIAL da empresa individual de responsabilidade limitada.
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
§ 4º (VETADO).
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.
........................................................................................................."
"Art. 1.033. ..............................................................................
..........................................................................................................
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código." (NR)
Enunciados da V Jornada de Direito Civil sobre o tema:
(468) Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por PESSOA NATURAL.
(469) Arts. 44 e 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) NÃO É SOCIEDADE, mas NOVO ENTE JURÍDICO PERSONIFICADO.
(470) Art. 980-A. O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, SEM PREJUÍZO DA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
(471) Art. 980-A. Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente.
(472) Art. 980-A. É inadequada a utilização da expressão “social” para as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(473) Art. 980-A. § 5º. A imagem, o nome ou a voz NÃO podem ser utilizados para a integralização do capital da EIRELI.
· Nomenclatura
O legislador resolveu chamar de “empresa individual de responsabilidade limitada”. O mais correto seria chamar de empresário, porque empresa é a atividade desenvolvida. 
· A exigência de capital mínimo
A EIRELI exige capital mínimo (IGUAL OU SUPERIOR A 100 VEZES O MAIOR SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE NO PAÍS) para sua constituição. 
Com efeito, no Brasil não existe nenhuma regra legal que exija capital mínimo para constituição de sociedades, razão pela qual é questionável a referida exigência. 
Vale ressaltar que tal exigência já foi objeto de Adin. 
· Pessoa física ou pessoa jurídica
O legislador criou um NOVO TIPO DE PESSOA JURÍDICA, acrescentando um inciso ao rol de pessoas jurídicas de direito privado (Art. 44 CC). 
Lembrar!!! A EIRELI não é um tipo de sociedade. 
A EIRELI não é um empresário individual nem uma sociedade unipessoal: trata-se de uma NOVA espécie de pessoa jurídica de direito privado, que se junta às outras já existentes (sociedades, fundações, associações, partidos políticos e organizações religiosas. Art. 44 CC). 
· Nome empresarial
A EIRELI pode usar tanto FIRMA como DENOMINAÇÃO. 
· Crítica ao veto do §4º do art. 980-A
Esse dispositivo estabelecia o seguinte: 
§ 4º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresaindividual de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, conforme descrito em sua declaração anual de bens entregue ao órgão competente. (VETADO)
Das razões do veto:
"Não obstante o mérito da proposta, o dispositivo traz a expressão 'em qualquer situação', que pode gerar divergências quanto à aplicação das hipóteses gerais de desconsideração da personalidade jurídica, previstas no art. 50 do Código Civil. Assim, e por força do § 6º do projeto de lei, aplicar-se-á à EIRELI as regras da sociedade limitada, inclusive quanto à separação do patrimônio."
Vê-se que mesmo com o veto deve ser mantido o entendimento de que o patrimônio da EIRELI e o patrimônio da pessoa natural que a constituem NÃO SE CONFUNDEM, o que garante a aplicação da limitação da responsabilidade (§6º do Art. 980-A, aplica-se subsidiariamente as regras da sociedade limitada). 
Confira o enunciado 470 da V jornada de Direito Civil:
(470) Art. 980-A. O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, SEM PREJUÍZO DA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
1.2 AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
A teoria da empresa optou por fixar um critério material para a conceituação de empresário, critério esse, como visto, deveras abrangente, por não excluir em princípio, nenhuma atividade econômica do seu âmbito de incidência. 
Existem agentes econômicos que, a despeito de exercerem atividades econômicas, não são considerados empresários pelo legislador. Existem atividades que, a despeito de serem atividades econômicas, não configuram empresa. 
IMPORTANTE!!! Esse agentes econômicos NÃO CONSIDERADOS EMPRESÁRIOS pelo CC são: profissional intelectual (profissional liberal), sociedade simples, o exercente de atividade rural e a sociedade cooperativa. 
I) Profissionais intelectuais.
Art. 966 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce PROFISSÃO INTELECTUAL, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Os profissionais intelectuais não são considerados empresários, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
Enquanto o profissional intelectual apenas exerce sua atividade intelectual, ainda que com intuito de lucro e mesmo contratando alguns auxiliares, ele não é considerado um empresário para os efeitos legais. 
Mas a partir do momento em que o empresário intelectual dá uma forma empresarial (impessoalizando sua atuação e organizando sua atividade) ao exercício de suas atividades, será considerado empresário e passará a ser regido pelas normas do direito empresarial.
ENUNCIADOS III JORNADA DIREITO CIVIL
193 – Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa.
194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, SALVO se a organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
Não se vislumbra a organização dos fatores de produção na atuação dos profissionais intelectuais. É por essa razão, em suma, que o profissional intelectual, em regra, não é considerado empresário.
Todavia, quando o exercício da profissão intelectual deixa de ser o fator principal do empreendimento, passando a ser o mero elemento de uma atividade econômica organizada a partir da articulação de diversos outros fatores de produção (contratação de funcionários e etc.) o profissional intelectual se torna empresário. Ex. Músico que começa a organizar festas por ele tocadas.
IMPORTANTE!!! A dimensão da atividade econômica do empresário intelectual é irrelevante para sua caracterização como empresário. O importante é verificar a ORGANIZAÇÃO DOS FATORES DE PRODUÇÃO, que, estando presente, será considerado empresário, mesmo que a atividade seja de pequena dimensão. 
II) Sociedades simples.
A regra do art. 966 parágrafo único vale também para as chamadas sociedades uniprofissionais (sociedades constituídas por profissionais intelectuais cujo objeto social é a exploração de suas profissões). 
IMPORTANTE!!! Nem sempre o exercente de atividade econômica será considerado empresário (parágrafo único do art. 966 CC), e também, nem sempre uma sociedade será empresária, pois podem existir sociedades cujo o OBJETO seja explorar as atividades intelectuais de seus sócios. São as chamadas SOCIEDADES SIMPLES. 
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); E, SIMPLES, AS DEMAIS.
EXCEÇAO ao art. 982 do CC: 
982. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
Nos casos em que o exercício da profissão intelectual dos sócios das sociedades uniprofissionais constituir elemento de empresa, ou seja, nos casos em que as sociedades uniprofissionais explorarem seu objeto social com empresarialidade (organização dos fatores de produção), elas serão consideradas sociedades empresárias. 
III) Sociedade de Advogados
O EAOAB dispõe que, a sociedade de advogados é uma sociedade civil de prestação de serviços de advocacia submetida à regularização específica prevista na referida lei. 
Diante disso, afirma-se que a sociedade de advogados é uma sociedade de natureza civil e organizada sob a forma de sociedade em nome coletivo, ou seja, respondem todos os sócios de maneira solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. 
As sociedades de advogados constituem exceção a regra do art. 966 parágrafo único. 
IV) Exercente de atividade econômica rural.
O CC exclui o exercente de atividade econômica rural da obrigatoriedade de registro na junta comercial prevista no art. 967 CC.
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Todo empresário, antes de iniciar sua atividade econômica, tem que se registrar na junta comercial. Para aqueles que exercem a atividade rural o CC concedeu a faculdade de se registrar ou não perante a junta comercial.
IMPORTANTE!!! De acordo com o art. 971 CC, se aquele que exerce atividade rural não se registrar na junta comercial, não será considerado empresário para os efeitos legais (não estará sujeito a falência e etc.). Em contrapartida, se ele optar por se registrar, será considerado empresário para todos os efeitos legais. 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, PODE (FACULTATIVIDADE), observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, DEPOIS DE INSCRITO, ficará EQUIPARADO, para todos os efeitos, ao EMPRESÁRIO SUJEITO A REGISTRO.
Para o exercente de atividade rural o registro na junta comercial tem NATUREZA CONSTITUTIVA, e não meramente declaratória como de costume. O registro não é requisito para que alguém seja considerado empresário, mas apenas uma obrigação legal imposta aos praticantes de atividade econômica. 
ENUNCIADO III JORNADA DE DIREITO CIVIL
202 – Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é FACULTATIVO E DE NATUREZA CONSTITUTIVA, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
IMPORTANTE!!! Regra idêntica foi prevista para a sociedade que tem por objeto social a EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA RURAL. 
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, PODE (FACULTATIVIDADE), com as formalidades do art. 968, requererinscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.
V) Sociedades cooperativas
Em regra, é o objeto explorado pela sociedade que define sua natureza empresarial ou não. 
Para saber se uma sociedade cooperativa é empresária, não se utiliza o critério material previsto no art. 966 do CC, mas um critério legal, estabelecido no art. 982 parágrafo único.
Art. 982 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; E, SIMPLES, A COOPERATIVA.
2- EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Empresário individual é pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
Lembrar!!! O empresário individual responde DIRETA E ILIMITADAMENTE pelo risco do empreendimento. A sociedade empresária tem autonomia patrimonial (art. 1.024 do CC). 
2.1 IMPEDIMENTOS LEGAIS
1.011 
§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
Fora esses impedimentos do CC, os impedimentos legais estão espalhados pelo ordenamento jurídico. 
IMPORTANTE!!! A proibição é para o EXERCÍCIO DE EMPRESA, não sendo vedado que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez que, nesse caso, quem exerce a atividade empresarial é a própria pessoa jurídica, e não os sócios. 
Resumindo!!! Os impedimentos se dirigem aos empresários individuais, e NÃO aos sócios de sociedades empresárias. 
A possibilidade de os impedidos participarem como sócio em sociedades empresárias não é absoluta, somente podendo ocorrer se forem sócios de responsabilidade limitada e, ainda assim, se não exercerem função de gerência ou administração. 
IMPORTANTE!!! As obrigações contraídas por um empresário impedido NÃO são nulas. Ao contrário, elas terão plena validade em relação a terceiros de boa-fé que com ele contratar. 
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.
2.2 INCAPACIDADE
Só pode exercer empresa quem é capaz, quem esta no pleno gozo de sua capacidade civil.
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
EXCEÇÃO ao art. 972 CC:
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, CONTINUAR a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
Trata-se de hipótese em que o incapaz esta autorizado a explorar atividade empresária individualmente. A possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária configura situação totalmente distinta, já que o sócio de uma sociedade não é empresário. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! O incapaz nunca poderá ser autorizado a INICIAR o exercício de uma empresa, apenas poderá ser autorizado, excepcionalmente, a DAR CONTINUIDADE (continuar) a uma atividade empresarial. 
ENUNCIADO III JORNADA 
203 – Art. 974: O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou assistido somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte.
A autorização para que o incapaz continue o exercício de empresa será dado pelo juiz, em procedimento de jurisdição voluntária. 
IMPORTANTE!!! Art. 974 § 2o. Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
Os bens que o incapaz já possuía antes da interdição não poderão ser executados por dívidas contraídas em decorrência do exercício de atividade empresarial. Ocorrerá uma ESPECIALIZAÇÃO PATRIMONIAL no caso de o incapaz ser autorizado a continuar o exercício de empresa. 
IMPORTANTE!!! A emancipação antecipa a capacidade, PERMITINDO então que o menor emancipado – que é capaz – exerça a empresa independentemente de autorização judicial. 
#Pode o menor de 16 anos ser considerado empresário, uma vez que sendo menor de 18 anos não poderá ser condenado por eventual crime falimentar que venha a praticar?
ENUNCIADO III JORNADA
197 – Arts. 966, 967 e 972: A pessoa natural, maior de 16 e menor de 18 anos, é reputada empresário regular se satisfizer os requisitos dos arts. 966 e 967; todavia, não tem direito a concordata preventiva (recuperação judicial), por não exercer regularmente a atividade por mais de dois anos.
2.3 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL CASADO
Art. 978. O EMPRESÁRIO CASADO pode, SEM NECESSIDADE DE OUTORGA CONJUGAL, QUALQUER QUE SEJA O REGIME DE BENS, alienar os IMÓVEIS que INTEGREM O PATRIMÔNIO DA EMPRESA ou gravá-los de ônus real.
IMPORTANTÍSSIMO!!! Então, o empresário não precisa da autorização do cônjuge, qualquer que seja o regime de bens, para alienar ou gravar de ônus real os IMÓVEIS DA SOCIEDADE. 
3- REGISTRO DO EMPRESÁRIO 
Art. 967. É OBRIGATÓRIA a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Antes de começar a atividade, o empresário tem que providenciar o seu registro. E a lei diz que ele tem que fazer o registro no Registro Público de Empresas Mercantis (juntas comerciais). E para essa lei, o registro público de empresas mercantis é o chamado SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis). Esse SINREM está dividido em dois órgãos, o DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio) e também a Junta Comercial.
DNRC (Órgão Federal) – Normatizador e fiscalizador
SINREM
JUNTA COMERCIAL (Órgão Estadual) – Executor
Cada estado possui uma junta comercial. Só que, no âmbito de competência desses órgãos, o DNRC é um órgão normatizador e fiscalizador. Ao passo que a junta comercial é um órgão executor. Diante desse contexto, responda uma questão: onde o empresário faz o registro? Na Junta Comercial.
IMPORTANTE!!! O registro na junta é uma obrigação legal imposta na lei, mas não é requisito para a caracterização do empresário e sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial. O empresário não registrado na junta será considerado EMPRESÁRIO IRREGULAR, sofrendo com isso algumas consequências.
ENUNCIADO 199 – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária É REQUISITO DELINEADOR DE SUA REGULARIDADE, E NÃO DA SUA CARACTERIZAÇÃO.
IMPORTANTE para magistratura federal!!! A junta comercial tem subordinação. E essa subordinação pode ser técnica ou administrativa. A quem a junta comercial está subordinada no âmbito técnico ou administrativo? No âmbito técnico, ela está subordinada ao DNRC, que é o órgão normatizador. Já no âmbito administrativo, ela está subordinada ao Estado. É o Estado, por exemplo, que paga a remuneração dos funcionários da junta.
Perguntinha muito comum na área federal: #Será que cabe mandado de segurança contra ato do presidente da Junta Comercial? Quer se fazer um registro e a Junta Comercial não permite esse registro. A resposta é: é lógico que cabe mandado de segurança. Mas o problema é saber onde você vai ajuizar o MS. É na Justiça Comum Estadual ou na Justiça Federal? Lembre-se do seguinte: a junta comercial tem dois tipos de subordinação, ela tem a subordinação administrativa (ESTADO) e a subordinação técnica (DNRC).
· Subordinação Administrativa da Junta Comercial – No âmbito administrativo a Junta Comercial está subordinada à unidade federativa. Quem paga a remuneração dos seusfuncionários é o Estado. 
· Subordinação Técnica da Junta Comercial – No âmbito técnico, a junta comercial está subordinada ao Departamento Nacional de Registro de Comércio, ao DNRC, que é um órgão federal. Se for assim, o mandado de segurança contra o ato do presidente da junta comercial tem que ser ajuizado na JUSTIÇA FEDERAL porque tecnicamente ela está subordinada a um órgão federal.
O STF decidiu assim no RE 199793/RS (04/04/00) a respeito do mandado de segurança contra ato do presidente da junta comercial:
“Juntas Comerciais. Órgãos administrativamente subordinados ao Estado, mas tecnicamente à autoridade federal, como elementos do sistema nacional dos Serviços de Registro do Comércio. Conseqüente COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL para o julgamento de mandado de segurança contra ato do Presidente da Junta, compreendido em sua atividade fim.”
Então, esse mandado de segurança contra ato do Presidente da Junta é de COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. Isso porque a Junta Comercial está tecnicamente subordinada à autoridade federal.
3.1 EXCEÇÃO À OBRIGATORIEDADE DO REGISTRO
Então, O REGISTRO É MERA CONDIÇÃO DE REGULARIDADE (NÃO é condição de caracterização da sociedade). Não vai ser empresário só porque fez registro. Mas para essa obrigação de registro tem alguma exceção? Sim.
A exceção é a do art. 971, do Código Civil. 
Art. 971. O empresário, cuja ATIVIDADE RURAL constitua sua principal profissão, PODE (FACULTATIVIDADE), observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
A lei não está dizendo que ele deve, está dizendo que ele pode. Significa o quê? Que para o empresário rural, o registro não é obrigatório, mas facultativo. 
O art. 971 está dizendo que, se o rural não faz o registro, eu não o considero empresário e as regras empresariais não se aplicam a ele. Só se aplica o direito empresarial para o empresário rural se ele se registrar na junta comercial. Se para o empresário comum o registro é mera CONDIÇÃO DE REGULARIDADE, para o rural é diferente, porque ele só vai ser considerado empresário se ele fizer o registro (o registro tem natureza CONSTITUTIVA para o empresário rural). 
3.2 NATUREZA JURÍDICA DO REGISTRO
PARA O EMPRESÁRIO COMUM, O REGISTRO É MERA CONDIÇÃO DE REGULARIDADE. Se eu tenho registro, eu sou regular. Se eu não tenho registro, eu sou irregular. 
ENUNCIADO III JORNADA
198 – Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial NÃO é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário.
IMPORTANTE!!! O registro NÃO é requisito para CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO e da SOCIEDADE EMPRESÁRIA (é mera CONDIÇÃO DE REGULARIDADE). Eu posso exercer atividade empresarial sem fazer o registro, só que serei irregular. 
O registro do empresário comum não é de natureza constitutiva. É meramente DECLARATÓRIO. O que vai definir se a pessoa física é empresário ou não ou se a pessoa jurídica é sociedade empresária, ou não, é a ATIVIDADE que ela explora: se tem organização, tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, produziu um bem ou produziu um serviço (ou circulou um bem ou circulou um serviço). 
ENUNCIADO III JORNADA 
199 – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é REQUISITO DELINEADOR DE SUA REGULARIDADE, E NÃO DA SUA CARACTERIZAÇÃO.
Já o empresário rural é diferente. Como a lei diz que o sujeito só vai ser empresário rural se fizer o registro, então, o registro é de natureza CONSTITUTIVA porque ele só vai ser empresário se fizer o registro na junta comercial. O REGISTRO É FACULTATIVO, MAS A NATUREZA É CONSTITUTIVA. No registro do empresário comum a natureza é declaratória. No registro do empresário rural a natureza é constitutiva. E nesse sentido, o Enunciado CJF 202:
ENUNCIADO III JORNADA
202 – Arts. 971 e 984: O registro do EMPRESÁRIO OU SOCIEDADE RURAL na Junta Comercial é FACULTATIVO e de NATUREZA CONSTITUTIVA, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
3.3 CONSEQUÊNCIAS DA AUSÊNCIA DE REGISTRO
1ª Consequência:
Não pode PEDIR falência DE UM TERCEIRO.
Quem não tem registro, NÃO pode PEDIR FALÊNCIA DE TERCEIRO. Veja bem: PODE SOFRER PEDIDO DE FALÊNCIA. O que não pode é pedir falência de um terceiro.
2ª Consequência: Tratando-se de sociedade, A RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS É ILIMITADA
3ª Consequência: Não poderá pleitear RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
4ª Consequência: Não poderá participar de licitação.
4- Escrituração dos livros comerciais – art. 1180, do CC
Primeira coisa que temos que saber é que o livro pode ser:
a) Obrigatório – É aquele exigido por lei. Subdivide-se em:
a.1) Livro Obrigatório Comum – Exigido de todo empresário!
a.2) Livro Obrigatório Especial – É aquele que é obrigatório, a lei exige, mas exige em casos excepcionais, como, por exemplo, o livro de registro de duplicata. Ele só vai ser escriturado por empresário que emite duplicata.
b) Facultativo – Não é exigido por lei, é utilizado para facilitar a vida do empresário, para gerenciar a atividade empresarial. 
Atualmente, o único livro obrigatório comum, é o DIÁRIO. 
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o DIÁRIO, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Esse é o livro obrigatório comum, o livro diário. O livro que todo empresário tem que escriturar é o livro diário. 
IMPORTANTE!!! O DIÁRIO pode ser substituído por fichas, somente, quando se tratar de uma escrituração mecanizada ou eletrônica. 
4.1 O PRINCÍPIO QUE REGE A ESCRITURAÇÃO DOS LIVROS “SIGILOSIDADE”
#Qual é o princípio que rege a escrituração dos livros?
Princípio da SIGILOSIDADE que se encontra no art. 1.190, do Código Civil. 
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, NENHUMA AUTORIDADE, JUIZ OU TRIBUNAL, SOB QUALQUER PRETEXTO, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
NENHUMA AUTORIDADE, JUIZ OU TRIBUNAL, SOB QUALQUER PRETEXTO! Isso é sigilosidade! Os livros do empresário são sigilosos. A preocupação do art. 1.190 é com a concorrência desleal. 
4.2 EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA SIGILOSIDADE
a) Exibição parcial dos livros
A exibição parcial dos livros empresariais pode ser determinada pelo julgador, a requerimento das partes ou até mesmo de ofício, em qualquer processo. 
Obs. A exibição parcial dos livros não abrange os livros auxiliares, pois estes não tem existência presumida. Caso o requerente consiga provar que o empresário possui determinado livro e que esse livro é indispensável para a prova de determinado fato, a exibição pode ser determinada, mesmo a parcial. Haverá presunção contra o empresário caso ele não apresente o livro. 
b) Exibição total dos livros
O juiz não pode ordenar a exibição total em qualquer circunstância, mas nos casos do art. 1191, do Código Civil, que são apenas quatro situações. 
a) Em caso de sucessão 
b) Sociedade/comunhão
c) Administração ou gestão à conta de outrem – quando há um terceiro administrando o negócio. 
d) Em caso de falência
Só nessas quatro situações é que o art. 1191 permite que o juiz determine exibição integral. Em nenhum outro caso mais.
Art. 1.191. O juiz (a requerimento das partes) SÓ poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
IMPORTANTE!!! A exibição integral dos livros só pode ser determinada a requerimento das partes. Ao contrárioda exibição parcial que pode ser determinada de ofício. 
Obs. Art. 105 LSA. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco por cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da companhia.
c) Autoridades fazendárias 
Terceira e última exceção: art. 1.193, do Código Civil. A sigilosidade não se aplica às autoridades fazendárias quando do exercício da fiscalização do pagamento de impostos. É o que diz a regra do art. 1.193 CC:
Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, NÃO SE APLICAM ÀS AUTORIDADES FAZENDÁRIAS, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.
IMPORTANTE!!! A legislação falimentar considera crime a escrituração irregular (ou não escrituração) CASO A FALÊNCIA SEJA DECRETADA. 
Atenção!!! Os livros comerciais são equiparados a DOCUMENTOS PÚBLICOS PARA FINS PENAIS. 
Obs. A escrituração do empresário incumbe ao contabilista. 
4.3 QUEM É DISPENSADO DA ESCRITURAÇÃO?
§ 2º É dispensado das exigências deste artigo o PEQUENO EMPRESÁRIO a que se refere o art. 970.
O Código Civil diz que o pequeno empresário está dispensado da obrigação de escriturar os livros. 
IMPORTANTE!!! A lei não falou microempresa e nem empresa de pequeno porte. Falou em PEQUENO EMPRESÁRIO. Pequeno empresário é aquele do art. 68, da LC 123/06. 
No art. 3º da LC 123/06, está a definição do que é microempresa e do que é empresa de pequeno porte. E quando vai trazer essa definição, diz o seguinte: que tanto o empresário individual (pessoa física) como a sociedade empresária e a sociedade simples (que veremos mais adiante), qualquer um deles pode ser classificado como microempresa ou empresa de pequeno porte. Todos eles. A diferença reside na seguinte situação: faturamento bruto anual. 
Se o faturamento bruto anual é:
· = ou < 40 mil reais – Microempresa
· > 240 mil e = ou < a 2 milhões e 400 mil reais – Empresa de Pequeno Porte
Já a definição de pequeno empresário está no art. 68 da LC 123/06:
LC 123 
Art. 68.  Considera-se PEQUENO EMPRESÁRIO, para efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o EMPRESÁRIO INDIVIDUAL caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais).
Só a pessoa física. É só o empresário individual que pode ser pequeno empresário. Não fala de sociedade aqui. Significa que sociedade NÃO pode ser classificada como pequeno empresário. E só empresário individual que tenha uma receita bruta anual de até 36 mil reais. 
A não escrituração dos livros pode acarretar crime falimentar. 
Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
SÓ passa a ser crime falimentar, se teve uma sentença declaratória de falência ou o juiz concedeu uma recuperação judicial ou homologou um plano extrajudicial. Se o empresário não passa por uma crise, a princípio, no âmbito empresarial, a não escrituração dos livros não é nada. 
#E se o empresário falsificar esse livro? 
Cometeu crime de falsificação de documento público.
§ 2º - Para os efeitos penais, EQUIPARAM-SE A DOCUMENTO PÚBLICO o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, OS LIVROS MERCANTIS e o testamento particular.
Livros mercantis são equiparados a documentos públicos para fins de falsificação. 
4.4 EFICÁCIA PROBATÓRIA DOS LIVROS EMPRESARIAIS
Dispõe o art. 378 CPC:
Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Conclui-se que a eficácia probatória dos livros empresariais contra o empresário opera-se independentemente de os mesmos estarem corretamente escriturados.
Em contrapartida, para que os livros façam prova a favor do empresário é preciso que eles estejam regularmente escriturados. 
Art. 379. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei, provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.
5- NOME EMPRESARIAL
5.1 CONCEITO
O meu nome me identifica. No caso do empresário, mesma coisa. Ele precisa de uma identificação no mundo empresarial. O nome empresarial é o elemento de identificação do empresário ou da sociedade empresária. 
Atenção!!! O direito ao nome empresarial é um direito personalíssimo. 
IMPORTANTE!!! STJ entende que havendo mudança no nome empresarial, DEVE haver a outorga de nova procuração aos mandatários da sociedade empresária. 
5.2 MODALIDADES
No art. 1.155, do Código Civil, vamos perceber que temos duas modalidades de nome empresarial:
Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a FIRMA ou a DENOMINAÇÃO adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.
Parágrafo único. EQUIPARA-SE AO NOME EMPRESARIAL, para os efeitos da proteção da lei, a DENOMINAÇÃO DAS SOCIEDADES SIMPLES, ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES.
a) Firma
· Firma Individual
· Firma Social = Razão Social
b) Denominação
Razão social é a mesma coisa que firma social. Denominação é diferente de razão social. 
Obs. Para a prova, razão social é só a firma social.
Quem é que pode ter firma individual e quem é que pode ter denominação?
· Firma individual – Só o empresário individual tem firma individual.
· Firma social – Só as sociedades podem ter.
· Denominação – Só podem ter as sociedades.
5.3 COMPOSIÇÃO
a) Firma Individual (empresário individual)
Como é que se dá a composição de uma firma individual? Para esta regra, temos o art. 1.156, do Código Civil. 
Art. 1.156. O empresário opera sob firma (individual) constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade.
· Nome do empresário individual
E diz o art. 1.156 que este nome pode estar completo ou abreviado. Ex. William Araujo ou W. Araujo. 
Basta ter o nome ou precisa acrescentar mais alguma coisa? Só o nome é suficiente. É facultativo acrescentar:
· Designação mais precisa de sua pessoa ou de sua atividade. 
Ele pega o nome do empresário e acrescenta se quiser uma designação mais precisa de sua pessoa ou de sua atividade. Ex. William Araujo, Comércio de Carros.
IMPORTANTE!!! Acrescenta se quiser. É facultativo! É isso que vai cair na prova.
b) Firma Social
“É o nome ou nomes do sócio ou dos sócios.” 
Pode ser completo ou abreviado. Eu posso também abreviar o nome do Rafael e quanto aos demais, uso o nome e a expressão “e companhia” (significando que há outros sócios na sociedade). Ex. Rafael Brandao e Eduardo Bossaneli ou R. Brandao e E. Bossaneli ou Rafael Brandao e Companhia.
CUIDADO!!! Quando a expressão Companhia está no início do nome ou no meio do nome já não tem nada a ver com outros sócios. Significa que aquela é uma sociedade anônima. Exemplo: Companhia Vale do Rio Doce (companhia está no início do nome. É, portanto, uma S.A).
IMPORTANTE!!! É obrigatório acrescentar designação mais precisa do objeto social? Na mesma proporção que acontece com a firma individual, acontece aqui, na firma social. O acréscimo NÃO é obrigatório. É FACULTATIVO. Ex. Rafael Brandao e Eduardo Bossaneli, comércio de carros.
IMPORTANTE!!! Quando a sociedade tem sócio com responsabilidade ilimitada, ela tem que adotar a firma social. Ex. Sociedade em nome coletivo e sociedade em comandita simples. 
c) Denominação
Na denominação, a regra geral é você colocar na composição do nome empresarial, um ELEMENTOFANTASIA. Exemplos: Globex, Pingo de Ouro, Pena Branca, Alta tensão, Primavera, etc.
DICA QUENTE!!! Quando se depara com elemento fantasia é porque, com certeza, aquele nome é da modalidade denominação.
IMPORTANTE!!! A REGRA GERAL DA DENOMINAÇÃO É O ELEMENTO FANTASIA.
Nome de sócio é possível, mas como medida excepcional. Quando for para homenagear aquele sócio que contribuiu para o sucesso da sociedade, o acionista fundador. Então, como forma de honraria, como forma de homenagem, nós vamos colocar o nome do sócio. É uma medida excepcional. 
IMPORTANTE!!! E a designação do objeto social? É facultativa ou é obrigatória? Aqui é obrigatória! Quando se tem uma denominação, a designação do objeto social é OBRIGATÓRIA. Tem que colocar o ramo de atividade.
· Globex, utilidades 
· Pingo de Ouro, comércio de alimentos Ltda.
Vamos ao art. 1.158, § 2º:
§ 2º A denominação DEVE (OBRIGATÓRIO) designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios.
	FIRMA SOCIAL
	DENOMINAÇÃO
	Composição:
· Nome(s) do(s) Sócios
	Composição:
· Regra geral: Elemento fantasia
· Exceção: Nome(s) do(s) sócio(s)
	Só se aplica firma social quando a sociedade tem sócio com responsabilidade ILimitada.
Exemplo: sociedade em nome coletivo e sociedade em comandita simples
Exceção: sociedade limitada
	Só se aplica denominação quando a sociedade tem sócio com responsabilidade Limitada.
Sociedade Anônima e Sociedade Limitada.
	Não é obrigatória a designação do objeto social.
	Deve conter a designação do objeto social
	IMPORTANTE!!! A assinatura será a reprodução do nome empresarial.
	IMPORTANTE!!! A assinatura será a assinatura pessoal do representante legal.
IMPORTANTE!!! A doutrina aponta que a firma é privativa de empresários individuais e sociedades de pessoas, enquanto a denominação é privativa de sociedades de capital. 
Pela regra geral, a impressão que se tem é que a sociedade limitada não poderia ter firma social, só poderia ter denominação porque é um tipo de sociedade que tem sócio com responsabilidade limitada. Só que nós temos uma exceção, a do art. 1.158, do CC. 
Art. 1.158. Pode a SOCIEDADE LIMITADA adotar FIRMA ou DENOMINAÇÃO, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.
Portanto, sociedade limitada pode ter firma ou denominação.
DICAS DE CONCURSO!!!!
a) Elemento fantasia, ‘Secos e Molhados Limitada”. É denominação sempre. 
b) “Sociedade anônima poderá ter firma social?” Resposta: NÃO. Ela está na regra, não é exceção. Ela só pode ter denominação.
c) Sociedade limitada foge à regra geral: ela pode ter firma social ou denominação. 
5.4. PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL
Como se dá a proteção ao nome empresarial? A Lei 8.934/94, que é a Lei de Registros Públicos de Empresas Mercantis, no seu art. 33, diz o seguinte:
Art. 33. A proteção ao NOME EMPRESARIAL decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações.
A PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL decorre AUTOMATICAMENTE do registro do empresário ou da sociedade empresária na Junta Comercial.
IMPORTANTE!!! Quando o empresário ou a sociedade empresária faz o registro na junta comercial, automaticamente, o nome empresarial está sendo protegido. 
#Qual é o âmbito de circunscrição geográfica dessa proteção, é federal ou estadual? 
O empresário faz o registro na Junta Comercial, que é órgão estadual. Se a junta comercial é órgão estadual, a proteção ao nome empresarial é de ÂMBITO ESTADUAL e não federal. Isso está no art. 1.166, do Código Civil:
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome NOS LIMITES DO RESPECTIVO ESTADO.
Mas o § único diz:
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.
Em que pese o § único do art. 1.166, não existe essa lei tratando desse assunto. A proteção é de âmbito estadual.
IMPORTANTE!!! Nome empresarial X Marca. São coisas diferentes. O nome empresarial está identificando o empresário individual ou a sociedade empresária. Já a marca, não identifica o empresário ou a sociedade empresária, mas é o elemento de identificação de um produto ou de um serviço. Então, a marca também é elemento de identificação, MAS NÃO do empresário ou da sociedade empresária. A marca identifica um produto ou serviço. O registro da marca é feito no INPI, que é órgão federal. Quando se protege uma marca, se está protegendo em todo território nacional porque o órgão registrador é federal. 
· Nome empresarial – âmbito estadual
· Marca – âmbito federal
IMPORTANTE!!! O STJ entende que o uso de expressões originárias dos nomes dos sócios, de forma completa ou abreviada, sendo permitido por lei, não pode ensejar a colidência entre nomes empresariais. Ex. Supermercados Araujo LTDA e Araujo comercio LTDA (não há colidência de nomes).
5.5. TÍTULO DO ESTABELECIMENTO
Nome empresarial é diferente de titulo de estabelecimento.
O nome empresarial, como vimos, identifica o empresário ou a sociedade empresária. O título de estabelecimento é um apelido comercial dado a um estabelecimento empresarial. 
O nome empresarial se protege com registro na junta comercial e a marca se protege com registro no INPI. E o título de estabelecimento, tem proteção legal? NÃO!!! Não temos como proteger o título de estabelecimento. Diferente do que acontece com o nome e a marca, que têm órgãos próprios para registro, título de estabelecimento não é registrável. O máximo que a lei faz para o título do estabelecimento é entender que o uso indevido do título pode gerar crime de concorrência desleal.
5.6 O NOME EMPRESARIAL DAS SOCIEDADES
A sociedade limitada pode adotar firma ou denominação integrada pela palavra “limitada” ou a sua abreviatura (LTDA).
As sociedades em que há sócios de responsabilidade ilimitada (sociedade em nome coletivo) operarão sob firma social e somente os nomes dos sócios poderão figurar, bastando adicionar a expressão “e companhia”. 
A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente. 
A sociedade em comandita por ações pode adotar firma ou denominação designativa do objeto social seguida da expressão “comandita por ações”. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação, uma vez que não tem personalidade jurídica. 
Empresários individuais ou sociedades empresárias que se enquadram como microempresas ou empresas de pequeno porte deverão acrescentar em seus respectivos nomes empresariais as terminações ME ou EPP. 
A sociedade simples pode utilizar firma, razão social ou denominação. 
Lembrar!!! A EIRELI (apesar de não ser uma sociedade) pode adotar firma ou denominação. E deve constar a expressão EIRELI no nome. 
5.7 PRINCÍPIOS DO NOME EMPRESARIAL – Lei 8.934/94, art. 34
#Quais são os princípios que devem ser observados pelo nome empresarial?
Art. 34. O nome empresarial obedecerá aos princípios da VERACIDADE e da NOVIDADE.
Então, esses são os princípios do nome empresarial:
· Princípio da NOVIDADE
· Princípio da VERACIDADE
a) Princípio da NOVIDADE – art. 1.163, do Código Civil
Não poderão coexistir, na mesma unidade federativa, dois nomes empresariais idênticos ou semelhantes, prevalecendo aquele já protegido pelo prévio arquivamento.
Quem tem o REGISTRO PRÉVIO é que pode proteger o nome. O que se quer aqui é a proteção ao consumidor. O consumidor não pode ser induzido a erro. 
IMPORTANTE!!! O nome empresarial, ao contrário do nome civil, não admite homonímia nem semelhança que possa causar confusão. O nome empresarial tem que ser novo!
Lembrar!!! A proteção do nome empresarial quanto ao princípio da novidade se inicia automaticamente a partir do registro e é restrita ao território do estado da junta comercial em que o empresário se registrou (marca tem proteção nacional e nome do estabelecimento nãotem proteção). 
b) Princípio da VERACIDADE ou da AUTENTICIDADE
Impõe que a firma individual ou a firma social seja composta a partir do nome do empresário ou dos sócios respectivamente.
Tanto na firma individual, como na firma social, eu só posso colocar o nome daqueles que são realmente sócios, ou daquele que realmente é o empresário. O nome tem que ser verdadeiro! Tem que corresponder com a realidade, com a atualidade. 
O nome empresarial tem que ser atual. Daí a regra do art. 1.165:
Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, NÃO PODE ser conservado na firma social.
A sociedade tem que mudar sua razão social em razão da morte ou da saída do sócio (isso aparece muito em jornal) porque o nome empresarial tem que corresponder à realidade. Por isso é melhor usar “e companhia”, não precisa ficar o tempo todo alterando, caso haja modificação.
Veracidade significa ter que corresponder com a realidade. Não se consegue fazer o registro de uma padaria com o nome “Drogal” porque esse nome está associado a uma drogaria, farmácia. Isso gera confusão no consumidor.
5.8 NOME EMPRESARIAL É DIREITO DE PERSONALIDADE?
#O nome empresarial é um direito de personalidade? 
O art. 52 do Código Civil estendeu os direitos de personalidade à pessoa jurídica e o nome é um direito de personalidade. Então, para o empresário não é diferente. O nome empresarial é um direito de personalidade, sim! É o que diz a doutrina majoritária.
#O nome empresarial é alienável? 
Quando o examinador faz essa pergunta na primeira fase, não tem outra resposta: a regra do art. 1.164, do Código Civil:
Art. 1.164. O nome empresarial NÃO pode ser objeto de alienação.
Nome empresarial é INALIENÁVEL. 
Entretanto, existe a possibilidade de o adquirente do estabelecimento empresarial continuar usando o antigo nome empresarial do alienante, precedido do seu e com qualificação de sucessor, DESDE QUE O CONTRATO DE TRESPASSE PERMITA. Assim, embora o nome empresarial, em si, não possa ser vendido, é possível que, num contrato de alienação do estabelecimento empresarial (trespasse), ele seja negociado como elemento integrante desse próprio estabelecimento.
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
5.9 AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NOME EMPRESARIAL
Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, A QUALQUER TEMPO, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.
IMPORTANTE!!! “A qualquer tempo”. É isso que cai na prova. Essa ação é IMPRESCRITÍVEL. Essa ação para anulação do nome empresarial é imprescritível. 
6- O ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ou COMERCIAL ou FUNDO DE COMÉRCIO ou HACIENDA ou FUNDO EMPRESARIAL
6.1 CONCEITO
É regulamentado pelo CC do art. 1.142 ao 1.149, apenas. 
IMPORTANTE!!! Estabelecimento é todo COMPLEXO DE BENS organizado para exercício da empresa, do empresário ou por sociedade empresária.
Lembrar!!! O estabelecimento empresarial parece se referir ao imóvel onde o empresário exerce sua atividade. É uma visão equivocada! 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo COMPLEXO DE BENS organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
Então, considera-se estabelecimento todo complexo de bens, mas é um complexo de bens organizado, para exercício da atividade, por empresário, ou por sociedade empresária. A lei não diz que é o imóvel só, mas um conjunto de bens. Como a lei não faz distinção, temos os chamados:
· Bens corpóreos ou materiais – Móveis, utensílios, mercadoria, maquinários, o próprio imóvel, veículos, etc. 
· Bens incorpóreos ou imateriais – Ponto comercial, marca, patente, nome empresarial, são exemplos de bens imateriais.
Então, quando falamos em estabelecimento, significa tudo isso, um conjunto de bens, um complexo de bens. Não é só o imóvel, mas o móvel também, tudo isso organizado para o exercício da empresa.
IMPORTANTE!!! Esse conjunto de bens só vai fazer parte do estabelecimento se esses bens, materiais ou imateriais, estiverem DIRETAMENTE relacionados à atividade empresarial. 
IMPORTANTE!!! Estabelecimento não se confunde com a empresa, uma vez que esta corresponde a uma atividade. Também não se confunde com empresário, já que este é uma pessoa física ou jurídica que explora a atividade empresarial. Também não confundir estabelecimento empresarial com o patrimônio do empresário, só compõe o estabelecimento empresarial aqueles bens que estejam (diretamente) ligados ao exercício da atividade-fim do empresário.
6.2 NATUREZA JURÍDICA DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
Esse conjunto de bens (estabelecimento empresarial) é uma universalidade de fato ou é uma universalidade de direito? A POSIÇÃO MAJORITÁRIA diz que, que estabelecimento é UNIVERSALIDADE DE FATO! 
· Quando a reunião decorre da vontade da lei, é universalidade de direito. Quem reúne os bens é a lei (exemplo: herança e massa falida). Diferente do estabelecimento. 
· A reunião de bens do estabelecimento decorre da VONTADE DO EMPRESÁRIO OU DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA E NÃO DA VONTADE DA LEI. Se for assim, então se trata de uma universalidade de fato. O que da origem ao estabelecimento empresarial, na qualidade universalidade, é a vontade do empresário (não a lei). 
O estabelecimento é UNIVERSALIDADE DE FATO e não de direito. Se estabelecimento é conjunto de bens, uma universalidade de fato, eu pergunto: Será que estabelecimento é sujeito de direito? A resposta está no próprio conceito de estabelecimento: 
“É o complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.”
NÃO É SUJEITO DE DIREITO. Quem exerce a atividade é o empresário ou a sociedade empresária. Então, quem é sujeito de direito nessa história é o empresário individual ou a sociedade empresária. Estabelecimento não é sujeito de direito, mas OBJETO DE DIREITO. Por isso o art. 1.143, do Código Civil, diz que o estabelecimento é objeto unitário de direitos. Para exercer a empresa, precisamos dos bens materiais e imateriais e, portanto, o estabelecimento é objeto de direito nos moldes do art. 1.143, do Código Civil:
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser OBJETO UNITÁRIO DE DIREITOS e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
Translativo está relacionado com transferência (compra e venda). Eu posso comprar ou vender um estabelecimento. E também ele pode ser objeto de negócio jurídico constitutivo, por isso que muitos autores afirmam, inclusive, a POSSIBILIDADE DO PENHOR sobre o estabelecimento comercial. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! O CESPE entende que pode, sim, penhora sobre o estabelecimento comercial (DPE BA). Afinal, o estabelecimento é um OBJETO DE DIREITO (sujeito é o empresário). 
IMPORTANTE!!! O estabelecimento é OBJETO e não sujeito de direito! Pode ser vendido, pode ser arrendado, pode ser dado como usufruto porque ele é OBJETO DE DIREITO. 
6.3 A COMPRA E VENDA DO ESTABELECIMENTO 
TRESPASSE é o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial. 
IMPORTANTE!!! Cuidado com o seguinte caso: a padaria Pão Limitada possui dois estabelecimentos, o Estabelecimento “X” (estabelecimento comercial) e o Estabelecimento “Y” (imóvel qualquer). Se porventura o estabelecimento “X” for vendido, o contrato que se faz é o de trespasse porque o que está sendo vendido é o estabelecimento comercial. Se, contudo, o “Y” não for estabelecimento, mas for só um imóvel e a padaria resolver vender esse imóvel, esse não é um contrato de trespasse, mas um contrato de compra e venda de imóvel.
IMPORTANTE!!! Estabelecimento é diferente de patrimônio. O estabelecimento integra o patrimônio, mas não significa que o estabelecimento é o patrimônio. Nem sempre! Se aquela padaria tem um estabelecimento, mas tem o patrimônio “Y” que não faz parte do estabelecimento (ações da Petrobras, terrenos, gado e etc.), tudo isso faz parte do patrimônio, mas não integra o estabelecimento.Então, não vamos confundir patrimônio com estabelecimento.
IMPORTANTE!!! É CONDIÇÃO DE EFICÁCIA perante terceiros o REGISTRO do contrato de trespasse na junta comercial e a sua posterior publicação. 
Dispõe o art. 1.145 CC sobre a eficácia do contrato de trespasse.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a EFICÁCIA DA ALIENAÇÃO do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
Sendo assim, o empresário que quer vender o estabelecimento comercial deve pagar todas as suas dívidas perante o seus credores, ou deverá obter o consentimento destes (expresso ou tácito). 
IMPORTANTE!!! A legislação falimentar prevê que o trespasse irregular pode ensejar o pedido e a decretação de falência do empresário. 
6.4 A SUCESSÃO EMPRESARIAL
I) Responsabilidade do adquirente
O art. 1.146, do Código Civil trata da sucessão empresarial. Esse artigo diz que o adquirente responde, sim, pelas dívidas anteriores, só que faz uma ressalva. Diz assim: RESPONDE DESDE QUE A DÍVIDA ESTEJA REGULARMENTE CONTABILIZADA. E se não estiver contabilizada? O adquirente não responde. Se estiver contabilizada, ele pode, inclusive, diminuir o valor do que ele iria pagar diante da dívida contabilizada que terá que assumir. 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, DESDE QUE REGULARMENTE CONTABILIZADOS, continuando o devedor primitivo SOLIDARIAMENTE obrigado pelo prazo de UM ANO, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
EXCEÇÃO!!! Essa regra do art. 1.146 não se aplica nos seguintes casos:
· Dívida trabalhista – Neste caso, quem assume as obrigações, mesmo que não contabilizadas, é o adquirente.
· Dívida tributária – Cai na regra do art. 133, do CTN. 
CTN Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, RESPONDE (a regra é sempre responder) PELOS TRIBUTOS, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:
I - INTEGRALMENTE, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;
II - SUBSIDIARIAMENTE com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
Então, para toda dívida que não seja tributária ou trabalhista aplica-se a regra do art. 1.146, do Código Civil. Essa é a responsabilidade de quem comprou.
Atenção!!! A responsabilidade do art. 1.146 do CC é solidária; a responsabilidade do art. 133 do CTN é integral ou subsidiária. 
II) Responsabilidade do alienante
O alienante, nos termos do art. 1.146, responde de forma SOLIDÁRIA. A lei traz um prazo: UM ANO. O alienante responde de forma solidária pelo prazo de um ano. 
Importante saber como é que se conta esse prazo. Depende da dívida:
· Dívida VENCIDA – Neste caso, diz a lei, conta-se um ano da data da publicação. Averbado o contrato de trespasse na junta comercial, vai ter uma publicação na imprensa oficial. Então, é da data da publicação.
· Dívida VINCENDA – se a dívida ainda não venceu, conta-se um ano da data do vencimento.
IMPORTANTÍSSIMO!!! Muita gente acha que esse prazo é de dois anos. Trespasse é diferente de transferir as cotas de uma sociedade. Se sou sócio numa sociedade e transfiro as minhas cotas, eu ainda respondo pelo prazo de 2 anos. Mas esse prazo é para a sociedade, não é para trespasse. O prazo, no caso de TRESPASSE, é de UM ANO!
Art. 1.003. 
Parágrafo único. Até 2 (dois) anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.
6.5 CLÁUSULA DA NÃO CONCORRÊNCIA
Quem vai definir se será possível ou não a concorrência é o contrato de trespasse. O contrato de trespasse vai autorizar ou não a concorrência. 
#E se o contrato for omisso, não fala nada a respeito de concorrência? 
Temos que aplicar uma outra regra que é a do art. 1.147, do Código Civil.
Se eu tenho um estabelecimento, eu, alienante, vendo esse estabelecimento, e o contrato não fala nada a respeito de concorrência, o alienante NÃO pode fazer concorrência para quem comprou pelo PRAZO DE CINCO ANOS. 
Art. 1.147. Não havendo AUTORIZAÇÃO EXPRESSA, o alienante do estabelecimento NÃO pode fazer concorrência ao adquirente, nos CINCO ANOS subsequentes à transferência.
Nada impede que as partes estipulem no contrato de trespasse prazo diverso do que diz o artigo acima.
Diz o art. 1.148, do Código Civil, que haverá uma sub-rogação automática dos contratos. 
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, SE NÃO TIVEREM CARÁTER PESSOAL, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
IMPORTANTE!!! A locação, o mandato são exemplos de contrato com caráter pessoal. Nesse sentido o enunciado 234 do CJF:
ENUNCIADO III JORNADA
234 – Art. 1.148: Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. Fica cancelado o Enunciado n. 64.
O contrato de locação não tem sub-rogação automática porque tem uma regra específica, que é a Lei de Locação, a Lei 8.245/91. E lá no art. 13, da Lei de Locação, essa transferência precisa da autorização do locador. Não podemos falar de sub-rogação automática. O proprietário precisa autorizar essa cessão de locação. Além disso, o contrato de locação tem caráter pessoal (intuitu personae).
Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e escrito do locador. 
§ 1º Não se presume o consentimento pela simples demora do locador em manifestar formalmente a sua oposição. 
§ 2º Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocorrência de uma das hipóteses deste artigo, o locador terá o prazo de trinta dias para manifestar formalmente a sua oposição.
IMPORTANTE!!! Outros contratos, como o de trabalho e o de prestação de serviços específicos, também não se transmitem automaticamente ao adquirente do estabelecimento empresarial trespassado, uma vez que possuem CARÁTER PESSOAL no seu cumprimento. 
De acordo com o art. 1.149, a cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.
6.6 AVIAMENTO
Segundo doutrina majoritária, o AVIAMENTO É O POTENCIAL DE LUCRATIVIDADE DO ESTABELECIMENTO. A reunião de bens, de forma organizada, gera um potencial de lucratividade, ou seja, esse potencial, que é o aviamento, é um ATRIBUTO DO ESTABELECIMENTO. 
Então, o estabelecimento tem um ATRIBUTO que se chama aviamento, que é seu potencial de lucratividade. O aviamento NÃO é, então, elemento integrante do estabelecimento. Ele é inerente ao estabelecimento. Não se pode vender aviamento porque atributo não se vende. 
#O aviamento não significa clientela? 
Está diretamente relacionado à clientela, mas não significa clientela. O potencial de lucratividade vai muito mais além de você definir quem é o cliente. 
Clientela não é elemento de estabelecimento. Não se vende a clientela. O cliente é uma mera situação de fato. É lógico que quanto maior a clientela, maior vai ser o potencial de lucratividade, de aviamento. 
6.7 PONTO COMERCIAL
Ponto comercial é a localização do estabelecimento empresarial. 
Obs. O site de determinadoempresário é o seu ponto empresarial virtual. 
A proteção conferida ao ponto do negócio é caracterizada, basicamente, pela possibilidade de o empresário permanecer no imóvel locado mesmo contra a vontade do locador. A lei confere ao empresário locatário, quando preenchidos certos requisitos, o direito a RENOVAÇÃO COMPULSÓRIA do contrato de aluguel. 
A lei, então, protege o ponto através da chamada AÇÃO RENOVATÓRIA.
6.7.1 A Ação Renovatória
Está prevista na própria Lei do Inquilinato, nos arts. 51 e ss. A ação renovatória tem por objetivo a renovação compulsória, obrigatória, do contrato de locação empresarial. Se o juiz julgar a ação procedente, ele vai renovar aquele contrato de locação comercial, ainda que o proprietário não concorde. 
O objetivo aqui não é proteger nem o proprietário e nem o locatário, mas o ponto comercial. 
Requisitos da ação renovatória - Para você ajuizar a ação renovatória, tem que observar os requisitos do art. 51, Esses requisitos são CUMULATIVOS. 
Art. 51. Nas locações de IMÓVEIS DESTINADOS AO COMÉRCIO, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, CUMULATIVAMENTE: 
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado POR ESCRITO e com PRAZO DETERMINADO;
II - o PRAZO MÍNIMO do contrato a renovar ou a SOMA DOS PRAZOS ININTERRUPTOS dos contratos escritos seja de CINCO ANOS;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no MESMO RAMO, pelo PRAZO MÍNIMO E ININTERRUPTO DE TRÊS ANOS.
Eu preciso de todos eles para ajuizar a ação renovatória. 
· Primeiro Requisito – contrato ESCRITO e com PRAZO DETERMINADO. Se o contrato tem prazo indeterminado não cabe renovatória. Obs. contrato verbal não admite renovatória. A lei fala que o contrato tem que ser escrito!
· Segundo requisito – O contrato, ou a soma ininterrupta dos contratos, tem que totalizar prazo contratual mínimo de cinco anos. Eu posso ter um contrato de cinco anos, assim como posso também ter vários contratos que, se somados deem cinco anos. 
· Terceiro requisito – É necessário que o locatário esteja explorando o mesmo ramo de atividade econômica nos ÚLTIMOS TRÊS ANOS. Eu posso ter um contrato de cinco anos, esse contrato pode ser escrito, mas, se nos últimos três anos de contrato eu não tenho o mesmo ramo de atividade econômica, nesse caso, não dá para falar em ação renovatória.
Entretanto, a própria lei 8245 de 1991, estabelece alguns casos em que o locatário, mesmo tendo preenchido os requisitos que lhe asseguram o direito de inerência ao ponto, não terá assegurado o direito de renovação do contrato de aluguel. Seria a EXCEÇÃO DA RETOMADA. São as seguintes hipóteses.
Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte:
II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar;
III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores;
Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se:
I- por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade;
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.
IMPORTANTE!!! Shopping Center. O entendimento majoritário da doutrina é de que o contrato de shopping center é um contrato atípico misto (natureza jurídica). A legislação admite a propositura de ação renovatória nos contratos de locação de espaços em shopping center. 
CAPÍTULO III
DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL
1- INTRODUÇÃO
O direito de propriedade intelectual é gênero do qual são espécies:
1) O direito do inventor (propriedade industrial), ligado ao direito empresarial;
2) O direito do autor (direito autoral), situado no ramo do direito civil. 
Em comum entre esses direitos tem-se o fato de protegerem bens imateriais. Entretanto, o direito autoral protege a obra em si, enquanto o direito de propriedade industrial protege uma técnica. 
O direito de propriedade industrial é previsto constitucionalmente pelo art. 5º, XXIX da CF:
XXIX - A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
A lei a que se refere o art. 5º, XXIX é a lei nº 9279/96. Esta lei protege quatro tipos de bens, como bens de propriedade industrial:
Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:
I - concessão de PATENTES de invenção e de modelo de utilidade;
II - concessão de registro de desenho industrial;
III - concessão de registro de marca;
IV - repressão às falsas indicações geográficas; e
V - repressão à concorrência desleal.
a) Invenção e modelo utilidade ( Protegidos por patente (I+MU).
b) Desenho industrial e marca ( Protegidos por registro.
A lei de propriedade industrial brasileira segue os preceitos adotados pela Convenção da União de Paris, da qual o Brasil é signatário e membro fundador. Somos, portanto, um país unionista. O art. 3º é uma decorrência de sermos unionistas. 
Art. 3º Aplica-se também o disposto nesta Lei:
I - ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no País por quem tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil; e (princípio da propriedade)
II - aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes. (princípio da assimilação)
IMPORTANTE!!! A LPI considera os direitos de propriedade industrial COISAS MÓVEIS. 
Art. 5º Consideram-se BENS MÓVEIS, para os efeitos legais, os DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. 
2- INPI – INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Quem no Brasil concede os direitos de propriedade industrial, conferindo privilégios e garantias aos inventores e criadores em âmbito nacional, é o INPI, uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. 
Por ser um ente administrativo, as decisões do INPI podem ser revistas pelo poder judiciário (princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional). 
O STJ entende que as ações contra o INPI são de competência da justiça federal (por se tratar de autarquia federal) e devem ser ajuizadas na seção do Rio de Janeiro (sede do INPI). Entretanto, se na ação houver mais de um réu, nos termos do art. 94, §4º do CPC, é possível que o autor prefira demandar no domicílio do outro réu, e não no RJ. 
3- PATENTES
A patente, instrumentalizada através de carta-patente, serve para conferir proteção às invenções e ao modelo-utilidade. 
Lembrar!!! Patente = I+MU IMU
A teor do art. 6º, §2º, a competência para requerer a patente é do: autor do invento ou modelo de utilidade, dos herdeiros ou sucessores desses, do concessionário ou daquele que o contrato de trabalho ou prestação de serviços determinar. 
O §3º trata do invento/MU de autoria coletiva, dizendo que a respectiva patente poderá ser requerida por todos os inventores ou por qualquer deles, isoladamente. Nesse último caso, devem ser nomeados e qualificados os demais, para que seus direitos fiquem resguardados. 
Art. 6º Ao autor de INVENÇÃO ou MODELO DE UTILIDADE será assegurado o direito de obter a PATENTE que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.
§ 2º A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade.

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