Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Função hepática DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA CLÍNICA Prof. Dra. Gabriela Bonfanti Azzolin http://www.webciencia.com/11_10figado2.jpg Anatomia O fígado é o maior órgão interno, e é ainda um dos mais importantes. É a mais volumosa de todas as vísceras: 1,5 kg no homem adulto e entre 1,2 e 1,4 kg na mulher adulta Está situado no quadrante superior direito da cavidade abdominal Frágil, tem a superfície lisa, recoberta por uma cápsula própria É, essencialmente, uma massa de células permeada por um complexo mas organizado sistema de canais que transportam o suprimento sangüíneo e a bile. A sua estrutura fundamental é o hepatócito Recebe 25-30% do débito cardíaco. Desenvolvimento Embrionário: no 3º mês de gestação Funcional: após o nascimento VEIA PORTA: Drena o sangue do sistema digestório (estômago, intestino delgado e grosso, pâncreas e baço) diretamente ao fígado. Assim todos os nutrientes provenientes da digestão dos alimentos, com exceção das gorduras, passam inicialmente pelo fígado antes de atingir a circulação. ARTÉRIA HEPÁTICA: É uma ramificação da aorta. Transporta o sangue rico em oxigênio para o fígado. Irrigação sanguínea de 1500 mL/min. TRÍADE PORTA: Canais biliares + artéria hepática + veia porta. A bile flui dos hepatócitos para os canalículos. Destes para os ductos biliares que drenam para a vesícula biliar. •Células fagocíticas (células de Küpffer): Função de defesa contra microorganismos vindos do intestino. •Hepatócitos: Estrutura subcelular da célula parenquimatosa, onde ocorrem as funções metabólicas como: síntese protéica, metabolismo energético, transporte e secreção, armazenamento e outras reações catabólicas. Histologia e Circulação Hepática Células parenquimatosas: Dispostas ao redor da veia hepática (disposição circular), rodeadas pelos capilares sinusóides, vasos sangüíneos, condutos e canalículos • Mitocôndrias fosforilação oxidativa / oxidação de ácidos graxos. • Lisossomas enzimas proteolíticas • Retículo endoplasmático síntese de ácidos biliares e metabolismo de medicamentos; metabolismo da bilirrubina, detoxificação de drogas; síntese de colesterol. • Microtúbulos e microfilamentos formato da célula e força contrátil. HEPATÓCITO Função metabólica do fígado • As células hepáticas estão em contato com a circulação sanguínea de um lado e o canalículo biliar de outro. •Desse modo, cada hepatócito tem uma grande área em contato tanto com o sistema nutriente proveniente dos sinusóides (“capilares” da veia porta) e um sistema de escoamento, o canalículo biliar que transporta as secreções e excreções dos hepatócitos. • Os canalículos biliares se reúnem para formar os ductos biliares que conduzem as secreções biliares ao intestino delgado. Histologia e Circulação Hepática BILE Funções do Fígado Atividade sintética: - Síntese de proteínas, carboidratos e lipídeos; - Metabolismo de carboidratos: glicogênese e gliconeogênese. - Metabolismo de proteínas: albumina, fibrinogênio, transferrina, protrombina... - Síntese de VLDL e HDL, remoção dos quilomicrons remanescentes, metabolismo do colesterol a AG, - Formação de corpos cetônicos; - Armazenamento das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis (B12). - Conversão do caroteno à vitamina A. - Síntese de hormônios; - Transporte, armazenamento e metabolismo do ferro, cobre e outros metais; - Síntese de enzimas: aminotransferases, fosfatase alcalina e GGT. - Componentes hematológicos: hemoglobina (RN), protrombina, heparina e fibrinogênio (adultos). Funções do Fígado Desintoxicação e metabolismo de substâncias exógenas: - Sistema microssomial de metabolização de fármacos; - Mecanismos de biotransformação: oxidação, redução, hidrólise, hidroxilação, carboxilação e desmetilação; - Conjugação com ácido glicurônio, glicina, ácido sulfúrico, glutamina, acetato, cisteína e glutationa compostos solúveis para excreção renal; - Transformação de compostos nocivos ou pouco solúveis em substâncias menos tóxicas ou mais solúveis. - Metabolismo do etanol; - Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua hemoglobina em bilirrubina Funções do Fígado - Função excretora: Bile: - Armazenada na vesícula biliar. - 600 a 1000 mL de bile por dia. - Composição: - Ácidos graxos, ácidos biliares, sais biliares, pigmentos biliares, (ésteres de bilirrubina), colesterol, íons, e outras substâncias extraídas do sangue (corantes, metais, enzimas). Produção de sais biliares Os ácidos biliares primários (ác cólico e ac quinodesoxicólico) são formados no fígado a partir do colesterol. Os ác biliares são conjugados conjugados com taurina e glicina, formando os ácidos biliares conjugados. Os sais atingem o intestino quando a vesícula biliar contrai após cada refeição. Aproximadamente 600 mL de bile é vertida no duodeno a cada dia, onde participa da digestão dos lipídeos. Quando os sais biliares entram em contato com as bactérias do íleo e cólon, ocorre desidratação para formar os ácidos biliares secundários (desoxicólico e litocólico) posteriormente excretados. Os ácidos biliares que são absorvidos atingem a circulação portal e retornam ao fígado, onde são reconjugados e reexcretados. PATOLOGIAS HEPÁTICAS 1. HEPATITE: processo inflamatório do fígado, com degeneração e necrose dos hepatócitos que resulta na redução da capacidade funcional do órgão. Hepatites virais: pode ser do tipo A, B, C, D, E (F,G,H estão em pesquisas). Hepatites por agentes tóxicos: CCl4, barbitúricos, tricíclicos, antiepiléticos, quimioterátipos (vincristina e actinomicina D). Hepatites por outros virus: Citomegalovírus (CMV), Epstein-Baar Vírus (EBV), Vírus da herpes simples (HSV). Hepatites bacterianas: normalmente se origina de infecções do sistema urinário, respiratório ou digestivo. PATOLOGIAS HEPÁTICAS 2. CIRROSE: conseqüência irreversível da cicatrização fibrosa e regeneração hepatocelular em resposta a inúmeras agressões prolongadas de natureza inflamatória, tóxica, metabólica e congestiva. Alcoolismo, hepatites e colestases extra-hepáticas. 3. COLESTASES: É a obstrução ou impedimento da descarga de bile no duodeno. Colestase Extra-hepática Benigna: cálculos, áscaris, estenoses (estreitamento anormal de um vaso sanguíneo tubular) Maligna: câncer de vesícula, pâncreas, colédoco (antigamente chamado de ducto biliar comum), Colestase Intra-hepática Metabólica: drogas, cirrose, hepatite; Mecânica: cálculos, tumores intra-hepáticos. PATOLOGIAS HEPÁTICAS Colestase intensa Hepatomegalia Testes de função hepática Detectar anormalidades da função hepática; Documentar anormalidades; Determinar o tipo e o local da lesão; Facilitar o prognóstico e o acompanhamento do paciente com disfunção hepática. Testes bioquímicos de rotina ALT/TGP AST/TGO Albumina Bilirrubina -GT Fosfatase alcalina Proteínas totais AFP (alfa fetoproteina) 5’-nucleotidase Ácidos biliares séricos Amônia Ceruloplasmina Ferro e ferritina sérica Leucina aminopeptidase Pq é produzida no figado Aval. Função hepática Produzida pelo fig imaturo feto • enzima transportadora de cobre Testes bioquímicos especiais Testes urinários: Bilirrubina Urinária Urobilinogênio urinário HEME biliverdina bilirrubina Heme oxigenase Biliverdina redutase NADPH NADP+ O 2 CO2 Fe3+ NADPH NADP+ Bilirrubina É um pigmento biliar de cor vermelho-alaranjada decorrente da degradação do heme; Utilizada para diagnóstico diferencial de doenças do sistema hepatobiliar e do pâncreas, e causas de icterícia. Hemáceas senis Ferro Globina Protoporfirina IX Plasma Metabolismo da Bilirrubina Produção diária: 250 a 300mg 85% oriundo da Hb 15% de hemeproteínas (mioglobina) Metabolismo da Bilirrubina APOLAR Insolúvel Hidrossolúvel Antes de passar pelo figado: BILIRRUBINA INDIRETA Depois de passar pelo figado: BILIRRUBINA DIRETA ALBUMINAS: transporta bilirrubinas BILIRRUBINAS NÃO CONJUGADA (indireta) BILIRRUBINA CONJUGADA (direta) UDPGT; 10% 90% Urobilinogênio Fezes (estercobilina) Metabolismo Hemoglobina: Fe+, Globina e Heme Degradação de hemoproteínas: 250-300 mg de bilirrubina/dia Transporte Bilirrubina liberada no plasma (bilirrubina indireta) ou Bilirrubina livre. Transportada ligada na albumina. Excreção Captação hepática e conjugação → bilirrubina direta, que é liberada ao intestino; Bactérias anaeróbicas reduzem a bilirrubina à urobilinogênios; Podem ser reabsorvidos pelo intestino, retornam ao fígado e são excretados na bile; Podem ser filtrados pelos rins e eliminados na urina (10%); Oxidam ao ar: urobilinas (cor normal das fezes e urina). BILIRRUBINA BILIRRUBINA Hemoglobina globina HEME Fe++ Porfirina Bilirrubina não conjugada (INDIRETA) PLASMA + albumina FÍGADO Uridina Difosfato Glicuronil Transferase (UDGT) Bilirrubina conjugada (DIRETA) CÓLON Excretada na Bile = pigmentos biliares Bilirrubina conjugada (DIRETA) Urobilinogênio Excretado nas fezes APOLAR LIPOSSOLÙVEL POLAR Bilirrubinemia: dosagem sérica Valores de referência: B Total 0,2– 1,0 mg/dl B indireta 0,1 – 0,6 mg/dl B Direta inferior a 0,4 mg/dl RN >24h BT 2 - 6 mg/dl >48h BT 6 - 10 mg/dl 3 a 5 dias BT 4 - 8 mg/dl Prematuros >24h BT 1 - 8 mg/dl >48h BT 6 - 12 mg/dl 3 a 5 dias BT 10 - 14 mg/dl Indicações: Suspeita de lesão hepatocelular de qualquer natureza; Estudo do paciente com icterícia; Hemólise; Pesquisar interferência ou obstrução ao fluxo de bile. Hiperbilirrubinemia Elevação das concentrações de bilirrubina plasmática produz icterícia; A icterícia é a pigmentação amarela da pele, esclera, membranas mucosas e outros tecidos; tornando-se evidente a partir de 3,0 mg/dL de bilirrubinemia; É o sinal mais precoce de uma série de patologias hepáticas e biliares. Pode ser causada pelo predomínio da fração não-conjugada (icterícia pré-hepática ou hemolítica) ou da fração conjugada (icterícia hepática ou por lesão hepatocelular e icterícia pós-hepática ou colestática). Alterações na produção, captação, armazenamento, metabolismo e excreção da bilirrubina Icterícia •Pré-hepática •Hepática •Pós-hepática Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) Causas ICTERÍCIA PRÉ-HEPÁTICAS • Icteria-hemolítica: Destruição excessiva das hemáceas circulantes. - Incompatibilidade materno-fetal (mãe Rh negativo e filho Rh positivo) - Anemias hemolítica - produtos químicos, reações hemolíticas antígeno-anticorpo, câncer, drogas. superprodução de bilirrubina na destruição excessiva de hemácias; A quantidade de Bilirrubina não-conjugada excede a capacidade do figado de removê-la. A BT ↑, com forte predomínio da forma não conjugada (BI). Porém, há cerca de 15% ou menos da forma conjugada. Formação de Bilirrubina Aumentada Aumento da BI (não-conjugada) Causas ICTERÍCIA HEPÁTICA • Hepatocelular: Lesão no parênquima hepático por substâncias tóxicas, hepatites virais e cirrose que pode causar deficiências na conjugação. • Sindrome de Crigler-Najjar: desordem hereditária autossômica rara causada pela deficiência de UDPGT → Não ocorre a conjugação da bilirrubina. Tipo I: Defic. Enzimática completa → BT entre 30 a 50 mg/dL. Pacientes geralmente morrem no primeiro ano de vida ou na puberdade por causa de kernicterus. Tipo II: Defic. Enzimática parcial → BT entre 6 - 20 mg/dL. Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) Causas ICTERÍCIA HEPÁTICA • Sindrome de Gilbert: Defeito no transporte de bilirrubina desde a albumina do plasma até o interior do heptatócito (defeito de membrana) ou por um defeito na incorporação hepática de BI. - forma hereditária benigna - captação ineficiente de BI pelo fígado; - Billirubina persistente entre 1 – 7 mg/dL. - Pacientes apresentam queixas como fadiga, indisposição ou dor abdominal. Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) ICTERÍCIA HEPÁTICA • Icterícia neonatal: baixa atividade da Bilirrubina-UDP-glicuronil- transferase (UDPGT) normal ao nascimento; • Fisiológica: hiperbilirrubinemia moderada dos 2 aos 5 dias devido à imaturidade do sistema de conjugação. A maturação ocorre em 7 a 10 dias. • Patológica: Surge nas primeiras 25h de vida. Icterícia hemolítica (incompatibilidade Rh materno-fetal). Hiperbilirrubinemia não-conjugada (indireta) Ictericia fisiológica Ictericia fisiológica: é a forma mais simples de icterícia e é provocada por problemas naturais de adaptação do bebê fora do útero da mãe: excesso de hemácias (glóbulos vermelhos) e imaturidade do fígado. Por este motivo, ela é tão comum, atingindo 2/3 dos recém-nascidos. Em bebês nascidos a termo, ou seja, depois de 37 semanas de gestação, o pico da bilirrubina acontece entre o segundo e o quarto dia de vida. Em prematuros, o pico de bilirrubina acontece um pouco mais tarde entre o quinto e o sétimo dia de vida. Os fatores de risco associados a uma icterícia fisiológica mais intensa incluem: filhos de mãe diabética, filho de pais com descendência oriental, prematuridade, altas altitudes, excesso de glóbulos vermelhos no sangue, uso de alguns medicamentos pela mãe, eliminação tardia de mecônio e passado de irmão que teve icterícia fisiológica. Ictericia patológica Surge nas primeiras 24 horas de vida. Níveis de bilirrubina subindo mais do que 5mg/dl em 24 horas. Possui valores de bilirrubina maiores que 12 mg/dl bebês que nasceram a termo (ou seja, a partir de 37 semanas) e superiores a 15 mg/dl em prematuros. Está associada a palidez, aumento de fígado ou baço. Dura mais de 1 semana nos recém-nascidos a termo e mais de 2 semanas nos prematuros. História na família de anemia hemolítica. Nível de bilirrubina direta maior do que 2mg/dl. Uma das causas mais comuns de icterícia patológica é a incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho (como no caso de mãe Rh negativo e filho Rh positivo – icterícia hemolítica). Outras causas de icterícia patológica incluem causas obstrutivas (atresia de vias biliares, cisto de colédoco), causas infecciosas (infecção urinária, sepse, sífilis, toxoplasmose, HIV, CMV, herpes, rubéola, parvovírus B19, echovirus, adenovirus), doenças metabólicas e genéticas, dentre outras. Ictericia neonatal No recém-nascido, o fígado ainda não está maduro, e há uma grande carga de bilirrubina a ser metabolizada. Isso porque durante a gravidez o feto precisa de muitos glóbulos vermelhos para o transporte de oxigênio, pois ele ainda não respira pelos pulmões. Quando nasce e começa a respirar diretamente através dos pulmões, o neném não precisa mais de tantos glóbulos vermelhos. Além disso, nas primeiras horas de vida pode ocorrer um jejum e demora na eliminação do mecônio (primeiras fezes do recém-nascido), o que faz com que mais bilirrubina seja reabsorvida pelo corpo, ocasionando a icterícia. A época de surgimento da icterícia vai depender da sua causa. A icterícia pode ser fisiológica ou patológica. Toda icterícia que surge nas primeiras 24 horas de vida é patológica! O aumento da bilirrubina do sangue pode causar o Kernicterus, ou encefalopatia bilirrubínica, uma síndrome neurológica que acontece quando a bilirrubina se deposita no sistema nervoso. Icterícia neonatal A bilirrubina não-conjugada (indireta) é lipossolúvel e está ligada à albumina; atravessa a BHE (Cerca de 50% da proteína do líquido cefaloraquidiano (liquor) é albumina). Em níveis elevados, pode-se acumular no tecido nervoso causando lesões, produzindo kernicterus. A ocorrência de kernicterus depende de dois fatores: • [ ] de bilirrubina no sg • integridade da BHE Se há um processo hemolítico associado, p. ex. eritroblastose fetal (incompatibilidade para fator Rh), o nível de bilirribina não-conjugada pode atingir 20 mg/dL ou mais. Não há colúria (bilirrubina na urina), pois a bilirrubina está fortemente ligada à albumina. Icterícia patológica do recém nascido (critérios diagnósticos) Aumento nas taxas de bilirrubina de > 5 mg/dL/dia Bilirrubina total superior a 12,9 mg/dL; Bilirrubina total superior a 15 mg/dL em prematuros ; Bilirrubina direta superior a 1,5 mg/dL; Persistência de icterícia após 10º dia de vida. Persistência de icterícia após duas semanas de vida em prematuros. Icterícia neonatal A principal forma de tratamento da icterícia envolve a fototerapia, isso é, a aplicação de luz fluorescente sobre a pele exposta do recém-nascido. A luz favorece a excreção de bilirrubina através da fotoisomerização, que altera a estrutura da bilirrubina para uma forma solúvel, lumirrubina, para uma excreção mais fácil. Em últimos casos: troca de sangue (exsanguíneotransfusão). Hiperbilirrubinemia conjugada Causas: redução da excreção da bilirrubina na bile ou por impedimento do fluxo biliar até o intestino (colestases intra e extra hepática);; ICTERÍCIA HEPÁTICA: •Disfunção hepatocelular aguda ou crônica: Lesão no parênquima hepático por substâncias tóxicas, hepatites virais e cirrose dificultando a excreção de bilirrubina. - Pode aumentar BD e BI. (BI = deficiência na conjugação e BD = o que conjuga não sai na bile e acaba indo para a circulação) Sindrome de Dubin-Jonhson: Captação e armazenamento de bilirrubina são normais. Há deficiência na excreção pela célula hepática para os capilares biliares (colestase intra-hepática). Não ocorre alteração de AST e ALT, Pode aumentar também BI mas predominando aumento da BD (conjugada). Bilirrubina entre 2 e 5mg/dL Hiperbilirrubinemia conjugada Causas: redução da excreção da bilirrubina na bile ou por impedimento do fluxo biliar até o intestino (colestases intra e extra hepática); ICTERÍCIA PÓS HEPÁTICA: Obstrução (colestases extra-hepática): Obstrução dos canalículos biliares. • Cálculos na vesícula biliar • Tumores (câncer de cabeça de pancreas, câncer nos ductos biliares) • Constrições pós-operatórias. Resultado: Aumento da BD (conjugada) no sangue e na urina com urobilinogênio (fecal) baixo. Pacientes com as fezes pálidas Concentrações da bilirrubina e seus metabólitos em indivíduos normais e em ictéricos Condição Bilirrubina total Bilirrubina não- conjugada Bilirrubina conjugada Normal 0,2 a 1,2 mg/dL Até 1 mg/dL 0 a 0,4 mg/dL Icterícia pré-hepática: excesso produção BI. ↑ ↑ Normal Dano hepatocelular: não conjuga e/ou não excreta ↑ ↑ ↑ Enfermidade de Gilbert: não capta BI p conjugar ↑ ↑ Normal ou ↓ Síndrome de Criegler-Najjar: não UDPGT ↑ ↑ ↓ Síndrome de Dubin-Johnson: colestase intra-hepática ↑ normal ↑ Colestase pós-hepática ↑ normal ↑ CIRROSE É o estágio terminal da lesão hepática crônica; Cicatrização fibrosa e degeneração hepatocelular; Causas: - Excesso crônico de ingestão de álcool; - Hepatite viral (B e C); - Doenças auto-imunes CIRROSE Características clínicas: Insuficiência hepática terminal Icterícia Encefalopatia; Anemia Ascite (hipoalbuminemia) Tendência ao sangramento (hemorragias) Deficiência de vitaminas Atualmente a cirrose está entre as 7 maiores causas de morte no mundo ocidental. A causa mais comum da cirrose é o alcoolismo. Estima-se que 40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos. O metabolismo do etanol a acetaldeído aumenta o consumo de oxigênio dos lóbulos hepáticos, os produtos dos hepatócitos são fagocitados pelas células macrofágicas do fígado. O macrófago amplifica a resposta inflamatória, secretando lipídeos bioativos e glicoproteínas com propriedades quimiotáticas e imunorreguladoras. A formação de complexos acetaldeídos-proteínas, que atuam como neo- antígenos, geram linfócitos sensibilizados e anticorpos específicos que atacam outros hepatócitos sadios e transportam esses antígenos. Outra explicação é a gerações de radicais livres por vias alternativas do metabolismo do etanol, constituindo o denominado sistema de oxidação enzimático mitocondrial. Metabolismo do etanol CIRROSE Consumo crônico de álcool Esteatose (acúmulo de gordura no fígado) Hepatite alcoólica (inflamação) Cirrose (dano permanente) Consumos diários em torno de 20-40 gramas de álcool em mulheres e 60-80 gramas em homens (uma taça de vinho = 20 grs ; uma dose de destilado = 60grs; uma garrafa de cerveja = 25grs) provocam o desenvolvimento de cirrose em aproximadamente 10 anos. A ascite - o acúmulo de líquido no interior da cavidade abdominal – presente na cirrose alcóolica Principais testes de função hepática Alanina aminotransferase (ALT/TGP); Albumina Aspartato aminotransferase (AST/TGO); Bilirrubinas; Fosfatase Alcalina; Gama – Glutamil transferase (GGT); Proteínas totais Muitas não são específicas para determinada doença mas refletem somente a lesão tecidual do fígado. Transaminases Aspartato aminotransferse (AST) ou transaminase glutâmica- oxalacética (GOT, TGO); Alanina aminotransferse (ALT) ou transaminase glutâmica-pirúvica (GPT, TGP); São enzimas que catalizam a transferância reversível dos grupos amino de um aminoácido para o α-cetoglutarato, formando cetoácido e ácido glutâmico. Estão amplamente distribuídas nos tecidos humanos, por isso são utilizadas para a determinação lesão tecidual; Figado, coração, músculo esquelético, eritrócitos; Ocorre nos hepatócitos na forma citosólica (citosol 40%) e mitocondrial (60% mostra lesão + profunda). Após inicio da lesão: Eleva-se em 8h Pico em 24-36h Normaliza-se em 3 a 6 dias Na hepatite viral aguda : 10-20x VR e se mantém por 1 a 2 semanas Obstrução extra-hepática: só se é acompanhada de lesão, aumentos moderados Também pode elevar-se no IAM e lesões de músculo esquelético. Aspartato aminotransferase (TGO/AST) É encontrada predominantemente no fígado, e também está presente em quantidades moderadas no rim, coração e músculo esquelético É mais específica para lesão hepática A forma citoplasmática é que tem maior expressão, quando aumentada no plasma indica uma lesão mais superficial; Sua atividade se eleva rapidamente na hepatite viral e permanece por 1 a 2 semanas Eleva-se na hepatite tóxica, hepatite crônica ativa e neoplasias Na necrose hepática aguda, seu aumento é superior ao da AST Como é + específica, confirma a AST de origem hepática Alanina aminotransferase (TGP/ALT) Embora as enzimas normalmente não se alterem isoladamente, em alguns casos pode-se considerar: · Aumento isolado de AST: não deve ser doença hepática. Considerar outras hipóteses. · Aumento isolado de ALT: considerar doença hepática. Comumente, as enzimas alteram-se em conjunto. Então consideramos: · Aumento de ALT e AST (>5 – 10x REF): lesões agudas (hepatites virais, hepatites medicamentosas, hepatite autoimune). · Aumento de ALT (<5 x REF) e ALT>AST: são casos bem comuns, achados assintomáticos. Esteatose hepática (90%), uso de drogas (AINES, estatinas, drogas ilícitas – anabolizantes e cocaína), e doença metabólica. · Aumento de AST (<5 x REF) e AST>ALT: hepatite alcóolica (mais comum, causando dano mitocondrial), cirrose, causas não hepáticas (exercício, IAM). RELAÇÃO ALT/AST FOSFATASE ALCALINA (FAL OU ALP) • Atividade máx. em pH 10,0, que hidrolizam esteres monofosfato. •Origem: Não é específica (vários tecidos), geralmente na membrana celular: Figado, Epitélio do trato biliar, Ossos, Placentas (↑ na gravidez), Mucosa intestinal; A forma predominante no soro em adultos normais origina-se, principalmente, do fígado e do esqueleto: aumentos estão correlacionados com desordens hepatobiliares e ósseas . •Isoenzimas específicas 8 isoenzimas diferentes – grau de salificação e composição proteíca Figado: H ou F Placenta: P Intestino: I Ossos: O •Valores mais altos: em crianças e adolescentes. Para diferenciar alterações: faz separação das isoenzimas -Inativação térmica, técnicas químicas, eletroforese ou imunoensaios •Sintetizadas nos hepatócitos •Localiza-se nas membranas celulares (histologicamente na microvilosidades dos canalículos biliares e na superfície sinusoidal (membrana) dos hepatócitos) •Excretada na bile; Principais causas ↑da FAL hepática: Obstruções extra-hepáticas: ducto biliar comum (aumenta 3 a 10x). Obstrução intra-hepática (aumenta 3x): Lesão aguda dos hepatócitos Cirrose biliar primária Lesão invasiva-tumores Fosfatase alcalina hepática Localiza-se predominantemente nos rins, hepatócitos, pâncreas e próstata Está situada nas membranas celulares, tem papel importante na reabsorção de aminoácidos nos túbulos renais e do lúmen intestinais; No figado é microssomal e ligada a membrana celular (tanto em epitélio biliar (no ducto biliar) quanto em hepatócitos) Apresenta-se elevada no RN; GGT é afetada tanto por lesão e por obstrução hepática; Confirma a FAL hepática (ajuda a diferenciar doença hepática de uma doença óssea (não ↑ em doenças ósseas) Possui sensibilidade igual ou superior a FAL para obstrução e maior para lesão, sendo igual para AST (marcador de lesão). Gama Glutamiltransferase (y-GT) O consumo de álcool induz a síntese microssomal (↑ da GGT em 70-75% dos acoolatras crônicos (2 a 3x, Reversível); Está ↑ em todas as desordens hepatobiliares; Os maiores ↑ (5-30 x os VR) = obstrução biliar intra ou extra-hepática; Moderados ↑ = hepatite infecciosa e na cirrose. Homens ↑ de 50% (atividade na prostata). Drogas (barbitúricos, antidep. tricíclicos, anti-convulsivos): ↑ 4x reversível ↑ também em: pancreatite aguda, diabetes, IAM, câncer prostático. Gama Glutamiltransferase (y-GT = GGT) 5’Nucleotidase Localiza-se nos microssomas e membranas celulares de vários tecidos (fígado, intestino, cérebro, músculo cardíaco, vasos sanguíneos e pâncreas), mas elevação significativas são encontradas quase que exclusivamente na doença hepática. Tem sensibilidade comparada à da fosfatase alcalina para detectar doença hepatobiliar. No entanto, por levar alguns dias para aumentar, pode ser normal em elevações agudas de fosfatase alcalina e de gama glutamil transpeptidase. Catalisa a hidrólise de ésteres de nucleosídeos 5’fosfato Tem pH ótimo de 7,5 Não está ↑ em hepatites por drogas (exceção); Está ↑ na obstrução biliar, cirrose e tumores (alcoolismo também); É bastante específica, mas o ensaio é de dificil realização. Lactato Desidrogenase (LD ou LDH) Localiza-se no citoplasma das células sendo excretada no soro nos casos de lesão ou necrose tecidual; Atividade ↑ nos rins, coração, enterócitos e pouco menos no pulmão e figado (útil qdo o orgão afetado é o figado); ↑ nas hepatites virais ou tóxicas, obstrução biliar extra-hepáticas, necrose aguda e cirrose hepática; Quando vários órgãos estão envolvidoss, melhor proceder eletroforese deve qtificar das isoenzimas de LD LD4 e LD5: hepáticas LD1 e LD2: renais e cardíacas Cuidado: hemólise (Rejeitar amostras hemolisadas visto que a LD1 existe em qtidades significativas na hemácia) Proteínas Proteínas totais: A síntese de proteínas endógena é realizada pelo fígado. Níveis alterados de proteínas totais podem indicar desordens hepáticas. • Albumina: É a principal proteína encontrada no plasma. Alfa feto proteína (AFP): é uma molécula produzida no desenvolvimento (morfogênese) do embrião e do feto, principalmente pelo fígado fetal. Pode estar aumentada em hepatoma, carcinoma de cels embrionárias e teratoma de testículos ou em casos não neoplásicos como hepatites e cirrose alcoólica ativa. Amônia Sérica Figado: síntese de uréia a partir de amônia Amônia: degradação proteíca, alimentar e/ou bactéias intestinais Insuficiência hepática, cirrose: hiperamonemia Encefalopatia hepática Nível de amônia sanguíneo tem boa correlação c/ alteração hepática CUIDADO: eritrócitos tem 3X mais amônia que o plasma Também auxilia no diagnóstico de sangramentos gastrointestinais Imunoglobulinas Elevação não específica Proteinograma IgG=hepatites autoimunes IgM= cirrose biliar primária (ponte frações beta-gama) IgA = doença alcoólica Auto-Ac Ac anti-mitocondriais em 80-100% dos pacientes com cirrose hepática; Ac anti-músculo liso em 45-70% com hepatite crônica ativa autoimune.
Compartilhar