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PACIENTE CRÍTICO Prof.ª Sheila Guimarães TRAUMA Um evento agudo que altera a homeostase do organismo desencadeando uma complexa resposta neuroendócrina e imunológica, cujos efeitos metabólicos e cardiorrespiratórios tendem a preservar algumas funções fundamentais para manter em valores apropriados os seguintes parâmetros: • Volemia • Débito cardíaco • Oxigenação tecidual • Oferta e utilização de substratos energéticos TRAUMA O temo TRAUMA não é usado apenas na definição de traumatismo acidental ou estado de choque, mas em sentido mais amplo (injury). Essa definição envolve VÁRIAS SITUAÇÕES CLÍNICAS de diferentes etiologia como POLITRAUMA, INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS, SEPSE, QUEIMADURA, HEMORRAGIA, PANCRETITE AGUDA. 1. Um evento inicial agudo que interessa não apenas à função de um só órgão ou sistema, mas à homeostase de todo o organismo; 2. Uma resposta fisiopatológica complexa, mas comum às diferentes situações clínicas, independentemente do evento agudo. Essa situações tem os seguintes fatores em comum: RESPOSTA METABÓLICA AO TRAUMA (ADAPTAÇÃO À LESÃO AGUDA) APRESENTA 3 FASES SEGUNDO DAVID CUTHBERTSON (Fase inicial e Fase de fluxo) (1930,1976, 1979) Sugeriu o conceito de uma resposta sistêmica, envolvendo todos os tecidos metabolicamente ativos com interação entre os diversos órgãos mediada por substâncias com ação reguladora (hormônios), e substâncias produzidas pela resposta inflamatória desencadeada (citocinas). FASE INICIAL (ebb phase) – redução metabolismo FASE HIPERMETABÓLICA (flow phase) CATABÓLICA (perda de PTNs) FASE ANABÓLICA CONVALESCÊNCIA / / 0 12 18 ---- ----- ----- 1 2 3 HORAS DIAS SEMANASTRAUMA Waitzberg, 2002 Fases de resposta metabólica ao trauma 1 - FASE INICIAL , AGUDA, Ebb phase CARACTERÍSTICAS: Imediatamente após a lesão OBJETIVO: Luta pela sobrevivência; Manutenção do volume circulante e perfusão tecidual CONSEQUÊNCIA ❑ Ativação do SNC - Aumento plasmático de cortisol, glucagon e catecolaminas ❑ Rápida mobilização de energia ✓ Hipovolemia ✓ produção cardíaca ✓ Hipoperfusão tecidual ✓ Acidose lática ✓ consumo de O2 ✓ TMB ✓ Choque ✓ temperatura corporal Waitzberg, 2002; Cuppari, 2009 Fases de resposta metabólica ao trauma 2 - Fase Flow (de continuidade) 2 - FASE FLOW: FASE HIPERMETABÓLICA, ENCHENTE OU DE FLUXO – Fase de continuidade CARACTERÍSTICAS: Após, a Ressuscitação de líquidos e restauração do transporte de O2 OBJETIVO: Produzir energia para o reparo das lesões ✓ gasto energético ✓ níveis de catecolamina, cortisol e glucagon ✓ catabolismo protéico corpóreo total ✓ produção cardíaca ✓ produção de glicose, liberação de AG livres ✓ consumo de O2 ✓ incialmente níveis de insulina ✓ temperatura corporal Waitzberg, 2002 Fases de resposta metabólica ao trauma 2 - Fase Flow: dividido em duas situações metabólicas A primeira etapa da fase de continuidade, de consumo extremo, denominada aguda ou catabólica, estimulado pelo aumento das concentrações de catecolamina, e hormônios como o cortisol e glucagon. Essa etapa tem como objetivo produzir energia para o reparo das lesões, desta forma há um estímulo à gliconeogênese para síntese de glicose e aumento do transporte de oxigênio. Via rápida: GLICOGENÓLISE (quebra de glicogênio para liberação de glicose armazenada) Via lenta: LIPÓLISE PROTEÓLISE (responsável pelo balanço nitrogenado negativo) GLICONEOGÊNESE Triglicerídeos (forma de armazenamento) de energia) Glicerol + ácidos graxos Aminoácidos (cadeia carbônica) Glicose Geração de glicose 2 - Fase Flow: dividido em duas situações metabólicas A segunda etapa da fase de continuidade, irá ocorrer caso o organismo consiga sobreviver ao estresse. Exerce maior demanda metabólica, justificada pelo início da fase anabólica de síntese e reparação celular e tecidual. Ocorre uma adaptação metabólica que objetiva um menor catabolismo de proteínas pelo músculo, reduzindo a velocidade da síntese de glicose através da gliconeogênese e aumentando a oxidação dos ácidos graxos para geração de energia. (Waitzberg, 2017). CARACTERÍSTICAS: Esta fase se inicia caso o organismo consiga sobreviver ao estresse ❑ Inicia-se poucos dias após o trauma (partes moles) ❑ Vários dias após o trauma (extenso) ❑ Gasto energético basal semelhante à desnutrição sem trauma ❑ Potencial para restauração da proteína corpórea ❑ A cicatrização da ferida depende da ingestão de nutrientes. OBJETIVO: Promover Anabolismo ▪ Após as primeiras 72h de inanição: ▪ alterações adaptativas que favorecem a mobilização de gordura e conservação da massa proteica ▪ beta-oxidação e oxidação de glicose: ▪ Gordura passa a ser principal combustível oxidativo do cérebro ▪ os AGs são oxidados de forma menos completa: ▪ formação de Corpos Cetônicos ▪ velocidade da gliconeogênese ▪ Há MENOR catabolismo de proteínas pelo músculo 2 - Fase Flow: dividido em duas situações metabólicas O hipermetabolismo indica aumento da oxidação dos substratos energéticos com proteólise muscular intensa, com perda de nitrogênio urinário na forma de ureia. A mobilização de proteínas do músculo esquelético provoca a liberação na circulação de grandes quantidades de aminoácidos, como a glutamina e alanina, em que são transformados e utilizados com finalidade de anabolismo e catabolismo, a seguir: Anabolismo: para síntese de proteínas de defesa (proteínas do sistema imune, por exemplo), das enzimas (especialmente no fígado) e de proteínas estruturais (para órgãos como fígado, rins e miocárdio, e nos processos reparativos dos tecidos traumatizados). Catabolismo: utilização do esqueleto de carbono dos aminoácidos para síntese de glicose, através da gliconeogênese, com eliminação do grupo amino mediante a síntese de ureia. 2 - Fase Flow: dividido em duas situações metabólicas - segunda etapa da fase de continuidade ALTERAÇÕES METABÓLICAS PÓS TRAUMA Fase inicial (Ebb, Vazante ou Refluxo) Fase de Fluxo (Flow ou Enchente) Resposta Aguda (Catabolismo) Resposta Adaptativa (Anabolismo) ↑ Glucagon e catecolaminas ↑ Glucagon e catecolaminas Resposta hormonal diminui gradativamente ↑ Glicocorticóides ↑ Glicocorticóides Associada a recuperação Insulina variável Liberação de citocinas e mediadores lipídicos Potencial para restauração da proteína corporal ↓ Perfusão tecidual (HIPOVOLEMIA) Produção de proteínas de fase aguda Cicatrização de feridas depende da ingestão ↓ Taxa metabólica ↑ Taxa metabólica ↓ Taxa metabólica ↓ Consumo de O2 ↑ Consumo de O2 ↓ Pressão arterial ↑ Excreção de N (catabolismo proteico) ↓ Temperatura corporal Uso prejudicado de combustíveis Glicemia elevada Glicemia elevada ↑ Lactato Mas… se houver continuidade e gravidade de resposta inflamatória sistêmica? ❑Metabolismo de proteínas: Relacionada a extensão do trauma, mas também depende do estado nutricional do indivíduo, idade e sexo BN negativo. ↑ Proteólise muscular: Aminoácidos são liberados em alta quantidade pelo músculo. ❑Fígado: ➢↑ produção de glicose ➢↑ captação de aminoácidos ➢↑ síntese de ptns de fase aguda ➢↑ sequestro de metais traços PERDAS DE POTÁSSIO, MAGNÉSIO E FÓSFORO CARACTERÍSTICAS DA FASE HIPERMETABÓLICA: SUBSTRATOS ❑Neuroendócrino (estimulado pela hipovolemia inicial) : ➢↑ ADH ➢↑ Aldosterona (excreção de K e H+ alcalose metabólica) ➢↑ Cortisol ➢↑ GH ➢↑ Glucagon ➢↑ Epinefrina ➢↑ Norepinefrina ❑Músculo Esquelético: ➢↑ Efluxo de aminoácido, levando à perda de massa corporal ❑Intestino: ➢↓ captação de aminoácidos, levando à hipotrofia de mucosa CARACTERÍSTICAS DA FASE HIPERMETABÓLICA: NEUROHORMONAIS Catecolaminas – aumento da PA e do DC, renina, FC, FR e estímulo a gliconeogênese. 1) NEUROENDÓCRINO: ➢↑ Cortisol: - ↑ gliconeogênese, - Mobiliza aas do músculo esquelético, - Mantém as reservas de gordura corporal ➢↑ Catecolaminas - Estimulam a gliconeogênese e glicólise hepática - ↑ produção de lactato - Estimulam lipólise - ↑ taxametabólica CARACTERÍSTICAS DA FASE HIPERMETABÓLICA: NEUROHORMONAIS ➢↑ Glucagon: - ↑ gliconeogênese e glicogenólise ➢↑ Aldosterona e ADH (ANTIDIURÉTICO) - Estimulam retenção de sal e líquidos GLICOGENÓLISE HEPÁTICA GLICONEOGÊNESE MOBILIZAÇÃO DE LIPÍDIOS PROTEÓLISE MUSCULAR CARACTERÍSTICAS DA FASE HIPERMETABÓLICA: NEUROHORMONAIS ✓ Potente estimulador da resposta inflamatória ✓↑ proteólise muscular ( proteínas miofibrilares) ✓↑liberação de ACTH ↑plasmático de glicocorticóides ↑gliconeogênese ✓↑ liberação de insulina e glucagon ✓ Febre ✓ Síntese de proteínas de fase aguda ✓↓ utilização de glutamina pelas células intestinais ✓ Principal mediador imune ✓↑liberação de ACTH ✓↑ catabolismo musc. esq > liberação de aas para o fígado para síntese de ptn de fase aguda ✓ Aumenta a lipólise causando Hipertrigliceridemia ✓↑ glicemia e metabolismo da glicose ✓ Síntese de proteínas de fase aguda ✓ Anorexia, febre e calafrios ✓↑ degradação de colágeno ✓↑ Liberação de IL-1 pelos macrófagos IL-1 TNF- CARACTERÍSTICAS DA FASE HIPERMETABÓLICA: CITOCINAS ✓Regula síntese de proteínas de fase aguda ✓↑ proliferação das células B ✓Produção de prostaglandinas ✓Síntese de imunoglobulinas ✓↑ toxicidade de macrófagos ✓Febres e Mialgias IL-6 INF CARACTERÍSTICAS DA FASE HIPERMETABÓLICA: CITOCINAS PROTEÍNAS VISCERAIS PROTEÍNAS DE FASE AGUDA ALBUMINA FRAÇÃO C3 DO COMPLEMENTO TRANSFERRINA 1 ANTITRIPSINA PRÉ-ALBUMINA 2 MACROGLOBULINA PROTEÍNA LIGADORA DE RETINOL (RBP) CERULOPLASMINA FIBRINOGÊNIO PROTEÍNA C REATIVA EICOSANÓIDES ❑Mediadores secundários da resposta ao estresse induzidos pelas citocinas ❑Substâncias formadas a partir do metabolismo do ácido araquidônico, dando origem as prostaglandinas, tromboxanos, prostaciclinas e leucotrienos. ❑Promovem: Vasodilatação, vasoconstricção, permeabilidade capilar, agregação plaquetária, formação de edemas e febre. ❑Influência sobre o TNF e IL-1 CARACTERÍSTICAS DA FASE HIPERMETABÓLICA: EICOSANÓIDES SUPORTE NUTRICIONAL NÃO AFETA RESPOSTA HIPERMETABÓLICA ASSOCIADA AO TRAUMA SEVERO (diferente da inanição) MAS, ADMINISTRAÇÃO DE KCAL E AMINOÁCIDOS: ❑↓ A MAGNITUDE DA LIPÓLISE, PROTEÓLISE MUSCULAR E BALANÇO NITROGENADO NEGATIVO ↓ MORBIDADE E MORTALIDADE Principal objetivo é manter defesa do hospedeiro PRIORIDADES NO TRATAMENTO - TRAUMA ❑PRIORIDADES IMEDIATAS: Ressuscitação, oxigenação e cessação da hemorragia ❑ Reparar feridas ou estabilizá-las (excisão precoce, enxertias, fixação de fraturas) ❑Minimizar outros estresses potenciais que elevam a demanda metabólica (febre, dor, exposição ao frio, acidose e hipovolemia) ❑SUPORTE NUTRICIONAL DEVE SER INSTITUÍDO ANTES QUE HAJA PERDA DE PESO • Objetivos: Manutenção da massa celular e Limitação da perda de peso < 10% DO PESO ANTERIOR AO TRAUMA SIRS • SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica) – resposta sistêmica do organismo a uma lesão estabelecido (trauma, pancreatite, grande queimadura, infecção sistêmica), e apresenta, pelo menos, dois dos seguintes sintomas: • Temperatura > 38° ou < 36°C • Frequência cardíaca (FC) com mais de 90 bpm • Frequência respiratória com mais de 20 irpm • Contagem de leucócitos acima 12.000 células/mm3 ou menos de 4.000 células/mm3 ou a presença de mais de 10% de neutrófilos imaturos (bastonetes) • Sepse – quando a SIRS é decorrente de um processo infeccioso (pode ter como consequência o choque séptico). SIRS SEPSE ❑O termo sepse (septicemia) é usado quando o paciente apresenta uma infecção generalizada. É a resposta orgânica a uma infecção que pode se manifestar por pelo menos 2 dos seguintes parâmetros: ➢Temperatura > 38° ou < 36°C ➢Frequência cardíaca (FC) com mais de 90 bpm ➢Frequência respiratória com mais de 20 irpm ➢Contagem de leucócitos acima 12.000 células/mm3 ou menos de 4.000 células/mm3 ou a presença de mais de 10% de neutrófilos imaturos (bastonetes) Relevância: aumento da incidência em pacientes internados, alta mortalidade, necessidade de internação em UTI, alto custo, ocorrência de complicações e falências orgânicas (principalmente em casos de choque séptico) FALTA DE ALIMENTO OU NPT = ATROFIA INTESTINAL Barreira mucosa e sepse de origem intestinal ❑Trato gastrointestinal: ✓Importante órgão endócrino secreção de IgA e função dos macrófagos e linfócitos da placa de Peyer, linfonodos mesentéricos e lâmina própria da mucosa intestinal ❑Translocação bacteriana: Causas: ✓Permeabilidade alterada da mucosa (choque, infecção, trauma) ✓Defesa diminuída do hospedeiro (uso de glicocorticóides, imunossupressão, depleção proteica) ✓Número aumentado de bactérias no intestino (supercrescimento bacteriano, estase) Junções apertadas Borda em escova Junções apertadas defeituosa Circulação sanguínea Translocação bacteriana Atrofia das vilosidades Fonte: Adaptado de MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J.L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Barreira mucosa e sepse de origem intestinal As queimaduras extensas são consideradas trauma grave, dependendo da extensão e da profundidade da lesão causada Queimaduras graves A perda de proteína ocorre não somente pela excreção urinária na forma de ureia, mas através da secreção constantemente gerada pelo transudato inflamatório das feridas, rico em proteínas (secreção gerada pela resposta inflamatória tecidual - edema), sendo a perda hídrica significativamente grande. Camada tecidual Profundidade da queimadura Epiderme Grau 1 Derme Grau 2 Tecido subcutâneo Grau 3 Músculo Grau 4 Com feridas expostas, são muito susceptíveis à contaminação por microorganismos e infecções. Além disso, a dor intensa ocasionada pelos ferimentos e pelo tratamento dos ferimentos, além de algumas citocinas inflamatórias, irão promover um estado de anorexia, o que tornam a terapia de suporte nutricional um desafio. Assim como em todo paciente grande politraumatizado, a intensa resposta inflamatória irá gerar intensa produção de citocinas, hormônios catabólicos, ativação do SNC e síntese de neurotransmissores (catecolaminas) que irão promover hipermetabolismo, catabolismo de proteínas, sendo que e a necessidade de energia pode aumentar até 100% acima do gasto energético de repouso (GEB). A terapia de reposição hidroeletrolítica é necessária para tentar estabilizar o paciente, aumentar a volemia e manter o organismo vivo. É baseada na resposta fisiológica do corpo à lesão térmica. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PACIENTE CRÍTICO AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ❑História médica e exame físico cuidadoso ❑Estabilidade hemodinâmica ❑Indicadores usuais: limitações - Peso: edema - Medidas antropométricas: não são facilmente atingíveis nem sensíveis a alterações agudas -Bioquímica: proteínas plasmáticas estão diminuídas devido ao aumento da produção de ptns de fase aguda (PCR, ceruloplasmina, imunoglobulinas). AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ❑Fatores a se considerar na triagem de pacientes críticos: ✓ Estado nutricional pré internação, ✓ Função orgânica, ✓ Função gastrointestinal ✓ Peristalse ✓ Agentes farmacológicos, ✓ Capacidade de prever o curso clínico, ✓ Necessidade de nutrição enteral ou parenteral ❑Fatores a se considerar no pós-operatório: ✓ Complicações, ✓ Estado nutricional pré operatório, ✓ Evento cardiopulmonar, ✓ Diagnóstico, Sepse ou SRIS, ✓ Função gastrointestinal, ✓ Peristalse, ✓ Capacidade de prever retorno da função gastrointestinal, ✓ Opções de acesso de suporte nutricional. TRATAMENTO NUTRICIONAL PACIENTES CRÍTICOS OBJETIVO: 1) Fornecer aporte protéico - calórico que não incremente o estado hipermetabólico vigente 2) Nutrir o tubo digestivo: Importante foco de liberação de toxinas com perda funcional e estrutural da sua barreira mucosa 3) Preservar a massa celular somática e visceral 4) Fornecer substratos energéticos e proteicos para o fígado manter a síntese de proteínas de fase aguda5) Estimular a atividade do sistema imunológico REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS PACIENTES CRÍTICOS ❑ENERGIA ✓ A administração de grandes quantidades de calorias é incapaz de ser metabolizada de forma adequada! ✓ Deve-se evitar o fornecimento de calorias em excesso a fim de se evitar: Hiperglicemia Esteatose hepática Diurese osmótica Desidratação Produção de excesso de CO2 POR QUE INICIAR A TERAPIA NUTRICIONAL PRECOCE?? • Até 72h: Pode reduzir em até 3 vezes a chance de desenvolvimento de sepse em pacientes traumatizados • Prevenção da atrofia da mucosa intestinal – mantém a altura das vilosidades e enzima da borda em escova • ↓ riscos de complicações infecciosas pós operatórias • Melhora da função imunológica • Manutenção da integridade da mucosa intestinal • Evita a translocação bacteriana implicada na SEPSE TERAPIA NUTRICIONAL PRECOCE • A terapia nutricional enteral (TNE) é reconhecidamente o melhor caminho para nutrição de pacientes graves. Pacientes críticos são, geralmente, pacientes graves e recomenda-se que a alimentação deva ser iniciada o mais cedo possível, ou seja nas primeiras 24-48 horas da admissão na UTI, e avançadas em direção à meta calculada durante as próximas 48-72 horas. • Entretanto, sabe-se que o paciente crítico apresenta algum grau de instabilidade hemodinâmica. Para início da terapia nutricional é necessário a ressuscitação volêmica, aguardar a administração de drogas vasoativas em doses mais estáveis, correção da acidose, que refletem estabilidade hemodinâmica. Por isso, as recomendações atuais sugerem a alimentação de pacientes críticos sejam baseadas no entendimento das fases do paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Fase aguda PERÍODO INICIAL Dia: 1 e 2 Fase aguda PERÍODO TARDIO Dia: 3 e 7 CATABOLISMO FASE TARDIA OU CRÔNICA ANABOLISMO Fonte: Adaptado de Singer et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in the intensive care unit. Clinical Nutrition. 38, 48 e 79, 2019. Síndrome da Realimentação na Terapia Nutricional • Quando a alimentação é iniciada no paciente em situação crítica, por via oral, parenteral ou entérica, haverá aumento da oferta de substratos provenientes da alimentação na circulação sanguínea. • Como as concentrações de eletrólitos no sangue podem se encontrar baixas, devido ao período de jejum pós trauma, além de excreção aumentada pelo estresse metabólico, a realimentação promoverá a entrada maciça de eletrólitos, incluindo o fósforo, para o meio intracelular, que resultará na diminuição das concentrações séricas, que é normalmente referida como uma das principais características da Síndrome de Realimentação. • deve ser investigada através das concentrações séricas de eletrólitos, como potássio, magnésio e principalmente o fósforo. E n e r g i a Calorimetria Alto risco de síndrome da realimentação Risco de desnutrição Gasto energético total Produção de energia endógena 1Dias: 1 3 6 7 QUAL A MELHOR FORMA DE DETERMINAR AS NECESSIDADES CALÓRICAS? Diretrizes, como as da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ASPEN), sugerem a calorimetria indireta Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral (ASPEN, sigla do inglês American Society for Parenteral and Enteral Nutrition), Sociedade Europeia de Nutrição Enteral e Parenteral (ESPEN, sigla do inglês European Society for Parenteral and Enteral Nutrition) e Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN, sigla do inglês Brazilian Society of Parenteral and Enteral Nutrition), RECOMENDAM FÓRMULA DE BOLSO. REQUERIMENTO CALÓRICO PARA TNE DE PACIENTES CRÍTICOS ESPEN (2006) ➢ Fase aguda: 20 a 25Kcal/kg ➢ Fase anabólica: 25 a 30cal/kg ASPEN (2009) ➢ 25 a 30cal/kg COPPIN et al (2011) – Diretrizes Brasileira em Terapia Nutricional (DITEN) ➢ Fase aguda: 20 a 25Kcal/kg ➢ Após 4 a 7 dias: 25 a 35 Kcal/kg Recomendações das sociedades, mas observem que o valor recomendado não excede a 35 kcal/kg/dia para não superestimar a oferta de caloria. ENERGIA Antigamente, utilizava-se no cálculo de determinação das necessidades energéticas os fatores de injúria, térmico e de atividade, o que se observou ao longo do tempo, superestimar as necessidades reais dos pacientes críticos. Assim, atualmente, quando optado pelo uso da equação de Harris Benedict na prática clínica, utiliza-se somente o fator injúria de 1,2 e 1,3 multiplicado ao resultado encontrado da Taxa Metabólica Basal (TMB). (CUPPARI, 2014) Equação de Harris-Benedict (1919) HOMENS TMB = 66,47 + (13,75 . P*) + ( 5,00 . A*) – (6,76 . I*) MULHERES TMB = 655,1 + (9,56 . P*) + ( 1,85 . A*) – (4,68 . I*) * P = Peso em Kg/ *I = Idade em anos/ *A = Altura em cm ENERGIA • Utilizando a fórmula de bolso (exemplo de um paciente de 80 kg): a) 25% do GET: 24 horas a 48 horas – aproximadamente 500 Kcal (após ressuscitação volêmica e estabilidade) b) 50% do GET no segundo dia – aproximadamente 1000 Kcal c) 75% do GET no sétimo dia – aproximadamente 1500 Kcal d) 100% do GET após o sétimo dia – aproximadamente 2000 Kcal (25 Kcal/kg por dia – mínimo segundo ASPEN) e) Progressão para 2400 Kcal (30 Kcal/kg por dia – máximo segundo a ASPEN) f) Possibilidade de progressão para 2800 Kcal (35Kg/kg por dia – máximo segundo a DITEN) após alta hospitalar devido ao maior anabolismo do paciente Tentativa de recuperação da massa muscular perdida) Fica evidente que a caloria no paciente crítico deve ser ofertada de forma progressiva, que em números se dará da seguinte forma, segundo as recomendações de energia, para fórmula de bolso: PROTEÍNAS REQUERIMENTO PROTEICO PARA TNE DE PACIENTES CRÍTICOS ESPEN (2019) ➢ 1,2 a 2,0 g/kg/dia COPPIN et al (2011) – Diretrizes Brasileira em Terapia Nutricional (DITEN) ➢ Com estresse metabólico 1,0 a 2,0 g/kg/dia (dependendo da condição clínica) A oferta proteica também seja realizada de forma lenta e gradativa, conforme a caloria. Iniciando no 1º dia de terapia nutricional com 25% da estimativa proteica, de forma que chegue no 4º dia de terapia nutricional com 100% do que foi projetado até este momento (de 1,2 a 1,5 g/kg/dia). Assim podendo chegar à estimativa de proteína em 2,0 g/kg/dia até o 7º dia de terapia nutricional. PROTEÍNA REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS ❑CARBOIDRATOS ✓ Excesso de glicose = Esteatose hepática, aumento da lipogênese, aumento da produção de CO2 ✓ Em condições de estresse: • Sistema nervoso necessita de 120 a 150g de glicose (25% das necessidades) • Outros 40g são oxidados nos rins, células sanguíneas, tecido linfóide, medula óssea, tecidos de cicatrização • Logo, ingestão de glicose não deve ser menor que 150 g/dia NÍVEL DE ESTRESSE METABÓLICO Percentual de energia Ausência ➢ 60% Leve a moderado ➢ 50 a 60 % Grave ➢ 45 a 50% De forma geral, a recomendação é baseada no grau de estresse metabólico. (CUPPARI, 2014). REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS ❑LIPÍDEOS • A administração de 25 a 35% da energia em lipídios oferece uma quantidade adequada de ácidos graxos essenciais. É recomendável que não seja ultrapassado o limite de 1 g de lipídios/kg/dia. (CUPPARI, 2014) ✓ Cuidado! ↑↑-6 (ácido linoleico) Pode ↑ síntese de prostaglandinas e leucotrienos pró-inflamatórios, logo -6 deveria ser limitado em pacientes graves. ✓ Pode ser usado soluções de TCL/TCM. Atenção ao excesso de TCM. Dose máxima:0,5 a 0,6 mg/kg/dia Usar emulsões a base de óleo de oliva. ✓ Aumentar a razão 3 / 6 – ↓ resposta inflamatória ✓ O proporfol é uma medicação utilizada na sedação de pacientes graves fonte ácidos graxos, e deve ser considerado no planejamento para se evitar sobrecarga calórica. REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS Pacientes críticos ❑VITAMINAS E MINERAIS ✓Suplementos de potássio, magnésio, fosfato e zinco podem ser necessários ✓Maior necessidade de vitaminas do complexo B, especialmente tiamina e niacina ❑MONITORAMENTO NUTRICIONAL ✓Calorimetria indireta, balanço nitrogenado – em caso de perda de peso contínua ✓Bioquímica regular ✓Glicemia de 6 a 8horas REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS Pacientes críticos ❑GLUTAMINA ✓Aa mais abundante do organismo. Está ↓ na doença aguda grave e no estresse ✓Aa condicionalmente essencial ✓Precursor importante para a síntese de proteína corporal ✓Fonte energética para as células de proliferação rápida e para o tubo digestivo ✓Síntese intestinal de glutationa peroxidase, arginina, óxido nítrico, nucleotídeos e dos aas: alanina, citrulina e prolina ✓Estimula linfócitos T auxiliar Imunomodulação ✓Importante para a gliconeogênese e ureagênese hepáticas ✓Regula equilíbrio ácido- base ✓Recomendação : 30g/dia Waitzberg, 2002 REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS Pacientes críticos ❑ARGININA ✓Aa condicionalmente essencial ✓Estímulo ao sistema imune ✓Promove a cicatrização de feridas ✓Componente do ciclo da uréia ✓Melhora a recuperação pós operatória ✓Precursor da síntese de óxido nítrico ✓Síntese de creatina ✓Estimula GH, insulina e prolactina ✓Recomendação: 25 a 30 g (2% VET) Waitzberg, 2002 TERAPIA NUTRICIONAL - Pacientes críticos ❑VIAS DE ACESSO ✓ORAL: Caso possível ✓TNE: o Traumatismo Craniano o Doentes Comatosos o Trauma de face e pescoço o Intubação orotraqueal o Respiração artificial por longo período ✓TNP: o Repouso de tubo digestivo o Íleo paralítico o Peritonites o Fístulas GI Avaliação da tolerância da TN e complicações • A tolerância enteral deve ser monitorada principalmente pela presença de distensão abdominal, resíduo gástrico, produção excessiva de gazes, consistência das fezes e ausculta dos movimentos peristálticos. • Elevação da cabeceira da cama a um ângulo de 30° a 45° e a utilização de agentes procinéticos, como a bromoprida (®Digesan), droga que estimula a motilidade do sistema gastrointestinal • Posicionamento no intestino delgado são indicadas quando os resíduos gástricos ultrapassam 250 mL. O resíduo gástrico é medido com uma sonda posicionada no estômago e é mensurado pela equipe de enfermagem • A causa de diarreia, quando presente, deve ser determinada. Pacientes devem ser avaliados quanto à ingestão de medicações hiperosmolares e antibióticos de amplo espectro e também quanto à diarreia infecciosa. TERAPIA NUTRICIONAL - Pacientes críticos ❑Seleção das fórmulas: ➢ Baseadas nas necessidades de líquidos, energia e nutrientes, assim como função GI ➢Maioria dos produtos específicos para pacientes críticos apresentam: BCAA ou Glutamina ou Arginina adicionais, Ômega-3 ➢ Outros nutrientes: Fibras (produção de AGCC) ➢ Uso de Fatores de crescimento: GH, IGF-1 ➢ Deve ter em mente o fator balanço hídrico do paciente crítico, quanto maior o balanço hídrico (balanço positivo), maiores são os desfechos nutricionais negativos, que envolvem a retenção hídrica e edema, mais grave no sistema pulmonar mas inclui edema de compartimento abdominal, o que dificulta a progressão da terapia - Concentrada TERAPIA NUTRICIONAL - Pacientes críticos Patologia Vias de Administração Fórmula Trauma grave ou moderado com complicações Enteral Dieta Imunomoduladora por 7 a 10 dias Após: Dieta Polimérica rica em fibras Trauma Moderado Enteral Dieta Polimérica rica em fibras Intolerância à Enteral Risco de Necrose intestinal Parenteral Solução padrão 3 : 1 Ressecção intestinal extensa Fístula de alto débito Parenteral Aumento de água, K, P, Mg, Ca
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