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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO Prática como Componente Curricular (PCC) ENTREVISTA COM UM PROFESSOR UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DEPARTAMENTO: TEOLOGIA DISCIPLINA: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO (CEL04681/3522044)9004 TUTOR: VIVIANE DA COSTA LOPES TÍTULO: ENTREVISTA COM UM PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO RUTELENE DOS SANTOS GARCIA MATRÍCULA : 201909168564 DATA : 15/05/20 OBJETIVO REFLETIR SOBRE AS RELAÇÕES DE APRENDIZADOS EXISTENTES EM SALAS DE AULAS.SOBRE OS MÉTODOS UTILIZADOS COM BASE NO CONHECIMENTO APRENDIDO NAS AULAS DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO INTRODUÇÃO Este relatório tem por finalidade apresentar a proposta de prática como componente curricular. Através de uma entrevista com a pedagoga , especializada em gestão escolar e coordenação pedagógica , Evaneide Almeida Fazer uma reflexão sobre quais procedimentos usa para ensinar, em que se baseia , e como é sua relação com os alunos ENTREVISTA COM EVANEIDE ALMEIDA PEDAGOGA ESPECIALIZADA EM GESTÃO ESCOLAR E COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA. PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA REDE MUNICIPAL DE FORTALEZA P) Em seus procedimentos de ensino, você oferece respostas prontas ou escolhe o caminho do estímulo à reflexão ? R) O mundo pedagógico é um mundo investigativo. As práticas pedagógicas devem sempre abordar temas transdisciplinares que estimulem a reflexão das crianças, e principalmente deixar que elas apontem novas possibilidades de pensar e solucionar com as situações propostas. Conduzir o ensino não é repassar conhecimento, mas sim produzir algo novo, pois a cada questionamento surge um novo pensamento, abrindo assim mais uma lacuna no processo de aprendizagem. P) De acordo com a Pedagogia Kantiana: “O elemento selvagem é a independência das leis. A disciplina submete o homem às leis da humanidade e começa a fazer-lhe sentir a coação das leis. Isto tem, contudo, de acontecer cedo. Assim, por exemplo, as crianças são enviadas à escola, de início, não com o propósito de aprenderem lá alguma coisa, mas para que se consigam habituar a estar sentadas em silêncio e a observarem pontualmente o que lhes é prescrito, para que no futuro não possam também pôr em prática, real e imediatamente, tudo o que lhes passa pela cabeça.” (KANT, 2012, p.10). Você concorda com esta afirmação? Por quê? R)Talvez em algum momento da história da educação deva ter sido necessário esse tipo de abordagem, porém hoje não cabe mais essa situação que chamamos de “adestramento”, pois sabemos que a educação é uma troca de informações, uma construção de conhecimento. O que temos hoje é uma rotina salutar que respeita as condições individuais de cada pessoa e que cada um é responsável por aquilo que produz. Sendo assim a disciplina individual vem pela maturidade e responsabilidade social, que se adquire ao longo da jornada do conhecimento. P) Hannah Arendt, filósofa alemã de origem judaica, na obra Entre o Passado e o Futuro, afirmou que: “A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná- las a seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum.” (ARENDT, Hannah. A crise na educação. In: ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2011. p. 247). Qual a sua opinião a respeito desta afirmação? R) O que Hannah Arendt quis dizer foi que devemos nos preocupar em preparar uma base sólida para nossas crianças, para que elas não deixem de fazer o que já foi feito, mas também não deixem de produzir algo novo. Porém não devemos esquecer que tudo que fora produzido deve passar pela forma de educação que damos a estas crianças. Citando Paulo Freire: “A educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” Fazer da educação uma bandeira livre de politicagem e de conceitos ideológicos e dogmáticos é o sonho de todo profissional da educação, pois sabemos que no dia que isto acontecer teremos atingido o nosso maior propósito: uma educação de qualidade com equidade para todos. P) O empirista Francis Bacon (1561-1626) propôs um modelo para a nova ciência. Segundo ele: “O homem deve despir-se de seus preconceitos, tornando-se ‘uma criança diante da natureza’, somente assim alcançará o verdadeiro saber.” Em sua opinião, o que é “tornar-se uma criança diante da natureza”? R) Ao longo da História vemos inúmeras interferências políticas, religiosas, ideológicas, que levaram a humanidade por caminhos difíceis, dolorosos, muitas vezes perigosos e mortais. O homem científico não deve se impregnar a preconceitos, ilusões e dogmas que possam bloquear suas possibilidades e impedir o verdadeiro conhecimento. Romper com esses conceitos mostra que nascemos com as mesmas possibilidades e que devemos assumir essa responsabilidade diante da nossa condição humana como consequência de contribuir para as gerações futuras. P) Paulo Freire criticou a educação de sua época (Século XX), denunciando-a como educação bancária, na qual o aluno é um ser passivo e o professor detentor do conhecimento em uma relação mecânica e hierárquica. Para você, atualmente, houve alguma mudança em relação à situação criticada pelo educador e filósofo brasileiro? R) O sistema brasileiro de educação ainda está aquém do modelo idealizado por Paulo Freire, porém ele ainda nos ajuda a refletir sobre nossa prática docente, sobre o pensar a educação e compreender o nosso papel social como professor construtor de conhecimento. Seus livros e seus artigos funcionam como alento para que possamos dimensionar e alargar nossa ideia de educação igualitária, mostrando-nos o quão responsável nós somos em contribuir para o progresso de uma sociedade. Romper com a educação bancária é desafiador, pois requer do professor um permanente diálogo, compromisso e ética com o conhecimento. CONCLUSÃO No processo de ensino-aprendizagem o filósofo Paulo Freire continua sendo referência para os professores e educadores nos dias de hoje. Sua prática didática fundamentava-se na crença que o educando assimilaria objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade. Para ele o educando cria sua própria educação ,fazendo ele próprio o caminho e não seguindo um já previamente construído: libertando- se de chavões alienista o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado. A educação ainda caminha em passos largos, continua longe do que Paulo Freire idealizava. A educação não resolve sozinha os problemas sociais do país. No entanto para refletir sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meado do século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou e que seu crescimento em rede públicas no início em 1980,e o brasil ocupa o 53 ° lugar em educação entre países avaliados .podemos notar que a evolução da sociedade faz com que de certo modo a faz com que a escola se adapte a uma vida moderna, mas de maneira defensiva ,tardia, sem garantia a elevação do nível de educação. Críticas externas aos sistemas cobram dos professores cada vez mais trabalho como se a educação sozinha resolvesse os problemas sociais já sabemos que só isso não basta. O fato é que a educação está fortemente aliada qualidade de formação dos professores. O que o professo pensa sobre ensinar determina o que professor faz quando ensina. Para uma mudança efetiva de crença e atitude caberia considerar os professores como sujeitos. Sujeitos que em atividades profissional, são levados a se envolver em situações formais de aprendizagem. Mudanças profundas só acontecerão quando a formação do professor deixar de ser um processo de atualização feita de cimapara baixo e se converta em verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão. Segundo Paulo Freire “A educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posto em prática. A motivação é um elemento fundamental para que os alunos aprendam e obtenham resultados satisfatórios, transformando- os, preparando-os ,fazendo-os a pensar. Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.(Paulo Freire) REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Kant, Immanuel (2012). Sobre a Pedagogia. Lisboa. Edições 70. Arendt, Hannah (2011). Entre o Passado e o Futuro. São Paulo. Perspectiva. Freire, Paulo (1983). Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro. Paz e Terra. Calomeni, Tereza; Vieira, Afonso Henrique; D’Ângelo, Martha; De Carvalho, Carlos R.; e Santi, Ângela (2014). Educação e Filosofia: interdependências viscerais. Rio de Janeiro. SESES.
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