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Função hepática 
DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA CLÍNICA 
Prof. Dra. Gabriela Bonfanti Azzolin 
http://www.webciencia.com/11_10figado2.jpg
Anatomia 
O fígado é o maior órgão interno, e é ainda um dos mais importantes. 
 
É a mais volumosa de todas as vísceras: 
 1,5 kg no homem adulto e entre 1,2 e 1,4 kg na mulher adulta 
Está situado no quadrante superior direito da cavidade abdominal 
Frágil, tem a superfície lisa, recoberta por uma cápsula própria 
É, essencialmente, uma massa de células permeada por um complexo 
mas organizado sistema de canais que transportam o suprimento 
sangüíneo e a bile. 
A sua estrutura fundamental é o hepatócito 
Recebe 25-30% do débito cardíaco. 
 
Desenvolvimento 
Embrionário: no 3º mês de gestação 
Funcional: após o nascimento 
VEIA PORTA: Drena o sangue do sistema digestório (estômago, intestino delgado e grosso, 
pâncreas e baço) diretamente ao fígado. Assim todos os nutrientes provenientes da 
digestão dos alimentos, com exceção das gorduras, passam inicialmente pelo fígado antes 
de atingir a circulação. 
 
ARTÉRIA HEPÁTICA: É uma ramificação da aorta. Transporta o sangue rico em oxigênio 
para o fígado. Irrigação sanguínea de 1500 mL/min. 
 
TRÍADE PORTA: Canais biliares + artéria hepática + veia porta. A bile flui dos hepatócitos 
para os canalículos. Destes para os ductos biliares que drenam para a vesícula biliar. 
•Células fagocíticas (células de 
Küpffer): Função de defesa contra 
microorganismos vindos do intestino. 
 
•Hepatócitos: Estrutura subcelular da 
célula parenquimatosa, onde ocorrem 
as funções metabólicas como: síntese 
protéica, metabolismo energético, 
transporte e secreção, 
armazenamento e outras reações 
catabólicas. 
Histologia e Circulação Hepática 
Células parenquimatosas: Dispostas ao redor da veia hepática (disposição 
circular), rodeadas pelos capilares sinusóides, vasos sangüíneos, condutos 
e canalículos 
• Mitocôndrias fosforilação oxidativa / oxidação de ácidos graxos. 
 
• Lisossomas enzimas proteolíticas 
 
• Retículo endoplasmático 
síntese de ácidos biliares e metabolismo de medicamentos; 
metabolismo da bilirrubina, detoxificação de drogas; 
síntese de colesterol. 
 
• Microtúbulos e microfilamentos 
formato da célula e força contrátil. 
HEPATÓCITO Função metabólica do fígado 
• As células hepáticas estão em 
contato com a circulação sanguínea de 
um lado e o canalículo biliar de outro. 
 
•Desse modo, cada hepatócito tem 
uma grande área em contato tanto 
com o sistema nutriente proveniente 
dos sinusóides (“capilares” da veia 
porta) e um sistema de escoamento, o 
canalículo biliar que transporta as 
secreções e excreções dos 
hepatócitos. 
 
• Os canalículos biliares se reúnem 
para formar os ductos biliares que 
conduzem as secreções biliares ao 
intestino delgado. 
Histologia e Circulação Hepática 
BILE 
Funções do Fígado 
Atividade sintética: 
 
- Síntese de proteínas, carboidratos e lipídeos; 
- Metabolismo de carboidratos: glicogênese e gliconeogênese. 
- Metabolismo de proteínas: albumina, fibrinogênio, transferrina, 
protrombina... 
- Síntese de VLDL e HDL, remoção dos quilomicrons remanescentes, 
metabolismo do colesterol a AG, 
- Formação de corpos cetônicos; 
- Armazenamento das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis 
(B12). 
- Conversão do caroteno à vitamina A. 
- Síntese de hormônios; 
- Transporte, armazenamento e metabolismo do ferro, cobre e outros metais; 
- Síntese de enzimas: aminotransferases, fosfatase alcalina e GGT. 
- Componentes hematológicos: hemoglobina (RN), protrombina, heparina e 
fibrinogênio (adultos). 
Funções do Fígado 
Desintoxicação e metabolismo de substâncias exógenas: 
 
- Sistema microssomial de metabolização de fármacos; 
 
- Mecanismos de biotransformação: oxidação, redução, hidrólise, 
hidroxilação, carboxilação e desmetilação; 
 
- Conjugação com ácido glicurônio, glicina, ácido sulfúrico, glutamina, 
acetato, cisteína e glutationa compostos solúveis para 
excreção renal; 
 
- Transformação de compostos nocivos ou pouco solúveis em 
substâncias menos tóxicas ou mais solúveis. 
 
- Metabolismo do etanol; 
 
- Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, 
transformando sua hemoglobina em bilirrubina 
 
Funções do Fígado 
- Função excretora: 
 
Bile: 
 
- Armazenada na vesícula biliar. 
- 600 a 1000 mL de bile por dia. 
 
- Composição: 
- Ácidos graxos, ácidos biliares, sais 
biliares, pigmentos biliares, (ésteres de 
bilirrubina), colesterol, íons, e outras 
substâncias extraídas do sangue 
(corantes, metais, enzimas). 
Produção de sais biliares 
Os ácidos biliares primários (ác cólico 
e ac quinodesoxicólico) são formados 
no fígado a partir do colesterol. 
Os ác biliares são conjugados 
conjugados com taurina e glicina, 
formando os ácidos biliares conjugados. 
Os sais atingem o intestino quando a 
vesícula biliar contrai após cada refeição. 
Aproximadamente 600 mL de bile é 
vertida no duodeno a cada dia, onde 
participa da digestão dos lipídeos. 
Quando os sais biliares entram em contato com as bactérias do íleo e 
cólon, ocorre desidratação para formar os ácidos biliares secundários 
(desoxicólico e litocólico) posteriormente excretados. 
Os ácidos biliares que são absorvidos atingem 
a circulação portal e retornam ao fígado, onde 
são reconjugados e reexcretados. 
PATOLOGIAS HEPÁTICAS 
1. HEPATITE: processo inflamatório do fígado, com degeneração e necrose dos 
hepatócitos que resulta na redução da capacidade funcional do órgão. 
 
Hepatites virais: pode ser do tipo A, B, C, D, E (F,G,H estão em pesquisas). 
 
Hepatites por agentes tóxicos: CCl4, barbitúricos, tricíclicos, antiepiléticos, 
quimioterátipos (vincristina e actinomicina D). 
 
Hepatites por outros virus: Citomegalovírus (CMV), Epstein-Baar Vírus (EBV), Vírus da 
herpes simples (HSV). 
 
Hepatites bacterianas: normalmente se origina de infecções do sistema urinário, 
respiratório ou digestivo. 
PATOLOGIAS HEPÁTICAS 
2. CIRROSE: conseqüência irreversível da cicatrização fibrosa e regeneração 
hepatocelular em resposta a inúmeras agressões prolongadas de natureza 
inflamatória, tóxica, metabólica e congestiva. 
 
Alcoolismo, hepatites e colestases extra-hepáticas. 
3. COLESTASES: É a obstrução ou impedimento da descarga de bile no 
duodeno. 
 
Colestase Extra-hepática 
 
Benigna: cálculos, áscaris, estenoses (estreitamento anormal de um vaso 
sanguíneo tubular) 
Maligna: câncer de vesícula, pâncreas, colédoco (antigamente chamado de 
ducto biliar comum), 
 
Colestase Intra-hepática 
 
Metabólica: drogas, cirrose, hepatite; 
Mecânica: cálculos, tumores intra-hepáticos. 
 
PATOLOGIAS HEPÁTICAS 
Colestase intensa Hepatomegalia 
Testes de função hepática 
Detectar anormalidades da função hepática; 
Documentar anormalidades; 
Determinar o tipo e o local da lesão; 
Facilitar o prognóstico e o acompanhamento do 
paciente com disfunção hepática. 
 
Testes bioquímicos de 
rotina 
ALT/TGP 
AST/TGO 
Albumina 
Bilirrubina 
-GT 
Fosfatase alcalina 
Proteínas totais 
AFP (alfa fetoproteina) 
5’-nucleotidase 
Ácidos biliares séricos 
Amônia 
Ceruloplasmina 
 
Ferro e ferritina sérica 
Leucina aminopeptidase 
Pq é produzida no 
figado 
Aval. Função hepática 
Produzida pelo fig imaturo feto 
• enzima transportadora de cobre 
Testes bioquímicos 
especiais 
Testes urinários: 
Bilirrubina Urinária 
Urobilinogênio urinário 
HEME 
biliverdina 
bilirrubina 
Heme oxigenase 
Biliverdina redutase 
NADPH 
NADP+ 
O
2 CO2 
Fe3+ 
NADPH 
NADP+ 
Bilirrubina 
É um pigmento biliar de cor vermelho-alaranjada decorrente da 
degradação do heme; 
Utilizada para diagnóstico diferencial de doenças do sistema 
hepatobiliar e do pâncreas, e causas de icterícia. 
Hemáceas senis 
Ferro 
Globina 
Protoporfirina IX 
Plasma 
Metabolismo da Bilirrubina 
Produção diária: 250
a 300mg 
 
85% oriundo da Hb 
15% de hemeproteínas (mioglobina) 
Metabolismo da Bilirrubina 
APOLAR
Insolúvel 
Hidrossolúvel 
Antes de passar pelo figado: BILIRRUBINA 
INDIRETA 
 
Depois de passar pelo figado: BILIRRUBINA 
DIRETA 
 
ALBUMINAS: transporta bilirrubinas 
 
BILIRRUBINAS NÃO CONJUGADA 
(indireta) 
 
 
BILIRRUBINA CONJUGADA (direta) 
UDPGT; 
10% 
90% Urobilinogênio 
Fezes 
(estercobilina) 
Metabolismo 
Hemoglobina: Fe+, Globina e Heme 
Degradação de hemoproteínas: 250-300 mg de bilirrubina/dia 
 
Transporte 
Bilirrubina liberada no plasma (bilirrubina indireta) ou Bilirrubina livre. 
Transportada ligada na albumina. 
 
Excreção 
Captação hepática e conjugação → bilirrubina direta, que é liberada ao 
intestino; 
Bactérias anaeróbicas reduzem a bilirrubina à urobilinogênios; 
Podem ser reabsorvidos pelo intestino, retornam ao fígado e são 
excretados na bile; 
Podem ser filtrados pelos rins e eliminados na urina (10%); 
Oxidam ao ar: urobilinas (cor normal das fezes e urina). 
BILIRRUBINA 
BILIRRUBINA 
Hemoglobina 
globina HEME 
Fe++ 
Porfirina 
Bilirrubina não conjugada 
(INDIRETA) 
PLASMA 
 + albumina 
FÍGADO 
Uridina 
Difosfato 
Glicuronil 
Transferase 
(UDGT) 
Bilirrubina conjugada 
(DIRETA) 
CÓLON 
Excretada na Bile 
= pigmentos 
biliares 
Bilirrubina conjugada 
(DIRETA) 
Urobilinogênio 
Excretado 
nas fezes 
 APOLAR 
LIPOSSOLÙVEL 
 POLAR 
 
Bilirrubinemia: dosagem sérica 
Valores de referência: 
B Total  0,2– 1,0 mg/dl 
B indireta 0,1 – 0,6 mg/dl 
B Direta  inferior a 0,4 mg/dl 
 
RN 
>24h BT 2 - 6 mg/dl 
>48h BT 6 - 10 mg/dl 
3 a 5 dias BT 4 - 8 mg/dl 
 
Prematuros 
>24h BT 1 - 8 mg/dl 
>48h BT 6 - 12 mg/dl 
3 a 5 dias BT 10 - 14 mg/dl 
Indicações: 
 Suspeita de lesão 
hepatocelular de qualquer 
natureza; 
 Estudo do paciente com 
icterícia; 
Hemólise; 
Pesquisar interferência ou 
obstrução ao fluxo de bile. 
 
 
Hiperbilirrubinemia 
Elevação das concentrações de bilirrubina plasmática produz icterícia; 
 
A icterícia é a pigmentação amarela da pele, esclera, membranas 
mucosas e outros tecidos; tornando-se evidente a partir de 3,0 mg/dL 
de bilirrubinemia; É o sinal mais precoce de uma série de patologias 
hepáticas e biliares. 
 
Pode ser causada pelo predomínio da fração não-conjugada (icterícia 
pré-hepática ou hemolítica) ou da fração conjugada (icterícia hepática 
ou por lesão hepatocelular e icterícia pós-hepática ou colestática). 
 
Alterações na produção, captação, 
armazenamento, metabolismo e 
excreção da bilirrubina 
Icterícia 
•Pré-hepática 
•Hepática 
•Pós-hepática 
 
Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) 
Causas 
ICTERÍCIA PRÉ-HEPÁTICAS 
 
• Icteria-hemolítica: Destruição excessiva das hemáceas circulantes. 
 - Incompatibilidade materno-fetal (mãe Rh negativo e filho Rh positivo) 
- Anemias hemolítica 
- produtos químicos, reações hemolíticas antígeno-anticorpo, câncer, 
drogas. 
 
 
superprodução de bilirrubina na destruição excessiva de hemácias; 
A quantidade de Bilirrubina não-conjugada excede a capacidade do 
figado de removê-la. 
A BT ↑, com forte predomínio da forma não conjugada (BI). Porém, há 
cerca de 15% ou menos da forma conjugada. 
 
Formação de Bilirrubina Aumentada 
Aumento da BI (não-conjugada) 
Causas 
ICTERÍCIA HEPÁTICA 
 
• Hepatocelular: Lesão no parênquima hepático por substâncias tóxicas, 
hepatites virais e cirrose que pode causar deficiências na conjugação. 
 
• Sindrome de Crigler-Najjar: desordem hereditária autossômica rara 
causada pela deficiência de UDPGT → Não ocorre a conjugação da 
bilirrubina. 
 
Tipo I: Defic. Enzimática completa → BT entre 30 a 50 mg/dL. Pacientes 
geralmente morrem no primeiro ano de vida ou na puberdade por causa 
de kernicterus. 
Tipo II: Defic. Enzimática parcial → BT entre 6 - 20 mg/dL. 
 
 
Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) 
Causas 
ICTERÍCIA HEPÁTICA 
 
• Sindrome de Gilbert: Defeito no transporte de bilirrubina desde a 
albumina do plasma até o interior do heptatócito (defeito de membrana) 
ou por um defeito na incorporação hepática de BI. 
- forma hereditária benigna 
- captação ineficiente de BI pelo fígado; 
 
 - Billirubina persistente entre 1 – 7 mg/dL. 
 - Pacientes apresentam queixas como fadiga, indisposição ou dor 
abdominal. 
 
 
Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) 
ICTERÍCIA HEPÁTICA 
 
• Icterícia neonatal: baixa atividade da Bilirrubina-UDP-glicuronil-
transferase (UDPGT) normal ao nascimento; 
 
• Fisiológica: hiperbilirrubinemia moderada dos 2 aos 5 dias devido à 
imaturidade do sistema de conjugação. A maturação ocorre em 7 a 10 
dias. 
 
• Patológica: Surge nas primeiras 25h de vida. Icterícia hemolítica 
(incompatibilidade Rh materno-fetal). 
 
 
 
 
 
Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) 
Ictericia fisiológica 
Ictericia fisiológica: é a forma mais simples de icterícia e é provocada por 
problemas naturais de adaptação do bebê fora do útero da mãe: excesso de 
hemácias (glóbulos vermelhos) e imaturidade do fígado. Por este motivo, ela é 
tão comum, atingindo 2/3 dos recém-nascidos. 
 
Em bebês nascidos a termo, ou seja, depois de 37 semanas de gestação, o pico 
da bilirrubina acontece entre o segundo e o quarto dia de vida. 
 
Em prematuros, o pico de bilirrubina acontece um pouco mais tarde entre o 
quinto e o sétimo dia de vida. 
 
Os fatores de risco associados a uma icterícia fisiológica mais intensa incluem: 
 filhos de mãe diabética, filho de pais com descendência oriental, prematuridade, 
altas altitudes, excesso de glóbulos vermelhos no sangue, uso de alguns 
medicamentos pela mãe, eliminação tardia de mecônio e passado de irmão que 
teve icterícia fisiológica. 
Ictericia patológica 
Surge nas primeiras 24 horas de vida. 
Níveis de bilirrubina subindo mais do que 5mg/dl em 24 horas. 
Possui valores de bilirrubina maiores que 12 mg/dl bebês que nasceram a termo 
(ou seja, a partir de 37 semanas) e superiores a 15 mg/dl em prematuros. 
Está associada a palidez, aumento de fígado ou baço. 
Dura mais de 1 semana nos recém-nascidos a termo e mais de 2 semanas nos 
prematuros. 
História na família de anemia hemolítica. 
Nível de bilirrubina direta maior do que 2mg/dl. 
 
Uma das causas mais comuns de icterícia patológica é a incompatibilidade 
sanguínea entre mãe e filho (como no caso de mãe Rh negativo e filho Rh 
positivo – icterícia hemolítica). Outras causas de icterícia patológica incluem 
causas obstrutivas (atresia de vias biliares, cisto de colédoco), causas 
infecciosas (infecção urinária, sepse, sífilis, toxoplasmose, HIV, CMV, herpes, 
rubéola, parvovírus B19, echovirus, adenovirus), doenças metabólicas e 
genéticas, dentre outras. 
 
Ictericia neonatal 
No recém-nascido, o fígado ainda não está maduro, e há uma grande carga de 
bilirrubina a ser metabolizada. Isso porque durante a gravidez o feto precisa de muitos 
glóbulos vermelhos para o transporte de oxigênio, pois ele ainda não respira pelos 
pulmões. 
 
Quando nasce e começa a respirar diretamente através dos pulmões, o neném não 
precisa mais de tantos glóbulos vermelhos. 
 
Além disso, nas primeiras horas de vida pode ocorrer um jejum e demora na eliminação 
do mecônio (primeiras fezes do recém-nascido), o que faz com que mais bilirrubina seja 
reabsorvida pelo corpo, ocasionando a icterícia. 
 
A época de surgimento da icterícia vai depender da sua causa. A icterícia pode ser 
fisiológica ou patológica. Toda icterícia que surge nas primeiras 24 horas de vida é 
patológica! 
 
O aumento da bilirrubina do sangue pode causar o Kernicterus, ou encefalopatia 
bilirrubínica, uma síndrome neurológica que acontece quando a bilirrubina se deposita 
no sistema nervoso. 
Icterícia neonatal 
A bilirrubina não-conjugada (indireta) é lipossolúvel e está ligada à albumina; 
atravessa a BHE (Cerca de
50% da proteína do líquido cefaloraquidiano (liquor) 
é albumina). 
 
Em níveis elevados, pode-se acumular no tecido nervoso causando lesões, 
produzindo kernicterus. 
 
A ocorrência de kernicterus depende de dois fatores: 
• [ ] de bilirrubina no sg 
• integridade da BHE 
 
 
 
Se há um processo hemolítico associado, p. ex. eritroblastose fetal 
(incompatibilidade para fator Rh), o nível de bilirribina não-conjugada pode 
atingir 20 mg/dL ou mais. 
 
 Não há colúria (bilirrubina na urina), pois a bilirrubina está fortemente ligada à 
albumina. 
Icterícia patológica do recém nascido (critérios diagnósticos) 
 Aumento nas taxas de bilirrubina de > 5 mg/dL/dia 
 Bilirrubina total superior a 12,9 mg/dL; 
 Bilirrubina total superior a 15 mg/dL em prematuros ; 
 Bilirrubina direta superior a 1,5 mg/dL; 
 Persistência de icterícia após 10º dia de vida. 
 Persistência de icterícia após duas semanas de vida em prematuros. 
Icterícia neonatal 
 A principal forma de tratamento 
da icterícia envolve a fototerapia, isso 
é, a aplicação de luz fluorescente sobre 
a pele exposta do recém-nascido. A luz 
favorece a excreção de bilirrubina 
através da fotoisomerização, que altera 
a estrutura da bilirrubina para uma forma 
solúvel, lumirrubina, para uma excreção 
mais fácil. Em últimos casos: troca de 
sangue (exsanguíneotransfusão). 
Hiperbilirrubinemia conjugada 
Causas: redução da excreção da bilirrubina na bile ou por impedimento 
do fluxo biliar até o intestino (colestases intra e extra hepática);; 
 
ICTERÍCIA HEPÁTICA: 
•Disfunção hepatocelular aguda ou crônica: Lesão no parênquima 
hepático por substâncias tóxicas, hepatites virais e cirrose dificultando a 
excreção de bilirrubina. 
- Pode aumentar BD e BI. (BI = deficiência na conjugação e BD = o que 
conjuga não sai na bile e acaba indo para a circulação) 
 
 Sindrome de Dubin-Jonhson: Captação e armazenamento de 
bilirrubina são normais. Há deficiência na excreção pela célula hepática 
para os capilares biliares (colestase intra-hepática). 
 
Não ocorre alteração de AST e ALT, 
 Pode aumentar também BI mas predominando aumento da BD 
(conjugada). Bilirrubina entre 2 e 5mg/dL 
 
Hiperbilirrubinemia conjugada 
Causas: redução da excreção da bilirrubina na bile ou por impedimento 
do fluxo biliar até o intestino (colestases intra e extra hepática); 
 
ICTERÍCIA PÓS HEPÁTICA: 
Obstrução (colestases extra-hepática): Obstrução dos canalículos 
biliares. 
• Cálculos na vesícula biliar 
• Tumores (câncer de cabeça de pancreas, câncer nos ductos biliares) 
• Constrições pós-operatórias. 
 
Resultado: Aumento da BD (conjugada) no sangue e na urina com 
urobilinogênio (fecal) baixo. 
 
Pacientes com as fezes pálidas 
 
Concentrações da bilirrubina e seus metabólitos em 
indivíduos normais e em ictéricos 
Condição Bilirrubina 
total 
Bilirrubina não-
conjugada 
Bilirrubina 
conjugada 
Normal 
0,2 a 1,2 mg/dL Até 1 mg/dL 0 a 0,4 mg/dL 
Icterícia pré-hepática: excesso produção 
BI. ↑ ↑ Normal 
Dano hepatocelular: não conjuga e/ou não 
excreta ↑ ↑ ↑ 
Enfermidade de Gilbert: não capta BI p 
conjugar ↑ ↑ Normal ou ↓ 
Síndrome de Criegler-Najjar: não UDPGT 
↑ ↑ ↓ 
Síndrome de Dubin-Johnson: colestase 
intra-hepática ↑ normal ↑ 
Colestase pós-hepática 
↑ normal ↑ 
CIRROSE 
É o estágio terminal da lesão hepática crônica; 
Cicatrização fibrosa e degeneração hepatocelular; 
 
Causas: 
- Excesso crônico de ingestão de álcool; 
- Hepatite viral (B e C); 
- Doenças auto-imunes 
 
 
CIRROSE 
Características clínicas: 
Insuficiência hepática terminal 
Icterícia 
Encefalopatia; 
Anemia 
Ascite (hipoalbuminemia) 
Tendência ao sangramento (hemorragias) 
Deficiência de vitaminas 
Atualmente a cirrose está entre as 7 maiores causas de morte no mundo 
ocidental. A causa mais comum da cirrose é o alcoolismo. Estima-se que 
40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos. 
O metabolismo do etanol a acetaldeído aumenta o consumo de oxigênio dos 
lóbulos hepáticos, os produtos dos hepatócitos são fagocitados pelas células 
macrofágicas do fígado. O macrófago amplifica a resposta inflamatória, 
secretando lipídeos bioativos e glicoproteínas com propriedades quimiotáticas 
e imunorreguladoras. 
A formação de complexos acetaldeídos-proteínas, que atuam como neo-
antígenos, geram linfócitos sensibilizados e anticorpos específicos que atacam 
outros hepatócitos sadios e transportam esses antígenos. 
Outra explicação é a gerações de radicais livres por vias alternativas do 
metabolismo do etanol, constituindo o denominado sistema de oxidação 
enzimático mitocondrial. 
Metabolismo do etanol 
CIRROSE 
Consumo crônico de álcool 
Esteatose (acúmulo de 
gordura no fígado) 
Hepatite alcoólica 
(inflamação) 
Cirrose (dano permanente) 
Consumos diários em torno de 20-40 gramas de álcool em mulheres e 60-80 gramas em 
homens (uma taça de vinho = 20 grs ; uma dose de destilado = 60grs; uma garrafa de 
cerveja = 25grs) provocam o desenvolvimento de cirrose em aproximadamente 10 anos. 
A ascite - o acúmulo de líquido no 
interior da cavidade abdominal – 
presente na cirrose alcóolica 
Principais testes de função hepática 
Alanina aminotransferase (ALT/TGP); 
 Albumina 
Aspartato aminotransferase (AST/TGO); 
Bilirrubinas; 
Fosfatase Alcalina; 
 Gama – Glutamil transferase (GGT); 
Proteínas totais 
Muitas não são específicas para determinada doença 
mas refletem somente a lesão tecidual do fígado. 
Transaminases 
Aspartato aminotransferse (AST) ou transaminase glutâmica-
oxalacética (GOT, TGO); 
 
Alanina aminotransferse (ALT) ou transaminase glutâmica-pirúvica 
(GPT, TGP); 
 
 São enzimas que catalizam a transferância reversível dos grupos amino 
de um aminoácido para o α-cetoglutarato, formando cetoácido e ácido glutâmico. 
 
 
 
 
 
 
 
 Estão amplamente distribuídas nos tecidos humanos, por isso são 
utilizadas para a determinação lesão tecidual; 
Figado, coração, músculo esquelético, eritrócitos; 
Ocorre nos hepatócitos na forma citosólica (citosol 40%) e mitocondrial 
(60% mostra lesão + profunda). 
 
Após inicio da lesão: 
Eleva-se em 8h 
Pico em 24-36h 
Normaliza-se em 3 a 6 dias 
 
 Na hepatite viral aguda : 10-20x VR e se mantém por 1 a 2 semanas 
 Obstrução extra-hepática: só se é acompanhada de lesão, aumentos 
moderados 
 Também pode elevar-se no IAM e lesões de músculo esquelético. 
Aspartato aminotransferase (TGO/AST) 
É encontrada predominantemente no fígado, e também está presente 
em quantidades moderadas no rim, coração e músculo esquelético 
É mais específica para lesão hepática 
A forma citoplasmática é que tem maior expressão, quando aumentada 
no plasma indica uma lesão mais superficial; 
 
 Sua atividade se eleva rapidamente na hepatite viral e permanece por 1 
a 2 semanas 
 Eleva-se na hepatite tóxica, hepatite crônica ativa e neoplasias 
 Na necrose hepática aguda, seu aumento é superior ao da AST 
 Como é + específica, confirma a AST de origem hepática 
 
Alanina aminotransferase (TGP/ALT) 
Embora as enzimas normalmente não se alterem isoladamente, em alguns 
casos pode-se considerar: 
· Aumento isolado de AST: não deve ser doença hepática. Considerar outras 
hipóteses. 
· Aumento isolado de ALT: considerar doença hepática. 
 
Comumente, as enzimas alteram-se em conjunto. Então consideramos: 
· Aumento de ALT e AST (>5 – 10x REF): lesões agudas (hepatites virais, 
hepatites medicamentosas, hepatite autoimune). 
· Aumento de ALT (<5 x REF) e ALT>AST: são casos bem comuns, achados 
assintomáticos. Esteatose hepática (90%), uso de drogas (AINES, estatinas, 
drogas ilícitas – anabolizantes e cocaína), e doença metabólica. 
· Aumento de AST (<5 x REF) e AST>ALT: hepatite alcóolica (mais comum, 
causando dano mitocondrial), cirrose, causas não hepáticas (exercício, IAM). 
 
RELAÇÃO ALT/AST 
FOSFATASE ALCALINA (FAL OU ALP) 
• Atividade
máx. em pH 10,0, que hidrolizam esteres monofosfato. 
•Origem: Não é específica (vários tecidos), geralmente na membrana celular: 
Figado, Epitélio do trato biliar, Ossos, Placentas (↑ na gravidez), Mucosa 
intestinal; 
 
A forma predominante no soro em adultos normais origina-se, 
principalmente, do fígado e do esqueleto: aumentos estão 
correlacionados com desordens hepatobiliares e ósseas . 
 
•Isoenzimas específicas 
8 isoenzimas diferentes – grau de salificação e composição proteíca 
Figado: H ou F Placenta: P 
Intestino: I Ossos: O 
 
•Valores mais altos: 
em crianças e adolescentes. 
Para diferenciar alterações: faz separação das 
isoenzimas 
-Inativação térmica, técnicas químicas, 
eletroforese ou imunoensaios 
 
•Sintetizadas nos hepatócitos 
•Localiza-se nas membranas celulares (histologicamente na 
microvilosidades dos canalículos biliares e na superfície sinusoidal 
(membrana) dos hepatócitos) 
•Excretada na bile; 
 
 
Principais causas ↑da FAL hepática: 
 
Obstruções extra-hepáticas: ducto biliar comum (aumenta 3 a 10x). 
 
Obstrução intra-hepática (aumenta 3x): 
Lesão aguda dos hepatócitos 
Cirrose biliar primária 
Lesão invasiva-tumores 
 
Fosfatase alcalina hepática 
Localiza-se predominantemente nos rins, hepatócitos, pâncreas e próstata 
 
Está situada nas membranas celulares, tem papel importante na reabsorção de 
aminoácidos nos túbulos renais e do lúmen intestinais; 
 
No figado é microssomal e ligada a membrana celular (tanto em epitélio biliar 
(no ducto biliar) quanto em hepatócitos) 
 
Apresenta-se elevada no RN; 
 
GGT é afetada tanto por lesão e por obstrução hepática; 
 
Confirma a FAL hepática (ajuda a diferenciar doença hepática de uma 
doença óssea (não ↑ em doenças ósseas) 
 
Possui sensibilidade igual ou superior a FAL para obstrução e maior para lesão, 
sendo igual para AST (marcador de lesão). 
Gama Glutamiltransferase (y-GT) 
 
 O consumo de álcool induz a síntese microssomal (↑ da GGT em 70-75% dos 
acoolatras crônicos (2 a 3x, Reversível); 
 
 Está ↑ em todas as desordens hepatobiliares; 
 
 Os maiores ↑ (5-30 x os VR) = obstrução biliar intra ou extra-hepática; 
 
 Moderados ↑ = hepatite infecciosa e na cirrose. 
 
 Homens ↑ de 50% (atividade na prostata). 
 
 Drogas (barbitúricos, antidep. tricíclicos, anti-convulsivos): ↑ 4x reversível 
 
 ↑ também em: pancreatite aguda, diabetes, IAM, câncer prostático. 
Gama Glutamiltransferase (y-GT = GGT) 
5’Nucleotidase 
Localiza-se nos microssomas e membranas celulares de vários tecidos 
(fígado, intestino, cérebro, músculo cardíaco, vasos sanguíneos e pâncreas), 
mas elevação significativas são encontradas quase que exclusivamente na 
doença hepática. 
 
 Tem sensibilidade comparada à da fosfatase alcalina para detectar doença 
hepatobiliar. No entanto, por levar alguns dias para aumentar, pode ser normal 
em elevações agudas de fosfatase alcalina e de gama glutamil transpeptidase. 
 
Catalisa a hidrólise de ésteres de nucleosídeos 5’fosfato 
 
Tem pH ótimo de 7,5 
 
Não está ↑ em hepatites por drogas (exceção); 
 
Está ↑ na obstrução biliar, cirrose e tumores (alcoolismo também); 
 
É bastante específica, mas o ensaio é de dificil realização. 
Lactato Desidrogenase (LD ou LDH) 
Localiza-se no citoplasma das células sendo excretada no soro nos casos 
de lesão ou necrose tecidual; 
 
Atividade ↑ nos rins, coração, enterócitos e pouco menos no pulmão e 
figado (útil qdo o orgão afetado é o figado); 
 
 
↑ nas hepatites virais ou tóxicas, obstrução biliar extra-hepáticas, necrose 
aguda e cirrose hepática; 
 
Quando vários órgãos estão envolvidoss, melhor proceder eletroforese deve 
qtificar das isoenzimas de LD 
LD4 e LD5: hepáticas 
LD1 e LD2: renais e cardíacas 
 
Cuidado: hemólise (Rejeitar amostras hemolisadas visto que a LD1 existe 
em qtidades significativas na hemácia) 
Proteínas 
Proteínas totais: 
A síntese de proteínas endógena é realizada pelo fígado. Níveis alterados 
de proteínas totais podem indicar desordens hepáticas. 
 
• Albumina: 
É a principal proteína encontrada no plasma. 
 
Alfa feto proteína (AFP): é uma molécula produzida no desenvolvimento 
(morfogênese) do embrião e do feto, principalmente pelo fígado fetal. 
 
Pode estar aumentada em hepatoma, carcinoma de cels embrionárias e 
teratoma de testículos ou em casos não neoplásicos como hepatites e 
cirrose alcoólica ativa. 
 
 
Amônia Sérica 
Figado: síntese de uréia a partir de amônia 
 
Amônia: degradação proteíca, alimentar e/ou bactéias intestinais 
 
 Insuficiência hepática, cirrose: hiperamonemia 
 Encefalopatia hepática 
 Nível de amônia sanguíneo tem boa correlação c/ alteração hepática 
 CUIDADO: eritrócitos tem 3X mais amônia que o plasma 
 Também auxilia no diagnóstico de sangramentos gastrointestinais 
 
 
Imunoglobulinas 
Elevação não específica 
Proteinograma 
IgG=hepatites autoimunes 
IgM= cirrose biliar primária (ponte frações beta-gama) 
IgA = doença alcoólica 
Auto-Ac 
Ac anti-mitocondriais em 80-100% dos pacientes com cirrose 
hepática; 
Ac anti-músculo liso em 45-70% com hepatite crônica ativa 
autoimune.

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