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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
Educação popular e ensino superior em Paulo Freire
Patrícia Guedes Siqueira Quintiliano
Trabalho da disciplina Didática Do Ensino Super
 
 Tutor: Prof. Dalta Barreto Motta
Maceió, Alagoas
2020
EDUCAÇÃO POPULAR E ENSINO SUPERIOR EM PAULO FREIRE
Referência:
 BEISIEGEL, Celso de Rui. Educação popular e ensino superior em Paulo Freire,São Paulo, 2018. Disponível em: http:// PSICOPEDAGOGIA.PÓS.P2/DIDÁTICA%20DO%20ENSINO%20SUPERIOR(NPG1009)/Biblioteca_44037.pdf. Acesso em: 13 de março de 2020.
 O artigo Educação popular e ensino superior em Paulo Freire, escrito por Celso de Rui Beisiegel, discorre a respeito de um seminário apresentado em novembro de 2013l dedicado ao estudo da educação superior em Paulo Freire, intitulada “A educação superior em Paulo Freire: uma proposta de orientação para a pesquisa”. Com a intenção de aprofundar uma série de problemas,o artigo traz discussões sobre a escassez de publicações ou outras manifestações de Paulo Freire com relação a questões específicas do ensino superior. O artigo também apresenta um pouco da trajetória do autor discorrendo sobre a sua formação e instituições de ensino onde ele estudou.
 Graduado em Direito,desistiu da ocupação para assumir um setor de educação no SESI de Pernambuco e dedicou-se desde muito cedo a atividades no magistério, no ensino secundário e no ensino superior. Assumiu as cadeiras de História e Filosofia da Educação, na Escola de Serviço Social e na Escola de Belas Artes de Pernambuco. No exterior - Chile, nos Estados Unidos, na Suíça - atuou regularmente no ensino universitário e no Brasil, após 1980.
 Vale ressaltar que as obras de Paulo Freire fundamentavam-se em perspectivas teóricas vastas sobre a educação, a sociedade e o homem fazendo-se ampla e trazendo muitas contribuições para o ensino superior podendo encontrá-las em suas reflexões e intervenções práticas, bem como nas questões da educação superior, em livros, artigo e em tantos outros registros trabalhados
, especialmente, no magistério no ensino universitário no Recife, e também no exterior como em Santiago do Chile, em Harvard, em Genebra, na Unicamp e na PUCSP. 
Pesquisas apontam que as obras de Paulo Freire, muitas vezes eram mal interpretadas, e por este motivo, não estavam acessíveis à população. 
Ao longo do tempo, o pensamento e as práticas do educador foram mudando e em sua bibliografia sobre as instituições escolares no Brasil, podemos ver a expressão educação popular empregada com diversos significados. 
Também conseguimos observar a distinção entre educação popular e educação das elites, bem como a igualdade de direitos da cidadania republicana, as desigualdades socioeconômicas e tradições culturais que marcavam fortemente a vida em sociedade e dividia a educação escolar em duas ordens: uma dedicada à formação das minorias privilegiadas, e outra às maiorias subalternas da população. 
 A educação popular era ministrada pela antiga escola primária e pelas poucas escolas profissionalizantes existentes e no outro lado estava a educação das elites, definida a partir do ingresso no primeiro ciclo do ensino de tipo secundário, completando-se nos degraus superiores da escolaridade.
 Com o passar do tempo esta divisão sofreu alterações e a educação promovida pelos poderes públicos ganhou duas novas direções, uma no sentido da inclusão dos adultos e a outra na extensão das oportunidades de matrícula nos degraus ulteriores ao antigo ensino primário. 
 Já na década de 50, o antigo ensino primário caminhava em direção ao atendimento de uma larga parcela da população infantil, mesmo em escalas de desigualdade alarmantes.E esta realidade se fazia enxergar em um futuro próximo em parte das áreas urbanas das regiões mais desenvolvidas, trazendo assim,o antigo ideal de extensão da escolaridade fundamental a todas as crianças.
 Em 1940, mesmo com mais da metade da população com idade superior a 15 anos constituída por analfabetos, a inclusão de jovens e adultos iletrados nas políticas públicas de educação era distante.
Os cuidados com o atendimento às carências educacionais de jovens e adultos analfabetos ou pouco escolarizados ficavam a cargo de iniciativas pontuais e fragmentárias. O Exército nacional organizou escolas de alfabetização para recrutas que eram analfabetos, mas só em 1947 seria inaugurada uma política oficial mais efetiva nessa direção com a criação de um Serviço de Educação de Adultos, e simultaneamente instituição da Campanha Nacional de Educação de adolescentes e adultos analfabetos. 
 Ao longo da década de 1950 o chamado “ensino supletivo” de conteúdos elementares da escola primária foi fortemente e a Campanha de Erradicação do Analfabetismo envolvia mudanças relevantes nas orientações. 
Entre os agentes da educação popular praticada no final da década de 1950, em vez de especialistas de educação, afastados, estavam jovens da Juventude Universitária Católica (JUC), da Juventude Estudantil Católica (JEC), e da União Nacional de Estudantes (UNE).
 A inclusão de jovens e adultos das massas iletradas entre os destinatários da escolaridade básica, impunha alterações para a sociedade, pois sendo um analfabeto impedido de votar, ao alfabetizar-se, incluía-se entre os participantes das disputas eleitorais. Mas além desta ampliação do eleitorado, o processo educativo tinha como objetivo a transformação do educando num agente atuante, dotando-o da consciência de seu papel na sociedade.
 Em 1960, firmou-se um convênio entre a União e a CNBB para a constituição e o Movimento de Educação de Base (MEB) evidenciando a importância de novas perspectivas de compreensão da educação popular. Ainda neste ano, criou-se o Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife, e da Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler, em Natal, consolidando e enriquecendo as novas orientações da educação popular. 
 Já nos primeiros trabalhos publicados por Paulo Freire damos conta de um bom exemplo das mudanças observadas no conceito de educação popular. Em seu artigo Conscientização e Alfabetização - uma nova visão do processo (FREIRE, 1963), ele relata que no início da década de 60, quando era coordenador do projeto de educação de adultos do MCP, lançou duas instituições básicas de educação popular, o Círculo de Cultura e o Centro de Cultura. 
 Mais adiante, o crescente número de alunos graduados no ensino de nível médio aumentou a pressão por ingresso no ensino superior. Movimentos constituídos por jovens e adultos, em parte já inseridos no mercado de trabalho, com possibilidades de pagar mensalidades, surgiram e com isso se deu uma notável expansão da rede de ensino superior particular, estaduais e mesmo municipais, alargaram bastante a oferta de matrícula.
De outro lado, a juventude das classes populares das áreas urbanas convivem com a percepção de possibilidades de obtenção de um diploma de ensino superior, e a consciência das dificuldades colocadas pelas condições de vida. Como conseqüência eles sentem dificuldade para ingressar nos curso e os exames de acesso selecionam jovens escolarmente mais preparados. 
 Paulo Freire sempre defendeu a importância da presença popular na escola, mesmo sabendo que ensino superior organizado para capturar o consumidor mais pobre seguramente não atenderia às características da educação emancipadora que ele sugere. Em suas conversas com os professores, primava pela importância do respeito às características socioculturais dos alunos e pela necessidade da implementação do diálogo, envolvendo todos os participantes, alunos, professores, servidores em todos os níveis, como fundamento do trabalho educativo.
 Sendo assim, entendemos que, na ótica de Freire, o letramento só terá sentido se for acompanhado da capacidade de ler o mundo, ou seja, de perceber o mundo e reconhecer o papel dos protagonista e a partirde então enxergar a possibilidade de mudança da realidade.

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