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U N O PA R SERV IÇO SO C IA L E PRO C ESSO D E TRA B A LH O Serviço social e processo de trabalho Elaine Cristina Vaz Vaez Gomes Serviço social e processo do trabalho Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Gomes, Elaine Cristina Vaz Vaez ISBN 978-85-8482-872-2 1. Serviço social - Emprego. 2. Assistentes sociais – Descrição ocupacional. I. Título. CDD 361 Vaz Vaez Gomes. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 120 p. G633s Serviço social e processo de trabalho / Elaine Cristina © 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2017 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Tema 1 | O Estado e as mudanças na organização do trabalho Tema 2 | Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais Tema 3 | Políticas sociais, trabalho reflexão do SUAS e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional Tema 4 | Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade Tema 5 | O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade Tema 6 | Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do assistente social 5 21 41 63 81 103 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho4 Neste tema vamos estudar sobre o Estado e as mudanças na organização do trabalho, para tanto é necessário termos a clareza do significado de Estado, bem como das transformações e modificações ocorridas na contemporaneidade, quando o assistente social tem um papel fundamental em sua atividade laborativa. Nesse sentido, devemos conhecer e compreender as mudanças na realidade social, por meio de um senso crítico, divulgando a informação e instigando a produção e a valorização das potencialidades do usuário dos serviços ofertados pelo Estado. Esse é um dos objetivos propostos a serem trabalhados neste tema, sendo assim, é importante iniciarmos com a conceituação de elementos que permeiam a complexidade do Estado, pois esclarecer tais elementos possibilitará a compreensão das mudanças na organização do trabalho do assistente social nesse processo. Convite à leitura T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 5 O Estado e as mudanças na organização do trabalho Nesse primeiro momento, vamos conceituar o que vem a ser o Estado, que pode ser entendido a partir de três concepções: concepção organicista, concepção atomista ou contratualista e concepção formalista, como mostra o Quadro 1.1. Bastos (1995, p. 10) menciona que o Estado é complexo e podemos compreendê-lo da seguinte forma: De acordo com a citação acima, o Estado tem plenos poderes para agir e decidir por todos e suas decisões devem ser cumpridas e não questionadas. A Figura 1.2 retrata a estrutura da sociedade organizada, a forma e o poder de um Estado eclesiástico e civil. Entender o significado do Estado perpassa pela organização da sociedade, das regras, normas, territórios e, ainda, de suas funções, a partir dos três poderes: Legislativo (aquele que estabelece normas de forma geral e organiza o modo de reger a vida na sociedade), Executivo Tema 1 POR DENTRO DO TEMA [...] O Estado é a organização política sob a qual vive o homem moderno. Ela caracteriza-se por ser a resultante de um povo vivendo sobre um território delimitado e governado por leis que se fundam num poder não sobrepujado por nenhuma externamente e supremo internamente. Quadro 1.1 | Concepções do Estado Concepção Conceito Organicista O Estado é independente dos indivíduos e anterior a eles. Atomista ou contratualista O Estado é criação dos indivíduos. Formalista O Estado é uma formação jurídica. Fonte: adaptado de Abbagnamo (2014, p. 423). T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho6 (a organização e a tradução do ato do homem individual, ex.: tributos) e Judiciário (administração de conflito, quando a lei não é aplicada ou o quando ocorrem polêmicas). Observa-se que para compreensão da temática é necessário esclarecer alguns elementos. Para facilitar a assimilação sobre o Estado, vamos relembrar alguns conceitos importantes e suas diferenças. Quadro 1.2 | Conceitos importantes Elemento Conceito Território Base geográfica do Estado. Toda parte sólida do globo terrestre é ocupada por Estados, com exceção da Antártida. O território é o elemento material do Estado. Povo Conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado. Assim, o povo é o seu substrato. Não pode, obviamente, existir Estado sem povo. Por isso, elencamos o motivo da nacionalidade ser um vínculo jurídico, uma vez que é o que leva alguém a fazer ou não parte do chamado Estado de direito. Poder Consiste na faculdade do cidadão expressar suas vontades e desejos. Fonte: adaptado de Bastos (1995). Você pode até pensar que os conceitos descritos no Quadro 1.2 não têm relação com sua profissão. Digo que verá, ao longo de nossos estudos, que cada vez mais é um engano pensar que a prática é mais importante que a teoria. Perceberá também que sem a compreensão de tais elementos é difícil entender a sociedade, tal embasamento nos dará condições para realizarmos uma práxis profissional, e não uma prática rasa, por isso, sempre é necessário em nossos estudos trazer o significado de conceitos que contribuirão para a compreensão do Estado de forma mais ampla. Entender a concepção de Estado nos dará condições de assimilar as relações sociais que permeiam a sociedade, pois o ser humano vive em comunidade, a partir de regras e normas que estabelecem a forma do homem viver em grupo. Figura 1.1 | Leviatã (força e ostentação do Estado) Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado#/ media/File:Leviathan_by_Thomas_Hobbes. jpg>. Acesso em: 11 jun. 2016. T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 7 Nesse sentido, sociedade “vem a ser toda forma de coordenação das atividades humanas objetivando um determinado fim e regulada por um conjunto de normas” (BASTOS, 1995, p. 1). Na concepção do Serviço Social, ambas estão sempre intrinsicamente relacionadas. Conforme Mota (2009), entender sobre sociedade civil é compreender que ocorre uma inesperável relação entre sociedade e Estado, a partir do entendimento da sociedade política, ambas se separam apenas em seu conceito, pois a compreensão de sua totalidade nos permite entender o conceito de amplitude de Estado. Vamos buscar entender que nas relações sociais ocorrem a disputa e o antagonismo entre capital e trabalho, e se configuram as diferenças entre classes no cenário de nossa sociedade. Essas questões estão impostas no cotidiano da vida social. As relações e mudanças existentes no mundo do trabalho ocorrem devido ao sistema imposto pelo capitalismo, que rege a organização do mundo do trabalho, e entender esse arcabouço é complexo, então vamos aprofundar a discussão a partir do conceito de trabalho. O trabalho se origina do latim que significa labuta, que pode ser atividade intelectual, ocupação ou esforço. Nesse sentido, Antunes (2011) menciona que tripálio foi um instrumento que significava dor, pois era feito de três paus e foi utilizado como instrumento de tortura na época da escravidão (veja uma representação na Figura 1.2). No contexto de instrumento de trabalho, foi utilizado por agricultores para bater o trigo. A categoria trabalho, a partir da reflexão Marxista, é entendida por meio da teoria econômicada obra O Capital, na qual encontramos que o trabalho é indispensável na vida do ser humano, isto é, em qualquer Figura 1.2 | Tripalium Fonte: <https://goo.gl/JsquKb>. Acesso em: 11 jun. 2016. O termo trabalho é originário do latim tripalium, que designa instrumento de tortura. Por extensão, significa aquilo que fatiga ou provoca dor. Na etimologia da palavra tripalium (Tri = três, palum = pau) é um instrumento romano de tortura formado por três estacas cravadas no chão, no qual eram supliciados os escravos. Assim surge o verbo tripaliare (ou trepaliare), que significa, inicialmente, torturar alguém no tripalium. T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho8 sociedade. Nesse contexto ocorre a disputa, a concorrência, a mais- valia, o consumo e a mercadoria no processo de compra e venda. Tais relações passam constantemente por mudanças ao longo da história do homem em sociedade. Você com certeza já ouviu falar das propostas oriundas dos modelos de produção no mundo do trabalho, a partir do processo de industrialização. O sistema de organização do trabalho consiste basicamente nos modelos clássicos. Vemos de forma resumida, a partir das contribuições de Behring e Boschetti (2008) e Antunes (2011), as diferentes concepções sobre esses modelos: - O modelo Fordista foi criado pelo norte-americano Henry Ford, é um modelo de produção em massa de um produto, inicialmente implantado na indústria automobilística. Também visa aumentar a produção através do desenvolvimento da eficiência para baixar o preço do produto, resultando no crescimento das vendas que, por sua vez, permitiria manter baixo o preço do produto. - O Taylorismo visa ao aumento da produtividade, nesse contexto, aumentar o lucro das empresas é uma forma de gestão nas indústrias, em que a dinâmica na atividade laborativa é alargar a produtividade. - O Toyotismo visa à valorização do trabalho em equipe, da qualidade no e do trabalho, da multifuncionalidade, da flexibilização e da qualificação do trabalhador. Foi criado no Japão, após a Segunda Guerra Mundial, e é voltado para a produção de mercadorias. Curiosidade! Você sabia que o tema acima tem sido cada vez mais utilizado no ENEM e outras provas? O Fordismo foi mencionado na questão 53 do Vestibular da UERJ, que você pode observar na Figura 1.3, em que foi apresentada uma imagem do trabalho repetitivo, uma das características do modelo fordista de produção em uma forma de organização fabril, no início do século XX. A questão 53 do Vestibular da UERJ de 2011, do 1° Exame de Qualificação, coloca em contexto a obra de Andy Warhol, o que ajuda T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 9 a explicar o consumo como um tema importante em seus trabalhos. Observamos que o modelo fordista vislumbra a produção em série. Assim, os modelos sempre visam normatizar a forma de gestão que garante a sustentação do modelo capitalista. O livro Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de John Maynard Keynes, destaca que esse modelo capitalista tem relação direta com o Estado de que temos falado até agora. A Teoria Keynesiana, ou Keynesianismo, é o modelo de gestão que mais defendeu a intervenção do Estado na economia. O Estado passa a ser o agente indispensável de controle da economia, visando também assegurar um sistema de pleno emprego. As teorias mencionadas oportunizaram o desdobramento e a renovação de uma nova teoria, bem como a reformulação da política de livre mercado. Podemos observar que estão em curso mutações no mundo do trabalho como expressão do processo de reorganização do capital através da implantação dos modelos de produção já explanados. Tais mudanças acontecem a partir da década de 1980, ocasião em que surgem as tecnologias robóticas e microeletrônicas, que regem as formas de operacionalização nas indústrias, por isso, nesse período o homem é substituído pelas máquinas. Antunes (2011, p. 23) esclarece que essas mudanças e transformações “invadiram o universo fabril, inserindo-se e desenvolvendo-se nas relações de trabalho e de produção do capital”. Figura 1.3 | Trabalho repetitivo Fonte: adaptado de: <http://migre.me/wynUu>. Acesso em: 11 jun. 2016. Andy Warhol (1928 - 1987) é um artista conhecido por criações que abordam valores da sociedade de consumo, em especial, o uso e o abuso da repetição. Esses traços estão presentes, por exemplo, na obra que retrata as latas de sopa Campbell’s, de 1962. T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho10 Acrescenta o autor que os modelos mencionados já não são únicos, eles vão se mesclar com outros modelos produtivos, tais como neofordismo, neotaylorismo pós-fordismo até o kamarianismo, todos são modelos de gestão no mundo do trabalho, cuja evolução pode verificar-se na Figura 1.4. Figura 1.4 | Evolução da produtividade Fonte: <http://www.pucsp.br/~diamantino/Ind.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016. Conhecermos tais conceitos nos auxilia a compreender o processo da reorganização da economia política introduzida pelo neoliberalismo, o qual é ponto de discussão do nosso próximo tema. No Livro-Texto da disciplina você verá, conforme aponta Almeida (2007), que a reorganização do processo econômico na dinâmica do capitalismo ocorre quando há queda do capitalismo e este precisa de uma reestruturação para sua manutenção. Esclarece o autor que tal queda dos capitalistas acontece quando os empresários não têm o lucro esperado com a venda de mercadorias, isto é, com a diminuição relevante na taxa de lucros. Para compreensão dessa dinâmica, vamos conceituar alguns elementos essenciais desse processo. Konder (1981), ao realizar uma análise econômica de Marx, menciona que nas relações sociais existe o valor de uso e o valor de troca. Para um objeto ter o valor de troca é preciso que tenha valor de uso, isto é, que alguém o considere útil e esteja interessado em comprá-lo. Podemos ver essa dinâmica em nosso cotidiano, na oferta e procura, em que os preços são variados. Vemos o valor expresso pela pecúnia, ou seja, o valor da moeda por meio do dinheiro, do lucro expresso pela mais-valia, que é a forma cristalizada por meio do lucro, juro, rendas, bem como do tempo de trabalho não pago. Para Marx (2013), a fonte básica do valor não é a circulação do dinheiro, e sim o trabalho humano. A estrutura econômica da sociedade T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 11 burguesa é a forma de mercadoria. “A mercadoria é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas” (MARX, 2013, p. 57). Explanando sobre o trabalho humano, Konder (1981 p. 137) esclarece que: Konder (1981) esclarece que o capitalismo foi e é o regime que mercantilizou a vida humana, pois nesse sistema os burgueses, isto é, os donos dos meios de produção, necessitavam do proletário para produzir. O trabalhador, via de regra, não consegue vender aos empresários o produto de seu trabalho, pois os proletariados não têm os meios técnicos que permitem reconhecer-se no produto final. Assim, quanto maior for a utilidade de determinada coisa ou objeto, maior é o valor de uso, este valor de uso é constituído pelo consumo e sua utilização. Harvey (2013, p. 25) menciona que para entender o modelo capitalista temos, a priori, que compreender que a mercadoria é o ponto de partida, é “a riqueza das sociedades nas quais reina o modo de produção capitalista, pois aparece como uma enorme coleção de mercadorias”. De acordo com Harvey (2013), a mercadoria está presente nas relações sociais independentemente das classes sociais, das quais fazemos parte. O autor acrescenta que: [...] O Trabalho humano, como criador de valores de uso, é uma condição da existência em geral, uma necessidade que está presente em todas as formas de organização da sociedade: ele existia na sociedade primitiva, continuou a existir nas sociedades escravistas ou feudais, existe nas sociedades capitalistasou socialistas e prosseguirá existindo no comunismo. O trabalho, portanto é indispensável a vida de qualquer sociedade humana. [...] A forma mercadoria é uma presença universal no interior do modo de produção capitalista. Marx escolheu o denominador comum, algo familiar e comum a todos nós, sem distinção T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho12 Nesse contexto ocorre o antagonismo entre o binômio capital e trabalho. Esclarecer tais elementos nos possibilita entender que nos modelos mencionados, no processo da organização do trabalho, sempre observamos que o objetivo se expressava no aumento da produtividade, justamente pelo sistema inerente ao capitalismo, que não prevê transformação social, empoderamento, e sim a ideologia que garanta a manutenção do sistema capitalista, conforme você pode verificar no Quadro 1.3. Quadro 1.3 | Principais diferenças entre os modelos FORDISMO TAYLORISMO Você com certeza já ouviu falar do carro Ford. Este faz parte de uma empresa pioneira em veículos, a Ford, criada no começo do século XIX. Henry Ford foi o inventor do primeiro carro comercial e também o criador de um sistema de produção moderno chamado de produção em massa. O que chamamos hoje de taylorismo é um modelo de administração desenvolvido por um engenheiro norte-americano, Frederick Taylor. Este é considerado o pai da administração científica e um dos primeiros sistematizadores da disciplina científica no meio da administração de empresas. Na produção de Henry Ford cada pessoa devia fazer uma parte do produto. Uma pessoa apenas colocava os botões, outra apenas colocava as calotas, outra apenas as rodas, e assim por diante. Esse sistema de produção é usado até hoje não apenas na fabricação de carros, mas para todos os outros itens fabricados no mundo. O sistema do taylorismo tem como base a execução de tarefas de forma a aumentar a eficiência do resultado operacionalmente. É encontrar formas de trabalhar melhor para potencializar o resultado. Fonte: adaptado de Boschetti (2008) e Antunes (2011). Tanto o taylorismo quanto o fordismo tinham como objetivos a ampliação da produção em um menor espaço de tempo e dos lucros dos detentores dos meios de produção, através da exploração da força de trabalho dos operários. O sucesso desses dois modelos fez com que várias empresas adotassem as técnicas desenvolvidas por Taylor e Ford, sendo utilizadas até os dias atuais por algumas indústrias. Nas Figuras 1.5 e 1.6 destaca-se a divisão do trabalho, conforme o Fordismo. A Divisão do Trabalho é destacada na Figura 1.5, com alguns exemplos do modelo de Henry Ford que ressaltam a forma de de classe, raça, gênero, religião, nacionalidade, preferência sexual ou que for. Tomamos conhecimento das mercadorias de maneira cotidiana e, além disso, elas são essenciais a nossa existência: de comprá-las para viver (HARVEY, 2013, p. 26). T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 13 reorganização da indústria, isto é, da fábrica. Cada função foi dividida em partes muito menores, para que cada etapa da produção pudesse ser padronizada e acelerada. Entender esses dois modelos e as mudanças que ocorreram e ocorrem na organização do mundo do trabalho é o ponto inicial para assimilarmos a teoria do Estado de Bem-Estar Social, bem como as lutas de classes e necessidades sociais repercutidas nas políticas sociais, que elucidaremos em nosso próximo tema. O filme Tempos Modernos mostra a fase industrial do capitalismo na qual a doutrina liberal começava a apresentar sinais de superação. Ele apresenta uma visão da luta entre o sindicalismo democrático e o neoliberalismo e foca a vida na sociedade industrial caracterizada Figura 1.5 | Divisão do trabalho Fonte: <http://migre.me/wynZi>. Acesso em: 11 jun. 2016. Uma pessoa, fazendo todas as cinco etapas requeridas na manufatura de um carro produz apenas uma unidade. Cinco pessoas, cada uma especializada em uma das cinco etapas, podem fazer dez unidades ao mesmo tempo. Figura 1.6 | Linha de montagem da Ford Fonte: <http://www.pucsp.br/~diamantino/Ind.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016. Quadro 1.4 | Diferença entre Liberalismo e Neoliberalismo LIBERALISMO NEOLIBERALISMO O que é liberalismo? Durante muitos anos Igreja, Estado e economia foram uma coisa só. O liberalismo é uma ideologia que incentiva as pessoas a terem seus pensamentos, teorias e crenças próprias. Não mais seria o Estado a controlar as crenças de cada um, mas sim cada um que teria a liberdade de escolha sobre o que fazer com suas economias, o que seguir e o que pensar. O que é neoliberalismo? Neoliberalismo é a política de não participação do Estado na economia. Hoje no sistema capitalista muitos Estados participam abertamente do controle da economia, principalmente nas economias mais fechadas, nas ditaduras. O neoliberalismo promove uma participação mínima ou ausente do Estado na economia, tanto do Estado como um todo como nos investimentos individuais. Contudo, pode haver uma regulação de órgãos econômicos para manter a estabilidade da economia. Fonte: adaptado de Almeida e Alencar (2011). T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho14 pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. O filme ainda trata das desigualdades entre a vida dos pobres e das camadas mais abastadas, sem representar, contudo, diferenças nas perspectivas de vida de cada grupo. Mostra ainda que a mesma sociedade capitalista que explora o proletariado, alimenta todo o conforto e a diversão da burguesia. Almeida e Alencar (2011 ) trazem reflexões sobre as relações entre trabalho e o serviço social. Nesse sentido é certo que o tema propiciará elucidações que contribuirão em sua trajetória acadêmica, em sua formação. Para complementar sua leitura, confira o glossário que foi preparado para tirar suas dúvidas e para ampliar seus conhecimentos, responda aos exercícios propostos, consulte as páginas indicadas e, na sequência, daremos continuidade aos estudos, por meio do tema intitulado: Neoliberalismo, Políticas Públicas e as classes Sociais. Bons estudos! Figura 1.7 | Cena do filme Tempos Modernos Fonte: <http://migre.me/wyoaS>. Acesso em: 11 jun. 2016. Estado e Políticas (Públicas) Sociais • Leia o texto Estado e Políticas (Públicas) Sociais, de Eloisa de Mattos Höfling. Aprofunde seus conhecimentos sobre o Brasil e as políticas públicas. Esse texto tem o objetivo de trazer elementos que contribuam para a compreensão de Estado e política social e da relação destes com diferentes visões de sociedade, citando autores que se aproximam da abordagem marxista e da neoliberal. Disponível em: <https://goo.gl/2LXDPj>. Acesso: em 13 maio 2016. Uma análise das condições de vida da população brasileira • Conheça os relatórios do PNAD, com números e análises sobre a realidade socioeconômica brasileira. Atualize-se sobre os dados, ACOMPANHE NA WEB T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 15 os indicadores que são fornecidos pelo IBGE acerca da realidade brasileira. Esses indicadores seguem recomendações internacionais e servem como parâmetros para conhecimento da situação brasileira, contribuindo para as modificações nos perfis social, demográfico e econômico da população, com dados relevantes a para nossa sociedade. Disponível em: <https://goo.gl/SUDpKp>. Acesso em: 13 maio 2016. Estado, Capitalismo, Classes e Políticas Sociais • Assista ao vídeo com trechos da palestra do Prof. Márcio Pochmann, doutor em Economia, ao Centro Celso Furtado, em 2014. Aqui, ele faz uma rápida análise sobre o redescobrimento das classes sociais e das novas estruturas sociais dos ‘centros’ e ‘periferias’ do capitalismo globalizado. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=WGLG7ZDqI4k>. Acesso em: 13 maio. 2016. Tempo: 12:52 min. José Paulo Netto: “Crise do capital e suas consequências societárias” • Assista ao vídeoda palestra de José Paulo Netto, realizada no 5º Seminário Anual de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora. Nesse vídeo, ele faz uma análise da recente crise da economia capitalista, como o prefácio de uma crise da ordem do capital. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v= ZRlfA5QyIk>. Acesso em: 14 maio. 2016 Tempos Modernos (Modern Times). Charles Chaplin. EUA, 1936 • Assista ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, e faça uma reflexão sobre o conceito da teoria científica, objetivando compreender o contexto e a realidade da época. Sinopse retirada do site Adoro Cinema: Charles Chaplin é o diretor e a estrela principal do filme, ele é um operário de uma linha de montagem, que testou uma “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho16 e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não têm mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar. Ano de produção: 1936. Disponível em: <http:// www.adorocinema.com/filmes/filme-1832/trailer-19541259/>. Acesso em: 11 jun. 2016. Tempo do trailer: 1:58 min. Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. 1. Entende-se por Nação um grupo de indivíduos que possuem vínculo socioeconômico e político, dentro de um território, pessoas que possuem uma identidade comum. O que mais esse conceito abrange. 2. O ser humano, vive em comunidade, a partir de regras e normas que estabelecem a forma do homem viver em grupo. Nesse sentido, o que vem a ser Sociedade? 3. Konder (1981 p. 137) esclarece sobre o trabalho humano, como criador de valores de uso, é uma condição da existência em geral, uma necessidade que está presente em todas as formas de organização da sociedade. Desde quando o trabalho humano existe? 4. O trabalho se origina do latim que significa labuta, que pode ser atividade intelectual, ocupação ou esforço. Nesse sentido, Antunes (2011) menciona que tripálio foi um instrumento que significava __________. Complete a lacuna conforme as alternativas a seguir. a) Diferenças de classes e organização do trabalho. b) Ação social, capital e trabalho em Marx. c) Luta de classe e estratificação social em Marx. d) Organização do trabalho e prazer em Marx. e) Tortura, um tripé de três pontas utilizado para castigar. 5. (ENADE, 2010 – adaptado) Os estudos de Antunes (2001) acerca da AGORA É A SUA VEZ T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 17 centralidade das transformações no mundo do trabalho esclarecem aspectos fundamentais da influencia toyotista e do processo de mundialização no setor produtivo. a) A utilização do trabalho de imigrantes, negros e crianças. b) A articulação do trabalho industrial com o setor de serviços. c) O aumento progressivo do trabalho feminino no interior da classe trabalhadora. d) A incorporação de trabalhadores de diversas partes do mundo no processo de produção e de serviços. e) A ampliação das empresas multinacionais nos países “pobres” como estratégia de exploração de mão de obra barata. Observamos que é necessário entender a organização do sistema capitalista quando consideramos a concepção de Estado. Observa-se que tal funcionamento é independente de nossa profissão, o sistema organiza o Estado, que organiza a política pública e o homem em sociedade, por meio das legislações, vivendo sobre um território delimitado e governado por tais leis, que regem todo o povo, independentemente de suas diferenças. As expressões da questão social se apresentam por meio do antagonismo entre capital e trabalho, lutas de classes, mais-valia pobreza, dentre outros. É necessário que o profissional do serviço social entenda o tema proposto, o qual nos dá condições de conhecer o desafio de propiciar e instigar a transformação social, isto é, permitir ao cidadão condições de ter sua autonomia e empoderamento em tal contexto. FINALIZANDO ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Editora Wmf Martins Fontes, 2014. ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho. Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade no mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2011. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1995. BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: Fundamentos e história. 5. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2008. v. 2. REFERÊNCIAS T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho18 BENEDETTI, Cláudia Regina. Estado, neoliberalismo e políticas públicas. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. p. 1-61. Disponível em: <http://anhanguera.com>. Acesso em: 3 mar. 2014. BUENO, Silveira. Minidicionário da Língua Portuguesa. Edição Atualizada. São Paulo: FTD, 1996. DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/>. Acesso em: 15 abr. 2016. HARVEY, David. Para entender o Capital. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013. HÖFLING. Eloisa de Mattos. Estado e Políticas (Públicas) Sociais. Cadernos Cedes, ano XXI, n. 55, novembro/200. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/ v21n55/5539.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2016. 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Capital: Dinheiro que constitui o fundo de uma indústria ou de um rendimento; valores, dinheiro, numerário; aquilo que constitui fundo ou valor, suscetível de produzir lucros ou vantagens; fortuna. Empoderamento: Dar ou adquirir poder ou mais poder. Marxista: Relativo ao marxismo, que é o sistema das teorias filosóficas, econômicase políticas de Karl Marx. Proposta: Proposição, determinação. Tripálio: É um instrumento romano de tortura, um tripé formado por três pontas enterradas no solo em forma de uma pirâmide, utilizadas para castigar os escravos. GLOSSÁRIO T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais20 Neste tema vamos explicitar sobre: neoliberalismo, políticas públicas e as classes sociais, assim conceituaremos o termo neoliberalismo, deste modo o tema dará subsídios para a compreensão da diferença elementar de políticas públicas e políticas sociais, conforme a especificidade e o direcionamento do modelo de gestão e as legislações da política social trabalhada, bem como, as diretrizes as quais embasam e fundamentam a prática profissional do assistente social. Você também verá o conceito de liberalismo que permeia esse cenário e compreendendo tais elementos e concepções o tema proporcionará o aprofundamento e o entendimento mais amplo do antagonismo existente entre as classes sociais. Assim convidamos você a ficar por dentro do assunto que trataremos a seguir. Boa Leitura! Convite à leitura T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 21 Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais Você iniciará a leitura a partir do conceito de Neoliberalismo que segundo Abramides e Cabral (2003) para compreender a concepção neoliberal na modernidade é necessário entender que tal conceito é inerente ao sistema capitalista que prevê acumulação do capital, e esta impacta nas relações sociais. Sendo Assim, o neoliberalismo é a política de não participação do Estado na economia. Ele promove uma participação mínima ou ausente do Estado no sistema econômico como um todo e nos investimentos. Assim, conta com a participação da sociedade civil nos investimentos sociais. As mesmas autoras Abramides e Cabral (2003) ainda esclarecem que para entender o neoliberalismo é necessário compreender que as reformas neoliberais têm transferido e/ou dividido suas ações para o chamado terceiro setor, instituindo a este a função de dar respostas às diversas expressões da questão social. Isto é, a sociedade civil, também corrobora para que o Estado não seja o responsável pelas políticas públicas e sociais e passe ter o interesse no campo do capital, para manutenção da ideologia do sistema capitalista. Terceiro setor é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A palavra é uma tradução de Third Sector, um vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para definir as diversas organizações: de Primeiro setor - (Público, Estado); Segundo setor (Privado, Mercado) e o Terceiro Setor (Sociedade Civil). Primeiro setor Segundo setor Terceiro setor ??? Tema 2 POR DENTRO DO TEMA T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais22 Então, você pode estar pensando o que é liberalismo e qual sua relação com o neoliberalismo e o terceiro setor? Para compreendermos a temática vamos trazer alguns esclarecimentos a partir de Faleiros (2009, p. 118): As afirmações de Smith apresentam uma proposta de interesse da classe dominante representada pela burguesia. A essência da vertente é de uma ideologia que incentiva as pessoas a entenderem que o direcionamento de sua vida, teorias e crenças próprias, não tem relação com a conjuntura e cenário social em que vivemos, isto é, não mais seria o Estado a controlar as crenças de cada um, como acontecia nos primórdios e sim cada um que teria a liberdade de escolha sobre o que fazer com suas economias, religião etc. Entretanto, o pano de fundo da proposta é ajustar o homem à sociedade, isto é, a manutenção do sistema capitalista a partir do princípio que o indivíduo está desajustado ao sistema e o “problema” não é do sistema e sim do indivíduo. Veja a seguir o esclarecimento de Faleiros (2009 p. 119): Assim, no contexto liberal surgem as práticas filantrópicas por meio do neoliberalismo e a participação da sociedade civil. [...] Adam Smith, o pai do liberalismo econômico, concebia o êxito social como um assunto puramente individual, dependendo da inteligência e das habilidades do indivíduo. Dizia que as duas circunstâncias que trazem consigo a riqueza são: a habilidade, a destreza e a inteligência que se põe na aplicação de um trabalho, e a proporção que encontramos entre aqueles que estão ocupados em um trabalho útil e os que não estão. Um pouco mais adiante afirmava “Se um operário é sóbrio e trabalhador, pode gozar de um certo bem-estar na vida”. [...] A prática liberal filantrópica considera-se problema o desajustamento à sociedade estabelecida. As interferências para interpretá-lo deveriam encontrar na história pessoal de cada indivíduo, em suas relações com outros membros de sua família, ou com as instituições da comunidade. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 23 Lembrando! • O liberalismo setorializou a sociedade e propiciou instituições populares de governo e representação democrática, promovendo a exclusão social, seja porque sua principal característica consiste na separação entre a atividade política governamental e as ações localizadas na sociedade, seja porque vem acompanhado de um liberalismo econômico descomprometido com o bem-estar social, em decorrência de sua crença na autorregularão do mercado (GABARDO, 2003). • O neoliberalismo tenta substituir essa sociedade por outro tipo, que estimule a eficiência, a competitividade e o individualismo. Ela valorizaria tudo o que é privado, alcançado à custa da esfera pública. O interesse público desaparece ou fica gravemente enfraquecido (SUNKEL, 1999). Existem várias definições encontradas sobre o terceiro setor, mas Salamon e Anheier (1992) propõe a definição estrutural/operacional, composta por cinco atributos estruturais ou operacionais que distinguem as organizações do terceiro setor de outros tipos de instituições sociais (Figura 2.1), que é amplamente utilizada como referência, inclusive por organizações multilaterais e governos. Evidencia-se o quadro acima que o terceiro setor infere-se, na análise, que a sociedade articula em diferentes setores, visando atender direitos sociais básicos e combater a exclusão social. Figura 2.1 | Atributos estruturais ou operacionais 1. Formalmente constituídas Alguma forma de institucionalização, legal ou não, com um nível de formalização de regras e procedimentos, para assegurar a sua permanência por um período mínimo de tempo. 2. Estrutura básica não governamental São privadas, ou seja, não são ligadas institucionalmente a governos. 3. Gestão própria Realiza sua própria gestão, não sendo controladas externamente. 4. Sem fins lucrativos A geração de lucros ou excedentes financeiros deve ser reinvestida integralmente na organização. Estas entidades não podem distribuir dividendos de lucros aos seus dirigentes. 5. Trabalho voluntário Possui algum grau de mão de obra voluntária, ou seja, não remunerada ou o uso voluntário de equipamentos, como a computação voluntária. Fonte: adaptado de Salamon e Anheier (1992). T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais24 A composição do terceiro setor é realizada por meio de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela participação voluntária, de natureza privada, não submetida ao controle direto do Estado, podendo ter práticas tradicionais da caridade, da filantropia, trabalhando para realizar objetivos sociais ou públicos, proporcionando à sociedade a melhoria na qualidade de vida por meio de projetos e programas que visam o atendimento na área da saúde, da cultura, esporte, campanhas educacionais, entre tantas outras atividades de caráter social existentes nas políticas sociais. Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele estão vinculadas, mas se revestem de caráter público na medida em que se dedicam a causas e problemas sociais, que apesar deserem sociedades civis privadas, não têm como objetivo o lucro, e sim o atendimento das necessidades da sociedade. Na Figura 2.2 observamos que o terceiro setor não é público nem privado, mas sim uma junção (podemos ver no ponto de intersecção dos círculos) do setor estatal e do setor privado para uma finalidade maior, de suprir a ausência do Estado, que tem responsabilidade propor por meio das políticas públicas e ações sociais, em uma relação de parceria com a sociedade civil organizada. A estrutura da sociedade demonstrada na Figura 2.2 indica o Estado (primeiro setor), o Mercado (segundo setor) e Organizações da Sociedade Civil que atuam sem finalidade de lucro com atuações de interesse público (terceiro setor). Sendo assim, o Estado atua na esfera pública estatal, o Mercado na esfera privada e o Terceiro Setor na esfera pública não estatal. Na Figura 2.3 apresentamos um exemplo da representação da Sociedade Civil, chamado de Terceiro Setor, que pode ser considerada como vimos anteriormente, um conjunto de agentes privados com fins públicos, pois atende área pública, cujos programas, projetos e Figura 2.2 | Os três grandes setores da sociedade Primeiro setor Estado Terceiro setor Sociedade civil Segundo setor Mercado Fonte: elaborado pela autora. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 25 ações têm como objetivo atender direitos sociais básicos e combater a exclusão social nas diversas áreas das políticas sociais seja saúde, assistência social, habitação, meio ambiente, criança e adolescente, mulheres, idosos, dentre outros segmentos das políticas sociais. Deste modo, é necessário entender que as políticas públicas são macro, abrangentes, isto é, todas as políticas sociais fazem parte das políticas públicas. Já as politicas sociais são caracterizadas por segmento, por exemplo, políticas do idoso e suas legislações, da criança e adolescente sua legislação o Estatuto da Criança e do Adolescente, por exemplo etc. Ressalta-se que a sociedade civil pode atuar nas políticas sociais por meio do chamado terceiro setor. O terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público. São as instituições que financiam o terceiro setor, fazendo doações às entidades beneficentes. Fiori (1997, p. 14 apud CARINHADO, 2008, p. 39) destaca que o neoliberalismo iniciou-se no Brasil no governo Collor (1990-1992): No início de 1990, o Brasil passava por desafios e contradições centradas [...] O Brasil, objeto de nosso interesse maior, foi apresentado às políticas neoliberais a partir do governo Collor, mas somente com eleição de Fernando Henrique Cardoso e o Plano Real – constituído na administração Itamar Franco – que o aplicou seus ditames no Estado Brasileiro. Segundo Fiori, FHC é que foi concebido para viabilizar no Brasil a coalizão de poder capaz de dar sustentação e permanência ao programa de estabilização do FMI, e viabilidade política ao que falta ser feito das reformas preconizadas pelo Banco Mundial. Figura 2.3 | Organizações que compõem o Terceiro Setor da sociedade Terceiro setor OSCIP Entidade filantrópicas, OSCIP (Organização da sociedade civil de interesse público) Organizações sem fins lucrativos e outras formas de associações civis sem fins lucrativos ONGs (Organizações não governamentais Fonte: elaborado pela autora. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais26 num regime de altíssima inflação e incertezas quanto à condução política que seria tomada para uma nova tentativa de redução desse fenômeno econômico. Nessa definição, buscou-se uma forma que equalizasse e acrescentasse a economia e, simultaneamente, abrisse espaço para um novo caminho para a acumulação de capital para o país. Assim, o neoliberalismo incentiva a participação da sociedade através da denominada responsabilidade social, assumindo o atendimento a questões voltadas à urgências e necessidades sociais, que se expressam por meio do objeto de estudo do Serviço Social, ou seja, a questão social e suas variadas formas de expressão, a violência, pobreza, fome, miséria, a exclusão social dentre outras, nas diferentes áreas das políticas públicas. Então nesse contexto temos as políticas sociais no âmbito das políticas públicas. Quando pensamos em política pública podem surgir equívocos entre alguns elementos: a Assistência Social, um termo muito usado na área social, o Serviço Social e o Assistencialismo. O que acontece algumas vezes é a confusão entre eles. A Figura 2.4 a seguir, apresenta a diferença entre estes três termos. Figura 2.4 | Diferença entre serviço social, assistência social e assistencialismo Fonte: elaborado pela autora. Percebeu o quanto é importante entender a diferença da Assistência, Assistencialismo e do Serviço Social, no âmbito das políticas sociais? Serviço Social Assistência Social Assistencialismo É uma profissão reconhecida por Lei. A Lei Nº 8662 de 7 de Junho de 1993 que regulamenta a profissão do assistente social. Dessa forma, o Serviço Social é uma profissão que requer formação superior e que tem como áreas de atuação a assistência, a saúde, a educação, habitação, dentre outros, podendo ser em órgãos públicos ou privados. É uma Política Pública, conforme Constituição Federal de 1988 em seu Artigo de número 194 ao lado da saúde e da previdência social é o tripé da Seguridade Social. A referida Constituição reservou um Artigo para descrever a respeito dessa política pública, como a saúde, a previdência social e a educação. Assim, o Artigo 203 da Constituição federal trata especificamente da Assistência Social, especificando que ela será prestada a quem dela necessitar, independente de contribuição à seguridade social e tem por objetivos, proteger, amparar, promover, habilitar e reabilitar, além de garantir o pleno exercício da cidadania. É uma forma de atuação, em que o enfoque não é a transformação social no sentido de propiciar a autonomia do cidadão e sim o paternalismo, atuar com foco na caridade, na benemerência, no amor ao próximo como foi nos primórdios da profissão, em meados nos anos 1930 com a influência da igreja. Lembre que o assistente social pode atuar em diversas áreas do Serviço Social, desde que tenha formação superior. Quando não tem formação superior, a pessoa estará realizando o assistencialismo. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 27 Então vamos continuar! Origem do Serviço Social Breve Histórico A origem histórica do Serviço Social é marcada por benemerência, paternalismo, filantropia o que proporcionou o rótulo de que esta é uma profissão para atender aos pobres. É uma profissão que nasce nos anos 1930 no século XX, sob a influência do Serviço Social europeu (GOMES, 2006). Mestriner (2001) afirma que, no Brasil, filantropia e benemerência são tratadas como sinônimos e escondem de fato a relação estado-sociedade. É responsabilidade de o Estado garantir políticas públicas que intervenham nas relações de desigualdade social que caracterizam o país, tornando-as responsabilidade de todos, por meio de organizações sem fins lucrativos. Nos primórdios do Serviço Social, o principal instrumento de trabalho era a visita domiciliar realizada pelos agentes. Seu principal objetivo era verificar as condições de habitação, saúde e fortalecer o modo de pensar da classe trabalhadora (MARTINELLI, 1993). A mesma autora coloca que, em 1869, em Londres foi criada a Sociedade de Organização da Caridade, e que ocorreram várias manifestações, quanto ao uso do instrumento de trabalho estabelecido com o fim de repressão e coerção. Assim observamos que o Serviço Social nasce por meio da igreja católica onde as práticas eram caracterizadas pela solidariedade, “bondade”, que se concretiza na ajuda ao próximo. Portanto, nesse contexto, é que o Serviço Social nasce evem lutando para romper paradigmas e se fortalecer como uma profissão, que tem como objetivo desenvolver a assistência social e não o assistencialismo, que imperou ao longo dos anos, desde os primórdios da profissão, e que procurava mascarar e garantir a perpetuação da classe dominante, manipulando os trabalhadores (GOMES, 2015). Nesse contexto, vimos que a influência oriunda da prática profissional na década de 1930, onde a profissão nasceu, surgiu por meio da classe dominante, em que aqueles que tinham maiores e melhores condições econômicas “ajudavam” aos necessitados. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais28 Para que a profissão se tornasse voltada à prática da assistência social e não assistencialista, passou-se por uma caminhada longa na história onde ocorreu um movimento na categoria profissional objetivando oportunizar, por meio de muita luta, mudanças na ação do Assistente Social. O chamado movimento de Reconceituação ocorreu no âmbito do Serviço Social latino-americano, a partir da década de 1970 e mudou os rumos da prática profissional. Faleiros (2009) menciona que o Movimento de Reconceituação oportunizou mudanças na área da política social para propiciar a garantia dos direitos sociais. Assim, observamos que a ação social passa a ter outro direcionamento e não somente nas práticas assistencialistas, mas sim buscando ações na área das políticas públicas. Os assistentes sociais se posicionavam fortemente em relação à “formulação das políticas sociais enquanto intervenção estatal” (CAMPOS, 1988, p. 13), isto é o Estado é o responsável para propor ações na área social não mais a igreja. Então nesse contexto podemos ver que o assistencialismo é a benemerência, a caridade que é prestar favor à sociedade “sem” o compromisso de orientar e sensibilizar o cidadão e propiciar-lhe uma leitura crítica de seus direitos e deveres. Ambos promovem uma relação de dependência e não têm finalidade de garantir a autonomia e o empoderamento para uma transformação social. Sposati et al. (1986, p. 29) explicitam que “[...] a introdução de políticas sociais calcadas no modelo assistencial consagra formas populistas”, destacando-se a benevolência enquanto forma de atendimento às necessidades daqueles em situação de miséria. A Assistência Social é política pública que faz parte da “Seguridade Social” e está prevista no artigo 194 da Constituição Federal do Brasil de 1988. Esse artigo refere, in verbis, que “[...] a Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (GOMES, 2015, p. XX). A Seguridade Social é regulamentada na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), 07 de dezembro de 1993, sancionada pelo presidente Itamar Franco e definida no artigo 1°, que refere in verbis: T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 29 A assistência social, enquanto política pública que compõe o tripé da seguridade social, e considerando as características da população atendida por ela, deve fundamentalmente inserir-se na articulação intersetorial com outras políticas sociais, particularmente, as públicas de saúde, educação, cultura, esporte, emprego, habitação, entre outras, para que as ações não sejam fragmentadas e se mantenha o acesso e a qualidade dos serviços para todas as famílias e indivíduos. Barroco (2001, p. 171) assinala que: Neste contexto, o Serviço Social é uma categoria profissional que trabalha em meio às múltiplas expressões que a questão social apresenta, e as políticas públicas são o campo de atuação profissional na atualidade contemporânea. O trabalho é realizado em meio às desigualdades sociais, diferenças entre classes e se estabelece a partir do antagonismo entre os dois elementos representados na Figura 2.5 abaixo: Figura 2.5 | Relação de capital x trabalho Capital Trabalho Fonte: elaborado pela autora. Sendo assim, a representatividade de tal antagonismo na realidade social é caracterizada por meio de lutas necessidades sociais. Em virtude desta realidade é necessário pensar em programas que possam atender essa parcela da população que sofre com esse processo oriundo do sistema econômico a partir da ideologia capitalista que já vimos em tema anterior. [...] a assistência social, é direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. O Serviço Social é uma prática profissional que tem uma função social via trabalho político-ideológico que, historicamente, tem se vinculado fundamentalmente ao projeto da classe dominante, no entanto, nos dias atuais, começa a buscar uma reorientação social dessa prática. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais30 Devido a esse cenário, o profissional não pode estar alheio às mudanças no tocante à economia, pois a tendência do projeto neoliberal tem sua repercussão no exercício profissional do assistente social. É necessário conhecermos as mudanças que ocorrem no contexto da condução das políticas sociais, assim, percebemos que é inegável que os aspectos teórico metodológico, ético-político e técnico operativo são dimensões que devem estar claras para que o profissional assistente social possa consolidar por meio de sua prática, a efetivação do projeto ético-político, contribuindo para emancipação e empoderamento do cidadão. Para que ocorram mudanças com relação à prática profissional, primeiro é preciso que seja feita uma leitura ampla da realidade social. Por esse motivo, trouxemos um breve histórico da profissão para que você perceba a importância das políticas públicas, bem como, a necessidade de uma leitura critica desse cenário, que está em movimento e em constante transformação. Nesse sentido, é importante entender a proposta de utilizar-se de uma vertente marxista para a prática profissional, que teve seu início justamente nos anos de 1980. Por meio da proposta de uma teoria que facilita a análise dessas relações sociais, utilizando a categoria de mediação a partir da análise marxista fundamentada em Marx. A leitura crítica da realidade social por meio da instrumentalidade profissional do Serviço Social na atuação frente às políticas públicas aos poucos vai se modificando com o desenvolvimento do debate e da produção intelectual do serviço social brasileiro. A partir desse debate temos como resultado o desdobramento e a explicitação das seguintes vertentes de análise que emergiram no bojo do movimento de reconceituação conforme podemos observar na Figura 2.6 a seguir. Figura 2.6 | Perspectivas propostas no movimento de reconceituação Perspectiva modernizadora Perspectiva de renovação do conservadorismo Perspectiva de intenção de ruptura Fundamentada na vertente positivista, abordagem influenciada pela igreja católica. Fundamentada na proposta da vertente fenomenológica. Também é conhecida como forma de reatualização do conservadorismo. Fundamentada mais precisamente por meio das propostas e discussões do Método BH que traz a proposta marxista para o Serviço Social. Fonte: elaborado pela autora. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 31 Nesse sentido, vale ressaltar que tais perspectivas são estudadas por Netto (1999), no âmbito das discussões dos desafios para o profissional assistente social. É necessário conhecer tais vertentes para entender que a conquista de uma instrumentalidade sólida que proporcionasse mudança social, foi um processo na história do serviço social no cenário das políticas públicas sociais. Percebemos assim, que um dos desafios para o profissional é o entendimento de tal instrumentalidade e de suas dimensões, sejam elas: política, ética ou teórica paracompreender o antagonismo existente na realidade social já demostrado na Figura 2.5 e, também se percebe o comprometimento que o profissional tem com a classe trabalhadora por meio do projeto ético-político do profissional. As lutas de classes são representadas a partir da relação antagônica da classe dominante e a classe dos trabalhadores, veja abaixo na Figura 2.7 Figura 2.7 | As lutas de classes Burguesia Proletariado Fonte: elaborado pela autora. Trata-se de compreender o movimento existente da contradição e antagonismo entre capital e trabalho nas relações sociais, uma vez que o projeto inerente ao sistema capitalista tem sua roupagem por meio das propostas neoliberais. Nesse sentido, propiciar o empoderamento e a transformação social por meio das políticas públicas seria o mesmo de ir à contra mão das propostas neoliberais, as quais propõe o mínimo social, isto é, o Estado não sendo mais o único responsável de prover políticas sociais, possibilitando o mínimo necessário para os cidadãos, uma vez que divide com a sociedade civil, a responsabilidade no tocante às políticas públicas. Neste sentido, Abreu (2011, p. 211 apud faleiros, 1999) explica que o empowerment “coloca-se em contraposição ao novo contrato social, imposto pelo processo de globalização, que consiste em tornar o indivíduo menos seguro, menos protegido, mais competitivo no mercado, com menos garantia ou nenhuma garantia de direitos”. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais32 Conforme afirma Vazques (1977, p. 185) “toda práxis é atividade, mas nem toda atividade é práxis”, sendo assim, entendemos que a práxis pode ser explicitada como uma atividade profissional desenvolvida por meio da categoria mediação, possibilitando mudança na realidade social, fomentando a consciência critica de si mesmo e do cidadão. A prática por si só não é práxis, pois a prática sem o questionamento do imediato, sem o desenvolvimento da tríade singularidade, particularidade e universalidade na atividade profissional, não pode ser considerada práxis, pois esta é mais complexa e ampla em seu alcance. Agora convido você aprofundar seu conhecimento no glossário proposto, exercícios e visitar as webs indicadas e na sequência daremos continuidade aos estudos por meio do tema três a seguir. Bons estudos! Ilha das Flores • Assista ao filme Ilha das Flores, sobre a sociedade do consumo e o estado organizado para acumulação. Sinopse retirada do Porta Curtas: Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. Disponível em: <http://portacurtas.org.br/filme/?name=ilha_das_ flores>. Acesso em: 3 abr. 2016. Tempo: 13:00. Memória TVT: Exclusão Social - Um erro histórico e contínuo • Primeira parte do documentário: Memória TVT: Exclusão Social - Um erro histórico e contínuo. Sem pátrias, sem famílias, sem identidades, sem bússolas. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=CcVr1DM_9ec>. Vídeo exibido em 3 jul. 2014. Acesso em: 6 abr. 2016. Tempo: 7:55. Vídeo Popular – 30 anos depois: Exclusão Social 2/2 • Assista a continuação do documentário 30 anos depois: Exclusão Social 2/2. A trajetória de três personagens: uma idosa, um morador de rua, e uma mulher negra, representando os excluídos ACOMPANHE NA WEB T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 33 da sociedade é a base deste vídeo, que através de entrevistas e depoimentos tentar mostrar o que leva à exclusão social e os caminhos para sua superação. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=5J4bVY0VT6Q>. 14 out. 2015. Acesso em: 6 abr. 2016. Tempo: 14:31. A súbita guinada neoliberal do Brasil • Palestra de Franklin Serrano - Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pesquisador Associado Sênior do Center for Economic and Policy Research. A súbita guinada neoliberal do Brasil. Disponível em: <http://www.excedente.org/wp- content/uploads/2015/11/A-subita-guinada-neoliberal-do-Brasil.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2017. O Serviço Social e as Lutas Sociais no Campo: Pensando nos Movimentos Sociais a partir das Relações de Gênero e da conquista de Direitos • Veja sobre os movimentos populares e direitos sociais, movimentos sindicais, populares e sociais, movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Para saber mais sobre essa perspectiva, leia o artigo de Mailiz Garibotti Lusa: “O Serviço Social e as Lutas Sociais no Campo: Pensando nos Movimentos Sociais a partir das Relações de Gênero e da conquista de Direitos”. Disponível em: <http://www.cibs.cbciss.org/arquivos/O%20SERVICO%20SOCIAL%20 E%20AS%20LUTAS%20SOCIAIS%20NO%20CAMPO.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016. Terceiro Setor Online • Para obter mais conhecimentos acerca do Terceiro Setor comentado no tema dois, veja o link de acesso no qual poderá visualizar legislações, conceitos, pesquisas, estatísticas dentre outras informações relacionadas à ONG e OSCIP. Disponível em: <http:// www.portalterceirosetor.org.br>. Acesso em: 10 abr. 2016. O Exercício profissional do Serviço Social no capitalismo contemporâneo: desafios e possibilidades para a efetivação do Projeto Ético-Político • Para ampliar seus conhecimentos frente às demandas postas T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais34 pelo capital na atualidade. Leia o artigo de Josy Amador: “O Exercício profissional do Serviço Social no capitalismo contemporâneo: desafios e possibilidades para a efetivação do Projeto Ético-Político”. Disponível em: <https://goo.gl/Gm6a54>. Acesso em: 10 abr. 2016. Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. 1. Neoliberalismo é a política de não participação do Estado na economia. O que o neoliberalismo promove? 2. Em Política Pública pode surgir equívoco entre alguns elementos: Assistência Social, um termo muito usado na área social, o Serviço Social e o Assistencialismo. O que acontece algumas vezes é a confusão entre eles. Qual a diferença entre estes três termos? 3. Segundo Marilda Vilela Iamamoto, em seu livro A Questão Social do Capitalismo, desde 1980, a análise do significado social da profissão está centrada no processo de reprodução das relações sociais, sustentando que a questão social é indissociável das relações sociais capitalistas, nos marcos da expansão monopolista e de seu enfrentamento pelo Estado. O processo de renovação crítica do Serviço Social é vivenciado internamente na categoria profissional, exigindo dos profissionais o entendimento da sua posição na divisão sociotécnica do trabalho. Conclui-se que o Serviço Social? 4. (ADAPTADA-ENADE/2013). A discussão nacional sobre a resolução das complexas questões sociais brasileiras e sobre o desenvolvimento em bases sustentáveis tem destacado a noção de corresponsabilidade e a de complementaridade entre as ações dos diversos setores e atores que atuam no campo social. A interação entre esses agentes propicia a troca de conhecimento das distintas experiências, proporciona mais racionalidade, qualidade e eficácia às ações desenvolvidas e evita superposições de recursos e competências. De uma forma geral, esses desafios moldam hoje o quadro de atuação das organizações da sociedade civil do terceiro setor. De acordo com o texto, o terceiro setor: a) É responsável pelas ações governamentais na área social e ambiental. b) Promove o desenvolvimento social e contribui para aumentar o capital social. AGORA É A SUA VEZ T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 35 Observamos que o neoliberalismo nasce nos anos de 1990, que incentiva a participação da sociedade na responsabilidade social, para atendimentoa questão social, seja a violência, pobreza, fome, miséria, a exclusão social por meio das políticas sociais no âmbito das políticas públicas. Percebemos a importância de resgatar as vertentes utilizadas na prática profissional, pois no âmbito das políticas públicas o desafio é entender a proposta dialética para propiciar uma transformação social, isto é, uma práxis profissional nas políticas públicas sociais. Sendo assim, faz-se então necessário que o profissional assistente social, conheça os elementos discutidos para realizar uma prática em consonância FINALIZANDO c) Gerencia o desenvolvimento da esfera estatal, com especial ênfase na responsabilidade social. d) Controla as demandas governamentais por serviços, de modo a garantir a participação do setor privado. e) É responsável pelo desenvolvimento social das empresas e pela dinamização do mercado de trabalho. 5. (ADAPTADA-ENADE/2013). O assistente social tem sido demandado para atuar na gestão de políticas públicas, abrindo possibilidades para seu ingresso no campo da formulação, gestão e avaliação. Tal atuação requer competência teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. Como seu objeto de trabalho é a questão social, a pesquisa da realidade social é reconhecida como parte constitutiva desse trabalho, porque: a) As informações sobre a realidade social, produzidas pelos institutos oficiais de pesquisa, não são disponibilizadas para a sociedade. b) O assistente social, no seu processo de formação profissional, dispõe de referencial teórico que lhe possibilita apreender a questão social na realidade fragmentada. c) Ao assistente social, como membro de equipe, cabe a tarefa da pesquisa, enquanto, aos outros profissionais, cabe a sistematização e elaboração da política. d) O campo da gestão de políticas requer acúmulo de informações sobre a totalidade social, que envolve dados referentes às várias formas de manifestação das contradições e sua vivência pelos sujeitos sociais. e) A pesquisa da realidade social é uma atribuição privativa do assistente social. T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais36 com a instrumentalidade inerente ao serviço social vislumbrando um agir profissional, superando os desafios colocados para o Serviço Social que nada mais são que atuar em meio aos direitos e deveres garantidos pelas políticas públicas na assistência social e não um agir fragmentado paternalista de benemerência. ABRAMIDES, M. B.;CABRAL, M. S. O novo sindicalismo e o Serviço Social. Constituição de 1988: o ordenamento jurídico dos direitos sociais e das políticas públicas. 7. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2003. ABREU, M. M. Serviço Social e a organização da cultura: perfis pedagógicos da prática profissional. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011. AZEVEDO, M. L. N. de. Espaço social, campo social, habitus e conceito de classe social em Pierre Bourdieu. Revista Espaço Acadêmico, ano 3, n. 24, maio de 2003. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/024/24cneves.htm>. Acesso em: 2 abr. 2016. BNDES. 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Responsabilidade social: É a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relacionae pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. In Glossário-Indicadores-Ethos-V2013-09-022.pdf. Disponível em: <http:// www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/09/Gloss%C3%A1rio-Indicadores- Ethos-V2013-09-022.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016. Miséria: Estado ou qualidade de miserável. Pobreza. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 2008-2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/mis%C3%A9ria>. Acesso em: 12 abr. 2016. Exclusão social: Processo sócio-histórico caracterizado pelo recalcamento de grupos sociais ou pessoas, em todas as instâncias da vida social. 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Um dos elementos e também um dos objetivos desta temática é discorrermos sobre as diferentes concepções, isto é, os diferentes conceitos dos termos interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, na direção da compreensão dos mesmos, pois embora os termos sejam diferentes entre si, relacionam-se e se complementam a partir do entendimento de que tais elementos fazem parte do mesmo universo e que se constituem no cenário das relações sociais, assim entendemos o homem de forma biopsicossociocultural. Ao refletir e estudar sobre o tema proposto, você entenderá como se dá o trabalho interdisciplinar e compreenderá as possibilidades de interface entre as áreas do conhecimento. Assim convidamos você a ficar por dentro do tema fazendo a leitura detalhada do tema proposto a seguir. Boa leitura! Convite à leitura T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 41 Políticas sociais, trabalho reflexão do SUAS e a interdisplinaridade/ multidisciplinaridade profissional Tema 3 POR DENTRO DO TEMA Para início de conversa, como vimos no tema anterior, Política Social é um conceito amplo que definimos a partir dos segmentos das diversas propostas e legislações das políticas sociais no âmbito das políticas públicas. Assim, podemos dizer que a política social é entendida como modalidade de política pública (VIANNA, 2002). A profissão do Serviço Social trabalha em meio às múltiplas expressões da questão social, nesse sentido, no cenário das políticas sociais. É válido ressaltar que a profissão nasce na década de 1930 e de lá para cá muita coisa mudou, e muitas conquistas se efetivaram a partir dos movimentos sociais e da conquista da Constituição Federal de 1988. Podemos dizer que a profissão no Brasil a respeito da política social aparece com mais força e robustez ao longo das duas décadas passadas e se consolida no século XXI, a partir do ano de 2005, com a conquista do Sistema Único da Assistência Social SUAS. Assim, podemos dizer que ocorreram mudanças no sistema de proteção social brasileiro, com relação às suas normativas de organização e diretrizes com base na Política Nacional de Assistencial Social PNAS. Veja no Quadro 3.1 a Trajetória da Assistência Social no âmbito das políticas sociais a partir da Constituição Federal de 1988. T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional42 Quadro 3.1 | Trajetória da Assistência Social Ano Evento 05 de outubro de 1988 Solenidade de Promulgação da Constituição Federal de 1988. 07 de outubro de 1993 Promulgada a Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS 16 de dezembro de 1988 Aprovada a Política Nacional de Assistência Social-PNAS 15 de outubro de 2004 Aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social a Política Nacional de Assistência Social, onde estabelece as novas diretrizes e princípios para a PNAS com a implantação do Sistema Único da Assistência Social. 15 de junho de 2005 Aprovada a Norma Operacional da Assistência Social NOB/SUAS, por intermédio da Resolução de nº 130. 11 de novembro de 2009 Aprovada a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais pela Resolução nº 109. Fonte: elaborado pela autora. Ressaltamos que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) trata da regulação, do funcionamento e da oferta de serviços de assistência social em todo o território, da seguinte forma: • De hierarquia; • Dos vínculos; e • Das responsabilidades do sistema cidadão de serviços. O SUAS contribui para a organização das políticas sociais do Sistema de Proteção Social garantidas na Constituição Federal de 1988, no tópico Da Ordem Social, no Artigo 193, no qual ressalta-se que “A ordem Social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”. Assim, o SUAS é um sistema articulador e provedor de ações para propiciar esse bem-estar e justiça social à população por meio da proteção social básica e especial junto a municípios e estados. Esse sistema regula e orienta a forma do trabalho da assistência social nas três esferas de governo: Federal, Estadual, Municipal. Já os serviços socioassistenciais no SUAS são organizados por meio da proteção social básica e especial, conforme regulamentação da Resolução nº 109, referente à Tipificação dos Serviços Socioassistenciais, que estabelece que estes devem estar em conformidade com a citada resolução, pois ela define, regulariza os procedimentos, normas e critérios, estabelecendo as diretrizes referentes às Políticas Públicas T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 43 de Assistência Social, seus serviços e ações organizadas por meio dos atendimentos específicos de Proteção Social Básica e Especial. Conforme descreve a Tipificação dos Serviços Socioassistenciais, observa-se no Art. 1º: “Aprovar a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, organizados por níveis de complexidade do SUAS: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade”. Vamos ver, no Quadro 3.2 abaixo, de forma resumida, como se dá a organização do SUAS? Quadro 3.2 | Organização dos Serviços do SUAS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADE Serviço de Proteção e Atendimento Integral
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