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1 PROVAS DE FUNÇÃO HEPÁTICA Prof Raphael F Queiroz Anatomia do Fígado Localizado no quadrante superior direito do abdomem; Justaposto ao diafragma; Lobulado; Fluxo sanguíneo aferente: Veia porta e artéria hepática; Fluxo sanguíneo eferente: Veia hepática. 2 Fígado, Pâncreas e Duodeno Funções do Fígado Função metabólica: Carboidratos, lipídios, proteínas, bilirrubina. Função excretora: Colesterol, ácidos biliares, bilirrubina. Função de desintoxicação: Eliminação de amônia, álcool, drogas. Função de proteção: Barreira protetora do sistema porta. 3 Metabolismo da Bilirrubina Catabolismo da hemoglobina: ~ 80% - Destruição de eritrócitos senis; ~ 20% - Hematopoese ineficiente, outras heme-proteínas. Células retículo-endoteliais, baço, principalmente. Catabolismo do Heme Destruição de eritrócitos HEME Biliverdina HEME Oxigenase Ferro Proteína Pool de AAs Ferritina Bilirrubina Não conjugada Biverdina redutase 4 Metabolismo da Bilirrubina Destruição de eritrócitos HEME BILIRRUBINA + Albumina (95%) Bilirrubina não conjugada (BI) FÍGADO Conjugação enzimática com ác. glicurônico (Glicuronil transferase) Bilirrubina conjugada (BD) INTESTINO Redução bacteriana da BD. Formação do Uro e estercobilinogênio FEZES 50 a 250 mg de estercobilinogênio / dia (estercolina) CIRCULAÇÃO ENTERO-HEPÁTICA 20% do urobilinogênio formado no trato intestinal são reabsorvidos C. SISTÊMICA URINA 1 a 4 mg de urobilina / dia ligandinas RE Bilirrubinas Bilirrubina não conjugada: Insolúvel em água; ~ 95% circula ligada à albumina; Não sofre filtração glomerular; Por ser lipossolúvel, pode penetrar a barreira hemato-encefálica. Bilirrubina conjugada: Solúvel em água; Eliminada por via biliar; Pode ser filtrada a nível de glomérulo. 5 Diagnóstico Diferencial das Hiperbilirrubinemias HIPERBILIRRUBINEMIA NÃO CONJUGADA Conjugação ineficiente Diminuição da absorção hepática Produção aumentada HIPERBILIRRUBINEMIA CONJUGADA Defeitos genéticos com prejuízos na excreção Doença hepatobiliar adquirida Hepatobiliar Colestase extra-hepática Hepatocelular aguda ou crônica Lesão maciça Colestase intra-hepática Classificação das Icterícias Icterícia pré-hepática; Icterícia hepática: por retenção, por regurgitação; Icterícia pós-hepática. 6 Icterícia Pré-Hepática Achados laboratoriais: Hiperbilirrubinemia não conjugada; Aumento do urobilinogênio fecal e urinário. Etiopatogenia: Hemólise aumentada, eritropoese ineficiente, elevação do “turnover” de heme-compostos. Icterícia Hepática Por retenção: Achados laboratoriais: Hiperbilirrubinemia não conjugada; Diminuição do urobilinogênio fecal e urinário. Etiopatogenia: Síndrome de Gilbert; Síndrome de Crigler-Najjar I e II. Por regurgitação: Achados laboratoriais: Hiperbilirrunemia conjugada; Diminuição do urobilinogênio fecal e urinário; Bilirrubinúria. Etiopatogenia: Colestase intra-hepática, hepatite viral ou alcoólica, cirrose, carcinoma hepatocelular. 7 Icterícia Pós-Hepática Achados laboratoriais: Hiperbilirrubinemia conjugada; Diminuição do urobilinogênio fecal e urinário; Bilirrubinúria. Etiopatogenia: Colestase extra-hepática: cálculo biliar, CA de ductos biliares, estenose das vias biliares. Indicadores Laboratoriais da Capacidade de Função do Fígado 8 Albumina Proteína sérica sintetizada no fígado: Hepatopatias severas hipoalbuminemia. Baixa sensibilidade diagnóstica: Meia-vida de ~ 20 dias, Avaliação das hepatopatias crônicas. Baixa especificidade diagnóstica. Tempo de Protrombina (TP) Fígado – sintetiza protrombina na presença da vitamina K: Hepatopatias graves e normalmente crônicas alongamento do TP. Hepatite viral – TP normal ou ligeiramente aumentado; Necrose hepatocelular aguda maciça – TP aumentado; Cirrose leve a moderada – TP normal; Cirrose grave –TP aumentado. 9 Ácidos Biliares no Soro Ácidos biliares Armazenados na vesícula biliar junto coma bile Liberados no duodeno Ajudam no processo de absorção de gorduras e substâncias lipossolúveis Derivados do metabolismo do colesterol nas células hepáticas. Ácidos Biliares no Soro 95% dos ácidos biliares são reabsorvidos no jejuno e íleo, retornando ao fígado, sendo removidos e devolvidos à bile; Doenças que podem afetar os níveis séricos de ácidos biliares: Alterações do fluxo sanguíneo hepático; Alterações da integridade dos ductos biliares; Alterações da reabsorção intestinal. 10 Ácidos Biliares no Soro Cirrose inativa – taxas anormais de ácidos biliares no soro associadas às demais provas bioquímicas normais; Vantagens: Útil para efetuar triagem de hepatopatias Desvantagem: Incapacidade de diferenciar os vários tipos de hepatopatia; Indicadores Laboratoriais de Integridade Hepatocelular e Hepatobiliar 11 Dosagens de Enzimas AST - Aspartato Amino-transferase (TGO); ALP - Alanina Aminotransferase Sérica (TGP); GGT - Gama Glutamil Transferase; LDH - Lactato Desidrogenase; ALP - Fosfatase alcalina; Enzimas: Um Arsenal para Auxílio Diagnóstico Parâmetros gerais para utilização: Localização orgânica interfere na utilização: enzimas celulares x enzimas plasmáticas; Órgão-inespecificidade das enzimas: Constituição dos perfis enzimáticos; Meia-vida plasmática; Interferências medicamentosas. 12 Constituição dos Perfis Enzimáticos TGO TGP FAL GGT LDH CPK CKMB ALD FAC AMI LIP Perfil ósseo Perfil muscular esquelético Perfil pancreático Perfil hepático Perfil cardíaco CHE FAO Localização Tissular de TGO (AST) e TGP (ALT) 0 2000 4000 6000 8000 Coração Fígado Músc. esquel. Rins Pâncreas Baço Pulmões Eritrócitos ALT AST 13 Interpretação de Resultados de Enzimas do Perfil Hepático Dano hepatocelular x Dano hepatobiliar: TGO e TGP são indicadoras de dano celular; GGT e ALP são indicadoras de dano biliar; Hepatocelular GGT: 3 – 5 x L.S.N.; Hepatobiliar GGT: > 5 x L.S.N. Relação TGO/TGP (quociente de DeRitis): < 1 hepatite aguda; > 2 cirrose hepática. Localização Celular das Enzimas GLDH LDH ALT AST MDH Enzimas uniloculares Enzimas biloculares 14 Liberação de Enzimas Celulares Membrana = Integridade Celular Liberação de Enzimas Após Dano Celular Leve 15 Liberação de Enzimas Após Dano Celular Acentuado Fosfatase Alcalina (ALP) Grupo de enzimas que atuam em pH = 10; Presente em vários tecidos: ossos, e fígado principalmente; Fator de confundimento; Crianças em idade de crescimento – aumento de ALP; 16 Causas mais Comuns de Elevação de ALP de Origem Hepática e do Trato Biliar Obstrução extra-hepática dos ductos biliares; Obstrução biliar intra-hepática; Lesão hepatocelular aguda; Disfunção dos hepatócitos induzida por medicamentos; Cirrose biliar primária; Lesões hepáticas invasivas. Causas mais Comuns de Elevação de ALP de Origem Óssea Crescimento ósseo anormal; Consolidação de fraturas; Hiperparatireoidismo; Raquitismo; Osteomalácia; Carcinoma metastático osteoblástico. 17 Aspartato Amino Transferase AST (TGO) Presente em vários tecidos: fígado, coração, músculo esquelético e eritrócitos e fígado; Mitocondrial e citoplasmática; Falta de especificidade para diagnosticar doença hepática. Etiologias das Elevações de AST (TGO) Coração: Infarto do miocárdio; Pericardite; Fígado: Vírus da hepatite; Cirrose ativa; Congestão hepática; Disfunção induzida por álcool ou medicamentos; Lesão de caráter invasivo; Fígado gorduroso (Grave); Obstrução biliar extra- hepática. Músculo Esquelético: Lesão aguda da musculatura; Inflamação muscular; Distrofia muscular; Cirurgia recente. Rins: Lesão aguda; Infarto renal. 18 Alanina Aminotransferase Sérica ALT (TGP) Encontrada predominantemente no fígado e em menores quantidades no coração e rins; Citoplasmática; Maior especificidade; Utilizada para confirmar a origem hepática do aumento de AST (TGO); Lactato Desidrogenase (LDH) Encontrada no coração, músculo esquelético, eritrócitos e em menores quantidades nos pulmões, fígado e rins; Pouca especificidade - não é muito útil como prova de função hepática: Grau de elevação é pequeno – dentro do limite superior geralmente; Pode ser fracionada em 5 isoenzimas através de eletroforese: Separação da fração hepática – mais sensível; 19 Gama Glutamil Transferase GGT Localizada predominantemente nas células hepáticas e em menor grau nos rins; Níveis afetados tanto pela lesão hepatocelular aguda quanto pela obstrução do trato biliar; 70-75% dos bebedores inveterados e alcoólatras tem níveis elevados de GGT: Método de triagem para alcoolismo. GGT: Marcador para Abuso de Álcool Indução da síntese hepática: Álcool, fenobarbital, antidepressivos, contraceptivos estrogênicos. Retorno ao normal após 2 a 5 semanas de abstinência. 20 Gama Glutamil Transferase GGT Sua determinação ajuda a diferenciar a origem hepática e não hepática de aumentos de ALP: Deve-se levar em conta as origens não hepáticas da elevação de GGT; Ex.: pacientes com IAM apresentam níveis elevados de GGT – devido a proliferação de capilares e fibroblastos no tecido de granulação. Perfil Enzimático nas Hepatopatias Hepatite Aguda Doença hepática crônica Cirrose Hepatite alcoólica Doença obstrutiva Tumores hepáticos TGO ++ + N ou + + + + TGP +++ + N ou + + + + ALP + N ou + N ou + N ou + +++ ++ GGT + N ou + N ou + +++ ++ ++++ LDH ++ N ou + ++ N ou + N +++ 5’-NT + N ou + N ou + + +++ ++ 21 Cinética do Perfil Enzimático Hepático na Hepatite Aguda 0 50 100 150 200 250 300 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Semanas após o início da doença ALT AST GGT ALP 250 750 UI/L Perfil Enzimático Hepático em Hepatopatia Obstrutiva 0 100 200 300 400 0 1 2 3 4 5 6 Dias após o início da doença UI/L ALT AST GGT ALP 22 Perfil Enzimático Hepático na Hepatite Alcoólica 0 100 200 300 400 500 0 1 2 3 4 5 6 7 Semanas após o início da doença UI/L ALT AST GGT ALP Gravidade da Doença em Pacientes Cirróticos: Classificação de Child-Pugh Child A Child B Child C Albumina (g/dL) > 3,5 2,8-3,5 < 2,8 Bilirrubinas (mg/dL) < 2 2-3 > 3 Protrombina (INR) < 1,7 1,7-2,0 > 2,0 Ascite Ausente Pequena Grande 23 Estudo dirigido Um homem de 65 anos foi ao consultório de seu clínico geral com icterícia visível, que ele percebeu estar ficando com uma cor mais forte. Ele não sentia dor, mas notou um pouco de perda de peso e também que suas fezes estavam com uma cor pálida. Ele bebia moderadamente e não estava fazendo uso de terapia medicamentosa. Seus TFHs eram: Bilirrubina total = 250 mol/L ; AST = 87 U/L ; ALT = 92 U/L; Fosfatase alcalina = 850 U/L . Qual é o diagnóstico diferencial? Que outras análises seriam úteis para se fazer um diagnóstico? Estudo dirigido Uma mulher de 49 anos consultou-se com seu clínico geral, com uma história de 8 dias de anorexia, náusea e sintomas semelhantes a uma gripe. Ela notou que nos dois últimos dias sua urina tornara-se escura. O exame físico revelou sensibilidade em seu quadrante superior direito do abdômen. Os THFs foram os seguintes: Bilirrubina = 63 mol/L ; AST = 936 U/L ; ALT = 2700 U/L; Fosfatase alcalina = 410 U/L ; GT = 312 U/L. Proteína total = 68 g/L; Albumina = 42 g/L Comente estes resultados. Qual é o diagnóstico diferencial? 24 Estudo dirigido L.G., homem de 56 anos, alcoólatra há 10 anos, chega ao hospital em emese (vômito), dor epigástrica, perda de peso, febre e desconforto abdominal ao ingerir alimentos. Devido à alta ingestão alcoólica, o médico suspeitou de pré-cirrose e solicitou exames, cujos resultados foram: Fosfatase Alcalina= 209 U/L (VR - 27 a 100 U/L para adultos) Albumina= 3,0 mg/dl (VR - 3,5 – 5,5g/dl) Bilirrubina indireta= 6,5 mg/dl (VR 0,8 -1,1mg/dL) Bilirrubina direta (conjugada) = 0,3 mg/dl (VR até 0,4mg/dL) Bilirrubina Total= 6,8 mg/dl (VR até 1,2mg/dL)
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