Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiopatologia e Dietoterapia: Trauma/Cirurgia/ Crítico/ Queimados/SEPSE Prof. Me. Matheus Sobral Nutricionista Disciplina: Fisiopatologia e Dietoterapia II • Evento agudo que altera homeostase (estado de equilíbrio) de um organismo; • Deflagra uma ampla e complexa resposta sistêmica com reações neuroendócrinas, metabólicas e imunológicas; Trauma • Modificando o metabolismo corporal e funções cardiorrespiratórias para preservar algumas funções: Volemia, débito cardíaco, oxigenação tecidual, oferta e utilização de substratos energéticos. • Trauma: Sentido amplo; envolve várias situações clínicas com repercussão ampla em todo organismo. • Trauma: Intervenções cirúrgicas, politrauma, sepse, queimadura, hemorragia, etc. Características Gerais da Resposta ao Trauma: • Trauma é acompanhando por desnutrição proteica, visando a produção de energia. • Aumento da perda proteica pelo organismo, desencadeada pela lesão inicial e mantida por fatores: ❖Complicações infecciosas; ❖Jejum; ❖Imobilidade. • Aumento do metabolismo energético (não surge de inicio do trauma) • Desencadeando os conceitos de diferentes fases da resposta sistêmica do trauma. Resposta do Trauma: 1. Cardiovascular imediata; 2. Inflamatória que ocorre horas após a lesão; 3. Metabólica. Resposta Cardiovascular: • A resposta está associada à hemorragia, lesão tissular, dor em 3 fases: 1. Aumento da frequência cardíaca 2. Após a perda de 1/3 da volemia, há queda da PAM 3. Após há perda de 44% volume sanguíneo: Aumento da frequência cardíaca. • Lesão tissular: induz a taquicardia, aumento da PA, direcionamento fluxo sanguíneo para órgãos vitais, SNC, miocárdio e tecidos traumatizados; • Podendo haver isquemia da mucosa intestinal + translocação bacteriana e liberação de endotoxinas a partir do intestino. Resposta Inflamatória: • Há um aumento na produção de citocinas: TNF, IL-1, IL- 2,IL-6, IL-10; • Citocinas: Proteínas endógenas produzidas por macrófagos e monócitos que se difundem sistemicamente mediando funções de inúmeras células. • Produção induzida provavelmente no intestino e local do tecido lesado, • Alteração de Citocinas: Pode estar associado a lesão de múltiplos órgãos; Resposta Metabólica: • Hipermetabolismo mediado pela estimulação de hormônios catabólicos (glucagon, catecolaminas e corticoides) e resistência insulina. • Essa resposta neuroendócrina associada a administração de drogas como glicocorticoides, inatividade física e oferta nutricional inadequada, induz a proteólise. • Proteólise: aminoácidos serão utilizados para a síntese de glicose no fígado Comportamento do Gasto Energético na Resposta Metabólica ao trauma: • Ebb phase: ❖Corresponde a primeira fase, iniciada logo após o evento traumático; ❖Persiste até a estabilização inicial; ❖Ocorre uma redução do metabolismo, instabilidade hemodinâmica, hipodinamismo cardiocirculatório: débito cardiáco e fluxo sanguíneo estão diminuídos: Fase de Choque • Flow phase: ❖Fase sucessora, iniciada imediatamente após estabilização cardiocirculatória ❖Reperfusão tecidual dos órgãos e sistemas corporais ❖Aumento do metabolismo energético, consumo de oxigênio – Hiperdinamismo cardiocirculatório • Flow phase: Dividida em duas situações metabólicas: ❖Catabólica: aumento do gasto energético, produção de energia para o reparo das lesões. Caso não exista aporte calórico ou insuficiência deste: Organismo utiliza AACR do músculo esquelético (proteólise) – convertidos em glicose (gliconeogenese – Fígado e Rim) e utilizados pelos tecidos. ❖Anabólica: Gasto metabólico basal diminui. Predomínio de síntese e reparação Resposta ao trauma/ injúria é dividida em duas fases: ebb (de refluxo) flow (de fluxo) • Fase inicial • Aguda • Pico: 48 – 72h após injúria • Duração: 3 -4 dias • Fase de choque • Metabolismo e temp. corporal • Fluxo cardíaco • Gasto energético • Fase sequência da ebb • Pode iniciar após 48h da injúria • Persistir por várias semanas • Metabolismo – Catabolismo • Liberação de hormônios (cortisol, epinefrina) Manter a função cardiorrespiratória/ órgãos Resposta Metabólica ao Trauma: • Adaptação Fisiológica no jejum e trauma: ❖Estado inicial fisiológico de jejum (primeiras 15h) tal como após o trauma: Ativação neuroendócrina (diferença de intensidade) • Jejum: 1. Rápido consumo das reservas de glicogênio hepático (queda taxa de glicose, inibindo a produção insulina); 2. Organismo adapta-se à disponibilidade energética reduzida através da diminuição da TMB; 3. Glicose plasmática é assegurada pela gliconeogenêse hepática a partir da alanina, lactato e glicerol (catabolismo proteico + mobilização AG depósitos lipídicos); 4. Primeiras 72h: Predomínio do uso de aminoácidos, após: adaptação metabólica para utilização de lipídeos como fonte energética (glineogenêse) a partir do glicerol e lactato (não uso de aminoácidos) SNC: adaptação para utilizar corpos cetônicos. Resposta metabólica ao jejum: ❖Eficaz (poupa energia e proteínas) ❖Situação catabólica é reversível: Retorno da oferta alimentar • Jejum – Estresse/ Trauma: 1. Inicialmente se assemelha ao processo de jejum; 2. Objetivo: Mudanças para garantir a sobrevivência; 3. Também há redução do consumo energético sistêmico; 4. Ativação neuroendócrina para preservar o volume circulatório direciona fluxo sanguíneo a órgãos vitais (cérebro e coração); 5. Oferta de nutrientes: Fatores humorais perpetuam a gliconeogênese, resistência insulínica e proteólise. Características da Resposta ao Trauma: • Aumento do gasto energético; • Alteração metabolismo proteico: proteólise musculo esquelético, aumento de síntese proteica visceral favorecendo proteínas envolvidas na ativação imunológica; • Gliconeogenese maior que no jejum, não suprimida com oferta de glicose: associada a RI e hiperglicemia; Alterações Metabólicas Especificas: • Aumento da produção de glicose – levando hiperglicemia (cortisol, glucagon, GH), intolerância a glicose, exacerbando se acompanhado de infecção; • Sugere-se adm de LIP como fonte de energia: 30 a 50% das NE em pacientes graves, • Catabolismo proteico: induzido pela proteólise muscular: reduzindo massa dos músculos esqueléticos. Proteólise muscular: liberação/ circulação de grande quantidade de aminoácidos (glutamina e alanina) captados pelo fígado, rins, intestino. Trauma e Desnutrição: • Pode ocorrer na evolução do período pós – traumático ou se o doente já previamente desnutrido – condição agravada pelas condições do trauma • Desnutrição na evolução do pós trauma (grave) é comum principalmente se evoluir com infecção. • Evolução pode ocorrer em curto prazo de tempo: ❖Acentuado catabolismo proteico, decorrente do trauma; ❖Ingestão inadequada de nutrientes; ❖Aumento da demanda energética. • Trauma interfere na manutenção dos níveis de proteína celular por liberar hormônios catabólicos; • Aumento do cortisol, catecolamionas e glucagon; • Massa proteica varia de acordo com individuo 15 a 20% do peso corporal. • Desnutrição: ❖Inanição: Perda de massa proteica ocorre de 8 a 10 semanas: Vísceras e Tecido Muscular. ❖Trauma grave: até 3 semanas: Tecido Muscular. Visceral é poupada. Trauma e Desnutrição: Papel do TGI na Resposta do Trauma: • Fonte mais importante de invasão sistêmica de bactérias é o intestino; • Lúmen intestinal: Grande reservatório de bactérias (Gram – condições normais vivem em simbiose com outras bactérias) contribuindo para homeostase; • Condições normais: mucosa intestinal integra constitui uma barreira eficiente/ integridade da mucosa: ❖Grande nº de macrófagos; ❖Células imunocompetentes; ❖Presença de imunoglobulinas (IgA) ❖Proximidade com Fígado e Baço: sistemas de captura de bactérias e neutralização da ação de toxinas • Mucosa integra + sistema imune funcional: desempenho satisfatório da função da barreira contra germes e toxinas; • Mucosa comprometida: bactérias e toxinasinvadem setor intravascular e atingem o sangue portal → chegando ao fígado e sistema linfático. Fatores: ❖Alteração da permeabilidade da mucosa ❖Diminuição de defesa organismo, aumento do nº bactérias no lúmen intestinal. • Pacientes politraumatizados: Redução da defesa do TGI: ❖DEP: Intestino mais suscetível à endotoxina ❖Hipotensão e choque: hipoperfusão do intestino → Sepse ❖Atores iatrogênicos: Práticas rotineiras em UTI: - Posição supina prolongada - Uso de drogas que alteram secreções salivares, gástricas, - Uso maciço de antiácido – alcalinização estomago - Uso de ATB amplo espectro - Suspensão alimentação TGI. • Intestino mobiliza muitos dos substratos circulantes: Glutamina o aminoácido mais importante (metabolismo das células da mucosa intestinal – enterócitos: principal substrato energético). Glutamina: ❖Condicionalmente essencial nos casos de Trauma ❖Mais abundante no organismo. Fatores que Condicionam a Resposta ao Trauma: • Ferida Acidental ou Cirúrgica: ❖Local de destruição de tecidos, inflamação e reparação; ❖Fatores de risco: contaminação com material séptico, período de hipotensão, tempo de cirurgia longo; ❖Eventos celulares do processo de recuperação: Adequada perfusão e oferta de oxigênio, glicose, nutrientes (PA estável). • Febre: ❖Elevadas temperaturas corporal: Estresse notável ao paciente: taquicardia, hipotensão, mal estar generalizado; ❖Incremento da TMB – aumento da temperatura corporal (10% acima de 38°) Atenção - Prática Clínica (N): superestimava as metas calóricas (hiperalimentação) • Fatores Iatrogênicos: ❖Imobilização no leito: Perda de massa e força muscular, podendo formar lesão por pressão; ❖Procedimentos invasivos: tubos cateteres, sondas, drenos: violam barreiras fisiológicas – Risco de Infecção (atenção prazos); Recomendações Nutricionais: • Avaliação Nutricional: ❖Inicio e Acompanhamento: Adoção ❖Bom senso ao interpretar resultados Antropometria + Parâmetros Bioquímicos + BIA: Interferências por alterações típicas da resposta ao trauma. 1- Aumento de água extra celular (líquidos – ressuscitação hemodinâmica) – Interferência: peso, dobras cutâneas, CC PTN plasmática; 2- Desvio de síntese PTN: albumina deixa de ser produzida, em prol da síntese de PTN de fase aguda, células de defesa imuno, reparação de tecidos. Redução de Albumina: Não necessariamente TN ineficaz e sim gravidade. • Coleta de Análise da história • Exame Físico • Medidas Corporais • Testes Bioquímicos Avaliação do Estado Nutricional 2 -3 dias ocorre pico da resposta metabólica à injúria Prática Clínica Avaliação Nutricional UTI • Avaliação do Risco Nutricional • Avaliação Subjetiva Global • Antropometria • Avaliação Bioquímica Avaliação do Risco Nutricional Avaliação Subjetiva Global Avaliação Antropométrica/ Bioimpedância/ Bioquímica Diagnóstico Nutricional Aporte nutricional para pacientes enfermos graves é um grande desafio. O principal motivo: População muito heterogênea. Objetivo da TN- UTI Promover a manutenção do estado nutricional, além de aumentar o tempo de sobrevida. O conhecimento da nutrição, metabolismo, opções alimentares adequadas para esses pacientes é essencial para os profissionais envolvidos. Nutrição Enteral (VSNE) Nutrição Parenteral Paciente Crítico Clínico e Cirúrgico • Dietoterapia é marcada pelo desafio de atenuar os prejuízos nutricionais inerentes à resposta inflamatória sistêmica, • Intenso catabolismo, utilização da musculatura esquelética como substrato energético (priorizar manutenção de órgãos vitais), • Perda inevitável de massa magra, • Desnutrição instalada: Evitar progressão. Recuperação do EN raramente é possível. Necessidades Nutricionais: • O uso de NE precoce no pós-operatório é desejável, desde que a via oral não consiga suprir pelo me- nos 60% da meta estipulada. • NP só será indicada quando a NE não for possível ou quando esta não conseguir suprir pelo menos 60% da meta estipulada por 5-7 dias. • Condições hemodinâmicas e metabólicas favoráveis • Consenso: TN precoce iniciada em até 48h após admissão na UTI • Recomendação: NE (SNE) é preferível à NP – Fisiológica • Necessidade Proteica: 1. Variação conforme o grau de catabolismo da doença de base, 2. Perda nitrogenada 3. Lesão por pressão (LPP) 4. Etc. Nutrição Enteral – Via Sonda Iniciar 24-48 h para os pacientes impedidos de usar via oral (VO) e que estão hemodinamicamente estáveis. • NE precoce está associada a taxas mais baixas de complicações infecciosas e menor tempo de hospitalização, motilidade do TGI, proliferação das células mucosa intestinal; • Nutrição Trófica: Usualmente definida como a partir de 10ml/h (prevenção atrofia mucosa intestinal); • Dificuldade paciente Crítico: Evolução da NE. (ASPEN, 2016) →+ 10 – 20% lesões ósseas, →+ 20 – 60% traumas com infecção, →+ 40 – 100% após queimaduras extensas; → Atenção quantidade excessiva: Trauma/ Cirurgia: - Organismo é incapaz de metabolizar adequadamente - Efeitos: Hiperglicemia, uremia, excessiva produção de 02, síndrome de realimentação. Padrão ouro: Calorimetria Indireta Paciente Grave: • Iniciar 20 kcal/kgP/ dia → gradativamente 25 – 30 kcal/kgP/ dia (controle metabólico para evitar hiperalimentação e SR) Necessidade Proteica: 1,2 – 2,0g/KgP/dia • Relação energia/ g de nitrogênio: 80 a 100:1; (atenção qtds maiores: uremia) Fórmulas Imunomoduladoras: • 2006 – 2011: Consenso pacientes vítimas de traumatismo eram beneficiados com o uso de fórmulas imunomoduladoras contendo arginina, glutamina, W3 nucleotídeos e antioxidantes. • 2014 – Ensaio clínico randomizado não encontrou benefícios fórmulas hiperproteicas + imuno com relação à fórmula hiperproteica padrão e mostrou possível aumento de mortalidade em seis meses. • ASPEN 2016: Uso de fórmula imunomoduladora contendo arginina e óleo de peixe seja considerado em pacientes com traumatismo grave. • CCPG 2015: Não recomenda o uso de fórmulas imunomoduladoras. • BRASPEN 2018: Não devem ser utilizadas rotineiramente em UTI. Em pacientes cirúrgicos hemodinamicamente estáveis em P.O de grandes cirurgias por câncer, sua utilização deve ser considerada. Nível de Evidência: Baixo. Paciente Grande Queimado Lesões dos tecidos orgânicos causadas por trauma de origem térmica, exposição a chamas, frio extremo, substâncias químicas, radiações, atritos e fricção, líquidos e superfícies quentes. • Destruição da barreira epitelial e da microbiota resistente da pele, rompendo seu efeito protetor, • Degradação de proteínas e a proliferação de microrganismos patógenos, deficiência imunológica: geração de um foco infeccioso e, posteriormente, sepse, • Anormalidades metabólicas consequência da liberação de mediadores inflamatórios e a "resposta ao estresse". • Principais anormalidades: 1. Aumento dos hormônios catabólicos (cortisol, catecolaminas); 2. Diminuição dos hormônios anabólicos (GH e testosterona); 3. Aumento da TMB; 4. Aumento da temperatura corporal, demanda de glicose e neoglicogênese hepática; 5. Uso da proteína muscular como fonte de energia • Fase ebb • Fase flow • Fase de recuperação: exige altos níveis de energia para enfrentar a reabilitação física e a cura completa da ferida, sendo que, em queimaduras mais graves, essa fase pode durar até dois anos. Terapia Nutricional: 1. Atenuar os efeitos deletérios do estado hipermetabólico, 2. Reduzir mortalidade e complicações infecciosas, 3. Otimizar o processo de cicatrização. • NE - SNE posição gástrica é a via de primeira escolha, • NP pode apresentar complicações geralmente associadas a infecção de CVC, • NP reservada aos pacientes que desenvolvem intolerância a NE ou mão tenham os requerimentos alcançados pela NE. • NE precoce: atenua a resposta inflamatória, manter integridade da mucosa, estimular fluxo sanguíneo, • TN instituída precocemente, quando possível 4 – 6 horas pós queimadura/ estabilidadehemodinâmica, • Fórmulas poliméricas padrão: mais utilizadas, DC 1,0 – 2,0 kcal/ml, • Fórmulas hiperproteicas. Necessidades Nutricionais: • Resposta hipermetabólica que pode aumentar a demanda energética em até 2x o GER, • Aumento varia de acordo com SCQ, • Calorimetria Indireta: Padrão Ouro, • Fórmula de Bolso: + comum a utilização UTI → Pode resultar em subnutrição, • Harris Benedict , Schofield (modificada) e Currieri→ Tendência a superestimar, • Equação de Toronto: difícil emprego, porém, alternativa validada apresentando boa correlação GER. Equação Harris Benedict: ❖ Fornece GEB estimado superestima 3 a 11% ❖ Após GEB: multiplicar pelo fator injúria 1,2 – 1,3 (térmico e atividade) Toronto GET = [-4343 + (10,5 x %SCQ) + (0,23 x AC) + (0,84 x GER HB) + (114 x T) – (4,5 x DPQ) • GET = Gasto Energético Total • SCQ = Superficie Corporal Queimada • AC = Aporte Calórico Dia Anterior • GER HB = Gasto Energético Basal por Harris Benedict • T = Temperatura Corporal Média • DPQ = Dia Pós Queimadura Macronutrientes: • Proteína: 1,5 – 2,0 g/kgP/dia Minimizar proteólise, Perda de músculo esquelético pode chegar a 150g/ dia, • Carboidrato: 55 – 60% Garantindo combustível para cicatrização, Evitar utilização de PTN como substrato energético, • Lipídeo: até 20% Mesmo com alta taxa de lipólise. Suplementação rotineira de W3 e seus possíveis benefícios ainda sem respaldo suficiente na literatura. Micronutrientes: • Vitamina A, C, E, zinco e selênio, estão envolvidos na melhora da cicatrização, fundamental na recuperação e na redução da morbimortalidade. • Vitamina A: manutenção da epiderme normal e para síntese de glicoproteínas e prostaglandinas. Carência retarda a reepitelização de feridas, a síntese de colágeno ou na presença de tumores. Pacientes queimados, Suplementação recomendada 5000 UI por 1000 calorias ofertadas. • Vitamina C: cicatrização por interferir na capacidade do fibroblasto em sintetizar o colágeno, aumentar a ativação dos neutrófilos e macrófagos na ferida. Recomendação sugerida é de 500 mg 2x/dia. • Vitamina E: pode acelerar a cicatrização, evitar a formação de lesões hipertróficas (elevada). Recomendação pelo menos, 100 mg/dia. • Zinco: elemento mais importante na cicatrização, estando relacionado à síntese proteica, replicação e imunidade celular e formação de colágeno. Uma vez que 15% a 20% do estoque corporal de zinco estão na pele, a destruição da epiderme + contínuas perdas urinárias e cutâneas - risco status. Recomendação sugerida 25-45 mg de zinco/dia. • Selênio na cicatrização dá-se pela participação na formação da peroxidase glutationa, enzima que protege as células dos danos oxidativos na fase inflamatória. 300 – 500mcg/dia Sepse e Choque Séptico Síndrome resultante de um processo inflamatório sistêmico que tem como causa uma infecção • Pacientes: catabólicos e hiperglicêmicos. • Fase aguda: elevação de cortisol, insulina e glucagon, maior síntese de citocinas e eicosanoides. • Pacientes podem cursar com doença crítica crônica: Alta taxa de mortalidade hospitalar. • Inicio da TN: atrelado a ressuscitação dinâmica • Paciente séptico ressuscitado: fluxo direcionado a diferentes tecidos entregando nutrientes e oxigênio em quantidades suficientes. • Utilização de suporte hemodinâmico com agentes inotrópicos (dobutamina) e/ou vasopressor (noradrenalina), porém, aquecimento adequado extremidades, pulsos perceptíveis, enchimento capilar adequado, lactato sérico normal → TN ok. • Lactato: Média global de oxigenação tecidual. VR: inferiores a 2mmol/L = Perfusão tecidual adequada. • SNE: Via preferencial, • Eventualmente pacientes apresentam insuficiência/falência intestinal → NP (via única ou combinada NE), • Distintas recomendações na literatura: 1- Calorimetria Indireta (quando disponível), 2- 25 kcal/ KgP/dia (30 – 40 kcal?), 1,5g / KgP/dia PTN, 3- Equações preditivas 4- Iniciar com Nutrição Trófica Necessidades Nutricionais: • Fase subaguda: Imunonutrição • Arginina: Parece não ser segura sepse (grave), possibilidade de vasodilatação e hipoperfusão mediada por síntese exagerada de óxido nítrico. • Glutamina: Pode estar associada ao pior desfecho em um desfecho de disfunção orgânica, (0,3 a 0,5g/kgP/dia), • W3: Não há estudos que recomendam o uso regular nesses pacientes, • Não há evidências que sustentem rotineiramente a imunomodulação. • Reposição proteica é a pedra angular na TN! • Reserva PTN se exaure rápido – perda acentuada de proteína muscular, visceral; • Independe da oferta calórica: 1,2 a 2g/kg peso atual, podendo ser mais elevada em algumas condições especiais. • Disfunção Renal: Lesão Renal Aguda *Comum em paciente grave – oferecer suporte à síntese PTN (evitar DEP); *Restrição precoce parece não oferecer vantagens em reduzir Ur→ falência renal; *Causa é multifatorial: não restringir PTN da dieta (evitar ou retardar TRS) Proteínas • NE: pode ser associada redução mortalidade pacientes queimados; • NE: redução de complicações infecciosas, permanência hospitalar (queimados + traumatismo); • Suplementação NE ou NP não indicado em pacientes com disfunção de vários órgãos, • Recomenda-se a dosagem de 0,3 a 0,5g/Kg/dia. • NP: não seja ofertada rotineiramente em pacientes criticamente enfermos. (ASPEN, 2016). • Necessidade de mais estudos: população específica para benefícios do uso de glutamina. Proteínas – Glutamina em UTI • Questão: segurança e eficácia suplementação com arginina (produção de NO) • Traumatismo, cirurgia: aumento da demanda para reparo tecidual → Benefícios. Contra indicação em queimados e sépticos (ESPEN, 2006). • Doente séptico a produção excessiva de NO pode ser deletéria, • A espera de novos estudos em grupos de dentes críticos. Proteínas – Arginina em UTI • Principal fonte de energia, • Recomenda-se mínimo para um adulto: 130g (avaliar), • Controle do aporte: Minimizar complicações metabólicas; hiperglicemia, anormalidades no metabolismo hepático, aumento do trabalho ventilatório. • Fibras: Poucos estudos! *FS prevenção/ tratamento de distúrbios de motilidade intestinal; *Pacientes graves com diarreia FS: Benefícios *FI: deve ser evitada nessa população *FS, FI: evitar em pacientes com risco de isquemia intestinal ou dismotilidade grave (relatos de casos) Carboidratos/ Fibras • Benefícios potenciais: *Prevenir deficiência de AGE; *PTN e melhorar balanço nitrogenado; *Reduzir consumo de CHO e auxiliar no controle glicêmico, *Melhorar transporte e absorção enteral de vit. lipossolúveis, *Melhorar os parâmetros respiratórios. • Recomendação: 20 a 35% VET • Ômega 3: *Diversos resultados na suplementação NE ou NP, *Efeitos imunomoduladores e antiinflamatórios, *Quais pacientes? Qual dosagem? *Utilização. Lipídeos/ Ômega 3 Alteração na Ingestão de Nutrientes Adm. Medicamentos e ATB Aumento Hormônios do Estresse Redução da Motilidade Intestinal Hipotensão Paciente Crítico Desequilíbrio Microbiano Intestinal - Disbiose Bifidobacteria e Lactobacillus Pseudomonas aeruginosa • Benefícios promoção à saúde em especial: Reduzir manifestação de diarreia, constipação intestinal, SII, sistema imunológico. • Paciente crítico: Divergências; • Estudos demonstram resultados controversos: Não utilizar como rotina em pacientes críticos; • Cepas: Lactobacillus e Bifidobacterium são as que mais comumente demonstram efeitos preventivos em situações como diarreia por ATB, enterocolite necrosante e enterite induzida por Campylobacter; • Pesquisas futuras: Melhor cepa de acordo com condições clínicas do pacientes. Probióticos Distensão abdominal Aumento débito SNG Piora acidose metabólica (ASPEN, 2016) Isquemia Intestinal? • Resíduo Gástrico: Não usar como rotina. Se usar, o limite para suspender a NE é resíduo mínimo de 500 ml. • Ruídos abdominais: são indicativos de contratilidade e não necessariamente são associados à função absortivaou integridade da mucosa intestinal. • Posição da Sonda: *Se alto risco de aspiração: intestinal pós-pilórica; *Na maioria dos casos: via gástrica; *Analisar sempre: risco de broncoaspiração, diarreia, vômito, distensão Abdominal. *Inserção sonda: Risco Posicionamento, deslocamento Nutrição Enteral – Via Sonda (ASPEN, 2016) • Uso de Drogas Vasoativas: ❖Benefícios TN no paciente grave: - Redução da resposta ao hipermetabolismo; - Preservação da mucosa intestinal – evitar translocação bacteriana + imunidade local e sistêmica. ❖Crescente uso de dieta enteral; - Preocupação de ocorrer agravamento de isquemia, necrose da mucosa intestinal (instabilidade hemodinâmica); - Complicações são raras; - Pacientes hemodinâmicamente estáveis PAM > 70 mmHg mesmo em uso de DVA: Receber nutrição – Preferencialmente enteral + infusão contínua - Início da TNE deve ser adiado: pacientes na fase de ressuscitação volêmica, hipotensos (PAM < 60 mmHg), pacientes que estão iniciando o uso de DVA ou naqueles em que a dose de DVA está em ascensão. ❖Volume adm depende da tolerância do paciente; ❖Pacientes com doses estáveis de DVA ou com doses decrescentes, deve-se iniciar a NE assim que possível, em baixas doses (10-20 ml/h) Avaliar: - Paciente deve ser monitorizado quanto à presença de sinais de intolerância do TGI (distensão abdominal, aumento do refluxo gastresofágico, ausência de eliminação de flatos e fezes, ausência de ruídos hidroaéreos e piora da acidose metabólica). - Piora hemodinâmica - Aumento/ adição de DVA: Suspensão da estratégia nutricional (?); • Deve ser considerada quando as necessidades calóricas estimadas não podem ser alcançadas em 100% do objetivo após 7 - 10 dias de ingestão somente pela via enteral. • Não funcionamento ou incapacidade do TGI (obstruções, hemorragias intestinais graves, diarreias intratáveis e intensas. Nutrição Parenteral • Indicação de NP em paciente crítico: Situação 1: Quando a NE não for possível: *Paciente com menor risco nutricional: aguardar 7 dias para iniciar NP *Paciente com maior risco nutricional: NP imediato *Tentar uma nutrição trófica (10 a 30cal/h) juntamente com a NP. Situação 2: *NE insuficiente (< 60% do VCT): independente se menor o maior risco nutricional: esperar de 7 a 10 dias para iniciar a NP. (ASPEN, 2016) • Progressão da NP: *Primeira semana: hipocalórica (20 kcal/kg ou 80% do VCT) e proteínas (1.2 g / kg). O objetivo (80%) deve ser alcançado em 3 a 4 dias e somente após estabilização do paciente deve progredir para 100%. • Formula industrializada x individualizada: *Formulação industrializada não tem vantagens sobre a individualizada em termos clínicos. *Distúrbios hidroeletrolíticos, hiperglicemia, infecção e disfunções orgânicas são exemplos de situações em que as formulações industrializadas não atendem a necessidade nutricional do paciente. (ASPEN, 2016) • Descontinuação da NP: *A NP pode ser descontinuada quando a oferta calórica via enteral alcançar 60% do objetivo calórico. (ASPEN, 2016) Obeso Crítico • TNE precoce • Fórmula hipocalórica e hiperproteica; • Necessidades calóricas: 11 a 14 Kcal/kg peso atual para IMC 30 a 50kg/m2 ou 22 a 25 kcal/kg peso ideal para IMC acima de 50; • Proteínas 2g/kg/dia para IMC 30 a 40 ou 2,5g/kg para IMC acima de 40; • Monitorar hiperglicemia, hiperlipidemia, hipercapnia, sobrecarga de fluidos e acúmulo de gordura hepática; • Suplementar tiamina em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica; • Considerar também suplementação das outras vitaminas e elementos traços (ferro, zinco, cobre e selênio). TN Paciente Crítico – Situações Especiais (ASPEN, 2016) Sepse • Usar nutrição trófica (10 a 20cal/h ou 500cal/dia → 10 a 30ml/h) na fase aguda e não usar NP nesta fase. Avançar NE 24 – 48hs após alcançar estabilização hemodinâmica para 80% do alvo na primeira semana. • Proteínas: 1,2 a 2g/kg/dia; • Não há evidências de benefício no uso de zinco, selênio e outros antioxidantes nesses pacientes; • Não está recomendado uso de imunonutrientes em pacientes com sepse. TN Paciente Crítico – Situações Especiais (ASPEN, 2016) • Exame físico/clínico nutricional: ▪ Ventilação ▪ Sensório ▪ Uso de drogas em bomba (insulina, ATB, antiemeticos, drogas vasoativas, etc) ▪ Abdome (principalmente após mudança/evolução de fórmula/dieta) ▪ Edemas (principalmente antes da avaliação antropométrica semanal) TN Paciente Crítico – Monitoramento • Dieta ▪ Vazão (confirmar com a prescrita e se mudanças informar/questionar enfermagem); ▪ Recalcular horários das próximas dietas ▪ Evoluir ou involuir vazão ▪ Rótulo (confirmar com item prescrito) • Dejeções (se RIA, verificar se são estimuladas), diurese e vômitos ou náuseas. TN Paciente Crítico – Monitoramento • A nutrição tem papel múltiplo e fundamental para pacientes enfermos graves; • A instabilidade do paciente torna a nutrição um grande desafio; • NE precoce parece ser segura e benéfica • NP embora menos fisiológica, é indicada em condições específicas; • Principais desafios: entender as mudanças fisiológicas e adaptá-las à melhor maneira de nutrir. TN Paciente Crítico – Conclusão Caso Clínico • Paciente, G.B.M, 45 anos, branco, interna em unidade hospitalar por trauma secundário acidente automobilístico. • Durante processo de admissão do Nutricionista (paciente ainda em estado grave, ventilação mecânica, instabilidade hemodinâmica, uso de drogas vasoativas, PAM < 60 mmHg), detectou risco nutricional através da NRS (2002), escore 4. • Acompanhante referiu peso 64kg e altura 168cm. Avaliação Nutricional complementar: CB: 36 cm, PCT: 11mm, Ingestão alimentar R24H média de 1900 Kcal. • No momento da visita nutricional após 24h da admissão, observou-se melhora do quadro hemodinâmico, afebril, níveis pressóricos com tendência a normalização, PAM > 80 mmHg e redução significativa de drogas vasoativas, características de uma melhora progressiva do estado hemodinâmico. • Médico plantonista questiona quanto ao início de terapia nutricional. • Qual manejo para liberação de plano alimentar neste momento? • Qual diagnóstico nutricional? • Quais as necessidades nutricionais (Macronutrientes, Fibra, Água)? • Qual a conduta/ prescrição nutricional? • 27/02: Paciente, T.B.L, 55 anos, negro, interna em unidade hospitalar por trauma térmico secundário acidente de trabalho em indústria química. SCQ: 50% (lado direito: membro superior e inferior, tronco, face). • Durante processo de admissão do Nutricionista (paciente ainda em estado grave, ventilação mecânica, instabilidade hemodinâmica, uso de drogas vasoativas), detectou risco nutricional através da NRS (2002), escore 4. • Acompanhante referiu peso: 67 kg, entretanto, não soube a altura. Avaliação Nutricional: Impossibilidade em avaliar CB e PCT devido edema, CP: 29 cm, AJ: 52 cm. Ingestão alimentar R24H média de 1900 Kcal. • 28/02: No momento da visita nutricional após 24h da admissão, observou-se Temperatura média: 38 C, melhora do quadro hemodinâmico, níveis pressóricos com tendência a normalização e redução de drogas vasoativas, características de uma melhora progressiva do estado hemodinâmico. Ainda com presença de edemas. • Médico plantonista questiona quanto ao início de terapia nutricional. • Qual manejo para liberação de plano alimentar para dias: 27 e 28/02? • Qual diagnóstico nutricional? • Quais as necessidades nutricionais (Macronutrientes, Fibra, Água)? • Qual a conduta/ prescrição nutricional?
Compartilhar