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ServicoSocialEOTerceiroSetor_Costa_2019

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA 
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LENIMAR MOURA ROCHA COSTA 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR: 
 Uma reflexão acerca dos desafios e possibilidades do/a Assistente Social na 
APAE/Natal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
 
 
LENIMAR MOURA ROCHA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR: 
 Uma reflexão acerca dos desafios e possibilidades do/a Assistente Social na 
APAE/Natal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como parte dos requisitos 
exigidos para fins de obtenção do Título de Bacharel 
em Serviço Social na Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte. 
 
Orientadora: Profa. Me. Mônica Maria Calixto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
CDU 364-57 RN/UF/Biblioteca do CCSA 
1. Serviço Social - Monografia. 2. Terceiro setor - - 
Monografia. 3. Pessoa com Deficiência. I. Calixto, Mônica Maria. 
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. 
Costa, Lenimar Moura Rocha. 
O serviço social e o terceiro setor: uma reflexão acerca dos 
desafios e possibilidades do/a Assistente Social na APAE/Natal / 
Lenimar Moura Rocha Costa. - 2019. 
78f.: il. 
 
Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais 
Aplicadas, Departamento de Serviço Social. Natal, RN, 2019. 
Orientador: Profa. Me. Mônica Maria Calixto. 
LENIMAR MOURA ROCHA COSTA 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR: 
 Uma reflexão acerca dos desafios e possibilidades do/a Assistente Social 
na APAE/Natal 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Departamento de Serviço Social da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
- UFRN como requisito parcial para obtenção 
do título de Bacharel em Serviço Social. 
 
Aprovado em 18/06/2019 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_______________________________________________ 
Profº. Me. Mônica Maria Calixto 
Orientadora UFRN/DESSO 
 
_______________________________________________ 
Profº. Me. Fernando Gomes Teixeira 
Membro UFRN/DESSO 
 
_______________________________________________ 
Profª. Drª. Márcia Maria de Sá Rocha 
Membro UFRN/DESSO 
 
 
NATAL 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Márcio, Manuella, Lourdes Maria 
e Benjamin. Com todo meu amor e 
gratidão, todas as minhas conquistas 
são dedicadas a vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço, primeiramente a Deus, que permitiu ao longo da minha vida 
pessoal e acadêmica ter força e coragem para superar todas as dificuldades e 
chegar até ao final da graduação. 
A minha família, sendo Márcio Azevedo Dias (Esposo); Manuella 
Rocha Costa; Lourdes Maria Rocha Dias (Filhas) e Benjamin Rocha Rego 
(Neto), que foram compreensivos e me encorajaram nas horas difíceis, 
fortalecendo e dando apoio para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. 
Aos familiares em geral, em especial aos meus pais: Maria de Lourdes 
Moura Rocha (Mãe) e Luiz de Souza Rocha (Pai) e, meus irmãos: Lindonete, 
Lindemberg, Luciano, Lindomar, Wellington, Leodécio e Maria Luisa, que com 
muito carinho sempre me compreenderam. 
Aos meus amigos (as) da UFRN, que contribuíram direta ou 
indiretamente para o meu desenvolvimento acadêmico. Obrigada por cada 
momento, estudo paciência e crescimento. 
A toda equipe profissional da APAE/Natal pela oportunidade de 
estágio obrigatório, especialmente a minha orientadora de campo: Nilma Pereira 
de Lima dos Santos. 
A minha professora e orientadora acadêmica Mônica Maria Calixto e, 
a todos os professores do curso pela enorme paciência, orientação e atenção, 
muito obrigada! 
Deixo aqui meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de 
alguma forma contribuíram e me ajudaram para que a conclusão deste trabalho 
fosse possível. Vocês foram de suma importância para o meu desenvolvimento 
profissional, obrigada por cada orientação, incentivo e segurança que me 
passaram durante todo o processo de construção do conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
'Deficiente' é aquele que não consegue 
modificar sua vida, aceitando as 
imposições de outras pessoas ou da 
sociedade em que vive sem ter 
consciência de que é dono do seu 
destino. 'Louco' é quem não procura 
ser feliz com o que possui. 'Cego' é 
aquele que não vê seu próximo morrer 
de frio, de fome, de miséria, e só tem 
olhos para seus míseros problemas e 
pequenas dores. 'Surdo' é aquele que 
não tem tempo de ouvir um desabafo 
de um amigo, ou o apelo de um irmão. 
Pois está sempre apressado para o 
trabalho e quer garantir seus tostões no 
fim do mês. 'Mudo' é aquele que não 
consegue falar o que sente e se 
esconde por trás da máscara da 
hipocrisia. 'Paralítico' é quem não 
consegue andar na direção daqueles 
que precisam de sua ajuda. 'Diabético' 
é quem não consegue ser doce. 'Anão' 
é quem não sabe deixar o amor 
crescer. E, finalmente, a pior das 
deficiências é ser miserável, pois: 
'Miseráveis' são todos que não 
conseguem falar com Deus. 
 
Mario Quintana 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A presente monografia tem por objetivo geral analisar o Exercício Profissional do Serviço Social 
nas entidades que configuram Terceiro Setor a partir da inserção na APAE/Natal. A pesquisa 
buscou compreender os aspectos históricos e políticos do Serviço Social no Brasil; analisar o 
exercício do assistente social no Terceiro Setor, e problematizar o serviço social na APAE/Natal. 
Aborda os aspectos históricos e políticos do serviço social a partir de reflexões sobre a gênese 
da profissão no Brasil, destacando a trajetória do Serviço Social no contexto Brasileiro, o Projeto 
Ético Político do Serviço Social e Luta contra o conservadorismo, evidenciando a reconfiguração 
dos espaços sócio ocupacionais dos Assistentes Sociais e as exigências da Profissão na 
Contemporaneidade que caracterizam o fazer profissional do Assistente Social. Discute-se, 
ainda, o Exercício Profissional do Assistente Social no Terceiro Setor dando ênfase a APAE/Natal 
e os avanços das políticas públicas voltadas para os direitos fundamentais das pessoas com 
deficiência no Brasil. O percurso metodológico está baseado na pesquisa qualitativa e foi 
realizada por meio de pesquisa bibliográfica e documental. Assim, priorizou-se a revisão da 
literatura sobre o objeto de pesquisa, principalmente no que se refere ao conhecimento 
assimilados durante a graduação em Serviço Social e no período de estágio curricular 
obrigatório. Dentre os resultados obtidos, destaca-se que o serviço social da APAE/Natal trabalha 
fundamentado no Código de Ética do Assistente Social e nos princípios fundamentais em que 
contempla a profissão, com vistas à garantia dos direitos sociais e políticos da população usuária, 
o que proporciona ao Assistente Social trabalhar de forma planejada e articulada com outros 
profissionais, desenvolvendo distintas possibilidades de atuação profissional. 
PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social. Terceiro Setor. Pessoa com Deficiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The purpose of this monograph is to analyze the Professional Work of Social Service in the 
entities that make up the Third Sector from the insertion in the APAE / Natal. The research sought 
to understand the historical and political aspects of Social Service in Brazil; analyze the exercise 
of the social worker in the Third Sector, and problematize the social service in the APAE / Natal. 
It addresses the historicaland political aspects of social service based on reflections on the 
genesis of the profession in Brazil, highlighting the trajectory of Social Service in the Brazilian 
context, the Political Ethical Project of Social Service and Fight against conservatism, highlighting 
the reconfiguration of social spaces occupations of the Social Wizards and the demands of the 
Profession in the Contemporaneity that characterize the professional work of the Social Worker. 
It also discusses the Professional Worker of the Social Worker in the Third Sector, emphasizing 
the APAE / Natal and the advances of public policies focused on the fundamental rights of people 
with disabilities in Brazil. The methodological course is based on qualitative research and was 
carried out through bibliographical and documentary research. Thus, we prioritized the literature 
review on the object of research, especially with regard to knowledge assimilated during 
graduation in Social Work and in the period of compulsory curricular traineeship. Among the 
results obtained, it is worth noting that the APAE / Natal social service is based on the Code of 
Ethics of the Social Worker and on the fundamental principles of the profession, with a view to 
guaranteeing the social and political rights of the user population. allows the Social Worker to 
work in a planned and articulated way with other professionals, developing different possibilities 
of professional performance. 
KEY WORDS: Social Work. Third Sector. Disabled People. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa e Serviço Social 
ACB – Ação Católica Brasileira 
APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 
BPC – Benefício de Prestação Continuada 
CBAS – Congresso Brasileiro de Assistente Sociais 
CEAS – Centro de Estudos e Ação Social 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social 
CNAS – Conselho Nacional do Serviço Social 
CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência 
CRESS – Conselho Regional do Serviço Social 
CRI – Centro de Reabilitação Infantil 
EUA – Estados Unidos da América 
FEAPAESS – Federações Estaduais das APAES 
FENAPAES – Federação Nacional das APAES 
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados 
LBA – Legião Brasileira de Assistência 
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social 
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais 
MÉTODO BH – Método Belo Horizonte 
MG – Minas Gerais 
ONGs – Organização Não Governamental 
OS – Organizações Sociais 
OSCIP – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público 
BPC – Benefício de Prestação Continuada 
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SEMTAS – Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social 
SME – Secretaria Municipal de Educação 
SMS –Secretaria Municipal de Saúde 
SUS – Sistema Único de Saúde 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
https://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/conade
https://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/conade
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 12 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
REFLEXÕES SOBRE A GÊNESE DA PROFISSÃO NO BRASIL . 16 
2.1 Trajetória do Serviço Social no Contexto Brasileiro .................... 16 
2.2 O Projeto Ético Político do Serviço Social e a Luta Contra o 
Conservadorismo ................................................................................ 25 
2.3 A Reconfiguração dos Espaços Sócio Ocupacionais dos 
Assistentes Sociais e as Exigências da Profissão na 
Contemporaneidade ............................................................................ 33 
3. O EXERCÍCIO DO ASSISTENTE SOCIAL NO TERCEIRO SETOR: 
O CASO DA APAE/NATAL ........................................................... 41 
3.1 O Novo Trato a Questão Social e o Terceiro Setor como Mudança 
no Cenário Político ............................................................................... 41 
3.2 O Avanço das Políticas Públicas Voltadas para os Direitos 
Fundamentais das Pessoas com Deficiência no Brasil ........................ 46 
As ONGs e o Papel do Assistente Social na Conjuntura Social e Política 
.............................................................................................................. 52 
3.3 O Serviço Social na APAE: Demandas e Possibilidades do 
Exercício Profissional ........................................................................... 58 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 69 
5. REFERÊNCIAS .............................................................................. 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO: 
 
Na conjuntura atual verifica-se a importância de se discutir a temática 
do Serviço Social e do Terceiro Setor, considerando os avanços das 
desigualdades sociais na sociedade brasileira. Por sua vez, as análises sobre o 
Serviço Social e o Terceiro Setor demonstram que a implementação das políticas 
de assistência social se dá a partir dos desdobramentos da Constituição Federal 
de 1988 nos diversos seguimentos da sociedade. Nesse sentido, o presente 
trabalho trata de analisar o Serviço Social e o Terceiro Setor, pesquisando a 
partir da reflexão dos desafios e possibilidades do/a Assistente Social na 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Natal (APAE/Natal). 
É público e notório que a profissão de Assistente Social tem como 
objeto de intervenção as expressões no campo da questão social, em que o 
profissional busca conhecer e analisar a realidade, para poder intervir em 
propostas criativas, críticas e construtivas a fim de contribuir para a efetivação 
dos direitos de cidadania. Nessa linha, no Projeto Ético Político do Serviço 
Social, a predominância teórica e metodológica da profissão foi vinculada a um 
projeto de transformação da sociedade e luta por direitos sociais e por políticas 
no contexto da cidadania no âmbito da sociedade capitalista e suas contradições. 
De acordo com a abordagem feita por Iamamoto e Carvalho (2014), 
compreendemos que a questão social é a contradição maior do modo capitalista 
de produção e reside no fato de que quem produz não se apropria das riquezas 
oriundas do seu trabalho e sua produção. Contudo, esta questão não se refere 
somente às desigualdades sociais geradas por essa contradição, mas, também, 
na resistência da classe trabalhadora, adquirida através de sua consciência de 
classe e entrada no cenário político da sociedade, buscando através da luta 
organizada nos movimentos sociais, notadamente, do movimento sindical e, 
também, dos partidos políticos para se fazer reconhecer como classe pelo 
Estado e pela classe burguesa. 
Cabe frisar que a crise do sistema capitalista, a partir da década de 
1970 tem aprofundado o embate de classes e a disputa pelo poder político do 
Estado tem favorecido a transferência de responsabilidades do setor público 
para o setor privado e, ao mesmo, modificado a ordenação das políticas públicas 
13 
 
em desfavor da maioria da população que tem sucumbido para o pleno 
desenvolvimento da política neoliberal, caracterizada pele precarização e 
privatização das políticas sociais. 
É nesse contexto que o Terceiro Setor surge passando por interesses 
classistas, e, inclusive, de empresas que visam o desenvolvimento da filantropia 
organizacional e outros fatores para a difusão de uma boa imagem, mediante a 
sociedade. O Terceiro Setor é definido por Montaño (2010, p.182) “como 
organizações cunhadas de procedência norte-americana, por intelectuais 
orgânicos do capital o que sinaliza claramente a ligação com os interesses de 
classes, nas mudanças demandadas pela burguesia”. Vale salientar que as 
organizações denominadas Terceiro Setor, são relativamente novas chamadas 
Organizações Não-Governamentais (ONG’s), além das fundações,entidades 
beneficentes, os fundos comunitários, entidades sem fins lucrativos, associações 
de moradores, entre outros. 
 O Terceiro Setor é um novo campo sócio ocupacional do Assistente 
Social, em que surge com novas exigências e demandas ao profissional de 
Serviço Social que é cada vez mais solicitado e é onde está situada a experiência 
na qual apontamos neste estudo, ou seja, a APAE/Natal. Para poder apreender 
as demandas e possibilidades de atuação do Serviço Social na Natal/APAE, 
tendo como particularidade a experiência de estágio, entende-se ser importante 
realizar uma breve descrição da instituição na qual se deu esse processo. 
A APAE/Natal é uma instituição de natureza organizacional não 
governamental, sem fins lucrativos e de caráter filantrópico, presta atendimento 
de habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência, que além do 
acompanhamento pedagógico é efetuado o atendimento clínico, sendo estes 
atendimentos extraescolar, ou seja, a APAE/Natal não tem a atribuição de 
escola, sua função é de reabilitação física e intelectual dos usuários com 
necessidades especiais. 
A pesquisa a ser realizada contemplará um levantamento 
bibliográfico, cujo enfoque serão livros, monografias, artigos e documentos que 
examina o objeto de pesquisa. Dessa maneira, o projeto evidencia uma 
abordagem de natureza qualitativa, embasando-se não apenas para expor o 
objetivo da pesquisa, mas, acima de tudo, propor uma reflexão sobre o serviço 
14 
 
social e o terceiro setor, especialmente o exercício profissional do Assistente 
Social na APAE/Natal. 
Gerhardt (2009, p. 32) comenta a pesquisa qualitativa explicitando 
dessa forma: 
 
A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com 
aspectos da realidade que não podem ser quantificados, 
centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica 
das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa 
qualitativa trabalha com o universo de significados, 
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que 
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos 
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos 
à operacionalização de variáveis. 
 
Portanto, esse trabalho de conclusão de curso tem por objetivo geral 
analisar o Exercício Profissional do Serviço Social nas entidades que configuram 
o Terceiro Setor a partir da inserção na APAE/Natal. E, como objetivos 
específicos, compreender os aspectos históricos e políticos do Serviço Social no 
Brasil, analisando o exercício do profissional em assistência social no Terceiro 
Setor e, ao mesmo tempo, problematizar o Serviço Social na APAE/Natal. 
A escolha do tema partiu do processo de formação enquanto 
estudante de Serviço Social, evidenciando o estágio curricular obrigatório na 
APAE/Natal no período de julho de 2017 a junho de 2018, o qual despertou 
inquietações a respeito das contradições sobre o Terceiro Setor e sua Relação 
com o Estado, bem como as demandas e possibilidades do exercício profissional 
no âmbito da assistência social. 
O trabalho monográfico irá discutir os aspectos Históricos e Políticos 
do Serviço Social a partir da trajetória do Serviço Social no contexto brasileiro, o 
Projeto Ético Político e a luta contra o conservadorismo, bem como a 
reconfiguração dos espaços sócio ocupacionais dos Assistentes Sociais e as 
exigências da profissão na contemporaneidade. Alguns autores utilizados serão 
Iamamoto e Carvalho (2014), Piana (2009) comentando a respeito da 
Assistência Social na gênese da profissão. Barroco (2012) salientando os 
códigos de ética. Netto (2005) expressando os momentos históricos das 
insatisfações e indagações do serviço social, entre outros autores importantes. 
15 
 
Além disso, a discussão irá centrar no exercício do Assistente Social 
no Terceiro Setor dando ênfase a APAE/Natal, analisando o novo trato a 
Questão Social e o Terceiro Setor como mudança no Cenário Político; o avanço 
das Políticas públicas voltadas para os direitos fundamentais das pessoas com 
deficiência no Brasil; as ONGs e o papel do Assistente Social na conjuntura 
social e política e da mesma maneira, as demandas e possibilidades do exercício 
profissional do Serviço Social na APAE/NATAL. Alguns autores utilizados serão 
Pastorini (2010) sobre a categoria de questão social. Castel (1998) 
estabelecendo uma nova questão social na realidade. Iamamoto (2007) 
constatando uma renovação da ‘velha questão social’. O Terceiro Setor definido 
por Montaño (2007) e Santos (2007). Bernardes (2012) comentando sobre 
avanços dos Direitos da Pessoa com Deficiência no marco legal federal, bem 
como os estudos de Capistrano (2018) a respeito da APAE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
REFLEXÕES SOBRE A GÊNESE DA PROFISSÃO NO BRASIL: 
 
Neste capítulo pretendemos abordar os aspectos históricos e políticos 
do serviço social a partir de reflexões sobre a gênese da profissão no Brasil. Vale 
destacar que iremos elucidar a trajetória do Serviço Social no contexto Brasileiro, 
o Projeto Ético Político do Serviço Social e Luta contra o conservadorismo, 
evidenciando a reconfiguração dos espaços sócio ocupacionais dos Assistentes 
Sociais e as exigências da Profissão na Contemporaneidade que caracterizam 
o fazer profissional do Assistente Social. 
 
 
2.1 Trajetória do Serviço Social no contexto Brasileiro 
 
A trajetória do Serviço Social no contexto brasileiro parte dos 
problemas provenientes da crise capitalista na década de 1920 cujo ápice se deu 
com a queda da bolsa de valores de Nova York em 1929 e que teve repercussões 
a nível mundial. No Brasil, a partir da década de 1930, podemos destacar as 
mudanças que estavam ocorrendo no âmbito econômico, político e social, sendo 
as mais relevantes o deslocamento da agricultura exportadora para as atividades 
industriais, gerando uma larga escala de industrialização, bem como a 
substituição da mão-de-obra por imigrantes nas regiões econômicas mais ativas. 
Portanto, a implementação do Serviço social se dá a partir dos 
desdobramentos da questão social1, a qual será analisada nesse trabalho, a 
partir da abordagem feita por Iamamoto e Carvalho (2014) que consideram que 
a expressão da contradição maior do modo capitalista de produção reside no 
fato de que quem produz não se apropria das riquezas oriundas do seu trabalho 
 
1 [...] entender a ‘questão social’ é de um lado, considerar a exploração do trabalho pelo capital 
e de outro, as lutas sociais protagonizadas pelos trabalhadores organizados em face desta 
premissa central à produção e reprodução do capitalismo. Conjugadas, essas premissas derivam 
em expressões diversificadas da ‘questão social’ em face das quais cabe sempre um processo 
de investigação a fim caracterizá-la enquanto ‘unidade na diversidade’; ou seja, devemos nos 
esforçar, como categoria, para apontar as características e ‘formas de ser’ de cada expressão 
da ‘questão social’ enquanto fenômeno singular e, ao mesmo tempo, universal, cujo fundamento 
comum é dado pela centralidade do trabalho na constituição da vida social (SANTOS, 2012, 
p.133). 
17 
 
e sua produção. Contudo, esta questão não se refere somente às desigualdades 
sociais geradas por essa contradição, mas, também, na resistência da classe 
trabalhadora, adquirida através de sua consciência de classe e entrada no 
cenário político da sociedade, buscando através da luta organizada se fazer 
reconhecida como classe pelo Estado e pela classe burguesa. 
Assim, o Serviço Social dá-se nesse processo histórico, como 
sucessão de acontecimentos políticos, econômicos e sociais onde a classe 
dominante atua politicamente e ideologicamente para manter a ordem vigente, 
através do poder do Estado e tendo a Igreja como importante aliada para 
amenizar os conflitos sociais surgidos em decorrência das contradiçõesgeradas 
pelo modo de produção capitalista, ou seja, o Assistente Social é engendrado 
como estratégia para garantia e prevenção de conflitos vigentes no modo de 
produção capitalista e sob a ordem e o interesse do capital. 
Portanto, a reorganização do capital se evidencia desse modo 
mediante a utilização das funções do Estado nas relações entre as classes 
sociais, gerando as condições propicias para um aumento da acumulação das 
riquezas por meio da expansão do proletariado, e consequentemente o aumento 
das desigualdades sociais entre burguesia e classe operaria. 
 
A exploração abusiva que o operariado é submetido – afetando 
sua capacidade vital – e luta defensiva que o operariado 
desenvolve aparecerão para o restante da sociedade burguesa 
[...] como uma ameaça a seus valores, “moral, a religião e a 
ordem pública”. Impõe se, a partir desse momento, a 
necessidade do controle social da exploração da Força de 
Trabalho. A compra e venda dessa mercadoria especial deve 
sair da pura esfera mercantil pela imposição, através do Estado, 
de uma regulamentação jurídica no mercado de trabalho. 
(IAMAMOTO E CARVALHO, 2014, p. 134). 
 
Os autores acima destacam que as Leis Sociais representam a parte mais 
importante dessa regulamentação, pois por meio dos grandes movimentos 
sociais, foram visibilizados para a sociedade as terríveis condições de vida do 
proletariado, obrigando a classe dominante, Estado e a Igreja a posicionar-se em 
torno da questão social. 
Com o fim da República Velha, o início da era Vargas e a aceleração 
do processo de industrialização que favoreceu diretamente para a ampliação da 
urbanização e aumento da classe proletária, o Estado passa a atuar na 
18 
 
perspectiva da mediação dos conflitos de classe, garantindo a acumulação do 
capital e criando estratégia para a desorganização do movimento popular em 
crescimento, conforme nos esclarece Iamamoto e Carvalho (2014, p.161): 
 
O Estado assume paulatinamente uma organização corporativa, 
canalizando para sua órbita os interesses divergentes que 
emergem das contradições entre as diferentes frações 
dominantes e as reivindicações dos setores populares, para, em 
nome da harmonia social e desenvolvimento, da colaboração 
entre as classes, repolitizá-las e discipliná-las, no sentido de se 
transformar num poderoso instrumento de expansão e 
acumulação capitalista. A política social formulada pelo novo 
regime – que tomará forma através de legislação sindical e 
trabalhista – será sem dúvida um elemento central do processo. 
 
Nesse contexto, a posição da Igreja é de apoio as forças políticas que 
possuía interesse no regime liberal, porém, a partir doa anos 1930 preocupada 
em consolidar sua ordem junto da disciplina social permite uma ação política 
mais abrangente no sentido de fazer valer uma grande diversificação e 
ampliação dos movimentos católicos. 
Nesse mesmo período, as instituições religiosas mais desenvolvidas 
se afirmam e se destacam com o fortalecimento da Ação Católica Brasileira – 
ACB que se articulam com o intuito da recuperação da hegemonia ideológica da 
Igreja Católica, e preocupados com as formações de seus componentes 
implementam cursos e seminários de estudos a um grupo de jovens religiosas. 
Por sua vez, o Centro de Estudos e Ação Social – CEAS se apresenta 
com o objetivo de promover um estudo aprofundado dos problemas sociais e 
como uma iniciativa para promover a formação e a filantropia das classes 
dominantes a fim de dinamizar as mobilizações e intervir diretamente junto ao 
proletariado. Com a expansão da Ação Social verifica-se como a gênese do 
Serviço Social está diretamente ligada à igreja Católica, em servir os mais 
necessitados e inspiradas na caridade cristã na qual deveria estar 
recristianizando as pessoas e as adaptando dentro da sociedade. 
Em 1936 com a necessidade de uma formação técnica especializada 
para a prestação de assistência é fundada a primeira escola de Serviço Social 
em São Paulo, que posteriormente tem novas demandas oriundas das 
instituições estatais, e assim se aplica a política de encaminhamentos com o 
19 
 
Serviço social de casos individuais como método central. Iamamoto e Carvalho 
(2014, p. 185) expressa sobre os acontecimentos desse período: 
 
Em 1938 será organizada a Seção de Assistência Social, que 
tendo por finalidade “realizar o conjunto de trabalhos 
necessários ao reajustamento de certos indivíduos ou grupos as 
condições normais de vida”, organiza para tal: o Serviço Social 
dos Casos Individuais, a Orientação Técnica das Obras Sociais, 
o Setor de investigação e Estatística e o Fichário Central de 
Obras e Necessitados. 
 
Nesse período, a fim de garantir o controle social por meio de recursos 
de assistencialismo e o de responsabilização do indivíduo pela sua condição, 
isto é, o método central em casos individuais, o objetivo das assistentes sociais 
se caracteriza numa linha de ajustar politicamente e ideologicamente a classe 
trabalhadora aos princípios da classe dominante. 
No decorrer dos anos 1940 o Brasil passa por um momento de 
crescimento econômico e uma vez que a demanda por Assistentes Sociais 
diplomados aumenta, surgem diversas escolas de serviço social nas capitais dos 
Estados, assim como emergem congressos que reuniam representantes das 
principais entidades particulares ligadas a assistência e ao serviço social. 
Nesse cenário, emergindo da ideia do desenvolvimentismo dos 
países latino americanos e reconhecendo a necessidade de uma revisão teórico-
metodológica de sua ação profissional, o serviço social passa a ser influenciado 
pelo caráter positivista e tecnicista do Serviço Social Norte-Americano, sob 
atuação de Mary Richmond com o Serviço social de caso, grupo e comunidade. 
Nessa linha, Piana (2009, p. 33) comenta que: 
 
As exigências de tecnificação do Serviço Social são atendidas, 
mantendo-se a mesma razão instrumental: busca-se uma maior 
qualificação dos procedimentos interventivos, utilizando-se, 
inclusive, fundamentos advindos da Psicologia, na expectativa 
de que os profissionais, assistentes sociais fossem capazes de 
executar programas sociais com soluções consideradas 
modernizantes para o modelo desenvolvimentista adotado no 
Brasil. 
 
Essa legitimação profissional perpassa a emergência do 
assalariamento, e as novas demandas que surgem na ocupação na divisão sócio 
técnica do trabalho, assumindo no mercado de trabalho funções de coordenação 
20 
 
e de planejamento de programas sociais. Vale salientar que nesse contexto 
histórico ainda há a referências as bases da doutrina social da igreja católica, e 
como expressa Barroco (2003) o Serviço Social traduz sua ação profissional por 
meio, de uma ética vinculada à moral conservadora e dogmática segundo a base 
ideológica neotomista, contudo, com a formação profissional nas disciplinas de 
filosofia e ética surge documentos que marcam o posicionamento da profissão. 
 
 
[...] Os “problemas sociais” são concebidos como um conjunto 
de “disfunções sociais”, julgados moralmente segundo uma 
concepção de “normalidade” dada pelos valores cristãos. A 
tendência ao “ajustamento social”, a psicologização da questão 
social, transforma as demandas por direitos sociais em 
“patologias”; com isso, o Serviço Social deixa de viabilizar o que 
eticamente é de sua responsabilidade: atender às necessidades 
dos usuários, realizar objetivamente seus direitos. (BARRACO, 
2003, p. 94). 
 
Em 1947 surge o primeiro código de ética da profissão, em que 
Barroco (2012) destaca a eminente vinculação do Serviço Social com a doutrina 
social da Igreja Católica, sendo extremamente doutrinário e subordinado aos 
dogmas religiosos. 
Nos primeiros anos da década de 1960, a crescente instabilidade 
política e a aceleração da inflação intensificaram as tensões, e com um cenário 
de mudanças políticas e econômicas observa-se grandes transformações, 
especialmente na América Latina,com a Revolução Cubana que, criticando as 
estruturas capitalistas, manifesta-se como alternativa de desenvolvimento, 
libertando-se dos Estados Unidos. É grande o inconformismo popular com o 
modelo de desenvolvimento urbano industrial dominante. 
Diante dessa conjuntura, o modelo de desenvolvimento entra em crise, 
gerando uma inquietação política e muitos protestos populares, e, o profissional do 
Serviço Social inspirado neste momento de inconformismo popular com o 
modelo de desenvolvimento urbano industrial dominante, dá início a um 
processo de discussão política no interior da categoria. Assim, o Serviço Social 
tradicional foi posto em questão, como esclarece Netto (1996, p.06): 
 
A segunda metade dos anos de 1960 marca, na maioria dos 
países em que o Serviço Social já se institucionalizara como 
21 
 
profissão, uma conjuntura de profunda erosão das suas práticas 
tradicionais [...]. No século passado, a transição da década de 
1960 para 1970 foi, de fato, assinalada em todos os quadrantes 
por uma forte crítica ao que se pode, sumariamente, designar 
como “Serviço Social tradicional” [...]. 
 
Diante de uma conjuntura de instabilidade, surge a procura por uma 
nova visão profissional, que supra as novas demandas que a profissão vem 
enfrentando, surgindo o Movimento de Reconceituação2, com um serviço social 
pautado em teorias e métodos provenientes do próprio país. Assim sendo, o 
movimento de reconceituação se percebe enquanto um momento de reflexão 
teórica crítica, haja vista que ocorre em 1964 o período de regime militar3. Esse 
acontecimento, segundo Cardoso (2013, p. 129-130), “fez com que a influência 
da Reconceituação no Brasil tivesse características distintas do restante da 
América Latina”, pois as possibilidades concretas de participação ativa dos 
brasileiros nesse processo foram minadas. 
Isto posto, fez com que a categoria profissional firmasse um 
compromisso com os valores da democracia e a garantia de direitos de 
cidadania, principalmente pelo fato do Estado assumir a função de assegurar a 
reprodução do grande capital por meio de um Estado Antidemocrático e por meio 
de políticas sociais compensatórias, conforme elucida NETTO (2005, p. 09): 
 
[...] Neste marco, assistentes sociais inquietos e dispostos à 
renovação indagaram-se sobre o papel da profissão em face de 
 
2 O Movimento de Reconceituação é o marco do Serviço social que vem propor a ruptura das 
práticas tradicionais, é através deste movimento que surge um perfil profissional mais crítico, 
capaz de atuar nos desafios postos a profissão. É um importante momento do Serviço Social, 
pois é partir daí que surge uma outra visão acerca da prática profissional, voltada a uma análise 
crítica da realidade social, buscando assim um melhor desempenho no agir profissional ao 
atender as demandas da questão social, pautado em bases teórico-metodológicas que buscam 
superar as práticas tradicionais do Serviço Social. VIANA, Beatriz Borges; Carneiro, Kássia 
Karise Carvalho; Gonçalves, Claudenora Fonseca. O Movimento de Reconceituação do 
Serviço Social e seu Reflexo no exercício profissional na contemporaneidade. Disponível 
em: << https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/180648 >> Acesso em 18 março de 
2019. 
3 O regime militar foi o período de tomada de poder por parte dos militares brasileiros, esse 
momento histórico é marcado por repressão e a violação de direitos para a manutenção da 
ditadura. Ficou conhecido como “Golpe de 1964” com um Estado que tinha como função 
assegurar a reprodução do grande capital, além de passar a enfrentar a questão social não 
apenas com repressão, mas também com políticas sociais compensatórias. Dessa forma, o 
assistente social nesse espaço de tempo era considerado como profissional liberal, tecnicamente 
independente na execução de seu trabalho, sendo obrigado a prestar contas e seguir diretrizes 
emanadas do chefe hierárquicos, além disso, colaborando com os poderes públicos na 
preservação do bem comum e dos direitos individuais, lutando para o estabelecimento de uma 
ordem social. 
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/180648
22 
 
expressões concretamente situadas da “questão social”, sobre a 
adequação dos procedimentos profissionais tradicionais em face 
das nossas realidades regionais e nacionais, sobre a eficácia 
das ações profissionais, sobre a pertinência de seus 
fundamentos pretensamente teóricos e sobre o relacionamento 
da profissão com os novos protagonistas que surgiam na cena 
político-social. 
 
Nesse momento histórico percebe-se as insatisfações e indagações 
ao Serviço Social Tradicional e se identifica um amadurecimento acerca da 
reflexão teórica e crítica da profissão, logo, é demonstrado uma nova forma de 
ver e interferir na realidade social, em que a tradição marxista começa a se 
aproximar, a ganhar espaço na profissão de Serviço Social trazendo à tona 
novas formas de compreensões a respeito da sociedade e das relações sociais 
de produção. Assim, Netto (2005) comenta que o Movimento de Reconceituação 
se dá a partir de novas influências ideológicas e filosóficas que seguem as 
transformações societárias, em que se buscaram novas formulações teóricas e 
práticas, através de críticas ao Serviço Social tradicional. 
Dessa maneira, Barroco (2012) expressa a respeito do segundo 
código de ética reformulado em 1965 que revela traços da renovação profissional 
no contexto da modernização conservadora posta pela autocracia burguesa, 
introduzindo valores liberais sem romper a base filosófica neotomista e 
funcionalista, contudo, introduzindo o assistente social como profissional liberal 
inserido sob princípios do pluralismo, democracia e justiça. Isso posto, Silva 
(2016, p.09) esclarece a respeito da profissão: 
 
O Serviço Social começa a romper com o que praticava até o 
momento e passa a apresentar polêmicas, heterogeneidade nas 
propostas interventivas, busca por uma elaboração teórica mais 
consistente e, principalmente, apresenta sua laicização. 
Sumariamente, podemos mencionar que se coloca em curso, no 
Serviço Social brasileiro, um processo de renovação, que se 
desenvolve a partir do pós-64 até meados da década de 1980, 
apresentando três direções e/ou projetos profissionais. São elas: 
a perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo 
– ou fenomenológica – e a intenção de ruptura. 
 
Percebe-se a perspectiva modernizadora a partir de Netto (2015, p. 
200) sob concepções profissionais inseridas “no arsenal de técnicas sociais a 
ser operacionalizado no marco de estratégias de desenvolvimento capitalista, as 
23 
 
exigências postas pelos processos sociopolíticos emergentes no pós-1964”, ou 
seja, adequa o serviço social conservador as exigências do momento histórico 
sem romper com a origem da profissão. O autor ainda salienta que os grandes 
monumentos desse período são os textos do Documento de Araxá4 e 
Teresópolis5. 
Contudo a reatualização do conservadorismo foi bastante 
contraditória, haja vista que segundo Netto (2015) de um lado se afronta e 
generaliza o acervo positivista e de outro se recusa as vertentes crítico-dialética 
de raiz marxiana. Assim, o autor mostra que dar-se-á uma intervenção 
profissional microscópica com ênfase na ação por meio da ajuda psicossocial 
em busca do ajustamento do sujeito a sociedade. 
A intenção de ruptura com o Serviço social “tradicional” surge como 
proposta alternativa sob um novo suporte teórico, metodológico e ideológico, isto 
é, se coloca a favor do marxismo e a ideia de emancipação humana, fazendo 
com que os assistentes sociais participassem dos partidos políticos e grupos 
sociais com a finalidade de uma transformação societária. Netto (2015) destaca 
que esse momento foi manifestado a partir da pretensão de rompimento com a 
tradição positivista e com os paradigmas do reformismo conservador. 
Vale ressaltarque, nesse momento histórico um dos elementos 
essenciais na construção dessa vertente foi o Método Belo Horizonte – Método 
BH6 que foram constituídas sob perspectivas ideopolíticas, teórico-
 
4 “O seminário de Araxá (MG), ocorreu durante a ditadura militar e trata-se de um seminário de 
teorização na qual os profissionais perceberam que era precisa dar um novo conceito ou 
substituir velhos padrões com relação a profissão. Teve como objetivo teorizar o serviço social 
com a realidade da demanda brasileira, isto é, a necessidade do conhecimento e avaliação 
fundamental para que o serviço social reformulasse a sua teoria e prática, identificando na 
realidade nacional um planejamento para intervenção da realidade para implementar diferentes 
mudanças nas políticas sociais. 
5 Depois do seminário de Araxá, houve a necessidade de estudar a metodologia do Serviço social 
brasileira, em 1970 tem-se o seminário de Teresópolis, cujo debate foi os fundamentos da 
metodologia do serviço social. Seu objetivo era estabelecer relação entre o método científico e 
profissional, fundamentando epistemologicamente conexão com as ciências sociais. 
6 O Método BH “é o traço mais visível da explicitação do projeto de ruptura que se plasmou na 
atividade da Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais na primeira 
metade dos anos 1970 – o “método” que ali se elaborou foi além da crítica ideológica, da 
denúncia epistemológica e metodológica e da recusa das práticas próprias do tradicionalismo; 
envolvendo todos estes passos, ele coroou a sua ultrapassagem no desenho de um inteiro 
projeto profissional, abrangente, oferecendo uma pauta paradigmática dedicada a dar conta 
inclusive do conjunto de suportes acadêmicos para a formação dos quadros técnicos e para a 
intervenção do Serviço Social.” (NETTO, 2015, p. 351,352). 
24 
 
metodológicas e operativo-funcionais, destacando assim a importância da 
universidade legitimado pelo caráter científico no período ditatorial. 
Em 1975 se tem o terceiro código de ética suprimindo as referências 
democrático-liberal do código anterior e configurando-se como uma das 
expressões de reatualização do conservadorismo profissional, isto é, no contexto 
de oposição e luta entre projetos profissionais. Consequentemente, SILVA 
(2016, p .11) expressa sua opinião sobre a influência das universidades nesse 
período: 
 
Deste modo cabe destacar que a universidade possui um vínculo 
estreito com a construção e desenvolvimento da chamada 
intenção de ruptura com o conservadorismo, pois, as 
universidades mesmo num contexto ditatorial, representam um 
espaço de construção de saber, legitimado pelo caráter 
científico, além do notável amadurecimento teórico-
metodológico acumulado através das atividades de ensino, 
pesquisa e extensão (experiências de estágio). 
 
A partir dos anos 1980 com as transformações sociais e por meio da 
redemocratização do país o Serviço Social passa por algumas alterações, 
Barroco (2012, p. 48) expressa que a mudança operada no Código de Ética de 
1986 descaracterizou a tendência legalista do código anterior, politizando a 
natureza do documento e construído coletivamente pela categoria por meio de 
suas entidades. 
 
O conjunto das conquistas efetivadas no CE de 1986 pode assim 
ser resumido: o rompimento com a pretensa perspectiva 
“imparcial” dos códigos anteriores, o desvelamento do caráter de 
classe dos usuários, antes dissolvidos no conceito abstrato de 
“pessoa humana”; a negação de valores a-históricos, a recusa 
do compromisso velado ou explícito com o poder instituído. A 
partir de 1986, o CE passa a se dirigir explicitamente ao 
compromisso profissional com a realização dos direitos e das 
necessidades dos usuários, entendidos em sua inserção de 
classe. Como se percebe, são conquistas políticas inestimáveis, 
sem as quais não seria possível alcançar o desenvolvimento 
verificado nos anos 1990. 
 
Portanto, nesse ciclo favorável ao avanço no contexto de 
reorganização política dos trabalhadores, movimentos sociais e categoria 
profissional, acontece profundas mudanças na conjuntura de democratização da 
25 
 
sociedade brasileira, que posteriormente terá condições distintas para uma nova 
reformulação do Código de Ética do serviço social e um projeto profissional da 
categoria, na qual Netto (1999, p. 95) expressa que: 
 
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma 
profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, 
delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os 
requisitos (teóricos, institucionais e práticos) para o seu 
exercício, prescrevem normas para o comportamento dos 
profissionais e estabelecem as balizas da sua relação com os 
usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as 
organizações e instituições sociais, privadas e públicas. 
 
Surge assim a necessidade de um novo projeto profissional, na qual 
foi nomeado como Projeto Ético-Político, conseguindo predominância teórica e 
metodológica no Serviço Social Brasileiro em meados dos anos 1990 e vinculado 
a um projeto de transformação da sociedade a partir de dimensões teórico 
metodológicas, ético político e técnico operativo. Surge então o Código de Ética 
profissional de 1993 na qual foi resultado do amadurecimento das reflexões 
iniciadas a partir do Código de ética de 1986, e sinalizasse os princípios para 
permitir uma instrumentalização melhor na prática cotidiana do exercício 
profissional. 
Fazendo referência a Montaño (2006) é através de seus instrumentos 
profissionais que o assistente social pode trabalhar para intervir positivamente 
na redução das desigualdades sociais, bem como nas mudanças da realidade 
social. Em vista disso, pode-se apresentar o Serviço Social como uma profissão 
historicamente importante para o enfrentamento da Questão Social. 
 
 
2.2 O Projeto Ético Político do Serviço Social e a Luta Contra o Conservadorismo 
 
Conforme abordamos anteriormente, com o Projeto Ético Político do 
Serviço social tem-se a predominância teórica e metodológica da profissão 
vinculado a um projeto de transformação da sociedade, esse acontecimento 
partiu sinalizou os princípios para permitir uma instrumentalização melhor na 
prática cotidiana do exercício profissional. 
26 
 
Vale ressaltar que da área social o Serviço Social foi uma das 
primeiras profissões a ter aprovada a lei de regulamentação da profissão e o 
Decreto 994 de 15 de maio de 1962 que determinava no artigo 6° a disciplina e 
fiscalização do exercício profissional, isto é, tem-se a criação do Conselho 
Federal de Assistentes Sociais – CFAS e aos Conselhos Regionais de 
Assistentes Sociais – CRAS, posteriormente denominados de CFESS E CRESS. 
 
[...] Nesse patamar legal, os Conselhos têm caráter basicamente 
corporativo, com função controladora e burocrática. São 
entidades sem autonomia, criadas para exercerem o controle 
político do Estado sobre os profissionais, num contexto de forte 
regulação estatal sobre o exercício do trabalho. (CFESS, 2017) 
 
Segundo o site do CFESS(2017) a criação desses conselhos se 
constituiu como entidades autoritárias, que a fiscalização se restringia a 
exigência da inscrição do profissional e pagamento do tributo devido. Além disso, 
essa concepção conservadora foi caracterizada devido o reflexo da perspectiva 
vigente na profissão em que seus pressupostos eram acríticos e despolitizados 
face às relações econômico-sociais. 
 Na década de 1960 também se destaca do universo político cultural 
o interesse dos movimentos sociais e sindicais pela luta por diferentes sujeitos, 
que socializaram a agenda política por reinvindicação de direitos. Com isso, a 
agenda política da classe trabalhadora marca as lutas pela democracia e 
liberdade, ressaltando os direitos por liberdades e sendo contra as variadas 
formas de autoritarismo, preconceito e repressão. 
Como já mencionadoanteriormente, os assistentes sociais possuíam 
uma perspectiva conservadora, eram apenas executadores das políticas sociais 
do Estado ou de instituições privadas, contudo, Piana (2009, p. 86) comenta a 
respeito do processo de ruptura com o conservadorismo. 
 
No processo de ruptura com o conservadorismo, o Serviço 
Social passou a tratar o campo das políticas sociais, não mais 
no campo relacional demanda da população carente e oferta do 
sistema capitalista, mas acima de tudo como meio de acesso 
aos direitos sociais e à defesa da democracia. Dessa forma, não 
se trata apenas de operacionalizar as políticas sociais, embora 
importante, mas faz-se necessário conhecer as contradições da 
sociedade capitalista, da questão social e suas expressões que 
desafiam cotidianamente os assistentes sociais, pensar as 
27 
 
políticas sociais como respostas a situações indignas de vida da 
população pobre e com isso compreender a mediação que as 
políticas sociais representam no processo de trabalho do 
profissional, ao deparar-se com as demandas da população. 
 
Nesta perspectiva, o Serviço Social, inicia-se um movimento de 
modificação na estrutura de legitimação dos projetos profissionais tradicionais 
do Serviço Social, o que contribui para um pluralismo de ideias dentro da 
profissão e cria a possibilidade de uma abordagem numa perspectiva crítica. 
Houve uma busca de uma parcela dos assistentes sociais, comprometido com a 
classe trabalhadora, para redimensionamento profissional, vale destacar que o 
protagonismo desses assistentes sociais foi influenciado pela elaboração de um 
novo projeto profissional distinto do tradicional, cujo desenvolvimento foi 
realizado pelo grupo de assistentes sociais de Belo Horizonte. 
No ano de 1979, foi realizado III Congresso Brasileiro de Assistente 
Sociais – CBAS, também conhecido de “Congresso da Virada”. Este encontro 
estabelece mudanças significativas no campo da formação, do exercício 
profissional e da organização política da categoria. Foi no “Congresso da Virada” 
que se afirmou o compromisso do Serviço Social com a luta da classe 
trabalhadora e com a defesa da cidadania e da democracia. Isto exigiu uma 
reconfiguração na direção da profissão e, para tanto, também foi necessário que 
as entidades da categoria se renovassem. Assim, com o III CBAS é exteriorizada 
a opção política do Serviço social pelo compromisso com os interesses da classe 
trabalhadora e na defesa da cidadania e da democracia, conforme explicita 
Guerra (2009, 128.129): 
 
A destituição da Mesa de Honra prevista para o III CBAS, bem 
como as deliberações tiradas a partir daí, expressaram a clara 
opção política do Serviço Social pelo compromisso com os 
interesses da classe trabalhadora, e, por conseguinte, a decisão 
pela construção de um novo projeto para o Serviço Social 
brasileiro, e a adoção de um novo perfil profissional para os 
sujeitos profissionais [...]. Ou seja, o III Congresso deixava claro 
que era urgente a ruptura com a herança conservadora presente 
desde a emergência do Serviço Social no Brasil e a notória 
importância de um novo projeto de profissão. Era fundamental 
que o Serviço Social e seus profissionais estivessem articulados 
com a luta mais geral da classe trabalhadora, na defesa da 
cidadania e da democracia. E, neste sentido, tornava-se 
inconteste a necessidade de que as entidades do Serviço Social 
– seu sujeito profissional coletivo – se reconfigurassem na 
28 
 
direção do que a “Virada” politicamente apontava. Foi 
imbuído desta “virada” progressista que o próprio, e então, 
conjunto CFAS/CRAS se renovou (Idem, grifos da autora). 
 
Diante das lutas pela redemocratização da sociedade por uma parte 
da categoria profissional, tem-se a disputa pela direção dos Conselhos Federais 
e Regionais na perspectiva de fortalecer o projeto profissional. Com isso, a 
gestão que assumiu o conselho por meio de uma nova direção política das 
entidades se comprometeu com a democratização e articulação com os 
movimentos sociais e demais entidades de categoria. 
A partir do amplo debate na década de 1980 tem-se uma parcela dos 
profissionais de serviço social pela preferência e adoção da teoria social crítica 
de Marx, na qual desvela os fundamentos da produção e reprodução da Questão 
Social. Assim, os assistentes sociais passaram a discutir seu papel na dinâmica 
contraditória da sociedade capitalista e a função social do Estado e da profissão. 
Acerca disto, Abreu (2008, p.151) explica que: 
 
[...] na sociedade brasileira, nos anos 80, criam-se condições 
concretas para o avanço do projeto profissional identificado com 
os interesses das classes subalternas, determinadas pelo 
referido movimento de redemocratização das relações sociais, 
em que avançam estratégias de politização dessas relações 
integradas as lutas sociais e a organização das referidas classes 
e, contraditoriamente, pelas estratégias no âmbito das políticas 
sociais a busca de legitimidade do sistema de poder em crise. 
 
Com a organização política da profissão e a ascensão das forças 
democráticas populares no cenário político brasileiro, os anos 1980 aprofunda a 
proposição de um novo projeto profissional para o Serviço social visando romper 
com o projeto conservador. 
Sob a defesa do capital mundial é defendida a ideologia neoliberal7 
 
7 A ideologia neoliberal remete ao estado a intervenção na economia e na livre circulação de 
capitais, nesse contexto o papel do governo focaliza em adoção de medidas de redução de 
serviços públicos, como as privatizações de empresas estatais, controle de gastos públicos, 
menores investimentos em políticas assistencialistas (aposentadoria, seguro desemprego e 
pensionistas). Ou seja, o neoliberalismo significa uma doutrina político-econômica que 
corresponde a uma experiência de adaptar aos princípios do liberalismo econômico as condições 
do capitalismo moderno. FREITAS, Eduardo de. Neoliberalismo. Disponível em: 
<<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/neoliberalismo-1.htm>> Acesso em 25 de 
maio de 2019. 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/neoliberalismo-1.htm
29 
 
na entrada dos anos 1990, que advindas da lógica excludente do capitalismo 
tem diversas e profundas consequências, desde o conservadorismo na política 
ao moralismo nos estilos de vidas individuais. Assim, torna-se notório as 
implicações para os países do Terceiro Mundo, essencialmente diante da 
renovação teórica metodológica que emergia no Serviço Social e o acirramento 
das condições de desemprego e subemprego sob repressão das organizações 
de classe e dos movimentos sociais. Diante dos impactos e da estrutura social, 
Yazbec (2007, p.7-8), analisa os desafios da profissão: 
 
É inserido neste contexto, desafiado pelas mudanças em 
andamento, convivendo cotidianamente com a violência da 
pobreza e com as incontáveis faces de exclusão social, que o 
assistente social brasileiro trava o embate a que se propõe: o de 
avançar em seu projeto ético político na direção de uma 
sociabilidade mais justa, mais igualitária e onde direitos sociais 
sejam observados. 
 
Dessa forma e diante deste contexto, o projeto profissional do Serviço 
Social alcança sua maturidade e solidifica sua nova direção social associado as 
lutas da classe trabalhadora para além do modo de produção capitalista, isto é, 
em defesa de um novo projeto societário articulado a hegemonia no interior da 
luta de classes. Analisando as incursões nesse momento da profissão, 
Abramides (2017, p.383) discorre: 
 
Nos anos 1990 definimos o novo Código de Ética, a nova lei de 
regulamentação da profissão e as diretrizes curriculares, que se 
configuram nossos parâmetros do Projeto Ético-Político 
Profissional, o qual se encontra articulado a um projeto societário 
emancipatório. Esse movimento da categoria profissional desde 
a luta contra a ditadura, pela redemocratizaçãodo país, se 
espraia a partir de 1989, na luta contra o neoliberalismo, e 
reafirma o projeto profissional articulado com o projeto societário 
emancipatório. 
 
Com o Projeto ético-político do Serviço Social é perceptível as 
reflexões críticas e éticas no interior da profissão, em construir uma nova direção 
social pautada na orientação marxista e vinculada a uma categoria profissional 
aliada aos interesses da classe trabalhadora. Sobre a renúncia ao 
conservadorismo, Boschetti (2015, p.639) acrescenta: 
 
30 
 
Foi na história de resistência e luta contra esse 
conservadorismo, que sempre quis subordinar e colocar a 
profissão a serviço da reprodução do capital, que o Projeto Ético-
Político — em suas dimensões teórica, política, ética, legal e 
profissional — se constituiu como processo dinâmico e vivo, 
como expressão de luta contra o conservadorismo. 
 
Traçar o projeto ético-político profissional do Serviço Social, põe em 
destaque o Código de Ética Profissional do Assistente Social, aprovado em 13 
de março de 1993, o qual destacou relação do exercício profissional sob a 
viabilização dos direitos sociais. Delineando os parâmetros para o exercício 
profissional, o Código de Ética busca a garantia da qualidade dos serviços 
prestados aos usuários, assim, realça organizadamente por meio de princípios 
fundamentais, sendo eles: o reconhecimento da liberdade, defesa dos Direitos 
Humanos, ampliação e consolidação da cidadania, democracia, favorecimento 
da equidade e justiça social, eliminação de todos os tipos de preconceito, 
garantia do pluralismo e a escolha por um projeto profissional que objetive a 
construção de uma sociedade sem exploração. 
Sob visão crítica e derivadas do agir ético político do profissional, a 
Lei 8.662/1993 regulamenta a profissão representando um marco importante na 
história da profissão no Brasil, principalmente pelo fato de oferecer atribuições 
privativas do assistente social, competências e representações da categoria 
perante o funcionamento do conjunto do Conselho Federal de Serviço Social – 
CFESS8 e do Conselho Regional do Serviço Social – CRESS. 
 
O Conselho Federal de Serviço Social – CFESS – principal 
entidade representativa da profissão, vem sendo também objeto 
de estudo, segundo teses e dissertações analisadas, devido 
importantes contribuições que este órgão vem oferecendo para 
compreender as potencialidades e efetividade do projeto. A 
partir dos estudos de Ramos (2005), que analisou o 
protagonismo do CFESS junto à reconstrução do projeto 
profissional, os resultados da pesquisa demonstraram que as 
propostas e ações dessa entidade, em parceira com outros 
segmentos coletivos, vêm ganhando materialidade através de 
duas frentes prioritárias: a primeira delas refere-se à dimensão 
 
8 A contribuição do CFESS para o desenvolvimento da consciência política se dá segundo Mota 
(2011) a partir do pertencimento à classe trabalhadora dos profissionais, à aproximação madura 
com a teoria marxista, que expressam o processo de renovação da profissão, além de fomentar 
a vontade e intencionalidade dos sujeitos responsáveis pela construção da ação política 
profissional, assim, a ação dos sujeitos políticos organizados em torno da conformação do novo 
projeto profissional. 
31 
 
ética e ressalta a participação dentre outras atividades, na 
coordenação do processo de discussão para a aprovação do 
Código de Ética de 1993 e a atuação na área de direitos 
humanos. Na segunda dimensão, estão elencadas as ações 
referentes às contribuições para elaboração das políticas 
públicas e do controle social. (MOTA, 2011, p. 65). 
 
Por conseguinte, se faz necessário compreender o Código de ética de 
1993, a Lei de Regulamentação da Profissão (1993) e as diretrizes curriculares 
da ABEPSS em 19969, visto que, em linhas gerais, a profissão possui sua 
composição na fundamentação da vida na sociedade e do trabalho profissional 
sob capacitação teórico-metodológica, ético-político e técnico-operativa como 
instrumentos legais para o exercício profissional perante a democratização e 
igualdade. 
Em vista dos instrumentos legais do Serviço Social sob as três 
dimensões constitutivas da profissão, tem-se a dimensão teórico metodológica, 
Ético-político e Técnico-operativa, que respectivamente segundo Pereira (2003) 
o profissional deve ter capacidade de apreensão do método e das teorias para 
poder entender a realidade e as demandas dos usuários segundo o seu contexto 
histórico e criando formas efetivas de transformar a realidade respeitando suas 
especificidades. 
A dimensão Ético-político, sob o desenvolvimento de capacidade de 
analisar a própria profissão e a sociedade como campo de forças contraditórias 
acerca da direção social, além de se posicionar politicamente diante da realidade 
e de sua intervenção profissional a favor da classe trabalhadora. E a dimensão 
Técnico-operativa, referindo aos elementos técnicos e instrumentais para o 
desenvolvimento da intervenção, ou seja, o conjunto de habilidades técnicas 
para atendimento da população usuárias e das exigências das instituições 
contratantes. 
Enquanto profissionais do Serviço Social subentende-se que 
possuem o dever de conhecer as três dimensões constitutivas da profissão, 
sendo importante evidenciar que as mesmas não se separam, se articulando 
entre teoria e prática, tão pouco se sobrepõe, isto é, todas possuem o mesmo 
 
9 As diretrizes curriculares implicaram em uma capacitação no sentido de superar as defasagens 
teórico-metodológicas e as precariedades operativas na formação, isto é, na busca pela garantia 
da organização entre realidade brasileira e formação. 
32 
 
nível de importância no âmbito da atuação profissional. Assim, cada dimensão 
possui sua diversidade, todavia, buscando direitos universais, sobretudo uma 
sociedade mais justa e igualitária. 
 
A complexa e necessária articulação dessas dimensões é um 
fator imperativo para a hegemonia do projeto profissional crítico, 
haja vista que reúnem o que se entende por “modo de pensar” e 
modo de ser” da profissão, por serem portadoras de 
mecanismos políticos, instrumentos legais e referenciais 
teóricos que colocam a prática profissional exigências 
compulsórias, como a graduação acadêmica, devidamente 
reconhecida pelo Ministério da Educação e em conformidade 
com padrões curriculares minimamente determinados; inscrição 
na respectiva organização profissional (CRESS) e indicações 
consensuadas sobre o ethos profissional, frente as condições 
objetivas que incidem sobre o “modo de ser”. É a relação entre 
essas exigências compulsórias e os consensos mínimos 
estabelecidos sobre a profissão que confere um perfil peculiar a 
prática profissional no quadro geral das profissões. 
(MENDONÇA, 2007, p. 74). 
 
Cada uma dessas dimensões que norteiam a prática profissional são 
os pressupostos e direcionamentos profissionais escolhidos pela categoria ao 
longo da construção sócio históricas da profissão, porém, enquanto profissão 
inserida dentro de um modo de produção capitalista existe uma contradição entre 
o modo de pensar e o de materializar o projeto ético político uma vez que possui 
uma relativa autonomia profissional10. 
Outro aspecto importante é a respeito do projeto ético político e os 
elementos e princípios constitutivos do Serviço social, como por exemplo a 
igualdade, liberdade e democracia, conforme a sociedade em que vivemos. A 
partir disso, o assistente social a partir das contradições de classes existentes 
na profissão, Menengueli (2013) explicita que podem escolher caminhos, 
construir estratégias político-profissionais, definir rumos para sua atuação e, com 
 
10 A relativa autonomia profissional está associada as mudanças e reestruturações do mercado 
de trabalhoque afetam o exercício profissional do assistente social na medida em que este é um 
profissional assalariado e que também tem obtido a sua inserção no mundo do trabalho através 
da prestação de serviços, da terceirização e do trabalho em Ongs e fundações. No que tange a 
autonomia profissional neste mercado diversificado e reconfigurado, vê-se que embora ainda a 
maioria dos assistentes sociais advenha de empresas públicas, a estabilidade do vínculo 
empregatício não lhes confere maior autonomia. TABORDA, Elis. Mann, Lilian dos Santos. 
Pfeifer, Mariana. A Autonomia relativa no exercício profissional do assistente social. Disponível 
em: << http://seminarioservicosocial2017.ufsc.br/files/2017/05/Eixo_2_61.pdf>> Acesso em 25 
de maio de 2019. 
http://seminarioservicosocial2017.ufsc.br/files/2017/05/Eixo_2_61.pdf
33 
 
isso, projetar ações que demarquem claramente os compromissos éticos e 
políticos profissionais. 
Entende-se, dessa maneira, que o projeto ético-político da profissão 
está vinculado a um projeto de transformação da sociedade, isto é, pressupondo 
a construção de uma nova ordem social que não possua exploração e/ou 
dominação de classe, compromissado com a emancipação dos indivíduos 
sociais e reconhecendo a liberdade como valor ético central. Além disso, na 
perspectiva de universalização do acesso aos bens e serviços relativos e na 
consolidação da cidadania enquanto direitos civis, políticos e sociais. Com isso, 
Guerra (2007, p.15) expõe sobre a importância da prática profissional orientada 
no projeto crítico, na qual a compreensão do significado social orientado em 
projeto crítico possibilita ao profissional do Serviço Social a realizar uma 
intervenção profissional de qualidade, competência e comprometido com valores 
humanos. 
Em síntese, é o conjunto das dimensões que contornam o Projeto 
Profissional Crítico hegemônico do Serviço social, embasados na teoria social 
crítica marxiana até a organização política da categoria e seus instrumentais 
legais que legitima o projeto. Assim, segundo Iamamoto (2009) com o exercício 
profissional sendo reorganizado se torna possível desvelar a prática do serviço 
social apreendendo e articulando estratégias políticas de classes a fim de 
desvendar as necessidades, limites e possibilidades na vida social. 
Como já salientado, o Projeto profissional do Serviço social é 
vinculado a um projeto societário, porém, é antagônico ao projeto vigente. 
Contudo, pode-se perceber que este projeto está em constante construção. 
Ademais, iremos compreender a respeito dos espaços sócio ocupacionais do 
Assistente Social e as exigências da Profissão na contemporaneidade. 
 
 
2.3 A Reconfiguração dos Espaços Sócio Ocupacionais dos Assistentes Sociais 
e as Exigências da Profissão na Contemporaneidade 
 
O Serviço Social é uma profissão, que tem como objeto de 
intervenção as expressões da questão social, lutando pelas pessoas que de 
alguma forma não tem o total acesso à cidadania e aos direitos garantidos por 
34 
 
lei. Se faz necessário que o profissional busque conhecer e analisar a realidade, 
para poder intervir apostar em propostas criativas, críticas e construtivas a fim 
de contribuir para a efetivação dos direitos. 
O enfrentamento da questão social no neoliberalismo, estruturado ainda 
na década de 1970, entendido como um conjunto de ideias e ações no campo 
político e econômico e bem ajustado aos interesses do capitalismo. A ideia 
central do Neoliberalismo baseia-se no individualismo, visão do sujeito enquanto 
portador da liberdade para seu desenvolvimento, onde a consequência da 
questão social é observada como uma responsabilidade do próprio indivíduo, 
sendo este culpabilizado pela circunstância vulnerável em que se está. A 
estratégia do neoliberalismo é criar políticas sociais de cunho emergencial, 
assistenciais, precarizadas e focalizadas. 
 Com as crises do capital no Brasil11 e as transformações entre o 
Estado e a sociedade na década 1990, tem-se alterações na vida econômica, 
política e social da sociedade. Assim sendo, ocorre uma desresponsabilização 
do Estado no trato com a questão social e a transferência dessa 
responsabilidade para outros setores, na qual IAMAMOTO (2009, p. 30) 
expressa que: 
 
Constata-se uma progressiva mercantilização do atendimento 
às necessidades sociais, decorrente da privatização das 
políticas sociais. Nesse quadro, os serviços sociais deixam de 
expressar direitos, metamorfoseando-se em atividade de outra 
natureza, inscrita no circuito de compra e venda de mercadorias. 
Estas substituem os direitos de cidadania, que, em sua 
necessária dimensão de universalidade, requerem a ingerência 
do Estado. 
 
Com o mercado sob a perspectiva liberal ocorre uma informalização 
das relações de trabalho e aumento das políticas focalistas com gasto público, 
favorecendo o grande capital em detrimento da economia política do trabalho. 
Dessa forma, Iamamoto (2007) expressa que a complexidade do contexto 
histórico remete às novas mediações históricas na gênese e expressões da 
 
11 A crise de acumulação do capital tem sua expressão fenomênica com a crise do modelo de 
acumulação fordista-keynesiano e a consequente reestruturação do capital, cujos impactos não 
se restringem à esfera produtiva, incidindo fortemente sobre o conjunto da vida social. (CEOLIN, 
2014, p. 249). 
35 
 
questão social, assim como nas formas até então vigentes, de seu 
enfrentamento, seja por parte da sociedade civil organizada ou do Estado. 
Os campos sócio-ocupacionais dos assistentes sociais foram 
reorganizados pelas reformas no país, principalmente no sistema previdenciários 
e nas políticas sociais. Com isso, se exigiu uma maior especialização das 
atividades uma vez que implicou na ampliação do mercado de trabalho devido a 
formação de um conjunto amplo de políticas sociais. Em geral, os assistentes 
sociais segundo Pereira (2003) encontram alocados em campos sócio 
ocupacionais que dão materialidade as políticas sociais. 
Vale ressaltar que a consolidação do mercado para os assistentes 
sociais se dá devido ao desenvolvimento da industrialização e pela necessidade 
das condições sociopolíticas e controle da força de trabalho na produção, assim, 
exigiu do profissional de serviço social estratégias para a ampliação do mercado 
de trabalho no que tange o âmbito do Estado, empresas e organizações 
filantrópicas privadas. Dessa forma, as transformações sociais históricas 
resultam para o Serviço Social uma reconfiguração nos espaços sócio 
ocupacionais e novas formas de atuação para o Serviço Social. Iamamoto (2007, 
p.7) salienta a respeito: 
 
O atual quadro sócio-histórico não se reduz, portanto, a um pano 
de fundo que se possa, depois, discutir o trabalho profissional. 
Ele atravessa e conforma o cotidiano do exercício profissional 
do assistente social afetando as suas condições e as relações 
em que se realiza o exercício profissional, assim como a vida da 
população usuária dos serviços sociais. 
 
Pode-se afirmar que as novas questões são colocadas no serviço 
social em relação a intervenção profissional, especialmente com a lógica do 
capitalismo fundamentado em mudanças o mundo do trabalho e 
consequentemente da desestruturação do sistema de proteção social e das 
políticas sociais. A partir disso, o profissional de serviço social está incluído nos 
desafios expostos pela tendência neoconservadora e focalistas das questões 
sociais, com uma conjuntura limitadora dos direitos legitimamente conquistados. 
Acerca dos desafios, Guerra (2005, p. 22) argumenta: 
 
36 
 
[...] o atendimento passa a ser realizado por meio de um 
mecanismo denominado por alguns autores como 
“refilantropização”, pelas instituições públicas não estatais 
(pelas ONG’s como formas privilegiadas de objetivação do 
chamado “Terceiro Setor”), as quais em muitos casos 
contemplamno seu interior o exercício profissional como 
atividade voluntaria. Desta forma, estabelece uma nova relação 
entre as instituições prestadoras de serviço, os agentes 
prestadores de serviço e os usuários. Mais uma vez o 
pensamento conservador articula as perspectivas público-
privadas e as refrações da questão social. Aquilo que se mantém 
no atendimento da questão social é: sua reconversão em 
problemática de natureza individual, a prestação de serviços de 
maneira assistemática, assistencialista e como prática de favor, 
mesclada por uma política de repasse das responsabilidades 
estatais quanto a intervenção nas sequelas da questão social 
para sociedade civil. 
 
Convém mencionar que esse contexto social constrói uma tendência 
de ajuste estrutural não somente para os usuários como também para a 
desqualificação profissional uma vez que enquanto trabalhadores assalariados 
os assistentes sociais são afetados por relações de trabalho precarizadas. 
Com a constituição de 1988 tem-se o estabelecimento ao direito das 
políticas sociais por meio da criação de importantes programas de atendimento 
à população, como por exemplo: saúde, educação, proteção à maternidade e à 
infância, assistência aos desamparados. Além disso, institui-se o Sistema Único 
de Saúde – SUS por meio de políticas públicas e por meio de um sistema público 
que garante acesso universal, igualitário e gratuito às ações de serviços de 
saúde. Da mesma maneira, constata-se uma expansão do mercado de trabalho 
dos assistentes sociais, fazendo emergir 
 
O espaço ocupacional ampliou-se também com atividades 
voltadas para implementação, orientação e representação em 
Conselhos de Políticas Sociais e de direitos, organização e 
mobilização popular, elaboração de planos de assistência social, 
acompanhamento e avaliação de programas e projetos, 
ampliação e interiorização dos cursos de Serviço Social; além 
de assessoria e consultoria e requisições no campo da pesquisa. 
(DELGADO, 2013, p.133) 
 
Outro elemento que merece destaque são as novas atribuições, 
requisitos e habilidades inerentes ao mercado de trabalho do Assistente social, 
principalmente depois da regulamentação da profissão com a Lei 8.662/1993, 
37 
 
estabelecendo qualificações e atribuições, na qual o artigo 5º da citada lei 
expressa as 13 atribuições privativas que preservam o espaço ocupacional: 
 
Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social: I - 
coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, 
pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço 
Social; II - planejar, organizar e administrar programas e projetos 
em Unidade de Serviço Social; III - assessoria e consultoria e 
órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas 
privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social; IV - 
realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações 
e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V - assumir, no 
magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como 
pós graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos 
próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI - 
treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de 
Serviço Social; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e 
Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação; VIII - 
dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de 
pesquisa em Serviço Social; IX - elaborar provas, presidir e 
compor bancas de exames e comissões julgadoras de 
concursos ou outras formas de seleção para Assistentes 
Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao 
Serviço Social; X - coordenar seminários, encontros, congressos 
e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI - 
fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal 
e Regionais; XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em 
entidades públicas ou privadas; XIII - ocupar cargos e funções 
de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e 
entidades representativas da categoria profissional. (BRASIL, 
2011, p.45.46). 
 
A partir disso percebe-se a luta da categoria em garantir os espaços 
sócio ocupacionais da profissão, atribuindo e diversificando os espaços por meio 
de novas requisições, demandas, habilidades e atribuições a esse profissional. 
 
Os (as) assistentes sociais trabalham com as mais diversas 
expressões da questão social, esclarecendo à população seus 
direitos sociais e os meios de ter acesso aos mesmos. O 
significado desse trabalho muda radicalmente ao voltar-se aos 
direitos e deveres referentes às operações de compra e da 
venda. Se os direitos sociais são frutos de lutas sociais, e de 
negociações com o bloco do poder para o seu reconhecimento 
legal, a compra e venda de serviços no atendimento a 
necessidades sociais de educação, saúde, renda, habitação, 
assistência social, entre outras pertencem a outro domínio – o 
do mercado –, mediação necessária à realização do valor e, 
eventualmente, da mais valia decorrentes da industrialização 
dos serviços. (IAMAMOTO, 2009, p. 31) 
 
38 
 
Mesmo com as novas áreas de atuação citadas por Iamamoto (2009), 
o serviço social enquanto profissão especializada na divisão sócio técnica do 
trabalho e após a reestruturação produtiva do capital, tem os processos de 
trabalho alterados e flexibilizados, tornando o trabalho ainda mais precarizado 
para as classes populares. Por consequência, a precarização acontece nos 
variados âmbitos, haja vista que no setor público se tem o desmonte dos direitos 
da classe trabalhadora, no setor privado há o aumento dos contratos temporários 
e nas organizações não governamentais, por meio do enfraquecimento das 
políticas públicas enquanto perspectivas de direito. 
O projeto neoliberal12 sob a visão de Silva (2008) encontrou no terceiro 
setor um modo de responder as necessidade e carências que o Estado deixou 
quanto ao atendimento de políticas básicas, isto é, atendendo a população de 
forma paliativa – atendimento com baixa qualidade e sem resolução do 
problema, nota-se ainda que o critério para prestar o atendimento torna-se cada 
vez menos universal e mais seletivo, tirando todo o sentido do direito que deve 
ser garantido ao cidadão. 
 
Assim, o Estado está passando a servir às empresas privadas, 
como financiador das próprias, injetando capital para que elas 
possam se movimentar no mercado. De outro lado, as empresas 
dizem assumir um outro papel: essas “servem” à população, via 
filantropia empresarial ou responsabilidade social. Claro que o 
grande financiador do “terceiro setor” o Estado, como veremos 
na pesquisa, mas, da forma como tudo isso é apresentado, a 
opinião pública não consegue ver de forma clara quais são os 
papéis pertencentes a cada setor, visto que a estrutura da 
relação entre setor público e privado se mostra de forma confusa 
e obscura (SILVA, 2008 p.55). 
 
Segundo essa ótica, o Governo articula-se a iniciativa privada e as 
organizações do Terceiro Setor, minando o caráter público da assistência em 
benefício da privatização. Diante dessas questões, torna-se notório que 
enquanto a orientação prestada a população requisita do profissional um perfil 
bastante crítico a fim de apoiar a democratização das relações sociais tem-se a 
estimulação da participação dos sujeitos no que se refere a defesa das decisões 
 
12 O projeto neoliberal tem como principal ideia políticas e econômicas a defesa da não 
participação do estado na economia, devendo haver total liberdade de comércio para garantir o 
crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. 
39 
 
e dos direitos sociais. Segundo Iamamoto (2009) exige-se, para tanto, 
compromisso ético-político com os valores democráticos e competência teórico-
metodológica na teoria crítica, em sua lógica de explicação da vida social. 
É o conhecimento adquirido pelo profissional do serviço

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