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Raça e etnia

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1 
 
Raça e etnia 
Lucas Oliveira 
Sociólogo 
 
Sociologia 
Os conceitos de raça e etnia diferem-se na forma de abordagem das 
diferenças entre os grupos humanos. 
Mesma espécie, raças diferentes? 
O conceito de raça é altamente complexo e objeto de grandes 
estudos sociológicos. O uso por parte do senso comum dessa forma 
de categorização perpetuou a ideia de que os grupos humanos são 
divididos de acordo com características biológicas. 
As teorias sobre as diferentes raças humanas surgiram inicialmente 
no final do século XVIII e início do século XIX, tendo como autor 
principal Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882) – o “pai do 
racismo moderno” –, filósofo francês e principal defensor da ideia de 
superioridade da raça branca. Desde então, vários trabalhos 
derivados da ideia de raças diferentes entre a espécie humana foram 
concebidos, de modo que, enquanto alguns autores distinguiram 
quatro ou cinco raças, outros chegaram a especificar mais de 20. 
As teorias raciais surgiram como forma de tentar justificar a ordem 
social que surgia à medida que países europeus se tornavam nações 
imperialistas, submetendo outros territórios e suas populações ao 
seu domínio. O conceito foi amplamente adotado em todo o mundo 
até o período da Segunda Guerra Mundial, quando o surgimento da 
2 
 
ameaça nazista elevou a proporções astronômicas o preconceito e o 
ódio em relação a grupos humanos específicos. 
Os trabalhos científicos que abordaram as diferenciações entre 
grupos humanos mostraram que, apesar das diferenças fenotípicas 
(cor dos olhos, da pele, cabelos etc.), as diferenças genéticas que 
existiam entre grupos de características físicas semelhantes eram 
praticamente as mesmas quando comparadas com as diferenças 
genéticas entre grupos de características físicas diferentes. Portanto, 
em termos biológicos, não existem “raças” com contorno definido, 
apenas um grande número de variações físicas entre os seres 
humanos. 
Um dos exemplos de trabalhos sobre a contestação acerca do uso 
do termo “raça” para diferenciar grupos de indivíduos com base em 
características biológicas é o dos autores Sergio Danilo Junho 
Penha, professor do departamento de Bioquímica e Imunologia da 
Universidade Federal de Minas Gerais, e Telma de Souza Birchal, 
professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de 
Minas Gerais. O trabalho que eles desenvolveram foi intitulado: A 
inexistência biológica versus a existência social de raças humanas: 
pode a ciência instruir o etos social? (Revista USP -2006). 
Diante dos fatos, a comunidade científica praticamente abandonou o 
uso do termo “raça”. Da mesma maneira, muitos autores da 
Sociologia concordam que o conceito de raça é apenas uma noção 
socialmente construída e perpetuada pelo preconceito ou pelo valor 
conceitual que alguns teóricos acreditam existir nos trabalhos que 
tratam de problemas sociológicos ligados à diferença. Nesse sentido, 
o conceito de raça é utilizado para tratar de problemas ligados ao 
3 
 
valor socialmente atribuído a certas características físicas, como 
casos de discriminação ou segregação racial que ainda hoje 
observamos. 
Dentre desse contexto, Anthony Giddens descreve o conceito de 
raça como sendo um “conjunto de relações sociais que permite situar 
os indivíduos e os grupos e determinar vários atributos ou 
competências com base em aspectos biologicamente 
fundamentados”. Isso quer dizer que a ideia de distinção racial vai 
além de tentar categorizar indivíduos por suas características 
biológicas, pois está também relacionada com certas formas de 
desigualdade social e outros fenômenos sociais. 
 
Etnicidade 
Enquanto o conceito de raça está ligado à ideia errônea ligada a 
traços biológicos definitivos, o conceito de etnicidade é puramente 
social. Ao tratarmos de etnicidade, estamos fazendo referência a 
construções culturais de determinada comunidade de pessoas. Os 
membros dos grupos étnicos enxergam-se como culturalmente 
diferentes de outros grupos sociais e vice-versa. Portanto, 
características como religião, língua, história e símbolos, por 
exemplo, são pontos de diferenciação entre etnias. 
A manutenção da identidade de um grupo está relacionada com o 
cultivo de aspectos culturais. As tradições culturais são o mais claro 
exemplo disso. Comemorações que evocam memórias passadas ou 
realimentam mitos que constituem o conjunto de ferramentas 
interpretativas do mundo de cada grupo permitem que a constituição 
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/etnia.htm
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étnica atravesse gerações e perpetue-se no mundo social. Isso, 
porém, não significa que a etnicidade esteja em estado inalterável, 
isto é, não significa que a etnicidade seja uma estrutura imutável. 
Apesar de ser mantida por meio da tradição, a etnicidade ainda está 
sujeita às circunstâncias imprevisíveis do mundo social que habita. 
Grupos étnicos que migram para regiões completamente diferentes 
das de origem geralmente passam por uma restruturação de sua 
organização ao longo do tempo. Temos como exemplo mais próximo 
os imigrantes que chegaram em nosso país principalmente entre as 
décadas de 1920 e 1940. Eles passaram pelo processo de mudança 
de certos traços culturais que compunham sua etnicidade, como a 
adoção de uma língua estranha. 
 
Raça e etnia exploram fatores distintos ao retratar as diferenças humanas

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